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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Setor De Ciências Exatas e Naturais Departamento de Química BICO DE GÁS E TESTE DE CHAMA Ponta Grossa 15/04/2016 FLAVIA FASOLO BARBARA A. BATISTA DOS SANTOS JONATHAN BAPTISTA GOMES TAMIRIS CABALLERO MAYARA EVANOSKI BICO DE GÁS E TESTE DE CHAMA Relatório apresentado como requisito parcial de avaliação da disciplina Química, ministrada pela Prof.ª Cibeli May Arévalos Villalba, no curso de Engenharia Civil. Ponta Grossa 15/04/2016 1. INTRODUÇÃO O teste da chama é um procedimento corriqueiro em laboratório de química, tanto em níveis básicos como avançados. Pode ser utilizado para uma simples observação colorimétrica como para buscar-se a identificação de um cátion metálico. Consiste em se inserir uma amostra de determinado cátion metálico, geralmente em estado sólido, à base da chama, com auxílio de um fio (denominado alça de platina), observando-se assim a mudança de coloração apresentada pela chama, que será devido à influência da temperatura na estrutura atômica da amostra catiônica. ¹ A identificação de cátions e ânions através de análise qualitativa envolve geralmente uma reação com formação de um produto facilmente perceptível aos nossos sentidos (formação de precipitado, liberação de gases, etc.) Entretanto, os cátions dos metais alcalinos mais comuns (sódio e potássio) formam compostos geralmente muito solúveis, o que dificulta a detecção desses íons em solução por meio de reações de precipitação.² Esse problema é contornado através dos testes de chama. Nesses testes, um fio de níquel-cromo é imerso numa solução contendo íons sódio ou potássio e levado a chama de um bico de gás. A água contida na solução evapora se na chama, devido às altas temperaturas. Nessa evaporação, elétrons dos íons são promovidos de níveis energéticos mais baixos para níveis energéticos mais altos (níveis excitados). A posterior transição desses elétrons dos estados excitados para níveis de menor energia é acompanhada de emissão de luz características de cada íon.² O bico de Bunsen é utilizado no laboratório como fonte de calor para diversas finalidades, como: aquecimento de soluções, estiramento e preparo de peças de vidro, entre outros. Possui como combustível normalmente GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) – que é uma mistura de butano e propano – e como comburente o oxigênio do ar atmosférico, que em proporção adequada permite obter uma chama de alto poder energético.³ No bico de Bunsen a quantidade de gás que nele é queimada é regulada pelo registro de gás da mesa do laboratório ao passo que, no Tirril e no Meker, a regulagem é feita por um registro de agulha localizada na base do bico. Nos bicos de Bunsen e Tirril o tubo é cilíndrico enquanto que no de Meker ele apresenta um estrangulamento que provoca uma mistura mais intima do gás e do ar, que propicia uma combustão mais rápida e uniforme; além disso, na boca do Meker há uma grade metálica que melhora as condições de combustão. 6 O modelo atômico de Rutherford é um modelo atômico ou teoria sobre a estrutura interna do átomo proposto por o químico e físico britânico-neozelandês Ernest Rutherford para explicar os resultados de seu "experimento da lâmina de oro", realizado em 1911. O modelo de Rutherford foi o primeiro modelo atômico que considerou o átomo formado por duas partes: a "eletrosfera", constituída por todos os seus elétrons, girando em grande velocidade ao redor de um "núcleo", muito pequeno, que concentra toda a carga elétrica positiva e quase toda a massa do átomo. 5 Antes da proposta de Rutherford, os físicos aceitavam que as cargas elétricas no átomo tinham uma distribuição mais ou menos uniforme. Rutherford tratou de ver como era a dispersão das partículas alfa por parte dos átomos de uma lâmina de ouro muito fina. Os ângulos resultantes do desvio das partículas supostamente apontariam informação sobre como era à distribuição de carga dos átomos. Era de se esperar que, se as cargas estavam distribuídas uniformemente segundo o modelo atômico de Thompson, as maiorias das partículas atravessariam a fina lâmina sofrendo só alguns desvios, seguindo uma trajetória aproximadamente reta. Embora isto fosse certo para a maioria das partículas alfa, um número importante destas sofreram desvios de cerca de 180º, isto é, praticamente saiam refletidas em direção oposta ao incidente. Rutherford pensou que esta fração de partículas refletidas em direção oposta poderia ser explicada supondo existência de fortes concentrações de carga positiva no átomo. A mecânica newtoniana em conjunção com a lei de Coulomb prediz que o ângulo de desvio de uma partícula alfa relativamente leve por parte de um átomo de ouro mais pesado, depende do "parâmetro de impacto" ou distancia entre a trajetória da partícula e o núcleo. 5 2. OBJETIVOS - Compreender o funcionamento e manuseio do bico de Bunsen; - Identificar as diferentes regiões da chama e a diferença entre a combustão completa e incompleta; - Visualizar a coloração emitida por diferentes compostos através do teste de chama, além de correlacionar a cor da chama com seu comprimento de onda dominante. 3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 3.1 Materiais e Reagentes • Bico de Bunsen • Pinça metálica • Haste metálica • Fio de Cobre • Cadinho de porcelana • Água destilada • Copo de Becker • Ácido Clorídrico • Cloreto de Lítio (LiCl) • Cloreto de Potássio (KCl) • Cloreto de Bário (BaCl2) • Cloreto de Cálcio (CaCl2) • Cloreto de Sódio (NaCl) • Cloreto de Cobre (CuCl2) 3.2 Procedimentos Passo 1 : Fechou-se a entrada de ar e posicionou-se o queimador longe de objetos ou frascos com substâncias inflamáveis. Passo 2: O fósforo foi riscado e abriu-se o gás e o queimador foi acendido. Assim, iniciou-se a queima gás propano. Em seguida, foi regulada a entrada de ar por um dispositivo na base do equipamento. Passo 3: Fizeram-se observações de como ficava a chama com a entrada de ar aberta e com a entrada de ar fechada. Passo 4: Foram colocados fios de cobre na chama em diferentes posições, com intuito de observar os diferentes tempos para atingir sua incandescência. Logo após, introduziu-se uma haste metálica nas mesmas colocações anteriores. Passo 5: Posteriormente, o cadinho de porcelana contendo água destilada foi exposto sobre a chama em sua parte intermediária. Passo 4: Logo depois, a haste metálica foi introduzida em uma solução concentrada de ácido clorídrico, e então disposto sobre a chama. Passo 5: Finalmente, os sais: Cloreto de Lítio, Cloreto de Potássio, Cloreto de Bário, Cloreto de Cálcio, Cloreto de Sódio e Cloreto de Cobre foram pegos com a haste embebida em ácido clorídrico e colocados diante da chama, um a um. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Torna-se possível, a partir da realização do teste de chama, a identificação de cátions e ânions por meio da análise quantitativa, além da observação das três distintas zonas de chama existentes no bico de Bunsen, que também pode estar em duas colorações: amarela (quando possuir a sua entrada de ar fechada) e azul (entrada de ar aberta). Nesse sentindo, também há: • Zona neutra da chama: região próxima da boca do tubo; nela não ocorre combustão do gás. É considerada fria se comparada às outras regiões4. • Zona redutora da chama: fica acima da zona neutra e forma um pequeno “cone”, nela se inicia a combustão do gás. A temperatura é bem inferior à da zona oxidante4. • Zona oxidante da chama: compreende toda a região acima e ao redor da zona redutora; nela a combustão do gás é completa. É muito quente: a sua temperatura pode chegar a 1100 °C4. Por meio da queima, evidenciou-se que o cadinho de porcelana, quando exposto a chama luminosada zona redutora - a qual apresenta combustão incompleta - ocasionará a formação de fuligem que se acumula na base exterior do cadinho, em razão da decomposição do composto CO em carvão, durante o processo de combustão. O que é claramente esclarecido por meio da equação química: (CH3CH2CH3(g) + 7/2 O2(g) -> 3CO (g) + 4H2O). Além disso, também foi possível perceber que o fio de ferro e cobre quando exposto as zonas mais externas da chama, rapidamente apresentava, no máximo, incandescência, devido ao seu alto ponto de fusão que torna raro outras alterações. Em contraposição a sua exposição às zonas mais internas demandaram mais tempo para expor o mesmo efeito. Após conhecermos o funcionamento e manuseio do bico de Bunsen o mesmo foi usado para a realização do teste de chama. Para a realização deste inicialmente limpamos a haste metálica usando uma solução de ácido clorídrico concentrado. Nessa mesma perspectiva, foi possível observar a coloração dos sais frente à chama luminosa. Um exemplo, foi o cloreto de lítio (LiCl) que apresentou-se rosa/vermelho mediante a esse processo. Ademais, também foi testado o cloreto de potássio (KCl) que exibiu-se com coloração lilás, cloreto de bário (BaCl2): verde/amarelo; cloreto de cálcio (CaCl2): vermelho/laranja; cloreto de estrôncio (SrCl2): vermelho; cloreto de cobre (CuCl2): azul/verde, e por fim, o cloreto de sódio (NaCl) que em meio a experiência resultou em uma cor próxima do laranja. Nesse sentido, torna-se evidente, portanto, que o responsável pela coloração da chama é o cátion, uma vez que ao troca-los durante a experiência a pigmentação alterava-se. Usando os comprimentos de onda e com base na fórmula: “E=h.f”, formulada por Einsten e introduzida na Física anos antes por Max Planck, a qual é utilizada para calcular a energia de um fóton quando é dada a frequência 8, foi possível calcular a energia referente a cada transição sofrida em cada metal. Além de que, por meio do espectro de luz visível -o qual expõe que quanto maior a frequência, menor o comprimento de onda- foi possível obter os comprimentos de onda e as respectivas frequências de cada sal. Com relação ao teste da chama, os postulados de Bohr prestam-se muito bem ao se buscar uma explicação às observações. A queima de um sal metálico implica na promoção de elétrons, cujo retorno é revelado pela emissão de luz. Assim, um elétron pode passar de um nível para outro de maior energia, desde que absorva energia externa (ultravioleta, luz visível, infravermelho etc.). Quando isso acontece, dizemos que o elétron foi excitado e que ocorreu uma transição eletrônica. Já a transição de retorno deste elétron ao nível inicial se faz acompanhar pela liberação da energia na forma de ondas eletromagnéticas, como, por exemplo, a luz visível, que é percebida por nossos sentidos como uma coloração. 7 Os cálculos de energia são apresentados na tabela 1. Tabela 1: Energia apresentada para cada metal testado na chama 9 Sal Comprimento de onda Frequência Energia (E=h.f) Na+ 580 nm 5,2.10^14 HZ E= 6,63.10^-34x5,2,10^- 14= 3,44.10^-19 J K+ 420 nm 7,1.10^14 HZ E= 6,63.10^-34x7,1.10^- 14= 4,70.10^-19 J Ca2+ 620 nm 4,8.10^14 HZ E= 6,63.10^-34x4,8.10^- 14= 3,18.10^-19 J Sr2+ 700 nm 3,10^14 HZ E= 6,63.10^-34x3,10^- 14= 2,05.10^-19 J Ba2+ 530 nm 5,7.10^14 HZ E= 6,63.10^-34x5,7.10^- 14= 3,77.10^-19 J Cu2+ 530 nm 5,7.10^-14 HZ E= 6,63.10^-34x5,7.10^- 14= 3,77.10^-19 J Li+ 700 nm 3,10^-14 HZ E= 6,63.10^-34x3,10^- 14= 2,05.10^-19 J Além do mais, durante a experiência também houve o uso de HCl (ácido clorídrico) com a finalidade de limpar as hastes que estavam sendo utilizadas durante a experiência. O uso de tal ácido justifica-se, pois o mesmo não interfere na análise, uma vez que é volatilizado em contato com o calor da chama. Assim sendo, nota-se que os resultados obtidos estão próximos do esperado, constatando-se que não houve erros notórios durante o processo de análise das experiências. 5. CONCLUSÃO Assim sendo, nessa prática também foi possível conhecer os diferentes tipos de chama –e suas distintas temperatura- produzida pelo bico de Bunsen, entender que o depósito de carvão no cadinho de porcelana é ocasionado pela combustão incompleta, em razão de que a combustão completa só produz gás carbônico e água, e, por fim, compreender a utilização do HCl para limpeza dos materiais. REFERÊNCIAS 1 ATKINS, P.; J., LORETA; Princípios de Química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. Porto Alegre: Bookman, 2001. 2 VOGEL, Arthur Israel. Química Analítica Qualitativa. 5ª ed. São Paulo, Mestre Jou, 1981 Química Analítica, Quantitativa e Qualitativa. 3 Ensaios na chama do bico de Bunsen. Disponível em: <https://anselmo.quimica.ufg.br/up/56/o/QGI_- _Ensaios_na_chama_do_bico_de_bunsen.pdf> Acessado em: 20 de abril de 2016 às 12:45 . 4 DA SILVA, A.L.S. Observação do Bico de Bunsen. Disponível em: <http://www.infoescola.com/quimica/observacao-do-bico-de-bunsen/>. Acesso em: 13 abr. 2016. 5 Original em Espanhol. Modelo atômico de Rutherford. Disponível em: <https://quimicacorella.files.wordpress.com/2011/11/modelo-atc3b3mico-de- rutherrford.pdf>. Acesso em: 20 abril de 2016. 6 Teste de Chama. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/>. Acesso em 16 abril de 2016. 7 Explicação em Bohr para o teste de chama. Disponível em: <http://www.infoescola.com/quimica/explicacao-em-bohr-para-o-teste-da-chama/>. Acesso em: 24 de abril de 2016. 8 Energia do fotón. Disponível em: <http://www.fisicapaidegua.com/conteudo/conteudo.php?id_top=060101>. Acesso em: 24 de abril de 2016. 9 Teste de chama e transição de cores. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/>. Acesso em 16 abril de 2016.
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