Buscar

ADM II - aula 5 - Cont Concessão de Serviços Públicos - P P Ps e permissão de serviços públicos- 2020 2

Prévia do material em texto

DIREITO ADMINISTRATIVO II
Profª MSc. Patrícia Knöller // 09/09/2020
patriciaknol@ig.com.br
1
CONCESSÃO E PERMISSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS – LEI Nº 8.987/95.
PERMISSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS – LEI Nº 8.987/95. 
Serviços públicos delegados a particulares: após a EC 19/1998, delegação de serviços públicos por descentralização administrativa, através de outorga (delegação legal) ou delegação contratual. A delegação é utilizada para o traspasse da execução de serviços públicos a particulares, mediante regulamentação e controle do Poder Público, através das modalidades de delegação: a concessão, permissão e autorização, todos de serviços públicos. A Lei nº 8.987/95 regulamenta a concessão e a permissão de serviços públicos, enquanto a Lei nº 9.074/95 regulamenta ainda as hipóteses de autorização de serviços públicos. 
A concessão de serviço público (art. 175 da CF) é um contrato administrativo, mediante licitação, pelo qual o Poder Público transfere a terceiros a execução de atividade de interesse coletivo remunerado através de tarifa paga pelo usuário. 
 Já a permissão de serviço público (art. 175 da CF) é considerada pela doutrina como a delegação de um serviço público, a título precário, mediante licitação, feita pelo poder concedente a pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco. 
Fontes normativas: arts 21, XI e XII da CF; art. 175 da CF; Lei nº 8.987/95 e Lei nº 9.074/95. 
 
PERMISSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS – LEI Nº 8.987/95.
Art. 2º. Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
	
(...)
 
IV- permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco.
 
(...)
 
Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada mediante contrato de adesão, que observará os termos desta Lei, das demais normas pertinentes e do edital de licitação, inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral pelo poder concedente.
 
Parágrafo único. Aplica-se às permissões o disposto nesta Lei. (grifos nossos).
 Natureza jurídica: contrato administrativo (art. 175 CF – contratualização da permissão de serviços públicos). 
PERMISSÃO ATO ADMINISTRATIVO x PERMISSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO 
 (CONTRATO ADMINISTRATIVO) 
PERMISSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS – LEI Nº 8.987/95.
Diferenças entre permissão e concessão de serviços públicos:
Quanto aos delegatários: conforme disposição dos incisos II, III e IV do art. 2º da Lei nº 8.987/95, as concessões só poderão ser delegadas a pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, enquanto a permissão só poderá ser delegada a título precário, à pessoa física ou jurídica (não fala em consórcio de empresas, o que também é um ponto polêmico) que também demonstre a mesma capacidade. 
Quanto à estabilidade do vínculo: não há qualquer referência quanto à existência da precariedade para as concessões de serviços públicos, apenas para as permissões. Porém atente-se para o fato de que se a precariedade significa que o ato é revogável a qualquer tempo pela Administração, não se pode dizer que não seja indenizável ao particular por eventuais prejuízos (conceito tradicional), em face do art. 40, caput e parágrafo único da Lei.
 PERMISSÃO CONDICIONADA (HELY L. MEIRELLES) OU PERMISSÃO QUALIFICADA (JOSÉ CRETELLA JÚNIOR). 
Atribuição de prazo para a permissão de serviço público = confere direito subjetivo ao permissionário = conferindo-lhe direito à indenização mediante descumprimento pela Administração Pública. 
PERMISSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS – LEI Nº 8.987/95.
Quanto à modalidade de licitação: para a concessão, deverá o Poder Público adotar obrigatoriamente a modalidade de concorrência, não ficando, no entanto, vinculado nas permissões, caso em que poderia adotar, em tese, outras modalidades, como a tomada de preços, conforme o valor do investimento envolvido.
Quanto ao capital: a concessão pressupõe contratos de maior vulto, enquanto a permissão exige menor 
 investimento.
CONCESSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS. 
Modalidades de concessão: 
COMUM 
ESPECIAL 
LEI 8.987/95 – CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO SIMPLES (art. 2º, II) E CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO PRECEDIDA DA EXECUÇÃO DE OBRA PÚBLICA (art. 2º, III)
LEI 11.079/04 – PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS (P.P.Ps) 
Natureza jurídica: contrato administrativo, que obedece a regime jurídico diferenciado previsto na Lei nº 11.079/ 2004: incentiva o investimento privado no setor público por meio de uma repartição objetiva dos riscos entre o Poder Público (parceiro público) e o parceiro investidor (parceiro privado). 
Fundamentos (OLIVEIRA, R.C.R.): 
a) Limitação da capacidade de endividamento público: a Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000) diminuiu a capacidade de investimento direto pelo Estado na prestação de serviços públicos.
b) Necessidade de prestação de serviços públicos não autossustentáveis, com o programa de desestatização implementado na década de 90.
c) Princípio da subsidiariedade e necessidade de eficiência do serviço. 
CONCESSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS – LEI 11.079/04. 
Modalidades: 
a) Parceria público-privada patrocinada (concessão patrocinada): concessão de serviços públicos ou obras públicas que envolve, além da tarifa paga pelos usuários, uma contraprestação pecuniária (= prêmio, subsídio ou patrocínio) que será paga pelo parceiro público ao parceiro privado, para uma amortização mais rápida dos investimentos feitos pelo particular nos casos de empreendimentos de custo mais alto.
 
 
 Necessidade de lei autorizativa quando a Administração Pública arcar com mais de 70% da remuneração do parceiro privado. 
b) Parceria público-privada administrativa (concessão administrativa): é um contrato de prestação de serviços em que a Administração Pública seja a principal usuária, de forma direta ou indireta.
 
Concessionário será remunerado por tarifa + orçamento público.
Concessionário será remunerado apenas com o dinheiro do orçamento público, não haverá tarifa a ser paga pelo usuário do serviço.
Parte da doutrina entende ser necessária autorização legislativa, ainda que a lei não exija expressamente. 
CONCESSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS – LEI 11.079/04. 
Na P.P.P. patrocinada haverá a prestação de serviços públicos, em que a coletividade será a usuária direta do serviço, enquanto a Administração será a beneficiária indireta (satisfação das necessidades coletivas). Ex: Exploração de rodovias pelo parceiro privado, em que a coletividade pagará a tarifa (pedágio) e ainda haverá contraprestação pecuniária a ser paga pela Administração Pública.
Na P.P.P. administrativa haverá a prestação de serviços administrativos, em que a Administração é a beneficiária direta, enquanto a coletividade será a beneficiária indireta. Ex: Serviço de coleta de lixo domiciliar, remunerada pela Administração Pública, sem contraprestação específica dos usuários. 
Caracteríticas das P.P.Ps.:
Valor mínimo do contrato: igual ou superior a dez milhões de reais; 
Prazo: mínimo superior a cinco anos e máximo de trinta e cinco anos. 
Licitação na modalidade concorrência. 
CONCESSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS – LEI 11.079/04. 
Remuneração paga pelo parceiro público ao parceiro privado somente após a disponibilização do serviço;
Remuneração variável a ser paga ao parceiro privado será vinculada ao seu desempenho; 
O risco do negócio será compartilhado entre o parceiro público e o parceiro privado. 
Um Fundo Garantidor da Parceria como forma de garantia do adimplemento das obrigações financeiras do parceiro público ao parceiro privado. 
 Em qualquer das modalidades haverá a criação de uma pessoa jurídica privada, denominada sociedade de propósito específico, que terá o encargo de implantar e gerenciar a P.P.P.,inclusive, podendo adotar a forma de uma companhia aberta, negociando valores mobiliários no mercado. Para haver a transferência do controle dessa sociedade é necessária a autorização expressa da Administração, nos termos do edital e do contrato (Art. 9º, § 1º Lei).
Possibilidade de receitas alternativas empregadas na amortização do investimento do parceiro privado.
O objeto da P.P.P. não poderá ser único, mas terá que ser complexo. 
CONCESSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS – LEI 11.079/04. 
A Lei proíbe que a maioria do capital votante dessa sociedade de propósito específico seja da Administração Pública.
Sujeitos na P.P.P.: 
Administração Pública = parceiro público;
Empresa licitante vencedora = parceiro privado;
Sociedade de propósito específico = instituída pelo parceiro privado.
Financiador do parceiro privado = Ex: BID; Santander; Itaú; BNDES; CEF...
SITUAÇÃO EXCEPCIONAL 
 (ESTATAIS) 
CONCESSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS – LEI 11.079/04. 
Diretrizes obrigatórias para a celebração de P.P.Ps:
1) A eficiência no cumprimento das missões estatais e emprego dos recursos da sociedade;
2) O respeito a interesses e direitos dos destinatários dos serviços e entes privados que estiverem incumbidos de sua execução;
3) A indelegabilidade das funções regulatórias, jurisdicionais e de exercício do poder de polícia e de outras atividades exclusivas do Estado;
4) Aplicação da responsabilidade fiscal na celebração e execução das P.P.Ps;
5) A transparência dos procedimentos e das decisões;
6) A repartição objetiva dos riscos entre as partes;
7) A sustentabilidade financeira dos projetos das P.P.Ps.

Continue navegando