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Ap 1 Crimes contra a pessoa Completo

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Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 03 
 
1 de 85|www.direcaoconcursos.com.br 
Direito Penal – Agente e Escrivão da Polícia Federal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Penal 
Agente e Escrivão da Polícia Federal – 
Aula 03 
Prof. Bernardo Bustani 
 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 03 
 
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Direito Penal – Agente e Escrivão da Polícia Federal 
 
Sumário 
SUMÁRIO 2 
APRESENTAÇÃO 4 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 5 
CRIMES CONTRA A PESSOA 7 
1) HOMICÍDIO 8 
1.1)Homicídio simples 8 
1.2)Homicídio privilegiado 8 
1.3)Homicídio qualificado 11 
1.4)Homicídio qualificado contra a mulher (feminicídio) 15 
1.5)Homicídio qualificado pela função da vítima (homicídio funcional) 17 
1.6)Homicídio qualificado-privilegiado 20 
1.7)Homicídio culposo 21 
1.8)Majorantes (causas de aumento) no crime de homicídio 23 
2) INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO OU A AUTOMUTILAÇÃO 24 
3) INFANTICÍDIO 28 
4) ABORTO 31 
4.1)Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento 31 
4.2)Aborto com o consentimento da gestante 31 
4.3)Aborto sem o consentimento da gestante 32 
4.4)”Qualificadora” 33 
4.5)Aborto não punível 33 
5) LESÃO CORPORAL 35 
5.1)Lesão corporal simples 35 
5.2)Lesão corporal grave 37 
5.3)Lesão corporal gravíssima 39 
5.4)Lesão corporal seguida de morte 42 
5.5)Lesão corporal culposa 43 
5.6)Lesão corporal privilegiada 44 
5.7)Causa substituição de pena 44 
5.8)Causa de aumento de pena 45 
5.9)Lesão corporal e violência doméstica 45 
5.10)Lesão corporal funcional 46 
6) DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE 47 
6.1)Perigo de contágio venéreo 47 
6.2)Perigo de contágio de moléstia grave 47 
6.3)Perigo para a vida ou saúde de outrem 48 
6.4)Abandono de Incapaz 48 
6.5)Exposição ou abandono de recém-nascido 49 
6.6)Omissão de socorro 50 
6.7)Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial 51 
6.8)Maus tratos 51 
7) RIXA 53 
8) CALÚNIA 54 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 03 
 
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Direito Penal – Agente e Escrivão da Polícia Federal 
 
9) DIFAMAÇÃO 56 
10) INJÚRIA 57 
10.1)Injúria simples 57 
10.2)Perdão Judicial 57 
10.3)Injúria real 58 
10.4)Injúria racial/preconceituosa 58 
10.5)Causas de aumento de pena e de exclusão do crime 59 
11) AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA 61 
12) CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL 64 
12.1)Constrangimento ilegal 64 
12.2)Ameaça 65 
12.3)Sequestro e cárcere privado 65 
12.4)Redução à condição análoga à de escravo 67 
12.5)Tráfico de pessoas 68 
QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR 70 
LISTA DE QUESTÕES COMENTADAS 77 
GABARITO 80 
RESUMO DIRECIONADO 81 
 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 03 
 
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Direito Penal – Agente e Escrivão da Polícia Federal 
 
Apresentação 
Olá, tudo bem? Eu sou o Professor Bernardo Bustani Louzada. Atualmente, atuo comoAssessor Adjunto 
de gabinete de Desembargador Federal, no Tribunal Regional Federal da 1º Região. 
Vou contar um pouco da minha história: Fui aprovado em 1º lugar nacional para o cargo de Técnico 
Judiciário/Área Administrativa do TRF da 1ª Região (2017) e também consegui aprovação para o cargo de 
Analista Processual da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul (2017). 
Sou ex-Advogado, graduado em Direito pelo IBMEC – Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais - e pós-
graduado em Direito Público pela Universidade Cândido Mendes – UCAM. 
Posso dizer que eu tenho uma grande afinidade com o Direito Penal, tendo sido a matéria escolhida para os 
meus Trabalhos de Conclusão de Curso e para a segunda fase da OAB. 
Na minha trajetória, não é exagero dizer que poucas pessoas me ajudaram e acreditaram na minha 
capacidade, mas as que acreditaram foram suficientes para que eu confiasse no meu trabalho. Pretendo ajudar e 
confiar em cada um de vocês, pois eu, como concurseiro, sei o que significam as palavras “cobrança”, 
“frustração” e “pressão”. 
Meu conselho é: estude, tenha paciência e trabalhe a sua confiança, pois o sentimento de aprovação é 
capaz de apagar tudo de ruim. Não é impossível, basta acreditar. 
E é com muito prazer que, junto com o professor Alexandre Salim, direcionarei vocês na disciplina de 
Direito Penal. Minha meta é a sua aprovação. Para isso, abordaremos o que realmente cai e como cai. 
Não hesitem em entrar em contato para tirar dúvidas: 
 
 
 
 
Prof. Bernardo Bustani 
 Aula 03 
 
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Direito Penal – Agente e Escrivão da Polícia Federal 
 
Conteúdo Programático 
O edital trouxe o conteúdo da seguinte forma: 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL: 1 Princípios básicos. 2 
Aplicação da lei penal. 2.1 A lei penal no tempo e no espaço. 2.2 Tempo e lugar do crime. 2.3 
Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal. 3 O fato típico e seus elementos. 3.1 Crime 
consumado e tentado. 3.2 Ilicitude e causas de exclusão. 3.3 Excesso punível. 4 Crimes contra a 
pessoa. 5 Crimes contra o patrimônio. 6 Crimes contra a fé pública. 7 Crimes contra a 
Administração Pública. 8 Inquérito policial. 8.1 Histórico, natureza, conceito, finalidade, 
características, fundamento, titularidade, grau de cognição, valor probatório, formas de 
instauração, notitia criminis, delatio criminis, procedimentos investigativos, indiciamento, 
garantias do investigado; conclusão. 9 Prova. 9.1 Preservação de local de crime. 9.2 Requisitos 
e ônus da prova. 9.3 Nulidade da prova. 9.4 Documentos de prova. 9.5 Reconhecimento de 
pessoas e coisas. 9.6 Acareação. 9.7 Indícios. 9.8 Busca e apreensão. 10 Restrição de liberdade. 
10.1 Prisão em flagrante. 
 
Portanto, o nosso curso foi dividido assim: 
Número da 
Aula 
Data de 
Disponibilização 
Assunto 
00 30/01/2020 (PENAL) 1. Princípios básicos. 2 Aplicação da lei penal. 
2.1 A lei penal no tempo 2.2 Tempo do crime. 
01 05/02/2020 (PENAL) 2 Aplicação da lei penal. 2.1 A lei penal no 
espaço. 2.2 lugar do crime. 2.3 Territorialidade e 
extraterritorialidade da lei penal. A norma penal 
02 15/02/2020 (PENAL) 3 O fato típico e seus elementos. 3.1 Crime 
consumado e tentado. 3.2 Ilicitude e causas de exclusão. 3.3 
Excesso punível. 
 20/02/2020 Teste de Direção 
00 02/03/2020 (PROCESSO PENAL) Princípios Processuais Penais; 
Aplicação da Lei Processual Penal; Disposições Preliminares 
do CPP 
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01 08/03/2020 (PROCESSO PENAL) 8 Inquérito policial. 8.1 Histórico, 
natureza, conceito, finalidade, características, fundamento, 
titularidade, grau de cognição, valor probatório, formas de 
instauração, notitia criminis, delatio criminis, 
procedimentos investigativos, indiciamento, garantias do 
investigado; conclusão 
 13/03/2020 Teste de Direção 
03 24/03/2020 (PENAL) 4 Crimes contra a pessoa. 
04 02/04/2020 (PENAL) 5 Crimes contra o patrimônio. 
 07/04/2020 Teste de Direção 
02 12/04/2020 (PROCESSO PENAL) 10 Restrição de liberdade. 10.1 
Prisão em flagrante. 
03 17/04/2020 (PROCESSO PENAL) 9 Prova. 9.1 Preservação de local 
de crime. 9.2 Requisitos e ônus da prova. 9.3 Nulidade da 
prova. 9.4 Documentos de prova. 9.5 Reconhecimento de 
pessoas e coisas. 9.6 Acareação. 9.7 Indícios. 9.8 Busca e 
apreensão. 
 22/04/2020 Teste de Direção 
05 25/04/2020 (PENAL) 6 Crimes contra a fé pública. 
06 27/04/2020 (PENAL) 7 Crimes contra a Administração Pública. 
 30/04/2020 Teste de Direção 
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Crimes contra a Pessoa 
Os crimes em espécie (condutas criminalizadas) encontram-se na parte especial do Código Penal brasileiro. 
Em resumo: 
Parte Geral→Art. 1º ao art. 120 
Parte Especial→ Art. 121 ao art. 359-H 
Os crimescontra a pessoa estão, portanto, na parte especial e vão do artigo 121 ao artigo 154-B do CP. 
A matéria é assim sistematizada: 
Crimes contra a Pessoa→ Título I 
Crimes contra a vida→ Capítulo I 
Lesões corporais→ Capítulo II 
Periclitação da vida e da saúde→ Capítulo III 
Rixa→ Capítulo IV 
Crimes contra a honra→ Capítulo V 
Crimes contra a liberdade individual → Capítulo VI 
 
Lembre-se de que os crimes dolosos contra a vida são julgados pelo Tribunal do Juri → Temos o homicídio 
doloso; o induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio; o infanticídio; e o aborto. 
Art. 5º, XXXVIII da CF - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, 
assegurados: 
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; 
 
Quando essa parte da matéria aparece em provas, são cobrados os principais crimes. 
Isso não quer dizer que você não tenha que, pelo menos, ler os demais dispositivos legais. Em outras 
palavras, em alguns crimes, é preciso aprofundar o estudo. Em outros, não. 
Vamoslá? 
 
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1) Homicídio 
Nada mais justo do que começar pelo primeiro e mais importante crime contra a pessoa. 
O homicídio é um delito com muitas peculiaridades. Ele pode ser simples, privilegiado, qualificado, 
qualificado-privilegiado.... 
Vamos começar pelo simples, ok? 
 
1.1)Homicídio simples 
O homicídio simples consiste na conduta pura e simples de “matar alguém”, veja: 
Art. 121. Matar alguem: 
Exemplo: Caio, dolosamente, tira a vida de Tício. 
Note que eu falei “pura e simples”. Ou seja, é a conduta do sujeito que, dolosamente, simplesmente tira a 
vida de outra pessoa. 
É muito difícil vermos um crime de homicídio simples. Isso porque dificilmente veremos um ato sem 
qualificadoras. Fique tranquilo(a), pois em instantes abordaremos a figura do homicídio qualificado. 
 
OBS: O homicídio simples não é crime hediondo, salvo se praticado em atividade típica de grupo de extermínio. 
No entanto, admite decretação de prisão temporária.Isso cai em prova. 
Art. 1ºda Lei 8.072/90 - São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-
Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: 
I– homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que 
cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII); 
 
Art. 1° da Lei 7.960/89 - Caberá prisão temporária: 
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de 
autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes: 
a)homicídio doloso 
Resumindo, o homicídio simples é a conduta de “matar alguém”. 
 
1.2)Homicídio privilegiado 
O homicídio privilegiado é aquele cometido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob domínio 
de violenta emoção, logo após a injusta provocação da vítima. 
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Nesse caso, o magistrado pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3. 
Ele está previsto no artigo 121, parágrafo 1º do CP, veja: 
Art. 121, § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o 
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena 
de um sexto a um terço. 
Como assim, professor? Pode exemplificar? 
Claro!! 
✓ O “relevante valor social” diz respeito à conduta que “beneficia” a sociedade/coletividade. Trata-
se de interesse da sociedade. 
Exemplo:Tício, morador de um determinado bairro, percebe que roubosestão sendo cometidos no local. 
Indignado, decide matar os autores. 
Perceba que ao “retirar” os criminosos do meio social, o autor do homicídiotornou o local mais “seguro”. 
Portanto, sua conduta teve um “relevante valor social”. 
 
✓ O “relevante valor moral” diz respeito à conduta que “beneficia” a própria pessoa que está 
cometendo o crime. Trata-se de interesse próprio. 
Exemplo:Tício, morador de um determinado bairro, é assaltado por Caio. 
Indignado, decide matar o autor do crime. 
Nesse caso, o interesse foi próprio. 
 
✓ O “domínio de violenta emoção, logo após a injusta provocação da vítima” diz respeito ao caso 
concreto. Em síntese, a vítima provocou a ação do autor que, dominado pela emoção do momento, 
cometeu o homicídio. 
Por isso, é chamado de homicídio por emoção ou homicídio emocional. 
Exemplo:Mévio, rapaz que sofria bullying no colégio, está em um restaurante com amigos e esbarra em 
Semprônio, seu antigo ofensor. 
Rapidamente, Semprônio relembra do apelido que Mévio tinha e começa a ofendê-lo. 
Acontece que Mévio está com sua esposa e sente muita vergonha do antigo apelido. Com isso, sob domínio de 
violenta e momentânea emoção, mata Semprônio. 
Perceba que a provocação da vítima foi injusta (ninguém tem o direito de ofender ninguém). Além disso, 
Mévio estava sob domínio de violenta emoção. Tem-se, portanto, o homicídio privilegiado. 
 
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Exemplo 2:Mévio, rapaz que sofria bullying no colégio, está em um restaurante com amigos e esbarra em 
Semprônio, seu antigo ofensor. 
Rapidamente, Semprônio relembra do apelido que Mévio tinha e começa a ofendê-lo. 
Acontece que Mévio está com sua esposa e sente muita vergonha do antigo apelido. Com isso, volta pra casa, 
pega sua arma, retorna ao local e mata Semprônio. 
Perceba que a provocação da vítima foi injusta (ninguém tem o direito de ofender ninguém). No entanto, a 
reação não foi imediata. 
Nesse caso, não se fala em “homicídio emocional”, pois a reação não foi “logo em seguida”. 
Nesse sentido, é possível concluir que a reação do autor deve ser imediata (“logo em seguida”). Se a 
pessoavolta para casa, pega sua arma e retorna ao local, não se fala em reação imediata. Ou seja, se o crime for 
premeditado, não há o homicídio emocional. 
No entanto, no segundo exemplo pode incidir uma atenuante genérica da pena. 
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
 III - ter o agente 
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade 
superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; 
Note que a atenuante fala “sob influência”, não “sob domínio”. Cuidado com isso, pois as bancas adoram 
trocar as hipóteses. 
 
 
 
É necessário dizer que as privilegiadoras, como são chamadas, têm natureza subjetiva. Isso quer dizer que 
dizem respeito ao motivo do crime. Em outras palavras, são subjetivas, pois motivam o elemento subjetivo 
(dolo) do autor. 
Homicídio Privilegiado
Relevante valor social
Relevante valor moral
Sob domínio de 
violenta emoção, logo 
em seguida injusta 
provcação da vítima
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Por fim, é importante esclarecer que o homicídio privilegiado não é crime hediondo. 
 
1.3)Homicídio qualificado 
O homicídio qualificado é o mais presente no caso concreto. Trata-se de crime hediondo. 
Art. 1ºda Lei 8.072/90 - São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-
Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: 
I– homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que 
cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII); 
Diz-se qualificado o homicídio quando há presença das chamadas qualificadoras. São situações nas quais a 
conduta se torna mais reprovável. 
Tais situações podem ser objetivasou subjetivas. As objetivas dizem respeito ao meio/modo escolhido para 
o cometimento do crime, enquanto as subjetivas, como já vimos, dizem respeito ao motivo do crime. 
Isso terá importância quando falarmos do homicídio qualificado-privilegiado. 
Veja o que diz o artigo 121, parágrafo 2º: 
Art. 121, § 2° Se o homicídio é cometido: 
 I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
 II - por motivo futil; 
 III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de 
que possa resultar perigo comum; 
 IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne 
impossivel a defesa do ofendido; 
 V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
Vou explicar cada um deles, ok? 
 
Motivo torpe 
 I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
O motivo torpe, que está no inciso I, é aquele que causa repulsa (aversão, nojo, desprezo, repúdio) na 
sociedade. Ou seja, é uma situação extremamente reprovável. 
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Dentre elas, podemos citar o homicídio cometido mediante paga (figura do matador de aluguel → 
“homicídio mercenário”). 
Exemplo: Mévio, querendo matar Caio, seu desafeto, contrata Tício, matador de aluguel. 
 
Exemplo 2: Mévio mata Caia, sua irmã, com a finalidade de ficar com toda a herança dos pais. 
Note que o inciso I fala em “ou por outro motivo torpe”, explicitando que a paga e a promessa de 
recompensa são meros exemplos de motivo torpe. 
É importante ressaltar que a torpeza diz respeito ao motivo do crime e, portanto, é uma circunstância 
subjetiva. 
OBS: O executor do crime de homicídio mercenário (mediante paga) responde sempre por essa qualificadora, 
pois efetivamente matou em troca de dinheiro. 
 No entanto, no caso do mandante do crime, não é bem assim. 
O reconhecimento da “paga” em relação ao “pistoleiro” não qualifica automaticamente o homicídio em 
relação ao mandante. É isso que entende o STJ. 
 
Motivo fútil 
 II - por motivo futil; 
O motivo fútil, previsto no inciso II, é o motivo desproporcional ou pequeno. 
Olhe alguns exemplos: 
Exemplo: Mévio mata Tício porque este torce para um time diferente. 
 
Exemplo 2: Mévio mata Tício por causa de uma briga de trânsito. 
 
Exemplo 3: Mévio mata Tício por causa de um produto que foi vendido com vício. 
 
Exemplo 4: Mévio mata Tício porque este se recusou a dar “bom dia”. 
 
Trata-se, portanto, do motivo que jamais poderia levar ao cometimento de um homicídio. 
Faz-se necessário dizer que, como diz respeito ao “motivo”, temos mais uma qualificadora subjetiva. 
 
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Meio insidioso, cruel, ou de que possa resultar perigo comum 
 III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de 
que possa resultar perigo comum; 
O inciso III traz meios de execução do delito (insidioso, cruel ou de que possa resultar perigo comum). 
❖ “Insidioso” é o meio traiçoeiro, astucioso, enganoso, oculto. Em outras palavras, é o meio utilizado 
para enganar a vítima. 
Exemplo: Caio, querendo matar Mévio, lhe dá um prato de comida com vidro moído. 
 
Exemplo 2: Caio, querendo matar Mévio, lhe dá um prato de comida com veneno. 
 
❖ “Cruel” é o meio doloroso, ou seja, o meio que causa excessiva dor na vítima. 
Exemplo: Caio, querendo matar Mévio, suspende a vítima para que ela morra lentamente. 
 
Exemplo 2: Caio, querendo matar Mévio, queima a vítima. 
 
Exemplo 3: Caio, querendo matar Mévio, abre a boca da vítima e joga veneno dentro. 
 
Exemplo4: Caio, querendo matar Mévio, tortura a vítima. 
Note que no exemplo 4 o dolo (vontade) é de matar. A tortura é apenas o meio utilizado. 
Na Lei de Tortura (Lei 9.455/97), o dolo (vontade) é de torturar. A eventual morte é apenas consequência da 
tortura. 
Tome cuidado! 
 
❖ “De que possa resultar perigo comum”, como o nome já diz, é o meio que resulta perigo para a 
coletividade. 
Exemplo: Caio, querendo matar Mévio, coloca uma bomba em seu carro. 
Nesse caso, há um perigo para quem está passando perto (“perigo comum”). 
 
Note que veneno, fogo, explosivo, asfixia e tortura são meros exemplos dos meios elencados. 
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OBS: O veneno pode ser ministrado de forma oculta (insidiosa) ou de forma explícita. Em qualquer dos casos, 
haverá qualificadora do inciso III. 
A diferença é que no primeiro o meio será insidioso e no segundo o meio será cruel. 
Como o inciso III diz respeito aos meios utilizados para se cometer o homicídio, tais qualificadoras são 
objetivas. 
 
Recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido 
 IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne 
impossivel a defesa do ofendido; 
O inciso IV traz os modos que dificultam ou tornam impossível a defesa da vítima. Em outras palavras, a 
vítima é surpreendida, pois está desprevenida ou não tem possibilidade de se defender. 
 
▪ A “traição” é a quebra de confiança. A vítima confia no agressor e acaba “baixando sua guarda”. 
Exemplo: Caio, querendo matar Mévio, seu amigo de infância, o chama para sua casa. 
No local, decide ceifar a vida da vítima. 
 
▪ A “emboscada” nada mais é do que a situação na qual o agente se oculta (se esconde), com a 
finalidade de surgir quando a vítima passar. 
Exemplo: Caio, querendo matar Mévio, se esconde na escada do apartamento da vítima. 
Quando Mévio passa, Caio consuma o delito. 
 
▪ A “dissimulação” consiste na conduta de disfarçar a real intenção do ato criminoso. 
Exemplo: Caio, querendo matar Mévio, finge que vai apertar sua mão. 
Quando Mévio chega perto, Caio consuma o crime. 
 
Como o inciso IV diz respeito aos modos pelos quais o delito pode ser praticado, concluímos que tais 
circunstâncias são objetivas. 
 
Para assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime 
 V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
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O inciso V traz as hipóteses nas quais o homicídio cometido se relaciona com outro crime. 
Veja os exemplos: 
Exemplo: Caio deseja espancar Mévio e, para isso, mata o pai da vítima, que eventualmente poderia defendê-lo. 
Nesse caso, Caio praticou o homicídio para assegurar a execução de outro crime (lesão corporal). 
Chamamos isso de conexão teleológica (o homicídio serve para permitir outro crime seja praticado). 
 
Exemplo 2:Caio espancou Mévio na frente de Tício. 
Sendo assim, mata Tício para que seu crime não seja descoberto. 
Nesse caso, Caio praticou o homicídio para assegurar a ocultação/impunidade de outro crime (lesão corporal). 
Chamamos isso de conexão consequencial (o homicídio serve para ocultar um crime já praticado). 
 
Como o inciso V traz possíveis motivos do crime, podemos afirmar que tais circunstâncias são subjetivas. 
 
1.4)Homicídio qualificado contra a mulher (feminicídio) 
O homicídio qualificado contra a mulher encontra-se no parágrafo 2º, VI do artigo 121 do CP. 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: 
Professor, o que é “por razões da condição de sexo feminino”? 
Imagine a seguinte situação: 
Exemplo:Caio mata Tícia. 
Nesse caso, temos o homicídio qualificado contra a mulher? 
Não sei. 
Não há elementos para dizer que há feminicídio. 
O que podemosafirmar é que há femicídio, ou seja, homicídio de mulher. 
 
Concluímos que femicídio e feminicídio não são a mesma coisa. 
O femicídio é o homicídio de mulher. O feminicídio é o homicídio de mulher, em razão da condição de 
sexo feminino. 
Professor, você ainda não respondeu o que é “por razões da condição de sexo feminino”.... 
A resposta esta no parágrafo 2º-A, olhe: 
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Art. 121, § 2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve 
I - violência doméstica e familiar; 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
Ou seja, se há violência doméstica e familiar contra a mulher, presume-se que as razões foram as “de 
condição de sexo feminino”. No mesmo sentido, se o crime é cometido com menosprezo ou discriminação à 
mulher, temos a qualificadora do feminicídio. 
Quer ver exemplos? 
Exemplo:Caio mata Tícia por causa de uma briga de trânsito. 
Nesse caso, temos o feminicídio? 
Não. Temos o homicídio qualificado por motivo fútil. 
 
Exemplo 2:Caio mata Tícia, sua namorada, por achar que ela não tinha direito de usar calça de academia. 
Nesse caso, temos o feminicídio? 
Sim. No caso, houve violência doméstica, além de menosprezo à condição de mulher. 
 
Exemplo 3:Caio mata Tícia por achar que o sexo feminino é inferior ao masculino. 
Nesse caso, temos o feminicídio? 
Sim. No caso, houve discriminação à condição de mulher. 
 
Resumindo, para haver feminicídio, é necessário que haja certas razões, que estão no parágrafo 2º-A do 
artigo 121 do CP. 
 
Professor, a qualificadora do feminicídio é subjetiva ou objetiva? 
Há divergência doutrinária, mas o que prevalece é o seguinte: 
 Em relação ao inciso II, vemos que a motivação do crime (menosprezo e discriminação) é o que 
direciona a vontade do agente. 
Sendo assim, temos a natureza subjetiva. 
 
 Em relação ao inciso I, prevalece que é objetiva, pois as hipóteses de violência doméstica e familiar 
contra a mulher estão descritas objetivamente da Lei Maria da Penha (11.340/06). 
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OBS:O STJ entende no mesmo sentido, dizendo que, no caso concreto, a vontade do agente não é analisada, 
bastando que a hipótese de enquadre na Lei Maria da Penha (11.340/06). 
 
Além da qualificadora que faz surgir o crime de feminicídio, temos causas de aumento (majorantes) 
específicas para esse crime. 
Elas estão no parágrafo 7º do artigo 121 do CP. Darei exemplos após os incisos, ok? 
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
Exemplo:Caio mata sua namorada, Tícia, que estava grávida. 
 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou 
portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou 
mental; 
Exemplo:Caio mata sua namorada, Tícia, que tinha 61 anos de idade. 
 
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; 
Exemplo:Caio mata sua namorada, Tícia, na frente do filho dela. 
 
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 
22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. 
Exemplo:Caio mata sua namorada, Tícia, mesmo após ter sido aplicada uma medida protetiva que 
impossibilitava que ele chegasse perto da vítima. 
 
1.5)Homicídio qualificado pela função da vítima (homicídio funcional) 
O homicídio funcional tem esse nome, pois é qualificado em razão de certas funções que a vítima exerce. 
Veja: 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,integrantes do 
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência 
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dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa 
condição 
➢ Os agentes do artigo 142 da CF são os agentes das Forças Armadas (Marinha, Exército e 
Aeronáutica), veja: 
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são 
instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a 
autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos 
poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. 
 
➢ Os agentes do artigo 144 da CF são os integrantes das Polícias e do Corpo de Bombeiros: 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a 
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes 
órgãos: 
I - polícia federal; 
II - polícia rodoviária federal; 
III - polícia ferroviária federal; 
IV - polícias civis; 
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. 
➢ Os integrantes do sistema prisional são, por exemplo, os Agentes Penitenciários. 
 
➢ A Força Nacional de Segurança Pública possui integrantes, por exemplo, de algumas Polícias. 
Em questões de prova, não será cobrada a composição da Força Nacional. Fique tranquilo(a). 
 
➢ Além disso, será punido da mesma forma o homicídio cometido contra cônjuge, companheiro ou 
parente consanguíneo até 3º grau das pessoas elencadas anteriormente. 
 
Note que o homicídio deve ser cometido em razão do exercício da função da vítima. 
Exemplo:Caio, em uma festa,arruma briga com Mévio, Policial Civil de folga. 
Caio saca sua arma e atira no Policial. 
Nesse caso, temos o homicídio funcional? 
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Não. Mévio não foi morto em razão de suas funções. 
 
Exemplo 2:Caio mata Mévio, Policial Militar que impediu que o autor consumasse um crime de roubo. 
Nesse caso, temos o homicídio funcional? 
Sim. Mévio foi morto em razão de suas funções. 
 
Vamos esquematizar as hipóteses de homicídio qualificado? 
 
 
 
Homicídio Qualificado
Motivo Torpe
Motivo Fútil
Meio insidioso, cruel, ou 
de que possa resultar 
perigo comum
Recurso que dificulte ou 
torne impossível a 
defesa do ofendido
Assegurar a execução, 
ocultação, impunidade 
ou vantagem de outro 
crime
Feminicídio
Homicídio funcional
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1.6)Homicídio qualificado-privilegiado 
É possível que um homicídio seja cometido com a presença de uma qualificadora e de uma privilegiadora? 
Sim, é possível. Acompanhe o raciocínio: 
 
Todas as privilegiadoras são subjetivas, certo? Isso porque dizem respeito ao motivo do crime. 
Sendo assim, poderá incidir uma qualificadora nas hipóteses de privilégio, desde que tal qualificadora não 
diga respeito ao motivo do crime. 
Em outras palavras, as qualificadoras devem ser objetivas. 
 
Portanto, podemos ter um homicídio qualificado-privilegiado, desde que as qualificadoras sejam de ordem 
objetiva (meio ou modo de execução do crime). 
Se a qualificadora for subjetiva, não poderá haver o privilégio. 
Exemplo: É possível que Caio mate Tício por motivo fútil (desproporcional) e ao mesmo tempo esse motivo seja 
de relevante valor moral? 
Obviamente, não. 
Ou o motivo é fútil ou é de relevante valor moral. 
 
Exemplo 2: É possível que Caio mate Tício por motivo de relevante valor sociale ao mesmo tempo utilize um 
meio cruel? 
Sim. 
É o caso, por exemplo, de quem mata, mediante tortura, um criminoso altamente perigoso. 
 
 
Homicídio Qualificado-privilegiado
Meio insidioso, cruel, ou 
de que possa resultar 
perigo comum
Recurso que dificulte ou 
torne impossível a 
defesa do ofendido
Contra mulher, nas hipóteses 
de violência doméstica e 
familiar (qualificadora objetiva 
- posição do STJ)
Qualificadoras possíveis Somente as objetivas
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Professor, o homicídio qualificado é crime hediondo e o homicídio privilegiado não, certo? 
Perfeito. 
 
Então, o homicídio qualificado-privilegiado é crime hediondo? 
Não, não se trata de crime hediondo. 
 
COMO CAI: CESPE/2018 – MPU - Com relação aos crimes em espécie, julgue o item que se segue, considerando 
o entendimento firmado pelos tribunais superiores e a doutrina majoritária. 
Situação hipotética: João, penalmente imputável, dominado por violenta emoção após injusta provocação de 
José, ateou fogo nas vestes do provocador, que veio a falecer em decorrência das graves queimaduras sofridas. 
Assertiva: Nessa situação, João responderá por homicídio na forma privilegiada-qualificada, sendo possível a 
concorrência de circunstâncias que, ao mesmo tempo, atenuam e agravam a pena. 
GABARITO: CERTO. 
COMENTÁRIOS:O enunciado narra uma situação na qual João, dominado por violenta emoção, após 
injusta provocação de José, cometeu homicídio contra ele. Trata-se de figura privilegiada do crime de homicídio, 
veja: 
Art. 121, § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o 
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de 
um sexto a um terço. 
Nota-se, também, que o meio utilizado para consumar o crime foi o fogo. Ou seja, trata-se de meio cruel, o 
que qualifica o homicídio. 
Art. 121, § 2° Se o homicídio é cometido: 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que 
possa resultar perigo comum; 
Como tal qualificadora é objetiva, ou seja, diz respeito ao meio utilizado, ela poderá coexistir com a 
privilegiadora. 
Portanto, questão correta. 
 
1.7)Homicídio culposo 
Homicídio culposo é o praticado por imprudência, imperícia ou negligência.Falar em “culpa”, portanto, é 
falar nas modalidades imprudência, negligência e imperícia. 
Veja como o CP trata do assunto: 
Art. 121, § 3º Se o homicídio é culposo: 
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Art. 18 - Diz-se o crime: 
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 
Mas o que isso quer dizer? 
❖ Imprudência: É o excesso na conduta. Na prática, o agente age de forma afoita, ou seja, 
precipitada. 
Exemplo:Tício, instrutor de voo de asa-delta, querendo chegar rapidamente ao solo, decide fazer manobras 
arriscadas. 
Com isso, seu passageiro acaba falecendo. 
Aqui, fala-se em fazer com excesso. 
 
❖ Negligência: É a omissão na conduta. Na prática, o agente deveria agir de uma forma e não agiu. 
Aqui, falamos em omissão do agente. 
Exemplo:Mévio, dono de um carro esportivo, deixa de fazer manutenção no mesmo. 
Caio, seu filho, pega o carro e o freio acaba falhando, causando sua morte. 
Aqui, fala-se no não fazer. 
 
❖ Imperícia: É a inobservância das regras técnicas de determinada profissão. Ou seja, o profissional 
deve realizar algum procedimento de acordo com normas técnicas, mas deixa de utilizá-las. 
Exemplo: Erro médico. O médico, para operar, precisa seguir normas técnicas. 
Se elas não forem observadas e ocorrer uma morte, haverá imperícia. 
Aqui, fala-se em culpa profissional. 
 
OBS:O homicídio culposo permite a aplicação do chamado perdão judicial. 
O perdão judicial é instituto por meio do qual o Juiz, na sentença, declara que a punibilidade está extinta, 
em virtude de peculiaridades previstas em lei e no caso concreto. 
Ele é aplicável quando “as consequências do crime são tão graves que a sanção se torna desnecessária”. Em 
outras palavras, o autor do fato está sofrendo de tal forma que impor uma sanção penal é totalmente 
desnecessário. 
Exemplo: Uma mãe está limpando a casa e deixa o filho pequeno dormindo no quarto. 
Acontece que o filho acorda, sobe em um móvel e consegue pular da janela, vindo a falecer. 
Nesse caso, se for reconhecida a culpa da mãe (negligência), é necessário que o Direito Penal incida? 
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O próprio fato já não vai deixar marcas eternas nela? 
Veja a previsão do artigo 121, parágrafo 5º do CP: 
Art. 121, § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as 
conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne 
desnecessária. 
Trata-se de uma causa de extinção da punibilidade, olhe: 
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: 
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. 
 
1.8)Majorantes (causas de aumento) no crime de homicídio 
Perceba que o crime de homicídio possui algumas causas de aumento: 
Art. 121, § 4ºNo homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de 
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato 
socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em 
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado 
contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
Note que no parágrafo 4º as causas são diferentes para os homicídios doloso e culposo. 
 
Art. 121, § 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia 
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
No parágrafo 6º, as causas são apenas para o homicídio doloso. 
 
Quando esses parágrafos caem, as provas se limitam a trazer a letra da lei (cópia do artigo, com alterações 
ou não). 
 
 
 
 
 
 
 
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2) Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio ou a automutilação 
Tal crime está no artigo 122 do CP e consiste na conduta de induzir, instigar ou auxiliar alguém a se suicidar 
ou a se automutilar. Nota-se que a conduta não é suicidar-se/automutilar-se, pois essas condutas em si não são 
crime. 
Veja: 
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio 
material para que o faça: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. 
❖ O induzimento é o ato de “fazer surgir” a ideia criminosa em outra pessoa. É ato moral. 
Exemplo:Tício desabafa para Caio, dizendo que não aguenta mais trabalhar tanto. 
Caio diz para Tício que ele deveria suicidar-se. 
Tício acaba se matando. 
Nesse caso, houve induzimento ao suicídio. 
 
❖ A instigação é o ato de reforçar/incentivar uma ideia que a pessoa já tinha. Também é ato moral. 
Exemplo:Tício desabafa para Caio, dizendo que não aguenta mais viver e que está pensando em se matar. 
Caio diz que Tício está certo e que isso poderia ser “uma saída”. 
Tício acaba se matando. 
Nesse caso, houve instigação ao suicídio. 
 
❖ O “auxílio” é a conduta de fornecer algo para que a pessoa cometa o ato. É, portanto, ato 
material. 
Exemplo:Tício desabafa para Caio, dizendo que não aguenta mais viver e que está pensando em se matar. 
Caio diz que Tício está certo e empresta uma arma. 
Tício acabase matando com ela. 
Nesse caso, houve auxílio ao suicídio. 
 
Professor, e se o autor induzir, instigar e auxiliar? 
Nesse caso, haverá um só crime, pois temos o crime chamado de tipo misto alternativo. Em outras 
palavras, há mais de um verbo no tipo penal e a prática de dois ou mais, no mesmo contexto fático, caracteriza 
um só crime. 
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OBS: É importante esclarecer que a prática das condutas deve ser contra “alguém”. Ou seja, os verbos devem 
ser praticados contra pessoa(s) certa(s) e determinada(s). 
 
Formas qualificadas 
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou 
gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
O parágrafo 1º estabelece que se a vítima sofrer lesão grave ou gravíssima (veremos o que é isso quando 
estudarmos o crime de lesão corporal), a pena é maior. 
 
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
O parágrafo 2º nos diz que se o suicídio se consuma ou se a automutilação ocasiona a morte do indivíduo, a 
pena é de 02 a 06 anos de reclusão. 
 
Observe esse resumo: 
• Se ocorrer lesão leve: Crime consumado, nos termos do artigo 122 do CP. 
• Se ocorrer lesão grave ou gravíssima: Crime consumado nos termos do artigo 122, parágrafo 1º 
do CP. 
• Se ocorrer morte: Crime consumado nos termos do artigo 122, parágrafo 2º do CP. 
 
Tentativa 
A doutrina majoritária entendia que o crime do artigo 122 do CP, antes da Lei 13.968/19, não admitia 
tentativa. Isso porque ou ocorria o resultado (lesão corporal grave ou morte) ou não ocorria nada. 
No entanto, após a referida Lei, a mesma doutrina entende que é possível a tentativa, desde que se trate da 
forma simples (artigo 122 caput do CP). 
 
Aumento de pena 
O parágrafo 3º traz as hipóteses em que a pena é duplicada: 
 § 3º A pena é duplicada: 
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 I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; 
Motivo egoístico é aquele que faz o agente pensar apenas em si próprio, não se importando com o outro ou 
com o bem coletivo. Despreza-se, portanto, as necessidades alheias. 
Exemplo:Tício diz que Caio, seu amigo, deveria se matar. 
Tício fez isso, pois tinha a intenção de casar-se com a esposa de Caio. 
Caio se mata. 
Nesse caso, há o motivo egoístico. 
 
O motivo torpe é aquele que causa repulsa (aversão, nojo, desprezo, repúdio) na sociedade. Ou seja, é uma 
situação extremamente reprovável. 
O motivo fútil, por sua vez, é o motivo desproporcional ou pequeno. 
 
 II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. 
A vítima que tem sua capacidade de resistência diminuída não pode “se defender” das ideias criadas ou 
reforçadas por quem instiga ou induz o cometimento do suicídio. 
Exemplo:Tício diz que Caio, um amigo que está completamente bêbado, deveria pular de uma janela do décimo 
andar. 
Caio se mata. 
Nesse caso, há a incidência do inciso II, pois Caio estava bêbado e tinha sua capacidade de resistência 
diminuída. 
 
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede 
social ou transmitida em tempo real. 
O parágrafo 4º ensina que a pena é aumentada até o dobro se a conduta de instigar, auxiliar ou induzir for 
cometida por meio da internet, rede social ou transmitida em tempo real. 
 
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. 
Já o parágrafo 5º traz uma causa de aumento para aquele que é o líder/coordenador do grupo/rede. 
 
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido 
contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o 
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necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer 
resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código. 
O parágrafo 6º fala que se a conduta do parágrafo 1º (resultado lesão grave ou gravíssima) for cometida 
contra menor de 14 anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tiver o discernimento para 
praticar o ato (ou que não puder oferecer resistência), o agente responde pelo crime de lesão corporal de 
natureza gravíssima (que estudaremos ainda nesta aula). 
 
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra 
quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode 
oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. 
Por fim, o parágrafo 7º fala que se a conduta do parágrafo 2º (resultado morte) for cometida contra menor 
de 14 anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tiver o discernimento para praticar o ato 
(ou que não puder oferecer resistência), o agente responde pelo crime de homicídio simples. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Participação em suicídio 
ou em automutilação
Não se pune o suicídio em 
si
A conduta é induzir, 
instigar ou auxiliar
Após a Lei 13.968/2019, é 
possível a tentativa na 
forma simples (art. 122 
caput)
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3) Infanticídio 
O infanticídio consiste na conduta de matar, sob influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o 
parto ou logo após. 
Veja como CP traz o assunto: 
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: 
Sendo assim, do artigo 123 do CP podemos tirar algumas conclusões: 
• “Matar”→ como vimos, é tirar a vida. 
• “Próprio filho”→ é necessário que seja a próprio filho. Não pode ser filho alheio. 
• “Durante o parto ou logo após”→ A conduta deve ser cometida durante o parto ou pouco tempo 
depois. 
• “Sob influência do estado puerperal”→ O Código Penal não diz o que é estado puerperal. Tal 
estado deriva do chamado “puerpério”, que é o período que decorre desde o parto até que o estado 
da mulher se normalize (física e psiquicamente). 
Durante o período de anormalidade, a mulher não está “pensando direito”. 
 
• Mãe tem de ser autora→ O artigo não diz, mas se não tiver a figura da “mãe”, não haverá o crime 
do artigo 123 do CP. Isso porque só ela está “sob influência do estado puerperal” e somente ela 
pode matar o “próprio” filho. 
Por isso, temos o chamado crime próprio (exige certas qualidades da pessoa para que ela possa cometer a 
infração penal). 
Perceba que não estou falando que ninguém mais pode responder pelo infanticídio. Apenas estou falando 
que é necessária a presença da mãe para configurar o delito. 
 
É importante falar que a mãe tem que matar o próprio filho, sob influência do estado puerperal. Não basta 
a mera existência de tal estado. Ele deve ser determinante para que haja a vontade da mãe em matar o filho. 
Exemplo:Mévia, durante o parto, mata Caio, seu filho que está nascendo. 
Nesse caso, houve infanticídio? 
Não sei. Não há elementos suficientes para dizer. 
 
Exemplo 2:Mévia, durante o parto, extremamente abalada em razão de seu estado puerperal, mata Caio, seu 
filho que está nascendo. 
Nesse caso, houve infanticídio? 
Sim. 
 
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Agora imagine o seguinte exemplo: 
Exemplo 3:Mévia, durante o parto, extremamente abalada em razão de seu estado puerperal, decide matar 
Caio, seu filho que está nascendo. 
Para isso, pede ajuda do médico, que prontamente satisfaz a vontade da paciente. 
Nesse caso, houve infanticídio? 
Sim. Mévia responde pelo crime. 
E o médico? 
Também. Isso porque o “estado puerperal”, apesar de ser uma circunstância de caráter pessoal (é da mãe), 
comunica-se com o coautor do crime, pois é elementar do delito (essencial para que ele se caracterize). 
Veja o artigo 30 do CP: 
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando 
elementares do crime. 
 
Imagine outra situação: 
Exemplo 4:Mévia, logo após o parto, extremamente abalada em razão de seu estado puerperal, decide matar 
Caio, seu filho que nasceu. 
Para isso, vai até uma sala e mata o bebê que está identificado com seu nome. 
Acontece que o hospital havia identificado a criança de forma errada e é descoberto que Mévia matou outra 
criança, que não era seu filho. 
Nesse caso, houve infanticídio? 
Sim. 
Mas professor, como assim...?!?! 
Mévia cometeu o chamado erro contra a pessoa, ou seja, acertou o modo de executar o crime, mas “errou” 
a pessoa sobre a qual o crime recaiu. Ela queria matar seu filho e acabou matando outra criança. 
Nesse caso, para fins de punição, considera-se a vítima que o agente queria atingir. É o que diz o artigo 20, 
parágrafo 3º do CP: 
Art. 20, § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se 
consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o 
agente queria praticar o crime. 
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Infanticídio
Matar o próprio filho
Sob influência de 
estado puerperal
Durante o parto ou logo 
após
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4) Aborto 
Quando estudamos o crime de aborto, temos a tendência de “colocar todas as condutas no mesmo 
pacote”. Na verdade, existem modalidades de aborto. As penas, inclusive, são diferentes. 
Vamos ver cada uma delas? 
 
4.1)Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento 
O artigo 124 do CP traz o chamado autoaborto e o consentimento para o aborto. 
É a conduta da gestante que pratica o aborto em si mesma ou permite que alguém o pratique, veja: 
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
Exemplo:Semprônia, gestante, decide praticar aborto em si mesma, tomando determinado remédio. 
Nesse caso, a gestante responde por autoaborto (artigo 124 do CP). 
 
Exemplo 2:Semprônia, gestante, permite que seu namorado, médico, pratique aborto nela. 
Nesse caso, a gestante responde por consentimento para o aborto (artigo 124 do CP). 
Professor, e o namorado da gestante? 
O namorado da gestante não pratica o crime do artigo 124 do CP, pois ele não pode “consentir” para o 
aborto. Ele pratica a conduta em Semprônia. Sendo assim, responde pelo crime de prática de aborto consentido, 
previsto no artigo 126 do CP. 
 
4.2)Aborto com o consentimento da gestante 
Aqui, a conduta é praticar o aborto permitido pela própria gestante, olhe: 
 Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
Exemplo:Semprônia, gestante, permite que seu namorado, médico, pratique aborto nela. 
Nesse caso, a gestante responde por consentimento para o aborto (artigo 124 do CP). 
Como vimos, a gestante responde pelo artigo 124 e quem pratica o ato responde pelo artigo 126 do CP. 
Trata-se de exceção à teoria monista do concurso de pessoas. 
Note que a pena para o artigo 126 é maior do que para o artigo 124. Por outro lado, é menor do que a pena 
do artigo 125 (aborto provocado sem o consentimento da gestante). 
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Perceba que se ocorrer alguma circunstância prevista no parágrafo único, a pena do artigo 126 será a do 
artigo 125. 
Art. 126, Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze 
anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou 
violência 
Exemplo:Semprônia está grávida de Mévio. 
Mévio não quer ser pai e diz que Semprônia deverá ir em uma clínica de aborto. Para isso, diz que se ela não for, 
matará todas as pessoas com quem ela tem contato. 
Sendo assim, Semprônia permite que seja realizado o aborto. 
Note que, apesar de Semprônia ter consentido, esse consentimento foi derivado de grave ameaça. Sendo 
assim, a pena será a do artigo 125 do CP, o qual veremos agora. 
 
4.3)Aborto sem o consentimento da gestante 
Aqui, a conduta é praticar o aborto não permitido pela própria gestante, olhe: 
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
 Pena - reclusão, de três a dez anos. 
Exemplo: Semprônia está grávida de Mévio. 
Mévio não quer ser pai. Para isso, coloca um remédio escondido em sua bebida. 
Em decorrência do fato, Semprônia sofre aborto espontâneo. 
Aqui, o crime é cometido contra o feto e contra a gestante (duplo sujeito passivo). 
 
 
 
 
Aborto
Autoaborto ou 
consentimento para o 
aborto
Aborto com o 
consentimento da 
gestante
Aborto sem o 
consentimento da 
gestante
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4.4)”Qualificadora” 
Apesar de o item ser trazido no CP como “forma qualificada”, não se trata de qualificadora, mas sim de 
causa de aumento de pena. 
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em 
consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de 
natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. 
Em resumo, nos casos dos artigos 125 e 126: 
• Aumenta-se a pena de 1/3 se a gestante sofre lesão corporal grave; 
• Duplicam-se as penas se a gestante morre. 
 
4.5)Aborto não punível 
Você já deve ter ouvido falar que há hipóteses em que o aborto é permitido. O Código Penal traz duas 
situações e a jurisprudência adiciona mais duas. 
Vamos vê-las? 
 
Código Penal 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: 
 I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
 II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando 
incapaz, de seu representante legal. 
Note que o aborto, para não ser punível, deverá ser praticado por médico. 
O inciso I traz o aborto necessário ou terapêutico. Em outras palavras, a gestante corre risco de vida e o 
aborto é a única forma de salvá-la. 
O inciso II traz o aborto sentimental, ético, piedoso ou humanitário. Trata-se da situação na qual a gestante 
ficou grávida em virtude de estupro. É necessário seu consentimento ou, se menor, do seu representante legal. 
 
STF 
O Supremo Tribunal Federal tem entendimento consolidado no sentido de que o aborto de feto anencéfalo 
(sem cérebro) não constitui crime, pois se não há cérebro não há vida. 
 
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Além disso, recentemente, em uma decisão polêmica, o STF entendeu que o aborto praticado no primeiro 
trimestre da gestação não constitui crime. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aborto não punível
Aborto necessário(CP)
Aborto humanitário 
(CP)
Feto anencéfalo 
(STF)
No primeiro trimestre 
da gestação (STF)
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5) Lesão Corporal 
O crime de lesão corporal inaugura o Capítulo II dos Crimes contra a Pessoa. 
Lesionar alguém significa causar lesão. Lesão, por sua vez, é qualquer alteração patológica ou traumática. 
Em outras palavras, é qualquer dano ao corpo humano ou à saúde humana. 
Assim como no crime de aborto e no crime de homicídio, a lesão corporal possui algumas classificações. O 
Código Penal subdivide o crime em lesão corporal leve e lesão corporal grave. No entanto, a doutrina o subdivide 
em lesão corporal leve, grave e gravíssima. Este último termo, portanto, é uma criação doutrinária. 
Vamos começar com a lesão simples, ok? 
 
5.1)Lesão corporal simples 
A lesão simples vem prevista no caput do artigo 129 do CP: 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
Veja que o dispositivo legal fala em “integridade corporal” ou “saúde”. Isso é muito importante, pois a 
conduta do agente pode não deixar “marcas” físicas. A ação ou a omissão pode, por exemplo, deixar marcas na 
saúde de outrem. 
Vamos exemplificar? 
Exemplo:Mévio desfere um soco em Caio, que sofre um corte no rosto. 
Nesse caso, temos o crime de lesão corporal leve, pois a integridade física da vítima foi ofendida. 
 
Exemplo 2:Mévio faz “chantagem emocional” contra Caio, que, em virtude dessa conduta, tem sua estabilidade 
emocional afetada. 
Laudo pericial atesta que Caio teve choques nervosos, síndrome do pânico e desenvolveu fobias. 
Nesse caso, temos o crime de lesão corporal, pois a saúde da vítima foi ofendida. 
Para sabermos se a lesão é leve, temos que analisar o caso concreto. Veremos que só haverá lesão corporal 
leve se não forem caracterizadas as lesões grave e gravíssima. 
 
Autolesão 
No ordenamento jurídico brasileiro, a autolesão não é punível. 
Isso se explica por causa de dois princípios penais fundamentais: o da ofensividade e o da alteridade. 
Pelo princípio da ofensividade, para haver crime deve haver ofensa (crime de dano) ou exposição a risco 
(crimes de perigo) ao bem jurídico tutelado (patrimônio, vida, etc.). 
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Além disso, pelo princípio da alteridadea conduta só pode ser punida se for dirigida a outra pessoa. 
 
Crime de menor potencial ofensivo 
A lesão corporal leve é crime de menor potencial ofensivo, pois tem pena máxima de 01 ano. Isso quer dizer 
que nessas situações haverá incidência da Lei 9.099/95 (Lei do Juizado Especial Criminal – Jecrim), veja: 
Art. 61. da Lei 9.099/90 - Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos 
desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 
(dois) anos, cumulada ou não com multa. 
Essa incidência tem algumas consequências (aplicação dos chamados “institutos despenalizadores”). Como 
a aula não é de Lei 9.099/95, não aprofundarei o conteúdo. 
Vou dar apenas um exemplo: 
Por ser crime de menor potencial ofensivo, para ser deflagrada a ação penal (ou investigação), deverá haver 
representação do ofendido (ação penal pública condicionada à representação). 
Olhe: 
Art. 88. da Lei 9.099/90 - Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de 
representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas. 
A representação, em resumo, é uma “autorização” do ofendido ou de seu representante legal para que o 
Estado investigue e puna a conduta praticada. Tal instituto é estudado com mais profundidade no Direito 
Processual Penal. 
 
Lesão corporal na hipótese de violência doméstica contra a mulher 
Tal lesão, independentemente se leve, culposa, grave ou gravíssima, será de ação penal pública 
incondicionada. 
Ou seja, não há necessidade de representação para que o Estado investigue e puna a conduta praticada. É 
uma exceção à regra ensinada anteriormente. 
Veja a Súmula 542 do STJ: 
Súmula 542 do STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência 
doméstica contra a mulher é pública incondicionada. 
 
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Lesão corporal do Código de Trânsito Brasileiro 
A lesão corporal que se enquadra no CTB é um “crime variável”. Em outras palavras, pode ser aplicada a Lei 
9.099/95 ou não, a depender do caso concreto. Como a aula não é de Código de Trânsito Brasileiro, basta ter essa 
informação. 
 
5.2)Lesão corporal grave 
A lesão corporal de natureza grave está prevista no parágrafo 1º do artigo 129 do CP. Em resumo, se a 
situação concreta se enquadrar em alguma das hipóteses, a lesão será grave. 
Darei exemplos após cada inciso. 
Vamos lá? 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
§ 1º Se resulta: 
 I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; 
✓ Por “ocupações habituais” entende-se qualquer atividade do cotidiano (rotina) da vítima. Não 
precisa ser necessariamente atividade profissional. 
Exemplo:Tício desfere um soco em Caio, empresário que trabalha de casa. 
Em virtude da lesão, Caio tem de ficar em casa por mais de 30 dias. Caio continua trabalhando neste período, 
mas fica incapacitado de ir à academia, atividade que faz de forma regular. 
Nesse caso, está caracterizada a lesão corporal grave. 
Professor, como eu sei que a pessoa ficou mais de 30 dias incapacitada? 
No crime de lesão corporal, em regra, é necessário o exame de corpo de delito (matéria de Direito 
Processual Penal). Trata-sedo exame que “atesta” a materialidade do delito (que o crime ocorreu). 
Esse exame deve ser realizado o mais rápido possível, sob pena de os vestígios (lesões) desaparecerem. No 
caso do inciso I, é necessário um exame no começo (assim que ocorrerem as lesões) e um exame complementar, 
feito após 30 dias. Se ficar constatada tal incapacidade, a lesão será grave. Caso contrário, será leve. 
 
 II - perigo de vida; 
O perigo de vida é o perigo concreto que a conduta gerou para a vítima. Em outras palavras, o perigo não 
pode ser presumido. Deve ser provado. 
Exemplo:Mévio agride Caio com a finalidade de causar perigo de vida. 
Nesse caso, temos a lesão corporal grave? 
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NÃO!!! Nesse caso, temos o crime de homicídio, pois o dolo foi o de causar perigo de vida (matar). 
 
Exemplo 2:Mévio agride Caio com a finalidade de causar-lhe lesão. Essa lesão gerou perigo de vida Caio. 
Nesse caso, temos a lesão corporal grave? 
Sim, pois o “perigo de vida” não foi o objetivo de Mévio. Sendo assim, concluímos que o perigo de vida do 
inciso II é o perigo causado de forma culposa (sem dolo do agente). 
 
 III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
✓ Debilidade é entendida como fraqueza ou fragilidade. Aqui, fala-se em diminuição da capacidade. 
Se houver perda propriamente dita, a lesão será gravíssima, conforme veremos em instantes. 
✓ Permanente é o que não podemos dizer quando irá acabar. É o duradouro. 
✓ Membros são partes do corpo humano e se subdividem em superiores (braços, antebraços e mãos) 
e inferiores (coxas, pernas e pés). 
✓ Sentidos são mecanismos sensoriais que o corpo humano utiliza para a percepção do mundo 
exterior (visão, olfato, paladar, tato e audição). 
✓ Função é entendida como a atuação de um órgão ou conjunto de órgãos. Como exemplos, temos a 
função circulatória, digestiva, reprodutora, etc. 
Veja estes exemplos: 
Exemplo:Mévioagride Caio, que fica com um pé torto. 
Nesse caso, há a lesão grave. (Debilidade de membro). 
 
Exemplo 2:Mévio agride Caio, que fica com sua capacidade de sentir cheiros dimunuída. 
Nesse caso, há a lesão grave. (Debilidade de Sentido). 
 
Exemplo 3:Mévio agride Caio, que fica com dificuldades respiratórias. 
Nesse caso, há a lesão grave. (Debilidade de função). 
 
 IV - aceleração de parto: 
Acelerar o parto é simplesmente apressar algo que ocorreria naturalmente, em algum momento. Em 
virtude das lesões, a mulher tem a criança em momento anterior ao previsto. 
Exemplo:Semprônio agride Tícia, que, em virtude das lesões, começa a ter contrações. O bebê acaba nascendo. 
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Nesse caso, há a lesão grave. 
 Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
Note que o crime não é de menor potencial ofensivo, pois tem pena privativa de liberdade de até 05 anos. 
 
5.3)Lesão corporal gravíssima 
A lesão corporal de natureza gravíssima está prevista no parágrafo 2º do artigo 129 do CP. Como dito 
anteriormente, o Código Penal trata dela como outra hipótese de lesão grave. O nome “gravíssima” foi dado pela 
doutrina. 
Em resumo, se a situação concreta se enquadrar em alguma das hipóteses, a lesão será gravíssima. 
Vamos vê-las? Em cada uma delas, farei comparações com a lesão grave propriamente dita. 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
§ 2° Se resulta: 
 I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
Nesse caso, a incapacidade é permanente e é para o trabalho. Não se fala “por mais de 30 dias” e nem em 
incapacidade para ocupações habituais. 
Exemplo:Tício desfere um soco em Caio, esportista profissional. 
Em virtude das lesões, Caio ficou com debilidade permanente de membro. Até aí temos a lesão grave. 
No entanto, Caio não pode mais praticar o esporte que praticava. 
Sendo assim, ocorreu a lesão gravíssima? 
Não sei. Não há elementos concretos para afirmar isso. 
Ainda prevalece na doutrina que a incapacidade para o trabalho é a incapacidade para qualquer trabalho, 
não para o trabalho até então exercido. 
Acho difícil isso ser cobrado em provas objetivas, mas é interessante saber. 
Lesão corporal grave
Incapacidade para 
ocupações habituais 
(mais de 30 dias)
Perigo de vida
Debilidade 
permanente de 
membro, sentido ou 
função
Aceleração do parto
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 II - enfermidade incuravel; 
✓ Enfermidade é uma doença, moléstia ou patologia corporal. 
✓ Incurável é aquilo que não possui cura (nossa, professor...sério?!?!?! ). 
 
Exemplo:Tício pratica relação sexual com outra pessoa. 
Em virtude dessa relação, é transmitido intencionalmente o vírus HIV. 
Nesse caso, temos o crime de lesão corporal gravíssima? 
O tema é alvo de divergência doutrinária, mas há decisão jurisprudencial dizendo que sim. 
 
 III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
Aqui, ao contrário da lesão grave, há efetiva perda ou inutilização de membro, sentido ou função. 
✓ A perda é o ato de perder algo que possuía. 
✓ A inutilização pode ser caracterizada como a impossibilidade de usar algo. 
Exemplo:Mévio agride Caio, que perde um pé. 
Nesse caso, há a lesão gravíssima. 
 
Exemplo 2:Mévio agride Caio, que perde um dedo. 
Nesse caso, há a lesão grave. 
Ahn, professor...grave? 
Sim. A lesão é grave, pois dedo não é membro. A mão é um membro. Nesse caso, o membro (mão) ficou 
debilitado e isso atrai a incidência da lesão grave. 
Muita atenção. 
 
Exemplo 3:Mévio agride Caio, que perde a capacidade de sentir cheiros. 
Nesse caso, há a lesão gravíssima. 
 
Exemplo 4:Mévio agride Caio, que perde a capacidade de respirar sozinho. 
Nesse caso, há a lesão gravíssima. 
 
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 IV - deformidade permanente; 
✓ Deformidade é a condição de algo que perde sua forma original. Em outras palavras, algo no corpo 
humano tinha uma forma e, em virtude das lesões, fica de outra forma. 
Exemplo:Mévio agride Caio, que fica com uma grande cicatriz nas costas. 
Nesse caso, há a lesão gravíssima. 
 
 V - aborto: 
Aqui, há o aborto propriamente dito. Na lesão grave, há a aceleração do parto, mas o feto não morre. 
Na lesão gravíssima, em virtude das lesões, o feto morre. 
Exemplo:Semprônio agride Tícia, que, em virtude das lesões, sofre um aborto. 
Nesse caso, há a lesão gravíssima. 
 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
Assim como na lesão grave, aqui o crime também não é de menor potencial ofensivo. 
 
COMO CAI: CESPE/2013 – Polícia Federal - Tendo em vista que o médico-legista deve descrever, em seu laudo, 
as lesões que eventualmente encontrar, e cuja natureza jurídica pode ser leve, grave e gravíssima, ou, ainda, 
lesão corporal seguida de morte, em conformidade com o art. 129 do Código Penal, julgue o item que se segue. 
A incapacidade permanente para o trabalho, a enfermidade incurável e a debilidade permanente de membro, 
sentido e(ou) função, como resultado de lesão corporal, são consideradas gravíssimas. 
GABARITO: ERRADO. 
COMENTÁRIOS: De fato, a lesão que gera incapacidade permanente para o trabalho e a que gera 
enfermidade incurável são consideradas gravíssimas. 
Art. 129, § 2° Se resulta: 
Lesão corporal 
gravíssima
Incapacidade 
permanente para o 
trabalho
Enfermidade 
incurável
Perda/Inutilização 
de membro, 
sentido ou função
Deformidade 
permanente
Aborto
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 I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
 II - enfermidade incurável; 
No entanto, a lesão que gera debilidade permanente de membro, sentido ou função é considerada grave. 
 Art. 129, § 1º Se resulta: 
 III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
Portanto, incorreta a questão. 
 
5.4)Lesão corporal seguida de morte 
A lesão corporal seguida de morte é um crime preterdoloso. Isso quer dizer que há dolo na conduta e culpa 
no resultado. 
Em outras palavras, o agente quer lesionar a vítima (dolo), mas, em virtude das circunstâncias, ela acaba 
morrendo (culpa no resultado). Não se trata da finalidade do autor do crime. 
Essa previsão está no artigo 129, parágrafo 3º do CP: 
Art. 129, § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem 
assumiu o risco de produzí-lo: 
Exemplo:Mévio está brigando com Semprônio no meio da rua. 
Em certo momento, decide desferir um soco para que Semprônio caia no chão, seja atropelado e morra. 
Isso acontece e vítima falece. 
Nesse caso, temos a lesão seguida de morte? 
Não! Nesse caso, temos o crime de homicídio, pois a intenção do autor foi o resultado morte. 
 
Exemplo 2:Mévio está brigando com Semprônio no meio da rua. 
Em certo momento, decide desferir um soco em Semprônio, com intenção de lesioná-lo. 
Semprônio cai no chão, é atropelado por um carro e morre. 
Nesse caso, temos a lesão seguida de morte? 
Sim! Nesse caso, a intenção foi dar um soco(lesionar). No entanto, em virtude de culpa de Mévio, 
Semprônio cai e é atropelado. 
 
Veja que o resultado é completamente previsível. É normal pensar que pode ocorrer um atropelamento em 
uma briga no meio da rua. 
Sendo assim, Mévio responde por lesão seguida de morte. 
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Exemplo 3:Mévio está brigando com Semprônio em uma sala de aula. 
Mévio, ao dar um soco em seu desafeto, com a intenção de lesioná-lo, acabavendo Semprônio bater em uma 
parede, que desmorona, fazendo a vítima cair do décimo andar do prédio. 
Note que não era previsível que uma parede fosse cair e que Semprônio fosse ser jogado do décimo andar. 
Nesse caso, Mévio não responde pelo resultado morte. 
 
Observe esse caso concreto: 
Caso concreto: Há alguns anos, em Ipanema/RJ, um grupo de argentinos foi agredido por um grupo de 
brasileiros. O caso ficou famoso porque, após receber um soco, o cidadão argentino caiu e bateu a cabeça no 
chão, vindo a falecer. 
Na época, falaram em homicídio doloso, ou seja, disseram que o brasileiro teve intenção de matar o argentino ou 
assumiu o risco de matá-lo. 
No entanto, apesar de eu não ter lido os autos do inquérito/processo, essa conclusão não me parece a mais 
adequada. (Lembrando que eu não tive acesso aos autos). 
Mas o que seria então, professor? 
O brasileiro, claramente, quis agredir o argentino com um soco. Isso está cristalino pelas imagens que 
foram veiculadas na mídia. Portanto, houve dolo na conduta de desferir um soco (dolo no antecedente). Até 
aqui, houve uma lesão corporal. 
No entanto, a morte do argentino, na minha opinião, não foi o resultado que o agente quis. Em regra, 
quem desfere um soco em uma festa não quer matar a vítima, quer lesioná-la. O que ocorreu foi um resultado 
que o brasileiro não queria e nem assumiu o risco de produzir. 
Portanto, em um primeiro momento, achei que houve culpa em relação ao resultado (culpa no 
consequente). 
O brasileiro deveria ter respondido (se não respondeu – não acompanhei o desfecho do caso) por lesão 
corporal seguida de morte. 
 
5.5)Lesão corporal culposa 
A lesão culposa, como vimos, é crime de menor potencial ofensivo. 
Art. 129, § 6° Se a lesão é culposa: 
 Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
Sendo assim, aplica-se a Lei 9099/95. 
Além disso, para tal lesão, é aplicável o instituto do perdão judicial (já estudado). 
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Art. 129, § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121 
Art. 121, § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as 
conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne 
desnecessária. 
 
5.6)Lesão corporal privilegiada 
Assim como no crime de homicídio, a lesão corporal possui circunstâncias privilegiadoras, olhe: 
Art. 129,§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob 
o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a 
pena de um sexto a um terço. 
As mesmas considerações feitas no artigo 121 do CP são cabíveis aqui, uma vez que as hipóteses são as 
mesmas. 
 
 
 
5.7)Causa substituição de pena 
O parágrafo 5º traz hipóteses em que a pena privativa de liberdade pode ser substituída por pena de multa, 
olhe: 
Art. 129, § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de 
duzentos mil réis a dois contos de réis: 
 I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; 
O parágrafo anterior trata das privilegiadoras. No caso concreto, se o Juiz optar por substituir a pena, ele 
poderá. 
Lesão Corporal 
privilegiada
Relevante valor social
Relevante valor moral
Sob domínio de violenta 
emoção, logo em seguida 
injusta provcação da 
vítima
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Em resumo, ocorrendo as circunstâncias do parágrafo 4º, ele poderá substituir a pena privativa de 
liberdade pela de multa ou diminuí-la. 
 
 II - se as lesões são recíprocas. 
Lesões recíprocas ocorrem quando os dois indivíduos lesionam um ao outro. 
Exemplo:Mévio está brigando com Semprônio em uma sala de aula. 
Mévio dá três socos em Semprônio, que responde com quatro socos. 
 
5.8)Causa de aumento de pena 
O parágrafo 7º traz causas de aumento de pena, que se reportam aos já tratados parágrafos 4º e 6º do 
artigo 121 do CP(homicídio). 
Veja: 
Art. 129, § 7ºAumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do 
art. 121 deste Código. 
Art. 121, § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de 
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato 
socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em 
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado 
contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
Art. 121, § 6ºA pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia 
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
 
5.9)Lesão corporal e violência doméstica 
A lesão corporal cometida com violência doméstica está no parágrafo 9º. 
Olhe: 
Art. 129, § 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, 
ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações 
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: 
Note que não estou falando de violência doméstica e familiar contra a mulher. Aqui, a vítima pode ser 
homem ou mulher. 
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A vítima pode ser CCADI (cônjuge, companheiro, ascendente, descendente, irmão); pessoa com quem 
tenha convivido (ou conviva); pessoa que foi agredida prevalecendo-se das relações domésticas, de coabitação 
ou de hospitalidade. 
Se a vítima for homem, haverá a pura incidência do parágrafo 9º. 
Se a vítima for mulher, haverá a incidência do parágrafo 9º com a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06). 
Exemplo:Tício pratica lesão corporal contra Caio, seu irmão. 
Nesse caso, temos o crime do parágrafo 9º. 
 
Exemplo 2:Tício pratica lesão corporal contra Caia, seu irmã, em razão de condição de sexo feminino. 
Nesse caso, temos o crime do parágrafo 9º com a incidência da Lei Maria da Penha. 
 
Professor, e se a lesão for doméstica e for grave ou gravíssima? 
Excelente pergunta! 
O parágrafo 9º aplica-se apenas para as lesões corporais leves. Se ocorrer lesão corporal grave, gravíssima 
ou se a vítima falecer, haverá aumento de pena em 1/3. 
Art. 129, § 1º. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3° deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 
9º deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) 
Ou seja, a pena aplicada será a dos respectivos parágrafos ( 1º, 2º ou 3º), com aumento de 1/3. 
 
No mesmo sentido, se se tratar de vítima com deficiência, haverá o mesmo aumento de pena: 
Art. 129, § 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for 
cometido contra pessoa portadora de deficiência. 
 
5.10)Lesão corporal funcional 
O crime de lesão corporal traz a mesma previsão do crime de homicídio. Sendo assim, cabem os mesmos 
comentários feitos anteriormente. 
Art. 129, §12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da 
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no 
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente 
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. 
 
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6) Da Periclitação da vida e da saúde 
Os crimes estudados nesse capítulo (artigo 130 ao artigo 136) têm pouca incidência em prova. Sendo assim, 
farei

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