Buscar

PRINCÍPIOS DO DIREITO FALIMENTAR ok

Prévia do material em texto

Universidade Veiga de Almeida - Campus Cabo Frio 
Aluna: Renata Ramos 
Matrícula: 20171106685 
 
PRINCÍPIOS DO DIREITO FALIMENTAR 
Lei 11.101/2005 - Lei de Falência e Recuperação de Empresas 
 
O princípio fundamental da LFRE é o da preservação da empresa. Vale dizer, a empresa 
é a célula essencial da economia de mercado e cumpre relevante função social, porque, ao 
explorar a atividade prevista em seu objeto social e ao perseguir o seu objetivo (o lucro), 
promove interações econômicas (produção ou circulação de bens ou serviços), movimentando 
a economia, desenvolvendo a comunidade em que está inserida. 
 
Nesse contexto, a recuperação judicial viabiliza a superação da situação de crise 
econômico-financeira do devedor, permitindo a manutenção da fonte produtora, do emprego 
dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da 
empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. 
 
O princípio da preservação da empresa pode ser visto em vários dispositivos 
espalhados pela lei, consubstanciado em mecanismos auxiliares que buscam viabilizar os 
regimes recuperatórios: a recuperação judicial, a extrajudicial e, inclusive, na existência de um 
regime de recuperação judicial supostamente favorável para as microempresas (ME) e 
empresas de pequeno porte (EPP), procedimento especial para as ME e EPP. 
 
A regra de manter o devedor no comando da empresa recuperanda (debtor-in-
possession), ainda mais forte no caso da recuperação extrajudicial, é um benefício que 
estimula a recuperação, na medida em que o titular da empresa não precisa ter o receio de 
perder o controle sobre ela para se valer do regime recuperatório, e garante a elaboração de 
um plano por quem está ciente das questões relevantes do negócio (art. 64, caput). 
 
O exame da lista exemplificativa dos meios de recuperação judicial prevista no art. 50, 
também aplicável à recuperação extrajudicial, é mais um elemento que reforça o espírito 
recuperatório que perpassa a LFRE, cujo objetivo primordial é estimular o devedor a estudar 
e propor alternativas jurídicas capazes de reerguer os pilares econômicos e financeiros do seu 
negócio. 
 
No mais, mesmo diante da falência, o legislador se preocupa com a preservação da 
empresa, especialmente nas regras previstas nos arts. 95, que autoriza o devedor a pleitear 
sua recuperação judicial como meio de defesa, e 140 que indicam a preferência legal pela 
venda do conjunto de estabelecimentos do falido, pelos estabelecimentos singularmente 
considerados ou, pelo menos, de blocos de bens aptos à utilização produtiva. 
 
A LFRE ainda adotou outros princípios para nortear a análise da matéria, a saber: 
 
Separação dos conceitos de empresa e de empresário. 
O foco da lei é, declaradamente, a empresa, não o empresário. Por esse motivo, que são 
possíveis soluções para vencer a crise, todas elas prevendo a substituição do titular da 
atividade empresarial. (art. 50, VII, XIII e XVI). 
 
Recuperação das sociedades e empresários recuperáveis. 
Sempre que for possível a manutenção da estrutura organizacional ou societária, ainda 
que com modificações, o Estado deve dar instrumentos e condições para que a empresa se 
recupere. 
 
Retirada do mercado de sociedades ou empresários não recuperáveis. 
Caso haja problemas crônicos na atividade ou na administração da empresa, de modo a 
inviabilizar sua recuperação, o Estado deve promover de forma rápida e eficiente sua retirada 
do mercado, para evitar o agravamento dos problemas e da situação dos que negociam com 
empresas ou empresários com dificuldades insanáveis. 
 
Proteção aos trabalhadores. 
 Os trabalhadores, por terem como único ou principal bem sua força de trabalho, são 
protegidos pela legislação, não só com precedência no recebimento de seus créditos na 
falência e na recuperação judicial, mas com instrumentos que, por preservarem a empresa, 
preservem também seus empregos e criem novas oportunidades para desempregados. 
 
Redução do custo do crédito no Brasil. 
Conferir segurança jurídica à atividade econômica, com garantias e normas precisas 
sobre a ordem de classificação de créditos na falência, para incentivar investimentos a custo 
menor nas atividades produtivas e estimular o crescimento econômico. 
 
Celeridade e eficiência dos processos judiciais. 
Simplificar, na medida do possível, as normas de procedimento para garantir 
celeridade e eficiência ao processo e reduzir a burocracia. 
 
Segurança jurídica. 
Conferir às normas tanta clareza e precisão quanto possível, para evitar múltiplas 
possibilidades de interpretação, prejudicando o planejamento das atividades das empresas e 
dos que com elas interagem. 
 
Participação ativa dos credores. 
 A LFRE reservou um papel de destaque aos credores nos regimes de crise, tanto na 
recuperação judicial quanto na recuperação extrajudicial, além de tê-lo feito, também, na 
falência. O credor passa, então, de coadjuvante a protagonista na cena dos regimes da LFRE, 
participando ativamente dos processos de falência e de recuperação, a fim de que, em defesa 
de seus interesses, otimizem os resultados obtidos, diminuindo a possibilidade de fraude ou 
malversação dos recursos da empresa ou da massa falida. 
 
Maximização do valor dos ativos do falido. 
Estabelecer normas e mecanismos que assegurem a obtenção do máximo valor 
possível pelos ativos do falido, evitando a deterioração provocada pela demora excessiva do 
processo e priorizando a venda da empresa em bloco, para evitar a perda dos bens 
intangíveis. Desse modo, os interesses dos credores de sociedades e empresários insolventes 
são protegidos e o risco das transações econômicas é diminuído, gerando eficiência e aumento 
da riqueza geral. 
 
Desburocratização da recuperação de microempresas e empresas de pequeno porte. 
Prever, em paralelo às regras gerais, mecanismos mais simples e menos onerosos para 
ampliar o acesso das micro e pequenas empresas à recuperação. 
 
Rigor na punição de crimes relacionados à falência e à recuperação judicial. 
Punir com severidade os crimes falimentares, para coibir falências fraudulentas, que 
causam prejuízo social e econômico. Na recuperação judicial, com a maior liberdade conferida 
ao devedor para apresentar proposta aos credores, deve haver punição rigorosa aos atos 
fraudulentos praticados para induzir os credores ou os juízes a erro. 
 
Referências Bibliográficas: 
 
Agência Senado. Disponível em: 
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2004/04/13/os-principios-que-
orientaram-tebet-na-analise-da-nova-lei-de-falencias 
Scalzilli, João Pedro Scalzilli; Tellechea, Rodrigo e Spinelli, Luis Felipe. Objetivos e 
Princípios da Lei de Falências e Recuperação de Empresas, disponível em: 
http://www.sintese.com/doutrina_integra.asp?id=1229 
SILVA, Eloir Francisco Milano da. Princípios fundamentais da nova legislação falimentar 
brasileira. Portal Jurídico Investidura. Disponível em: http://investidura.com.br/biblioteca-
juridica/artigos/empresarial/317189-principios-fundamentais-da-nova-legislacao-
falimentar-brasileira 
PATROCÍNIO, Daniel Moreira do. Os Princípios do Processo de Recuperação Judicial de 
Empresas, disponível em: 
http://www.lex.com.br/doutrina_26577222_OS_PRINCIPIOS_DO_PROCESSO_DE_RECUPERAC
AO_JUDICIAL_DE_EMPRESAS.aspx 
 
 
 
 
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2004/04/13/os-principios-que-orientaram-tebet-na-analise-da-nova-lei-de-falencias
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2004/04/13/os-principios-que-orientaram-tebet-na-analise-da-nova-lei-de-falencias
http://www.sintese.com/doutrina_integra.asp?id=1229
http://investidura.com.br/biblioteca-juridica/artigos/empresarial/317189-principios-fundamentais-da-nova-legislacao-falimentar-brasileira
http://investidura.com.br/biblioteca-juridica/artigos/empresarial/317189-principios-fundamentais-da-nova-legislacao-falimentar-brasileira
http://investidura.com.br/biblioteca-juridica/artigos/empresarial/317189-principios-fundamentais-da-nova-legislacao-falimentar-brasileirajavascript:void(0);
http://www.lex.com.br/doutrina_26577222_OS_PRINCIPIOS_DO_PROCESSO_DE_RECUPERACAO_JUDICIAL_DE_EMPRESAS.aspx
http://www.lex.com.br/doutrina_26577222_OS_PRINCIPIOS_DO_PROCESSO_DE_RECUPERACAO_JUDICIAL_DE_EMPRESAS.aspx

Continue navegando