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MERCADO FINANCEIRO Professor Marcelo Cerqueira 2 SUMÁRIO BLOCO 1: ESTRUTURA DO MERCADO FINANCEIRO ..................................................... 03 BLOCO 2: ÁREA DE PRODUTOS..................................................................................... 23 BLOCO 3: CRÉDITO ....................................................................................................... 40 BLOCO 4: RISCOS ......................................................................................................... 59 BLOCO 5: CENÁRIO ECONÔMICO ................................................................................ 78 BLOCO 6: ÁREA DE PRODUTOS .................................................................................... 93 3 BLOCO 1: ESTRUTURA DO MERCADO FINANCEIRO Caro aluno, convido-o a partir desse momento a compreender uma das áreas mais importantes e interessantes na dinâmica da economia do nosso país: o mercado financeiro. Seja na perspectiva de um investidor, gerente, consultor, gestor ou trader, o entendimento sobre o mercado financeiro é de extrema importância para condução e gestão de suas finanças pessoais e atuação profissional. Nesse sentido, temos como objetivo apresentar conceitos e aplicações dessa área iniciando pelo processo de evolução histórica, apresentando sua estrutura de funcionamento, forma de organização e seus principais participantes. Ao final dessa apostila, desejamos que você tenha compreensão sobre os diferentes papéis exercidos pelos participantes do mercado financeiro no ambiente econômico real. E aí, vamos lá? Iniciamos apresentando a definição de Mercado financeiro, que Segundo Meneses (2015, p. 18) deve ser entendido inicialmente como um ambiente de compra e venda de valores mobiliários (ações, opções, títulos), câmbio (moedas estrangeiras) e commodities (mercadorias: ouro, produtos agrícolas e minerais). Nessas negociações, estão envolvidas diversas instituições, que interagem com poupadores e tomadores de recursos, e agentes que regulam e fiscalizam as transações realizadas. Sua organização possui segmentos especializados na dedicação de elaboração e operacionalização em transações específicas para cada uma de seus segmentos. A diante apresentaremos os principais segmentos do mercado financeiro (BRITO, 2013). 4 1.1 Evolução histórica Iniciamos a observação do período histórico relacionado ao sistema financeiro brasileiro a partir do encerramento da Segunda Guerra Mundial, onde ocorreram mudanças significativas na atividade econômica. Nesse período, o governo brasileiro ressentiu-se da necessidade de criação de um órgão normativo para tratar de questões de natureza específica monetária e creditícia. Ao contar do ano de 1945, tais questões foram desempenhadas por mais de duas décadas pela Superintendência da Moeda e do Credito (Sumoc) e Banco do Brasil, exercendo funções executivas de autoridade, supervisão e o controle do mercado monetário (BRITO, 2013). Ainda nesse período, segundo Brito (2013, p. 02), “a estrutura econômica do país passou por profunda transformação, sobressaindo, como fator dinâmico, o processo de substituição de importações”. O financiamento desse processo foi realizado inicialmente com capitais nacionais e estrangeiros com estimulo de incentivos fiscais e cambiais. A complementação do capital necessário foi processada por meio do fornecimento de créditos de longo prazo pelo Banco do Brasil e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, BNDE, que no futuro se tornaria o então Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES. A partir de 1964, iniciou-se uma nova fase que representou marco importante sobre as questões relacionadas à estrutura do sistema financeiro nacional: defendeu-se a tese de que a solução mais conveniente para o país seria a criação de um Banco Central. As modificações introduzidas com o advento da Lei no 4.595/64, podem ser consideradas uma verdadeira “reforma bancária”. Com a criação dessa lei, reestruturou-se o sistema financeiro nacional, estabelecendo normas reguladoras do sistema, definindo suas características principais, instituições componentes e áreas especificas de atuação. De acordo com Brito (2013, p. 04), a evolução histórica do sistema financeiro nacional pode ser dividida em quatro grandes fases as quais discorremos a partir de agora. Fase 1 – Chegada da Família Real até a Primeira Guerra Mundial (1808-1914). Os principais eventos ocorridos na primeira fase foram: Abertura dos portos, com acordos comerciais diretamente entre as partes envolvidas. Criação do Banco do Brasil, em decorrência do aumento do comércio internacional. Permissão para instalação de bancos estrangeiros no país. 5 Fase 2 – Primeira Guerra Mundial até a Segunda Guerra Mundial (1914-1945). Os principais eventos ocorridos na segunda fase foram: • Criação da Inspetoria Geral de Bancos, em 1920. • Criação da Câmara de Compensação, em 1921. • Fortalecimento dos critérios e normas para atividade de intermediação financeira, com consequente crescimento da atividade bancária no pais. Fase 3 – Após a Segunda Guerra Mundial até a grande Reforma Financeira (1945-1964). Os principais eventos ocorridos na terceira fase foram: • Criação Superintendência da Moeda e do Credito (Sumoc), com função de supervisão e controle do mercado monetário em 1945. • Criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com o objetivo de fornecer créditos de longo prazo. • Substituição de importação, processo financiado principalmente pelo BNDES. Fase 4 – Da grande Reforma Financeira até dias atuais (1964 — hoje). Os principais eventos ocorridos na quarta fase até o momento atual foram: • Lei no 4.595, de 31.12.1964 — reforma bancária. • Criação de um Banco Central. • Organização do Sistema Financeiro, sendo composto por Banco Central, Conselho Monetário Nacional, Banco do Brasil e demais instituições financeiras públicas e privadas. • Lei no 4.728 — lei de regulamentação do mercado de capitais. • Em 1988, estabelecimento dos bancos múltiplos, consolidando diversas atividades financeiras sob uma única entidade jurídica, por meio da Resolução 1.524/1988. • Em 2002, teve início o novo sistema de pagamentos brasileiro, reduzindo o risco de liquidação financeira das transações bancárias e transferindo para o setor privado risco de crédito do Banco Central. 1.2 Agregados Monetários A forma em que se dá as transações financeiras na economia também é um fator condicionante par ao bom funcionamento do mercado e do sistema financeiro nacional. Nesse sentido ao longo dos anos foram sendo estabelecidas as condições de trocas entre produtores e consumidores, 6 que mais tarde chegariam aos mercados financeiros. Na economia moderna, a moeda tornou- se a principal forma de estabelecermos relações comercias e mais especificamente no mercado financeiro. Porém, nessa seção, apresentaremos outras formas de um país constituir sua base monetária além da moeda tradicional e proporcionar outras alternativas operacionalizar transações com mercadorias ou no mercado financeiro (ASSAF, 2015). Antes de falarmos sobre moeda, que se trata do ativo mais conhecido e utilizado, vamos aprender as diferentes classificações de Ativos na Economia. Baseado no economista John Hicks apud (Menezes, 2015, p. 27) os ativos, são classificados em três categorias de acordo com sua liquidez. Vejamos quais são essas categorias. • Ativos plenamente líquidos – moeda manual e escritural. • Ativos líquidos – títulos públicos, obra de arte (possuem planos de revenda). • Ativos ilíquidos – máquinas (ativos de capital) adquiridas pelas empresas e bens de duração demandada por seus consumidores. A moeda é considerada na visão aristotélicaé tudo aquilo que serve como meio de troca num sistema econômico. Já o conceito de moeda e sua origem, do ponto de vista histórico, passou por várias fases incluindo gado e sal, fase metálica, financeira e fiduciária que se trata da manifestação de confiança no Estado emissor (MENEZES, 2015, p. 29-30). De acordo com as fases citadas anteriormente, perceba que o conceito de dívida pública nasce com o conceito de moeda fiduciária, ou seja, é a emissão de moeda pelo governo via Bacen. Em uma visão mais ampla identifica-se que a moeda de maneira geral pode ser definida como a luta pela riqueza em interação com os agentes financeiros, sendo representada, assim, pelos ativos financeiros M1, M2, M3 e M4. Daqui a pouco detalharemos cada um dos M´s citados. (MENEZES, 2015, p. 29-30). A moeda também possui características e função. Vejamos então primeiro suas características físicas. A moeda é considerada: • Divisível: deve ter múltiplos e submúltiplos. • Durável: deve ser de difícil deterioração. • Difícil de falsificar: aceitação generalizada. • Manuseável e transportável: para que a função meio de troca não seja prejudicada. Agora verificaremos suas principais funções na sociedade. A moeda pode ser utilizada como: 7 • Meio de troca: como meio de pagamento que é sua representação concreta. • Unidade de conta: possibilita a determinação da quantidade de unidades monetárias que liquidariam obrigações em contratos. • Reserva de valor: direito de reter poder de compra, sem temer perdas. Outro tema importante a ser compreendido conforme Assaf (2015, p.77) é a formação da Base Monetária brasileira que. [...] é representada pelo estoque líquido de papel-moeda emitido pelo Bacen ao longo do tempo. É também definida como o total de moeda colocada em circulação (por vezes denominada estatística M0). E é representada, na verdade, por uma cesta de ativos financeiros a partir de uma definição Matemática expressa da seguinte forma. (ASSAF, 2015) BM = M1 + M2 M3 + M4 Aprenderemos agora o significado de cada um dos M´s que compõem a base monetária. A Base monetária (BM) é o resultado obtido a partir de: PMPP (Papel-moeda em Poder do Público não bancário) + Reservas (M1, M2, M3, M4) M1 = PMPP + DV Bacen M2 = M1 + depósito a prazo + títulos públicos M3 = M2 + depósitos em poupança M4 = M3 + títulos privados Adicionalmente aos M´s citados existem autores que trabalham com o conceito de M5 = M4 + moeda de plástico, fundamentando à capacidade aquisitiva atual dos cartões de crédito no sistema econômico. 8 Você já ouviu falar em bitcoin? Atualmente, mesmo ainda não sendo considerado um M, um outro meio de pagamento tem ganho espaço nas discussões envolvendo o mercado financeiro em diversas partes do mundo. Trata-se do bitcoin, uma moeda virtual, também chamada de criptomoeda criada em 2009. Esse ativo tem função como o real ou o dólar, mas bem diferente dos exemplos citados não é possível circular na rua com uma dessas no bolso ou carteira, ou seja, ela não existe fisicamente, é totalmente virtual. (AZEVEDO, 2018). É possível possuir sitcons comprando unidades em corretoras específicas ou aceitando a criptmoeda ao vender coisas. Elas são guardadas em uma espécie de carteira, criada quando o usuário se cadastra no software. O nível de dificuldade de aceitação ainda é grande, pois sua emissão não é controlada por um Banco Central, é produzida de forma descentralizada por milhares de computadores, mantidos por pessoas que emprestam a capacidade de suas máquinas para criar bitcoins e registrar todas as transações feitas. A perspectiva inicial é que a moeda cresça dentro de uma faixa limitada, que é de até 21 milhões de unidades até o ano de 2140, e para isso vários países, como a Rússia se movimentam no sentido de regular a moeda. Por outro lado, países como a China fecham o cerco das criptomoedas, ordenando o fechamento de várias plataformas de câmbio e proibindo a prática conhecida como ICO (inicial coin offerings), uma espécie de abertura de capital na bolsa, mas feita com criptomoedas A principal economia capitalista do mundo os EUA ainda debate sobre a possibilidade de regulamentação das moedas digitais (AZEVEDO, 2018). 1.3 Sistema Financeiro Nacional Agora vamos aprender o conceito de Sistema Financeiro Nacional. Dessa forma, Assaf (2015, p. 23), afirma trata-se de todo processo de desenvolvimento de uma economia exige a participação crescente de capitais, que são identificados por meio da poupança disponível em poder dos agentes econômicos e direcionados para os setores produtivos carentes de recursos mediante intermediários e instrumentos financeiros. E é em função desse processo de distribuição de recursos no mercado que se evidencia a função econômica e social do sistema financeiro. Em definição próxima, Menezes (2015, p. 17) menciona que o sistema financeiro também pode ser visto como uma rede de mercados e instituições que tem por função transferir os fundos disponíveis dos poupadores e complementa com a proposta de trata-se da soma das unidades 9 operacionais que o compõem e dos responsáveis pelas políticas monetárias, creditícias, cambiais e fiscais, que regulam seu funcionamento, bem como os fluxos monetários. Vejamos agora que o sistema financeiro nacional está organizado entre as autoridades monetárias, normativas e fiscalizadoras que incluem o Conselho Monetário Nacional (CMN) e Banco Central do Brasil; as instituições financeiras públicas incluindo o Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (CEF ou CAIXA) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM); e por fim as instituições financeiras privadas que atuam no processo de intermediação financeira, compreendendo, sobretudo, diversas modalidades de captação de recursos, operações de crédito, seguros, capitalização, mercado de capitais, poupança e financiamento à habitação, arrendamento mercantil e comércio exterior, sendo essas operações de curto e longo prazos (BRITO, 2013). 1.4 Participantes do Sistema Financeiro Discorreremos agora sobre as atribuições dos principais participantes do sistema financeiro nacional, incluindo as autoridades monetárias, normativas e fiscalizadoras, assim como das instituições financeiras públicas e privadas. 1.4.1. Conselho Monetário Nacional Iniciaremos pelo CMN, o Conselho Monetário Nacional, órgão máximo do sistema financeiro, formado atualmente, pelos seguintes membros: presidente do Banco Central, presidente da CVM, secretários do Tesouro Nacional e de Política Econômica do Ministério da Fazenda; e diretores de Política Monetária, de Assuntos Internacionais e de Normas e Organização do Sistema Financeiro, todos do Banco Central. Conforme Assaf (2015) compete ao CMN traçar as normas de política monetária em todos os seus aspectos, funcionando como um conselho da economia brasileira e supervisiona as políticas monetárias, cambial, de investimento, de capital estrangeiro, de comércio exterior e fiscal. O mesmo autor destaca as principais competências e desse órgão: 10 • Adaptar o volume interno da moeda, prevenindo ou corrigindo os surtos inflacionários e deflacionários. • Adaptar o volume interno da moeda, prevenindo ou corrigindo os surtos inflacionários e deflacionários. • Regular o valor interno da moeda. • Regular o equilíbrio do balanço de pagamentos do pais. • Zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras, coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária e fiscal e gerenciar as dívidas públicas interna e externa. Entre as atribuições dessa autoridade monetária destacam-se: • Autorizar emissões de papel-moeda. • Fixar as diretrizes e normas da política fiscal e operações com títulos públicos. • Disciplinar o créditoem todas as suas modalidades. • Regular a constituição, o funcionamento e a fiscalização das instituições financeiras, bem como a aplicação das penalidades previstas na Lei no 4.595/64. • Determinar os recolhimentos compulsórios. • Regular e estabelecer normas para as operações de redesconto e câmbio; • Disciplinar as atividades das Bolsas de Valores, corretoras e demais componentes do sistema de distribuição. 1.4.2. Banco Central do Brasil (BACEN) Trata-se de agente executivo das decisões referentes a políticas macroeconômicas e disposições sobre o funcionamento do sistema financeiro. O BACEN ou “banco dos bancos” como também é conhecido, exerce também importante função de normatização e fiscalização no sistema financeiro nacional, no controle da inflação no país, na regulação da quantidade de moeda na economia que permita a estabilidade de preços, na garantia de um sistema financeiro sólido e eficiente (BANCO CENTRAL, 2018). Vejamos a partir de agora as principais atribuições sob a responsabilidade do BACEN: • Exercer o monopólio da emissão de moeda. • Executar os serviços do meio circulante. 11 • Receber recolhimentos compulsórios das instituições financeiras. • Realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras. • Regular a execução dos serviços de compensação de cheques. • Efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais. • Exercer o controle de crédito, fiscalização e autorização do funcionamento das instituições financeiras. • Vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais. • Controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país. SAIBA MAIS Você sabia? A Casa da Moeda do Brasil é a empresa do Estado Brasileiro, sob a supervisão do Banco Central do Brasil que tem por missão, prover soluções de segurança nos segmentos de meio circulante (moeda em espécie) e pagamento, identificação, rastreabilidade, autenticidade, controle fiscal e postal de forma sustentável. Acessando ao link, você visualiza o processo de fabricação de cédulas que transitam em nas mãos de milhões e milhões de brasileiros todo dia como meio de pagamento de produtos e serviço. Vídeo: Casa da Moeda, produtos e serviços. Disponível em: <https://www.casadamoeda.gov.br/portal/negocios/produtos-e- servicos.html>. Acesso em: 1 de nov. 2018. 1.4.3. Comissão de Valores Mobiliários (CVM) A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em uma análise ampla, tem por finalidade principal fiscalizar e regulamentar o mercado de títulos e valores de renda variável (CVM, 2018). As Bolsas de Valores são entidades civis sem fins lucrativos em que são realizadas transações de compra e venda de títulos e valores mobiliários. Em análise mais criteriosa, sob o olhar da Portaria Nº 327/1977, em seu art. 3º da Lei nº 6.835/76 (B3, 2018), determina as seguintes atribuições: • Estimular a formação de poupanças e a sua aplicação em valores mobiliários. https://www.casadamoeda.gov.br/portal/negocios/produtos-e-servicos.html https://www.casadamoeda.gov.br/portal/negocios/produtos-e-servicos.html 12 • Promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de ações, e estimular as aplicações permanentes em ações do capital social de companhias abertas sob controle de capitais privados nacionais. • Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados da Bolsa de balcão. • Proteger os titulares de valores mobiliários e os investidores do mercado contra emissões irregulares de valores mobiliários, atos ilegais de administradores e acionistas controladores das companhias abertas, ou de administradores de carteira de valores mobiliários. • Evitar ou coibir modalidade de fraude ou manipulação destinadas a criar condições artificiais de demanda, oferta ou preço dos valores mobiliários negociados no mercado. • Assegurar o acesso do público a informações sobre os valores mobiliários negociados e às companhias que os tenham emitido. • Assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado de valores mobiliários. 1.4.4. Bolsa de Valores São associações civis, cujos patrimônios são constituídos por títulos patrimoniais adquiridos por seus membros às sociedades corretoras. Nas Bolsas de Valores, são negociáveis principalmente os títulos e valores mobiliários de emissão ou corresponsabilidade de companhias abertas, registradas na CVM. A essência da existência de Bolsas de Valores é dar liquidez aos títulos negociados, por meio de pregões consecutivos, bem como possibilitar a divulgação das informações necessárias para o bom funcionamento do mercado. As Bolsas de Valores normalmente trabalham com títulos e ações negociados no mercado spot, ou seja, à vista (BRITO, 2013). Entre as atividades das bolsas de valores destacam-se: • Fornecer local ou sistema adequado à realização de operações de compra e venda de títulos e valores mobiliários. • Fornecer no local ou sistema de todos os meios necessários à pronta e eficiente realização e visibilidade das operações. • Estabelecer sistemas de negociação que propiciem continuidade de preços e liquidez ao mercado de títulos e valores mobiliários. 13 • Criar mecanismos regulamentares e operacionais que possibilitem o atendimento, pelas sociedades corretoras membros, de quaisquer ordens de compra e venda dos investimentos. • Efetuar registro das operações e divulgá-las com rapidez e amplitude. • Preservar elevados padrões éticos de negociação, estabelecendo normas de comportamento para as sociedades corretoras e companhias abertas. • Fiscalizar e aplicar penalidades no limite de sua competência a infratores. • Conceder à sociedade corretora membro crédito para assistência de liquidez, com vistas a resolver situação transitória até́ o limite de sua competência; e • Fiscalizar os respectivos membros e suas operações. No caso do Brasil, a antigas e consolidadas Bolsas de Valores do Estado de São Paulo (BOVESPA) e a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), constituíram a partir de março de 2017, a BOLSA, BRASIL, BALCÃO, ou simplesmente B3. Essa nova Sociedade de capital aberto, cujas ações (B3SA3) são negociadas no Novo Mercado, já nasceu como uma das uma das principais empresas de infraestrutura de mercado financeiro no mundo, com atuação em ambiente de bolsa e de balcão. A Companhia integra os índices IBOVESPA, IBrX-50, IBrX e Itag, entre outros. Apresenta-se também como instituição de tradição e inovação em produtos e tecnologia sendo uma das maiores em valor de mercado, com posição global de destaque no setor de bolsassem todo o planeta (B3, 2018). Entre as atividades da bolsa de valores brasileira, estão inclusas a criação e administração de sistemas de negociação, compensação, liquidação, depósito e registro para todas as principais classes de ativos, desde ações e títulos de renda fixa até derivativos de moedas, operações estruturadas e taxas de juro e de commodities (ASSAF, 2015). 1.4.5. Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) Outra importante organização que você deve conhecer é a SUSEP. Esse órgão tem a importante função no mercado financeiro de regular transações e julgar problemas operacionais, nos quais seus membros possam estar interessados em que esteja relacionado as atividades de Seguros, Títulos de Capitalização e Previdência Privada Aberta (SUSEP, 2018). 14 As principais atribuições da Susep são: • Fiscalizar a constituição, organização, funcionamento e operação das Sociedades Seguradoras, de Capitalização, Entidades de Previdência Privada Aberta e Resseguradores. • Fixar diretrizes e normas da política de seguros privados. • Atuar no sentido de proteger a captação de poupança popular nos mercados supervisionados. • Zelar pela defesa dos interesses dos consumidores dos mercados supervisionados. • Promover o aperfeiçoamentodas instituições e dos instrumentos operacionais a eles vinculados. • Zelar pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado. • Fixar as características gerais dos contratos de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro. • Disciplinar a corretagem do mercado e a profissão de corretor. 1.4.6. Banco do Brasil (BB) O Banco do Brasil é hoje um conglomerado financeiro que muito se assemelha a um banco múltiplo. No entanto, ele ainda preserva algumas características de autoridade financeira, principalmente como órgão executor de política creditícia e financeira do governo brasileiro, principalmente no que tange ao crédito rural (BRITO, 2013). As principais funções do Banco do Brasil são: • Desempenhar as funções de órgão auxiliar da política de crédito do governo federal. • Realizar os pagamentos e suprimentos necessários à execução do Orçamento Geral da União. • Executar os serviços de compensação de cheques e outros papéis. • Financiar as atividades industriais e rurais, inclusive para a aquisição e instalação da pequena e média propriedade rural. • Captar depósitos de poupança com direcionamento dos recursos para o crédito rural. • Participar como intermediário financeiro nas operações de renegociação das dívidas de estados e municípios com o governo federal. 15 1.4.7. Caixas Econômicas (CAIXA) As Caixas Econômicas têm como objetivos principais a captação de economias populares para fomento à aquisição de casa própria, a concessão de empréstimos e financiamentos a programas de assistência social e a atuação como órgão executor de política de crédito governamental. Nesse contexto, vamos destacar a atuação da Caixa Econômica Federal (MENESES, 2015). As principais funções da Caixa Econômica Federal: • Receber depósitos a qualquer título, em especial os de economia popular, com o propósito de incentivar os hábitos de poupança. • Prestar serviços bancários de qualquer natureza, praticando operações ativas, passivas e acessórias, inclusive intermediação e suprimento financeiro. • Administrar, com exclusividade, os serviços das loterias federais. • Exercer o monopólio das operações de penhor civil. • Realizar quaisquer operações e atividades negociadas nos mercados financeiros interno ou externo. • Atuar como agente operador e principal arrecadador do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço — FGTS e Seguro-desemprego. • Efetuar serviços de arrecadação, controle das contribuições, Participação do Programa de Integração Social — PIS-Pasep. • Efetuar a recepção das Relações Anuais de Informações Sociais (Rais). • Conceder empréstimos e financiamentos de natureza social, em consonância com a política do governo federal. • Operar no setor habitacional como Sociedade de Credito Imobiliário, especialmente para classes da população mesmo favorecida economicamente. 1.4.8. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Fundado em 1952, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo e, hoje, o principal instrumento do Governo Federal para o financiamento de longo prazo e investimento em todos os segmentos da economia brasileira oferecendo taxas de juros diferenciadas do mercado, carência de pagamento e prazos mais dilatados em relação ao mercado. Para isso, apoia empreendedores de todos os portes, inclusive pessoas físicas, na realização de seus planos de modernização, de 16 expansão e na concretização de novos negócios, tendo sempre em vista o potencial de geração de empregos, renda e de inclusão social para o País. (BNDES, 2018). A instituição de desenvolvimento atua principalmente nas atividades de: • Industria e comercialização de máquinas e equipamentos, inclusive sistemas de informática. • Infraestrutura, transporte de carga, instalações portuárias, transporte aquaviário, armazenagem, transporte urbano, energia e telecomunicações. • Desenvolvimento agrícola. • Instalação e ampliação da capacidade produtiva agropecuária, privilegiando a incorporação. • Difusão de novos conhecimentos tecnológicos e mercado de capitais. Como prestador de serviços, o banco oferece financiamentos e prestação de garantias a empresas, participações societárias, garantia de subscrição de valores mobiliários e financiamentos a acionistas para aumento de capital de empresas e financiamentos a pessoas físicas para aquisição de equipamentos agrícolas (BRITO, 2013). 1.4.9. Instituições Financeiras Caracteriza-se como atividade financeira, aquela mediante a qual uma pessoa física ou jurídica disponibiliza dinheiro a outra, direta ou indiretamente. Diretamente, quando o numerário é entregue ao próprio financiado. Indiretamente, quando o numerário é entregue a terceiro, em benefício do financiado, geralmente sob a forma de adiantamento (OLIVEIRA, 2015). Vejamos agora a definição das atividades de uma Instituição financeira pautada por Oliveira (2015). Sob tais embasamentos, a atividade comercial tida como própria ou exclusiva de Instituição Financeira não deixa de ser, primariamente, uma atividade comercial de realização contínua de contratos de mútuo. O que vai diferir a atividade de financiamento própria ou exclusiva de Instituição Financeira da atividade de realizar simples contratos de empréstimo previstos na lei civil, é, acreditamos, a verificação concomitante de dois requisitos básicos, peculiares e exclusivos do primeiro mister, em substituição a todos os requisitos 17 atualmente vigentes: a) obtenção de lucro na atividade de emprestar, frente ao financiado ou a terceiro; e b) reinserção do resultado dos financiamentos no fluxo comercial específico, de forma manifesta ou presumida (OLIVEIRA, 2015). A partir de Assaf (2015, 37-45) apresentamos as diferentes formas de constituição de instituições financeiras privadas permitidas: • Sociedades de crédito, financiamento e investimento: realizam operações de crédito de médio e longo prazos, destacando-se por prestação de aceite ou aval em títulos cambiais para concessão de crédito direto ao consumidor. • Sociedades distribuidoras: tem por objetivo principal a subscrição, distribuição e/ou intermediação da colocação de títulos e valores mobiliários para venda, distribuição ou negociação, contribuindo para a captação e condução de poupança no mercado de capitais. • Sociedades corretoras: apresentam como principal característica operar em Bolsas de Valores, com títulos e valores mobiliários de negociação autorizada, comprando e vendendo títulos e valores mobiliários por conta de terceiros. • Agentes autônomos de investimento: são pessoas físicas que, após credencia- mento, realizam operações de colocação ou venda de títulos e valores mobiliários registrados no Banco Central do Brasil e na Comissão de Valores Mobiliários ou títulos de emissão ou coobrigação de instituição financeira, bem como colocação de cotas de fundos de investimentos (BRITO, 2013). • Sociedades arrendadoras: realizam operações de arrendamento de bens adquiridos de terceiros, com a finalidade de uso próprio da empresa arrendatária, constituindo a atividade de arrendamento mercantil. • Sociedades de investimento: efetuam operações relacionadas com a gestão de poupança voluntária interna e externa. A aplicação dos recursos é feita em carteira diversificada e selecionada de títulos e valores mobiliários. 18 • Bancos comerciais: são instituições financeiras, constituídas sob a forma de sociedades anônimas, especializadas particularmente em operações de curto e médio prazos. Essas operações consistem na captação de recursos do público mediante emissões de depósitos à vista e a prazo fixo para financiamento geral- mente em curto e médio prazos à indústria, ao comércio e ao público em geral.• Bancos de investimento: o objetivo próprio do banco de investimento é a prática de operações de participação ou de financiamento de médio e longo prazos, para suprimento oportuno e adequado de recursos necessários à formação do capital de giro de empresas do setor privado, mediante aplicação de recursos próprios e captação, intermediação e aplicação de recursos de terceiros (BRITO, 2013). • Bancos múltiplos: baseado na Resolução no 1.524/88, do Banco Central do Brasil foi autorizada a constituição de bancos múltiplos permitindo ao aos bancos comerciais, de investimento, de desenvolvimento, sociedades de crédito imobiliário e sociedades de crédito, financiamento e investimento organizarem-se em uma única instituição financeira, com personalidade jurídica própria, proporcionando assim vantagem na economia de custos. 1.5 Formas de Organização e Componentes influenciadores Brito (2013, p. 28) afirma que uma Organização pode ser conceituada de diversas maneiras em administração. Pode ser por exemplo, definida como o conjunto de pessoas orientadas, de forma organizada, à consecução de metas mediante gerenciamento da utilização de recursos humanos e materiais. Outra forma de definir organização é trazida também por Brito apud Chiavenato (2013, p. 35), citando que essa pode ser constituída através de “grupos de unidades combinadas que formam um todo organizado e cujo resultado é maior que o resultado que as unidades poderiam ter, se funcionassem independentemente”. As organizações também necessitam de uma organização interna. Tal forma de organização geralmente são orientadas ao cliente, ao desenvolvimento e a distribuição do produto, como etapas para a satisfação da necessidade maior do cliente. Agora veremos a partir de Brito (2013, p. 29-35) os principais tipos de organizações internas. 19 Estrutura Geográfica ou Territorial: presente em organizações com amplas atividades territoriais. A área de vendas, em muitas instituições financeiras, apresenta essa forma como abordagem ao cliente e como distribuição de produtos. Estrutura por Processo: esse tipo de estrutura é comum em manufaturas, sendo a organização interna fortemente influenciada pelo processo de produção, o que compreende as fases de produção e suas diversas inter-relações. Estrutura Tradicional: esta estrutura se caracteriza por um elevado nível de formalização e de unidade de comando determinada e formalizada, sendo que seus integrantes apresentam alto grau de especialização e linha vertical de comunicação interna com relação à autoridade. Estrutura por Cliente: é muito comum em instituições financeiras, a organização interna é evidenciada a partir da segmentação de mercado em que seus clientes são agrupados. A segmentação entre bancos de varejo e bancos de atacado é um exemplo de estrutura interna por cliente onde facilmente identifica-se os segmentos atacado, varejo e private. Estrutura por Produto: agrupam-se os profissionais por produto ou serviço, orientados geralmente por projeto ou pedido especifico. Em virtude de seu alto custo de manutenção, observa-se mais frequentemente esse tipo de estrutura, em organizações departamentais. Estrutura Celular: caracteriza-se por elevado índice de informalismo, estando presente em organizações menores, dada a grande dificuldade de controle e orientação. Os grupos ou células organizam-se com autonomia para planejar, executar e controlar tarefas. No caso da análise do ambiente em que as instituições financeiras atuam, se divide inicialmente, em duas partes: o externo e o interno. Iniciaremos pela análise do ambiente externo que considera três grupos: os agentes econômicos, políticos e sociais, a concorrência e os órgãos reguladores. Agentes Econômicos, Políticos e Sociais: trata-se de agentes acerca de ações onde o conhecimento das instituições financeiras é limitado e, portanto, o controle se apresenta com enorme dificuldade. Variáveis como taxa de juros, inflação, balança comercial, nível de atividade da economia, taxa de câmbio, índice de inadimplência, aprovação de medidas pelo Congresso, entre outras, fazem parte dessa análise. A montagem e a interpretação desses cenários é tarefa de alta complexidade. Constantemente as instituições financeiras, definem um conjunto de 20 variáveis atribuindo-lhes valores e probabilidades na tentativa de antecipar determinado cenário que a instituição esteja exposta (BRITO, 2013). Concorrência: possuem basicamente dois tipos de concorrentes: aqueles pertencentes ao setor privado e os pertencentes ao setor público. Nos dois grupos, a concorrência orienta-se de acordo com a segmentação de cada instituição financeira que normalmente procura processar e distribuir um produto ou serviço de forma diferenciada, concentrando esforços para que a necessidade dos clientes seja sempre satisfeita. Órgãos Reguladores: os órgãos reguladores desempenham expressivo papel ao se posicionarem como autoridades normativas e fiscalizadoras do sistema financeiro. As instituições financeiras operam sob regras definidas por essas autoridades, sendo fiscalizadas pelo Banco Central do Brasil, que avalia o cumprimento de tais normas. Ambiente Interno: essa análise deve iniciar-se com a clara definição da sua missão. Para isso, convém procurar responder a questões do tipo como é o banco e qual é seu propósito. A partir das respostas a essas indagações, há prosseguimento na elaboração de metas e objetivos. Metas e Objetivos: possibilitam ao banco alocar recursos de melhor forma para atingi-los. O primeiro passo nesse momento é dimensiona-las entre curto, médio e longo prazos. Outras situações importantes a serem definidas nesse momento são a meta de Retorno sobre o patrimônio, retorno sobre o ativo, margem financeira, fatia de mercado, política de controles internos, política de dividendos, valor de mercado da instituição. Análise Situacional: deve representar uma visão voltada para “como está a instituição no momento atual. Deve ser considerado para essa análise principalmente: a condição financeira atual da instituição com relação a patrimônio, a retorno sobre o ativo e a nível de alavancagem — sempre comparados com a concorrência; o nível dos produtos e serviços oferecidos, a base de clientes da instituição, os recursos humanos disponíveis e sua satisfação com a instituição, o relacionamento da instituição com as autoridades reguladoras. Análise SWOT: trata-se da avaliação das competências essenciais da instituição. Nesse sentido deverão ser estrategicamente analisados os pontos fracos, ou seja, áreas ou atividades que necessitam de melhorias ou reestruturação. A instituição deve fazer uma análise das oportunidades externas, como elas se apresentam e como aproveitá-las para obter vantagem competitiva. Também, deve estar atenta as ameaças, por exemplo a entrada de um novo 21 competidor no mercado, um conjunto de novas medidas econômicas ou os possíveis efeitos da globalização dos mercados. Conclusão do Bloco 1 Chegamos ao final do Bloco 1. Nesse bloco foi possível apresentamos a definição e a forma de organização do Mercado financeiro, a evolução histórica do sistema financeiro nacional a partir do encerramento da Segunda Guerra Mundial. Na sequência apresentamos o processo de formação da base monetária com o estudo dos M´s, representada pela definição matemática: BM = M1 + M2 M3 + M4. Discutimos também sobre os participantes do Sistema Financeiro Nacional, incluindo as autoridades monetárias, normativas e fiscalizadoras, assim como das instituições financeiras públicas e privadas com destaque para as instituições, Conselho Monetário Nacional (CMN), Banco Central do Brasil (BACEN), Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Bolsa de Valores, Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômicoe Social (BNDES). Para finalizar apresentamos as diferentes formas de organização das instituições financeiras (interna e externa), as diversas variáveis que impactam nessas formas de organização (estrutura por processo, tradicional, por cliente, e por produto, agentes econômicos, políticos e sociais, concorrência, metas e objetivos, analise situacional. Pronto. É isso. Esperamos ter contribuído com seu processo de aprendizagem. Obrigado e até a próxima. 22 Referências do Bloco 1 ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2015. AZEVEDO, Rita. Entenda o que é bitcoin. EXAME. Ed. Abril, 14 maio 2018. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/mercados/entenda-o-que-e-bitcoin/>. Acesso em: 7 set. 2018. BACEN. Banco Central do Brasil. O que é e o que faz o Banco Central. Disponível em <https://www.bcb.gov.br/pre/portalCidadao/bcb/bcFaz.asp?idpai=LAIINSTITUCIONAL>. Acesso em: 7 set. 2018. BANCO PACTUAL. Mercado Financeiro: o que é, como funciona e para que. Disponível em: <https://www.btgpactualdigital.com/blog/financas/mercado-financeiro>. Acesso em: 10 set. 2018. BOLSA BRASIL BALCÃO/B3. Institucional. Quem somos. Disponível em: <http://www.b3.com.br/pt_br/b3/institucional/quem-somos/>. Acesso em: 20 set. 2018. BNDES. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Quem somos. Disponível em: <https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/quem-somos>. Acesso em: 15 set. 2018. BRITO, Osias. Mercado financeiro. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013. CASA DA MOEDA. Produtos. Disponível em: <https://www.casadamoeda.gov.br/portal/negocios/produtos-e-servicos/meios-de- pagamento.html>. Acesso em: 5 set. 2018. CVM. Comissão de Valores Mobiliários. Sobre a CVM. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/menu/acesso_informacao/institucional/sobre/cvm.html>. Acesso em: 6 de set. 2018. ______. Comissão de Valores Mobiliários. Regimento. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/leis-decretos/anexos/PortariaMF-327- 77-regimento-da-cvm.pdf>. Acesso em: 15 set. 2018. MENESES, Anderson; MARIANO, Fabrício. Mercado financeiro. 2. ed. São Paulo: Ed. Método, 2015. OLIVEIRA, L. H. M. M. As instituições financeiras no direito pátrio: definição e caracterização da atividade própria ou exclusiva. Revista de informação legislativa, v. 36, n. 142, p. 75-84, abr./jun. 1999. Disponível em: < http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/477>. Acesso em: 29 nov. 2018. SUSEP. Superintendência de Seguros Privados. Disponível em: <http://www.susep.gov.br/menu/a-susep/apresentacao>. 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Apresentaremos os principais aspectos que envolvem as práticas administrativas sobre a venda e distribuição de ativos, os diferentes tipos de mercados, o perfil dos investidores. Por fim serão apresentadas as principais características dos produtos CDB, tesouro direto (títulos da dívida pública) e poupança. Ao final dessa apostila, desejamos que você tenha compreensão sobre o funcionamento e características dos principais produtos de investimentos ofertados no mercado financeiro brasileiro. E aí, vamos lá? Nossa discussão tem início a partir da análise das ações das instituições financeiras orientadas a viabilizar e identificar oportunidades. A instituição financeira tradicional caracterizou-se, principalmente, por ênfase na conta corrente, larga rede de distribuição e grandes investimentos em infraestrutura. 24 2.1 Área de Produtos e Serviços Segundo Brito (2013, p. 66), a busca por maior eficiência operacional e produtividade levou as instituições financeiras a repensarem o modelo de geração de valor para seus clientes e, consequentemente, para seus acionistas. Essas instituições surgem com necessidade de menor infraestrutura e geração de maiores opções para os clientes, adicionando valor em pelo menos quatro dimensões: velocidade no processamento de uma ordem ou transação, comodidade, segurança e menor custo. Esse redesenho necessariamente passa por uso intensivo de tecnologia. Grande parte dos serviços bancários migrou para o meio virtual, passando a ser disponibilizada eletronicamente. Os bancos passaram a oferecer produtos com características de pacote, processando vários produtos tradicionais em somente um, como cobrança e pagamento a fornecedores sendo agrupados como cash management, aumentando a comodidade e eficiência para o cliente. Ainda conforme Brito (2013, p. 76) fatores como: crescente turn over de clientes, alto custo para se atrair um cliente, fraca fidelização (clientes bem tratados, além de aumentar a utilização de produtos do banco, trocam-no com menor frequência) incentivaram os bancos a orientarem-se ao cliente, pesquisando suas principais causas de insatisfação, levando a desenvolvimento e implementação de políticas para atratividade e manutenção de clientes, procurando evidenciar-lhes a importância dos produtos e serviços prestados, como o uso da conta corrente para movimentação financeira, obtenção de crédito e assessoria financeira. Essa reorientação acabou por encontrar no banco virtual um meio para geração de maior comodidade aos clientes, velocidade na prestação de serviços e custos menores, impactados diretamente pelo uso intensivo de tecnologia, o que criou maior produtividade e consequente redução de determinados custos. Neste cenário, alguns produtos foram desenhados e consolidados, e a conta corrente aparece como o meio para realização desses serviços. Fortalece-se a figura do gestor financeiro, organizando e oferecendo um conjunto de produtos e serviços geradores de comodidade para os clientes. Essa nova abordagem caracteriza-se por uma administração mais otimizada de recursos financeiros ao cliente. (Brito, 2013) A maior automação propicia ao cliente controlar finanças, controlar compras, sacar dinheiro, pagar contas, obter financiamentos, obter assessoria financeira, maior conveniência, por meio de determinados canais, como Internet e call centers, acesso aos produtos e serviços, e derivação de clientes das agências para o meio eletrônico (BRITO, 2013). 25 Os gerentes comerciais desempenham papel fundamental nas instituições financeiras, pois, sem eles, a aproximação com os clientes é prejudicada. No perfil dos gerentes comerciais, algumas características devem estar presentes como: possuir boa capacidade de relacionamento comercial, conhecer muito bem os produtos do banco, saber como satisfazer aos clientes, tornando o banco seu parceiro, conhecer aspectos contábeis, fiscais e tributários dos produtos, conhecer a rentabilidade das operações, sabendo distinguir as alternativas que levam aos melhores resultados (ASSAF, 2015). Quando nos referimos aos produtos disponíveis, existe uma estrutura de classificação a qual detalharemos a partir de agora. A categoria de Aplicação e Captação, contempla produtos para o financiamento capital de giro e pessoafísica tais como Hot Money, capital de giro, crédito ao consumidor. Assaf (2015) aponta outra importante modalidade destinada aos financiamentos de órgãos governamentais através das operações de Finame e Finamex. Na sequência são apresentadas as Operações de posicionamento ofertadas nas modalidades de renda fixa e renda variável. Já as operações interbancárias que são indexadas pelo CDI ou câmbio. A oferta de produtos de Captação é subdivida em produtos nacionais (CDBs, CDI, depósitos à vista, Debêntures) e o produtos do mercado internacional (eurobonds/euronotes, certificate of deposits, e ADRs). Para finalizar estudaremos apresentamos a Administração de Recursos de Terceiros, que possui a missão de gerir grande patrimônio de recursos financeiros em fundos de renda fixa, fundos de renda variável, carteiras administradas, fundos de pensão e previdência privada. A Prestação de Serviços inicia e fortalece a relação entre clientes e instituições financeiras através de serviços de conta corrente, consultoria e cash management. 2.2 Venda e Distribuição O processo de venda e distribuição evidencia a orientação caracterizada principalmente pelo desenvolvimento de relacionamentos com empresas (aquisição de novos clientes, manutenção e expansão de negócios com clientes existentes); pela distribuição de todos os produtos do banco, utilizando-se, quando apropria- do, dos profissionais das áreas de produtos; como participante crítica no processo de crédito (qualidade, adequação, acompanhamento). A orientação de vendas de acordo com Brito (2013) vendas considera a Estratégia de Distribuição, 26 que é desenvolvida a partir dos canais de atendimento agências, home banking, call center e internet banking e as Mesas de Distribuição subdividida em mesas de clientes, de ativos, private e tesouraria. O processo de gestão de vendas compreende as seguintes análises e etapas: geração do negócio, controle do negócio, fechamento do negócio, gerenciamento dos retornos, qualificação do cliente prospectivo, Sistemas de Informação Gerencial (SIG) e o gerenciamento do relacionamento com o cliente (ASSAF, 2015). Na abordagem ao cliente é considerado o setor de atividade, sua localização geográfica e uma abordagem mista, unindo os setores de atividade por localização geográfica. A maior conectividade dentro do setor de atividade traz oportunidades adicionais, como maior conhecimento das mudanças nas indústrias do setor, maior compreensão e produtividade do futuro da indústria dentro do setor e melhor visibilidade da indústria perante seus concorrentes. A abordagem por setor de atividade possibilita melhor conhecimento da necessidade da indústria, uma vez que, por meio dessa abordagem, obtém-se visão integrada dos diversos componentes do setor (MENESES, 2015). 2.3 Tipos de mercado Para o melhor entendimento dos diferentes tipos de mercado, vamos primeiro abordar a dinâmica de fluxo de capitais e a atuação das entidades reguladoras. O governo, por meio da Secretaria do Tesouro Nacional, emite títulos para gestão do seu caixa, por exemplo, para financiar um déficit orçamentário. Esses títulos são comprados pelo Banco Central (BACEN, 2018). O Banco Central, por sua vez, converte para reais principalmente os valores em moeda estrangeira provenientes de emissões de títulos no mercado internacional, investimentos estrangeiros no Brasil e operações de comércio exterior. Os bancos compram títulos públicos de emissão local do governo brasileiro, nas chamadas operações de Open market do Banco Central (ASSAF, 2015). Entre as instituições financeiras, ocorrem negociações nas quais os bancos, com necessidades de recursos em curto prazo, captam os recursos com bancos que estão com recursos em 27 excesso. Esse mercado é chamado de mercado interbancário. No mercado interbancário, realiza-se a compra e a venda de títulos públicos e títulos privados, utilizando-se funding das instituições e de seus investidores, que são os Certificados de Depósitos Interbancários ou CDIs (BACEN, 2018). Por fim, os bancos concedem empréstimos a seus clientes e prestam diversos tipos de serviços, utilizando-se, geralmente, da conta corrente como meio para se efetivar as movimentações financeiras. Esses títulos fazem parte da carteira das instituições financeiras, fundos e clientes (MENESES, 2015). Os diversos tipos de mercado que se apresentam no sistema financeiro são: mercado interbancário, mercado de títulos públicos federais, mercado interbancário de reais, mercado de juros, mercado a termo, mercados futuros, mercado de opções, mercado de derivativos, mercado de ações, mercado futuro de ações, mercado monetário, mercado de câmbio e mercado de crédito. A partir de agora apresentaremos as principais características dos respectivos mercados conforme Brito (2013), Assaf (2015) e Menezes (2015). Então vamos lá! Mercado Interbancário: Este mercado é privativo dos bancos e dos brokers. Caracteriza-se pela intermediação financeira a poupadores e vendedores de moeda de forma geral, atuando também como canal de distribuição de títulos, utilizados como lastro do dinheiro transacionado. Mercado de Títulos Públicos Federais: Open Market Mercado secundário de títulos públicos, ou seja, de títulos já emitidos. O acerto financeiro se dá por meio de movimentação na conta reserva bancária. Os bancos utilizam-se do open market por meio de operações overnight para administrar diariamente o seu caixa, comprando e vendendo títulos federais, (TESOURO DIRETO, 2018). Os títulos adquiridos compõem as carteiras próprias das instituições financeiras, sendo também alocados aos fundos. O Banco Central utiliza esse mercado como parâmetro para formação do custo do dinheiro e para gerenciamento da liquidez na economia. Com isso, o open market é um instrumento de política monetária, influenciando a formação da taxa de juros (Selic) (B3, 2018). Mercado Interbancário de Reais: Nesse mercado, as instituições financeiras realizam suas operações com títulos privados, utilizando principalmente o CDI. O custo do dinheiro é muito próximo ao custo dos recursos over. 28 Mercado de Juros: a taxa de juros permite o estabelecimento de relações entre o presente e o futuro, constituindo elo fundamental entre o mercado financeiro e o setor produtivo da economia. Mercado a Termo: o comprador tem o direito de adquirir o ativo objeto (ação) por preço acertado entre as partes, e o vendedor tem a obrigação de entregar o contrato na data correta e com o preço definido. O contrato a termo geralmente é negociado no mercado de balcão e Bolsas (B3, 2018). As operações, em geral, concentram-se no prazo de 30 dias. As operações a termo são formalizadas em contratos específicos, emitidos e registrados na Bolsa. Possuem vantagens de operar nesse mercado tais como: menor desembolso inicial, possibilidade de vender ações a descoberto, possibilidade de realizar operação de financiamento, similar à operação de renda fixa, utilizando-se os papéis como lastro, obtenção de recursos, ao vender no mercado à vista ações e recomprá-las no mercado a termo. Mercado Futuro: os mercados futuros têm como objetivo básico prover a proteção aos agentes econômicos, com relação às variações nos preços de seus produtos e investimentos em ativos financeiros. Para seu funcionamento, os representantes dos compradores e dos vendedores se reúnem em um recinto específico, nas Bolsas, negociando contratos, fazendo com que as contrapartes (hedgers, especuladores e arbitradores) permaneçam no anonimato. Os contratos são padronizados: preço, quantidade e prazo de liquidação são específicos. Qualquer uma das partes pode liquidar seu contrato antes do prazo, revertendo sua posição (B3, 2018). Mercado de Opções: as opções são classificadas como opções decompra e opções de venda. Opção de compra é um contrato que permite adquirir, da parte lançadora da opção, deter- minada porção de um ativo objeto, sendo o preço previamente acertado em contrato no início da operação. A aquisição pode ocorrer a qualquer momento até o vencimento da operação. Esse ativo não precisa ser negociado em Bolsa, desde que as partes concordem com suas características (B3, 2018). A opção de venda também é formalizada por meio de um contrato, possibilitando ao comprador vender porção de um ativo objeto por um determinado preço de exercício, até o vencimento do contrato. Ainda no campo das classificações, as opções são divididas em americanas e europeias. A diferença básica é relativa ao direito de exercício da opção. No caso das opções americanas, o comprador de uma opção de compra pode exercê-la no período compreendido entre a compra da opção e o vencimento do contrato. Já com as 29 opções europeias, o direito de exercer a opção só pode ser realizado no vencimento do contrato (BRITO, 2013). Mercado de Derivativos: o termo derivativos é geralmente utilizado para determinar instrumentos financeiros que derivam ou dependem do valor de outro ativo. São divididos em operações de financiamento, arbitragem e especulação (B3, 2018).. Os derivativos são geralmente transacionados tendo como base o valor nocional, ou seja, um valor que representa o total global objeto da negociação, sendo o efeito no resultado uma variação de preço, taxa ou índice sobre esse montante (BRITO, 2013). Mercado de Ações: este mercado é muito importante como fonte de financiamento de longo prazo para as organizações. Possibilita a obtenção de liquidez para os investidores, criando um ciclo virtuoso para o desenvolvimento das economias (B3, 2018). Mercado Futuro de Ações: representa alternativa de investimento para os investidores. Neste mercado, ocorre a compra e a venda de ações anteriormente autorizadas, a um preço acordado entre as partes, para liquidação em data futura determinada. Somente ações autorizadas são negociadas, geralmente as de maior liquidez no mercado à vista. O encerramento antecipado de posições ocorre simplesmente pela realização da operação oposta pela parte interessada em encerrar sua participação no mercado (B3, 2018). Mercado de câmbio: abrange todo o tipo de operação financeira em que há troca ou conversão de valor entre moedas. O fato de a maioria dos países do mundo terem uma moeda própria torna necessárias as operações de câmbio para a realização de transações de comércio exterior, investimento estrangeiro direto, investimentos em ações de empresas ou outros ativos financeiros em países diferentes, empréstimos externos, viagens, transferências financeiras internacionais, remessa de lucros e compras no exterior (BRITO, 2013). Mercado Monetário: a principal característica deste mercado é ser formado por operações de curto prazo, geralmente inferiores a um ano. São negociados títulos públicos, emitidos pelo Governo Federal, através do Banco Central (BACEN), para controlar a quantidade de dinheiro circulando na economia e alguns títulos privados emitidos por instituições financeiras. 30 Mercado Crédito: as operações no mercado de crédito são geralmente realizadas por instituições financeiras e englobam as operações de crédito a pessoas físicas e pessoas jurídicas, como empréstimos, financiamentos, cheque especial. 2.4 Perfil dos investidores Uma questão relevante a ser compreendia são os fatores que afetam a decisão de poupar pelos investidores. A possibilidade de efetuar poupança depende basicamente de três fatores: da capacidade de poupar, do desejo de poupar e das oportunidades de poupar. A capacidade de poupar diz respeito ao nível de renda do indivíduo. O desejo e a oportunidade de poupar devem ser analisados em conjunto, visto que existe uma correlação direta entre os termos (MENESES, 2015). O desejo de poupar diz respeito às motivações que as pessoas possam sentir para poupar. As oportunidades para poupar respondem ou não por estas motivações, e, via de regra, estimulam o desejo de poupar. Como oportunidades para poupar, nos referimos à existência de variados instrumentos de captação de poupanças, instrumentos que satisfaçam ao mercado, segundo as diversas pautas de exigências das pessoas em termos de prazos, riscos, benefícios futuros esperados etc. Neste caso, faz-se referência à existência de uma oferta diversificada de ativos financeiros (BRITO, 2013). Vamos ampliar a discussão ressaltando agora aspectos que a diferenciação entre os perfis existentes de investidores. Tradicionalmente os perfis de investidores são divididos em 3 categorias distintas. Essa forma de classificação é considerada importante para orientar as escolhas de produtos compatíveis com seus objetivos, de acordo com a sua tolerância a risco e as suas expectativas de investimento. Normalmente as instituições financeiras definem o perfil do investidor através de um questionário que capta informações sobre o quão conservador ou experiente o investidor é. Com base nesse perfil é possível ter acesso a determinados tipos de investimentos (ASSAF, 2015). O perfil Conservador, prioriza a segurança como ponto decisivo para as suas aplicações, o ideal é manter percentual maior da sua carteira de investimentos em produtos de baixo risco, mas pode investir uma pequena parcela em produtos que ofereçam níveis de riscos diferenciados, com objetivo de atingir ganhos no longo prazo (BANCO DO BRASIL, 2018). 31 Já o perfil Moderado, deseja segurança nos seus investimentos, mas também aceita investir em produtos com maior risco que podem proporcionar ganhos melhores no longo prazo. Diversificar é a estratégia indicada para os investimentos de clientes com esse perfil. Por fim o perfil Arrojado, busca possibilidade de maiores ganhos no longo prazo, para isso aceita correr mais riscos. Para proteger seu patrimônio, o indicado é aplicar parte de seus investimentos em produtos de baixo risco. Para definir o perfil do investidor de acordo com Assaf (2015) é importante a reflexão sobre algumas questões importantes, tais como: Você está começando a vida profissional, no auge da carreira ou perto da aposentadoria? Em seguida, você aceitaria riscos na expectativa de que a longo prazo seu patrimônio possa se multiplicar ou teria dificuldade para lidar com oscilações? Na sequência, você considera o universo dos investimentos obscuro ou está disposto a desvendá-lo e escolher com critério onde colocar seu dinheiro? E ainda, você tem metas ambiciosas de acumular patrimônio ou basta viver com conforto? As respostas serão determinantes para iniciar e compor a carteira de investimentos. É preciso que você se conheça bem para obter uma alocação de recursos realmente compatível com o seu perfil de investidor em cada fase da vida. Definido o perfil do investidor deve-se elaborar um plano de ação para os seus investimentos estruturado em 4 passos: planejar, executar, diversificar e monitorar (BANCO DO BRASIL, 2018). Vamos detalhar cada um deles. Planejar: essa fase é dedicada para que sejam avaliados os objetivos e expectativas do investidor frente ao acúmulo de recursos para investi-lo de forma a otimizar seus lucros. Executar: escolha investimentos de acordo com as expectativas da etapa de planejamento. Se, por exemplo, a previsão do seu sonho é realizá-lo em até 5 anos, você pode buscar títulos do Tesouro Direto, Certificados de Depósito Bancário (CDB) ou investir em ações. Por outro lado, caso esse sonho supere os 5 anos, você pode investir em ativos com maior rentabilidade em detrimento de uma menor liquidez como nos fundos de investimentos em renda fixa, títulos públicos, LCI, LCA ou CDB. Diversificar: aplique o dinheiro em vários produtos para aumentar a rentabilidade de seu capitale, evitar riscos de perdas. Nesse sentido é importante considerar seu perfil de investidor. Para diversificar suas reservas, você pode colocar uma parte do seu dinheiro em títulos de renda fixa, 32 que costumam ser mais seguros, e outro percentual em ativos que proporcionem alta rentabilidade aos investidores. Monitorar: acompanhamento das aplicações identificando se o capital aplicado está rendendo como esperado. De tempos em tempos, é necessário reavaliar os seus ganhos e refletir se eles serão suficientes para realização das metas estabelecidas (BANCO DO BRASIL, 2018). 2.5 Rentabilidade e práticas administrativas Nesse momento passaremos a apresentar as principais modalidades de investimentos disponíveis no mercado financeiro brasileiro, ressaltando os aspectos de rentabilidade dos ativos, riscos, garantias, tributação, liquidez, vantagens e desvantagens. Iniciaremos nossa discussão apresentando a instituição que possibilita garantia de recebimento dos recursos investidos ou parte dele em situações de falta de liquidez da instituição responsável pela gestão do produto de investimento escolhido pelo investidor (FGC, 2018). Estamos falando do FGC. Fundo Garantidor de Crédito (FGC) - Desde a década de 90, por conta da crescente preocupação das autoridades com a estabilidade do sistema financeiro, começaram a surgir, de maneira formal, os sistemas de garantia de depósito, o que acabou se tornando uma verdadeira tendência mundial oferecer instrumentos de acompanhamento e controle que formam espécies de redes de proteção. Empréstimos de última instância, regulação eficaz, fiscalização eficiente, estrutura legal adequada e proteção direta a depositantes, por meio de um sistema garantidor, são alguns dos componentes dessa rede e visam um sistema bancário sólido e saudável. É dentro desse contexto que, em agosto de 1995, uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) autoriza a autoriza a criação do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) uma associação civil, sem fins lucrativos, com personalidade jurídica de direito privado que passa a dar a garantia ordinária aos investidores do mercado financeiro nacional na quantia de até R$250.000,00 por CPF. É necessário esclarecer que essa garantia não contempla todas as modalidades de investimentos disponíveis (FGC, 2018). Nesse sentido, fazem parte da garantia ordinária proporcionada pelo FGC os seguintes créditos: Depósitos à vista ou sacáveis mediante aviso prévio; Depósitos de poupança; Letras de câmbio (LC); Letras hipotecárias (LH); Letras de crédito imobiliário (LCI); Letras de crédito do agronegócio (LCA); Depósitos a prazo, com ou sem emissão de certificado RDB (Recibo de Depósito Bancário) e CDB (Certificado de Depósito Bancário); Depósitos mantidos em contas 33 não movimentáveis por cheques destinadas ao registro e controle do fluxo de recursos referentes à prestação de serviços de pagamento de salários, vencimentos, aposentadorias, pensões e similares; Operações compromissadas que têm como objeto títulos emitidos após 8 de março de 2012 por empresa ligada. Agora vamos apresentar os principais produtos de investimentos disponíveis no sistema financeiro nacional. Iniciaremos pela poupançav(FGC, 2018). Poupança: Com mais de 40 milhões de poupadores, a caderneta de poupança é o investimento mais popular do país. A aplicação financeira é bastante simples porque é isenta de Imposto de Renda e taxas de administração. Mas o retorno do investimento é atualmente bastante baixo. A regra de remuneração vigente desde 04 de maio de 2012 determina que, para cálculo dos juros, seja observado o índice de 0,5% ao mês, sempre que a meta da taxa SELIC for maior que 8,5% a.a. Se a meta da SELIC for igual ou inferior a 8,5% a.a., o índice corresponderá a 70% da meta. Essa modalidade de investimento conta com a garantia do FGC limitado a R$250.000,00 por CPF (CAIXA, 2018). Fundos de investimentos: trata-se de um tipo de aplicação financeira que reúne recursos de um conjunto de investidores (cotistas), com o objetivo de obter lucro com a compra e venda de títulos e valores mobiliários, de cotas de outros fundos ou de bens imobiliários, no Brasil e no exterior. A soma de todos os recursos aplicados no fundo por seus vários investidores constitui o patrimônio do fundo e, ao investir em um fundo, o dinheiro aplicado é convertido em cotas, as quais representam frações desse patrimônio. Cada investidor (cotista) possui um número de cotas proporcional ao valor total de seus investimentos. Assim, quanto maior for o valor investido, mais cotas terá o investidor (ADVFN, 2018). O valor da cota do fundo de investimento é calculado diariamente por meio da divisão de seu patrimônio líquido pelo número total de cotas em circulação. O patrimônio líquido é calculado pela soma do valor de todos os ativos que constituem os investimentos do fundo, descontando as obrigações, inclusive aquelas relativas à sua administração. O mercado de fundos é regulado e fiscalizado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que é uma instituição não ligada a nenhuma gestora ou instituição financeira. 34 Essa modalidade de investimento possui ótimo grau de liquidez, sendo comum o investidor utilizar os fundos como uma reserva de emergência. Também, todos os fundos devem ter em seu regulamento a política de investimento, o grau de risco e a exposição da carteira em determinados ativos conforme determina a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA). Essa mesma instituição, divide a indústria de fundos em 10 classes, que são: Renda Fixa, Ações, Multimercados, Cambial, Previdência, ETF, FIDC – Fundo de Investimento em Direito Creditório, FIP – Fundo de Investimento em Participações, FII – Fundo de Investimento Imobiliário e Off Shore (ADVFN, 2018). SAIBA MAIS Você sabia? Segundo a Anbima (Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais) a marca histórica é resultado da captação líquida próxima de R$ 220 bilhões entre janeiro e outubro de 2017, montante 118% superior ao registrado no mesmo período de 2016. Os R$ 4 trilhões contabilizados correspondem a 66,3% do PIB (Produto Interno Bruto) e atualmente são 13 milhões de contas (PF e PJ) que investem em fundos. Porém os fundos de investimentos não possuem cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) em caso de quebra da instituição administradora dos recursos. Vídeo: Acessando esse link você saberá mais sobre o fundo garantidor de crédito (FGC). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=DcetUfBalJo&feature=youtu.be>. Tesouro Direto: O Tesouro Direto é um Programa do Tesouro Nacional desenvolvido em parceria com a BM&F Bovespa (atualmente B3) a partir de 2002, para venda de títulos públicos federais para pessoas físicas, por meio da internet que permite aplicações de R$ 30,00. Esse produto contribuiu para a diversificação e complementação das alternativas de investimento disponíveis no mercado, ao oferecer títulos com diferentes tipos de rentabilidade (prefixada, ligada à variação da inflação ou à variação da taxa de juros básica da economia - Selic), de prazos de vencimento que oferece boa rentabilidade e liquidez diária, mesmo sendo a aplicação de menor risco do mercado (TESOURO DIRETO, 2018). https://www.youtube.com/watch?v=DcetUfBalJo&feature=youtu.be 35 Cabe ressaltar que os títulos públicos são negociados apenas escrituralmente, isto é, não existe um documento físico que representa o título. O investidor terá a garantia da aplicação por meio do número de protocolo gerado a cada operação e o título adquirido ficará registrado no seu CPF, podendo ser consultado a qualquer tempo por meio do seu extrato no site do Tesouro Direto. No Tesouro Direto você pode escolher entre dois tipos de títulos: Títulos Prefixados: investidor sabe exatamentea rentabilidade que irá receber se mantiver o título até a data de vencimento. Para cada unidade de título, o valor bruto a ser recebido no vencimento é de R$1.000,00. Esses títulos são indicados se você acredita que a taxa prefixada será maior que a taxa de juros básica da economia (Selic). Os títulos disponíveis nessa modalidade são: Tesouro Prefixado (LTN) e Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (NTN-F). Títulos Pós-fixados: Neste caso, os títulos têm seu valor corrigido por um indexador (taxa básica de juros – Selic ou inflação - IPCA). Assim, a rentabilidade da aplicação é composta por uma taxa predefinida no momento da compra do título mais a variação de um indexador. Os títulos disponíveis nessa modalidade são: Tesouro Selic (LFT), Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (NTN-B) e Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal). Certificado de Depósito Bancário (CDB): são títulos de renda fixa que servem como captação de recursos dos bancos. Em outras palavras, são empréstimos que o cliente faz para o banco em que é correntista. A rentabilidade vem dos juros pagos pela instituição ao cliente pelo empréstimo do dinheiro ao fim do término do contrato. A aplicação inicial varia conforme o banco. O resgate pode ser feito a qualquer momento, desde que já se tenha passado o prazo mínimo da aplicação, que varia de 1 dia a 12 meses, dependendo do tipo de rentabilidade escolhida. Se isso acontecer antes, não haverá rendimentos. Há possibilidade de negociar as taxas de remuneração dependendo do valor investido e por tabela aumentar a rentabilidade do fundo. As taxas podem ser pré ou pós-fixada (indexados ao CDI) O risco é considerado baixo por se tratar de um investimento de renda fixa (RICO, 2018). 36 Letra de Câmbio (LC): são títulos de renda fixa, como o CDB, oferecidas por sociedades de crédito, investimento e financiamento, conhecidas como Financeiras, onde o emitente é o devedor, o beneficiário é a pessoa física ou jurídica que investe o seu dinheiro, e o aceitante é a financeira, possui rentabilidade diária, prefixadas ou pós fixados, maiores que a poupança, baixo risco, proteção do FGC e sofre tributação de IR (RICO, 2018). Letra de Crédito Imobiliário (LCI): A LCI é a Letra de Crédito Imobiliário. Ela é um investimento de renda fixa emitido pelos bancos. Os recursos captados pelo emissor são utilizados para o financiamento das atividades do setor imobiliário. Em troca, ele oferece uma taxa de rentabilidade anual que é definida no momento da compra. A LCI também possui uma data de vencimento estabelecida (RICO, 2018). Letra de Crédito do Agronegócio (LCA): Ela também é um título renda fixa emitido pelos bancos. A diferença para a LCI é o foco de investimento. Neste caso, a captação é direcionada para financiar as atividades do setor do agronegócio. Assim como para a LCI, a taxa de rentabilidade e a data de vencimento são definidas no momento da compra (RICO, 2018). 2.5.1. Área administrativa Agora vamos falar sobre a área administrativa que fornece suporte as demais áreas das instituições financeiras. Essa área tem como função básica responder pelas atividades voltadas ao processamento, formalização, custódia e liquidação financeira das operações e negócios do banco, para assegurar um adequado apoio administrativo a todos os segmentos de negócios. Segundo Brito (2013, p. 66-69), suas principais atividades são: • Coordenar as atividades ligadas ao controle financeiro e liquidação financeira, assegurando que os sistemas adotados ofereçam total segurança, confiabilidade e que estejam de acordo com a legislação vigente. • Coordenar as atividades da área de suporte ao usuário, responsável pelo suporte técnico aos usuários na utilização de softwares básicos em microcomputadores e compra ou manutenção de hardware. 37 • Coordenar as atividades da área de reengenharia, responsável pela definição ou elaboração de procedimentos, formulários da instituição. • Coordenar as atividades da área de recursos materiais: telefonia, comunicação, manutenção ou alterações das instalações, suprimentos, almoxarifado, malote/correio, frota de veículos, seguros patrimoniais. • Representar a instituição perante entidades oficiais e privadas em assuntos relacionados com as responsabilidades da função. Há também subáreas no campo administrativo que desenvolvem atividades primordiais para que o atendimento a demanda de clientes seja atendida. Nesse caso destacaremos a partir de agora as áreas de Recursos materiais, Controle Financeiro, Processamento das Operações no Mercado Internacional e de Operações de Comércio Exterior Atividades. Iniciaremos pela área de Recursos Materiais. Essa área responde pelas atividades de suprimentos, almoxarifado e serviços gerais, manutenção dos sistemas elétricos, hidráulicos, telefonia e civil da organização e executar serviços de manutenção no sistema de telefonia e elétrico. Já o departamento de Controle Financeiro reponde pela operacionalização do fechamento das operações de tesouraria, investimentos e fundos, gerencia e controla os procedimentos formais a serem executados, confere e analisa o preenchimento de toda a documentação e conciliação com as clearing, desenvolve e implementa procedimentos manuais e automatizados (Brito, 2013), visando a otimizar a qualidade e precisão dos aspectos operacionais dos procedimentos adotados, coordena o processamento, custódia, liquidação financeira das operações de renda variável, fundos e carteiras administradas, controla atividades de liquidação financeira, incluindo compensação, liberação de DOC eletrônico e liberação de TED, controla e processa as operações de renda variável, coordena e executa o processamento, a liquidação física (custódia) de operações de renda variável e renda fixa (ASSAF, 2015). O departamento de Processamento das Operações no Mercado Internacional orienta e apóia diretoria, gerentes, clientes e unidades do banco na condução e tratamento de operações envolvendo as unidades externas, garante sigilo das operações de depósitos em contas correntes, supervisiona e controlar as atividades de back office das unidades externas, supervisiona, aprova e libera as operações envolvendo contas de não residentes; e fornece suporte a negociações, criação e aperfeiçoamento de controles e registros. 38 Por fim, a área de Processamento de Operações de Comercio Exterior Atividades que tema incumbência de zelar pela execução das rotinas das operações de câmbio e comércio exterior, administrar a abertura de cartas de crédito, operações de desconto de saques e pré pagamento de exportação e de operações estruturadas, apoiar os gerentes comerciais, de câmbio e clientes nos aspectos operacionais de câmbio e comércio exterior em agências no exterior, elaborar contratos padrao e, no caso de operação que não seja padrao, acompanhar as alterações no jurídico. Conclusão do Bloco 2 Chegamos ao final do Bloco 02. Nesse bloco foi possível apresentarmos os aspectos presentes no processo de venda e distribuição de produtos e serviços nas instituições financeiras, incluindo as responsabilidades do gerente comercial, a composição das diferentes mesas de operações de tesouraria e private. Em seguida apresentamos os diferentes mercados que se apresentam no sistema financeiro nacional, incluindo o mercado interbancário, mercado de títulos públicos federais, mercado interbancário de reais, mercado de juros, mercado a termo, mercados futuros, mercado de opções, mercado de derivativos, mercado de ações, mercado futuro de ações, mercado monetário, mercado de câmbio e mercado de crédito. Na sequência apresentamos os diferentes produtos de investimentos ofertados no sistema financeiro tais como: Poupança, Fundos de Investimentos, Tesouro Direto, Letras de câmbio (LC); Letras de crédito imobiliário (LCI); Letras de crédito do agronegócio(LCA); e CDB (Certificado de Depósito Bancário). Para finalizar apresentamos a área administrativa que fornece suporte as demais áreas através de atividades voltadas ao processamento, formalização, custódia e liquidação financeira das operações e negócios do banco, para assegurar um adequado apoio administrativo a todos os segmentos de negócios. Pronto. É isso. Esperamos ter contribuído com seu processo de aprendizagem. Obrigado e até a próxima. 39 Referências do Bloco 2 ADVFN. O que são fundos de investimentos. Disponível em: <https://br.advfn.com/investimentos/fundos/o-que-sao-fundos>. Acesso em: 15 out. 2018. ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2015. BANCO DO BRASIL. Análise de Perfil do Investidor. Disponível em: <https://www.bb.com.br/pbb/pagina-inicial/voce/produtos-e-servicos/investimentos/analise- de-perfil-do-investidor#/> Acesso em: 18 set. 2018. BANCO PACTUAL. Mercado Financeiro: o que é, como funciona e para que. Disponível em: <https://www.btgpactualdigital.com/blog/financas/mercado-financeiro>. Acesso em: 10 set. 2018. BRASIL.GOV.BR. Conheça as diferenças entre CDB e RDB. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2011/09/conheca-as-diferencas-entre-cdb-e- rdb>. Acesso em: 15 out. 2018. BRITO, Osias. Mercado financeiro. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013. CAIXA. Investimentos na poupança e investimentos. Disponível em <http://www.caixa.gov.br/voce/poupanca-e-investimentos/poupanca/Paginas/default.aspx>. Acesso em: 15 out. 2018. FGC. Fundo Garantidor de Crédito. Sobre a Garantia. Disponível em: <https://www.fgc.org.br/garantia-fgc/sobre-a-garantia-fgc>. Acesso em: 15 out. 2018. HERNANDES, V. Jornal do Dinheiro. Diferença entre CDB e LCI. Disponível em: <https://jornadadodinheiro.com/investir/diferenca-cdb-lci/>. Acesso em: 15 out. 2018. MENESES, Anderson; MARIANO, Fabrício. Mercado financeiro. 2. ed. São Paulo: Ed. Método, 2015. QUERO INVESTIR. O que são fundos de investimentos. Disponível em: <https://www.euqueroinvestir.com/o-que-sao-fundos-de-investimento/>. Acesso em: 15 out. 2018. RICO. Guia do investidor LCI e LCA. Disponível em: <https://blog.rico.com.vc/guia-investidor-lci- e-lca>. Acesso em: 15 out. 2018. TESOURO DIRETO. Conheça o Tesouro Direto. Disponível em: <http://www.tesouro.gov.br/tesouro-direto-conheca-o-tesouro-direto> Acesso em: 15 out. 2018. TORORADAR. Letras de câmbio rendimento e o que é. Disponível em: <https://www.tororadar.com.br/investimentos/letra-de-cambio-rendimento-o-que-e>. Acesso em: 15 out. 2018. https://br.advfn.com/investimentos/fundos/o-que-sao-fundos https://www.bb.com.br/pbb/pagina-inicial/voce/produtos-e-servicos/investimentos/analise-de-perfil-do-investidor#/ https://www.bb.com.br/pbb/pagina-inicial/voce/produtos-e-servicos/investimentos/analise-de-perfil-do-investidor#/ https://www.btgpactualdigital.com/blog/financas/mercado-financeiro http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2011/09/conheca-as-diferencas-entre-cdb-e-rdb http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2011/09/conheca-as-diferencas-entre-cdb-e-rdb http://www.caixa.gov.br/voce/poupanca-e-investimentos/poupanca/Paginas/default.aspx https://www.fgc.org.br/garantia-fgc/sobre-a-garantia-fgc https://jornadadodinheiro.com/investir/diferenca-cdb-lci/ https://www.euqueroinvestir.com/o-que-sao-fundos-de-investimento/ https://blog.rico.com.vc/guia-investidor-lci-e-lca https://blog.rico.com.vc/guia-investidor-lci-e-lca http://www.tesouro.gov.br/tesouro-direto-conheca-o-tesouro-direto https://www.tororadar.com.br/investimentos/letra-de-cambio-rendimento-o-que-e 40 BLOCO 3: CRÉDITO Caro aluno, convido-o a partir desse momento a compreender o funcionamento da área de crédito nas instituições financeiras. Apresentaremos as principais práticas administrativas que envolvem a concessão e gestão de crédito, os principais produtos que são disponibilizados aos clientes considerando as características e capacidade de honrar compromissos futuros. Discutiremos também as formas de garantias solicitadas pelas instituições financeiras na concessão de crédito. Por fim serão apresentadas as principais formas de concessão e gestão de crédito. Ao final dessa apostila, desejamos que você tenha compreensão sobre o funcionamento e características dos principais produtos de crédito ofertados no sistema financeiro brasileiro. E aí, vamos lá? Iniciamos apresentando a definição de crédito. Segundo Ferreira (2004) esse termo é derivado de uma relação de confiança entre a parte que detém o bem ou recurso e a que pretende tomá- lo. A palavra crédito tem origem no latim creditu e significa segurança de que alguma coisa é verdadeira, confiança. Portanto, acredita-se que o tomador vai honrar seus compromissos com o credor. Afinal, aquele que cede um bem ou recurso a terceiro espera recebê-lo de volta depois de determinado período de tempo. Contudo, para se estabelecer um clima de fidúcia entre as partes necessita-se de conhecimento. Diante da impossibilidade de obter uma noção profunda de seus clientes que gere segurança na concessão de seus empréstimos e financiamentos, os bancos precisam utilizar as ferramentas da análise de crédito, as quais têm por finalidade identificar, analisar e sistematizar informações sobre o tomador, verificando sua performance e solidez, a fim de diminuir os riscos inerentes às operações de crédito (FERREIRA, 2004). 41 3.1 Teorias de crédito Passamos a evidenciar as principais teorias presentes na análise de crédito que reúnem informações do cliente para o estabelecimento de seu conceito frente ao sistema financeiro nacional. Por se referir à troca de um valor presente por uma promessa de reembolso futuro, no período poderão ocorrer mudanças que talvez afetem esse retorno, os chamados fatores de risco. Segundo Banco do Brasil (2004), “os fatores de risco são chamados de Cs do crédito. As instituições financeiras estabelecem os seis seguintes: Caráter, Capacidade, Condições, Capital, Conglomerado e Colateral. ” Com o objetivo de aprimorar a gestão da carteira de crédito, as instituições financeiras adotam novas metodologias de análise de risco. Sua utilização permite determinar com maior precisão o perfil de risco do cliente, conferindo maior segurança para o capital emprestado. Para realizar a análise, o analista financeiro recorre ao uso de duas técnicas: a subjetiva e a objetiva ou estatística. O processo subjetivo baseia-se na sua experiência, sensibilidade e disponibilidade de informações quanto à viabilidade do empreendimento (UFSC, 2008). O objetivo ou estatístico, por definição, orienta-se pelos demonstrativos contábeis, índices econômico-financeiros, entre outros. Na análise do devedor é relevante a observância dos seguintes parâmetros: situação econômico-financeira, grau de endividamento, capacidade de geração de resultados, fluxo de caixa, administração e qualidade de controles, pontualidade ou atrasos nos pagamentos, contingência, setor de atividade econômica, dentre outros. (GITMAN, 2004). O objetivo do processo de análise de crédito é o de averiguar a compatibilidade do recurso solicitado com a capacidade financeira de pagamento do cliente ou tomador. Com a finalidade de complementar as informações utilizadas na apuração do montante a ser colocado à disposição do cliente, os bancos coletam dados adicionais que possam influenciar a sua atividade (UFSC, 2008). As instituições financeiras captam recursos e repassam os mesmos para terceiros correndo o risco de não receber. Assim, o empresário que solicita crédito em uma instituição financeira deve apresentar documentos que comprovem a sua capacidade de pagamento. Dentre os documentos podemos citar os últimos balanços, contratos, sócios e outros (GITMAN, 2004). Com estes dados e mais informações do gerente da conta, o analista decrédito analisa o 42 comportamento da empresa determinando a disposição ou não da instituição financeira efetuar a operação e o seu limite. 3.1.1 Os C´s do crédito Uma metodologia de analise muito difundida entre as instituições do mercado financeiro é a dos C’s do Crédito, baseando-se em fatores objetivos e subjetivos. conforme Silva (2008) as variáveis do crédito estão relacionadas ao risco do cliente, que será base para a classificação do risco, também conhecido como Rating. Para Gitman (2007) a análise por meio dos C´s do crédito não produz uma decisão específica de aceitação ou rejeição e, portanto, seu uso requer a intervenção de um analista experimentado o estudo de pedidos e em decisões de concessão de crédito. A aplicação desse enfoque tende a garantir que os clientes da empresa paguem seus débitos, sem que sejam pressionados, dentro prazo de crédito estabelecido. Estes seis grupos de informações, definidos como C’s do Crédito, são os seguintes: Caráter: Miura e Davi (2000, p. 50), entendem que a avaliação do caráter do tomador de crédito integra o que é denominado risco técnico. Deve analisar o comportamento do cliente no mercado de crédito, levando em consideração a idoneidade, o compromisso em honrar dívidas, a pontualidade. Podendo o credor utiliza-se de consultas a órgãos de proteção ao crédito, como o Serasa, antes de conceder linhas de crédito. Gitman (2007, p. 521) coloca tal variável como uma análise do histórico do cliente em termos de cumprimento de suas obrigações. Pode-se identificar o caráter através de informações internas e externas do cliente. As informações internas podem ser consultadas no próprio âmbito de trabalho. De posse de tais informações, o credor deve verificar a maneira de como o cliente tem se comportado no mercado financeiro. Nessa etapa a empresa, no caso a credora, deve verificar a reputação do cliente, se existe algum fato que o desabone. Pode ser recorrido a fornecedores para que seja informado o hábito de pagamento do cliente, e essas informações complementem a análise de crédito. Concluindo, trata-se de informações referentes à índole, idoneidade e reputação do cliente (UFSC, 2008). Capacidade: A capacidade é mensurada com base nas receitas e despesas que a empresa tem, se estas permitem o cumprimento das obrigações no mercado. Este “C” deve fornecer informações que possibilitem avaliar se as receitas e despesas permitem o cumprimento das obrigações a serem assumidas (UFSC, 2008). 43 No entendimento de Silva (1983, p. 31) refere-se ao julgamento subjetivo do analista quanto à habilidade dos clientes no gerenciamento e conversão de seus negócios em receita. Usualmente, os credores atribuem à renda de pessoas físicas ou à receita de empresas a denominação de “fonte primária de pagamento” e principal referencial para verificar se o cliente tem capacidade de honrar a dívida. Para mensurar a capacidade para as pessoas físicas, deve ser analisado dados pessoais, como nível do cargo e estabilidade no emprego, o nível de escolaridade, o estado civil, se possui dependentes. Para as pessoas jurídicas, verificam-se as demonstrações e relatórios contábeis, com ênfase na liquidez e no endividamento (UFSC, 2008). Os sócios e empregados são também analisados e ainda a atuação da empresa no mercado, o histórico de sucessos e insucessos com produtos e serviços oferecidos por ela. Para Schrikel (2000, p. 51) se o indivíduo revela capacidade para administrar seu negócio, de tal sorte a fazê-lo prosperar e ter sucesso, ele já terá demonstrado uma capacidade em saldar compromissos. Tal ocorre não somente em relação aos negócios, alcançando também suas finanças pessoais. A atenta observação de como o indivíduo administra suas finanças pessoais é, também, e sem dúvida, uma valiosa fonte de informações para a construção do conceito de qual seja sua capacidade de crédito. A capacidade do tomador de crédito poderá ser demonstrada através da análise da capacidade técnica e financeira da empresa, ou seja, analisando o desempenho, o mercado em que atua a concorrência, a administração, e o mais importante, como a empresa solve os compromissos assumidos com os seus fornecedores, bancos e clientes (UFSC, 2008). Capital: Trata-se de informações referentes à estrutura de capital, endividamento, liquidez, lucratividade e outros índices financeiros obtidos por meio dos demonstrativos financeiros do cliente. A situação financeira do cliente reflete em seu capital. Levam-se em considerações informações relacionadas ao endividamento, liquidez, lucratividade e outros índices financeiros calculados a partir de demonstrações financeiras da empresa (UFSC, 2008). É a fonte de renda do cliente, ou seja, são as origens de recursos, sua frequência e consistência. Para Santos (2009, p. 31), “o capital é medido pela situação financeira do cliente, levando-se em consideração a composição (quantitativa e qualitativa) dos recursos, onde são aplicados e como são financiados”. 44 As comprovações de renda por meio de DECORE, contracheques devem estar de acordo com a Declaração de Imposto de Renda do cliente, dessa forma pode-se confrontar o mês a mês com o rendimento anual, visando sempre a veracidade das informações prestadas. Enquanto as empresas deverão apresentar demonstrativos financeiros contábeis (DFC) para avaliação de capital (UFSC, 2008). Fipecafi (2007, p. 440) coloca a importância da DFC para usuários, investidores e credores, quando permite avaliar: A capacidade de a empresa gerar futuros fluxos líquidos positivos de caixa; a capacidade de a empresa honrar seus compromissos, pagar dividendos e retornar empréstimos obtidos, ou seja a liquidez, solvência e flexibilidade financeira da empresa. Colateral: Esse “C” evidencia a capacidade da empresa ou dos sócios em oferecer garantias ao empréstimo. Para Schrickel (2000, p.55), o colateral, tradução do termo inglês de idêntica grafia, significa a garantia. O colateral deve ser necessariamente, algo tangível. No mercado esse item é conhecido também por garantias acessórias, que são as garantias oferecidas pelos clientes como forma de minimizar os riscos de inadimplência e da perda parcial ou total de pagamento. Bens móveis e imóveis podem ser a garantia da empresa para o mercado. Ainda de acordo com Schrickel (2000, p.55) se não há honestidade, por certo a garantia também será de grande volatilidade e, mais que provavelmente, não se prestará cobrir suficiente e adequadamente o principal e os juros do empréstimo. Condições: São informações referentes à capacidade dos administradores de se adaptarem a situações conjunturais, ter agilidade e flexibilidade de adaptar-se e criar mecanismos de defesa. Esta variável envolve fatores externos a empresa. De acordo com Miura e Davi (2000, p. 55), integra o macroambiente em que ela atua e foge de seu controle. Medidas de política econômica (restrições ao crédito, política cambial e de juros, abertura do mercado mediante alteração nas alíquotas de importações etc.), fenômenos naturais e imprevisíveis (ligados ao clima, por exemplo) e riscos de mercado e fatores de competitividade são os principais aspectos que moldam a análise do C condições. Para Santos (2009, p. 32), este “C” está relacionado à sensibilidade da capacidade de pagamento dos clientes à ocorrência de fatores externos adversos ou sistemáticos, tais como os decorrentes de aumento nas taxas de inflação, taxas de juros e paridade cambial, de crises em economias de países desenvolvidos e emergentes, que mantêm relacionamento com o Brasil. Este item é de extrema importância, uma vez que os riscos sistemáticos influenciam diretamente a empresa. 45 Por isto analisa-se o cenário econômico atual no qual a empresa está inserida e de como a empresa lida com fornecedores e cliente, se ela não mantémconcentração de seus negócios, porque quanto mais diversificada é sua carteira de clientes e fornecedores, menores são os riscos (UFSC, 2008). Conglomerado: São informações da situação de outras empresas situadas num mesmo grupo econômico e como poderão afetar a empresa em estudo. Com o conhecimento prévio da forma de análise, o empresário poderá se antecipar às exigências evitando perda de tempo, recursos e frustrações. 3.1.2 Ferramentas de Crédito Existem muitas ferramentas aplicadas a análise e gestão de crédito utilizada pelas instituições de crédito, empresas no segmento industrial ou varejistas. Pórém, estudaremos a partir de agora as ferramentas Credit scoring e Behavior scoring, as mais tradicionais em análise de crédito massificado e que auxiliam as instituições essas mesmas organizações a decidir sobre a concessão de crédito aos consumidores com base no risco de crédito de suas solicitações, mecniona Brito (2013). O objetivo dessas ferramentas é atribuir uma pontuação “score” que permita identificar o quão próximo o consumidor está de dois grupos: "bom" que é provável cumprir com suas obrigações financeiras ou grupo de "mau”, o qual pedido deve ser negado devido à sua alta probabilidade de faltar com seus compromissos na instituição financeira (NETO, 2013). O Credit score é uma ferramenta que atribui pontuação a consumidores para concessão de crédito. Com o credit score, é possível prever a probabilidade de um novo cliente atrasar um pagamento por X dias, em Y meses futuros – as incógnitas dependem de cada operação de cobrança e do perfil de cada central. Avalia o crédito dos clientes que compõem a base de contatos da empresa (TECLAN, 2014). O credit score é obtido a partir de variáveis repassadas por órgãos de proteção ao crédito como SERASA, SPC etc. Afinal, os profissionais dessas instituições por vezes não possuem nenhum dado do devedor ou deve desconfiar do que é colocado em uma ficha cadastral (NETO, 2013). São utilizadas para compor essa análise as informações demográficas, como idade, sexo, renda entre outras variáveis, são levadas em consideração na atribuição do escore (TECLAN, 2014). 46 O Behavior scoring é utilizado quando um consumidor, que já possui histórico de transações na base de dados da instituição, está solicitando crédito. Neste caso, além das informações demográficas, informações comportamentais também são levadas em consideração, como histórico de pagamentos em dia, em atraso, quantidade de empréstimos, entre outras. O objetivo da análise estatística é encontrar na base de dados o perfil que separe os clientes bons dos clientes maus e a facilitar o processo de aquisição e concessão de produtos de crédito pelas instituições financeiras (NETO, 2013). Conforme Teclan (21014) a estatística determina quais variáveis são mais relevantes. Esta análise determina quais elementos de dados são mais preditivos. Este processo geralmente encontra muitos dos tradicionais elementos (variáveis) de risco de crédito utilizados num sistema especialista, no entanto pode descobrir elementos menos óbvios para um gerente de crédito. Os pesos das variáveis são determinados pelo método estatístico de máxima verossimilhança, de forma a maximizar a previsibilidade do modelo. Em outras palavras, este método melhora a separação dos clientes de alto e baixo risco. Uma vez que à saída do modelo de pontuação do comportamento pode ser interpretada como a probabilidade de o cliente honrar com seus compromissos financeiros e que estas probabilidades não são lineares, o gerente de crédito pode criar pontos de corte para tomada de decisão massificada, ou seja, qual é o mais baixo escore que pode ser aceito para a aprovação de crédito (TECLAN, 2014). Em uma operação de cobrança, empresas costumam adotar o padrão de 0 a 10 ou 0 a 100. É o modelo mais em conta a ser aplicado por uma central, pois depende de informações internas. Em uma análise pura e objetiva, os pontos fortes destes dois modelos inicialmente citados são a precisão e a eficácia, ou o que pode ser chamado de decisão eficiente. Outra ferramenta de análise de crédito que tem ganho espaço nas empresas é o Collection Score, que estima a probabilidade do cliente pagar seus débitos (TECLAN, 2014). É um score desenvolvido para prever a probabilidade de um devedor quitar sua dívida nos próximos “X” dias, onde a variável “X” depende do modelo de negócio. Neto (2013), classifica o risco em termos de pagamentos futuros, ou seja, permite ordenar os clientes em uma escala da menor para a maior probabilidade de pagamento. Entre as principais utilidades desse modelo está a 47 estruturação de uma régua de cobrança, que determine diferentes ações a serem aplicadas nos indivíduos inadimplentes, dependendo do número de dias de atraso do mesmo. Teclan (2014), evidencia a grande utilidade do modelo que é a mensuração dos descontos a serem aplicados para indivíduos com maiores atrasos, buscando incentivar a regularização das dívidas do mesmo. 3.2 Linhas Rotativas Tem meses que fica mais difícil manter as contas em ordem. Daí o crédito rotativo através dos produtos cheque especial e cartão de crédito se tornam opções de completarem aquele recurso que faltou para fechar o mês das pessoas físicas ou cumprir uma obrigação da empresa (SERASA CONSUMIDOR, 2017). Cartão de Crédito: Trata-se de um produto que consiste na atribuição de um limite de crédito, que fica disponível aos clientes para que possam consumir produtos e serviços e pagar posteriormente em uma data predeterminada pela instituição emissora do cartão. De acordo com Manilha (2006), a empresa que concedeu o cartão avalia a sua condição financeira e capacidade de pagar o limite oferecido, o crédito rotativo só pode ser usado por um mês, se você não conseguir pagar o valor total da fatura seguinte, a empresa pode oferecer uma outra linha de crédito. Neste caso, pode ser parcelada e precisa ter condições mais vantajosas que as do crédito rotativo é um tipo de crédito oferecido ao consumidor quando ele não faz o pagamento total da fatura do cartão até o vencimento. O exemplo mais conhecido é quando pagamos o valor mínimo da fatura. Mas o rotativo acontece quando você paga qualquer quantia menor que o valor integral. A diferença entre o valor total e o que foi efetivamente pago até o vencimento se transforma em um empréstimo. E, por causa disso, passa a ter juros no restante que você tem a pagar (MANILHA, 2006). Já o Cheque especial é uma linha de crédito que é aberta para uma pessoa física ou uma empresa com limite predefinido, podendo ser usada automaticamente pelo tomador conforme suas necessidades. Podemos considerar o crédito rotativo a partir do limite de cheque especial como um empréstimo emergencial (MANILHA, 2006). 48 Suas principais características de acordo com Manilha (2006) estão relacionadas a submissão do tomador a uma análise de crédito para confirmar se ele realmente pode assumir o compromisso e pagar os limites que vier a usar, o tomador poderá usar ou retirar fundos até atingir um limite pré-aprovado, o valor do crédito aumenta ou diminui à medida que o tomador usa ou paga o dinheiro, o crédito pode ser usado repetidamente, o pagamento será feito baseado somente no valor que o tomador usou (esse valor é que será acrescido de juros e possíveis impostos). 3.3 Linhas de Crédito Pontuais Rotativas Discorreremos a partir de agora sobre as principais linhas de crédito disponíveis no sistema financeiro nacional. Iniciaremos pela conta garantida. Conta Garantida: essa linha de crédito tem o objetivo de prover liquidez ao cliente por meio de limite de crédito disponível em conta corrente, geralmente de curto prazo, acessível a partir da concessão de um limite de crédito na conta corrente do cliente.Esse limite passa por processo padrão de aprovação e o cliente o utiliza quando termina seu saldo disponível. Os novos créditos lançados na conta corrente cobrem, primeiro, esse limite utilizado. Esse produto costuma ter juros menores, por melhor perfil de risco do cliente e tipo de garantia (SICREDI, 2017). Crédito Direto ao Consumidor: esse produto é concedido pelas instituições financeiras, para clientes adquirirem bens e serviços. Possui modalidades que exigem garantias para obtenção do empréstimo e outras não. Geralmente o prazo de pagamento das operações costuma oscilar entre 3 a 36 meses. Crédito Imobiliário: trata-se de operação financiamento para aquisição de imóveis novos ou usados. Essa operação financeira possui uma série de requisitos, incluindo teto para o valor do imóvel a ser financiado e comprometimento de renda, prazo de pagamento que costuma estar entre de 12 a 360 meses, exigir documentos de comprovação da capacidade de pagamentos, documentos de regularidade do imóvel, e são normalmente oferecido em instituições financeiras de varejo. Financiamento para Capital de Giro: tem como objetivo conceder crédito ao cliente, constituindo-se operação de curto prazo por instituições financeiras. Essas instituições avaliam o valor pedido com relação à necessidade de capital de giro da empresa. Muitas dessas 49 instituições exigem garantias constituídas com duplicatas a receber que são expressas com percentual que varia entre 120% e 200% do crédito concedido, pelo prazo entre 60 e 180 dias (SICREDI, 2017). Desconto de Recebíveis: essa modalidade de crédito apoia as empresas, concedendo liquidez ao seu faturamento a prazo e aumentando seu capital de giro sem prejudicar a relação de compra e venda com os clientes. Assim, é possível antecipar o recebimento das vendas feitas a prazo com cheques pré-datados, duplicatas e notas promissórias. As empresas antecipam os valores de vendas a prazo sem prejudicar a relação com o cliente, garantindo a sua comodidade na hora da compra. Os prazos costumam ser de até 360 dias para o limite e de até 180 dias para os recebíveis (SICREDI, 2017). Financiamento à Exportação: este produto tem por objetivo financiar o exportador, antecipando os valores que serão recebidos por meio da venda dos bens e serviços objeto da exportação e envolve o Banco Central do Brasil, o cliente exportador e o comprador dos bens ou serviços objeto da exportação. Os produtos vinculados ao financiamento à exportação, tem como destaque o Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) que representam uma antecipação de recursos em moeda nacional (R$) ao exportador, por conta de uma exportação a ser realizada no futuro. E também o Adiantamento de Crédito à Exportação (ACE), caracterizado por uma antecipação de recursos em moeda nacional (R$) ao exportador, após o embarque da mercadoria para o exterior, mediante a transferência ao Banco do Brasil dos direitos sobre a venda a prazo. O Banco Central do Brasil atua fortemente como regulador desse tipo de produto (BANCO DO BRASIL, 2018). Arrendamento mercantil (leasing): O leasing é um contrato denominado na legislação brasileira como “arrendamento mercantil”. As partes desse contrato são denominadas “arrendador” (banco ou sociedade de arrendamento mercantil) e “arrendatário” (cliente). O arrendador adquire o bem escolhido pelo arrendatário, e este o utiliza durante o contrato, mediante o pagamento de uma contraprestação, portanto, o proprietário do bem, sendo que a posse e o usufruto, durante a vigência do contrato, são do arrendatário (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2018). Essa operação assemelha-se a um contrato de aluguel, e pode prever ou não a opção de compra, pelo arrendatário, do bem de propriedade do arrendador. Na modalidade chamada “leasing 50 financeiro” o prazo mínimo de arrendamento é de dois anos para bens com vida útil de até cinco anos, e de três anos para os demais. Por exemplo: para veículos, o prazo mínimo é de 24 meses e, para outros equipamentos e imóveis (bens com vida útil superior a cinco anos), o prazo mínimo é de 36 meses. Já na modalidade denominada “leasing operacional” o prazo mínimo é de 90 dias, e o máximo é de 75% da vida útil do bem arrendado. Não há incidência de IOF nesse tipo de operação (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2018). Hot Money: Diversas empresas podem enfrentar períodos que exijam altas quantias de dinheiro com urgência. Para situações como essa, alguns bancos e instituições financeiras trabalham com uma operação chamada Hot Money. Essa operação é definida como sendo crédito de curtíssimo prazo que bancos e instituições financeiras emprestam, principalmente, para empresas. O crédito é usado, normalmente, para pagar contas urgentes, ajustar fluxo de caixa ou para adquirir capital de giro, fazendo a empresa funcionar com mais eficiência. O prazo para pagamento vai de 1 a 29 dias, geralmente. O valor a ser devolvido é debitado da conta corrente da empresa que recebeu o crédito. As taxas que incidem sobre o Hot Money são baseadas na taxa do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) do dia da operação adicionada ao valor do PIS e da Cofins sobre o faturamento da transação e costumam ser bem mais altas do que as praticadas nos empréstimos comuns, como: crédito consignado, empréstimo pessoal, CDC, entre outros (SICREDI, 2017). Consorcio: trata-se da reunião de pessoas naturais e jurídicas em grupo, com prazo de duração e número de cotas previamente determinados, promovida pela administradora de consórcio, com a finalidade de propiciar a seus integrantes, de forma isonômica, a aquisição de bens ou serviços, por meio de autofinanciamento. O consórcio é a forma de poupar em grupo. Um sistema de compra planejada, que reúne pessoas como você, que querem adquirir um bem ou um serviço. No consórcio, o consumidor paga uma parcela mensal menor do que os financiamentos convencionais, pois não há cobrança de juros. São exemplos de possibilidades de aquisição através dessa modalidade: veículos automotores, Embarcações, Aeronaves, Imóveis e serviços nas áreas de saúde, educação e turismo. (BANCO DO BRASIL, 2018). Linhas de crédito do BNDES: Fundado em 1952, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo e, hoje, o principal instrumento do Governo Federal para o financiamento de longo prazo e investimento em todos os segmentos da economia brasileira. Para isso, apoia empreendedores de todos os 51 portes, inclusive pessoas físicas, na realização de seus planos de modernização, de expansão e na concretização de novos negócios, tendo sempre em vista o potencial de geração de empregos, renda e de inclusão social para o País (BNDES, 2018). O apoio das empresas ocorre por meio de financiamento a investimentos, subscrição de valores mobiliários, prestação de garantia e concessão de recursos não reembolsáveis a projetos de caráter social, cultural e tecnológico. O Banco atua por meio de produtos, programas e fundos, conforme a modalidade e a característica das operações. Por ser uma empresa pública e não um banco comercial, avalia a concessão do apoio com foco no impacto socioambiental e econômico no Brasil, incentiva a inovação, o desenvolvimento regional e o desenvolvimento socioambiental são prioridades para a instituição, oferece condições especiais para micro, pequenas e médias empresas, aquelas que faturam anualmente até R$ 300 milhões, assim como linhas de investimentos sociais, direcionadas para educação e saúde, agricultura familiar, saneamento básico e transporte urbano. Em situações de crise, o Banco também tem fundamental atuação anticíclica e auxilia na formulação das soluções para a retomada do crescimento da economia (BNDES, 2018). Os recursos providos pelo banco devem ser utilizados pelocliente em finalidades específicas, tais como: investimentos para implantação, expansão, modernização e/ou recuperação de empreendimentos, infraestrutura (empresas e instituições públicas e privadas, incluindo estudos, projetos, obras civis, instalações, treinamento), produção ou aquisição de máquinas e equipamentos novos (veículos utilitários, ônibus, caminhões e aeronaves), de fabricação nacional e credenciados; bens novos, insumos, serviços, softwares; capital de giro; exportação de bens e serviços nacionais; e aquisição de bens e serviços importados e despesas de internação (através de linhas e condições específicas para esse fim), desde que haja comprovação de inexistência de similar nacional (BNDES, 2018). 3.4 Garantias Brito (2013), justifica que os bancos solicitam garantia em seus financiamentos para cumprir os normativos do Banco Central e como forma de reduzir o risco da operação. As instituições financeiras exigem dois tipos de garantias: reais e pessoais (fidejussórias). As garantias, tanto fidejussórias quanto reais, objetivam dar reforço e segurança nas operações de crédito, devendo ser analisadas conjuntamente às informações cadastrais do cliente, à finalidade da operação 52 que enseja a concessão de crédito, à forma e às fontes de pagamento. As garantias, tanto fidejussórias quanto reais, objetivam dar reforço e segurança nas operações de crédito, devendo ser analisadas conjuntamente às informações cadastrais do cliente, à finalidade da operação que enseja a concessão de crédito, à forma e às fontes de pagamento (MANILHA, 2006). Vislumbram-se vantagens para todas as partes nesta relação, quais sejam: para o cliente, em primeiro lugar, o próprio crédito, proporcionando-lhe o parcelamento e a dilação de prazos para pagamento, e em segundo lugar, uma alternativa de pagamento dada ao seu credor caso eventualmente não possa adimplir com suas obrigações no prazo acordado, não gerando problemas com restrições para concessão de novos créditos ou financiamentos por Instituições Financeiras, já para o credor, seria uma segurança de liquidez no recebimento na concessão de crédito (SEBRAE, 2016). 3.4.1 Garantias pessoais ou fidejussórias Segundo Manilha (2006), as garantias pessoais podem ser concedidas por pessoas físicas ou jurídicas, onde as mesmas assumem, como avalistas ou fiadores, a obrigação de honrar os compromissos assumidos na operação de crédito mantida inicialmente com o cliente. Os avalistas e fiadores deverão ser submetidos à mesma análise creditícia que o cliente, pois em caso de eventual atraso estes terão que substituí-lo, por isso, faz-se necessária a verificação de suas condições financeiras e econômicas. Meneses (2015) menciona que alguns cuidados são imprescindíveis para a constituição destes tipos de garantias, principalmente, quando forem concedidas por pessoas jurídicas, devendo ser verificado se as mesmas estão autorizadas em seus atos societários, pois a omissão resultará em vedação, considerando-se nulo o ato constitutivo (SEBRAE, 2016). 3.4.2 Garantias reais São bens ou direitos de recebimentos dados em garantia de obrigações relativas às operações de crédito. A escolha desse tipo de garantia deve ser feita de acordo com as características da operação, como: tipo de operação, prazo, valor, etc. (MANILHA, 2006). Dentre as garantias reais destacam-se a alienação fiduciária e a hipoteca, sendo que na primeira há a transferência ao credor da propriedade resolúvel do bem, ou seja, o credor terá o domínio do bem vinculado a um termo ou a uma condição resolutiva, já na segunda, um bem imóvel, do devedor ou terceiro, é dado em garantia para assegurar o pagamento de determinada dívida, sem que exista a transferência da posse do bem ao credor (SEBRAE, 2016). 53 A vantagem é que na alienação fiduciária, que também pode se dar com bens imóveis e bens fungíveis, conforme previsto na Lei 9.514/97 e no parágrafo 3º do art. 55 da Lei 10.931/04, respectivamente, sendo o credor detentor da propriedade resolúvel, não haverá o risco do bem ser alienado a terceiros tendo maior agilidade na execução da garantia (SEBRAE, 2016). É notório o enfraquecimento da hipoteca devido aos riscos advindos de sua constituição, já que o Código Civil de 2002 proibiu a convenção de cláusula que veda a alienação do bem hipotecado a terceiros, embora tenha trazido uma alternativa permitindo que seja acordado o vencimento antecipado do crédito hipotecário neste caso, além de se tratar de uma garantia excessivamente onerosa em muitos dos casos. Uma outra alternativa eficaz de garantia é o penhor mercantil ou industrial, cujo bem objeto da relação pode ser o estoque de matéria-prima ou de produto acabado, aconselhando-se este último devido à fácil comercialização. Neste caso, esses bens deverão, preferencialmente, ser confiados a um terceiro a relação creditícia que será responsável pela sua guarda, chamando-se fiel depositário, sendo nomeados normalmente os sócios da empresa, permanecendo o cliente, em termos práticos, com a posse do bem (SEBRAE, 2016). As reais podem ser subdivididas em hipoteca, alienação fiduciária e penhor. As garantias pessoais ou fidejussórias são aval e fiança. Em média, as instituições financeiras solicitam algo em torno de 130% em garantias, sobre o valor do financiamento (MANILHA, 2006). Os bens financiados dados em garantia ao banco são chamados de alienação fiduciária, e não costumam ser suficiente para compor as exigências, sendo necessário, complementar as garantias (SEBRAE, 2016). A garantia solicitada ao tomador do financiamento é parte integrante do contrato. Caso haja inadimplência parcial ou total e depois de esgotadas todas as alternativas de negociação extrajudicial entre o banco e o cliente devedor, a instituição financeira entra com um processo de execução da dívida junto à justiça. 3.4.3 Garantias nas operações do agronegócio Segundo Pereira (2017), é grande a burocracia na contratação de operações de crédito rural, sejam elas de custeio, investimento ou de comercialização. Sendo assim, um ponto sobre o qual a atenção deve se concentrar diz respeito às garantias exigidas pelos credores, dentre os quais citam-se os bancos oficiais e privados, as cooperativas de crédito, as cooperativas de produtores, 54 os fornecedores de insumos, as tradings, etc. Os credores, como estão expondo seu capital a risco, vão se esforçar em buscar o máximo de garantias para que, em caso de eventual inadimplemento, seja possível o recebimento do valor emprestado, dos juros, das despesas, etc. Obviamente, quanto maior a garantia, menor o risco para o credor, e, por consequência, menores as taxas de juros (PEREIRA, 2017). Uma das formas de garantia é o penhor, o qual vincula um bem móvel, que pode ser a lavoura a ser implantada, maquinários agrícolas, etc. O bem, que continua na posse do devedor, fica vinculado ao cumprimento da obrigação, sendo que não poderá ser vendido ou transferido a terceiros sem o conhecimento e concordância do credor. O título é registrado na matrícula do imóvel de produção da safra ou de localização do bem. Outra forma de garantia muito comum é a hipoteca, que tem validade de trinta anos, a qual vincula um bem imóvel (ou outros que a lei especifica) até a liquidação do débito, sendo que o registro (cuja ordem garante a preferência do no recebimento do crédito) deve ser realizado junto à matrícula de tal bem. Veja que o mesmo bem pode ser hipotecado mais de uma vez para o mesmo credor ou para credores diferentes (PEREIRA, 2017). A alienação fiduciária é outra forma de garantia que tem se tornado cada vez mais utilizada também no agronegócio, podendo aplicar-se tanto a bens móveis quanto a imóveis. Pereira (2017), evidencia que trata-se de garantia mais agressiva na medida em que o devedor transfere a propriedadepara o credor, sendo que somente com o pagamento da dívida e dos encargos é que a propriedade ficará livre para o devedor. A garantia pessoal, constituída de aval, também é muito comum. Nesse caso, aquele que dá o aval torna-se devedor no mesmo patamar do emissor da operação, comprometendo-se ao pagamento do débito com todos os seus bens. As apólices de seguro rural oferecido por seguradoras privadas e o PROAGRO também podem ser oferecidas como garantias para o pagamento de empréstimos, mas geralmente não são considerados como suficientes para os credores. Um dos pontos negativos está justamente no fato de que é comum a recusa indevida, por parte das seguradoras e também do PROAGRO, quanto ao pagamento de sinistros (PEREIRA, 2017). 3.5 Concessão e Gestão de crédito 55 Assaf (2015) afirma que a concessão e gestão de crédito envolvem riscos perigosos, pois trabalham com grande volume de capital que ainda não entrou, efetivamente, nos cofres da empresa. Isso requer uma gestão rigorosa e a adoção de boas práticas para conhecer, monitorar e acompanhar adequadamente os clientes. De acordo com Dias (2018) um grande desafio enfrentado pelos gestores é equilibrar as vendas de curto prazo com as vendas de longo prazo, procurando manter o número de vendas em constante crescimento. Clientes inadimplentes e um caixa comprometido em curto prazo causam arrepios em qualquer empresário, mas é possível lidar com isso sem abrir mão da concessão de crédito (DIAS, 2018). De acordo com Brito (2013), o processo de concessão de crédito deve considerar: o prazo da operação, a qualidade e liquidez da garantia, a situação econômico-financeira do cliente, o conhecimento do mercado com o qual o cliente interage, seus agentes e perspectivas, a estrutura societária da empresa, o conhecimento da administração, perfil do management e plano de sucessão da empresa, conhecimento do negócios da empresa e do seu ciclo operacional, conhecimento da situação do setor de negócio da empresa, conhecimento da capacitação tecnológica da empresa e de seus concorrentes. Além disso, é preciso tomar como base três fatores importantes nas para reduzir riscos e praticar uma gestão de crédito eficiente (DIAS, 2018). A definição da Política de Crédito: Para começar, é preciso estabelecer critérios claros e objetivos que auxiliarão a revenda na definição do limite de crédito e posteriormente na gestão (Brito, 2013). O principal benefício da política de concessão e gestão de crédito é a criação de um padrão de atuação na análise para concessão de crédito, evitando assim julgamentos pessoais ou erros que aumentem o risco de inadimplência. Para Assaf (2015), a política de crédito deve conter variáveis de análise para a definição do limite de crédito, limite máximo de exposição ao risco assumido pela revenda e critérios de classificação de clientes quanto ao grau de risco. Todos os colaboradores envolvidos nesse processo, como analistas de crédito, equipe comercial e administrativo-financeiro devem estar cientes destes itens, que precisam ser formalizados para criar a sistemática (DIAS, 2018). Análise das Informações Cadastrais: a análise das informações cadastrais é a interpretação das informações disponíveis sobre o cliente, considerando os critérios estabelecidos na política de crédito. São considerados critérios básicos normalmente utilizados são as informações de produção e de mercado, consulta a sistemas de informações restritivas, consulta a referências 56 comerciais e bancárias e informações financeiras e patrimoniais. Outro ponto a ser considerado é que a equipe de trabalho precisa se empenhar constantemente em formar um banco sempre atualizado (DIAS, 2018). Definição do Limite de Crédito: Essa etapa é o resultado final do processo de gestão de crédito, de posse dos dados, deve-se definir qual o valor do crédito será concedido para o cliente. A sua lógica deve estar fundamentada no grau de risco, sendo que quanto maior o grau de risco do cliente, menor é o limite de crédito disponibilizado. O mais indicado é que todo o processo de gestão de crédito seja sistematizado, mantendo um mesmo padrão para todas as análises. Para isso, existem softwares de sistemas de gestão especializados para revendas que auxiliam na sugestão do limite de crédito, mas a sua empresa pode criar o seu próprio sistema utilizando uma planilha eletrônica (DIAS, 2018). Conclusão do Bloco 3 Chegamos ao final do Bloco 3. Nesse bloco foi possível apresentamos algumas ferramentas de análise e gestão de crédito com destaque para behavior scoring e credit soring. Na sequência apresentamos as principais linhas de crédito ofertadas no sistema financeiro nacional com destaque para o crédito direto ao consumidor, desconto de recebíveis, hot money e linhas para exportação e linhas de crédito do BNDES. Na sequência discutimos a importância e as principais formas de garantias pessoais e reais. Para finalizar apresentamos formas de concessão e gestão de crédito. Pronto. É isso. Esperamos ter contribuído com seu processo de aprendizagem. Obrigado e até a próxima. 57 Referências do Bloco 3 ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2015. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Leasing. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/leasing.asp>. Acesso em: 21 set. 2018. BANCO DO BRASIL. Produtos e serviços para o exterior. Disponível em: <https://www.bb.com.br/pbb/pagina-inicial/empresas/produtos-e-servicos/comercio- exterior/vendas-para-o-exterior/adiantamento-sobre-o-contrato-de-cambio-(acc/ace)#/>. Acesso em: 22 set. 2018. BNDES. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Onde atuamos: exportação. Disponível em: <https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/onde- atuamos/exportacao>. Acesso em: 15 set. 2018. BRITO, Osias. Mercado financeiro. 2. ed. 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Apresentaremos as diferentes classificações e mecanismos de gestão de riscos. Na sequência vamos tratar sobre a importância da mensuração do risco de crédito, onde a busca pelo aprimoramento desse processo tem sido consideravelmente atribuída pelo crescimento, nos últimos anos, dos casos de falência em todo o mundo. Outra importante questão a ser tratada, é o controle e mitigação dos riscos operacionais. Em nosso dia a dia escutamos falar muito sobre o termo risco. Risco é a probabilidade de um evento acontecer, seja ele uma ameaça, quando negativo, ou oportunidade, quando positivo. É o resultado obtido pela efetividade do perigo. Perigo é uma ou mais condições que têm o perfil de causar ou contribuir para que o Risco aconteça. Não se mede e não há como eliminar o Risco. Devem ser mitigados, prevenidos, analisados, mensurados e corrigidos. São eles que ocasionam os Riscos. 60 4.1 Conceito e tipos de riscos Em finanças, risco é a chance de obter perdas financeiras. Um ativo mais propenso a gerar perdas é dito ser mais arriscado. Porém, são os mesmos ativos que mais podem gerar perdas que também possuem maior potencial de ganhos. Para entender melhor vale um conceito mais formal de risco, em que risco em finanças está associado às incertezas que provocarão uma maior variabilidade nos retornos de um ativo financeiro (BANCO DO BRASIL, 2018). Os principais riscos a que as instituições financeiras estão expostas na realização de suas atividades são: Risco de Mercado: decorre da possibilidade de perdas que podem ser ocasionadas por mudanças no comportamento das taxas de juros, do câmbio, dos preços das ações e dos preços de commodities (PEREIRA, 2004). Risco de Liquidez: este tipo de risco assume duas formas, o risco de liquidez de mercado e risco de liquidez de fluxo de caixa (funding). O primeiro é a possibilidade de perda decorrente da incapacidade de realizar uma transação em tempo razoável e sem perda significativa de valor. O segundo está associado à possibilidade de falta de recursos para honrar os compromissos assumidos em função do descasamento entre os ativos e passivos (BANCO DO BRASIL, 2018). Risco de Crédito: definido como a possibilidade de perda resultante da incerteza quanto ao recebimento de valores pactuados com tomadores de empréstimos, contrapartes de contratos ou emissões de títulos (ASSAF, 2015). Risco Operacional: é definido como a possibilidade de ocorrência de perdas resultantes de falha, deficiência ou inadequação de processos internos, pessoas e sistemas, ou de eventos externos. Este conceito inclui o risco legal (BANCO DO BRASIL, 2018). Risco Legal: pode ser definido como a possibilidade de perdas decorrentes de multas, penalidades ou indenizações resultantes de ações de órgãos de supervisão e controle, bem como perdas decorrentes de decisão desfavorável em processos judiciais ou administrativos (PEREIRA, 2004). Risco de Conjuntura: decorre da possibilidade de perdas decorrentes de mudanças verificadas nas condições políticas, culturais, sociais, econômicas ou financeiras do Brasil ou de outros países (BANCO DO BRASIL, 2018). 61 Risco Estratégico: risco de perdas pelo insucesso das estratégias adotadas, levando-se em conta a dinâmica dos negócios e da concorrência, as alterações políticas no País e fora dele e as alterações na economia nacional e mundial (PEREIRA, 2004). Risco-País: risco de perdas em função de alterações políticas, culturais, sociais, financeiras /fluxo de capitais/ou econômicas em outros países com os quais haja algum tipo de relacionamento econômico, principalmente investimentos (BANCO DO BRASIL, 2018). Risco Sistêmico: risco de perdas em virtude de dificuldades financeiras de uma ou mais instituições que provoquem danos substanciais a outras, ou ruptura na condução operacional de normalidade do Sistema Financeiro Nacional – SFN (BANCO DO BRASIL, 2018). Risco de Imagem: possibilidade de perdas decorrentes de a instituição ter seu nome desgastado junto ao mercado ou às autoridades, em razão de publicidade negativa, verdadeira ou não (ASSAF, 2015). 4.2 Avaliação de riscos Em finanças há uma enorme variedade de classificações e mecanismos de gestão de riscos. Vamos analisar inicialmente, os riscos envolvidos na decisão de concessãode crédito. Essa modalidade pode ser classificada como: Risco de crédito: concedido não ser pago durante a vigência da transação que tem como principais causas desse tipo de risco a deterioração financeira do cliente, perda de mercado pelo cliente, cliente apresenta documentos falsos ou fraudados quando da solicitação de crédito, fraude ocorrida por parte do cliente, depois do crédito concedido, deterioração do mercado em que o cliente atua e da economia (MENESES, 2015). Risco de liquidação financeira: trata-se de risco de a instituição não receber o valor do crédito devido pelo cliente por falha no sistema de pagamento do cliente e/ou recebimento da instituição. Ainda sobre as operações de crédito são caracterizadas quanto ao prazo, tipo de indexador (fixo, variável) para formação de preço, moeda, tipo de receita, características de funding e tipo de devedor. 62 O elemento Prazo nas operações de crédito podem ser efetivadas em diversos prazos, e essa variável é de muita importância para a determinação do risco envolvido na transação. Quanto maior o prazo, maiores as incertezas de cenário futuro e obtenção de funding, caso necessário. Se determinada instituição empresta um recurso por um mês e, em outra transação, empresta o recurso por um ano, os riscos comparados envolvidos são diferentes (BRITO, 2013). Na transação de um mês, como o período é curto, a probabilidade de mudança de cenário, que de alguma forma prejudique a capacidade de o cliente pagar, é menor que na transação de um ano. O grau de incerteza de recebimento é, portanto, influenciado pelo prazo da transação. Quanto maior o prazo, maior o grau de incerteza, portanto, maior o risco e consequentemente maior o prêmio (MENESES, 2015). Essa incerteza relaciona-se principalmente com a alteração dos cenários político, econômico e social. O spread tende a ser mais alto quanto maior o prazo, uma vez que ele é apreçado segundo os riscos envolvidos na transação (BRITO, 2013). Tipo de indexador: as operações de crédito têm como importante componente o tipo de indexador, que pode ser fixo ou variável. Considera-se fixo o indexador quando já se sabe, antecipadamente, a receita bruta a ser auferida com a transação. Nesse caso, a transação tem rendimento prefixado. Já o indexador variável tem como característica o fato de se conhecer a receita bruta no final da operação. Nesse caso, geralmente esses indexadores são compostos de índices de preço acrescidos de juros ou são atualizados por variação de moeda estrangeira acrescida de juros (MENESES, 2015). Moeda: as operações de crédito podem ter como indexador moeda diferente da moeda local. Nesse caso, o valor da receita bruta varia de acordo com a alteração no preço da moeda em questão. É geralmente utilizada a moeda norte-americana como indexador. Utiliza-se a moeda e acrescentam-se os juros, que podem ser fixos ou variáveis (ASSAF, 2015). Tipo de receita: as operações de crédito também podem ser classificadas por tipo de receita, sendo esta geralmente classificada como: • Spread: tipo de receita obtida pela diferença entre a taxa de aplicação e a taxa de captação; • Comissão: receita proveniente de determinado serviço prestado. 63 • Float: ganho obtido pela manutenção e/ou retenção de determinado valor por um período, no qual não se remunera o cliente. Agora vamos discutir sobre a mensuração do risco de crédito. Tal busca pelo aprimoramento desse processo segundo Brito (2013), é consideravelmente atribuído pelo crescimento, nos últimos anos, dos casos de falência em todo o mundo, acesso significativo e crescente ao crédito por parte de clientes de pequeno porte, em face da oferta de crédito por instituições não tradicionais, aplicação de margens mais competitivas, apresentação de garantias com valores reais duvidosos e com características de maior volatilidade perante momentos de crises econômicas mundiais (PEREIRA, 2004), com menor capacidade preditiva quanto ao real valor de realização, crescimento de transações com derivativos, que, apesar de não serem contabilizadas como carteira de crédito, representam posições líquidas de crédito, necessitando também passar por análise de crédito, maior desenvolvimento de tecnologia de informação tem possibilitado aos bancos testar maior número de modelos e técnicas e pela insatisfação com as imposições de capital definidas pela Basiléia (BRITO, 2013). Outra questão importante a ser estudada refere-se ao processo de Atribuição de Rating para as Operações e para os Clientes da Carteira de Crédito. Ao implantar-se um sistema de avaliação da qualidade de crédito de uma transação, definindo- se conceitos, procedimentos e atribuindo-se a cada categoria um escore, institui- -se um importante instrumento de gestão e controle da carteira de risco de crédito, que permitirá analisá-la segundo diversas óticas (UFSC, 2008). A avaliação da qualidade de crédito de uma transação consiste na análise dos elementos que a constituem, ou seja, o cliente, as garantias e a natureza da transação. Muitas vezes, tanto a natureza da transação quanto as garantias assumem significativa relevância, isoladamente ou em conjunto, podendo tornar o conceito da transação melhor ou mesmo pior que o conceito do cliente (UFSC, 2008). A tradição e a experiência bancária têm mostrado ser um bom cliente aquele que desfruta de bom conceito moral e gerencial, boa posição no setor em que atua, boa capacitação tecnológica, sólida posição financeira, apresenta boa capacidade de gerar recursos e gerenciar sua liquidez (UFSC, 2008). 64 A escala de classificação a seguir é em caráter ilustrativo, baseado em Schrickel (2000), uma vez que o grau pode variar de instituição para instituição, conforme os conceitos de crédito que cada instituição adota: Excelente — 1: empresa de inquestionável qualidade tanto no Brasil quanto no exterior, cujo rating seja equivalente a pelo menos A1 (mercado internacional). Ótimo — 2: empresa que apresente fluxo de caixa de boa qualidade, estável e com boa previsibilidade; situação financeira estável, com boa margem de cobertura das dívidas, bom conceito de crédito e facilidade de captar recursos em condições favoráveis, ativos de boa qualidade, apresentando boa liquidez e posição de destaque dentro do seu setor de atividade (PEREIRA, 2004). Muito bom — 3: Situação semelhante à anterior, porém, sendo empresa com acesso restrito ao mercado de capitais, local ou internacional, diferencia-se das empresas mais bem consideradas. Bom — 4: Fluxo de caixa de boa qualidade, boa situação financeira, com adequada margem de segurança, desfrutando de bom conceito de crédito. Acesso ao mercado financeiro dentro de condições normais (PEREIRA, 2004). Adequado — 5: Apresenta situação econômica e financeira equilibrada, embora com estreita margem de segurança, fluxo de caixa líquido suficiente para suportar situações adversas, embora com reduzida folga para atender a necessidades adicionais de recursos. Aceitável — 6: Situação financeira e econômica apertada, quando o fluxo de caixa bruto apenas suficiente para atender a necessidades atuais de recursos. Fraco – 7 a 10: Situação econômica e financeira deficientes, quando o fluxo de caixa bruto insuficiente para atender a compromissos atuais e sem imediata perspectiva de melhoria; reduzida capacidade para contratar novas dívidas. A combinação do conceito do cliente com os demais elementos que constituem a transação permite classificá-lo nas seguintes categorias e escores: Risco normal: classificação dos níveis 1 a 6. Situação especial: classificação dos níveis 7 a 10. 65 Quando o cliente está no nível 7 e piora sua situação ou solicita reestruturação do crédito, sugere-se sua classificação para o nível 8 (clientes especiais) e assim sucessivamente (PEREIRA, 2004).4.2 Riscos Operacionais e Acordo da Basiléia Para adequado controle e mitigação dos riscos operacionais, é preciso primeiro identificá-los. O processo de identificação é facilitado se integrarmos os riscos operacionais em um mesmo ambiente. Para isso, necessita-se agrupá-los. Todas as fontes geradoras do risco operacional devem ser, portanto, consolidadas em único ambiente de riscos operacionais (BRITO, 2013). Os principais motivos para um ambiente consolidado de riscos operacionais de acordo com Assaf (2015) envolvem a consolidação dos diversos tipos de riscos operacionais, maior facilidade na identificação dos riscos operacionais, possibilidade de melhor gestão do risco, objetivando-se sua mitigação e manutenção de cultura orientada aos riscos e controles. Esse ambiente, é composto de políticas de riscos operacionais, controles internos, lavagem de dinheiro e compliance. A partir de agora, de acordo com Brito (2013), Assaf (2015) e Meneses (2015) vamos explorar de forma mais significativa as principais funções e atividades dos itens anteriormente relacionados. Políticas de Riscos Operacionais: envolve a divulgação de políticas, normas e procedimentos sobre gestão de riscos operacionais, a definição de metodologia e modelos para gestão do risco operacional, a definição de limites e alocação de capitais e definição de indicadores de desempenho para risco operacional e contínua revisão das políticas e metodologias (MENESES, 2015). Controles Internos: envolve o controle e formalização de decisões em atas, coordenar implementação de melhorias nos processos e no sistema de controles internos, treinamentos e workshops para difundir cultura em controles internos e segurança nos processos, acompanhar e verificar implementação das recomendações das auditorias internas, externas e fiscalizações e coordenar elaboração do relatório semestral de controles internos (BRITO, 2015). Lavagem de Dinheiro: políticas e procedimentos, treinamento, sistemas e controles para prevenir a lavagem de dinheiro, desenvolver investigações referentes a clientes suspeitos, 66 desenvolvimento contínuo de sistemas para detectar operações suspeitas, gerenciar o risco de imagem e reputação no eventual relacionamento comercial com clientes suspeitos, suporte às áreas de negócios e formalização e controle das comunicações de clientes suspeitos ao Bacen (ASSAF, 2015). Compliance: coordenar e controlar o cumprimento e a aderência às leis e normas externas e internas (institucionais), destacando-se as decisões necessariamente devem ser formalizadas em atas, código de ética e conduta, chinese wall, insider information, conflito de interesses, sigilo bancário, política de investimentos pessoais, código do consumidor bancário, conhecimento de seu cliente, controle e seguimento das reclamações de clientes (Meneses, 2015), segmentos de novos produtos, política de venda dos produtos financeiros, aplicação das boas práticas bancárias, acompanhamento e verificação do cumprimento das políticas, metodologias, sistemas e limites operacionais de controles internos (BRITO, 2013). A normatização corporativa envolve sistemas, procedimentos e controles para verificação do acesso e cumprimento oportuno das normas corporativas internas e externas pelos gestores, participação nos principais comitês do banco, destacando-se o comitê de produtos e revisão periódica da formalização dos produtos e como estão sendo processados e vendidos (BRITO, 2013). Agora vamos falar sobre o Acordo da Basiléia. Lá, desde 1975, na aprazível e rica cidade suíça, a cada três meses se reúne o Comitê de Supervisão Bancária. O órgão foi criado por representantes dos bancos centrais do G-10, o grupo dos dez países mais industrializados, para discutir questões concernentes à gestão do sistema financeiro. À medida que a tecnologia foi permitindo um maior e mais rápido fluxo internacional de capitais, o sistema bancário de cada país passou a ter efeitos importantes fora de suas fronteiras. Foi quando a comunidade internacional percebeu que era necessário uniformizar o funcionamento dos bancos em todo o mundo. Quem tomou a frente dessa tarefa foi justamente o comitê que costuma se encontrar na Basiléia. Esse acordo, atualmente, está em sua terceira versão. Vejamos, cada uma delas (BRITO, 2013). Basiléia I: Desde 1930, através do BIS (Bank for International Settlements), o Banco de Compensações Internacionais, uma organização internacional que fomenta a cooperação entre os bancos centrais e outras agências, em busca da promoção da estabilidade monetária e financeira. Em 1988, foram apresentados 25 princípios que formaram o Acordo de Capital da Basiléia (ASSAF, 2015). Eles estabelecem uma metodologia de avaliação de risco de crédito 67 buscando garantir a saúde do sistema. Outros países aderiram ao acordo e as instituições tiveram um prazo de quatro anos para se adaptar às novas regras buscando a regulação bancária prudencial, seu objetivo consiste em reforçar a regulação, a supervisão e as melhores práticas no mercado financeiro (BACEN, 2018). Em 1988, propriamente, foi divulgado o primeiro Acordo de Capital da Basileia, oficialmente denominado International Convergence of Capital Measurement and Capital Standards, com o objetivo criar exigências mínimas de capital para instituições financeiras como forma de fazer face ao risco de crédito. Em 1996, o Comitê publicou uma emenda ao Acordo de 88, incorporando ao capital exigido cobertura dos riscos de mercado (Emenda de 96) (BACEN, 2018). Basileia II: Em 1997, o comitê decidiu ampliar os princípios para adaptá-los às mudanças do mercado. A nova versão ficou conhecida como Basiléia II e estabelece níveis mínimos de estoques de capital para os bancos, novas normas contábeis mais transparentes e maior segurança dos sistemas e dos dados. Tome cuidado para não confundir o Acordo da Basiléia com a Convenção da Basiléia. Esta nada tem a ver com os bancos e diz respeito ao manuseio e transporte de resíduos (BACEN, 2018). Basileia III: A crise financeira mundial iniciada em 2007 assinalou que Basileia I e II mostraram- se insuficientes para impedir a alavancagem excessiva dos bancos, a qual aliada à baixa qualidade do capital e à baixa margem de liquidez compunham o cenário de fragilidade do sistema bancário. Assim, como parte de um movimento contínuo de aprimoramento da estrutura prudencial aplicável às instituições financeiras, o Comitê de Basileia divulgou em dezembro de 2010 dois documentos: Basel III: A global regulatory framework for more resilient banks and banking systems e Basel III: International framework for liquidity risk measurement, standards and monitoring, conhecidos como Basileia III. Esse documento fixou 3 pilares de aplicação ao funcionamento das atividades praticadas pelas instituições financeiras (BACEN, 2018). • Pilar 1: requerimentos de capital para risco de crédito, mercado e operacional. • Pilar 2: revisão pela supervisão do processo de avaliação da adequação de capital dos bancos. • Pilar 3: disciplina de mercado. 68 Após a Crise Financeira Global, em 2009, o BCBS efetuou algumas alterações na exigência de capital para risco de mercado e em determinações relacionadas ao apreçamento de instrumentos financeiros ilíquidos (BACEN, 2018). Nesse sentido, Basileia III visa ao aperfeiçoamento da capacidade de as instituições financeiras absorverem choques provenientes do próprio sistema financeiro ou dos demais setores da economia, reduzindo o risco de transferência de crises financeiras para a economia real (BACEN, 2018). No Brasil, Basileia III está sendo implementada por meio de um conjunto de resoluções, circulares e cartas-circulares editadas a partir do ano de 2013. Essas normas introduziram os conceitos de capital principal, nível I e PR (Resolução 4.192, de março de 2013), ativos ponderadospelo risco – RWA (Circular 3.644, de março de 2013), novos requerimentos mínimos de capital principal, nível I e PR e adicional de capital principal (Resolução 4.193, de março de 2013) (BACEN, 2018). 4.3 Riscos financeiros Ao recorrer ao mercado financeiro para realizar um investimento Brito (2013) menciona que é necessário analisar a instituição financeira e os ativos financeiros que estão sendo adquiridos. Assim como avaliar os riscos de cada operação, o que possibilitará que os retornos possam ter suas probabilidades distribuídas diante das diversas variáveis, passando-se de uma situação de incerteza para uma situação de risco. Embora o mercado financeiro esteja cada vez mais regulado e autorregulado (BRITO, 2013). Nenhuma estratégia de investimento é livre de risco e os investidores necessitam estarem atentos à dinâmica e a evolução das normas e regras específicas de cada mercado, condição para um investimento seguro e eficiente. Contudo, algumas variáveis que influenciam os mercados financeiros não podem ser mensuradas e, portanto, alguns eventos são aleatórios, porém, o conhecimento e a gestão dos riscos podem minimizar os seus efeitos nos investimentos possibilitando que os retornos, mesmo que aleatórios, não sejam totalmente incertos. Agora, vamos falar um pouco sobre as principais formas de classificação dos riscos no ambiente financeiro. Esses riscos estão estruturados da seguinte forma: 69 Primeiro vamos compreender o risco de variação das taxas de juros. Essa modalidade de risco ocorre quando há um descasamento entre os prazos dos ativos (aplicações) e passivos (captações) ou quando uma aplicação sofre interferência da variação da taxa de juros. Já o risco de crédito é definido como a possibilidade do não recebimento dos valores prometidos, devido à possibilidade de o devedor não cumprir suas obrigações financeiras na data prevista, tornando-se inadimplente (WAWRZENIAK, 2014). Ainda nesse sentido, temos o risco de mercado, que está relacionado à oscilação do preço dos ativos e passivos negociados no mercado. Pode ser entendido como as possibilidades de perda decorrente das variações de preço do ativo no mercado. Continuando, discorremos agora sobre o risco operacional, que se refere a possibilidade de perdas determinadas por erros humanos, falhas de sistemas, eventos externos, fraudes, entre outros. Geralmente está voltado para as pessoas, os processos e a tecnologia utilizada (WAWRZENIAK, 2014). Agora apresentamos o risco de câmbio, que decorre das variações cambiais quando uma aplicação é feita no exterior, devido ao descasamento de posições em moedas estrangeiras. Outra classificação importante é risco soberano que se manifesta a partir restrições que um país pode impor aos fluxos financeiros, como por exemplo, determinando limites à entrada e saída de capitais ou até mesmo a suspensão (WAWRZENIAK, 2014). Outra situação que evidencia sempre preocupação ao mercado financeiro é evidenciada pelo risco de liquidez. Essa modalidade de risco está relacionada à disponibilidade imediata de caixa diante da demanda por parte dos depositantes e aplicadores, o que pode ocorrer diante de instabilidade do mercado ou devido a informações ruins sobre uma instituição financeira. O risco legal, decorre da falta de legislação atualizada sobre um determinado assunto no mercado financeiro ou da falta de padronização jurídica e termos nos contratos financeiros entre países (WAWRZENIAK, 2014). Agora que você já conhece ás diferentes formas de manifestação dos riscos financeiros estudaremos suas subáreas que causam os riscos separadamente dentro de suas quatro dimensões: risco de mercado, risco operacionais, riscos de crédito e riscos legais e apresenta as principais subáreas de cada dimensão. 70 Essas subáreas do risco de mercado e do risco de crédito são bastante elucidativas para a compreensão dessas dimensões de risco. Iniciaremos a apresentação das principais subáreas do risco de mercado, não-diversificáveis e que se tratam de riscos inerentes a qualquer operação pela taxa de juros (RICO, 2018). As oscilações da taxa de juros podem representar perdas potenciais em ativos do mercado financeiro devido a mudanças inesperadas na taxa de juros interna a Taxa SELIC e externa. A taxa de câmbio refletindo perdas potenciais em ativos devido a mudanças inesperadas nas taxas de câmbio exemplificada por alterações do dólar. Já as ações também podem refletir perdas potenciais nos ativos devido a mudanças inesperadas nos preços dessas ações por desempenho da gestão das respectivas organizações empresariais emissoras dessas ações (RICO, 2018). O risco de commodities são representados por eventuais perdas potenciais de um fundo de investimento devido a mudanças inesperadas nos preços das commodities tais como minério de ferro, soja, algodão, milho e petróleo. O risco de liquidez referente a perdas potenciais de um ativo devido ao fato de suas posições não poderem ser facilmente vendidas ou financiadas a mercado, exemplo dos estoques de matéria prima ou produtos acabados (WAWRZENIAK, 2014). Também temos o risco de derivativos através de perdas potenciais de um ativo devido ao uso de derivativos (para hedge ou especulação). O risco em Hedge refere-se a perdas potenciais em ativos devido ao mau uso dos instrumentos de hedge. E por fim o risco de concentração que estão relacionados a perdas potenciais em ativos devido à não diversificação desse ativo (RICO, 2018). Agora vejamos as principais subáreas de risco de crédito, que são passíveis de diversificação, porém inerentes a qualquer operação. A inadimplência, que se refere as perdas potenciais decorrentes de uma contraparte não poder fazer os pagamentos devidos de juros ou principal no vencimento destes e a degradação, que apresenta perdas potenciais devido à redução do rating de uma contraparte (WAWRZENIAK, 2014). Continuando nossa discussão sobrei riscos, estudaremos agora as principais subáreas de risco de crédito, passíveis de diversificação. Iniciamos pelo risco de garantia, risco decorrente de eventuais perdas potenciais devido à redução do valor de mercado das garantias de um empréstimo. Em seguida o risco soberano, que pode ocorrer a partir de perdas potenciais 71 decorrentes de uma mudança na política nacional de um país que afete sua capacidade de honrar seus compromissos. Por fim, o risco de concentração que pode ocorrer a partir de perdas potenciais diante da concentração da exposição de crédito em poucas contrapartes (WAWRZENIAK, 2014). 4.4 Cálculo de risco e retorno Falaremos agora sobre algumas formas de se calcular risco e retorno de ativos. Já discutimos que qualquer investimento pode causar flutuações do rendimento esperado, flutuações no preço futuro esperado do ativo e na quantia disponível para reinvestimento, prejudicando os retornos (PACTUAL, 2018). A variabilidade dos fluxos de caixa, incertezas sobre a forma de financiamentos dos ativos e incapacidade de dispor de um ativo pelo valor justo de mercado são os riscos empresariais que afetam os investimentos. Como o mercado financeiro é segmentado, a regulamentação sobre o gerenciamento do risco é estratificada para os diversos segmentos, sendo as principais normas e princípios voltados ao mercado monetário e de capitais, regulando o funcionamento das instituições financeiras e de valores mobiliários. O grau de regulação varia de acordo com a maturidade de cada segmento de mercado (PACTUAL, 2018). A partir de agora, consideremos duas alternativas de investimentos para uma aplicação prática de alguns conceitos apresentados. Na alternativa 1, você aplicaria recursos em produtos de Renda Fixa e teria a rentabilidade garantida de $ 80.000,00. Na alternativa 2, você aplicaria recursos em produtos de RendaVariável e teria 90% de chance de ganhar R$ 80.000,00 e 10% de chance de você perder R$ 80.000,00. E agora? Se a situação fosse real qual alternativa você escolheria para investir? É provável que você tenha escolhido a alternativa 1, recebendo os R$80.000 garantidos. 72 Porém, as duas possibilidades presentes na alternativa de investimento 2 lhe apresentam o mesmo retorno esperado de R$80.000. Observem a demonstração de cálculo da alternativa 2 90% de chance de ganhar R$ 100.000 Hipótese 1 - Retorno = 0,90 x 100.000 = 90.000 Hipótese 2 - 10% de chance de você perder R$ 100.000 Risco = 0,10 x 100.000 = 10.000 Resultado final: 90.000 – 10.000 = 80.000 Analisando tecnicamente, conclui-se que as pessoas tendem a preferir investimentos em renda fixa por terem conhecimento prévio sobre retorno e riscos minimizados, mesmo com a possibilidade de obtenção de maiores rentabilidades a partir da realização de investimentos de ativos de renda variável. Agora vejamos outra forma de comparar o retorno de ativos. Considere agora, que um consultor de investimentos lhe oferece duas oportunidades de investimentos para o valor de R$150.000. A primeira alternativa em um ativo de renda fixa e a segunda em um ativo de renda variável. Considere também que os 2 ativos apresentem a mesma rentabilidade média no período de 4 anos. Suponha que dois ativos possuem o mesmo retorno médio de 8%. Quadro 01- Retorno Médio das carteiras Período Retorno Renda Variável Retorno Renda Fixa 1 - 10% 3% 73 2 - 20% 4% 3 30% 5% 4 32% 6% Total 32% 32% Média 32/4 = 8% 32/ 4 = 8% Calculando a média simples dos retornos dos ativos chegamos ao mesmo resultado, ou seja, 8%. Apesar de identificarmos uma oscilação negativa no retorno do ativo de renda variável nos 2 primeiros períodos, o resultado foi recuperado ao final do 4 período. Quadro 02- Retorno Médio e Retorno Acumulado das carteiras Período Retorno Renda Variável Retorno Acumulado Retorno Renda Fixa Retorno Acumulado 1 - 10% 135.000,00 5% 157.500,00 2 - 20% 121.500,00 7% 168.525,00 3 30% 157.950,00 10% 185.377,50 4 32% 208.494,00 12% 207.622,80 Total 32% 208.494,00 32% 207.622,80 Média 32/4= 8% 32/ 4 = 8% Contudo, ao observarmos o comportamento do retorno em cada período verificou-se resultados diferentes entre o retorno médio e o retorno acumulado no período analisado. 74 Quadro 03- Quadro resumo das carteiras de Retorno Médio e Retorno Acumulado das carteiras Período Retorno Renda variável Retorno Acumulado Retorno Renda Fixa Retorno Acumulado Total 32% 208.494,00 32% 207.622,80 Média 32/4 = 8% ≠ $871,20 32/ 4 = 8% ≠ 0,42% O retorno acumulado apresentado sobre o investimento na modalidade de renda variável foi superior em R$871,00 ou 0,42% em relação ao investimento realizado em renda fixa. Outa forma importante de calcular o retorno esperado é o modelo de precificação de ativos (CAPM). Esse modelo apresenta uma combinação de viáveis e risco e retorno expresso na fórmula: Ri = Rf + β (Rm – Rf). Vamos compreender o significado de cada variável. Ri = retorno esperado de um ativo. Rf = retorno do ativo livre de risco. β = medida de risco do ativo em relação a uma carteira de referência (coeficiente de risco sistemático de uma ação). Rm = taxa esperada de retorno sobre o portfólio geral do mercado. (Rm – Rf) = taxa de prêmio relativo ao risco de mercado. Agora que você já conhece o significado das variáveis, vamos atribuir valores hipotéticos para demonstrarmos o cálculo do retorno esperado. Rf = retorno do ativo livre de risco = 6,0% β = medida de risco do ativo em relação a uma carteira de referência (coeficiente de risco sistemático de uma ação) = 1,2 Rm = taxa esperada de retorno sobre o portfólio geral do mercado = 12% 75 (Rm – Rf) = taxa de prêmio relativo ao risco de mercado. A partir dos valores apresentados, vamos calcular o retorno esperado de um ativo (Ri): Ri = Rf + β (Rm – Rf) = Ri = 6,0 + 1,2 (12 – 6,0) = Ri = 6,0 + 1,2 x 6,0 = Ri = 6,0 + 7,2 = Ri = 13,20% Ri = Retorno esperado = 13,20% A combinação dos diferentes níveis de ativos e retornos esperados proporcionam a rentabilidade de 13,20%. Conclusão do Bloco 4 Chegamos ao final do Bloco 4. Nesse bloco foi possível compreender o conceito e os principais tipos de riscos os quais instituições financeiras, clientes e demais participantes do mercado financeiro estão expostos. Apresentamos também as diferentes classificações e mecanismos de gestão de riscos. Na sequência discutimos a respeito da importância do processo de mensuração do risco de crédito, onde a busca pelo aprimoramento desse processo tem sido consideravelmente atribuída pelo crescimento, nos últimos anos, dos casos de falência em todo o mundo. Para finalizar, apresentamos duas formas de cálculo e análise de risco e retorno de uma carteira hipotética de ativos de renda fixa e variável. Pronto. É isso. Esperamos ter contribuído com seu processo de aprendizagem. Obrigado e até a próxima. 76 Referências do Bloco 4 ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2015. BANCO DO BRASIL. Risco de Crédito. <https://www.bb.com.br/portalbb/page3,136,2545,0,0,1,8.bb>. Disponível em: 23 set. 2018. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Supervisão da Basiléia. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/fis/supervisao/basileia.asp>. Acesso em: 20 out. 2018. BANCO PACTUAL. Mercado Financeiro: o que é, como funciona e para que. 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Análise de crédito em instituições financeiras por meio de informações relativas à responsabilidade socioambiental. Disponível em: <http://dvl.ccn.ufsc.br/congresso/anais/2CCF/20080717214924.pdf>. Acesso em: 20 set. 2018. WAWRZENIAK, D. Como a Taxa de Juros Controla a Inflação. 10 março 2014. Disponível em: <https://www.bussoladoinvestidor.com.br/taxa_de_juros_inflacao/>. Acesso em: 20 set. 2018. http://dvl.ccn.ufsc.br/congresso/anais/2CCF/20080717214924.pdf https://www.bussoladoinvestidor.com.br/taxa_de_juros_inflacao/ 78 BLOCO 5: CENÁRIO ECONÔMICO Caro aluno, convido-o a partir desse momento a compreender as variáveis que explicam o comportamento da economia e que devem constantemente serem acompanhadas para compreensão do cenário econômico. Esse cenário econômico exerce impacto direto nas diferentes decisões que envolvem o mercado financeiro. Nesse sentido apresentaremos o funcionamento das variáveis: inflação, taxa de juros, câmbio, contas externas e produção. Em seguida vamos discutir a estratégia de diversificação como instrumento de defesa dos riscos presentes no mercado financeiro. Por fim, analisaremos as diferentes teorias de análise risco tais como: Modelo CAPM, Teoria do portfólio e Hipóteses do Mercado Eficiente. Ao final dessa apostila, desejamos que você tenha compreensão sobre a interpretação do cenário econômico e aplicação das teorias de de análise de riscos. E aí, vamos lá? Iniciamos explicando algumas coisas que irão ajudá-lo a entender o que está acontecendo na economia e quais as perspectivas para o cenário econômico futuro que trarão benefícios a sua análise e tomada de decisão no mercado financeiro. Ao contrário do que pode parecer para muita gente, a economia não é um “bicho de sete cabeças”. Existem algumas variáveis fundamentais para entendermos o que está acontecendo e definirmos quais os rumos futuros que a economia brasileira poderá seguir. Na verdade, são 5 as varáveis a serem analisadas: Inflação, Taxa de Juros, Câmbio, Produção Industrial e Nível de Emprego, Contas Externas. Passaremos a discutir cada uma delas a partir de um exemplo prático observando cada como elas atuam sobre a economia. Vamos apresentar cada uma destas variáveis e como elas atuam sobre a economia. 79 5.1 Inflação Iniciamos explicando o que é a inflação e por que ela é ruim? Inflação é a perda de valor do dinheiro resultante de um aumento contínuo e generalizado nos preços da economia. Para ficar mais claro, imagine que você tem hoje R$ 50,00 e consegue comprar uma camisa. Supondo que ao longo do ano a inflação apurada seja de 10%, você precisará agora de R$55,00 para comprar a mesma camisa. A conclusão a que chegamos é de que seu poder de compra agora é menor pois necessita de mais dinheiro para poder comprar uma outra camisa (WAWRZENIAK, 2014). Relembremos agora um pouco do histórico da inflação no Brasil. Wawrzeniak (2014) menciona que no período entre 1964 e 1994 (ano do plano Real) convivíamos com a inflação acelerada a níveis extraordinários classificados como hiperinflação. Nesse sentido, (Brito, 2013) tínhamos como efeito a redução de produtos nas gôndolas de supermercados e o dinheiro desvalorizado, tinha que ser utilizado para liquidação de dívidas e realização de compras no mesmo dia para não ter seu poder de compra reduzido. A partir de 1994, com a introdução do chamado Plano Real a inflação começa a desacelerar tornando a economia um pouco mais estável para que as pessoas pudessem planejar melhor suas compras. Atualmente convivemos com níveis aceitáveis de inflação oscilando entre 10 a 6% (WAWRZENIAK, 2014). De acordo com Brito (2013), existem dois causadores principais de inflação, que deixam o Banco Central em estado de alerta no Brasil. São eles: atividade econômica aquecida e expectativas. Vamos detalhar esses aspectos. Com relação a atividade econômica superaquecida, é quando a economia está crescendo à um nível acima do suportado pela sua estrutura, resultando em redução do desemprego abaixo do nível considerado normal, aumento generalizado dos salários, do custo dos insumos produtivos e consequentemente aumento no nível de preços (WAWRZENIAK, 2014). Já a questão envolvendo as expectativas, o resultado da inflação passada é utilizado como forma de reajuste dos preços atuais. É o que chamado de indexação, e pode levar a aceleração da inflação e hiperinflação, como ocorreu no Brasil (ASSAF, 2015). Em outra análise, Brito (2013) ressalta que a inflação é a variável central na economia brasileira, uma vez que toda a política monetária (nível da taxa de juros) está orientada sobre ela, onde o Banco Central define a taxa de juros quase que exclusivamente com base no nível da inflação, acompanhar a inflação nos permite saber se os juros têm maior probabilidade de aumentar ou 80 diminuir. Além disso, a inflação é primeiramente um indicador de aquecimento da economia, de modo que uma alta da inflação aponta que a economia está produzindo além do potencial permitido por sua capacidade produtiva principalmente no que tange a infraestrutura e mão de obra (MENESES, 2015). No Brasil a inflação é medida pelos índices IPCA (calculado pelo IBGE e medida oficial do governo) índice que é utilizado para reajuste da maioria dos produtos na economia e IGP (da Fundação Getúlio Vargas) e outros índices paralelos que são utilizados principalmente no reajuste de contratos de aluguéis e energia elétrica (WAWRZENIAK, 2014). 5.1.1 Taxa de juros Bom, agora é hora de aprendermos um pouco sobre a taxa de juros. Seu significado e forma de controle na economia. Assaf (2015) evidencia que além da taxa de inflação, que mede o aumento dos preços, temos a taxa de juros Selic que determina o nível básico de juros na economia (ASSAF, 2015). A taxa de juros que o governo paga ao mercado financeiro para tomar dinheiro emprestado deve ser, portanto a mais baixa da economia, que no caso do Brasil é justamente a taxa Selic. Consequentemente, todas as taxas de juros na economia serão superiores à meta da taxa Selic, definida pelo Banco Central do Brasil, por meio do Copom (comitê de política monetária) (WAWRZENIAK, 2014). Por mais que este seja o sonho de qualquer Banco Central, não é possível controlar a inflação diretamente. Ao definir uma taxa de juros, o objetivo é impactar diversos aspectos da economia, que por sua vez irão impactar a inflação diretamente. Estes são os chamados meios de transmissão da política monetária. Como vimos, a taxa de juros é utilizada para controlar a inflação e entendendo os movimentos da inflação, podemos saber o que esperar das taxas de juros. Por sua vez, a taxa de juros (SELIC) é importante para entendermos o cenário econômico brasileiro, uma vez que ela determina diversas variáveis que afetam diretamente o lado real da economia, ou seja, a produção. Entre essas variáveis estão o nível de crédito oferecido, o custo deste crédito e até mesmo o fluxo de dólares que entram e saem do país (WAWRZENIAK, 2014). 81 Atualmente o Brasil vive um ciclo em que as taxas de juros estão nos níveis mais baixos das últimas décadas. Isso deve-se à melhor organização das finanças do governo ao longo dos últimos anos, e mais recentemente ao período de crise que reduziu as taxas de juros em todo o mundo. No entanto, ainda assim temos uma das taxas de juros mais altas do mundo. Chegamosentão à um dos fundamentos da análise de um cenário econômico no contesto atual, o dilema entre crescimento e inflação. Queda na Taxa de Juros -> Aquece a Economia Economia Superaquecida -> Gera Inflação Inflação Passada – > Gera Inflação Hoje (indexação) Portanto, veja que não é possível o governo fazer a economia crescer acima de seu potencial, somente reduzindo as taxas de juros, uma vez que isso resultaria em aceleração da inflação (MENESES, 2015). 5.1.2 Câmbio Agora que você já sabe compreendeu o impacto da inflação e da taxa de juros no cenário econômico, vamos falar sobre o câmbio. Isso mesmo. Esta variável econômica é fundamental por determinar o custo das importações e exportações, e consequentemente se no saldo final destas transações o Brasil é credor (exportações > importações) dissemos que houve superávit ou devedor (importações > exportações), chamamos de déficit da balança comercial (ASSAF, 2015). Em uma economia mundial como a de atualmente (Meneses, 2015), o Brasil compete com outros diversos países no momento de vender sua produção internacionalmente. Como o câmbio determina o preço da moeda internacional (o dólar – US$), ele consequentemente afeta o preço dos produtos brasileiros e nossa competitividade frente à outros países. Além do dinheiro proveniente de transações, existe também o fluxo proveniente de capital especulativo (investimentos de curto prazo), que pode afetar a cotação do dólar para valores que prejudiquem às exportações brasileiras (MENESES, 2015). Vejamos algumas possibilidades de comportamento do câmbio na prática: 82 Em uma economia mundial como a de atualmente, o Brasil compete com outros diversos países no momento de vender sua produção internacionalmente. Como o câmbio determina o preço da moeda internacional (o dólar – US$), ele consequentemente afeta o preço dos produtos brasileiros e nossa competitividade frente à outros países (BRITO, 2013). Além do dinheiro proveniente de transações, existe também o fluxo proveniente de capital especulativo (investimentos de curto prazo), que pode afetar a cotação do dólar para valores que prejudiquem às exportações brasileiras. Neste caso o governo adota uma política de controlar a cotação do dólar por meio da compra e venda da moeda e de dos chamados swaps cambiais (MENESES, 2015). Esta variável econômica é fundamental por determinar o custo das importações e exportações, e consequentemente se no saldo final destas transações o Brasil é credor (exportações > importações) ou devedor (importações > exportações), as chamadas contas externas como veremos adiante (WAWRZENIAK, 2014). 5.1.3 Produção Industrial e o Nível de Emprego A produção industrial e o nível de emprego são fundamentais para entender se a economia apresenta potencial de crescimento. Um aumento da produção aponta que mais valor está sendo gerado, que as pessoas estão consumindo mais e consequentemente também há mais postos de trabalhos para serem preenchidos. Como vimos, quando a produção cresce além do suportado pela estrutura econômica, temos a inflação por conta do aumento de demanda nos recursos produtivos, que não estão disponíveis para todos, resultando em aumento de preços (BRITO, 2013). O que permite ampliar a capacidade natural de produção da economia são os novos investimentos por conta do governo e das empresas, fazendo com que os recursos produtivos sejam ampliados e a economia possa crescer de modo sustentável e sem inflação conforme justifica Wawrzeniak (2014). 5.1.4 Contas Externas 83 As contas externas mostram o saldo entre os dólares que entraram e os dólares que saíram do país, sejam por meio de transações, por meio de investimentos especulativos ou não e até remessas de empresas e pessoas ao exterior (ASSAF, 2015). Wawrzeniak (2014) ressalta que este fluxo mostra se o Brasil está sendo credor ou devedor perante aos outros países, sendo que a posição de credor mostra que o Brasil está acumulando reservas, enquanto que a posição devedora aponta o Brasil perdendo reservas. Brito (2013) menciona que o saldo é afetado por diversos motivos, porém principalmente pelos fatores que afetam a produção brasileira, como competitividade, aumento de custos, políticas protecionistas e até mesmo fatores climáticos. 5.1.5 Outras variáveis do cenário econômico brasileiro Existem outras variáveis a serem analisadas na interpretação de um cenário econômico no Brasil (ASSAF, 2015). Vejamos alguns exemplos de variáveis importantes que abrangem outros pontos como o social e político: O aumento de renda da população amplia o mercado consumidor doméstico beneficiando a toda a sociedade. A melhoria nos níveis de educação e alfabetização mostram a criação de uma mão de obra mais qualificada para garantir que a competitividade e produção cresçam de modo sustentável. A porcentagem de jovens empregados mostra se a mão de obra do futuro está sendo devidamente preparada (problema grave que está ocorrendo em países europeus atualmente). Capacidade de o governo sustentar a população aposentada no futuro (um problema extremamente preocupante que irá ocorrer no Brasil em um futuro próximo caso nada seja feito). Por fim, analisaremos as Variáveis Político Econômicas, que segundo Wawrzeniak (2014) evidenciam o alinhamento do governo em garantir que a economia seja competitiva e que as melhorias realizadas sejam sustentáveis no longo prazo e garantam uma melhor qualidade de vida à população. Entre elas destacam-se: Níveis de corrupção. 84 Independência do Banco Central em realizar a política monetária de acordo com a condição econômica e não de interesses políticos. Capacidade e vontade de o governo respeitar os acordos já estabelecidos previamente, garantindo um ambiente mais seguro para investimentos de longo prazo. Eficiência do setor público em agir conforme o necessário e desburocratizar processos, facilitando o processo de investimento, criação de empresas, etc. Capacidade do setor público em gastar o dinheiro arrecadado de forma eficiente, gerando melhoria de vida à população. 5.2 Diversificação É possível diminuir o risco de seus investimentos através da diversificação. Diversificar de acordo com Wawrzeniak (2014) significa combinar em uma mesma carteira de investimentos ativos com características diferentes, pois ativos com características distintas tendem a obter retornos distintos e a seguir diferentes tendências. O objetivo da diversificação é conseguir os melhores retornos potenciais para um determinado nível de risco (FAMÁ, 2010). De acordo com Fellet (2016) o efeito da diversificação ocorre conforme adicionamos ativos com características distintas a uma carteira de investimentos, reduzindo-se a chance de que uma eventual perda em um dos ativos ou um fato gerador de perdas ocasione perdas na totalidade de sua carteira. Vale destacar que a diversificação é eficaz até mesmo dentro de um mesmo mercado, como a bolsa de valores, bastando para isso que se escolha empresas de diferentes setores e que sejam afetadas por diferentes fatores econômicos, internacionais, entre outros (FELLET, 2016). Entretanto, a melhor estratégia para diminuir o risco é estudar e conhecer bastante o mercado que você pretende investir. Mesmo nos títulos públicos, que possuem baixo risco, existem rentabilidades diferentes de acordo com o título que você escolher (MENESES, 2015). Em mercados que envolvem mais riscos, como o mercado de ações, existem excelentes cursos (presenciais ou online) para aprender a operar com esse tipo de investimento. As próprias corretoras de valores oferecem muito material interessante para seu aprendizado (ASSAF, 2015). 85 Agora chegou o momento de apresentarmos algumas das principais teorias de análise de risco.5.3 Teoria do Portfólio A teoria de seleção de portfólio de Markowitz (1952) parte da premissa de que o investidor considera o retorno como algo desejável e sua variabilidade um aspecto indesejável, sendo tais variáveis representadas pelo retorno esperado e o risco (variância desse retorno). Esses critérios seriam fundamentais para o investidor, uma vez que o retorno futuro não pode ser definido com absoluta certeza: ele deve ser "esperado" ou "antecipado" em forma de desconto a valor presente (DAMASCENO, 2015). A teoria da seleção do portfólio assume como regra que na escolha da carteira, o investidor deveria maximizar o retorno descontado, hipótese essa que deve ser rejeitada, sob a premissa de que as imperfeições do mercado devem ser ignoradas, já que regra anterior não implica na existência uma carteira diversificada que é preferível a todas as demais carteiras (FELLET, 2016). Como os investidores estariam de acordo quanto à distribuição de probabilidades das taxas de retorno dos ativos, seria assegurada a existência de um conjunto de carteiras eficientes (DAMSCENO, 2015). São premissas da teoria a racionalidade econômica dos investidores e sua aversão ao risco, de modo que, dentre opções de investimento com mesmo retorno, os investidores sempre escolheriam a opção de menor risco, e diante de opções de risco semelhantes os investidores sempre escolheriam a opção que conferisse maior retorno (FAMÁ, 2010). Visando a simplificação das percepções dos investidores, assume-se que todos os estariam em acordo quanto à distribuição de probabilidades das taxas de retorno dos ativos (FELLET, 2016). O retorno da carteira como um todo é uma média ponderada do retorno dos ativos individuais (onde o investidor pode escolher os pesos). A carteira com o máximo retorno esperado não é necessariamente a carteira com variância mínima (FAMÁ, 2010). 5.3.1 Risco Segundo Fellet (2016), o risco surge a partir do desvio dos retornos reais e dos retornos esperados, podendo ocorrer por diversas razões, dividindo-se em dois tipos: os que são 86 específicos para o investimento e aqueles que se aplicam a todos os investimentos, também chamado de risco de mercado. Em investimentos com risco de inadimplência, o risco é medido pela probabilidade de que os fluxos de caixa esperados não aconteçam (FELLET, 2016). Os investimentos com maior risco de inadimplência devem ser remunerados com taxas de juros mais elevadas, sendo adicionado um prêmio exigido sobre uma taxa considerada livre de risco de inadimplência. Assaf (2015) descreve riscos conjunturais, tais como crise cambial, crise política, guerras, inflação, etc. Estes riscos permanecem na carteira, não sendo eliminados através da diversificação, já que atingem a carteira como um todo, devendo ser tratados como sendo relevantes para o investidor (ASSAF, 2015). O risco total de um ativo pode ser divido em duas partes: a parcela que é determinada por fatores conjunturais e de mercado que atingem todas as empresas, não podendo ser diversificado, a outra parcela de risco que é de fato diversificável, não devendo preocupar o investidor diversificado, sendo referente a um contexto específico da empresa, como por exemplo: o endividamento, entrada de concorrência no mercado, etc. Nesses casos a carteira como um todo não seria afetada. (DAMASCENO, 2015). O risco específico de uma ação ou título pode ser mensurada pelo coeficiente beta, que é o coeficiente angular da reta de regressão linear entre os retornos do título e os retornos da carteira de mercado (FAMÁ, 2010). 5.4 A Hipótese Do Mercado Eficiente (HME) De acordo com Famá (2010), a Hipótese do Mercado Eficiente (HME) tem como principais premissas: não há custos de transação na comercialização dos títulos, todas as informações disponíveis são gratuitas e disponíveis para todos os participantes do mercado, e todos os participantes do mercado analisam as informações disponíveis de forma idêntica e a projetam da mesma maneira em distribuições futuras dos preços dos títulos. Um mercado onde os preços sempre "refletem completamente" a informação disponível seria chamado de eficiente (FAMÁ, 2010). A literatura empírica de acordo com Damasceno (2015) relaciona-se implícita ou explicitamente à suposição de que as condições de equilíbrio de mercado podem ser definidas em termos de 87 retornos esperados. A relevância da HME vem da ideia de que o mercado pode precificar os ativos de três formas diferentes, baseando-se em informações disponíveis. A partir dessas formas novos estudos podem ser melhor modelados assumindo uma dessas três premissas: fraca, semiforte e forte (FAMÁ, 2010). A forma fraca de eficiência de mercado implica que o retorno futuro de um título pode ser previsto com grande margem de segurança a partir dos retornos históricos. Desta forma, a expectativa de um retorno anormal, ou seja, um retorno acima do esperado com base na série histórica é igual a zero (FELLET, 2016). A forma semiforte se relaciona com o fato de os preços atuais "refletirem completamente", todas as informações disponíveis publicamente. Cada teste individual se preocupa com o ajuste dos preços dos títulos para um tipo de evento que fornece informação: desdobramento de ações, divulgação de relatórios financeiros, fatos relevantes, novas emissões de ações, etc. (FAMÁ,2010). Na forma semiforte, as informações disponíveis publicamente são refletidas nos preços dos títulos e desta forma os preços não refletem somente o histórico passado como na forma fraca, mas também todas as informações disponíveis publicamente (DAMASCENO, 2015). Quanto à forma forte, a preocupação é se algum investidor ou grupos, tais como gestores de fundos, têm acesso monopolista a qualquer informação relevante para a formação de preços (FAMÁ, 2010). De acordo com essa vertente, nenhum investidor pode obter retornos extraordinários, devido ao fato de todas as informações já estarem precificadas. Ocorre quando toda informação disponível e também as informações confidenciais estão refletidas nos preços das ações, ou seja, nenhum agente obtém retornos superiores aos normais ao negociar títulos com base em informações privilegiadas que detenham. Fama (1970) afirma ainda que não é esperado que esta situação seja uma descrição exata da realidade do mercado (FELLET, 2016). Os estudos iniciais acerca da HME estavam preocupados segundo Fellet (2016) com os chamados testes de forma fraca em que são utilizadas informações de interesse é apenas histórico dos preços passados (ou retornos). Não há nenhuma evidência importante contra a 88 hipótese de os testes forma fraca e semiforte, e apenas evidência limitada contra a hipótese nos testes forma forte, como é o fato de alguns usuários terem acesso à informação monopolista (insiders) sobre os preços (FAMA, 1970). 5.5 Desenvolvimento Teórico do CAPM O CAPM em sua forma tradicional foi desenvolvido conceitualmente por Sharpe (1964), Lintner (1965) e Mossin (1966), descreve determinadas hipóteses restritivas, no sentido de proporcionar uma teoria sobre o prêmio de risco de mercado, descrevendo premissas nas quais se baseia, como a aversão ao risco por parte dos investidores, que têm a alternativa de investimento em títulos sem risco que oferecem um retorno positivo (ou tomar emprestado à mesma taxa de juros), podendo vendê-los se assim o desejarem (FELLET, 2016). O modelo CAPM traz os seguintes pressupostos básico: Todos os investidores têm expectativas homogêneas. Os investidores podem tomar emprestado e investir na taxa livre de risco. Não há custos de transação. Os investidores têm aversão ao risco. Os investidores têm o mesmo horizonte de tempo. Damasceno (2015) menciona que o CAPM consiste em um modelo de equilíbrio parcialem que os agentes visualizam o retorno livre de risco (Rf) e a distribuição de probabilidade do retorno futuro sobre os ativos de risco como variável exógena. Assim, o CAPM procura identificar o retorno em excesso de uma determinada empresa, considerando como variável o prêmio pelo risco de mercado (DAMASCENO, 2015). O CAPM é um modelo de precificação de ativos adequado a qualquer tipo de ativo financeiro sob condições de risco ou incerteza, sendo três os componentes nos quais o modelo se baseia: retorno do ativo livre de risco, o β (beta) como medida de risco do ativo em relação a uma carteira de referência e o prêmio relativo ao risco de mercado. As premissas que permeiam o modelo CAPM estão divididas entre os investidores e o mercado (FELLET, 2016). Investidores: maximizam o retorno ajustado ao risco ou o índice de Sharpe, fazem as mesmas previsões sobre retornos esperados, variâncias e covariâncias, no mesmo horizonte de tempo e escolhem pesos para os ativos de risco (expectativas homogêneas), podem emprestar e tomar 89 emprestado quantias ilimitadas à taxa livre de risco; - podem ter dotações de riqueza diferentes, são tomadores de preços já que nenhum investidor tem o poder de afetar os preços do mercado e têm diferentes graus de aversão ao risco (FELLET, 2016). Mercado: não há custos de transação, todos os investimentos ocorrem em ativos financeiros negociados publicamente, existência de uma taxa livre de risco (conhecida e não-estocástica). Segundo Assaf (2015), para o desenvolvimento desse modelo, assume-se as seguintes hipóteses: (a) o mercado é eficiente; (b) os ativos possuem o comportamento de uma distribuição normal; (c) os investidores são avessos ao risco; (d) não há impostos, taxas, custos de transações ou qualquer restrição para os investimentos no mercado; (e) todos os investidores formam carteiras com base em expectativas idênticas; (f) existe uma taxa de juros de mercado definida como livre de risco. Assaf (2015) explica ainda que dentro de um contexto de otimização por média variância, pode-se propor que: diante de opções de investimentos com riscos iguais, o investidor escolhe o de maior retorno; e diante de opções de investimentos de retornos iguais, o investidor escolhe de menor risco. O CAPM tem sido aplicado para se encontrar o custo de capital das empresas e para precificar ativos (ASSAF, 2015). O modelo foi formulado com base na teoria de seleção do portfólio de Markowitz (1952), onde a seleção de carteiras é feita através da relação entre risco e retorno esperado. A descrição do modelo CAPM é feita pela seguinte equação linear: Ri = Rf + β (Rm – Rf) Ri = retorno esperado de um ativo. Rf = retorno do ativo livre de risco. β = medida de risco do ativo em relação a uma carteira de referência (coeficiente de risco sistemático de uma ação) Rm = taxa esperada de retorno sobre o portfólio geral do mercado. (Rm – Rf) = taxa de prêmio relativo ao risco de mercado. O retorno aumenta de modo linear em função do risco sistemático ou não diversificável, risco este inerente ao mercado (FAMÁ, 2010). O risco não-sistemático não é remunerado, pois ele pode ser eliminado por meio da diversificação do portfólio. Brito (2013) explica que o prêmio relativo ao risco de mercado é a diferença entre a taxa projetada de retorno sobre a carteira de 90 mercado e a taxa livre de risco. O prêmio de risco é o prêmio oferecido pelo mercado por se assumir uma quantidade média de risco sistemático além do tempo de espera do dinheiro, que seria a taxa livre de risco (FELLET, 2016). Segundo, Fellet (2016), o prêmio do beta é positivo, o que significa que o retorno esperado da carteira de mercado supera o de ativos cujos retornos não estejam correlacionados com o retorno do mercado. Conforme Menezes (2015) em terceiro, na versão Sharpe Lintner do modelo, os ativos não correlacionados com o mercado têm retornos esperados iguais à taxa de juros livre de risco, e o prêmio do beta é o retorno esperado do mercado menos a taxa livre de risco. A maioria dos testes dessas previsões usa regressões longitudinais ou de série temporal. As duas abordagens datam dos primeiros testes do modelo (FELLET, 2016). O coeficiente Beta indica o incremento necessário no retorno de um ativo de forma a remunerar seu risco sistemático e a forma como o ativo é impactado pelas variações do mercado de ações como um todo (FAMÁ, 2010). Segundo a fórmula, o retorno esperado de um título está linearmente relacionado a seu beta, ou seja, se o β for igual a zero, o retorno esperado do título é igual à taxa livre de risco, porém, se o β for 1, o retorno esperado do título é igual ao do mercado. Em outras palavras, os indivíduos aplicarão em um ativo com risco somente se o seu retorno esperado remunerar o risco incorrido. O coeficiente beta mede a sensibilidade do ativo em relação ao mercado, ou risco de uma ação (ou ativo) em relação ao retorno de um mercado de referência (FELLET, 2016). Ri = Rf + β (Rm – Rf) Ri = retorno esperado de um ativo = ? Rf = retorno do ativo livre de risco = 8,0% β = medida de risco do ativo em relação a uma carteira de referência (coeficiente de risco sistemático de uma ação) = 1,4 Rm = taxa esperada de retorno sobre o portfólio geral do mercado = 15% (Rm – Rf) = taxa de prêmio relativo ao risco de mercado. 91 Conclusão do Bloco 5 Chegamos ao final do Bloco 5. Nesse bloco foi possível apresentamos as principais variáveis que explicam o comportamento da economia incluindo a inflação, taxa de juros, câmbio, contas externas e produção. Em seguida, discutimos sobre a estratégia de diversificação como instrumento de defesa dos riscos presentes no mercado financeiro. Por fim, analisamos as diferentes teorias de análise risco tais como: Modelo CAPM, Teoria do portfólio e Hipóteses do Mercado Eficiente. Pronto. É isso. Esperamos ter contribuído com seu processo de aprendizagem. Obrigado e até a próxima. 92 Referências do Bloco 5 ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2015. BACEN. Banco Central do Brasil. O que é e o que faz o Banco Central. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/pre/portalCidadao/bcb/bcFaz.asp?idpai=LAIINSTITUCIONAL>. Acesso em: 7 set. 2018. BRITO, Osias. Mercado financeiro. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013. CVM. Comissão de Valores Mobiliários. Regimento. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/leis-decretos/anexos/PortariaMF-327- 77-regimento-da-cvm.pdf>. Acesso em: 15 set. 2018. DAMASCENO, A. L. R. Teoria do portfólio: um estudo sobre os fatores que influenciam a escolha do perfil de investimento da fasern t. S. A. Artigo Científico. 2015. Disponível em <http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/view/2259>. Acesso em: 11 out. 2018. FAMÁ, R. Hipótese de mercados eficientes e finanças Comportamentais – as discussões persistem. Artigo científico. SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia. 2010. Pontifícia Universidade de São Paulo - PUC-SP. Disponível em <http://www.cpge.aedb.br/seget/artigos07/1241_TextoSeget.pdf>. Acesso em: 12 out. 2018. FELLET, B. G. Avaliação de modelos de precificação de ativos no mercado acionário brasileiro. Dissertação Mestrado. Universidade Federal da Paraíba. 2016. Disponível em: <http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/20125/1/2016_BiancaGabrielFellet.pdf>. Acesso em: 5 de out. 2018. MENESES, Anderson; MARIANO, Fabrício. Mercado financeiro. 2. ed. São Paulo: Ed. Método, 2015. WAWRZENIAK, D. Como a Taxa de Juros Controla a Inflação. 10 março 2014. Disponível em: <https://www.bussoladoinvestidor.com.br/taxa_de_juros_inflacao/>. Acesso em: 10 out. 2018. https://www.bcb.gov.br/pre/portalCidadao/bcb/bcFaz.asp?idpai=LAIINSTITUCIONAL http://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/leis-decretos/anexos/PortariaMF-327-77-regimento-da-cvm.pdfhttp://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/leis-decretos/anexos/PortariaMF-327-77-regimento-da-cvm.pdf http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/view/2259 http://www.cpge.aedb.br/seget/artigos07/1241_TextoSeget.pdf http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/20125/1/2016_BiancaGabrielFellet.pdf https://www.bussoladoinvestidor.com.br/taxa_de_juros_inflacao/ 93 BLOCO 6: ÁREA DE PRODUTOS Caro aluno, convido-o a partir desse momento a compreender a dinâmica de funcionamento do Mercado e Capitais. Apresentaremos os principais aspectos que envolvem as práticas administrativas e operacionais desse importante mercado que traz contribuições significativas ao desenvolvimento econômico do país. Na sequência, você conhecerá os principais participantes do mercado de capitais. Por fim, serão apresentados os diferentes produtos e suas respectivas características operacionais e expectativas de retorno. Ao final dessa apostila, desejamos que você tenha compreensão sobre o funcionamento e características do mercado de capitais. E aí, vamos lá? Iniciamos apresentando a definição de Mercado financeiro, que Segundo Meneses (2015, p. 18) deve ser entendido inicialmente como um ambiente de compra e venda de valores mobiliários (ações, opções, títulos), câmbio (moedas estrangeiras) e commodities (mercadorias: ouro, produtos agrícolas e minerais). Nessas negociações, estão envolvidas diversas instituições, que interagem com poupadores e tomadores de recursos, e agentes que regulam e fiscalizam as transações realizadas. Sua organização possui segmentos especializados na dedicação de elaboração e operacionalização em transações específicas para cada uma de seus segmentos. A diante apresentaremos os principais segmentos do mercado financeiro. 94 6.1 Mercado de Capitais O mercado de capitais é um sistema de distribuição de valores mobiliários, que tem o objetivo de proporcionar liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabilizar seu processo de capitalização. É também aquela que torna viáveis projetos que procuram sócios que queiram participar do risco do empreendimento na expectativa de retornos maiores que as taxas de juros bancárias, tornando, assim, mais eficiente a alocação de recursos. Podemos dizer que o mercado de capitais é um segmento do mercado em que as empresas negociam riscos (ações e debêntures) (BRITO, 2013). De acordo com o exposto anteriormente, pode-se dizer que o mercado de capitais é o conjunto de instituições e instrumentos que negociam títulos e valores mobiliários objetivando a canalização de recursos dos agentes compradores para os agentes vendedores. Fazendo uma análise histórica, verifica-se a partir de Assaf (2015) que o surgimento do mercado de capitais ocorreu quando o mercado de crédito deixou de atender às necessidades da atividade produtiva no que se refere a garantir o fluxo de recursos nas condições adequadas em termos de prazo, custos e exigibilidade e está fundamentado em dois pilares, que são [...] o estímulo a poupança privada, considerando em termos econômicos a poupança como investimento, sendo assim a razão de ser do mercado de capitais e contribuir para o desenvolvimento econômico, atuando como propulsor de capitais, permitindo a participação coletiva de forma ampla na riqueza e nos resultados da economia (Assaf, 2015). Fazem parte desse ambiente as empresas de capital aberto que são formadas por uma associação de pessoas que se reúnem em espaços físicos predeterminados atuando para alcançar certos objetivos e harmonizar a função econômica e a estrutura jurídica para atrair capital de terceiros em busca de resultados econômicos. Para continuarem a crescer, as empresas necessitam de um constante fluxo. De acordo com Assaf (2015), para continuarem a crescer, as empresas necessitam de um constante fluxo de investimentos em tecnologia, marketing, desenvolvimento de produtos e pesquisas que originem ganhos em escala, os quais se tornaram fatores fundamentais para a sobrevivência e o crescimento da participação da empresa no mercado. Ao abrir seu capital, a 95 empresa tem por objetivo captar recursos financeiros permanentes e, ao se adquirir uma ação, seu possuidor torna-se um sócio da empresa (acionista). Uma empresa é considerada de capital aberto quando promove a colocação de valores mobiliários em bolsas de valores ou no mercado de balcão (ASSAF, 2015). Para as empresas o mercado de capitais é muito importante, pois ajuda financiarem seus projetos a longo prazo. Nesse sentido de acordo com Meneses (2015), evidencia que a captação pode ser feita por meio do BNDES, previdência pública e privada, investidores estrangeiros, banco de investimento ou banco múltiplo. A composição dos recursos captados de uma empresa pode ser de capital próprio (recursos advindos de acionistas e da retenção de lucros gerados pela empresa) ou capital de terceiros (empréstimos, financiamentos bancários, notas promissórias, debêntures, impostos a pagar, fornecedores) (ASSAF, 2015). A rentabilidade de uma empresa está relacionada ao menor custo do capital. Quanto menor o custo, maior a quantidade de projetos que a empresa poderá desenvolver a fim de gerar lucros. Caso a empresa seja de capital aberto, algumas normas têm que ser cumpridas (estatuto) como instruções na CVM, demonstrações e informações financeiras, informativo anual, publicação na ata AGE/AGO e contratação de auditoria independente devidamente registrada na CVM (MENESES, 2015). 6.2 Área de produtos e serviços A área de produtos e serviços relacionados ao mercado de capitais são responsáveis pelo relacionamento entre instituições financeiras e investidores institucionais e tem como principais atribuições de acordo com Brito (2013) o desenvolvimento e manutenção de relacionamento com instituições financeiras e investidores institucionais, a abertura de canais de distribuição para compra e venda de títulos privados e de captação de recursos em fundos e fundações e o desenvolvimento de operações estruturadas com instituições financeiras. Essa mesma área é subdividida inicialmente em Atividades de Renda Fixa e Renda Variável. As atividades de renda fixa segundo Brito (2013), estão relacionadas a administração do caixa do banco e coligadas, aplicação de pricing de operações ativas e passivas no mercado doméstico, compra e venda de títulos públicos em leilões e no mercado secundário, administração das posições e gaps dos livros Pré, Pós e Dólar e arbitragens entre os diversos mercados e o mercado internacional. Já as atividades de renda variável administram a carteira própria de ações, 96 realizam operações de arbitragem entre ações, índices e opções de ações e ainda desenvolvem instrumentos de derivativos financeiros de ações (BRITO, 2013). Outra área de importância na administração de operações do Mercado de Capitais é a área específica de crédito. Essa área dedica-se essencialmente a operações no mercado acionário, envolvendo: Carteira própria de ações: administra compras e vendas de ações para constituição de carteira própria, ou seja, a instituição compra ações e vende-as após a valorização esperada, obtendo como resultado a diferença entre o ganho com a valorização da ação e o custo do dinheiro no mercado. Trade com ações: diferentemente da carteira própria de ações, em que há a intenção de ficar com as ações por um período maior, o trade com ações funciona como oportunidade de ganho perante as bruscas oscilações de mercado em curto espaço de tempo. Exemplo: a instituição compra ações de manhã e coloca-as à venda no mesmo dia ou no dia seguinte. Aproveita as especulações de mercado para realizar ganhos e não há intenção de ficar com as ações por um prazo maior. Underwritting: representam operações de colocação de ações ou debêntures de clientes que estãoabrindo ou ampliando seu capital, onde o banco recebe uma comissão pela colocação das ações ou debêntures no mercado, o que caso não os coloque no mercado, pode correr o risco de ficar com eles em carteira própria e obter prejuízo quando da sua venda. Em se tratando de mercado de capitais há também a Mesa de operações desse mercado que de acordo com Brito (2013), no que diz respeito a Mesa de Futuros é caracterizada por trabalhar em mercados futuros, basicamente com operações de índices, opções, dólar, ouro, mercadorias e swaps. Muitas vezes, funciona como fonte captadora de recursos por meio de operações no mercado futuro, obtendo recursos e repassando-os à mesa de operações com o mercado. 6.3 Tipos de mercados O Mercado de Capitais é constituído por diferentes mercados, inicialmente subdivididos em Mercado Primário e o Mercado Secundário. No Mercado Primário é onde se negocia a subscrição de novas ações ao público, isto é, onde os valores mobiliários circulam pela primeira vez e onde a empresa obtém o capital para seus empreendimentos, pois o dinheiro da venda vai para a empresa (BRITO, 2013). 97 Já o Mercado Secundário são as demais negociações com esses títulos, como simples trocas de possuidores, pois a empresa emissora já não terá mais contato com o dinheiro proveniente dessas trocas (ASSAF, 2015). Esse último mercado se caracteriza também pelas negociações realizadas fora das bolsas, em negociações que denominamos como mercado de balcão, trazendo dessa forma mais liquidez para esses ativos financeiros. Quando um ativo (ação) é negociado pela primeira vez, dizemos que ele é feito no mercado primário ou a partir da oferta pública inicial (em inglês IPO - initial public offering), da segunda vez em diante, consideramos que é feito no mercado secundário. Neste, a empresa não capta recurso algum, pois suas origens aconteceram no mercado primário. Na bolsa de valores, todas as negociações ocorrem no mercado secundário, visto que os investidores efetuam o processo de compra e venda de ações (MENESES, 2015). Segundo Fortuna (2005) “Mercado de Balcão é um mercado sem local físico determinado para a realização das transações. Elas são realizadas por telefone, entre as instituições financeiras. Neste mercado, normalmente, são negociadas ações de empresas não registradas na BOVESPA, além de outras espécies de títulos. O mercado de balcão é dito organizado quando se estrutura como um sistema de negociações de títulos e valores mobiliários administrados por entidade autorizada pela CVM. ” 6.4 Participantes (Players) Os principais participantes (players) do mercado de capitais envolvem bolsas de valores, sociedades corretoras e outras instituições financeiras autorizadas. Estudaremos cada um deles a partir de agora: Comissão de Valores Mobiliários (CVM): criada em 07/12/1976 pela Lei 6.385/76, com o objetivo de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários no Brasil. A CVM é uma entidade autárquica em regime especial, vinculada ao Ministério da Fazenda, com personalidade jurídica e patrimônio próprios, dotada de autoridade administrativa independente, ausência de subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes, e autonomia financeira e orçamentária, possui função de zelar pelo funcionamento eficiente, pela integridade e pelo desenvolvimento do mercado de capitais, promovendo o equilíbrio entre a iniciativa dos agentes e a efetiva proteção do investidores (ASSAF, 2015). 98 Bolsas de valores: a bolsa de valores é o local onde se compram e vendem ações. Tais operações são realizadas por corretoras devidamente autorizadas. Por definição podemos dizer que bolsas de valores são associações sem fins lucrativos que representam a reunião de recursos provenientes da aquisição do título do sócio patrimonial por algumas corretoras. No Brasil, tínhamos até recentemente (2017) duas bolsas, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) e a BMF. Na Bovespa negociavam-se ações e derivativos de ações possíveis, e na BMF negociam-se ativos à vista e derivativos sobre ativos financeiros e agropecuários. Na Bovespa, o investidor pode atuar à vista, neste caso tem-se a liquidação física (entrega da ação pelo vendedor) e financeira (pagamento das ações pelo comprador) em três dias (BRITO, 2013). BMFBOVESPA – B3: a Bovespa não pertencia ao governo, mas às corretoras de valores, onde cada corretora-membro era dona de um título patrimonial dessa associação civil, que é a Bovespa. Quando uma pessoa efetuava a compra de uma ação na Bovespa, ela se tornava uma sócia da empresa, passando a ter direitos sobre e lucros da empresa. Para que uma ação participasse do Bovespa, ela deverá satisfazer às seguintes características: índices de negociabilidade somados representem 80% dos índices individuais somados, volume de participação superior a 0,1% do total e ter sido negociada em mais de 80% dos pregões (B3, 2018). A B3 – Brasil, Bolsa, Balcão: é a versão atualizada da BMF&BOVESPA, uma das principais empresas de infraestrutura de mercado financeiro no mundo, com atuação em ambiente de bolsa e de balcão. Sociedade de capital aberto, a qual as ações (B3SA3) são negociadas no Novo Mercado, a Companhia integra os índices Ibovespa, IBrX-50, IBrX e Itag, entre outros. Reúne ainda tradição de inovação em produtos e tecnologia e é uma das maiores em valor de mercado, com posição global de destaque no setor de bolsas. As atividades incluem criação e administração de sistemas de negociação, compensação, liquidação, depósito e registro para todas as principais classes de ativos, desde ações e títulos de renda fixa corporativa até derivativos de moedas, operações estruturadas e taxas de juro e de commodities (ASSAF, 2018). A B3 também opera como contraparte central garantidora para a maior parte das operações realizadas em seus mercados e oferta serviços de central depositária e de central de registro. Por meio de sua unidade de financiamento de veículos e imóveis, a Companhia oferece produtos e serviços que suportam o processo de análise e aprovação de crédito em todo o território nacional, tornando o processo de financiamento mais ágil e seguro (B3, 2018). 99 Sociedades corretoras: representada por uma empresa que promove a aproximação entre compradores e vendedores de títulos e valores mobiliários. A missão de uma sociedade corretora de valores é criar condições de negociação, como segurança e liquidez em operações feitas num recinto próprio (as bolsas de valores) (BRITO, 2013). Investidores: trata-se de indivíduos ou instituições que aplicam seus recursos em busca de maiores ganhos a médio e longo prazos. Operam nas bolsas por meio de distribuidoras de valores e corretoras, que executam ordens e recebem corretagem pelo serviço. Traders: outras pessoas utilizam estratégias de médio, curto e até curtíssimo prazo. São pessoas que não se importam muito com as instituições na qual estão investindo o seu capital, não se importam com o seu time gerencial, com as perspectivas de consumo do mercado nem com a produção global. Não compram coisas concretas como empresas, grãos, energia ou ouro. Essas pessoas compram ações, contratos futuros e opções (BARTH, 2007). Importam-se com o preço, pois negociam essencialmente o risco. Estes investidores fazem muitas especulações e utilizam as Análises Grafistas (gráficas) para tomar decisões e saber a hora certa de comprar e vender suas ações. Alguns executam inclusive uma ou mais operações completas (compra e venda) dentro de um mesmo dia. Esta operação é chamada de Day-trade. Logo, investidores com este perfil são denominados TRADERS (BRITO, 2013). Sociedades por ações: reúne capital em geral de um grande número de pessoas com o objetivo de realizar uma atividade de maior ou menor risco em busca do lucro. Em 1807, o códigocomercial francês reconheceu este tipo de sociedade denominando-a sociedades mercantis (BARTH, 2007). 6.4.1 Formas de Ganhos Os objetivos e formas de ganhos no mercado de ações são diferentes de acordo com o tipo de “papel” que o investidor possui estando disponível duas alternativas: as ações ordinárias ou preferenciais (BARTH, 2007). Ações Ordinárias: essa modalidade concede direito de voto (em regra cada ação ordinária tem direito a um voto) influi na decisão da empresa e distribuição de dividendos e o poder de decisão concentra-se no investidor que detenha a maior quantidade de ações. 100 Ações preferenciais: já o detentor de ações preferenciais delibera sobre o destino da sociedade, analisam suas contas patrimoniais, elegem diretoria da S. A. e podem promover alterações no estatuto. Na distribuição de dividendos, as companhias de capital aberto têm de distribuir os resultados das empresas com 25% do seu lucro líquido no mínimo, sendo que esse percentual tem respaldo jurídico Assaf (2015). Em economias mais desenvolvidas com maior presença do mercado de capital, o controle das grandes empresas pode atingir valores inferiores a 5%. Essas ações têm como vantagem a preferência no recebimento de dividendos, devendo ocorrer antes dos acionistas ordinários. Não possuem direito de voto e deliberação das empresas a não ser que não se distribuam dividendos durante três anos consecutivos (Meneses, 2015). As alterações promovidas pelas leis nº 9.457/1997 e nº 10.303/2001 conferem aos acionistas preferenciais a possibilidade de receberem um dividendo proporcionalmente maior pago às ações ordinárias (10% a mais), além de possibilitar sua participação de forma mais efetiva nos conselhos de administração e fiscal (FORTUNA, 2005). À medida que cresce o nível de poupança individual e a poupança das empresas (entende-se por poupança o lucro das mesmas) constituem a fonte principal do financiamento dos investimentos de um país (BARTH, 2007). Tais investimentos são o motor do crescimento econômico e este, por sua vez, gera aumento de renda, com consequente aumento da poupança e do investimento, assim por diante. As empresas, à medida que se expandem, carecem de mais e mais recursos, que podem ser obtidos por meio de empréstimos, reinvestimentos de lucros e participação de acionistas (BARTH, 2007). As duas primeiras fontes de recursos são limitadas. Geralmente, as empresas utilizam-nas para manter sua atividade operacional. Mas é pela participação de novos sócios – nesse caso os acionistas – que uma empresa ganha condição de obter novos recursos não exigíveis, como contrapartida à participação no seu capital (FORTUNA, 2005). Com esses novos recursos, as empresas têm condições de investir em novos equipamentos ou no desenvolvimento de pesquisas melhorando seu processo produtivo, tornando-o mais eficiente e beneficiando toda a comunidade. O investidor em ações contribui assim para a produção de bens, dos quais ele também é consumidor. Como acionista, ele é sócio da empresa e se beneficia da distribuição de dividendos sempre que a empresa obtiver lucros (BARTH, 2007). Essa é a mecânica da democratização do capital de uma empresa e da participação em seus lucros. Antes de investir no mercado de capitais deve-se também analisar o tipo de investidor 101 que você é, pois no mercado de capitais você possui diversas formas de obter retorno buscando equilibrar os três aspectos básicos em um investimento: retorno, prazo e proteção (MENESES, 2015). Ao avaliá-lo, portanto, deve estimar sua rentabilidade, liquidez e grau de risco. Conforme Barth (2007), a rentabilidade é sempre diretamente relacionada ao risco. Ao investidor cabe definir o nível de risco que está disposto a correr, em função de obter uma maior ou menor lucratividade. Tornando-se desta forma uma ótima forma de investir seu dinheiro com diversas formas de rentabilidade de pequeno, médio e grande risco, sendo de pequena, média e grande rentabilidade respectivamente. Nesse sentido de acordo com Fortuna (2006), são considerados como principais benefícios do mercado acionário: • Financiamento à produção e os negócios, pois através da venda de ações as empresas obtêm recursos para expandir seu capital, com obrigações apenas no longo prazo. • Possibilitar que os recursos poupados se tornem investimentos, proporcionando crescimento econômico e crescimento de produtividade com a inserção das poupanças no setor produtivos. • Constituir uma forma de crescimento das companhias, que podem aumentar sua participação no mercado através da distribuição de ações, além de possibilitar a elas aumentar seus ativos e valor de mercado. • Auxilia a redistribuição de renda, à medida que pode proporcionar a seus investidores ganhos decorrentes de valorizações do valor da ação e distribuição de dividendos, compartilhando assim o lucro das empresas. • Aprimorar os princípios da Governança Corporativa, através de melhorias na administração e eficiência, visto que as companhias abertas precisam cumprir a regras cada vez mais rígidas propostas pelo governo e pelas Bolsas de Valores, além de deixar o mercado mais transparente. • Possibilitar a inserção de pequenos investidores, já que para investir em ações não há a necessidade de grandes somas de capital como outros tipos de investimentos. • Atuar como indicador econômico, uma vez que é extremamente sensível e a cotação das ações pode refletir as forças do mercado, como momentos de recessão, estabilidade e crescimento. 6.5 Produtos e serviços de intermediação 102 Há uma infinidade de produtos de investimentos disponíveis no mercado de capitais. Vamos a partir de agora estudar os principais. Investimentos em Títulos de renda fixa e variável: a renda é fixa quando se conhece previamente a forma do rendimento que será conferida ao título. Nesse caso, o rendimento pode ser pós ou prefixado, como ocorre, por exemplo, com o certificado de depósito bancário. A renda variável será definida de acordo com os resultados obtidos pela empresa ou instituição emissora do respectivo título (BRITO, 2013). Nesse mercado há títulos com prazo de emissão variável ou indeterminado, isto é, não têm data definida para resgate ou vencimento, podendo sua conversão em dinheiro ser feita a qualquer momento (BRITO, 2013). Já os títulos de prazo fixo apresentam data estipulada para vencimento ou resgate, quando seu detentor receberá o valor correspondente à sua aplicação, acrescido da respectiva remuneração. Quanto à emissão, esses títulos podem ser particulares quando lançados por sociedades anônimas ou instituições financeiras autorizadas pela CVM ou pelo Banco Central do Brasil, respectivamente ou públicos se emitidos pelo governo federal, estadual ou municipal. Ações: são títulos representativos de frações do capital social que confere a seus proprietários o direito de participação da Sociedade Anônima (S. A.). Prazo para permanecer com uma ação: uma pessoa pode ficar com uma ação durante o prazo que achar necessário e até vendê-la no mesmo dia em que comprou, realizando um Day trade, ou seja, pode-se comprar ou vender a ação utilizando a mesma corretora e agente de compensação. As ações, no que se refere à obtenção de ganhos a médio e longo prazos, podem ser de 1ª, 2ª e 3ª linhas. As de 1ª linha são ações de grande liquidez e de empresas tradicionais e de excelente reputação; as de 2ª, um pouco menos líquidas e as de 3ª são caracterizadas por ganhos descontínuos (MENSESES, 2015). Debêntures: trata-se de valores mobiliários representativos de dívida de médio e longo prazos que asseguram a seus detentores (debenturistas) direito de crédito contra a companhia emissora (ABRASCA, 2018). A captação de recursos no mercado de capitais, via emissão de debêntures, pode ser feita por Sociedade por Ações (S.A.), de capital fechado ou aberto.Entretanto, somente as companhias abertas, com registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), podem efetuar emissões públicas de debêntures. A rentabilidade pode ser prefixada, pós-fixada atrelada a um indexador, como o CDI ou a Taxa SELIC ou híbrida onde o investidor 103 recebe uma taxa de juros combinada acrescida de um percentual de um indexador como o IPCA (TORO RADAR, 2018). As debêntures podem ser incentivadas ou comuns onde a diferença entre as duas é que no caso das incentivadas elas são emitidas por empresas que pretendem realizar projetos de infraestrutura (como estradas, portos e aeroportos) e por isso há uma vantagem sobre as comuns, elas possuem isenção de imposto de renda, o que valoriza o seu rendimento. Já as debêntures comuns possuem tributação de acordo com uma tabela regressiva em relação ao tempo de investimento (MODAL MAIS, 2018). Outra opção que tem ganho espaço no portfólio de ativos negociados no mercado de capitais são os ativos do mercado de futuros: contratos futuros, swaps, minicontratos, letras de câmbio e direitos e recibos de subscrição. Contrato de futuro: negócios através de commodities (Milho, Café, Boi Gordo), moeda estrangeira (como o dólar), um Índice (Bovespa, Índice S&P 500) ou mesmo uma taxa de juros onde se pode ganhar com a alta ou baixa de um determinado ativo. Swaps: operações de trocas de risco e retorno entre os investidores. Esses contratos geralmente possuem como ativo-objeto: moedas, commodities agrícolas, índices e indexadores. Eles representam acordos de compra e venda, por um determinado preço e período. Direito de subscrição: significa que aqueles que já são acionistas recebem preferência para comprar essas novas ações no mercado secundário, de acordo com a proporção de ações que já possuem e por um preço predeterminado. Letra de câmbio: Conceitualmente, a letra de câmbio é um título de crédito abstrato, no qual corresponde a documento formal, proveniente de relação ou relações de crédito, entre duas ou mais pessoas. Neste sentido, a letra de câmbio é uma ordem de pagamento, no qual o sacador emite a ordem, para que o sacado pague e o tomador se beneficie. O saque autoriza o tomador a procurar o sacado para, ocorridas determinadas condições, poder receber a quantia no título, e vincula o sacador ao pagamento da letra de câmbio (MORAES, 2017). 104 Conclusão do Bloco 6 Chegamos ao final do Bloco 6. Nesse bloco foi possível apresentamos a dinâmica de funcionamento do Mercado e Capitais. Apresentamos os principais aspectos envolvendo as práticas administrativas e operacionais desse importante mercado. Na sequência foi apresentado os principais participantes do mercado de capitais. Para finalizar apresentamos os diferentes produtos e suas respectivas características operacionais e expectativas de retorno. Pronto. É isso. Esperamos ter contribuído com seu processo de aprendizagem. Obrigado e até a próxima. 105 Referências do Bloco 6 ABRASCA. Debêntures. Disponível em: <http://www.debentures.com.br/downloads/textostecnicos/cartilha_debentures.pdf>. Acesso em: 28 set. 2018. ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2015. BARTH, I. G. IPO – Inicial Public Offering (oferta pública inicial): um instrumento de financiamento. 2007. 130 f. Monografia. Faculdade de Economia e Ciências Contábeis, Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2007. Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/3868889/artigo_cientifico_ucp__2_-finalizado/3>. Acesso em: 25 set. 2018. B3. BOLSA, BALCÃO, BRASIL. Disponível em: <http://www.b3.com.br/pt_br/b3/institucional/quem-somos/>. Acesso em: 25 set. 2018. BANCO PACTUAL. Mercado Financeiro: o que é, como funciona e para que. Disponível em: <https://www.btgpactualdigital.com/blog/financas/mercado-financeiro> Acesso em: 10 set. 2018. BOLSA BRASIL BALCÃO/B3. Institucional. Quem somos. Disponível em: <http://www.b3.com.br/pt_br/b3/institucional/quem-somos/> Acesso em: 20 set. 2018. BNDES. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Quem somos. Disponível em: <https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/quem-somos>. 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MORAES, R. R. Títulos de crédito no ordenamento jurídico brasileiro: uma análise comparativa entre a letra de câmbio e a nota promissória. Disponível em: <file:///C:/Users/Luciana/Downloads/25-13-165-1-10-20171006%20(1).pdf>. Acesso em: 18 set. 2018. TORORADAR. Debêntures Incentivadas x comuns. Disponível em: <https://www.tororadar.com.br/investimento/debentures-o-que-e>. Acesso em: 28 set. 2018. file:///C:/Users/visit0051/Downloads/1181-Texto%20do%20artigo-2072-1-10-20151022.pdf file:///C:/Users/visit0051/Downloads/1181-Texto%20do%20artigo-2072-1-10-20151022.pdf file:///C:/Users/Luciana/Downloads/25-13-165-1-10-20171006%20(1).pdf https://www.tororadar.com.br/investimento/debentures-o-que-e