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1 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ LICENCIATURA EM PEDAGOGIA PROPOSTA DE PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR DA DISCIPLINA: GESTÃO ESCOLAR (CEL0372) IASMIN DE SOUZA DA SILVA 201702085058 BELFORD ROXO SETEMBRO 2020 2 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ PROPOSTA DE PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR DA DISCIPLINA: GESTÃO ESCOLAR (CEL 0372) Relatório exigido como parte dos requisitos para a conclusão da disciplina: Gestão Escolar (CEL 0372), do curso de Pedagogia, modalidade EAD, sob orientação da professora Marilia Gomes Godinho. Belford Roxo 2020 3 O papel da gestão escolar Desde a década de 20, os estudiosos da educação perceberam semelhanças entre a administração de escolas e empresas da sociedade. Assim como donos de empresas, os gestores de escolas precisam lidar com fluxo de caixa, pagamento de funcionários, motivação de professores e colaboradores, entre outros aspectos. A partir dessa percepção, esses estudiosos e gestores começaram a importar conceitos da administração de empresas para a administração das escolas. Com isso, surgiu o que foi chamado de administração escolar. Porém, da década de 20 até os dias de hoje, a sociedade — e com ela, as escolas — sofreu diversas mudanças. Apesar das semelhanças em alguns aspectos, a escola se diferencia muito de uma empresa tradicional. A educação não é um produto, e o papel da escola, e vai além de apenas repassar conteúdos para os seus alunos. Desse modo, os conceitos da administração tradicional criavam um ambiente centralizador e burocrático. E isso não condiz com o que a nova realidade social espera desses novos cidadãos. Também não se adequavam totalmente ao contexto educacional desse tipo de instituição. Com isso, no final da década de 80, surgiu o conceito de gestão escolar. Assim como a administração escolar, ele também traz para o contexto educacional elementos da administração. Uma boa educação é uma das principais bases para uma boa sociedade e com isso a gestão escolar precisa estar funcionando corretamente. A gestão escolar nada, mas é do que uma espécie de modelo educacional elaborado pelas instituições de ensino. O seu foco é impulsionar e coordenar diferentes dimensões das habilidades, dos talentos e, também, da dita competência educacional, aprimorando o ensino, obtendo resultados de empenho na execução de uma boa liderança, de relevância do currículo e da participação ativa da sociedade.Com o objetivo de aplicar princípios e estratégias essenciais para ampliar a eficácia dos processos dentro da instituição e, assim, promover uma consistente melhoria do ensino ofertado aos estudantes, ofertando condições de avanços nos processos socioeducacionais da escola. Ao definir a gestão como elemento prioritário em seu escopo de ações, a escola adquire a capacidade de se concentrar na promoção do crescimento, da coordenação e da organização das condições básicas para afiançar um progresso sustentável. A GESTÃO PARTICIPATIVA A gestão escolar pode ser definida de duas formas, a participativa e a democrática. http://www.proesc.com/blog/organizar-o-fluxo-de-caixa-da-escola/ http://www.educabrasil.com.br/administracao-escolar/ http://www.proesc.com/blog/gestao-escolar/ http://www.proesc.com/blog/otimizar-processos-pedagogicos/ 4 A gestão participativa é aquela onde a sociedade interage de uma certa forma, seja no planejamento, na execução e na fiscalização dos recursos da escola. As decisões são tomadas pelo conselho escolar, formado por representantes dos pais, alunos, professores, coordenadores, secretários e diretores da escola. A GESTÃO DEMOCRÁTICA Em uma gestão democrática, as relações não são verticais, pois as decisões são tomadas no coletivo, com representatividade de todos os segmentos. Tem como objetivo formar cidadãos capazes de tomar decisões com responsabilidades. A gestão compreende um objetivo, um percurso. Um objetivo porque define uma meta a ser sempre aprimorada; e um percurso porque se revela como um processo que, a cada dia, se avalia e se reorganiza. Este modelo de gestão escolar está presente em documentos legais, como a Constituição Federal Brasileira, que em seu artigo 206, inciso VI, relata a importância da “gestão democrática do ensino público”, colocando-a como obrigatória em todo e qualquer órgão público de educação (BRASIL, 1988), sendo um dos princípios constitucionais; e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDBEN), Lei n.º 9.394/96, onde estabelece que as escolas precisam ser organizadas e administradas tendo como pressupostos os princípios da Gestão Democrática (BRASIL, 1996). Podemos citar como características da gestão escolar democrática: o compartilhamento de decisões e informações, a preocupação com a qualidade da educação e com a relação custo-benefício e a transparência, fatores que são operacionalizados por instâncias colegiadas, tais como os conselhos escolares. OS 6 PILARES DA GESTÃO ESCOLAR Para que haja uma boa construção na autonomia em todos os sentidos ou seja financeiro, acadêmico, pedagógico, redução de custos, otimização de processos, aproveitamento do tempo etc., a gestão escolar precisa desenvolver seis pilares, que ajudarão no aperfeiçoamento do seu processo. ➢ 1º GESTÃO PEDAGÓGICA O primeiro pilar é prioridade máxima na gestão escolar, já que ele está ligado diretamente a instituição. Por meio das práticas dessa forma de administração de ambientes educacionais é http://www.proesc.com/blog/sistemas-para-gestao-financeira-de-escolas-e-cursos/ http://www.proesc.com/blog/saiba-como-reduzir-os-custos-financeiros-da-sua-escola/ http://www.proesc.com/blog/otimizar-processos-pedagogicos/ 5 que são definidas as principais diretrizes para a atividade de uma escola, ou seja, a formação pessoal e acadêmica dos alunos. Essa área da gestão escolar tem foco na mobilização de recursos e estruturação de processos da área educacional da escola. Ou seja, a gestão pedagógica é a responsável pela organização e pelo planejamento da proposta política e pedagógica de ensino da escola, assim como definição dos melhores métodos de ensino e aprendizagem. Além disso, ela é a responsável por estabelecer metas educacionais e avaliar o alcance desses objetivos. Também é a área da gestão escolar é responsável por avaliar o desenvolvimento de professores e alunos, assim como criar um ambiente estimulante e que proporcione a aprendizagem. O diretor e o coordenador pedagógico são os principais responsáveis por essa área da gestão escolar. E o coordenador pedagógico o principal responsável pela gestão pedagógica. É ele que deve integrar todas as informações e objetivos pedagógicos, englobando-os no planejamento escolar anual da instituição. Ele também é o responsável por engajar todos os envolvidos no processo educacional no cumprimento desses objetivos e metas, incluindo professores, profissionais da escola, alunos e seus familiares. E além do mais, avalia o trabalho exercido pelos professores e transforma suas demandas e dificuldades em planos de ação. Para cumprir seus objetivos, a gestão pedagógica engloba quatro áreas. São elas: gestão de currículo, gestão da ação docente, gestão do patrimônio e gestão de resultados. ➢ 2º GESTÃO ADMINISTRATIVA DA ESCOLA A gestão administrativa está mais relacionada ao cuidado dos bens da escola, incluindo compras e manutenção. Ela também se relaciona com a legislação referente ao funcionamento de uma instituição educacional, assim como cadastro e acompanhamento de matrículas e alunos. Para garantir que sua atuação seja exemplar, é imprescindível: Manter um estado de constante atenção às normas e leis educacionais; Prezar pela manutenção dos bens da instituição; Ter atenção com as atividades rotineirasda secretaria (e de outras áreas) e com operações pertinentes, de forma a ensejar um melhor trabalho do corpo docente. ➢ 3° GESTÃO FINANCEIRA DA ESCOLA A funcionalidade da gestão financeira escolar consiste em gerir os recursos financeiros. Sua função é realizar um levantamento de todas as receitas e despesas, definir o destino dos recursos, fazer a distribuição apropriada do dinheiro de acordo com as demandas de cada 6 atividade e setor etc. A gestão escolar financeira competente é aquela capaz de garantir que todos os setores tenham suas demandas atendidas e possam funcionar de forma plena e satisfatória, contribuindo para que a organização alcance seus objetivos de negócios. ➢ 4° GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS DA ESCOLA A gestão de RH envolve lidar com o corpo docente, o corpo discente, os pais e os funcionários. O setor de recursos humanos deve prezar por uma boa relação com todo esse contingente de pessoas ligado direta e indiretamente aos processos da instituição. Contudo, o foco deve ser majoritariamente o engajamento e a motivação dos colaboradores, para que eles possam desenvolver as habilidades necessárias para a obtenção de um melhor desempenho da escola. O quarto pilar também se preocupa com a distribuição adequada de tarefas e o trabalho em equipe entre todos os envolvidos com a escola. ➢ 5° GESTÃO DA COMUNICAÇÃO DA ESCOLA A gestão da comunicação está ligada ao bom relacionamento entre todos os envolvidos no processo educacional, bem como, o alinhamento de toda a equipe docente com os objetivos da escola. Também é a responsável por manter os pais e familiares informados sobre todas as questões referentes ao ensino dos seus filhos. ➢ 6° GESTÃO DE TEMPO E QUALIDADE DE ENSINO A gestão de tempo e eficiência dos processos se preocupa com a otimização de processos internos da escola, identificando pontos que mereçam atenção e de melhoria. Ela visa a dinamização de todos os processos de forma a que se consiga um funcionamento mais eficiente da instituição educacional. PROGRAMAS DE APOIO A GESTÃO EDUCACIONAL ➢ PDE- Plano de Desenvolvimento da Escola Plano de Desenvolvimento da Escola é um programa de apoio à gestão escolar baseado no planejamento participativo e seu objetivo é auxiliar as escolas públicas a melhorar a sua gestão. Para as escolas priorizadas pelo programa, o MEC repassa recursos financeiros destinados a apoiar a execução de todo ou parte do seu planejamento. http://www.proesc.com/blog/otimizar-processos-pedagogicos/ http://www.proesc.com/blog/motivar-professores-desmotivados/ http://ehttp/www.proesc.com/blog/otimizar-processos-pedagogicos/ http://ehttp/www.proesc.com/blog/otimizar-processos-pedagogicos/ 7 PDDE Interativo é o ambiente informatizado (plataforma), utilizado pelas escolas públicas, Secretarias e pelo MEC, primeiramente para o funcionamento do PDE Escola e depois para as ações PDDE Campo, PDDE Água e esgotamento sanitário, PDDE Sustentável e PDDE Acessível, para o planejamento e execução e funcionamento. Em 2012, a metodologia do PDE Escola foi disponibilizada para todas as escolas através do PDE Interativo. A partir de 2014, o sistema foi denominado PDDE INTERATIVO, para melhor identificação com os programas que transferem recursos via PDDE. ➢ Pradime- programa de apoio aos dirigentes municipais de educação O Programa de Apoio aos Dirigentes Municipais de Educação (Pradime), parceria do Ministério da Educação com a União Nacional dos Dirigentes Municipais (UNDIME), foi criado com o objetivo de fortalecer e apoiar os dirigentes da educação municipal na gestão dos sistemas de ensino e das políticas educacionais. O intuito do programa é contribuir para o avanço em relação às metas e aos compromissos do Plano Nacional de Educação (PNE) e do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). O seu objetivo é oferecer a todos os dirigentes municipais de educação e as equipes técnicas que atuam na gestão da educação e do sistema municipal, um espaço permanente de formação, troca de experiências, acesso a informações sistematizadas e à legislação pertinente, que ajude a promover a qualidade da educação básica nos sistemas públicos municipais de ensino, focando as diversas dimensões da gestão educacional. O PRADIME desenvolve dois tipos principais de atividade: encontros presenciais e curso a distância. A primeira propicia a participação dos dirigentes municipais em encontros com representantes do MEC, do MEC/FNDE e da UNDIME, dentre outros, onde são discutidos diversos programas e temas relacionados à política educacional. Neles são realizadas palestras, oficinas e também apresentações de exemplos bem sucedidos de gestão da educação municipal. A segunda iniciativa, o curso a distância, é um espaço de aperfeiçoamento e formação dos dirigentes municipais de educação em nível de extensão e, em alguns casos, especialização. O curso aborda as diversas temáticas que estão sob sua responsabilidade, abrangendo o planejamento e a avaliação do sistema educacional, o financiamento e a gestão orçamentária, a infraestrutura física e a logística de suprimentos bem como a gestão de pessoas, considerando o ambiente de governança democrática. Neste espaço virtual de aprendizagem, além do curso propriamente dito, o aluno ainda encontrará um espaço propício para o intercâmbio de ideias e experiências, contando com o apoio e orientação de professores consultores. 8 ➢ Escola de Gestores da Educação Básica O Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública faz parte das ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) e surgiu da necessidade de se construir processos de gestão escolar compatíveis com a proposta e a concepção da qualidade social da educação, baseada nos princípios da moderna administração pública e de modelos avançados de gerenciamento de instituições públicas de ensino, buscando assim, qualificar os gestores das escolas da educação básica pública, a partir do oferecimento de cursos de formação a distância. A formação dos gestores é feita por uma rede de universidades públicas, parceiras do MEC. O Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública tem como objetivos gerais: -Formar, em nível de especialização (lato sensu), gestores educacionais efetivos das escolas públicas da educação básica, incluídos aqueles de educação de jovens e adultos, de educação especial e de educação profissional. - Contribuir com a qualificação do gestor escolar na perspectiva da gestão democrática e da efetivação do direito à educação escolar com qualidade social. Como resultado dessa iniciativa, o MEC espera a melhoria dos índices educacionais das escolas e municípios atendidos. ➢ Programa Nacional de Fortalecimento dos Concelhos Escolares O Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares tem por objetivo fomentar a implantação dos conselhos escolares, por meio da elaboração de material didático específico e formação continuada, presencial e a distância, para técnicos das Secretarias Estaduais e Municipais de educação e para conselheiros escolares, de acordo com as necessidades dos sistemas de ensino, das políticas educacionais e dos profissionais de educação envolvidos com gestão democrática. Aos conselhos escolares cabe deliberar sobre as normas internas e o funcionamento da escola, além de participar da elaboração do Projeto Político-Pedagógico; analisar as questões encaminhadas pelos diversos segmentos da escola, propondo sugestões; acompanhar a execução das ações pedagógicas, administrativas e financeiras da escola e mobilizar a comunidade escolar e local para a participação em atividades em prol da melhoria da qualidade da educação, como prevê a legislação. 9 Para tanto, são promovidas ações de formação para conselheiros escolares e para técnicos e dirigentes das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, utilizandoinclusive metodologias de educação a distância, a saber: ▪ Oficinas de Elaboração de Projetos para Implantação e Fortalecimento de Conselhos Escolares São Encontros Presenciais que têm por objetivo a capacitação de profissionais da educação (técnicos) das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, que desenvolverão ações de formação continuada para conselheiros escolares das escolas dos seus respectivos sistemas de ensino. ▪ Encontros Municipais de Formação de Conselheiros Escolares São Encontros Presenciais que têm por objetivo a capacitação de conselheiros escolares. Durante os Encontros são realizadas palestras e oficinas, onde é trabalhado o material didático pedagógico elaborado especificamente para o Programa. ▪ Curso de Extensão a Distância Formação Continuada em Conselhos Escolares São Cursos que têm como objetivo desenvolver competências e qualificar a atuação de técnicos das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação na promoção de ações para a formação continuada de conselheiros escolares. ▪ Curso de Formação para Conselheiros Escolares São Cursos que têm como objetivo a qualificação dos conselheiros escolares para que participem efetivamente da gestão da escola, contribuindo para a melhoria da qualidade da educação. ▪ Elaboração de material didático-pedagógico específico para a formação de Conselheiros Escolares Consiste na elaboração de cadernos que constituem o material pedagógico do Programa e que servem de subsídio para as oficinas e cursos ofertados pelo Programa e pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Educação. ➢ Pró-Conselho- Programa Nacional de Capacitação dos Conselheiros Municipais de Educação O Pró-Conselho tem como principal objetivo qualificar gestores e técnicos das secretarias municipais de educação e representantes da sociedade civil para que atuem em relação à ação pedagógica escolar, à legislação e aos mecanismos de financiamento, repasse e controle do uso 10 das verbas da educação. O programa estimula a criação de novos conselhos municipais de educação, o fortalecimento dos existentes e a participação da sociedade civil na avaliação, definição e fiscalização das políticas educacionais, dentre outras ações. GRANDES MUDANÇAS Diversas mudanças vêm ocorrendo na sociedade, decorrentes dos avanços nos meios científicos e tecnológicos que acabam determinando mudanças nas formas de como as pessoas vivem, se relacionam, trabalham e estudam e com isso leva a necessidade de repensar na formação do gestor escolar. Na escola, o gestor, é o responsável pela organização e administração das relações e do trabalho pedagógico. É quem deve articular os processos formativos da escola em consonância com a realidade social, sendo, portanto, necessário a este profissional não apenas o domínio técnico de procedimentos administrativos, mas também a capacidade de diálogo com seus pares e uma clara percepção do contexto social e das inovações exigidas na escola. Mudanças na sociedade e na escola implicam necessariamente também em mudanças na postura do gestor escolar, o que envolve muitos desafios, pois “[...] introduzir mudanças ou ampliações no papel do gestor não é simples, esbarra em dificuldades e resistência dos educadores presos à concepções funcionalistas e burocrática da escola” (ALMEIDA, 2007, p. 31). e são, ainda bastante insípidas as iniciativas no sentido de propiciar a esse profissional uma formação que satisfaça as suas necessidades na tarefa de organizar e administrar uma escola em que haja uma articulação entre o pedagógico e o administrativo no sentido de promover o aprendizado e a construção cidadã a partir de elementos, como a tecnologia, ponto gerador de transformações nas diversas esferas sociais (ALMEIDA, 2007, p. 31). A gestão democrática surge de inúmeras discussões ao longo da história da educação. “Os primeiros movimentos de participação na gestão da escola pública que se tem notícia foram dos estudantes secundaristas no antigo Distrito Federal, durante a gestão de Anísio Teixeira como secretário de educação, nos anos de 1931-1935” (BASTOS, 2002, p. 19), contudo a gestão democrática passa a ter força de lei a partir da Constituição Federal de 1988. O processo de formação especifica de gestores é bastante recente na história da educação brasileira. Segundo Antunes (2008), somente a partir de 1847 a legislação brasileira viria 11 reconhecer a necessidade de um diretor escolar. E ainda segundo a mesma autora, essa discussão seria retomada somente em 1890, após a proclamação da República no Brasil, marcando, ainda que timidamente, um novo entendimento sobre educação no Brasil. De acordo com Souza (2006), a década de 1930 com os eminentes processos de industrialização que já deixavam sua marca na sociedade brasileira, e trouxeram novamente à tona a necessidade de um administrador escolar, embora a tônica fosse o aspecto administrativo em detrimento do pedagógico. Esta concepção de administrador escolar recebia uma forte influência do modelo de administração empresarial, científica e burocrática de Taylor, Fayol e Weber. Nesse mesmo período, a luta dos educadores pela construção de um Plano Nacional de Educação resultou na apresentação de um “Plano de Reconstrução Educacional”, que ficou conhecido como Manifesto dos Pioneiros da Educação. Esse documento defendia os princípios de laicidade, obrigatoriedade, gratuidade, universalização e nacionalização do ensino fundamental, além de conter reflexões relacionadas à Administração Escolar. No que se diz respeito à formação do diretor, propunha-se que fosse pautada no conhecimento filosófico e científico. Já com relação à sua função, defendia-se a necessidade de autonomia para romper com a centralização das decisões educacionais (ANTUNES, 2008, p. 7). Por meio do Decreto-Lei n.1.190 de 4 de abril de 1939 foi criado o curso de Pedagogia, reformulado em 1962, por meio do Parecer CFE n.º 251, depois em 1969, por meio do Parecer CFE n.º 252, do Conselho Federal de Educação, ambos de autoria do Conselheiro Valnir Chagas. Na parte diversificada do curso de Pedagogia foram previstas as habilitações: ensino das disciplinas e atividades práticas dos cursos normais; orientação educacional; administração escolar; supervisão escolar e inspeção escolar (SILVA, 1999, p.28-29). De acordo com o que indicavam os pareceres, por muitos anos, a formação inicial do diretor escolar esteve contemplada no curso de Pedagogia, no entanto, para assumir o cargo em uma escola, ter concluído o curso com a habilitação de especialista em administração escolar não era condição essencial. A década de 1960 iria trazer inserções significativas na construção da figura do diretor escolar, por meio da aprovação da LDB 4.024/61 que em seu artigo 42 afirma que “o diretor de escola deverá ser educador qualificado”, sem, contudo, especificar o caráter desta qualificação (Antunes, 2008). Em 1962, o Conselho Federal de Educação normatiza por meio do Parecer nº 93/62, que O educador qualificado seria aquele que reunisse qualidades pessoais e profissionais que o tornassem capaz de infundir à escola a eficácia do instrumento educativo por excelência e de 12 transmitir a professores, alunos e à comunidade sentimentos, ideias e aspirações de vigoroso teor cristão, cívico, democrático e cultural (ANTUNES, 2008, p. 7). A LDB nº 5.692/71 viria para definitivamente instituir o cargo de diretor escolar, tendo nesse a imagem de um profissional responsável por gerenciar os espaços e a equipe escolar (Antunes, 2008). As décadas de 1980 e 1990 serão marcadas pelas discussões em torno da redemocratização (Teixeira, 2011) que incidem em uma maior abertura na participação dos 99 profissionais da gestão nas decisões, sendo os conselhos colegiados frutos destas discussões e mobilizações. Neste período ganhavazão o termo gestão escolar, imbuído de um cunho eminentemente político. Em 2006, a Resolução CNE-CP n.º 1, instituiu as diretrizes curriculares nacionais para o curso de graduação em Pedagogia, licenciatura e estabeleceu no artigo 4º que, além da função de docência, o egresso do curso participará na organização e gestão de sistemas e instituições de ensino. O egresso da Pedagogia passou a não ter mais o título de especialista em educação, por ter cursado uma das habilitações expressas nos pareceres, já citados anteriormente, mas permaneceu o preparo para a administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica (artigo 64 da LDB nº 9.394/96). De acordo com Teixeira (2011) em 2005, tendo como meta melhorar os indicadores de qualidade da educação básica, o governo federal lança o programa “Escola de Gestores da Educação Básica”, sob responsabilidade do MEC. O Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública faz parte das ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) e surgiu da necessidade de se construir processos de gestão escolar compatíveis com a proposta e a concepção da qualidade social da educação, baseada nos princípios da moderna administração pública e de modelos avançados de gerenciamento de instituições públicas de ensino, buscando assim, qualificar os gestores das escolas da educação básica pública, a partir do oferecimento de cursos de formação a distância. A formação dos gestores é feita por uma rede de universidades públicas, parceiras do MEC. O Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública tem como objetivos gerais: - Formar, em nível de especialização (lato sensu), gestores educacionais efetivos das escolas públicas da educação básica, incluídos aqueles de educação de jovens e adultos, de educação especial e de educação profissional. 13 - Contribuir com a qualificação do gestor escolar na perspectiva da gestão democrática e da efetivação do direito à educação escolar com qualidade social. Como resultado dessa iniciativa, o MEC espera a melhoria dos índices educacionais das escolas e municípios atendidos. CONCLUSÃO A grande importância do papel do gestor escolar, é na promoção de uma nova cultura no ambiente escolar. Significa novos conhecimentos, inserir novos contextos e trilhar novos caminhos metodológicos no cotidiano escolar, uma tarefa árdua, porém não impossível. Exigindo conhecimentos que construam a argumentação do gestor e consequentemente amplie as suas condições de diálogo, entretanto, para que tais ações ocorram, essa atividade requer apoio e parceria contínua, seja por parte da escola ou seja por parte do sistema de ensino. Para tanto, a formação continuada precisa ser tomada como um processo constante e não pontual, estando sempre interligada com as atividades e as práticas profissionais que estão sendo desenvolvidas dentro da escola. Os programas de apoio à gestão escolar são de grande importância para a melhoria da educação, porém não são o suficiente, pois ainda há muita coisa a se fazer com a realidade atual, muitos problemas ainda são encarados como: escolas públicas sucateadas, falta de recursos financeiro, falta de professores, profissionais de educação mal remunerados, violência dentro e fora da escola, dentre outros. Vieira ( 2007, p . 2 ), r e f l e t i n d o s o b r e o que é preciso fazer para termos uma escola que deveria ser de qualidade para todos, apresenta dois pressupostos: 1. As políticas de educação devem ser políticas de Estado. Enquanto permanecerem à mercê de governos que vêm e vão, o Brasil continuará reinventando a roda, como tem sido feito desde os primórdios da história da educação. 2. As po l í t i c a s e p rá t i ca s de ges t ão (educacional) e escolar e a formação do educador precisam estar em sintonia com foco permanente na aprendizagem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS Ministério da Educação. Disponível em http://www.portal.mec.gov.br Acesso em 28 de setembro de 2020. http://www.portal.mec.gov.br/ 14 PROESC. Disponível em http://www.proesc.com acesso em 29 de setembro de 2020. Escolas disruptivas. Disponível em http://www.escolasdisruptivas.com.br Acesso em 29 de setembro de 2020. ALMEIDA, M. E. B. (org.); ALONSO, M. (org.). Tecnologias na Formação e na Gestão Escolar. São Paulo: Avercamp, 2007. 132 p. ANTUNES, R. T. O gestor escolar. Maringá, 2008, Programa de desenvolvimento educacional: Caderno de Gestão. Disponível em: http://www.gestãoescolar.diadia.pr.gov.br Acesso em: 30 de setembro de 2020. VIEIRA, Sofia Lerche. Política educacional, gestão e aprendizagem: por uma escola de qualidade para todos. I n: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃ O DA EDUCAÇÃO, 23, 2007, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre, UFRGS, 2007 SILVA, C.S.B. Curso de pedagogia no Brasil: história e identidade. Campinas, SP: Autores Associados, 1999. – (Coleção polêmicas do nosso tempo; 66). http://www.proesc.com/ http://www.escolasdisruptivas.com.br/ http://www.gestãoescolar.diadia.pr.gov.br/
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