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A COMPREENSÃO ORAL E SUAS DIFICULDADES NA LÍNGUA INGLESA Wanderlei Gonçalves (professor - tutor) RESUMO Este trabalho tem por objetivo, compreender e debater, as dificuldades encontradas em classe quanto a oralidade nas aulas de língua inglesa. Vivemos uma era de comunicação e socialização intensa, onde se comunicar de forma oral, principalmente numa segunda língua, faz toda a diferença no processo de crescimento social e profissional do indivíduo. Partindo disso, existe a necessidade urgente de criação, desenvolvimento e prática, de ferramentas didáticas orais, que desmistifiquem o falar em inglês. Ainda sobre isso, nota-se a clara necessidade de capacitação de gestores e professores, principalmente por que é neste ponto que se nota uma barreira aparentemente intransponível, que de certa forma desmotiva o aprendizado, o que pode ser observado em alunos do ensino fundamental, por exemplo. Segundo Schindler (2006) Se a experiência precoce não for bem-sucedida, o resultado pode ser um aluno fechado ao aprendizado de qualquer língua estrangeira. INTRODUÇÃO Como motivar o aluno a aprender um novo idioma? O que ele pensa sobre o novo idioma? Ele tem dificuldades com os novos sons, com os novos fonemas? As minhas crenças sobre como educar, são suficientes para a realidade do aluno? Estas são perguntas que a maioria dos professores faz ou deveria fazer a si mesmo. Porém, nem sempre professores e coordenadores, assumem a responsabilidade de levar a frente, um trabalho focado nas necessidades e dificuldades do aluno, apresentando ferramentas inovadoras, buscando capacitação e principalmente feedback dos alunos. Por falta de preparo ou até mesmo por acharem seu trabalho infrutífero, muitos professores preferem automatizar as suas aulas, sem, contudo, levar em consideração, que na verdade ele será o elo de ligação entre conhecimento e aprendizado Muitos professores carregam estigmas pessoais, que os definem como infalíveis e detentores do saber imutável, fazendo com que o mesmo fique estagnado na crença, de que seus métodos podem ser aplicados a qualquer indivíduo a qualquer tempo, o que o torna inflexível e cego diante das mudanças sociais e realidades pessoais. Assim sendo, este trabalho, preocupa-se em analisar a habilidade do professor, sua capacidade de inovação e sua visão diante da necessidade de compreensão oral do aluno diante das dificuldades de aprendizado do idioma inglês. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Cada vez mais, o aprendizado do idioma inglês, se torna algo imprescindível para a realização social e profissional dos indivíduos, principalmente se levarmos em conta a globalização social e profissional que vivemos atualmente. Da mesma forma, cada vez mais, existe a necessidade de capacitação, inovação e flexibilidade, no que se refere ao ensino de uma segunda língua. Esse avanço esbarra, porém, na dificuldade de certos alunos em compreender e falar palavras e sons, que para eles parecem coisas de outro mundo. Não bastasse essa dificuldade encontrada em alguns alunos, há também a falta de capacitação e, muitas vezes de vontade e flexibilização de alguns professores, pois postergam, possibilidades, que poderiam ser inseridas e trabalhadas não só ao longo do ensino escolar completo, mas já nas primeiras aulas. Esse problema na maioria das vezes está enraizado em costumes, hábitos e crenças de ensino, oriundas de suas experiências passadas, seja como professor, seja como aluno Esse dilema, de certa forma torna o professor inflexível, e portador da ideia da não necessidade de evolução e descentralização de poder em sala de aula Borg (2011) define crenças como “proposições que indivíduos consideram verdadeiras e que são frequentemente tácitas, têm um componente avaliativo e afetivo forte, fornecem base para ação e são resistentes à mudança”. Quando, contudo, o professor se adequa a necessidade de capacitação, ele percebe as evoluções necessárias na sua forma de ensinar, e a transformação que essa capacitação transforma no aluno. Isso se percebe em mudanças metodológicas, por exemplo, onde muitas vezes concepções arcaicas, dão lugar a novas concepções de ensino, como por exemplo, a necessidade atual de uma maior compreensão oral no mundo globalizado atual. Borg (2011) cita ainda que “A formação de professores terá um maior impacto nas suas práticas se também impactar em suas crenças” (BORG, 2011, p. 370). Vilaça (2008, p.85) cita que “o professor precisa estar cada vez mais preparado para não só lecionar, mas também administrar o processo de ensino aprendizagem de uma língua estrangeira.” Assim, o processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa exigir preparo e dedicação do professor. Uma das causas da falta de motivação em aulas de línguas é a dificuldade quanto a pronúncia de novas palavras, e é nesse ponto que um professor capacitado pode fazer a diferença. Por se tratar de algo diferente e inesperado para a maioria dos alunos, é provável que o interesse pelos estudos de língua inglesa, seja maior, se desde o início ele for exposto a situações em que a oralidade seja utilizada. Segundo Silva (2012) “o professor pode criar uma atmosfera lúdica, espontânea e contextualizada, a fim de que seus alunos façam produções orais mais significativas para melhorarem sua fluência”. A inclusão de aspectos cotidianos, muitas vezes expostas por mídias e redes sociais, podem também, levar o aluno a se sentir parte do aprendizado proposto, pois, segundo Marques (2011) nosso cérebro esforça-se para aprender quando ocorrem pensamentos significativos, pois tudo o que é chato e sem sentido faz nosso pensamento voar. Segundo Coile (2014) outra possibilidade, é o uso da musicalidade como ferramenta oral, pois, principalmente nos primeiros anos de estudo, o aluno se sente mais a vontade, quando toda a turma participa, ou seja, participação em grupo e não individual. (...) ensinar é uma atividade de um profissional chamado “professor” que tem como tarefa direcionar um aprendiz. Para ensinar, esse profissional necessitará preparar-se e planejar, a fim de promover as intervenções necessárias, os encaminhamentos que o momento necessite e as avaliações que irão fazer as correções dos rumos tomados. O verbo “ensinar” deveria rimar sempre com motivar, desafiar, oportunizar, vivenciar, avaliar, acertar, errar, retornar, recomeçar e acertar! (PAROLIN, 2008, p.30, apud MARQUES, 2011, p. 26). As crenças de um professor em relação a métodos, objetivos, abordagens e papéis na sala de aula são baseadas em suas experiências prévias como aluno e como professor (SHAH; OTHMAN; SENOM; 2017). Ao planejarmos uma boa aula, precisamos analisar muitos aspectos para que o processo de ensino-aprendizagem de uma língua estrangeira seja bem sucedido. Faz-se necessário que o professor conheça bem os métodos de ensino, ainda mais hoje em dia, quando não há mais apenas um método que deve ser escolhido em detrimento de outro. Por isso mesmo, esse ecletismo metodológico requer que o professor tenha uma formação mais ampla, crítica e autônoma para fazer suas escolhas e práticas de modo intencional e consistente (VILAÇA, 2008, p.83) Propõe-se que as aulas de Língua Estrangeira Moderna, constitua um espaço para que o aluno reconheça e compreenda a diversidade linguística e cultural, de modo que se envolva discursivamente e perceba possibilidades deconstrução de significados em relação ao mundo em que vive. (BRASIL, 2008, p. 53) Para uma didática em que se coloca a questão do desenvolvimento da expressão oral, o essencial não é caracterizar o oral em geral e trabalhar exclusivamente os aspectos de superfície da fala, mas, antes, conhecer diversas práticas orais de linguagem e as relações muito variáveis que estas mantêm com a escrita. (DOLZ 2004, p. 168) Errar é importante durante o processo de aprendizado, explica. “É ótimo acertar, mas a pessoa não esquece os erros especialmente quando são corrigidos”, diz o professor do Berlitz. (REVISTA EXAME ABRIL, 2020). O garoto aprendeu inglês em vídeos e jogos. Ele não falava português, apesar de demonstrar que entendia a língua. "Tudo era em inglês. Coloquei ele para conversar com o marido de uma amiga, que é irlandês, e ele disse que o Rafael falava melhor até que a esposa dele, que mora na Irlanda há dez anos." (R7, 2020) A imagem acima, demonstra uma das ferramentas que podem ser usadas em sala de aula na compreensão oral. Trata-se da família shark, onde vários membros da família, são apresentados quando se se canta a canção “baby shark”. Este material foi utilizado em sala de aula, na turma 401 do colégio Angélica em Gaspar, tendo um resultado acima do esperado, visto que todos os alunos acharam interessante conhecer membros da família com canções infantis. RESULTADOS E DISCUSSÃO Podemos perceber em sala de aula, que existem ferramentas mais aceitáveis e outras nem tanto, no que se refere a inclusão oral em aulas de inglês. Essa aceitação, ou não, deve ser observada em sala de aula, pois um aluno disperso, acaba atrapalhando a imersão oral de outro, visto que não só ouvidos, mas também olhos incluem um aprendizado mais efetivo e. Da mesma forma, o professor deve compreender que nem todos os alunos terão facilidade em se acostumar com os novos sons fonéticos, e mesmo os que tem essa facilidade se depararão com fonemas de difícil oralidade como por exemplo o sufixo “th”. É perceptível também, que as atividades em conjunto e principalmente as lúdicas, oriundas principalmente da musicalidade, criam um ambiente mais propício e convidativo a essa imersão oral. Aliados a capacidade profissional do professor, o uso de ferramentas específicas, que trabalham a oralidade, como as canções, contribuem para um alinhamento de ideias e anseios. Por isso o projeto de intervenção deve ser bem elaborado, levando também em consideração as vivências sociais e a facilidade adaptativa dos alunos, visto que não apenas a musicalidade pode ser usada, mas também outras ferramenta de oralidade como por exemplo, leitura de pequenos textos, bulas de remédios, falsos cognatos, e até mesmo conversação introdutória. Na classe 501 da escola Angélica em Gaspar, por exemplo, os alunos desde a primeira aula, vem praticando oralidade com conversações pessoais e introdutórias, como por exemplo: “How are you? What’s your name? Where do you live?”. O interessante deste tipo de atividade, é que além de os alunos poderem perguntar e responder a um determinado colega, o feedback é instantâneo, assim como a correção. Contudo, aspectos importantes devem ser levados em conta, como por exemplo cobranças de pronúncias e a forma como essas cobranças são feitas. Muitos alunos aceitam as correções com naturalidade, outros, porém, se sentem constrangidos quando uma cobrança é feita em frente aos colegas. Nesse ponto é que faz diferença a capacitação profissional e a flexibilidade do professor, que irá, por exemplo, informar aos alunos com antecedência que todos serão cobrados quanto a pronúncia. O interessante de ser notado, é capacidade do aluno de se inserir com naturalidade na atividade proposta, e se necessário, aplicar ferramentas individuas de correção e adaptação´. CONCLUSÃO Fica claro então, a necessidade primeiro, de capacitação profissional, segundo de flexibilização e coerência quanto as dificuldades que surgirão, e por último, mas não menos importante, de ferramentas diversas e inclusivas desde os primeiros anos, como musicalidade, leitura e ludicidade em diversos formatos. Além das dificuldades cognitivas, existem também as dificuldades de compreensão textual, que no caso do aprendizado de um novo idioma se tornam mais claramente visíveis. O aluno encontraria muito mais facilidade e talvez desta forma se engajasse mais no aprendizado, se desde os anos iniciais ele já tivesse acesso ao ensino de idiomas, coisa que acontece em algumas escolas particulares, mas quase não se encontra na educação pública. Tanto os órgãos governamentais, quanto o professor, tem sua cota de responsabilidades quanto a sua função de transformador. O estado por que deveria possibilitar o acesso ao ensino de línguas já nos primeiros anos do ensino fundamental, coisa que raramente acontece, e os professores por que deveriam buscar capacitação constante, coisa que poucos faze, além de ter uma mentalidade inclusiva, social e flexível. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: língua estrangeira. Brasília, 1998 BORG, S. The impact of in-service teacher education on language teachers' beliefs. System, 39, 370- 380, 2011. COYLE, Y.; GRACIA, R. G. Using songs to enhance L2 vocabulary acquisition in preschool children. ELT Journal, Vol. 68 (3), Julho, 2014. SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004. SCHINDLER, A. Channeling children's energy through vocabulary activities. English Teaching Forum, Vol. 44(2), p. 8-12, 2016. MARQUES, F. S. (2011). Ensinar e aprender Inglês: O processo comunicativo em sala de aula. Curitiba, Editora IBPEX SILVA, S.P. (2012). Dinâmicas e jogos para aulas de idiomas. Petrópolis, RJ. Vozes SHAH, S. S. A.; OTHMAN, J.; SENOM, F. The pronunciation componenet in ESL lessons: teachers' beliefs and practices. Indonesian Journal of Applied Linguistics, Vol. 6 No 2, p. 193-203, 2017. VILAÇA M. L. C. (2008). Métodos de Ensino de Línguas Estrangeiras: fundamentos, críticas e ecletismo. In Revista Eletrônica do Instituto de Humanidades da UNIGRANRIO, Rio de Janeiro, 2008, pp. 73-85. REVISTA EXAME ON LINE. Dicas para destravar a conversação. Disponível em: https://exame.abril.com.br/carreira/7-dicas-para-destravar-a-conversacao-em-ingles/ Acesso em: 01 de abril. 2020 R7. Meu filho tinha dificuldades de falar. Disponível em: https://noticias.r7.com/saude/meu- filho-tinha-dificuldade-para-falar-mas-aos-7-anos-ja-aprendeu-nove-idiomas-diz-mae-de- garoto-com-autismo-08072019 Acesso em: 01 de abril. 2020 https://exame.abril.com.br/carreira/7-dicas-para-destravar-a-conversacao-em-ingles/ https://noticias.r7.com/saude/meu-filho-tinha-dificuldade-para-falar-mas-aos-7-anos-ja-aprendeu-nove-idiomas-diz-mae-de-garoto-com-autismo-08072019 https://noticias.r7.com/saude/meu-filho-tinha-dificuldade-para-falar-mas-aos-7-anos-ja-aprendeu-nove-idiomas-diz-mae-de-garoto-com-autismo-08072019 https://noticias.r7.com/saude/meu-filho-tinha-dificuldade-para-falar-mas-aos-7-anos-ja-aprendeu-nove-idiomas-diz-mae-de-garoto-com-autismo-08072019
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