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VEDAÇÕES FEDERATIVAS ATUAIS Previsão constitucional O art. 19, em seus três incisos, prevê vedações expressas direcionadas aos componentes da Federação brasileira. Trata-se de um conjunto de proibições de caráter organizativo do Estado. De fato, objetivando a manutenção de um nível adequado de integração, houve por bem o constituinte relacionar proibições explícitas a qualquer dos entes federativos. Pode-se seguramente afirmar que essas vedações sustentam certa unidade, necessária e inafastável, a prevalecer na estrutura federativa, de maneira que esta possa atender à necessidade imanente (inerente) de um minimum de coesão entre seus componentes. As vedações procuram proporcionar uma verdadeira federação, mais efetiva na integração de seus entes. Verifica-se, ademais, forte relação entre as “limitações ao poder de tributar”, estabelecidas nos arts. 150 a 152 da CF, e as vedações federativas. Embora aqueles sejam considerados, mais modernamente, como verdadeiros direitos fundamentais do cidadão-contribuinte, não prejudica relembrar o aspecto organizacional (federativo) de que estão imbuídos. ESTADO LAICO O Brasil constitui-se em um Estado laico (ou leigo). Basicamente, a vedação impede a adoção, pelo Brasil, de uma religião oficial, o que só poderá ser observado na medida em que todos os entes federativos estejam impedidos de realizar tal opção. No Brasil, veda-se expressamente que a União, os Estados, o Distrito Federal ou os Municípios declarem uma religião oficial. Apenas se ocorrer a manifestação do poder popular (constituinte originário) poder-se-á adotar uma religião oficial e transformar o Brasil em Estado religioso. A vedação compõe-se da seguinte forma: em primeiro lugar, não podem ser estabelecidos cultos religiosos ou igrejas pelo Poder Público, seja direta, seja indiretamente. Assim, a adoção de uma única fé religiosa por escolas públicas, obrigando-se a seus alunos, é uma forma velada de controlar o comando constitucional. Em segundo lugar, é proibida qualquer espécie de subvenção (ajuda, auxílio) pública a alguma religião ou igreja. Também é vedado que se mantenha, com estas ou seus representantes, relações de dependência ou aliança. Em terceiro lugar, e como decorrência tanto da liberdade de crença, estabelecida no art. 5º, VI, da CF, como da característica laica do Estado brasileiro, tem-se a proibição de embaraçar o funcionamento de cultos religiosos ou igrejas. Uma decorrência direta dessa vedação encontra- se na regra do art. 150, VI, b, da CF, quando se proíbe a criação de impostos por parte da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, sobre os templos de qualquer culto. O art. 19, I, da CF, em sua parte final, excepciona a possibilidade de haver colaboração entre o Poder Público e algum culto religioso ou igreja, desde que se trate de colaboração de interesse público e que ocorra na forma da lei. Esta será da respectiva entidade federativa. Obviamente que, por se tratar de exceção, quando dela se utilizar alguma entidade federativa, deverá proceder com extrema cautela. É VEDADO RECUSAR FÉ AOS DOCUMENTOS PÚBLICOS Para garantir a unidade federativa, uma entidade federativa não pode recusar a autenticidade a documento reconhecido e garantido por órgão público de outra entidade, só por sua procedência. A fé pública é nacional porque os Estados-membros, Distrito Federal e Municípios fazem parte de uma estrutura que lhes é superior, o Estado brasileiro. VEDAÇÃO DE PREFERÊNCIAS Veda-se a criação de preferências entre União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios. Essa proibição tem como decorrência, natural a qualquer federação, a regra expressa na Constituição Federal, de imunidade tributária recíproca entre todas as entidades federativas (art. 150, VI, a). Já que não há hierarquia ou subordinação entre as referidas entidades, não há lugar para que uma imponham, em relação às outras, impostos sobre seus patrimônios, rendas ou serviços. Traduz-se referida regra em relação de respeito que deve vingar entre as entidades participantes da Federação, atribuindo a todos idêntico status, impedindo qualquer sorte de subordinação, que, de resto, desvirtuaria toda a forma federativa de organização. A vedação alcança também os rendimentos obtidos pelos Estados, Distrito Federal e Municípios resultantes de aplicações financeiras, que, dessa forma, não podem sofrer a incidência do imposto sobre as operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários, de competência impositiva pela União (art. 150, V, da CF). O artigo 198 (187) do CTN cria uma preferência para a União no recebimento de tributos, e preferência dos Estados em relação aos Municípios. Tal preceito seria um exemplo bem claro do que o princípio estudado veda ao legislador, se acaso o STF, em sua Súmula 356 (563), não o tivesse considerado constitucional. Art. 10. É vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional, ou que importe distinção ou preferência em favor de determinado Estado ou Município. Art. 187. A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento. Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem: I - União; II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente; III - Municípios. Súmula 563 O concurso de preferência a que se refere o parágrafo único do art. 187 do Código Tributário Nacional é compatível com o disposto no art. 9º, I, da Constituição Federal. “Emenda Constitucional nº 1/1969, art. 9º, I. Art. 9º. A União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios é vedado: I - criar distinções entre brasileiros ou preferências em favor de uma dessas pessoas de direito público interno contra outra”. VEDAÇÃO DE DISTINÇÕES ENTRE OS BRASILEIROS Veda-se a criação de distinções entre brasileiros. Aqui se encerram dois princípios. Em primeiro lugar, está contido na vedação o princípio da unidade da nacionalidade. O brasileiro não pode ser impedido de transitar pelo País em razão de sua naturalidade. O Brasil é um só. Nenhuma restrição pode ser criada para proibir o ingresso do brasileiro em qualquer parte do território nacional em virtude de sua naturalidade. Trata-se de vedação decorrente do princípio da livre locomoção (art. 5º, XV, da CF). Não por outro motivo a Constituição foi expressa em determinar que é proibido à União, Estados, Distrito Federal e Municípios “estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvadas a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público” (art. 150, V, da CF). Os tributos, no caso, não poderiam incidir sobre determinadas pessoas, em razão de sua naturalidade (como, v.g. verbi gratia _ por exemplo, cobrar tributos pela passagem de um Município a outro, ou de um Estado-membro a outro), sob pena de constrange-las em sua livre locomoção. Em segundo lugar, a vedação implica assegurar a igualdade. Nesse sentido, nenhuma lei pode criar distinções entre os brasileiros em virtude de sua naturalidade. Estabelece claramente o art. 150, II, da CF que aos entes federativos é vedado “instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente”. Ora, todos os brasileiros, em função de sua nacionalidade, estão na mesma situação. TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 14ª. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 841-844. ___________________________________ 01. Levando-se em conta que o Brasil “constitui-se um Estado laico” é legal ou não incluir o ensino religioso na grade curricular das escolas da rede pública tendo em vista que o ensino religioso está previsto no artigo 33, parágrafos 1º e 2º, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LBD - Lei nº 9.394/96) ? 02. É constitucional a Lei nº 12.204, de 06/07/1998,do Estado do Paraná, com a redação dada pela Lei nº 13.571, de 22.05.2002, dispõe que: Justifique. http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=515121
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