Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 CISTOS NÃO NEOPLÁSICOS Os cistos não neoplásicos são lesões comuns, de grande interesse clínico e sobretudo cirúrgico, relacionadas muitas vezes com alterações funcionais do ovário e hemorragia uterina disfuncional. Os cistos foliculares e lúteo são funcionais e resultam em uma disfunção do eixo hipotálamo-hipófise-ovário. Diagnóstico diferencial em relação as neoplasias císticas, abscessos ovarianos e hidrossalpinge através de exames de imagem. CISTOS FOLICULARES Durante o ciclo menstrual, se houver algo que impeça a rotura do folículo maduro e a liberação do ovócilo, não ocorre a ovulação e forma-se um cisto folicular, com conteúdo líquido que involui espontaneamente. Tão comuns que podem ser considerados variação normal da evolução dos folículos ovarianos. Geralmente pequenos, únicos ou múltiplos com superfície interna lisa, sem massas vegetantes na luz. Conteúdo seroso, cristalino ou pouco hemorrágico. Microscopia: cistos revestidos por células da granulosa ou da teca, com ou sem luteinização. Podem produzir estrógeno, favorecer torção do ovário. Além disso, a situação gera atraso na menstruação e endométrio apenas proliferativo devido a não produção de progesterona que ocorreria após ovulação. Cistos foliculares regridem espontaneamente em 2 ou 3 meses. CISTOS DO CORPO LÚTEO Após a ovulação, o corpo lúteo pode não ser reabsorvido e cresce, formando um cisto heterogêneo, de aspecto pseudo-sólido, menor que o folicular, com um halo de vascularização ao redor (facilmente detectável ao exame de imagem). Parede castanho-amarelada, superfície interna lisa e o conteúdo é hemorrágico no início e incolor quando ocorre sua absorção. Revestidos por células da teca e granulosa luteinizadas. Confundidos com cistos endometrióticos durante cirurgia Ruptura ou torção com torção com hemorragia abdominal pode simular gravidez ectópica. CISTOS ENDOMETRIÓTICOS Formam se há endométrio funcionante no ovário. São uni ou bilaterais, quase sempre múltiplos. Aparecem como nódulos vermelho-azulados ou pardo-amarelados, cobertos por aderências fibrosas. Conteúdo é caracteristicamente vermelho-escuro e espesso, sendo por isso denominados por cistos achocolatados. Microscopia: revestido por epitélio e estroma endometrial, com áreas de hemorragia recente e antiga. Na fase final, o tecido endometrial é reabsorvido, ficando apenas a parede fibrosa contornando áreas de hemorragia e grande número de macrófagos fagocitando hemossiderina. Podem estar associados a carcinoma do endométrio ou a carcinoma endometrioide do ovário. Ovário: Neoplasias e Cistos Não Neoplásicos Ovário: Neoplasias e Cistos Não Neoplásicos 2 DOENÇA DE OVÁRIOS POLICÍSTICOS Condição comum (8% de mulheres em idade reprodutiva) mais frequente em jovens (3ª década) e caracterizada por ovários esclerocísticos, oligoamenorreia e ciclos anovulatórios, levando a infertilidade e manifestações androgênicas (hirsutismo, acne e alopecia) Macroscopia: os ovários estão geralmente aumentados de volume e têm superfície externa brancacenta, perolácea e lisa (aparência de “ovos de galinha”). A superfície de corte mostra diversos cistos subcapsulares de tamanhos variados, envoltos por estroma denso. Microscopia: encontra-se espessamento fibroso da cápsula e numerosos cistos foliculares, com hiperplasia e luteinização da teca interna. Evolução clínica é lenta. Devido hiperestrogenismo prolongado, pacientes apresentam risco aumentado de desenvolver hiperplasia e adenocarcinoma endometriais e carcinoma da mama. Tratada com hormônios reguladores do ciclo menstrual, fármacos indutores de ovulação ou cirurgia com ressecção em cunha dos ovários. OUTRAS QUESTÕES DO OVÁRIO A hiperplasia é um distúrbio relativamente comum, caracterizado por hiperplasia das células tecoestromais e ninhos de luteinização. Incide preferencialmente após menopausa. Como as células tecoestromais produzem andrógenos e estrógenos, as pacientes podem apresentar graus variados de virilização, hemorragia uterina disfuncional, hiperplasia e carcinoma endometrial. Torção e infarto hemorrágico são condições frequentes em cirurgias de urgência ou laparotomia exploradoras, em pacientes com sintomatologia de abdome agudo. São mais comuns em pacientes com tumores (benignos e malignos) e cistos volumosos de ovário. Edema acentuado de ovário, que ocorre em mulheres jovens (21 anos), crianças ou adolescentes, resulta de torção intermitente do meso-ovário. Em 90% dos casos, o processo é unilateral, resultando em ovário volumoso e com superfície de corte gelatinosa, simulando neoplasia. A lesão provoca dor ou desconforto abdominal baixo e massa anexial palpável. Microscopicamente, há edema acentuado e difuso. A maioria dos casos exige tratamento cirúrgico, mas alguns podem ser tratados de forma conservadora. Inflamações são raras (oooforites) são raras e, quase sempre, secundárias a inflamações da tuba (doença inflamatória pélvica). Algumas vezes, são secundárias a inflamação do sigmoide ou do apêndice cecal. Infecção hematogênica é rara. NEOPLASIAS 3º lugar entre os cânceres do sistema genital feminino, atrás dos carcinomas do colo uterino e do endométrio. Cerca de 80% são benignas, ocorrendo entre 20 e 45 anos de idade. As neoplasias malignas são mais comuns entre 45 e 65 anos. O diagnóstico ocorre em estágios já avançados, com extensão além do ovário, pois causam pouco ou nenhum sintoma em fases iniciais. Pelo diagnóstico ser geralmente tardio, o câncer ovariano apresenta elevada letalidade, sendo responsável por quase metade das mortes por câncer genital feminino. Fatores protetores: gravidez, lactação, laqueadura tubária e contraceptivos orais Fatores de risco: idade, menarca precoce, nuliparidade, menopausa tardia, baixa utilização de contraceptivos orais, histórico familial e disgenesia gonádica. Nuliparidade e não utilização de contraceptivos orais favorecem ovulações múltiplas. Teoricamente, a ovulação causaria perda da integridade do epitélio ovariano superficial seguida de regeneração, mutações múltiplas e, finalmente, transformação maligna. Resumidamente: os ciclos ovulatórios são fatores de risco para desenvolvimento carcinoma de ovário, portanto os fatores protetores estão associados a ciclos anovulatórios e fatores de risco associados a ciclos ovulatórios. O rompimento do folículo no momento da ovulação permite a entrada de células serosas tubárias alteradas nos ovários que levariam ao desenvolvimento da neoplasia. Essa passagem de células ocorreria no momento em que ocorre a aderência entre a trompa e o ovário que está ovulando – essas células podem entrar no cisto ovariano e lá encontrar melhores condições para proliferar, já que o ovário é hiperestimulado por hormônios. 7% das mulheres com câncer do ovário apresentam um ou mais parentes com a doença. Os genes frequentemente mutados no câncer ovariano familial são BRCA-1 e BRCA-2. Outros fatores de risco são mutações nos genes HER2 (relacionado ao mau prognóstico), p53, KRAS e BAF. Os sintomas mais comuns são dor e distensão abdominal, sintomas do trato urinário e gastrointestinal decorrentes da v 3 compressão pelo tumor ou invasão por câncer e sangramento vaginal. Localização do ovário dificulta a realizada de biópsias em lesões localizadas. DIAGNÓSTICO Rastreamento não é recomendado na população geral. Detectáveis por marcador sorológico específico CA125 que está presente em 50% dos casos de carcinoma de ovário, mas possui baixa especificidade porque fica aumentado em mulheres que estão ovulando, em período menstrual e tabagismo. Padrão-ouro para o diagnóstico é análise histológica, para isso deve-se remover o tumor inteiro e não fazer somente uma biópsia. Diagnóstico diferencial: cistos funcionais(folicular e corpo lúteo), abscesso ovariano e trompa dilatada (hidrossalpinge). Visíveis no ultrassom, avalia a presença ou não de algumas características que permitem a diferenciação de lesões benignas e malignas. Critérios: BENIGNIDADE MALIGNIDADE Unilaterais - 90% dos casos Bilaterais em - 60% dos casos Cápsula íntegra Cápsula rota Geralmente móvel Aderente, fixo Superfície lisa Superfície nodulosa, irregular, p Sem ascite ou citrina Ascite hemorrágica Peritônio livre Peritônio com implantes Cístico de parede lisa Sólido, com áreas císticas, necrose e excrescências Se sólido, resistência firme Zonas de amolecimento Superfície de corte uniforme Superfície variegada NEOPLASIAS DO EPITÉLIO DE REVESTIMENTO Os mais frequentes do ovário (70% dos tumores do órgão) e os mais comuns entre as neoplasias malignas ovarianas. Originam-se do epitélio celômico, que possui capacidade de diferenciação para epitélios dos tipos endocervical (mucossecretor), tubário (serossecretor) e endometrial (endometrioide). Subclassificadas: Tipo de diferenciação epitelial: tipos histológicos – seroso (células neoplásicas se diferenciam no epitélio tubário – seroso ciliado), mucinoso (se diferenciam em células do epitélio da endocérvice ou intestinal) e endometrioide (se diferenciam em células semelhantes às do endométrio – epitélio colunar). Localização da proliferação epitelial: superficial ou intracística. Comportamento biológico: benignas (adenomas), malignas (adenocarcinoma) e borderline ou intermediários (em que a proliferação celular é maior que o adenoma, atipias leves a moderadas, estratificação nuclear, poucas mitoses e não há invasão estromal). SEROSOS Representam 30% das neoplasias ovarianas, das quais 60% são benignas (cistadenomas), 10% são borderline e 30% são malignas (cistadenocarcinomas – câncer ovariano mais comum). Os tumores benignos são encontrados principalmente na fase reprodutiva, enquanto formas malignas predominam em idade avançada. Císticos e revestidos por epitélio colunar ciliado (células neoplásicas se diferenciam em células do epitélio tubário), cuja cavidade contém fluido seroso. Propensão a de disseminar para superfícies peritoneais e omento, comumente estão associados a ascite. Podem apresentar implantes na cavidade peritoneal, levando a ascite e aderências entre vísceras, com obstrução intestinal. As teorias para explicar esses implantes são: metaplasia do epitélio celômico peritoneal, em que as lesões surgiriam em forma de neoplasias in situ (tumorigênese multifocal), e disseminação peritoneal a partir do tumor ovariano primário. Neoplasias borderline geralmente produzem implantes superficiais sem caráter infiltrativo, denominados implantes superficiais sem caráter infiltrativo (implantes não invasivos – melhor prognóstico)). Já os carcinomas serosos, especialmente os de alto grau, produzem implantes invasivos, com pior prognóstico. ASPECTOS MORFOLÓGICOS Macroscopia benigna: cística, uni ou multiloculada, diâmetro entre 5 e 20 cm, parede fina, superfície interna lisa e conteúdo seroso, em geral cristalino ou citrino. A presença de papilas na face interna da parede também é comum . Macroscopia borderline ou maligno: maior número de excrescências papilíferas, parede irregular, áreas v 4 sólidas e modularidade na cápsula. Encontram- se também áreas de necrose e hemorragia. Tumores são bilaterais em 20% dos casos benignos e em 60% nos malignos. Microscopia cistadenomas são: revestido por epitélio colunar simples, ciliado e sem atipias podendo existir papilas pequenas. Microscopia borderline: exibe papilas mais complexas, ramificadas (arboriformes), revestidas por epitélio estratificado atípico, mas sem invasão do estroma. Microscopia cistadenocarcinomas: nítida invasão do estroma, atipias celulares mais acentuadas e mitoses frequentes, podendo existir papilas, ninhos, trabéculas e pseudoácinos. O estroma de neoplasias serosas contém depósitos laminados de sais de cálcio, formando corpos psamomatosos (papilas que necrosam e sofrem calcificação distrófica).. Os carcinomas serosos podem ser divididos em baixo grau (bem diferenciados) ou de alto grau (moderadamente ou pouco diferenciados). Os de baixo grau se originam de um tumor seroso borderline, com mutação nos oncogenes KRAS e BRAF, porém raramente com mutação no gene p53. Os carcinomas serosos de alto grau, que se originam de novo, sem lesão precursora, estão geralmente associados a mutação no gene p53, mas não nos genes KRAS e BRAF e têm pior prognóstico. Já os carcinomas com mutação no gene BRCA são de alto grau. MUCINOSOS 20% dos tumores ovarianos. Cerca de 75% dessas neoplasias são benignas, 10% são borderline e 15% são malignas. Císticos revestidos por epitélio colunar mucossecretor (tipo endocervical ou intestinal – células caliciformes). Cistadenomas mucinoso ocorrem em qualquer faixa etária, com predomínio na 4ª década. Já os tumores malignos são mais comuns na idade avançada. A ruptura da parede de um cistadenomas ou a disseminação das formas malignas ou borderline provoca a liberação de células e muco no peritônio, com formação de implantes tumorais e aderências entre as vísceras – pseudomixoma peritoneal ou ascite mucinosa. Nesse caso, a cavidade peritoneal fica preenchida por muco, frequentemente associado a tumor mucinoso de ovário bilateral, se extenso pode resultar em obstrução intestinal e morte. Lesão metastática deve ser considerada em todos os casos de neoplasia ovariana mucinosa bilateral. Carcinoma mucinoso tem prognóstico melhor do que o seroso. ASPECTO MORFOLÓGICO Macroscopia: formam massas císticas multiloculada com conteúdo gelatinoso, alcançando muitas vezes, grandes dimensões e peso. As formas malignas apresentam áreas sólidas, necrose e modularidade capsular. Preenchida por fluido pegajoso e gelatinoso rico em glicoproteínas. Cistadenoma mucinoso é geralmente unilateral; 10 a 15% dos carcinomas são bilaterais. A presença de bilateralidade requer exclusão origem metastática. Microscopia benigno: revestido por epitélio colunar simples e mucossecretor, sem atipias. 5 Microscopia borderline: epitélio estratificado e com atipias nucleares, porém sem invasão do estroma, sendo classificados nos tipos intestinal e endocervical, o primeiro mais frequente e de pior prognóstico. Microscopia maligno: atipias nucleares, numerosas mitoses, invasão da cápsula e do estroma. Distinção entre tumores borderline e francamente malignos é, ás vezes, muito difícil e até mesmo controversa. ENDOMETRIOIDES Adenocarcinoma endometrioide é o 2º tipo de carcinoma mais frequente do ovário (10 a 20% casos). Os tipos benignos e borderline são raros. Ocorrendo mais comumente na 5ª e 6ª décadas de vida. Neoplasias constituídas por elementos epiteliais e/ou estromais semelhantes aos do endométrio normal. Origina-se provavelmente dos focos de endometriose ou do próprio epitélio de superfície ovariano. Assim, está relacionado à endometriose ovariana, mulheres com endometriose associada desenvolvem neoplasia mais precocemente. Adenocarcinoma endometrial sincrônico está presente em até 20% dos casos, refletindo provável tumorigênese multifocal mais do que comprometimento metastático. Carcinoma endometrioide ovariano associa-se a mutações somáticas nos genes B-catenina e PTEN, bem como em genes de reparo do DNA (MSH2 e MLH1). Macroscopia: adenocarcinoma com nódulos sólidos ou cistos multiloculares, muitas vezes hemorrágicos, revestidos por tecido aveludado ou papilomatoso. TUMOR DE BRENNER 1 a 2% dos tumores ovarianos e quase sempre é benigno; variantes malignas e borderline são raras. Ocorre preferencialmente após os 40 anos de idade e, em geral, é não funcionante, embora algunscasos sejam acompanhados de hiperestrogenismo. Macroscopia: tumor é geralmente unilateral, sólido, compacto, de tamanho variado e com superfície de corte branco-amarelada, semelhante à fibrotecoma. Microscopia: componente conjuntivo, fibroso, semelhante ao estroma ovariano, e, às vezes células da teca, que são representadas por ninhos de células epiteliais homogêneas, lembrando epitélio transicional. CARCINOMA DE CÉLULAS CLARAS Tumor mesonefroide, neoplasia bem menos comum, não ultrapassando 4% dos cânceres ovarianos. Massa ora nodular, ora microcística, de superfície variegada e consistência macia. Microscopia: estruturas tubulocísticas ou papilíferas, revestidas por camada única de grandes células epiteliais com citoplasma claro e núcleos hipercromáticos, lembrando fenômeno Arias-Stella. CARCINOMA INDIFERENCIADO Não forma glândulas e não se assemelha a nenhum tipo histológico. Geralmente muito agressivo. Apresenta alto índice de proliferação celular – hipercelularidade. NEOPLASIAS DAS CÉLULAS GERMINATIVAS 20% das neoplasias do ovário e preferem a idade juvenil, sendo o grupo mais comum de câncer ovariano em crianças. Quanto mais jovem a paciente, maior a probabilidade de uma neoplasia germinativa ser maligna. v 6 Disgerminoma tem origem em células mais primitivas. O teratoma maduro/imaturo tem origem em estruturas embrionária. Enquanto, o tumor do seio endodérmico ou do saco vitelínico e coriocarcinoma tem origem em estruturas extraembrionárias. DISGERMINOMA Pouco comum, não ultrapassando 1 a 2% dos tumores do ovário. Lesão surge muitas vezes em mulheres com pseudo- hermafroditismo ou disfunção sexual, sendo neoplasia não funcionante. É também um dos tumores que mais se associam à gravidez. É radiossensível. Lesão grande e sólida, pseudoencapsulada, com superfície lobulada e consistência firme, podendo ter, ao corte, áreas císticas secundárias a necrose. Histologia: tumor constituído por células grandes, com citoplasma claro, núcleos arredondados, nucléolos evidentes e frentes mitoses. CORIOCARCINOMA Raro, altamente maligno, metastatizante e de mau prognóstico, que deriva de estrutura de semelhantes ao trofoblasto. Origem pode ser gestacional associado a gravidez ovariana, metastático (primário no útero) ou tumor de células germinativas, diferenciado em estrutura trofoblástico. Disseminação hematogênica leva a formação de êmbolos carcinogênicos – frequentes metástases para pulmões, fígado, ossos e outras vísceras. Lesão em geral unilateral, sólida, acinzentada e com áreas hemorrágicas. O não gestacional é muito agressivo e suas metástases são frequentes e disseminadas, sobretudo para fígado, pulmões e ossos. Secreção de altos níveis de gonadotrofina coriônica, sendo o beta-HCG um marcador. Responde bem à quimioterapia. TUMOR DO SEIO ENDODÉRMICO OU DO SACO VITELÍNICO Raro e muito maligno. É o 2º tumor maligno originado em células germinativas mais comum. Ocorre em jovens e crianças preferencialmente. Sintomas: dor abdominal e massa pélvica de crescimento rápido. Quadro histológico variado, sendo característico o encontro dos corpúsculos de Schiller-Duval (estruturas papilíferas/glomeruloides contendo vaso sanguíneo contornado por células germinativas – patognomônico). Secreta alfa-fetoproteína, um marcador, que pode ser visto na histologia através da presença de glóbulos hialinos de alfa-fetoproteína. Neoplasia altamente agressiva, e seu tratamento consiste em cirurgia radical, quimio e radioterapia. CARCINOMA EMBRIONÁRIO Muito raro. Pode apresentar padrão glandular (tipo adenocarcinoma), tubular, papilífero ou sólido. Sintetiza alfa-fetoproteína e pode provocar distúrbios endócrinos, como precocidade sexual ou secreção de gonadotrofinas. Lesão sólida e contém áreas de necrose e hemorragia. Tumor agressivo, mas responde à quimio e à radioterapia. TERATOMA MADURO Neoplasia benigna frequente do ovário, acometendo ampla faixa etária, com predomínio na idade reprodutiva. Cisto com 5 a 15cm de diâmetro, parede fibrosa e conteúdo pastoso amarelado (sebo) misturado com 7 pelos, recebendo por isso a denominação de cisto dermoide. Em 15% dos casos, o tumor é bilateral. Contém estrutura sólida colada à parede, chamada promontório, onde podem ser encontrados cartilagem, osso e dentes. Microscopia: vários tipos de tecidos e estruturas organoides derivados dos três folhetos embrionários. A malignização em teratoma maduros é evento raro (1%) podendo dar origem a diversas neoplasias. TERATOMA IMATURO Neoplasia maligna pouco frequente (1%), constituída por tecidos imaturos, derivados de um ou mais folhetos embrionários, ocorrendo sobretudo nas 2 primeiras décadas de vida. Predominantemente sólido, tamanho variado e apresenta zonas de necrose, hemorragia e amolecimento. Histologia: aspecto dominante é uma mistura de tecidos indiferenciados/imaturos, sendo o mais comum o neuroectodérmico. De acordo com a quantidade do componente neuroepitelial, o teratoma é classificado em graus 1, 2 e 3. Quanto maior a quantidade do componente imaturo, pior o prognóstico. Para detecção do componente maligno, há necessidade de analisar várias áreas do tumor. Pode conter áreas com outros tipos de tumor maligno de células germinativas, como coriocarcinoma ou carcinoma embrionário. Crescem rapidamente e frequentemente se disseminam localmente ou à distância. NEOPLASIAS DOS CORDÕES SEXUAIS São quase todos funcionantes, hormonalmente ativos. Por isso, provocam quadros de alterações sexuais secundárias, produzidas por estrógenos ou andrógenos, podendo, portanto, ser feminilizantes ou masculinizantes. Mais frequentes na idade adulta, cerca de 40% dos casos ocorrem após a menopausa. TECOMA Constituído por células da teca dispostas em feixes, simulando fibroma, mas contendo gotículas lipídicas no citoplasma (células claras). Tumor benigno, sólido, encapsulado, firme, de coloração róseo-amarelada, às vezes vermelho-tijolo. Produz maior quantidade de estrógenos, fato comprovado pelas alterações endometriais encontradas nas pacientes (maior risco de hiperplasia e câncer do endométrio). Pode ser funcionante, com secreção de estrógeno, a qual gera citologia oncótica com células maduras, não atróficas, incompatível com idade avançada do paciente, e hiperplasia do endométrio. TUMOR DE CÉLULAS DA GRANULOSA Volumoso, lobulado, predominantemente sólido, mas com áreas císticas de necrose e hemorragia, de coloração amarelada. Células típicas da granulosa, com núcleos em grão de café, com arranjo organoide ou trabecular, por vezes formando estruturas microfoliculares, do tipo corpúsculos de Call-Exner (semelhança com folículos ovarianos). Embora geralmente benigno (75 a 95% dos casos), o tumor de células da granulosa é potencialmente maligno. Pleomorfismo nuclear, necrose e mitoses atípicas são indícios de malignização. Podem ser funcionantes, com secreção de estrógeno que estimula a proliferação endometrial, interferindo na menstruação e causando sangramentos na pós- menopausa, e a maturidade sexual precoce nas crianças. TUMOR DE SERTLOLI-LEYDIG OU ANDROBLASTOMA Raro e pertence ao grupo dos tumores masculinizantes, com aspecto histológico semelhante ao testículo embrionário/fetal, sendo de baixo potencial maligno. Acomete jovens e adultos, provocando sinais de virilização como amenorreia, hipertrofia do clitóris, hirsutismo, acne e alterações da voz). Tumor sólido ou cístico, de tamanho variado, encapsulado, lobulado, firme e de coloração alaranjada. O padrão histológico pode ser tubular (bem diferenciado), misto (tubular e estromal), secretor de esteroides (lipídeos), retiforme ou sólido. FIBROMA Tumor benigno unilateral, sólido,firme, brancacento e fasciculado, às vezes pediculado, que se diferencia do tecoma pela ausência de lipídeos e, sobretudo, pela sua cor branca, brilhante. v 8 Provoca, além de compressão local, ascite e hidrotórax (derrame pleural) em 50% dos casos – síndrome de Meigs, não é exclusiva do fibroma, pois pode surgir em outros tumores ovarianos de origem celômica. Fibrossarcoma do ovário é muito raro e semelhante ao de outros locais. TUMORES METASTÁTICOS Relativamente comuns, tendo importância pelo fato de o tumor secundário ser às vezes o dominante, e o primário passar despercebido. Qualquer tumor pode dar metástases nos ovários, sendo os mais frequentes os da mama, do estômago, intestino grosso, pâncreas, vias biliares e útero. O tumor de Krukenberg refere-se a metástases bilaterais no ovário, em geral de tumores do tubo digestivo (estômago e intestino grosso), muitas vezes com células em anel de sinete. v 9
Compartilhar