Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Caso Clínico 06: L8 CORAÇÃO - INFARTO RECENTE Carol Esli Seixas da Silva Profª Alice RESUMO CLÍNICO Paciente com 57 anos apresentava angina há 7 anos. Dez dias antes do óbito apresentou forte dor no peito, com irradiação para o membro superior esquerdo, sudorese e palidez. O ECG mostrou traçado clássico de infarto agudo anterior. Os exames laboratoriais pertinentes foram: Os exames laboratoriais de troponina I, troponina T e CK-MB encontrava-se acima dos valores de referência. Um dia antes do óbito, apresentou nova dor súbita precordial e faleceu 24hs depois (no 11º dia de internação). DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL A dor precordial pode ser causada por síndrome da dor precordial, angina pectoris, pericardite, infarto agudo do miocárdio, costocondrite ou estresse emocional. CAUSA MAIS PROVÁVEL QUE LEVOU O INDIVÍDUO A DESENVOLVER A PATOLOGIA EM QUESTÃO A causa do infarto agudo do miocárdio é a isquemia miocárdica. Os principais fatores que parecem influenciar na incidência de isquemia miocárdica são, além de predisposição genética, hábito de fumar, hipercolesterolemia, hiperlipidemia, hipertensão arterial e diabetes, bem como determinados estilos de vida (ansiedade, estresse, alimentação rica em gorduras animais, sedentarismo). PREVALÊNCIA A principal causa subjacente da CI é a aterosclerose; apesar de poder ocorrer em praticamente qualquer idade, a frequência dos IMs sobe progressivamente com o aumento da idade e dos fatores de risco ateroscleróticos. No entanto, aproximadamente 10% dos IMs ocorrem antes dos 40 anos, e 45% ocorrem antes dos 65 anos. Os IMs afetam igualmente brancos e negros. Os homens correm risco significativamente maior que as mulheres, porém a diferença entre os sexos diminui progressivamente com o aumento da idade. Em geral, as mulheres estão protegidas contra o IM durante a vida reprodutiva. Contudo, a menopausa — e o declínio da produção de estrógeno — está associada à exacerbação da doença arterial coronariana, e a cardiopatia isquêmica é a causa mais comum de morte entre as mulheres idosas. SINTOMAS CLÍNICOS APRESENTADOS PELO INDIVÍDUO E CORRELAÇÃO COM OS PROCESSOS PATOLÓGICOS A manifestação clínica clássica do infarto do miocárdio é dor precordial com características de opressão, pontada, queimação ou outras, podendo irradiar para os membros superiores, o pescoço ou o abdome (dor referida, quando os estímulos nociceptivos originados em uma víscera são interpretados pelo córtex como provenientes da superfície do corpo, no mesmo dermátomo embrionário); o paciente apresenta ainda palidez, mal-estar geral, dispneia e taquicardia devido à ativação do sistema simpático. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS MICROSCÓPICAS E MACROSCÓPICAS DO TECIDO AFETADO Figura 1: Infarto agudo do miocárdio. Fonte: http://anatpat.unicamp.br/pecascard16.html http://anatpat.unicamp.br/pecascard16.html Figura 2: Infarto agudo do miocárdio. Fonte: http://anatpat.unicamp.br/pecasdc2 8.html Figura 3: Evolução temporal do infarto do miocárdio. Bogliolo Patologia 8ª ed., p. 463. http://anatpat.unicamp.br/pecasdc28.html http://anatpat.unicamp.br/pecasdc28.html Figura 4: Miocárdio normal. Figura 5: Miocárdio com infarto. Figura 6: Miocárdio com infarto. Figura 7: Reação inflamatória pós-infarto. MECANISMO DE COMO O PROCESSO PATOLÓGICO FOI FORMADO Isquemia miocárdica se instala quando o fluxo de sangue arterial é insuficiente para suprir as necessidades metabólicas do coração, principalmente as de oxigênio; resulta, portanto, de um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio e nutrientes, que na grande maioria dos casos é causado por obstrução das coronárias. O estreitamento aterosclerótico pode afetar qualquer uma das artérias coronárias isoladamente ou em conjunto. As lesões que ocluem mais de 70% do lúmen de um vaso — a chamada estenose crítica — geralmente causam sintomas quando há aumento da demanda; na estenose crítica, o paciente previsivelmente tem dor torácica quando realiza esforços físicos de determinadas intensidades e, por isso, diz-se que sofre de angina estável. A estenose fixa que obstrui 90% ou mais do lúmen de um vaso pode produzir fluxo sanguíneo coronariano inadequado com sintomas mesmo no repouso — uma das formas da angina instável. A Isquemia miocárdica leva a alterações das fibras cardíacas, inicialmente reversíveis mas depois irreversíveis. Nos primeiros minutos, observam-se edema intracelular, tumefação mitocondrial, perda do glicogênio citoplasmático, alargamento das bandas I dos sarcômeros e discreta agregação da cromatina nuclear. Tais alterações são reversíveis, desde que o fluxo sanguíneo seja restaurado em tempo curto. Persistindo a isquemia, essas alterações tornam-se progressivamente mais acentuadas. Mais tarde, aparecem as lesões características de dano irreversível: densidades amorfas intramitocondriais e ruptura da unidade trilaminar do sarcolema. Com 1 dia de evolução, muitas fibras perdem os núcleos e o edema intersticial é evidente. Algumas horas antes, começa o afluxo de neutrófilos, que, por meio de suas enzimas líticas, iniciam o processo de digestão das células mortas. O número máximo de neutrófilos é encontrado em torno do terceiro ao sexto dias, quando o tecido já está em grande parte digerido, friável, fato que explica a maior incidência de ruptura do miocárdio nesse período. Concomitantemente ao fim dessa fase, começa a chegada de macrófagos, que podem persistir por Figuras 4, 5, 6 e 7 – Fonte: http://anatpat.unicamp.br/lamdc9.html http://anatpat.unicamp.br/lamdc9.html semanas. A proliferação de capilares e fibroblastos e os depósitos de proteoglicanos (tecido de granulação) iniciam-se entre o quarto e o quinto dias. O predomínio de tecido de reparação e o início da formação de colágeno ficam evidentes entre o sétimo e o 14-C dias. A cicatrização completa depende do tamanho do infarto, completando-se em geral entre 4 e 6 semanas. É frequente o encontro de macrófagos contendo hemossiderina em meio ao tecido de reparação, mesmo em infartos com bastante tempo de cicatrização. As principais consequências e complicações do infarto transmural são insuficiência cardíaca, arritmias, choque cardiogênico, extensão do infarto, ruptura da parede do coração ou de músculo papilar, aneurisma ventricular, pericardite e tromboembolia pulmonar ou sistêmica. Como regra geral, quanto mais extenso o infarto, maiores são as chances de repercussões mais sérias. Entretanto, mesmo infartos pequenos podem levar a arritmias graves, ruptura da parede e óbito. REFERÊNCIAS: ROBINS & CONTRAN. Patologia – Bases Patológicas das Doenças. 9ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 02016. BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo Patologia. 8a Edição. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2016. MOREIRA et al. Perfil dos pacientes atendidos por infarto agudo do miocárdio. Rev Soc Bras Clin Med. 2018 out-dez;16(4):212-4. Disponível em: http://www.sbcm.org.br/ojs3/index.php/rsbcm/article/download/372/334/. Acesso em: 30 set 2020. http://www.sbcm.org.br/ojs3/index.php/rsbcm/article/download/372/334/
Compartilhar