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Literatura
MODERNISMO - 1ª FASE:
A GERAÇÃO DE 22
Oswald de Andrade, Mário de Andrade
 e Manuel Bandeira
Contexto Histórico
O Brasil crescia. As questões sociais tornavam-se mais 
complexas com a industrialização crescente, sobretudo 
em São Paulo. Em 1907, por exemplo, contávamos com 
3.358 indústrias no país. Em 1920 tínhamos 13.336. 
Com isto aumenta o operariado, surge e consolida-se o 
pequeno burguês, acompanhado pelos comerciantes, os 
funcionários públicos, militares e profissionais liberais.
A esta sociedade brasileira acrescenta-se o número 
aproximado de 1,5 milhão de imigrantes aqui chegados, 
constituindo-se em operários rurais e urbanos até o 
início da 1ª Grande Guerra. São Paulo vive greves e 
o socialismo russo começa a ser defendido pelo meio
sindical, a princípio apenas anarquista sob o comando 
dos imigrantes italianos. Em março de 1922 é fundado o 
Partido Comunista do Brasil. 
Arthur Bernardes, mineiro (que representava as 
oligarquias do café-com-leite), disputa as eleições 
para presidente com Nilo Peçanha (representante das 
oligarquias de Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e Rio 
Grande do Sul), contrariando o sucessivo domínio dos 
paulistas e mineiros. Bernardes ganha a presidência, sob 
protestos armados e violentos pelo país, liderados por 
jovens militares que a ele se opunham.
Ocorre a rebelião dos tenentes no Forte de Copacabana, 
episódio conhecido com “Os 18 do Forte”. Em São Paulo 
os tenentes se revoltam, dois anos depois, e lutam contra 
o governo, exigindo voto secreto, justiça e o fim da
corrupção. Em 1924, rebeldes militares organizam-se no 
Rio Grande do Sul e formam a famosa Coluna Prestes, 
liderados pelo capitão Luís Carlos Prestes. Esta tropa 
pretendia dar continuidade a luta iniciada pelos tenentes. 
Chegou a reunir 1000 homens. Percorreu, deste o Rio 
Grande do Sul, cerca de 24.000 km pelo país, acabando 
internada na Bolívia pelo exército brasileiro.
A Semana de Arte Moderna
O Modernismo chega ao Brasil com a Semana de Arte 
Moderna, realizada no Teatro Municipal de São Paulo, nos 
dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, sob o comando e 
organização de um grupo de artistas e intelectuais, que 
afinados com as vanguardas artísticas acontecidas na 
Europa, propuseram uma tomada de consciência para 
a valorização das coisas nacionais e (re)descoberta da 
realidade brasileira. A Semana de Arte Moderna não deve 
ser vista somente como uma manifestação artística, mas 
também como um movimento político e social.
Manifestado especialmente pela arte, mas manchando 
também com violência os costumes sociais e políticos, o 
movimento modernista foi o prenunciador, o preparador 
e por muitas partes o criador de um estado de 
espírito nacional. A transformação do mundo, com o 
enfraquecimento gradativo dos grandes impérios, com a 
prática europeia de novos ideais políticos, a rapidez dos 
transportes e mil e uma outras causas internacionais, 
bem como o desenvolvimento da consciência americana 
e brasileira, os progressos internos da técnica e da 
educação, impunham a criação de um espírito novo (...). 
Isto foi o movimento modernista, de que a Semana de Arte 
Moderna ficou sendo o brado coletivo principal.
(trecho da Conferência Modernista proferida por
Mário de Andrade em 1942).
O período de 1922 a 1930 é o mais radical do 
movimento modernista, e foi nutrido pela necessidade 
de novas definições estéticas e de rompimento com 
todas as estruturas do passado. Os artistas responsáveis 
pela Semana serão reconhecidos como adolescentes 
rebeldes. Esse caráter vanguardista desta geração foi 
assim definido por Mário de Andrade: “alastrou-se pelo 
Brasil o espírito destruidor do movimento modernista. 
Isto é, o seu sentido verdadeiramente específico. Porque, 
embora lançando inúmeros processos e ideias novas, 
o movimento modernista foi essencialmente destruidor.
(...) O que caracteriza esta realidade que o movimento 
modernista impôs é, a meu ver, a fusão de três princípios 
fundamentais: o direito permanente a pesquisa estética; 
a atualização da inteligência artística brasileira e a 
estabilização de uma consciência criadora nacional”. 
As Vanguardas Europeias
No início deste século as diferenças sociais estarão 
ainda mais acentuadas. O Mundo já havia experimentado 
a 1ª Grande Guerra. A eletricidade, a máquina e a 
tecnologia se desenvolviam à medida que o homem se 
perdia em seu próprio progresso.
Toda esta efervescência paradoxal acaba criando um 
clima propício para o surgimento de várias tendências 
artísticas na Europa. Cada qual tentando explicar ou 
entender o conturbado mundo através do lançamento de 
seus manifestos. Muitos dos nossos artistas da década de 
20 entraram em contato com esta nova realidade artística 
do velho mundo e, na volta ao Brasil, fundiram estes novos 
ideais estéticos ao ambiente local. Conheça uma pouco 
desses vários ismos:
Expressionismo
Surgiu na Alemanha defendendo a importância do 
mundo inconsciente. É o desprezo à ideia clássica de 
Literatura
Beleza. Por isso a importância da expressão captada 
pelo artista, a materialização, numa tela, por exemplo, de 
imagens nascidas em nosso subconsciente a partir de um 
objeto. O Expressionismo se deu mais na pintura, iniciado 
por Eduard Münch, Van Gogh, Cèzanne e Gauguin. 
Contrastes, cores fortes, deformações figurativas são 
elementos comuns na pintura expressionista. Pela 
importância da subjetividade, logo notamos a relação 
possível entre este movimento e as ideias da poesia 
simbolista. Também no cinema, sobretudo alemão, irá 
vingar esta estética “exagerada”. Assista, por exemplo, 
ao Gabinete do Dr. Caligari. 
No Brasil, pintores como Anita Mafaltti (realizou uma 
“escandalosa” exposição em 1917) e Lasar Segall serão 
influenciados diretamente pelas ideias expressionistas.
O homem amarelo - Anita Malfatti.
Cubismo
Desenvolveu-se inicialmente na pintura de Pablo 
Picasso, valorizando as formas geométricas (cones, 
esferas, cilindros etc.) que revelam um objeto em seus 
múltiplos ângulos. Na Literatura surgiu com o poeta 
Guillaume Apo-linaire (1880-1918).
Valorizava a aproximação, ao máximo, da escrita 
com as outras manifestações artísticas (pintura, música, 
literatura, escultura) preocupando-se com a importância 
dos espaços em branco da folha de papel e da impressão 
tipográfica. Apolinaire defendia as “palavras em liberdade”, 
menosprezando os verbos, destruindo a sintaxe, negando 
a estrofe, a rima e o metro. A influência da fragmentação 
cubista aparecerá nas poesias de Oswald de Andrade, 
por exemplo. Repare em “O Capoeira”, transcrito adiante.
Futurismo
Idealizado pelo italiano Filippo Tommaso Marinetti 
(1876-1944), apresenta como pontos fundamentais a 
exaltação da vida moderna, da máquina, da eletricidade, 
do automóvel, e principalmente da velocidade:
Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito à 
energia e à temeridade.
Tendo a literatura até aqui enaltecido a imobilidade 
pensativa, o êxtase e o sono, nós queremos exaltar o 
movimento agressivo, a insônia febril, o passo ginástico, 
o salto perigoso, a bofetada e o soco.
Nós queremos glorificar a guerra - única higiene do 
mundo.
Nós queremos demolir os museus, as bibliotecas, 
combater o moralismo, o feminismo e todas as covardias 
oportunistas e utilitárias.
Nada de obra-prima seu um caráter agressivo.
Mais tarde, Marinetti viria a aderir ao fascismo de 
Mus-solini, o que colocou nosso Oswald de Andrade, 
responsável pela introdução desta vanguarda aqui no 
Brasil, em maus lençóis e em muitas explicações.
Dadaísmo
Durante a primeira grande guerra, um grupo de 
refugiados em Zurique, Suíça, inicia o mais radical dos 
ismos: O Dadaísmo. A palavra Dadá foi escolhida a esmo 
no dicionário, sem realmente significar nada. Negavam 
o passado, o presente e o futuro. É o artista diante da
negação total. Talvez uma reação niilista diante de um 
mundo em guerra. Era tão radical que condenava as 
outras vanguardas.
No Brasil tem como sua propagadora a artista Tristan 
Tzara (1896-1963).Veja o que ela escreveu: “Que cada 
homem grite: há um grande trabalho destrutivo, negativo, 
a executar. Varrer, limpar. A propriedade do indivíduo se 
afirma após o estado de loucura, de loucura agressiva, 
completa, de um mundo abandonado entre as mãos dos 
bandidos que rasgam e destroem os séculos. O que 
importava era criar palavras pela sonoridade, quebrando 
as barreiras do significado. Valiam-se do grito, do urro 
contra o capitalismo burguês e o mundo em guerra”.
Surrealismo
Surgido de uma dissidência do grupo dadaísta, foi 
lançado em Paris, em 1924, por André Breton, por meio 
do Manifesto Surrealista. É um movimento estético que 
prima pela liberação do subconsciente, da valorização do 
sonho e suas imagens desconexas, enevoadas e irreais.
As tentações de Santo Antão - quadro de Salvador Dalí.
Literatura
Leva um pouco dos outros ismos, mas aproxima-
se mais do Expressionismo e das experiências do 
psicanalista Sigmund Freud. Salvador Dalí será o mais 
conhecido artista plástico representante desta vanguarda. 
No cinema, autores como Luís Buñuel e Jean Cocteau 
ajudarão a notabilizar essa nova proposta. No Brasil, 
serão bastante influenciados pelo surrealismo os poetas 
da segunda geração Murilo Mendes e Jorge de Lima.
No Brasil, os artistas dessa época...
Entre os principais artistas da Semana e aqueles 
que produziram na década de vinte, destacam-se: 
Na literatura, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, 
Manuel Bandeira, Antônio de Alcântara Machado, Raul 
Bopp, Cassiano Ricardo, Guilherme de Almeida, Graça 
Aranha, Menotti del Picchia. Entre os artistas plásticos, 
Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Anita Mafaltti, Cândido 
Portinari, Lasar Segall e Victor Brecheret. Na música, 
Heitor Villa-Lobos.
Mário de Andrade em retrato de Lasar Segall.
MÁRIO Raul DE Morais ANDRADE, conhecido como 
“papa do Modernismo”, nasceu em São Paulo, em 1893, 
e forma-se em música (piano). Jovem ainda, inicia suas 
críticas de arte escrevendo para jornais e revistas. Em 
1917 conhece Oswald de Andrade e publica seu primeiro 
livro de poesias, Há uma gota de sangue em cada poema, 
e descobre a pintura de Anita Mafaltti. Nas décadas 
seguintes, irá transformar-se numas das figuras mais 
importantes para a cultura nacional. Seu livro de 1922, 
Paulicéia Desvairada, é uma das primeiras obras literárias 
do modernismo brasileiro, e seu clássico Macunaíma 
(1928) é a verdadeira síntese das propostas inovadoras 
européias com o folclore local. Lecionou História e 
Filosofia da Arte na Universidade do Distrito Federal. 
Em sua obra, Mário luta por uma língua brasileira, 
mais próxima do falar do povo, sendo comum, inclusive, 
em uma fase de sua carreira, a adoção de grafias como 
“si” (para o pronome oblíquo “se”), “quasi” (“quase”) 
e “guspe” (“cuspe”), por exemplo. Em Amar, Verbo 
Intransitivo, Mário se aprofunda na estrutura familiar da 
burguesia paulistana, ao mesmo tempo que aborda os 
sonhos e a adaptação dos imigrantes à agitada metrópole 
paulistana. Em Macunaíma, contudo, o autor busca um 
rumo diferente: a partir de uma série de estudos sobre o 
folclore nacional, ele compõe o seu herói (ou, antes, o seu 
“anti-herói”), um índio amazônico que nasce preto e vira 
branco para ir à cidade grande em busca de seu amuleto 
da sorte. Trata-se do “herói sem nenhum caráter” que, de 
acordo com o próprio autor, é uma espécie de “síntese 
do povo brasileiro”.
Assim, sua obra pode ser dividida em três fases: o 
desvario modernista (na década de 20, o entusiasmo 
pela renovação da arte brasileira), o nacionalismo e o 
folclore (a fase de Macunaíma, quando Mário mergulha 
na historiografia e nas lendas do Brasil) e a maturidade.
OSWALD DE ANDRADE: José Oswald de Sousa An-
drade nasceu em São Paulo em 1890. Cursou a Faculdade 
de Direito do Largo do São Francisco, bacharelando-se em 
1919. Em suas viagens à Europa, conhece o Futurismo 
de Marinetti, e passa a ser o divulgador das ideias 
revolucionárias desta vanguarda aqui no Brasil. Mais 
tarde, Marinetti aproxima-se do fascismo de Mussolini, o 
que deixou Oswald numa situação embaraçosa. Homem 
polêmico, irônico, gozador, teve vida atribulada não só 
no que diz respeito às artes como também à política e 
sentimentos. Filho de fazendeiro rico cafeicultor, conheceu 
a falência com a queda da Bolsa de Nova York em 1929.
Deixou um rastro de características do Modernismo em 
seus escritos. O ideário modernista nunca foi esquecido: 
um nacionalismo que busca as origens sem perder a 
visão crítica da realidade; a paródia como uma forma 
de repensar a literatura; o falar cotidiano do povão e o 
ataque à burguesia capitalista. Lança dois importantes 
Manifestos: da Poesia Pau-Brasil (1925) e Manifesto 
Antropofágico (1928). Junto com Mário, é dono das 
principais e mais importantes obras desta 1ª Fase. 
Entre elas: Serafim Ponte Grande (romance); O Rei da 
Vela (teatro); Memórias Sentimentais de João Miramar 
(romance); Primeiro Caderno do Aluno de Poesia Oswald 
de Andrade.
Oswald, na busca de uma linguagem estética nacional, 
reconstruiu a história brasileira por meio da paródia de 
cronistas do século XVI e de poetas de toda a nossa 
tradição literária. Repare na re-utilização que faz, por 
exemplo, do texto original da Carta, de Pero Vaz de 
Caminha: 
HISTÓRIA DO RASIL
Pero Vaz Caminha
A descoberta
Literatura
Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava de Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra
As meninas da gare
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós muito a olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha
O poeta também buscou, como os demais modernistas 
de sua época, explorar a expressão cotidiana, coloquial, 
de nosso povo: 
O CAPOEIRA
- Qué apanhá sordado?
- Quê?
- Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada. 
Manuel Bandeira, em obra de Cândido Portinari.
MANUEL Carneiro de Souza BANDEIRA Filho nasceu 
em Recife em 1886. Estudou no Rio de Janeiro e depois São 
Paulo. Com tuberculose aos 17 anos, inicia longa jornada 
pelo Brasil e Europa.
Participa de longe da Semana de Arte Moderna. Envia 
o poema “Os Sapos”, que é declamado por Ronald de
Carvalho no segundo dia do festival modernista. Apesar do 
ataque direto a Olavo Bilac em seu poema, considerava, 
ainda, respeito à poesia parnasiana. Seu primeiro livro, As 
Cinzas das Horas, é o maior exemplo disso.
Participou de todas as fases do Modernismo até sua 
morte em 1968, aos oitenta e dois anos. Com a publicação 
dos livros Carnaval, 1919, e O ritmo dissoluto, 1924, o poeta 
vai se engajando cada vez mais no ideário modernista, para 
culminar, definitivamente, com o livro Libertinagem, em 
1930. Considerado um dos maiores poetas, escreveu sobre 
o cotidiano, a humildade diante de toda beleza do mundo,
indignação e sentimento diante do sofrimento. Tudo com 
inteligente humor, sensualismo, coloquialismo, brasilidade, 
ironia e ceticismo. Veja exemplos:
POEMA TIRADO DE UMA NOTÍCIA DE JORNAL
João Gostoso era carregador de feira-livre e morava no 
morro da Babilônia num barracão sem número
Uma noite ele chegou no Bar Vinte de Novembro
Bebeu,
Cantou,
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu 
afogado.
IRENE NO CÉU
Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
- Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
- Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.

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