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Casos Concretos 1 ao 8 de Constitucional Avançado

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Direito Constitucional Avançado 
CASOS CONCRETOS DE 1 A 8
Caso Concreto 1
1- a) As normas denominadas materialmente constitucionais estão ligadas ao conteúdo , por estabelecerem normas referentes à estrutura organizacional do Estado, à separação dos poderes e aos direitos e as garantias fundamentais. Já as normas formalmente constitucionais possuem essa denominação por terem sido elaboradas com o uso do processo legislativo próprio das normas constitucionais. 
b) O entendimento apresentado está incorreto, umas vez que , independente da essência da norma, todo dispositivo que estiver presente no texto constitucional, só poderá ser alterado pelo processo legislativo solene das emendas constitucionais, tal qual previsto no Art.60 da CRFB/88.
Caso Concreto 2 
1- No caso em tela, deverá ser ajuizado um Mandado de Segurança para trancamento de pauta, uma vez que a norma é materialmente inconstitucional por ferir os direitos e garantias fundamentais dispostos na CRFB/88, passando a ter controle preventivo por ocorrer ainda no processo de legislação, ou seja, antes da publicação.
JURISPRUDÊNCIA
Supremo Tribunal Federal STF - MANDADO DE SEGURANÇA : MS 0006622-84.2015.1.00.0000 DF - DISTRITO FEDERAL 0006622-84.2015.1.00.0000
Decisão: Trata-se de mandado de segurança coletivo, com pedido de medida liminar, impetrado pelo Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário e do Ministério Público da União no Distrito Federal � SINDJUS/DF, contra ato do Presidente da Mesa Diretora do Congresso Nacional, consubstanciado na omissão em deixar de realizar a Sessão Plenária do Congresso Nacional para examinar e deliberar sobre o Veto 26/2015. Afirma o impetrante que, tendo sido recebida mensagem de veto oposto ao PLC 28/2015, no dia 22.07.2015, e lida em Plenário na Sessão de 03.08.2015, o interstício constitucional dos trinta dias para exame do veto estaria superado, conforme dispõe o art. 66, § 4º, da Constituição Federal. Por essa razão, alega que a postergação de seu exame é inconstitucional, cabendo à Mesa do Congresso determinar o trancamento da pauta. Aduz, no entanto, que a pauta da Sessão Plenária designada para o dia 22.09.2015 contempla, em seu primeiro item, projeto legislativo diverso da apreciação do veto. O impetrante narra, ainda, que por duas ocasiões foi frustrada a realização de sessão plenária para o exame da matéria. A primeira sessão, prevista para ocorrer no dia 19.08.2015, foi cancelada; a segunda, agendada para o dia 02.09.2015, foi abruptamente encerrada. Sustenta que a demora em realizar a sessão tem contribuído para acirrar conflitos sociais, uma vez que a categoria aderiu a movimento grevista. Com esses fundamentos e, considerando a iminência da realização da sessão plenária, requer, em sede de liminar, a ordem para que a autoridade coatora abstenha-se de frustrar a realização da 21ª Sessão Conjunta do Congresso Nacional, designada para o dia 22.09.2015, oportunizando aos parlamentares o exame dos vetos pautados e determinando o trancamento da pauta até o julgamento do mérito. No mérito, requer a confirmação da liminar para impor ao Congresso o exame do veto e para trancar a pauta. O Presidente do Senado Federal, no exercício da Presidência do Congresso Nacional, informou que o impetrante carece de legitimidade ativa para intervir no processo legislativo constitucional, pois, na linha de precedentes do Supremo Tribunal Federal, �apenas os membros da respectiva Casa Legislativa têm legitimidade ativa para impetrar Mandado de Segurança perante o STF para impor conformidade da tramitação de proposições� (eDOC 23, p. 4). Afirma que a origem desse entendimento reside no pressuposto de que �as deliberações das Câmaras do Congresso Nacional são atos interna corporis gozam de presunção de legitimidade que só se pode elidir pelas partes interessadas, ou seja, o parlamentar� (eDOC 23, p. 4). No que tange ao mérito, afirma que, desde a Resolução 1 de 2013-CN, editada para dar cumprimento à decisão proferida no MS 31.816, Rel. Ministro Luiz Fux, Rel. para Acórdão Ministro Teori Zavascki, DJe 13.05.2013, os vetos presidenciais têm sido analisados com prioridade, em observância à regra constitucional. Quanto à inclusão em pauta do Projeto de Resolução 3 de 2015-CN, aduz que matérias relativas à ordem de trabalho do Congresso e que, portanto, não está sujeita a veto, não se sujeitam ao trancamento de pauta, entendimento que, segundo sustenta, foi acolhido pelo Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento do MS 27.931, que ainda está pendente de julgamento. Defende, sob escólio de José Afonso da Silva, que a �interpretação das normas regimentais aplicáveis às Casa Legislativas é avessa à possibilidade de revisão judicial� (eDOC 23, p. 8). Alega, por fim, faltar à pretensão veiculada pelo impetrante os requisitos para o deferimento liminar. A Advocacia-Geral da União, intimada a manifestar-se nos termos do art. 22, § 2º, da Lei 12.016/09, ratificou as informações apresentadas pelo Presidente do Senado Federal, no sentido de se reconhecer a ilegitimidade ativa do impetrante e de inexistirem os fundamentos aptos a justificar a concessão da medida liminar. Tendo em vista que a sessão para a qual fora impetrado o writ já havia se realizado antes de se esgotar o prazo para oitiva prévia do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, requereu, ainda, a extinção do feito sem julgamento de mérito, em virtude da perda do objeto. A União noticiou, também, que o Veto 26/2015 foi incluído na ordem do dia, mas, não tendo sido examinado, foi incluído na pauta da, então, próxima sessão conjunta do Congresso Nacional. A fim de confirmar as informações trazidas pelo representante judicial, solicitaram-se informações à Presidência do Congresso Nacional. Em 1º.10.2015, por não vislumbrar, naquele momento, periculum in mora, posterguei o exame do pedido liminar em decisão lavrada nos seguintes termos: �Em sede de liminar em mandado de segurança, é preciso que o impetrante demonstre a existência de fundamento relevante e que comprove que do ato impugnado possa resultar a ineficácia da medida, conforme previsão constante do art. 7º, III, da Lei n. 12.016/09. Preliminarmente à apreciação do pedido liminar, é preciso, no entanto, averiguar se o impetrante, na linha das informações apresentadas, tem legitimidade para a propositura do writ. O pedido veiculado neste mandado de segurança refere-se à condução dos trabalhos na Sessão Conjunta do Congresso Nacional, ao sobrestamento da pauta e à conseqüente apreciação das matérias que impuseram o trancamento da pauta. Trata-se, portanto, de matéria afeta ao que, na doutrina, tem se convencionado chamar de devido processo legislativo constitucional. Impende verificar se assiste razão jurídica às alegações apresentadas pelo impetrado, especialmente no que tange à invocação dos precedentes desta Corte. De fato, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem reconhecido que, no âmbito do devido processo legislativo constitucional, as deliberações feitas pelas Casas do Congresso Nacional apenas podem ser objeto de controle jurisdicional, se ofenderem diretamente a Constituição Federal. A interpretação dos atos do Poder Legislativo, quando se subsume exclusivamente ao regimento interno, é infensa ao controle desta Corte, porquanto, nesse âmbito, interna corporis. Paralelamente a esse entendimento � e não dele decorrente �, também se compreende que a tramitação das matérias legislativas afeta direito subjetivo dos parlamentares, razão pela qual detêm legitimidade para obstar atos ilícitos praticados no curso dos processos. Tal legitimidade, no entanto, é apenas deles, porquanto o direito ao devido processo legislativo pertence à �coletividade dos concidadãos� (MS 21.303 AgR, Rel. Ministro Octavio Galloti, DJ 02.08.1991), e não, como regra, individualmente, a cada um. Nesse sentido, confiram-se: �A sistemática interna dos procedimentos da Presidência da Câmara dos Deputados para processar os recursos dirigidos ao Plenário daquela Casa não é passível de questionamentoperante o Poder Judiciário, inexistente qualquer violação da disciplina constitucional.� (MS 25588 AgR, Relator (a): Min. MENEZES DIREITO, Tribunal Pleno, julgado em 02/04/2009, DJe-084 DIVULG 07-05-2009 PUBLIC 08-05-2009 EMENT VOL-02359-02 PP-00350 RTJ VOL-00210-01 PP-00241 RT v. 98, n. 886, 2009, p. 135-139) �A interpretação e a aplicação do Regimento Interno da Câmara dos Deputados constituem matéria interna corporis, insuscetível de apreciação pelo Poder Judiciário�. (MS 26062 AgR, Relator (a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 10/03/2008, DJe-060 DIVULG 03-04-2008 PUBLIC 04-04-2008 EMENT VOL-02313-03 PP-00469 LEXSTF v. 30, n. 355, 2008, p. 216-225) �Na qualidade de guarda da Constituição, o Supremo Tribunal Federal tem a elevada responsabilidade de decidir acerca da juridicidade da ação dos demais Poderes do Estado. No exercício desse mister, deve esta Corte ter sempre em perspectiva a regra de auto-contenção que lhe impede de invadir a esfera reservada à decisão política dos dois outros Poderes, bem como o dever de não se demitir do importantíssimo encargo que a Constituição lhe atribui de garantir o acesso à jurisdição de todos aqueles cujos direitos individuais tenham sido lesados ou se achem ameaçados de lesão. À luz deste último imperativo, cumpre a esta Corte conhecer de impetração na qual se discute se os atos ministeriais do parlamentar licenciado se submetem à jurisdição censória da respectiva câmara legislativa, pois a matéria tem manifestamente estatura constitucional, e não interna corporis. Mandado de segurança conhecido�. (MS 25579 MC, Relator (a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Relator (a) p/ Acórdão: Min. JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em 19/10/2005, DJe-087 DIVULG 23-08-2007 PUBLIC 24-08-2007 DJ 24-08-2007 PP-00055 EMENT VOL-02286-03 PP-00399 RTJ VOL-00203-03 PP-01014) �EMENTA Agravo regimental em mandado de segurança. Ilegitimidade do impetrante. Agravo regimental não provido. 1. O mandado de segurança pressupõe a existência de direito próprio do impetrante. Somente pode socorrer-se dessa ação o titular do direito lesado ou ameaçado de lesão por ato ou omissão de autoridade, o que não se vislumbra na espécie. 2. Ilegitimidade do particular para, na qualidade de cidadão, atuar em face da Mesa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal na defesa de interesse de toda a coletividade. Precedente. 3. Agravo regimental não provido.� (MS 32052 AgR, Relator (a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 18/12/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-034 DIVULG 18-02-2014 PUBLIC 19-02-2014) À luz dos precedentes acima indicados, em tese, seria possível sustentar que o Supremo Tribunal Federal reconhece que, não obstante todos os cidadãos tenham direito à observância das regras de participação e deliberação democráticas, apenas os parlamentares têm legitimidade para representá-los, no controle judicial de atos eventualmente abusivos. Trata-se, portanto, de espécie de legitimação extraordinária, similar àquela do art. 82 do Código de Defesa do Consumidor. Essa interpretação, no entanto, com a devida vênia, não se nos afigura ideal, não porque a legitimação extraordinária exigiria expressa previsão legal, como indica o art. 6º do atual Código de Processo Civil � nesse ponto superado pelo art. 18 do Novo Código �, mas porque não atende à exigência de ser consentânea com o ordenamento jurídico e, em especial, com a Constituição. Com efeito, a Constituição brasileira de 1988, em seu artigo 1º, caput, anuncia o Estado brasileiro como República Federativa, constituído em Estado democrático de direito. Assume, assim, a democracia como elemento intrínseco a ele e em seu parágrafo único toma como fundamento a emanação do poder pelo povo. Ou seja, expressa, logo em seu art. 1º, a tensão entre democracia (soberania popular) e a limitação pelo Direito (constitucionalismo). A democracia, como conquista e processo de tomada de decisões, insere o povo ou seus representantes nas discussões e deliberações, enquanto o constitucionalismo regula este processo, estabelecendo padrões, determinações e limitações expressas, como é o caso do art. 66, § 4º e § 6º da Constituição Federal. A importância da assunção do fundamento democrático intrínseco à Constituição é que ela, como norma, expressa não apenas um ser, mas também um dever-ser. Nesse sentido, um constitucionalismo robusto prevê que as normas constitucionais e infraconstitucionais sejam amplas, gerais, não retroativas, estáveis e se apliquem imparcialmente a todos, sendo para isso necessário um Poder Judiciário independente, que tenha autoridade e se imponha diante de uma situação de conflito ou ofensa às normas constitucionais, tal qual é o caso deste Mandado de Segurança. A democracia só se realiza se determinadas condições jurídicas estiverem presentes, e estas condições são, justamente, os princípios e as regras estabelecidas pela Constituição. Ao mesmo tempo, a Constituição só adquire um sentido perene se estiver situada em um ambiente democrático. Por isso, �o discurso constitucional contemporâneo se afirma pela inexorabilidade dos compromissos republicanos e democráticos que estão na sua base� (CHUEIRI, Vera Karam de. O discurso do constitucionalismo: governo das leis versus governo do povo. In: FONSECA, Ricardo Marcelo. (Org.). Direito e discurso. Florianópolis: Boiteux, 2006. p. 161). Ou seja, o Estado Democrático de Direito somente assim se constitui e se reafirma quando a democracia que o subjaz e o qualifica se concretiza, quando as regras procedimentais que compõem o procedimento democrático e que estão previstas diretamente pela Constituição são necessária e obrigatoriamente observadas. No presente caso, ante a alegação de que essas regras democrático-procedimentais referentes ao processo legislativo e expressamente previstas pela Constituição não foram devidamente respeitadas, pois o Congresso Nacional apreciou matéria diversa (Resolução Conjunta) daquela que obrigatoriamente deveria apreciar (os vetos da Presidência da República), é preciso reconhecer que o Poder Judiciário tem um importante papel a cumprir. Não no sentido de ditar as regras do jogo democrático, pois a ele não cabe esse papel, mas sim, no sentido de fazer tais regras serem respeitadas (GODOY, Miguel Gualano de. Constitucionalismo e Democracia: uma análise a partir de Carlos Santiago Nino e Roberto Gargarella. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 131.). É assim que Carlos Santiago Nino sugere que o Poder Judiciário exerça o controle de constitucionalidade das leis, a fim de garantir a legitimidade do processo democrático (NINO, Carlos Santiago. La constitución de la democracia deliberativa. Barcelona: Gedisa, 2003. p. 274.). Essa postura de Carlos Santiago Nino se aproxima da proposta procedimental de John Hart Ely, a qual, diante da dificuldade do caráter contramajoritário do Poder Judiciário, propõe o exercício do controle de constitucionalidade das leis como ação de supervisão do processo democrático e de representação (ELY, John Hart. Democracia y desconfianza. Trad. Magdalena Holguín. Bogotá: Siglo del Hombre, 1997. p. 128-230). Dessa forma, o controle judicial de constitucionalidade das leis deve ocorrer quando as esferas político-governamentais não funcionam adequadamente. No presente caso, as condições de possibilidade da democracia são a necessária observância das regras constitucionais do processo legislativo, cuja previsão tem assento expresso na Constituição. Seria lícito, neste ponto, perguntar-se sobre o alcance do princípio democrático. Conforme reconhecem os precedentes da Corte, apenas parlamentares teriam legitimidade para zelar pela observância da Constituição, relativamente às regras de deliberação legislativa. Poder-se-ia afirmar, por exemplo, que o exercício direto do poder é feito nos termos da Constituição (art. 1º, parágrafo único, da CF/88) e que tal exercício só pode ocorrer por meio de plebiscito, referendo e iniciativa popular (art. 14, I, II e III, da CF/88). Não consta da Constituição, como reconheceu este Tribunal no julgamento do MS32.052, alusão à impetração de mandado de segurança, razão pela qual não seria possível estender aos cidadãos a legitimidade ativa. O argumento, no entanto, confunde exercício de poder com o seu controle. Tal como ocorre no presente caso, não há confundir-se a livre deliberação político-parlamentar com a exigência de que tais deliberações observem a Constituição. Assim, não há razão para opor o controle judicial de constitucionalidade das leis à democracia. O exercício da revisão judicial das leis no caso em análise consiste exatamente na garantia e defesa dos mesmos direitos e valores desejados e expressados pela democracia. Nesse sentido, o Poder Judiciário tem um importante papel a desempenhar como protetor e promotor da democracia. A atuação do Supremo Tribunal Federal no presente caso não atua contra o Poder Legislativo e a democracia, mas ao contrário, consiste em atuação garantidora e promotora da democracia. Trata-se, portanto, de garantir direito que, embora coletivo, é também individual, na medida em que o devido processo legislativo constitucional apenas explicita o modo pelo qual é possível, por meio do princípio da legalidade, limitar direitos fundamentais. A impetração do mandado de segurança não decorre, portanto, do exercício do poder, mas de garantia judicial (art. 5º, LXIX, da CF/88), instrumento indispensável para que o princípio da legalidade seja concretizado por meio do devido processo legislativo constitucional. Nesse ponto, assiste razão a Leonardo Barbosa: �A estratégia de se restringir o controle da regularidade do processo legislativo à via preventiva do mandado de segurança impetrado por parlamentar, atende,na prática, a uma preocupação mais pragmática que dogmática. Ela diz respeito aos riscos de paralisação do processo legislativo e de surgimento de uma interferência disfuncional do Judiciário sobre o Congresso, uma excessiva e incontrolável �judicialização da política�. Essa preocupação, ainda que legítima, falha em reconhecer que o projeto abraçado explicitamente pela Constituição de 1988 requer precisamente que a feitura das leis, normas gerais e abstratas que impactam diretamente a vida de todos, seja assumida como um tema afeto à cidadania em geral, e não como um problema corporativo. Essa foi, inclusive, a principal marca (e o grande diferencial) do processo constituinte no seio do qual se desenvolveu a Constituição vigente: a ocupação do espaço institucional do Congresso por demandas oriundas da sociedade civil organizada. A apropriação pelo público de um debate antes reduzido a dimensões corporativas� (BARBOSA, Leonardo. Estado de Direito, Democracia e Devido Processo Legislativo. In: CLÈVE, Clémerson, e FREIRE, Alexandre, Direitos Fundamentais e Jurisdição Constitucional. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2014.). Por essas razões, não há como deixar de reconhecer ao impetrante plena legitimidade ativa para, nos termos do art. 5º, LXX, �b�, da Constituição Federal, substituir os integrantes da categoria. No que tange à plausibilidade das alegações invocadas pelo impetrante, o presente caso demonstra bem como o procedimento democrático do processo legislativo não teve as suas regras constitucionais observadas. Em tais circunstâncias, diante de ofensa a regras constitucionais expressas do devido processo legislativo, cabe ao Supremo Tribunal Federal exercer a sua principal função contramajoritária: assegurar as condições de possibilidade da democracia. É preciso reconhecer, na linha do até aqui se aduziu, que os poderes foram constituídos pela própria Constituição e é somente a ela que eles devem se sujeitar, especialmente quando se trata da garantia do devido processo legislativo, momento em que está em jogo a própria democracia. Como forma de delimitar as etapas de elaboração e de discussão das medidas legislativas, a Constituição Federal indicou, em seu art. 66, § 6º, que, descumprido o interstício de 30 dias para apreciação do veto aposto em projeto de lei, cumpre ao Congresso Nacional analisá-lo, com prioridade máxima e sobrestando todas as demais deliberações. A ordem de sobrestamento é indistinta, a inviabilizar o discrimine feito pela Casa Legislativa. Nos estritos limites do texto Constitucional, há plena e inequívoca plausibilidade do direito invocado. Relativamente ao risco de que, ao fim do julgamento, a concessão da ordem possa se mostrar ineficaz, não vislumbro, por ora, o periculum in mora. Isso porque a sanção constitucionalmente fixada para o descumprimento do trintídio para a apreciação do veto é o trancamento da pauta e a inclusão da matéria na sessão seguinte. O impetrado, por sua vez, noticia que a inclusão foi providenciada e que o veto será apreciado atendendo-se à regra constitucional. A confiança na observância das regras constitucionais do devido processo legislativo parece-nos, assim, ao menos por ora, afastar o perigo. Com essas considerações, postergo o exame do pedido liminar para oportunidade ulterior à próxima sessão do Congresso Nacional�. (eDOC 32) O Presidente da Mesa do Congresso Nacional apresentou informações em que novamente requer, como preliminar, o reconhecimento de ilegitimidade ativa do sindicato e, no mérito, o reconhecimento da licitude do procedimento adotado pelo Congresso Nacional, postulando a denegação da segurança (eDOC 38). A União requereu seu ingresso no feito (eDOC 40). O Procurador-Geral da República apresentou parecer pela extinção do mandado de segurança sem resolução do mérito (eDOC 43). É o relatório. Decido. Em consulta à página oficial do Congresso Nacional na internet, verifica-se que em 17.11.2015 foi concluída a apuração dos votos na Câmara dos Deputados sobre o Veto 26/2015, deixando a matéria de ser submetida ao Senado Federal diante do não atingimento do número mínimo de votos para a sua derrubada (Conteúdo disponível online em: (http://www.congressonacional.leg.br/portal/veto/9361; acesso em 30.05.2016). Tendo em vista que os pedidos vazados no mandado de segurança dizem respeito tão somente ao exame do Veto 26/2015 pelo Congresso Nacional, há nítida perda superveniente do objeto deste writ, com a consequente ausência de interesse processual. Nesse mesmo sentido, o parecer da Procuradoria-Geral da República foi claro quanto à não subsistência da omissão impugnada: �Destaque-se, preliminarmente, que a omissão impugnada neste writ deixou de existir, tendo em vista a realização da 27ª Sessão Conjunta do Congresso Nacional, no último dia 17 de novembro, oportunidade em que houve a análise do Veto 26/2015. Assim, realizada a pretendida sessão e deliberado o Veto 26/2015, não subsiste o ato coator, perdendo o objeto o presente mandado de segurança que deve, portanto, ser julgado prejudicado�. (eDOC 43, p. 3) Ante o exposto, acolhendo o parecer lavrado pelo Procurador-Geral da República, julgo extinto o presente mandado de segurança nos termos dos arts. 485, VI, do CPC, e 21, IX do RISTF. Publique-se. Intimem-se. Brasília, 30 de maio de 2016. Ministro Edson Fachin Relator Documento assinado digitalmente
(STF - MS: 33797 DF - DISTRITO FEDERAL 0006622-84.2015.1.00.0000, Relator: Min. EDSON FACHIN, Data de Julgamento: 30/05/2016, Data de Publicação: DJe-112 02/06/2016)
Caso Concreto 4
1- O Tribunal competente não poderia acolher o pedido de “ B” , pois se tratando de controle na modalidade incidental, concreta e difuso, as decisões proferidas pelos juízos não possuem efeitos vinculantes. 
JURISPRUDÊNCIA
Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul TJ-MS - Habeas Corpus : HC 8486 MS 2006.008486-0
HABEAS CORPUS - HOMICÍDIO QUALIFICADO - CRIME HEDIONDO - ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA VEDAÇÃO À PROGRESSÃO DE REGIME OU EFEITO VINCULANTE DA DECISÃO DO STF - IMPROCEDÊNCIA - CONSTRANGIMENTO ILEGAL INEXISTENTE - ORDEM DENEGADA. Em que pese o julgamento isolado pronunciado recentemente pelo Supremo no HC 82.959, declarando inconstitucional o art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/90, é importante frisar que a referida decisão foi proferida em sede de controle difuso de constitucionalidade, procedimento quenão vincula diretamente os Tribunais Pátrios, muito menos retira do ordenamento jurídico a norma indigitada, salvo a exceção prevista no artigo 52, X, da Constituição Federal, que prevê a suspensão da norma pelo Senado Federal, a denominada ampliação dos efeitos das decisões definitivas proferidas pelo STF em sede de controle difuso de constitucionalidade.
(TJ-MS - HC: 8486 MS 2006.008486-0, Relator: Des. José Augusto de Souza, Data de Julgamento: 21/06/2006, 2ª Turma Criminal, Data de Publicação: 03/07/2006)
Caso Concreto 5
1- a) No caso em tela, a norma municipal apresenta sim um vício de inconstitucionalidade formal, uma vez que deveria ter sido iniciada pela Câmara Municipal. 
b) O Vereador não adotou uma medida correta, pois não possui legitimidade para ajuizar ADI – Art.103,CRFB/88.
Caso Concreto 6
1- a) No caso em tela, a propositura da Ação Declaratória de Inconstitucionalidade não é cabível, uma vez que não há relevante controvérsia judicial, considerando o pouco tempo de vigência do ato normativo, conforme exigido pelo Art.14, III da Lei 9.868/99.
JURISPRUDÊNCIA
Tribunal de Justiça do Mato Grosso TJ-MT - Agravo Regimental : AGR 01027029020138110000 102702/2013
RECURSO DE AGRAVO REGIMENTAL – AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE – PETIÇÃO INICIAL - INDEFERIMENTO – VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE – NÃO-CONFIGURAÇÃO – AUSÊNCIA DE PRECEDENTES - DESNECESSIDADE - INAPLICABILIDADE DO ART. 295, DO CPC, ÀS AÇÕES ORIGINÁRIAS – TESE SEM FUNDAMENTO LEGAL – SÚMULA VINCULANTE N. 10/STF – ALEGADA OFENSA NÃO OCORRIDA – AMPLA DEFESA E ACESSO A JUSTIÇA – DIREITOS NÃO VIOLADOS PELA DECISÃO QUE, LIMINARMENTE, OBSTA O PROSSEGUIMENTO DA DEMANDA – INEXISTÊNCIA DE RELEVANTE CONTROVÉRSIA JUDICIAL SOBRE A LEI OBJETO DA ADC - FALTA DE IMPUGNAÇÃO A FUNDAMENTO QUE, POR SI SÓ, É CAPAZ DE MANTER A DECISÃO ATACADA – RECURSO DESPROVIDO. 1. O indeferimento da petição inicial da ação declaratória de constitucionalidade, por sua manifesta inépcia, não ofende o princípio da colegialidade, pois o próprio ordenamento jurídico confere ao relator o poder de agir por delegação do colegiado, obstando, desde o início, recursos e ações originárias que não atendam os requisitos legais de admissibilidade, sem prejuízo de a parte que se sentir lesada interpor o recurso cabível. 2. A existência de precedentes judiciais só é exigida para prover-se, unipessoalmente, os recursos, nos termos do art. 557, § 1º-A, do CPC, nada dispondo este diploma legal acerca de sua exigência para que o relator indefira liminarmente a petição inicial das ações originárias. 3. O ordenamento jurídico pátrio não veda a aplicação do art. 295, do CPC, que prevê o indeferimento da petição inicial, pelos magistrados que atuam em segundo grau de jurisdição; antes incentiva o seu uso, em respeito aos princípios da celeridade e economias processuais e da efetividade da jurisdição, que não tolera a continuidade de demandas já natimortas ou temerárias. 4. Não viola a Súmula Vinculante n. 10/STF a decisão que reconhece ser impossível valer-se da Lei federal n. 9.868/99 para o reconhecimento do cabimento de ação declaratória de constitucionalidade sem qualquer previsão na Constituição Estadual, visto que ausente, expressa ou implicitamente, juízo de valor acerca da incompatibilidade deste diploma legal com a Constituição da República pelo relator. (AgR 102702/2013, DES. JOSÉ ZUQUIM NOGUEIRA, TRIBUNAL PLENO, Julgado em 12/12/2013, Publicado no DJE 19/12/2013)
(TJ-MT - AGR: 01027029020138110000 102702/2013, Relator: DES. JOSÉ ZUQUIM NOGUEIRA, Data de Julgamento: 12/12/2013, TRIBUNAL PLENO, Data de Publicação: 19/12/2013)
Caso Concreto 7
1- O AGU poderia ter deixado de proceder à defesa do ato normativo impugnado, uma vez que, no processo de ADI ele atua, em regra, em defesa da constitucionalidade da norma. O STF se posicionou no sentido de que a AGU não é obrigada a defender a norma questionada, mas que ela deve agir conforme sua convicção. Quando, por exemplo, interesse do autor e da União forem o mesmo, a AGU não precisa defender a norma. 
Caso Concreto 8
1- a) No caso em questão, assiste razão ao advogado de Mário, pois a teoria concretista individual é uma das posições reconhecidas pelo STF como passível de ser adotada nas situações em que é dado provimento ao Mandado de Injunção. Portanto, diante da lacuna, poderá o Poder Judiciário criar regulamentação para o caso específico, efeitos apenas para Mário usufruir de seu direito. 
b) Conforme disposto no Art.125, I, alínea h, da CRFB/88, irá competir ao STJ processar e julgar o Mandado de Injunção, sempre que a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão federal, da administração direta ou indireta.

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