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Apostila 1 a 10 recursos de materias - unicarioca

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Amplitude da administração de materiais
Mauro Campello
Introdução
Ao longo das próximas páginas, veremos os conceitos iniciais relativos à gestão de materiais 
e identificaremos sua importância nas empresas.
Saiba que a produção de bens e serviços sofreu muitas mudanças nos últimos tempos. Em 
certas circunstâncias, alguns paradigmas de produção desenvolvidos na administração científica 
não mais correspondem à realidade (CAMPELLO, 2015). Na produção, sem os recursos materiais, 
nada pode ser feito, mesmo que outros recursos estejam disponíveis. 
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • identificar a importância da administração de materiais na produção de bens e serviços;
 • conhecer os termos utilizados na administração de materiais. 
1 A empresa e os diversos recursos
Tenha em mente que empresa é um conjunto de processos diversos de transformação com 
entradas (insumos) e saídas (produtos ou serviços), conforme apresentado na Figura 1.
Figura 1 – Processo produtivo: os fluxos na empresa
Feedback
PROCESSO DE 
TRANSFORMAÇÃOInsumos
Produtos 
Serviços
Fonte: elaborado pelo autor, com base em MARTINS; ALT (2009).
Os insumos, por outro lado, são os recursos que as empresas necessitam para operar. A 
Tabela 1 apresenta algumas operações (negócios) que ilustram os fluxos da Figura 1, como entra-
das, processo de transformação e saídas. O feedback serve para verificar as saídas e melhorar a 
qualidade do processo.
Tabela 1 – Entradas, processo de transformação, saídas
Operação Recursos de entrada (insumos)
Processo de 
transformação
Saídas
(produtos ou serviços)
Empresa 
aérea
Aeronaves, pilotos, equipe 
de bordo, equipe de terra, 
passageiros, cargas.
Movimentação de 
passageiros e cargas 
ao redor do mundo.
Passageiros e cargas 
transportados com segu-
rança e no prazo definido.
Gráfica
Gráficos, designers, papel, 
impressoras, tintas etc.
Design, impressões, 
encadernações etc.
Materiais impressos, 
encadernados etc.
Porto de 
containers
Navios, funcionários, cargas, 
equipamentos de movimen-
tações de containers.
Movimentação de 
cargas do navio para o 
cais e vice-versa.
Navios carregados ou 
descarregados.
Fonte: SLACK et al (2002).
De modo geral, o objetivo de uma empresa é maximizar o retorno do capital investido, aumen-
tando a riqueza do acionista. Assim, a produção deve ter qualidade para atender as necessidades 
dos clientes. 
Saiba que a empresa necessita de alguns fatores importantes, conhecidos como fatores de 
produção: natureza; capital; e trabalho. Da natureza (ou terra) são obtidas as matérias-primas, 
a energia, entre outros. O capital fornece os recursos financeiros necessários para adquirir os 
diversos insumos e remunerar os envolvidas na produção, além dos demais encargos (impos-
tos, por exemplo). É ele que possibilita comprar, adquirir e utilizar os outros fatores de produção. 
Finalmente, o trabalho é representado pela mão de obra e é um elemento fundamental para o pro-
cessamento e transformação dos insumos diversos em produtos acabados ou serviços, seja por 
operações manuais ou com uso de máquinas e ferramentas.
FIQUE ATENTO!
Os fatores de produção são os insumos no processo produtivo.
Com a evolução dos processos de produção e com base em uma visão mais atual, esses 
fatores clássicos de produção são denominados recursos empresariais. Segundo Martins e Alt 
(2009), recursos podem ser definidos como tudo aquilo que gera ou tem capacidade de gerar 
riqueza no sentido econômico do termo. 
EXEMPLO
Matéria-prima em estoque é um recurso, por exemplo, pois quando processada gera-
rá um produto final. Já uma máquina é um recurso, pois será utilizada na produção.
Modernamente, os recursos empresariais são classificados em cinco grupos: 
 • materiais; 
 • patrimoniais; 
 • financeiros; 
 • humanos; 
 • tecnológicos. 
Observe a Figura 2. 
Figura 2 – Os recursos nas empresas
Materiais Patrimoniais Financeiros Humanos Tecnológicos
Recursos
Fonte: elaborado pelo autor, com base em MARTINS; ALT (2009).
EXEMPLO
Em um restaurante, os recursos materiais são alimentos, temperos, material de 
limpeza e de escritório. Os patrimoniais são equipamentos de cozinha e mobiliário. 
O capital utilizado para aquisição dos alimentos, pagamento dos salários, energia 
e impostos representa os recursos financeiros. Recursos humanos são garçons, 
gerente, recepcionista, equipe de cozinha e de limpeza. Recursos tecnológicos são 
terminais de emissão de nota fiscal, internet para pedidos, softwares utilizados, te-
lefonia, máquinas de cartão e wi-fi para clientes.
2 A administração de recursos 
As empresas utilizam diversos recursos, os quais devem ser administrados de forma efi-
ciente para que sejam preservados e estejam em condições de efetiva aplicação e utilização. 
Local, qualidade, quantidade, tempo e condições devem estar disponíveis quando necessários, de 
forma a gerar lucro na venda final.
A administração dos recursos é uma das grandes preocupações dos gestores envolvidos 
na produção (MARTINS; ALT, 2009) e trata da aquisição de materiais, gestão de estoques até seu 
consumo final. Segundo Fenili (2015), a administração tem como principal objetivo a maximização 
do uso dos recursos materiais na empresa, evitando desperdícios.
São variadas as operações: identificação de fornecedor; classificação; compras/aquisição; 
recebimento; armazenagem; controle de estoque; movimentação e acondicionamento durante a 
produção até a armazenagem do produto final. Isso tudo visando um fluxo contínuo dos materiais 
na produção, bem como sua preservação.
Um item em estoque é um recurso e deve ser administrado. Se ele for agregado a um produto 
ou processo, irá se transformar em produto acabado. Os demais recursos são administrados por 
outras áreas: 
 • Recursos patrimoniais (edifícios, máquinas, equipamentos, veículos) - área de Patrimônio; 
 • Recursos humanos (admissões, folha de pagamento, desligamentos) - área de RH; 
 • Recursos fi nanceiros (pagamentos, recebimentos, aplicações) - área de Finanças; 
 • Recursos tecnológicos (computadores, internet, redes, softwares) - área de Tecnologia 
da Informação.
FIQUE ATENTO!
Não confunda os vários tipos de recursos para não difi cultar a gestão.
A gestão de materiais tem relação forte com as diversas áreas da empresa, que afetam e são 
afetadas pelas atividades da administração de materiais (FENILI, 2015). A Figura 3 apresenta a 
conexão entre a gestão de materiais e outras áreas de forma esquematizada.
Figura 3 – As relações entre a gestão de materiais e as áreas da empresa
Cúpula
Área de 
Recursos 
Humanos
Informática
Cliente 
internos
Área 
orçamentária 
Área 
financeira
Instâncias 
jurídicas
Auditoria 
interna
Gestão de 
Materiais
Fonte: FENILI (2015).
FIQUE ATENTO!
Se a área de materiais não disponibilizar, por exemplo, papel sulfite, material de 
escritório, cartuchos para impressoras, outras áreas não terão condições de atuar. 
Seria o caos na empresa! 
SAIBA MAIS!
O link apresenta um artigo sobre gestão de estoque e armazenagem em um 
supermercado de pequeno porte. Mesmo sendo de pequeno porte, a gestão de 
estoques é fator de sucesso para o negócio. Leia e pense sobre o tema: <http://
www.aedb.br/seget/arquivos/artigos16/352422.pdf>.
3 Termos utilizados na administração de materiais
Entenda que há uma relação de termos técnicos utilizados na administração de materiais 
que serão citados ao longo do curso. Essa lista poderá ser complementada sempre que surgirem 
outros termos relacionados à área de gestão de materiais. Acompanhe!
 • Artigo ou item – designação para qualquer material, matéria-prima ou produto aca-
bado que integre o estoque;
 • Unidade – identificação da medida, forma de acondicionamento, características de 
apresentação física. Por exemplo: caixa; bloco; e litro.
 • Pontos de estocagem – locais de armazenamento dos diversos itens para utilização 
posterior com controle da administração de materiais.
 • Estoque –conjunto de mercadorias, materiais ou artigos diversos alocados em local 
adequado no almoxarifado aguardando utilização em momento oportuno, de forma a 
suprir demandas de produção, evitando interrupções de fornecimento.
 • Estoque ativo ou normal – estoque sujeito a flutuações por quantidade, volume, peso 
ou custo devido às diversas entradas e saídas.
 • Estoque mínimo – refere-se à menor quantidade de um artigo ou item existente em 
estoque, de forma a evitar situações de falta, seja por um consumo fora do normal ou 
por atraso na entrega.
 • Estoque máximo – é relativo à quantidade necessária de determinado item, somada ao 
estoque de segurança, para atender as necessidades da empresa durante um período.
 • Estoque disponível – quantidade existente em estoque de um certo item que está livre 
para utilização a qualquer momento.
 • Estoque médio – equivale à metade da quantidade necessária de um item, somada ao 
estoque de segurança, para atendimento das necessidades em um determinado período.
 • Ponto de pedido ou ponto de ressuprimento – é a quantidade de um item em estoque 
que, sendo atingida, necessita de análise e emissão imediata de um pedido de compra.
 • Ruptura de estoque – ocorre sempre que o saldo do estoque de determinado item é 
zerado, ou seja, não há unidades disponíveis. Provocado pelas solicitações de compra 
não atendidas. 
 • Frequência – número de vezes que um item é solicitado ou comprado em determinado 
período. Equivale ao número de pedidos efetuados.
 • Quantidade a pedir – quantidade de um item em estoque que será fornecida ou comprada.
 • Tempo de reposição (lead time) – tempo medido entre a emissão do documento de 
compra (requisição) até o recebimento da mercadoria. Não é o prazo de entrega.
 • Produtos – bens materiais, físicos e tangíveis utilizados para consumo ou produção de 
outros bens (insumos). São uniformizados, padronizados.
 • Serviços – são produtos intangíveis e difíceis de mensurar. São variados, isto é, não 
padronizados.
SAIBA MAIS!
Você terá acesso a outros termos sobre gestão de materiais no link: <http://www.
industriahoje.com.br/wp-content/uploads/downloads/2013/04/dicionario-termos-
tecnicos-logistica.pdf>.
Com os conceitos apresentados, fica evidenciada a importância da administração de mate-
riais para as empresas desenvolverem suas atividades e atingirem seus objetivos.
Fechamento
Chegamos ao final deste conteúdo, que buscou introduzir a ideia de gestão de materiais 
nas empresas.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
 • conhecer os diferentes recursos utilizados pelas empresas;
 • conferir a importância dos recursos materiais no processo produtivo; 
 • identificar alguns conceitos básicos sobre gestão de materiais. 
Referências
CAMPELLO, Mauro. O gestor de pessoas como fator de otimização de recursos e desenvolvimento. 
Resende: XII SEGET 2015 (Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia). Anais... Resende, 
2015.
FENILI, Renato Ribeiro. Gestão de materiais. Brasília: ENAP, 2015.
INDUSTRIAHOJE.COM. Dicionário Logística, abr. 2014. Disponível em: <http://www.industriahoje.
com.br/wp-content/uploads/downloads/2013/04/dicionario-termos-tecnicos-logistica.pdf>. 
Acesso em: 12 jan. 2017. 
MARTINS, Petrônio Garcia; ALT, Paulo Renato Campos. A Administração de materiais e recursos 
patrimoniais. São Paulo: Saraiva, 2009.
SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JONHSTON, Robert. Administração da produção. São Paulo: 
Atlas, 2002.
SOUZA, Ingrid Tainan Dias de. Sistema integrado de gestão de estoque e armazenagem: estudo 
de caso em um supermercado de pequeno porte. XIII Simpósio de Excelência em Gestão e 
Tecnologia, 31 out. a 1 nov. 2016. Resende-RJ. Disponível em: <http://www.aedb.br/seget/
arquivos/artigos16/352422.pdf>. Acesso em: 
Conceito de materiais
Mauro Campello
Introdução
O que são materiais e qual é sua importância no processo produtivo? Nesta aula, vamos nos 
aprofundar no conceito e nos tipos de materiais. 
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • entender o conceito de materiais;
 • conhecer as diferenças entre os diversos materiais na produção;
 • identificar os tipos de materiais e suas aplicações. 
1 O que são materiais?
A Revolução Industrial é um marco histórico importante, pois foi neste momento que a produ-
ção passou a ser mecânica. A necessidade de materiais aumentou e consequentemente a neces-
sidade de sua gestão. As duas Guerras Mundiais também desempenharam um papel importante, 
pois sem um perfeito e eficiente abastecimento de materiais (víveres, medicamentos, munições, 
vestuário, combustível etc.), a vitória estaria comprometida.
Bem, material diz respeito aos recursos econômicos de natureza tangível que são utilizados 
pelas empresas. Em outras palavras, itens ou componentes que uma empresa utiliza em suas ope-
rações do dia a dia para elaborar produtos, ou os itens acabados que ela compra para a revenda. 
Essa definição tem a visão das empresas de produção (como as montadoras de veículos) 
e das empresas de comércio, que compram materiais para revenda (como os supermercados), 
conforme Figura 1.
Figura 1 – Materiais diversos nas gôndolas de um supermercado
Fonte: AlenKadr/Shutterstock.com
EXEMPLO
Na indústria automobilística, materiais como o ferro, o plástico, o vidro e a borracha 
são utilizados na produção de veículos. Muitos deles sofrem transformações ao 
longo do processo produtivo.
De acordo com Fenili (2015, p. 15), material “é todo o bem físico (tangível) empregado em 
uma organização que detém natureza não permanente”. Isso inclui os itens que são consumidos 
ao longo do tempo e os bens de estoque, como materiais de limpeza e embalagem. Assim, “apro-
xima-se sobremaneira do inerente a material de consumo” (FENILI, 2015, p. 15).
Essa é a principal diferença entre recursos materiais e patrimoniais: os primeiros são consu-
midos ou agregados na produção e os segundos, não. Os itens de limpeza e o óleo lubrificante das 
máquinas são materiais, já as máquinas e ferramentas, não são.
De forma ampla, materiais incluem a matéria-prima, os insumos diversos, as peças e outros itens 
que podem ser incorporados ou não ao produto final que, sendo vendido, gera lucro para a empresa.
EXEMPLO
O termo “material” é bem amplo, podendo abranger um número elevado de elemen-
tos. Em um mercado, por exemplo, os itens disponíveis nas gôndolas para venda 
também são materiais.
O importante, quando falamos em recursos, é que eles tenham algum valor de utilização, 
além da possibilidade de integração aos processos produtivos, o que é extensível a quase todos os 
materiais. Recursos, portanto, podem ser definidos como tudo aquilo que gera ou tem capacidade 
de gerar riqueza no sentido econômico do termo (MARTINS; ALT, 2009). 
FIQUE ATENTO!
Alguns autores incluem os recursos patrimoniais na categoria de recursos materiais.
2 Os tipos de materiais
Independente do tipo de empresa – grande, média, pequena, pública, privada – os materiais 
podem e devem ser classificados em função de critérios específicos. Mas o que é classificação de 
materiais? De acordo com Viana (2011), é o processo de agrupamento dos materiais com base em 
características semelhantes, que facilitem a sua localização e utilização de forma mais ágil, sem 
erros, com menores custos.
De acordo com a classificação adotada, o administrador pode focar sua gestão nos itens 
mais importantes com ganhos de tempo, custo, minimização de erros, entre outros. Sem adoção 
de uma classificação, por outro lado, o trabalho do administrador seria infinitamente maior.
Existem diversos sistemas de classificação, sendo o melhor aquele que atende cada empresa 
em suas necessidades específicas. Viana (2011) sugere três atributos importantes para um sis-
tema de classificação: abrangência; flexibilidade; e praticidade. Com base em Felini (2015), a 
abrangência engloba uma gama de características dos materiais ao invés de reuni-los para serem 
classificados. A flexibilidade permite interfaces entre os muitostipos de classificação, possibili-
tando uma visão ampla do processo de gerenciamento de estoques.
A praticidade deve garantir uma classificação direta e simples, sem procedimentos comple-
xos ou confusos, ou seja, deve ser objetiva. Confira o Quadro 1.
Quadro 1 – Classificação de materiais aplicada ao parafuso
Abrangência Flexibilidade Praticidade
• Material de consu-
mo ou permanete?;
• Material;
• Acabamento;
• Dimensão;
• Forma de apresen-
tação;
• Acondicionamento;
• Material de esto-
que ou não?;
• Material crítico ou 
não?;
• Material A, B ou C?;
• Código: 33800
• Medidas: 5/16" x 2";
• Forma de apresentação: cabeça 
sextavada, rosca inteira, classe de 
resistência 8.8, rosca UNF 24 (24 
fios/polegadas).
• Acabamento: biocromatizado.
• Acondicionamento: embalagem ori-
ginal de fábrica, com identificação e 
qualidade do material.
Fonte: FENILI (2015, p. 26).
No entanto, não bastam apenas os três atributos para um sistema de classificação. Existe 
um processo com etapas ou fases para que a classificação seja feita. Confira na Figura 2.
Figura 2 – Fases do processo de classificação de materiais
Catalogação Simplificação Especificação Padronização Codificação
Fonte: elaborado pelo autor, com base em FENILI (2015).
Vamos analisar cada fase do processo apresentado, com base em Felini (2015). 
 • Catalogação – consiste no levantamento dos itens de materiais existentes em estoque.
 • Simplificação – refere-se à redução de itens do estoque com a finalidade de simplificar, 
se existir mais de um item utilizado para o mesmo fim. Assim, utiliza-se apenas um deles.
 • Especificação – descrição detalhada do material para que ele seja facilmente identifi-
cado. Leva-se em conta a “linguagem” do mercado.
 • Padronização – é a “uniformização do emprego e do tipo do material de forma a facili-
tar o diálogo com o mercado” (FELINI, 2015, p. 27). Isto facilita o controle, possibilitando 
materiais substitutos sem definir apenas uma marca específica.
 • Codificação – designação de um código ao item, podendo ser um código numérico ou 
alfa numérico. Cada código representa um único item.
FIQUE ATENTO!
A classificação de materiais permite que se padronize e codifique os materiais, pos-
sibilitando a informatização no controle de estoques.
As diversas formas de classificação variam com a diversidade de materiais, mas também 
com o foco que o administrador precisa dar em função das necessidades da empresa. O quadro 2 
apresenta um resumo dos tipos de classificação e suas principais características.
Quadro 2 – Tipos de classificação de materiais
Tipos de classificação Características
Aplicação do material 
Como será aplicado o material: direto ou indireto (aplica-se ao material 
de estoque).
Demanda 
(material de estoque)
Materiais em estoque com critérios de aquisição e ressuprimento, com 
base em demanda definida ou importância para a empresa.
Demanda 
(material não de estoque)
Materiais de demanda imprevisível sem parâmetros para o ressuprimen-
to automático.
Dificuldade de 
aquisição
Materiais que, por diversas razões, são de difícil obtenção no mercado.
Estocagem do material Forma como os materiais serão estocados até sua utilização.
Fazer ou comprar
Materiais que serão produzidos na própria empresa, ou seja, internamen-
te, ou serão comprados prontos para uso. 
Material crítico 
Materiais de reposição muito específica, com demanda imprevisível, com 
risco para a empresa caso sejam necessários e não estejam disponíveis. 
Mercado fornecedor Materiais adquiridos no mercado fornecedor nacional ou externo.
Perecibilidade 
Materiais que sofrem alterações de propriedades físico-químicas e sujei-
tos à deterioração e decomposição. Necessitam de tratamento especial. 
Periculosidade 
Materiais perigosos que oferecem riscos no manuseio e transporte. 
Necessitam de tratamento especial.
Fonte: elaborado pelo autor; adaptado de FENILI (2015)
Quanto à aplicação, os materiais podem ser: materiais produtivos; matérias-primas; produtos 
em fabricação; produtos acabados; materiais de manutenção; materiais improdutivos; materiais 
de consumo geral. 
 • Materiais produtivos – qualquer material direta ou indiretamente aplicado no pro-
cesso de fabricação. Compreende: matérias-primas, produtos em fabricação, produtos 
acabados.
 • Matérias-primas – materiais e insumos considerados básicos, pois constituem os 
itens iniciais no processo produtivo.
 • Produtos em fabricação – também chamados de “materiais em processamento” ou 
“em elaboração”, pois ainda não estão acabados.
 • Produtos acabados – são os produtos prontos para comercialização. 
 • Materiais de manutenção – relativos a materiais de consumo aplicados em manuten-
ções diversas.
 • Materiais improdutivos – refere-se ao material não incorporado ao produto final, como 
materiais de limpeza ou de escritório.
 • Materiais de consumo geral – utilizados por vários setores, sem que sejam de manu-
tenção, como os de higiene.
SAIBA MAIS!
Os materiais têm um papel importante na produção. O Instituto Nacional da Pro-
priedade Industrial (INPI), órgão do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Ser-
viços, apresenta um documento com a Classificação Nacional de Produtos e Ser-
viços. Confira em: <http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/marcas/classificacao/
arquivos/nacional.pdf>.
FIQUE ATENTO!
Não confunda os diversos tipos de materiais para evitar problemas de gestão de 
estoque e aplicação na produção.
3 A importância dos materiais
Os materiais representam uma parcela relevante do custo dos produtos acabados. Segundo 
o Portal Administração (2013), em empresas médias, esse valor é de 52%, podendo atingir 85%. 
São valores que impressionam e deixam clara a importância dos materiais na produção.
SAIBA MAIS!
Confira o vídeo da NFG Consultoria intitulado AIRBUS 340 - Fabricando um avião 
em minutos. O objetivo é refletir sobre a importância, quantidade e diversidade de 
materiais que integram um avião. Alguns fabricados in loco, outros entregues pra-
ticamente prontos, outros descartados após a produção (protetores de turbinas, 
material de limpeza e outros utilizados na pintura). Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=2fThtkXae2g>.
A área de materiais vem se desenvolvendo rapidamente, criando novos benefícios e bus-
cando soluções para os entraves da sociedade atual. Essa busca tecnológica faz com que alguns 
materiais tenham, por meio de transformações operacionais, novas aplicações, satisfazendo 
novas demandas e criando valor para as empresas. Assim, a área de administração de matérias 
vem sofrendo frequentes evoluções!
Fechamento
Chegamos ao final deste conteúdo, em que vimos a classificação de materiais, bem como 
sua participação significativa na produção.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
 • compreender o que são materiais;
 • identificar quais são os tipos de materiais;
 • entender a importância dos recursos materiais. 
Referências
FENILI, Renato Ribeiro. Gestão de materiais. Brasília: ENAP, 2015.
MARTINS, Petrônio Garcia; ALT, Paulo Renato Campos. A Administração de materiais e recursos 
patrimoniais. São Paulo: Saraiva, 2009.
NGF CONSULTORIA. AIRBUS 340 - Fabricando um avião em minutos. Youtube, 12 jan. 2011. Dispo-
nível em: < https://www.youtube.com/watch?v=2fThtkXae2g>. Acesso em: 17 jan. 2017.
PORTAL ADMINISTRÇÃO. Administração de materiais – Noções e ferramentas, dez. 2013. Dispo-
nível em: <http://www.portal-administracao.com/2013/12/administracao-de-materiais-conceito.
html>. Acesso em: 17 jan. 2017.
VIANA, João José. Administração de Materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2011.
As mudanças na área de 
administração de materiais
Mauro Campello
Introdução
Partindo do pressuposto de que você já conhece a amplitude da administração de materiais 
e a evidente necessidade de diversidade na produção, veremos as principais mudanças na área de 
administração de materiais. 
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • compreendera importância da gestão de recursos materiais nas empresas;
 • conhecer os conceitos básicos sobre gestão de materiais;
 • identificar as principais mudanças na área de administração de materiais. 
1 A gestão de materiais
Sabemos que empresa corresponde a um conjunto de processos que transformam insumos 
(entradas) em produtos ou serviços (saídas). A evolução da produção gerou mudanças nas empre-
sas, que se reinventaram, e os fluxos mais simples foram alterados e complementados por outros 
mais complexos. Temos uma visão mais aprofundada de uma empresa na Figura 1.
Figura 1 – Visão de uma empresa
Entradas Processo de transformação Saídas
EXTERNAS
Legislação
Política
Economia
Tecnologia
MERCADO
Concorrência
Produtos
Desejos dos clientes
RECURSOS PRIMÁRIOS
Materiais e suprimentos
Pessoal
Capital
Equipamentos
Serviços públicos
FÍSICO
Manufatura
Mineração
SERVIÇOS DE LOCAÇÃO
Transportes
SERVIÇOS DE TROCA
Vendas (atacado/varejo)
SERVIÇOS DE 
ARMAZENAMENTO
OUTROS SERVIÇOS 
PRIVADOS
Armazéns
SERVIÇOS DO GOVERNO
Federal
Estadual
Municipal
DIRETAS
Produtos
Serviços
INDIRETAS
Transportes
Remunerações
Salários
Desenvolvimento tecnológico
Impacto sobre ambiente
Impacto sobre empregados
Impacto sobre sociedade
Subsistema de controle
(feedback)
Fonte: adaptado de WANKE (2010).
Perceba que a figura apresenta novos aspectos em uma empresa. Para Wanke (2010), 
empresa é um organismo complexo com três tipos de entradas: fontes externas (aspectos legais, 
políticos, sociais, econômicos e tecnológicos), que impactam o negócio; mercado (concorrência, 
informações do produto e desejos do cliente); e recursos diversos. O autor destaca ainda serviços 
públicos, como fornecimento de energia e água (WANKE, 2010). 
As saídas são produtos, serviços e outros itens, como impostos em relação à produção, 
remuneração de recursos (salários, por exemplo), desenvolvimentos tecnológicos, melhorias no 
processo produtivo e impactos no meio ambiente.
A anterior também mostra um fluxo de feedback com subsistema de controle para melhoria 
ou otimização do processo. Esse feedback é relevante no aprimoramento em função do mercado, 
dos clientes e ações da concorrência. O processo de produção evoluiu e a gestão dos recursos 
materiais não podia ficar parada no tempo.
A produção artesanal, por exemplo, é o sistema de produção mais antigo. Nele, o artesão 
utilizava poucas e rústicas ferramentas, sem sofisticação e de uso geral. A figura a seguir mostra 
a atuação de um artesão usando uma ferramenta.
Figura 2 – Um artesão torneando uma peça
Fonte: Paolo Bona/Shutterstock.com
Paranhos Filho (2008) aponta que na produção artesanal, os produtos eram feitos individual-
mente, o que permitia que fossem alterados durante sua produção. Dessa forma, pela inexistência 
de um padrão, os produtos eram diferentes entre si. 
EXEMPLO
Alguns exemplos de produção artesanal são sapatos, roupas, utensílios domésticos 
(como panelas), alguns artefatos de defesa, além de pequenos e variados reparos.
A produção artesanal apresenta características marcantes, como poucos itens produzidos 
para poucos clientes e sem uma padronização. Paranhos Filho (2008) lista ainda outras caracte-
rísticas desse modo de produção:
 • mão de obra habilidosa;
 • máquinas de uso geral para operações básicas de corte, furação, torneamento e fresa;
 • volume de produção baixo ou unitário (peças únicas);
 • produtos não padronizados;
 • custo elevado do produto;
 • dependência total do artesão.
FIQUE ATENTO!
Hoje encontramos muitos fabricantes de sapatos e roupas que os fazem sob enco-
menda, mas com maior sofisticação e customização.
Na produção artesanal, os materiais necessários eram obtidos diretamente da natureza (um 
fator clássico de produção) ou mesmo adaptados pelo próprio artesão. Não havia um processo 
claro e definido de gestão dos materiais em função de sua disponibilidade sazonal, da pequena 
quantidade utilizada e da falta ou inexistência de ferramentas de planejamento e controle da pro-
dução. Perceba ainda que tudo era controlado pelo artesão: pesquisa e escolha de fornecedores; 
processo de compra; e controle da produção.
A Revolução Industrial mudou consideravelmente o panorama produtivo, que deixou de ser 
artesanal e passou a ser em massa. Paranhos Filho (2008) cita que a produção em massa teve 
grande salto no início do século XX com Henry Ford e a criação da linha de montagem, ou linha de 
produção, que previa a divisão e padronização do trabalho para alcançar altíssimos volumes, mas 
com redução de custos.
EXEMPLO
Um bom exemplo de produção em massa é a linha de montagem desenvolvida por 
Henry Ford, que revolucionou a produção veículos. Essa mudança é reconhecida 
como uma das maiores inovações tecnológicas, com redução do tempo de 
produção e maior quantidade produzida, o que possibilitou redução do preço 
dos veículos, fazendo com que diferentes classes sociais tivessem acesso a eles 
(PARANHOS FILHO, 2008).
A produção em massa tem como principal característica a produção de grandes volumes do 
mesmo produto para diversos clientes. Paranhos Filho (2008) apresenta ainda outras característi-
cas da produção em massa:
 • mão de obra sem necessidade de grande especialização;
 • padronização de tarefas e processo;
 • máquinas de uso geral para produção de altos volumes;
 • grandes lotes de fabricação;
 • produtos padronizados;
 • ferramental específico e dedicado para cada operação;
 • necessidade de setores de apoio à produção; 
 • padronização das peças;
 • padronização da matéria-prima;
 • volumes elevados de estoque.
As três últimas características apontam para a necessidade de mudanças da área de admi-
nistração de materiais, pois a demanda por peças padronizadas, por matéria-prima padronizada 
e volumes elevados de estoque de produtos acabados, muda a forma de gestão de materiais em 
relação à produção artesanal. O processo fica mais sofisticado e há a implantação de novas téc-
nicas nunca antes necessárias.
SAIBA MAIS!
A linha de montagem teve uma participação importante no processo produtivo e, 
como consequência, nas atividades de administração de materiais. É difícil imaginar 
a produção de altos volumes sem uma gestão efetiva. Confira: <http://www.scielo.
br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901987000300008>.
2 Mudanças na gestão de materiais
Wanke (2010) cita cinco marcos na história da produção. Confira quais são eles!
 • Revolução Industrial – definiu o “término” da produção artesanal e aumentou o volume 
de produção. 
 • Princípios da Administração Científica – consolidação da produção em massa. 
 • Sistema Toyota de Produção – advento da produção enxuta. 
 • Pesquisa Operacional – soluções diversas para a complexidade advinda das cadeias 
de suprimento. 
 • Explosão dos Serviços – personalização ou customização em massa.
Essas transformações acarretaram em mudanças na administração de materiais, sem as 
quais não seria possível suprir a produção com a quantidade e qualidade dos materiais, no tempo 
preciso, no local devido e com menores custos.
A Figura 3 apresenta uma visão geral do sistema de administração das operações em que as 
atividades específicas da administração de materiais devem estar coordenadas com a produção 
para que os objetivos sejam atingidos.
Figura 3 – Visão de um sistema de administração das operações
Estratégico Planejamento de Rede(definir regiões de mercado; abrir/fechar fábricas/CDs; definir capacidade nominal)
Tático
Planejamento Mestre
(o que, o quanto e onde produzir/estocar; definir mix)
Planejamento 
da DemandaGestão de Estoque
(política de estoque)
Planejamento da 
Distribuição
Operacional Planejamento 
de Compras
Programação da Produção
(o que e quanto produzir)
TMS/WMS
Processamento 
de Pedidos
Fonte: adaptado de WANKE (2010).
FIQUE ATENTO!
O uso intenso da tecnologia pelas empresas foi um fator que contribuiu tanto para 
as mudanças na produção como para a administração de materiais.
Um fator essencial na gestão de materiais é a demandados itens necessários. Para Corrêa e 
Corrêa (2012), temos dois tipos de demanda: independente e dependente. Demanda independente 
é a demanda futura de um item que, pela impossibilidade de se calcular, deve obrigatoriamente ser 
prevista. Demanda dependente, por outro lado, é a aquela que, a partir de um evento sob controle 
do gestor, pode ser calculada.
Saiba que o forte aporte tecnológico nas empresas facilitou a implantação de ferramentas 
imprescindíveis para a administração de materiais. Confira! 
 • WMS (Warehouse Management System) - sistema automatizado de gestão de armazéns 
e linhas de produção. Ferramenta importante da cadeia de suprimentos, pois fornece 
rotação dirigida de estoques, diretivas inteligentes de picking, consolidação e cross-
docking para maximização de espaços nos depósitos. Sistemas WMS têm interface 
amigável com sistemas ERP, o que permite receber o inventário, processar pedidos e 
tratar devoluções de forma automática.
 • TMS (Transportation Management System) - software utilizado para melhorar a qualidade 
e produtividade do processo de distribuição. Controla a operação e gestão de transportes, 
realizando o controle dos processos do transportador em diversas áreas, identificando e 
controlando os custos de cada operação.
 • ERP (Enterprise Resource Planning) - sistema de gestão que integra os dados gerais da 
organização em um único banco de dados. São plataformas desenvolvidas para integração 
dos diversos setores da empresa, possibilitando automação e histórico de informações. 
 • MRP (Material Requirement Planning) - sistema de planejamento das necessidades 
de materiais que transforma a previsão de demanda para um produto na programa-
ção das necessidades dos componentes do produto. Permite a coordenação do fluxo 
de compra dos recursos materiais com base nas previsões de entrada e de vendas. 
Ferramenta de auxílio dos gestores no cálculo das quantidades corretas e realização 
das compras. O MRP I determina as quantidades de cada componente em função da 
quantidade de produto final a ser produzida. O MRP II, mais sofisticado, calcula ainda 
matéria-prima e outros recursos necessários (máquinas e mão de obra), sendo mais 
completo que o MRP I.
Uma aplicação prática do MRP é a estrutura do produto ou árvore do produto, que permite 
o cálculo de todos os seus componentes, facilitando definição de necessidades, compras e esto-
ques finais. 
FIQUE ATENTO!
Picking ou order picking (separação e preparação de pedidos) é o recolhimento no 
armazém de produtos (podem ser diferentes e de diversos volumes) em função do 
pedido de um cliente. Cross-docking é a técnica utilizada na distribuição de merca-
dorias a partir de um veículo pesado para um veículo leve de cargas realizada em 
docas. Deve levar em conta a sincronização entre o recebimento e a expedição para 
viabilizar o processo.
A figura a seguir apresenta um exemplo de estrutura de um produto específico; uma exten-
são-tomada. Mesmo sendo um produto simples, a estrutura mostra quantos itens são necessários 
para a fabricação.
Figura 4 – Estrutura do produto extensão-tomada
Conjunto
Extensão-Tomada
Tomada (1) Extensão (1)
Tomada (2) Núcleo (1)
Fio 2 x 16
AWG (3) Base (3)
Fio 2 x 16
AWG (20) Pino (1)
Solda (10)
Fonte: elaborada pelo autor, 2017. 
SAIBA MAIS!
Confira um artigo sobre a aplicação do TMS: < http://www.abepro.org.br/biblioteca/
enegep2010_TN_STO_120_782_16457.pdf>.
Como você pôde perceber, esta aula abordou as mudanças que ocorreram ao longo do tempo 
na administração de materiais.
Fechamento
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
 • conhecer a gestão de materiais;
 • compreender as mudanças na gestão de materiais. 
Referências
CORRÊA, Henrique L.; CORRÊA, Carlos A. Administração da produção e operações – manufatura 
e serviços – uma abordagem estratégica. São Paulo: Atlas, 2012.
FESTA, Eduardo; ASSUMPÇÃO, Maria Rita Pontes. A contribuição do TMS (Transportation Mana-
gement System) no desempenho do fluxo logístico na rota São Paulo - Manaus. In: XXX Encontro 
Nacional de Engenharia de Produção, São Carlos, SP, Brasil, 12-15 out. 2010.
PARANHOS FILHO, Moacyr. Gestão da produção industrial. Curitiba: Intersaberes, 2008.
SILVA, Luiz Felipe Gomes e. A organização do trabalho na linha de montagem e a teoria das orga-
nizações. Rev. adm. empres., São Paulo, v. 27, n. 3, p. 58-65, set. 1987. Disponível em: <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034=75901987000300008-&lng=en&nrm-
iso>. Acesso em: 24 jan. 2017. 
WANKE, Peter Fernandes. Gerência de operações – uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 
2010.
Os principais desafios da 
administração de materiais
Mauro Luiz Costa Campello
Introdução
Saiba que os desafios da administração de materiais envolvem o conhecimento de estoques 
e as pressões em relação a eles.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • entender a necessidade que as áreas de produção, comercial e marketing exercem para 
manter altos estoques;
 • entender a necessidade que a área de finanças exerce para manter baixos estoques. 
1 Estoques e a produção
A produção de bens e serviços necessita de diversos recursos materiais, patrimoniais, huma-
nos, financeiros e tecnológicos. Os recursos materiais têm uma participação importante na produ-
ção, maior nas indústrias do que nas prestadoras de serviços.
Os materiais englobam as matérias-primas e demais insumos. Entenda que a matéria-prima 
é utilizada na composição dos produtos, abrangendo o que é empregado diretamente na fabrica-
ção e incorporado ao produto. 
EXEMPLO
Imagine uma mesa de professor, daquelas encontradas nas salas de aula. As maté-
rias-primas utilizadas na fabricação são: o compensado do tampo e do frontão; a tinta; 
os parafusos de fixação; os perfis de aço utilizados na estrutura; e os acabamentos de 
borracha para os pés. 
Por outro lado, insumos são aqueles materiais utilizados indiretamente na fabricação, e que 
não necessariamente acompanham o produto. Podemos citar a água, a energia, o material de lim-
peza, as lixas e outros itens descartáveis necessários.
FIQUE ATENTO!
O que você acha que pode acontecer se o departamento responsável não disponibili-
zar, por exemplo, material de escritório para as diversas áreas da empresa? A respos-
ta é confusão, caos, reclamações e, quem sabe, até demissões.
Podemos dizer que esses itens, portanto, são necessários para a produção de muitos produ-
tos e mesmo serviços. Saiba que tanto matéria-prima quanto insumos são comprados, recebidos, 
armazenados, conservados e devem ser mantidos em locais com condições adequadas para uso 
na produção quando necessário, sendo agregados a outros materiais para formar produtos finais.
Assim são constituídos os estoques, os quais demandam estudo específico por sua importân-
cia na administração de matérias. Segundo Jacobs e Chase (2009, p. 324), estoque “é a quantidade 
de qualquer item ou recurso de uma organização”. De acordo com Slack et al (2002), estoque corres-
ponde à acumulação, em local adequado, de recursos materiais em um processo de transformação.
Figura 1 – Itens diversos em estoque
Fonte: bikeriderlondon/Shutterstock.com
Entenda, portanto, que quaisquer bens físicos armazenados de forma improdutiva, por deter-
minado período, são considerados estoque. Note que o termo “improdutivo” se refere ao fato de 
que, no estoque, o item está sendo conservado sem uma utilidade momentânea. A Tabela 1 nos 
mostra alguns tipos de negócios com seus estoques necessários.
Tabela 1 – Operações e tipos de estoques
NEGÓCIO EXEMPLOS DE ESTOQUES
Hotel Itens de alimentação, itens de toalete, materiais de limpeza.
Hospital
Gaze, sangue, alimentos, medicamentos, materiais descartáveis, 
materiais de limpeza.
Loja de varejo Itens para vender, materiais para embrulhos e pacotes.
Armazém Itens para vender, materiais de embalagem.
Distribuidor de autopeças
Autopeças em depósito principal, autopeças em pontos de distribuição, 
material de escritório,material de embalagem.
Manufatura de televisores
Componentes eletrônicos, matérias-primas, produtos semiacabados, 
televisores acabados, material de limpeza, material de escritório.
Metais preciosos
Materiais (ouro, prata, platina, pérolas, entre outros) esperando serem 
processados, material completamente refinado.
Fonte: elaborada pelo autor, com base em Slack et al (2002).
Mas por que as empresas devem manter estoques? Bem, os estoque têm um papel impor-
tante na produção, uma vez que na cadeia de suprimentos eles criam valor para o consumidor. 
 • Qualidade – itens geram produtos de qualidade. 
 • Prazo – com materiais nos estoques, os prazos internos de produção ou de entrega 
são cumpridos. 
 • Disponibilidade – do material para a produção e do produto para o consumidor final, 
evitando ociosidade na empresa e insatisfação dos clientes.
SAIBA MAIS!
Confira um artigo sobre estoques e produção e reflita sobre o tema. Disponível em: 
<http://xxiiienangrad.enangrad.org.br/anaisenangrad/_resources/media/artigos/
gol/07.pdf>.
A administração eficaz dos estoques cria vantagem competitiva para a empresa, sendo que esta 
pode atender prontamente seus clientes, além de não deixar faltar matéria-prima e outros insumos 
para a produção. Assim, os estoques tem a função de regular os fluxos de negócios nas empresas. 
Existe um fluxo de entrada de materiais na empresa e um fluxo de saída dos itens consumi-
dos na produção. Sendo as taxas de entrada e saída diferentes, há necessidade de manter esto-
ques para buscar o equilíbrio, ou seja, a disponibilidade de materiais quando necessário. 
Se os materiais são importantes na produção, os estoques são fundamentais para que esses 
fluxos se mantenham contínuos ao longo do processo! A Figura 2 apresenta uma analogia com 
uma caixa d’água. Observe!
Figura 2 – Fluxo de materiais: entradas e saídas
Estoque
Estoque
Processo
de 
entrada
Processo
de 
saída
Taxa de demanda 
do processo de saída
Taxa de fornecimento
do processo de entrada
Fonte: elaborada pelo autor, com base em Slack et al (2002).
A velocidade de recebimento das mercadorias (matérias-primas e insumos) – taxa de entrada 
(Te) em unidades recebidas por unidade de tempo – é diferente da velocidade de utilização no pro-
cesso produtivo – taxa de saída (Ts) em unidades utilizadas por unidade de tempo. Então deve 
existir um estoque que funciona como um mecanismo regulador para compensar as diferenças 
de velocidades. 
Perceba que se a taxa de entrada for maior que a taxa de saída, o nível de estoque aumenta. 
Se a taxa de entrada for menor que a taxa de saída, o nível de estoque diminui. No caso ideal, se as 
taxas de entrada e de saída são idênticas, o estoque se mantém constante.
De forma resumida, temos:
 • Te > Ts - estoque aumenta
 • Te < Ts - estoque diminui
 • Te = Ts - estoque constante
Em uma situação ideal – Te = Ts – os estoques seriam nulos. Este é o conceito da filosofia 
just in time (JIT). Na Figura 2, o fluxo de entrada representa a função compras e o fluxo de saída é 
a função de produção. ,
EXEMPLO
Uma empresa utiliza um item I na montagem do produto P. O item é consumido a 
uma taxa de 650 unidades/dia, comprado de terceiros. A semana de trabalho da 
empresa é de 6 dias. Em uma semana de trabalho, a empresa recebeu duas entre-
gas de 2450 unidades. Qual foi a variação de estoque do item na semana?
Solução: Te = 2450/entrega; Ts = 650/dia.
Com duas entregas, temos 4900 unidades (2 x 2450). Na semana com 6 dias, foram 
consumidas 3900 unidade (6 x 650). A variação do estoque foi 1000 unidades: 4900 
(entradas) menos 3900 (consumo).
Os estoques são de diversos tipos, conforme Martins e Alt (2009). 
Estoques de materiais – itens utilizados nos processos de transformação que resultam em 
produtos acabados, envolvendo os materiais que a empresa compra e que são armazenados para 
posterior utilização. São materiais diretos (incorporados ao produto final) ou indiretos (que não se 
incorporam no produto final). Incluem também aqueles materiais que pouco ou nada se relacio-
nam com o processo produtivo, como materiais de limpeza ou de escritório.
Estoques de produtos em processo – itens que entraram em processo produtivo, mas que 
não estão prontos. Começaram a ser processados, mas não foram concluídos, por ainda faltar 
outras fases de produção. Por exemplo, cerâmica aguardando secagem em uma estufa.
Estoques de produtos acabados – itens prontos para comercialização ou para serem entre-
gues ao consumidor final ou distribuidores. É o resultado final da produção.
Estoques em trânsito – itens que estão em movimento entre unidades fabris e depósitos.
Estoques em consignação – itens colocados à venda em clientes ou distribuidores específi-
cos que, caso não sejam vendidos, retornam sem ônus para o cliente.
FIQUE ATENTO!
Cuidado com os diversos tipos de estoques para evitar erros na utilização e controle 
dos itens.
2 Produção e a pressão por altos estoques
As empresas são um conjunto de diversas áreas, como produção, marketing, comercial, admi-
nistração, materiais, finanças etc. Cada área tem seu objetivo específico alinhado com os objetivos 
gerais da instituição.
Do ponto de vista operacional, os estoques funcionam como mecanismo de regulação dos dife-
rentes fluxos de entregas pelos fornecedores, de consumo na produção e de envio para clientes ou dis-
tribuidores. Logo, aumentos na demanda acarretam necessidade de maiores estoques para produção.
Segundo Ballou (2010), os estoques melhoram o serviço aos clientes, dando suporte à área 
de marketing. Também protegem contra incertezas na demanda e no prazo de entrega, evitando 
falta de materiais para produção, bem como situações de contingência: greves; incêndios; inunda-
ções, entre outros.
Figura 3 – A difícil decisão: altos ou baixos níveis de estoques
Fonte: ra2studio/Shutterstock.com
Dessa forma, as áreas de produção, marketing e comercial desejam altos níveis de estoques 
para evitar problemas. 
SAIBA MAIS!
Você terá acesso a outras informações relevantes sobre estoques e produção no 
artigo seguinte: <http://xxiiienangrad.enangrad.org.br/anaisenangrad/_resources/
media/artigos/gpq/06.pdf>.
3 Finanças e a pressão por baixos estoques
Ballou (2010) cita que os estoques têm uma relevância na economia de escala, como forma 
de redução de custos quando o produto é fabricado de forma contínua e em lotes constantes. 
É também uma proteção contra mudanças de preços em tempos de inflação alta ou por aumentos 
praticados pelos fornecedores, minimizando impactos nos preços dos produtos finais.
Do ponto de vista financeiro, estoque é investimento, necessitando assim de recursos para 
compra e manutenção. A área financeira, portanto, deve trabalhar para buscar um equilíbrio junta-
mente com as outras áreas da empresa.
FIQUE ATENTO!
Estoques não são despesas. O fato de serem pagos aos fornecedores não carac-
teriza despesa, uma vez que fazem parte do ativo das empresas, com tratamento 
contábil próprio.
Quanto maior for o nível dos estoques, maior será o volume financeiro necessário para sua 
aquisição e manutenção. Por exemplo, como a taxa de retorno é calculada pela divisão do lucro 
bruto pelo capital investido, quanto maior o nível de estoque, menor será a taxa de retorno – um 
indicador de desempenho financeiro. Assim, a área de finanças exerce uma pressão sobre níveis 
de estoques baixos.
Fechamento
Chegamos ao final deste conteúdo!
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
 • conhecer a relação entre produção e a pressão por altos estoques; 
 • conhecer a relação entre finanças e a pressão por baixos estoques. 
Referências
BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial. Porto Alegre: 
Bookman, 2010.
BRIXNER, Lilian Priscila; BRIXNER; Luana Patrícia; LIMA, Ana Maria de. Análise de gestão de mate-
riais em pequena empresa: um estudo de caso no segmento farmacêutico. In: XXIII ENANGRAD, 
Bento Gonçalves, 29 out. 1 nov., 2012.
JACOBS, F. Robert; CHASE,Richard B. Administração da produção e de operações: o essencial.
Porto Alegre: Bookman, 2009.
MARTINS, Petrônio Garcia; ALT, Paulo Renato Campos. A Administração de materiais e recursos 
patrimoniais. São Paulo: Saraiva, 2009.
Ribeiro, Tiago Sote, et al. A contribuição da gestão de estoque para a melhoria do processo indus-
trial. In: XXIII ENANGRAD, Bento Gonçalves, 29 out. 1 nov. 2012. 
SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JONHSTON, Robert. Administração da produção. São Paulo: 
Atlas, 2002.
Custos de estoques
Mauro Campello
Introdução
Neste tema você, terá a oportunidade de estudar os custos de estoques e sua variação.
Objetivos de aprendizagem 
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • identificar os fatores que influem nos custos de manter estoques;
 • entender a dinâmica de variação desses custos. 
1 Custos de estoques
Segundo Ballou (2010), os estoques são importantes por melhorarem o serviço ao cliente, 
reduzirem os custos por economia de escala, protegerem contra a inflação e contra as incertezas 
entre entregas e consumo e prevenirem contra contingências.
FIQUE ATENTO!
Manter um item em estoque implica em muitos outros custos além de sua aquisição.
Os custos de estocagem vão além dos custos de aquisição de materiais, que, de acordo com 
Slack, Chambers e Jonhston (2002), são relacionados à:
 • colocação dos pedidos; 
 • falta de estoque; 
 • falta de capital de giro; 
 • armazenagem; 
 • obsolescência. 
2 Custos diretamente proporcionais aos estoques
Alguns desses custos são diretamente proporcionais ao volume de estoques, ou seja, cres-
cem com o aumento do volume estocado.
EXEMPLO
As lâmpadas incandescentes, por exemplo, cuja produção foi barrada por lei e sua 
comercialização proibida, implicaram em custos de obsolescência às empresas 
que as mantinham, pela inutilização do material estocado.
A tabela a seguir mostra os tipos de custos e sua relação com o volume de estoque.
Tabela 1 – Custos diretamente proporcionais aos estoques
Tipo de custo Relação com o estoque Tipo de impacto
Capital Maior estoque, maior valor de compra Maior custo do capital investido na compra
Armazenagem Maior estoque, maior área necessária Maior custo de aluguel e seguros
Manuseio 
Maior estoque, mais pessoas e equipa-
mentos para manuseio
Maior custo de mão de obra e de equipa-
mentos 
Perdas Maior estoque, maior chance de perdas Maior custo decorrente das perdas
Obsolescência 
Maior estoque, maior chance de mate-
riais se tornarem obsoletos
Maior custo decorrente dos materiais que 
não serão mais utilizados
Furtos e 
roubos
Maior estoque, maior chance de mate-
riais serem furtados ou roubados
Maior custo decorrente de furto e roubo
Fonte: adaptado de MARTINS; ALT, 2009.
Confira a descrição dos custos diretamente proporcionais aos estoques!
 • Custo de capital é o rendimento financeiro que a empresa deixa de obter pelo fato de 
ter imobilizado determinado montante de recursos na compra do item.
 • Custo de armazenagem é relativo ao espaço ocupado, incluindo aluguel, seguros, ilumi-
nação e outros gastos correlatos. 
 • Custo de manuseio compreende mão-de-obra do almoxarifado e custos dos equipa-
mentos utilizados na movimentação de materiais. 
 • Custos de perdas dos materiais que tiveram, por exemplo, a data de vencimento atin-
gida, quebras e outros tipos de perdas. 
 • Custos de obsolescência referem-se aos itens que ficaram obsoletos, sem condi-
ções de uso.
 • Furtos e roubos são relativos aos custos dos itens roubados ou furtados do estoque.
 • Custos definidos são decorrentes do fato de a empresa precisar manter estoques ou 
carregar os estoques. Também são chamados de custos de carregamento.
SAIBA MAIS!
O artigo a seguir traz uma discussão acerca das ferramentas gerenciais que podem 
minimizar os custos relativos à gestão de estoques: <http://www.revistaespacios.
com/a15v36n09/15360901.html>.
3 Custos inversamente proporcionais aos estoques
Outros custos são inversamente proporcionais ao volume de estoque, ou seja, diminuem à 
medida que ele aumenta. Estamos falando aqui do custo de pedir ou de preparar um pedido, pois 
quanto maior a quantidade comprada, maior o volume em estoque e menor o número de pedidos 
para atender a mesma demanda em um determinado período.
EXEMPLO
Imagine um item cujo consumo anual (ou demanda) é de 200.000 unidades. Agora, 
pense que o custo de preparar cada pedido é de R$100,00. Se a empresa fizer ape-
nas um pedido, o custo será de R$100,00, caso contrário, se houver quatro pedidos 
de 50.000 unidades, por exemplo, o custo total será de R$400,00. À medida que a 
quantidade comprada diminui, o custo de pedir aumenta.
Os custos indiretamente proporcionais ao volume também são chamados de custos de obtenção.
FIQUE ATENTO!
Não confunda custo de aquisição de um item com custo de capital. O primeiro é a 
multiplicação da quantidade comprada pelo preço do item. O custo de capital, por 
sua vez, equivale ao ganho que a empresa poderia obter se aplicasse o valor da 
aquisição pela taxa de oportunidade da empresa.
Imagine que Q é a quantidade comprada de um item por pedido e D a demanda (consumo) 
em um período de tempo (um ano, por exemplo). A tabela a seguir mostra a evolução das quan-
tidades compradas de acordo com o número de pedidos e do custo de obtenção. O valor do lote 
de compras Q depende do número de pedidos, sendo que o custo unitário do pedido é R$ 250,00.
Tabela 2 – Custos diretamente proporcionais aos estoques médios
Número de
 compras por ano
Tamanho do
 lote de compra
Custo unitário 
do pedido (R$)
Custo de 
obtenção (R$)
1 Q = D/1 = D 250,00 1 x 250 = 250,00
2 Q = D/2 250,00 2 x 250 = 500,00
4 Q = D/4 250,00 4 x 250 = 1000,00
5 Q = D/5 250,00 5 x 250 = 1250,00
10 Q = D/10 250,00 10 x 250 = 2500,00
20 Q = D/20 250,00 20 x 250 = 5000,00
50 Q = D/50 250,00 50 x 250 = 12500,00
Fonte: elaborada pelo autor, 2017.
Perceba que reduzindo o volume Q para cada compra (com consequente redução do volume 
do estoque), o custo de obtenção aumenta.
4 A dinâmica de variação dos custos
A fi gura, a seguir, representa o nível de estoque de um item, considerando o consumo cons-
tante. O eixo vertical mostra a quantidade em estoque e o eixo horizontal é a linha do tempo. 
Figura 1 – Representação gráfi ca do nível de estoque
N
ív
el
 d
e 
es
to
qu
e
Tempo
Demanda fixa e previsível = D = ΣQ 
Estoque médio = Q/2
Taxa de demanda
(declividade)
Q
Fonte: elaborada pelo autor, 2017. 
Em períodos defi nidos, a quantidade Q constante de um item entra no estoque, que atinge o 
nível máximo. Com o consumo constante do item, o processo se repete. Se a demanda D equivale 
ao consumo em um período e se nesse período ocorrem “n” pedidos de compra, então D = Q.n.
Os principais fatores de custos de estoque são:
 • Custo do item - preço de aquisição do item, ou custo de fabricação. Representado por p.
 • Custo do pedido (ou custo colocar um pedido) - custo de encomendar um item. É 
expresso em R$/pedido e representado por cp.
 • Custo de manutenção (ou armazenagem) - existe por um item estar em estoque. 
Engloba custos do almoxarifado, depreciação, taxas, seguros, salários, encargos (...). 
É expresso em R$ por unidade do item/unidade de tempo. Exemplo: R$/tonelada/ano. 
Representado por cm.
 • Custo de falta de estoque - é relativo às consequências de não se ter o item disponível 
e inclui perdas de imagem, venda perdida e negócios futuros. Difícil quantificação.
 • Custo de capital - equivale à perda da empresa por não poder aplicar o valor investido 
em estoque no mercado financeiro ou em outras finalidades. 
 • Custo total de estoques (CT) - soma do custo de capital (CI) com o custo de pedir (CP) 
e com o custo de manutenção (CM): CT = CI + CP + CM.
Saiba que o custo de pedir (CP) é calculado pela multiplicação do custo unitário do pedido 
pelo número de pedidos realizados: CP = cp.n. O custo de manutenção (CM) é a multiplicação do 
custo unitário de manutenção pelo estoque médio: CM = cm.EM.Utilizamos o estoque médio (EM), pois no período de tempo entre duas entregas, o estoque 
varia da quantidade máxima Q até zero. Logo, temos que a quantidade em estoque corresponde ao 
estoque médio, o que significa que, no período, a quantidade em estoque foi de EM = Q/2.
FIQUE ATENTO!
Em muitas situações, o custo de manutenção (cm) é expresso como um percentual 
sobre o preço do item e chamado de taxa de armazenagem.
Como o custo de capital depende de uma taxa de juros, na prática, o custo total de estoques 
é a soma do custo de obtenção com o custo de carregamento: CT = CP + CM. Alguns autores 
incluem no custo total o valor de aquisição do item (preço do item multiplicado pela quantidade).
A próxima figura apresenta o comportamento desses custos. Note que o custo de manu-
tenção cresce com o aumento da quantidade em estoque e o custo de pedir é reduzido com o 
aumento da quantidade.
Figura 2 – Custos de estoque: pedido, manutenção e total
Custo Total
Custo Estoque
Custo Pedido
Cu
st
o
900,00
800,00
700,00
600,00
500,00
400,00
300,00
200,00
100,00
Lote de compra
50 10
0
15
0
20
0
25
0
30
0
35
0
40
0
45
0
50
0
55
0
60
0
65
0
70
0
75
0
80
0
85
0
90
0
95
0
10
00
Fonte: PEINADO: GRAEML, 2007, p. 687.
Imagine agora um item cuja demanda anual é de 100.000 unidades, para o qual o custo do 
pedido é R$150,00. Já o custo de manutenção em estoque é de R$2,40/unidade ao ano, e o preço 
do item é R$8,00.
Tabela 3 – Cálculo do custo total para lotes de compra (Q) de 10.000, 25.000 e 50.000 unidades
Q n=D/Q EM=Q/2 CP=cp.n CM=cm.EM CT=CP+CM % CT/AQUIS
10000 10 5000 1500,00 12000,00 13500,00 1,7%
25000 4 12500 600,00 30000,00 30600,00 3,8%
50000 2 25000 300,00 60000,00 60300,00 7,5%
Fonte: elaborada pelo autora, 2017.
O custo de aquisição (AQUIS) é: p . D = 8,00 . 100.000 = 800.000,00. O custo de obtenção (CP) 
é reduzido com o aumento do lote de compra, e o custo de carregamento (CM) aumenta. O custo 
de armazenagem, expresso como percentual do preço do item, é uma taxa de armazenagem de 
30% (cm = taxa de armazenagem multiplicada pelo preço - cm= taxa.p).
SAIBA MAIS!
Confi ra um artigo sobre gestão de estoques e custos logísticos em: <http://
revistapensar.com.br/tecnologia/pasta_upload/artigos/a21.pdf>.
Tenha em mente que os custos sempre irão existir e a gestão de estoques deve atuar de 
forma a otimizá-los! 
Fechamento
Chegamos ao final deste conteúdo.
Nesta aula, você teve a oportunidade de: 
 • conhecer os custos de estoques;
 • identificar os custos diretamente proporcionais aos estoques;
 • identificar os custos inversamente proporcionais aos estoques;
Referências
BALLOU, RONALD H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial. Porto Ale-
gre: Bookman, 2010.
JACOBS, F. ROBERT; CHASE, RICHARD B. Administração da produção e de operações: o essen-
cial. Porto Alegre: Bookman, 2009.
MADRUGA, Ana Lúcia; SILVA, Carine Rodrigues; DE JESUS PACHECO, Diego Augusto. Estratégia de 
gestão de estoques para redução de custos. Revista ESPACIOS, v. 36, n. 09, 2015. Disponível em: 
<http://www.revistaespacios.com/a15v36n09/15360901.html>. Acesso em: 11 abr. 2017.
MARTINS, Petrônio Garcia; ALT, Paulo Renato Campos. A Administração de materiais e recursos 
patrimoniais. São Paulo: Saraiva, 2009.
PEINADO, Jurandir; GRAEML, Alexandre Reis. Administração da produção. Operações industriais 
e de serviços. Unicenp, 2007.
SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JONHSTON, Robert. Administração da produção. São Paulo: 
Atlas, 2002.
SÁ, Vanessa Ferreira Gomes de; SOUZA, Marta Alves de, COSTA, Helder Rodrigues da Costa. O impacto 
da administração de estoques na gestão de custos logísticos. Revista Pensar. Disponível em: <http://
revistapensar.com.br/tecnologia/pasta_upload/artigos/a21.pdf >. Acesso em: 11 abr. 2016. 
Gerenciamento e controle de estoques
Larissa Maria Palacio dos Santos
Introdução
Saiba que gerenciamento e controle de estoque é uma tarefa fundamental para diferentes 
empresas. Itens e matéria-prima não podem faltar, uma vez que isso significaria atraso de entre-
gas e perda de clientes, mas também não podem acumular, pois resultaria em prejuízo. Assim, a 
gestão de estoques visa, observando a particularidade da empresa em questão, realizar o controle 
adequado de materiais, utilizando os métodos e ferramentas disponíveis. 
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • identificar o ponto de pedido para reposição do estoque e o tempo necessário;
 • compreender a importância do estoque de segurança para a produção e a necessidade 
de gerenciá-lo;
 • entender como estimar o valor do estoque de segurança. 
Vamos lá?
1 Ponto de pedido
Os sistemas de estocagem consistem em tarefas e recursos utilizados para armazenar 
materiais e produtos finais. Perceba que o termo “ponto de pedido” é empregado para designar o 
momento ideal de realização de um pedido, evitando o risco de sofrer as consequências da falta 
de um material ou produto, ou de tê-lo em excesso. A expressão está relacionada ao tempo de 
produção e considera que a demanda e o nível do estoque sejam constantes (WANKE, 2012).
FIQUE ATENTO!
O ponto de pedido é um importante conceito na gestão da produção. Conhecer seu 
significado, portanto, é fundamental para um futuro engenheiro ou gestor. 
Figura 1 – Estoque ou armazém
Fonte: Monkey Business Images/Shutterstock.com 
Tal modelo é também conhecido como sistema <Q,r>, sendo muito utilizado dentro do sis-
tema de lote econômico. Ele consiste em determinar que a partir de um ponto “r” (quantidade 
de unidades em estoque) seja expedida uma ordem de compra de uma quantidade “Q”, previa-
mente determinada pelo modelo de Lote Econômico de Ressuprimento, ou por outro modelo que 
a empresa adote (GARCIA; FERREIRA FILHO, 2009). 
SAIBA MAIS!
O Lote Econômico de Ressuprimento determina a quantidade mínima de um item 
x que deve ser pedido, de modo a representar uma economia para a empresa, 
sem deixar que ele falte. Para mais informações, leia o artigo disponível no link: 
<http://www.scielo.br/pdf/prod/2011nahead/AOP_T6_0001_0308.pdf>.
Para que uma empresa determine seu ponto de pedido, deve ser levado em conta o lead 
time (da própria empresa e do fornecedor), ou seja, o tempo do ciclo produtivo e o nível de serviço 
desejado. Perceba que o ponto do pedido é igual ao consumo médio (CM) multiplicado pelo tempo 
de reposição (TR) e somado ao estoque de segurança (ES) (GARCIA; FERREIRA FILHO, 2009). 
Observe a fórmula: 
PP = (CM x TR) + ES
EXEMPLO
 Imagine que a razão de consumo médio de um determinado material é de 20 uni-
dades por mês (CM), seu tempo de reposição é de 3 meses (TR), e o estoque de 
segurança é de 10 unidades (ES). O ponto do pedido (PP) pode ser encontrado da 
seguinte forma: 
PP = (20 x 3) + 10
PP = 60 + 10 = 70
Assim que o estoque chegar a 70 unidades, uma nova ordem de compra desse item 
deve ser emitida. 
O cálculo do ponto de pedido implica no conhecimento da demanda do material em questão, 
bem como dos prazos exigidos pelo fornecedor para a entrega do item, além do tempo que o material 
permanecerá no ciclo produtivo. Determinar o ponto do pedido nada mais é, portanto, do que realizar a 
compra do estoque no momento adequado e na quantidade correta (GARCIA; FERREIRA FILHO, 2009). 
FIQUE ATENTO!
Calcular o ponto de pedido é uma tarefa comum dentro do ambiente empresarial, 
portanto, fique sempre atento à fórmula e à explicação de como utilizá-la.
2 Tempo de atendimento
Saiba que tempo de ressuprimento, tempo de atendimento, ou lead time são expressões sinô-
nimas que designam o tempo entre a colocação do pedido e sua entrega, perpassando as diferen-
tes etapas do processo produtivo. É imprescindível que o gestor conheça seu próprio tempo de 
ressuprimento para poder estimar as entregas dos pedidos, bem como para calcular o ponto de 
pedido e equilibrar o setor de compras e vendas da empresa (ROSA; MAYERLE; GONÇALVES, 2010).
Figura 2 – Tempo de produção
Fonte: Goldenarts/Shutterstock.comDe modo geral, podemos afirmar que o tempo de ressuprimento perpassa etapas como a 
preparação da ordem de serviço, o processamento, o atendimento e o tempo de entrega (ROSA; 
MAYERLE; GONÇALVES, 2010).
3 Estoque de segurança
O estoque de segurança é a quantidade mínima de itens que pode ser estocada para que o 
nível de serviço seja mantido. Também conhecido como estoque de reserva, ou estoque mínimo, 
ele é utilizado para minimizar os impactos causados por problemas técnicos, como ausência de 
funcionários, quebra de equipamentos, atrasos na entrega de matéria-prima, entre outros (ROSA; 
MAYERLE; GONÇALVES, 2010).
Figura 3 – Estoque de segurança
Fonte: sarawuth wannasathit/Shutterstock.com
Entenda a seguinte lógica: mantidos os níveis adequados de estoque de segurança, é pos-
sível manter o nível de serviço da empresa, padrão de qualidade do serviço ofertado. É com base 
nesse nível de serviço, previamente determinado ou imposto pelo mercado, que mensuramos o 
valor do tempo de ressuprimento (ROSA; MAYERLE; GONÇALVES, 2010).
4 Nível de serviço
Já sabemos que a globalização abriu as fronteiras mundiais e tornou o mercado mais complexo 
e competitivo. Para que as empresas consigam subsistir nesse cenário, é importante que conquis-
tem e fidelizem clientes ofertando produtos de qualidade a preços justos (FIGUEIREDO et al, 2007).
A teoria da administração e logística consideram que o nível de serviço compreende o con-
junto de qualidades ofertadas ao cliente. Estamos falando do prazo de execução dos serviços 
(lead time), da confiabilidade da empresa, do nível de erros ou falhas, da solicitude e facilidade em 
reparar eventuais erros ou falhas, da agilidade para atendimento, entrega, da resolução de conflitos 
e precisão de informação (FIGUEIREDO et al, 2007).
Figura 4 – Qualidade do serviço
Fonte: Olivier Le Moal/Shutterstock.com
SAIBA MAIS!
A necessidade de manter níveis de qualidades mínimos fez com que fossem criados 
padrões de mensuração. Algumas das organizações mais conhecidas são a ISO 
(Organização Internacional para Padronização) e, no Brasil, a ABNT (Associação 
Brasileira de Normas Técnicas). Confira os respectivos sites: <http://www.iso.org/
iso/home.html> e <http://www.abnt.org.br/>.
Passaremos agora ao cálculo de segurança!
5 Cálculo do estoque de segurança
Agora que você já sabe o que é um estoque de segurança, sua utilidade e importância, deve 
estar se questionando sobre qual a melhor maneira para encontrar seu valor. Antes de demonstrar 
a fórmula matemática, entretanto, é necessário detalhar ainda mais os fatores chaves que podem 
influenciá-lo. Acompanhe!
a) Demanda: as características da demanda influem diretamente no valor do estoque de segu-
rança. Se a demanda é fixa, isso significa que os níveis de estoque de segurança podem ser 
baixos. Por outro lado, se a demanda costuma oscilar, o estoque de segurança precisa ser 
maior. Existem fórmulas e métodos para se calcular a demanda de maneira precisa. 
b) Tempo de ressuprimento: o famoso lead time também influi na decisão sobre o esto-
que de segurança, tanto em razão de seu tempo (quanto mais longo, maior o estoque 
de segurança necessário) quanto em razão de sua variabilidade (quanto menor a osci-
lação, menor o estoque de segurança).
c) Nível de serviço: se o nível de serviço necessário é alto, seja por exigência do cliente, 
da empresa produtora ou das características e exigências do produto em questão, é 
necessário manter um estoque de segurança maior, garantindo que ele não falte e que 
não ocorram atrasos (ROSA; MAYERLE; GONÇALVES, 2010).
Existe mais de uma fórmula para encontrar o valor do estoque de segurança, no entanto, a 
mais simples é:
ES = Cm x TR
Em que: 
ES = estoque de segurança;
Cm = consumo mensal (demanda); 
TR= tempo de ressuprimento. 
EXEMPLO
Se a demanda mensal de picolés em uma sorveteria é de 50 unidades/dia e o tem-
po de entrega de novos pedidos exigido pelo fornecedor é de 3 dias, então concluí-
mos que o ES é de 150 unidades, pois temos 50 x 3.
FIQUE ATENTO!
Embora existam softwares que calculem automaticamente o valor do estoque de 
segurança, é necessário que o gestor conheça os métodos e cálculos a fim de ali-
mentar os sistemas e evitar erros. 
Agora, você já conhece a importância do gerenciamento de estoque no processo de pro-
dução e as variáveis envolvidas. Além disso, conhece os cálculos de mensuração, auxiliares ao 
processo de tomada de decisão. 
Fechamento
Chegamos ao final deste conteúdo. 
Nesta aula, você teve a oportunidade de: 
 • conhecer os conceitos de ponto de pedido, estoque de segurança e tempo de 
ressuprimento;
 • identificar a fórmula para o ponto de pedido para reposição; 
 • compreender a importância do estoque de segurança e como estimar seu valor. 
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Homepage. Disponível em: <http://www.abnt.
org.br/ >. Acesso em: 13 dez. 2016. 
GARCIA, Eduardo Saggioro; FERREIRA FILHO, Virgílio José Martins. Cálculo do ponto de pedido 
baseado em previsões de uma política de gestão de estoques. Pesqui. Oper., Rio de Janeiro,  
v. 29, n. 3, p. 605-622, dez. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0101-74382009000300009&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 13 dez. 2016  
FIGUEIREDO, Kleber et al. Segmentação logística: um estudo na relação entre fornecedores e vare-
jistas no Brasil. Rev. adm. contemp., Curitiba, v. 11, n. 4, p. 11-31, dez. 2007. Disponível em: <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552007000400002&lng=en&nrm=iso>. 
Acesso em: 14 dez. 2016. 
INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. Homepage. Disponível em: <http://
www.iso.org/iso/home.html>. Acesso em: 13 dez. 2016. 
REGO, José Roberto do; MESQUITA, Marco Aurélio de. Controle de estoque de peças de reposição 
em local único: uma revisão da literatura. São Paulo - USP, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.
br/pdf/prod/2011nahead/AOP_T6_0001_0308.pdf>. Acesso em: 14 dez. 2016. 
ROSA, Hobed; MAYERLE, Sérgio Fernando; GONÇALVES, Mirian Buss. Controle de estoque 
por revisão contínua e revisão periódica: uma análise comparativa utilizando simulação. Prod., 
São Paulo, v. 20, n. 4, dez. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0103-65132010000400011&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 13 dez. 2016. 
WANKE, Peter. Quadro conceitual para gestão de estoques: enfoque nos itens. Gest. Prod., São 
Carlos, v. 19, n. 4, p. 677-687, dez. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0104-530X2012000400002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 14 dez. 2016. 
O processo de classificação de estoques
Larissa Maria Palacio dos Santos
Introdução
Classificar o estoque implica em conhecê-lo, mantendo atualizados inventários descritivos dos 
itens que o compõem. Com a classificação, é possível determinar a necessidade de ressuprimento, 
bem como o grau de prioridade que deve ser dado a diferentes grupos de itens. O método atualmente 
mais difundido e utilizado é a classificação ABC, que estudaremos ao longo das próximas páginas. 
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • identificar os parâmetros da classificação ABC;
 • compreender como calcular os limites de cada classe;
 • identificar a necessidade dos controles em cada classe. 
1 A importância dos itens em estoque
Saiba que o estoque representa grande parte do custo logístico das empresas. Nesse sentido, 
um controle eficiente é imprescindível para que não ocorram paradas na produção, ou acúmulo de 
capital devido à ociosidade do estoque. 
O armazenamento é uma tarefa complexa devido à quantidade de itens que o compõem, a 
depender do tipo de produção em questão. Os processos produtivos têm se tornado mais comple-
xos à medida que novas tecnologias são produzidas, sendo que o mercado demanda fluxos cada 
vez mais intensos e rápidos. Assim, podemos perceber a necessidade de desenvolver métodos 
para a organização, gerenciamentoe controle de estoque (SANTOS; RODRIGUES, 2006).
2 A classificação ABC
O método ABC é dos métodos mais utilizados para a classificação de estoques. Ele consiste 
em separar os itens em grupos e subgrupos de acordo com o seu valor de uso, com a demanda, 
ou outro critério que seja conveniente para a empresa.
FIQUE ATENTO!
A escolha do critério que será utilizado para a aplicação da metodologia ABC depende 
da especificidade dos itens em questão. Por isso, é importante conhecer muito bem o 
processo produtivo e as características dos itens para decidir pelo critério ideal.
O valor de uso de um item pode ser obtido a partir da multiplicação de sua utilização pelo 
valor unitário. Tal método permite que sejam adotadas diferentes políticas de estocagem dentro 
de uma mesma empresa, cada uma atendendo especificamente à necessidade de seu agrupa-
mento (SANTOS; RODRIGUES, 2006).
SAIBA MAIS!
Não são apenas as indústrias que realizam o controle de estoques com base na curva 
ABC, tal metodologia é adotada também em outros tipos de estabelecimentos, como, 
por exemplo, as farmácias hospitalares. Leia o artigo “Classificação ABC dos materiais: 
uma ferramenta gerencial de custos em enfermagem”, disponível em: <www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672006000100010&lng=en&nrm=iso>.
Quanto maior a quantidade de itens utilizados para a produção, maior a complexidade de seu 
gerenciamento. Por vezes, é necessário utilizar uma classificação baseada em mais de um crité-
rio, levando em consideração a duração do produto, seu lead time, a dificuldade de obtê-lo, entre 
outros (SANTOS; RODRIGUES, 2006).
Embora a maioria das empresas possua centenas de itens em estoque, o modelo de clas-
sificação “monoitem” ainda é o mais utilizado. Esse modelo proporciona economia de tempo ao 
priorizar os itens mais utilizados. A análise de item por item demanda um tempo maior, e é possí-
vel que, após as classificações, haja a necessidade de criar famílias de grupos para a adoção das 
políticas de tomada de decisão (SANTOS; RODRIGUES, 2006).
A metodologia ABC
[...] remonta à Itália do século XIX, por volta de 1897, quando o pesquisador Vilfredo Pareto 
elaborou um estudo sobre a distribuição de renda da população local. Esse estudo de-
monstrou que, em números gerais, 80% das riquezas da região concentravam-se nas mãos 
de 20% da população. Posteriormente, o conceito se generalizou e ficou conhecido como 
“a regra dos 80/20”, segundo a qual 80% dos problemas são gerados por apenas 20% das 
causas ou ainda 80% dos custos são atribuídos a 20% dos motivos (RUSSO, 2009, p. 121).
A Lei de Pareto, portanto, destaca o fato de que é possível que um agrupamento de poucos 
itens represente um grande valor, enquanto um aglomerado de muitos itens corresponda a um 
valor menor (SANTOS; RODRIGUES, 2006; LOURENÇO; CASTILHO, 2006). 
3 Cálculo dos limites de cada classe
Além do critério de valor de uso, podemos utilizar a frequência de uso ou a obsolescência, por 
exemplo. Para que uma classificação ABC seja realizada, é necessário conseguir a seguinte sequ-
ência de informações sobre o estoque: 1. inventário dos itens; 2. o valor unitário de cada item; 3. a 
demanda anual; 4. calcular o montante anual de capital investido para a aquisição desses materiais. 
É possível obter o valor do consumo anual de cada um dos itens em estoque, por meio da 
seguinte fórmula: 
VCA = P.U x C.A
Em que: 
VCA= Valor do consumo anual
P.U= Preço unitário
C.A= Consumo anual 
EXEMPLO
O preço unitário de cada picolé é de R$ 1,50. Ao ano, são consumidos 100 picolés 
em uma sorveteria. Então o valor de consumo anual dos picolés é de R$ 150,00, 
pois: VCA = 1,50 x 100 = 150,00.
Imagine que uma empresa monta estojos escolares. Para iniciar a classificação ABC, o ges-
tor realiza um inventário dos itens estocados, com seus valores unitários e seu consumo anual.
Itens Preço unitário (R$) Consumo anual (unid.)
Lápis 0,50 200
Caneta 0,70 400
Borracha 0,20 300
Tabela 1 – Inventário de itens em estoque
Fonte: elaborada pela autora, 2016.
Vamos calcular o valor de consumo anual de lápis. Para tanto, basta multiplicar o preço uni-
tário pelo consumo anual:
VCA = 200 x 0,50
VCA = 100
Já o valor de consumo de caneta é de:
VCA = 0,70 x 400
VCA = 280
Utilizando a mesma fórmula, obtivemos o valor de consumo anual de borracha, que é de 60. 
Agora devemos listar em ordem decrescente os itens, de acordo com seus valores de consumo. 
Itens Valor de consumo Preço unitário (R$) Consumo anual (unid.)
Caneta 280 0,70 400
Lápis 100 0,50 200
Borracha 60 0,20 300
Tabela 2 – Classificação decrescente do valor de consumo dos itens em estoque
Fonte: elaborada pela autora, 2016.
O próximo passo é realizar a soma do custo acumulado dos itens em estoque. Para tanto, 
devemos somar os custos de cada linha da tabela, conforme exemplo a seguir. 
Itens Valor de consumo decrescente (R$)
Preço unitário 
(R$)
Consumo anual 
(unid.)
Custo anual 
acumulado (R$)
Caneta 280 0,70 400 280
Lápis 100 0,50 200 280 + 100 = 380
Borracha 60 0,20 300 380 + 60 = 440
Tabela 3 – Custo anual acumulado dos itens em estoque
Fonte: elaborada pela autora, 2016.
A última etapa é classificação de cada um dos itens, em ordem decrescente, de acordo com 
a porcentagem que eles representam do capital total acumulado. Para isso, dividimos o valor do 
custo anual do item pelo valor do custo anual acumulado do último item classificado. 
Itens Valor de consumo decrescente (R$)
Preço unitário 
(R$)
Consumo 
anual (unid.)
Custo Anual 
acumulado
% do item com relação ao 
custo anual acumulado
Caneta 280 0,70 400 280 (280 ÷ 440) x 100 ≈ 63,64
Lápis 100 0,50 200 380 ≈ 86,37
Borracha 60 0,20 300 440 ≈ 100
Tabela 4 – Percentual do item com relação ao custo anual acumulado
Fonte: elaborada pela autora, 2016.
Quanto menor o percentual apresentado pelo item, maior a classe que ele irá compor. Em 
uma classificação ABC, a caneta seria um item classe A, o lápis classe B, e a borracha classe C. 
Caso houvesse mais itens, o mesmo procedimento deveria ser realizado para cada um deles.
FIQUE ATENTO!
O método ABC é muito utilizado na administração de estoques, contudo, seu pode 
ser aplicado também a outras atividades administrativas, como definição da políti-
ca de compra, venda ou priorização da produção de um item.
SAIBA MAIS!
Ao utilizar a metodologia ABC, normalmente é gerado um gráfico conhecido por “Curva 
ABC”. Para entender a importância dessa metodologia, confira o artigo disponível em: 
<https://periodicos.ufsm.br/sociaisehumanas/article/view/6054/pdf>.
4 Os controles de cada classe
 Os materiais classificados como “Classe A” representam investimentos superiores a 60% 
e até 80% do total investido, devendo ser frequentemente trabalhados. Tais itens não devem ser 
armazenados por longos períodos, para não onerar o capital parado da empresa. Assim, recomen-
da-se uma política de alta rotatividade (GUTIERREZ, 2009).
EXEMPLO
No caso de produtos de alto custo, como móveis de luxo, podemos optar por uma 
política de estoque zero, como propõe o sistema just-in-time. Assim, a produção 
será realizada sob demanda, desde que se cumpram os prazos estipulados.
Já os itens de prioridade mediana são os de “Classe B”, e normalmente representam de 20% 
a 30% dos investimentos da empresa. Assim como seu grau de importância, sua vigilância pode 
ser mais moderada. Por fim, os itens classificados como “Classe C” representam baixos custos 
à empresa, e podem ser armazenados em larga escala, sendo seu controle simples (LOURENÇO; 
CASTILHO, 2006).
FIQUE ATENTO!
Os percentuais eleitos para cada classe não necessitam ser idênticos ao proposto 
pela metodologia. É possível flexibilizar o uso do método, elegendo classes de acor-
do com a necessidade da empresa.
Em razão da grande quantidade de itens estocados pelas empresas e de seu valor, tornou-se 
necessário o desenvolvimento de metodologias de gestão integrada. Assim, a metodologia ABC, 
consiste em um método simples, que

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