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1 SUMÁRIO 1 PERSPECTIVAS FUTURAS DA EDUCAÇÃO ........................................... 3 2 OS DESAFIOS DE ENSINAR E EDUCAR COM QUALIDADE .................. 4 3 AS DIFICULDADES PARA MUDAR NA EDUCAÇÃO .............................. 10 4 A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO .......................................................................................................... 11 5 CAMINHOS QUE FACILITAM A APRENDIZAGEM ................................. 13 6 CONHECIMENTO PELA COMUNICAÇÃO E PELA INTERIORIZAÇÃO . 14 7 PODEMOS MODIFICAR A FORMA DE ENSINAR .................................. 15 8 O DOCENTE COMO ORIENTADOR/ MEDIADOR DA APRENDIZAGEM 16 9 INTEGRAR AS TECNOLOGIAS DE FORMA INOVADORA ..................... 17 10 INTEGRAR OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO NA ESCOLA .................. 18 11 INTEGRAR A TELEVISÃO E O VÍDEO NA EDUCAÇÃO ESCOLAR ... 19 11.1 Propostas de utilização da televisão e do vídeo na educação escolar 20 12 O COMPUTADOR E A INTERNET ....................................................... 21 13 PREPARAR OS PROFESSORES PARA A UTILIZAÇÃO DO COMPUTADOR E DA INTERNET ............................................................................ 23 13.1 Questões que a Internet coloca aos professores ............................ 24 13.2 Alguns problemas no uso da Internet na educação ........................ 24 14 MUDANÇAS NO ENSINO PRESENCIAL COM TECNOLOGIA ............ 25 14.1 Quando vale a pena encontrar-nos na sala de aula? ...................... 25 14.2 Tecnologias na educação a distância ............................................. 33 15 ALGUNS CAMINHOS PARA INTEGRAR AS TECNOLOGIAS NUM ENSINO INOVADOR ................................................................................................ 33 16 ARTIGO PARA REFLEXÃO .................................................................. 34 2 17 PROJETOS DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA NUM PARADIGMA EMERGENTE ............................................................................................................ 35 17.1 A era digital e a aprendizagem colaborativa ................................... 35 17.2 Quatro pilares da aprendizagem colaborativa ................................. 36 17.3 Paradigma emergente na prática pedagógica ................................. 37 17.4 Paradigma emergente numa aliança de abordagem pedagógica ... 38 17.5 Tecnologia como ferramenta para aprendizagem colaborativa....... 39 18 Tecnologia da informação e o avanço dos procedimentos .................... 39 19 O paradigma emergente e a aprendizagem colaborativa baseada em projetos 40 20 Projetos de aprendizagem colaborativa num paradigma emergente ..... 40 21 Fases do projeto de aprendizagem colaborativa ................................... 40 21.1 1ª fase - Apresentação e discussão do projeto ............................... 41 21.2 2ª fase - Problematização do tema ................................................. 41 21.3 3ª fase – Contextualização .............................................................. 41 21.4 4ª fase - Aulas teóricas exploratórias .............................................. 41 21.5 5ª fase - Pesquisa individual ........................................................... 41 21.6 6ª fase - Produção individual ........................................................... 41 21.7 7ª fase - Discussão coletiva, crítica e reflexiva ............................... 42 21.8 8ª fase - Produção, coletiva ............................................................ 42 21.9 9ª fase - Produção final ................................................................... 42 21.10 10ª fase - Avaliação coletiva do projeto .......................................... 42 22 Aprendizagem para a sociedade do conhecimento: A busca das competências e da autonomia. .................................................................................. 42 3 1 PERSPECTIVAS FUTURAS DA EDUCAÇÃO Fonte: www.lookfordiagnosis.com Todos estamos experimentando que a sociedade está mudando nas suas formas de organizar-se, de produzir bens, de comercializá-los, de divertir-se, de ensinar e de aprender. Muitas formas de ensinar hoje não se justificam mais. Perdemos tempo demais, aprendemos muito pouco, desmotivamo-nos continuamente. Tanto professores como alunos temos a clara sensação de que muitas aulas convencionais estão ultrapassadas. Mas para onde mudar? Como ensinar e aprender em uma sociedade mais interconectada? O campo da educação está muito pressionado por mudanças, assim como acontece com as demais organizações. Percebe-se que a educação é o caminho fundamental para a transformar a sociedade. Isso abre um mercado gigantesco que está atraindo grandes grupos econômicos dispostos a ganhar dinheiro, a investir nesse novo nicho e que importam os processos de reorganização e gestão trazidos das empresas. Uma das áreas prioritárias de investimento é a implantação de tecnologias telemáticas de alta velocidade, para conectar alunos, professores e a administração. O objetivo é ter cada classe conectada à Internet e cada aluno com um notebook. Começam a investir significativamente no mercado ainda pouco explorado da 4 educação a distância, da educação contínua, principalmente dos cursos de curta duração. Como em outras épocas, há uma expectativa de que as novas tecnologias nos trarão soluções rápidas para o ensino. Sem dúvida as tecnologias nos permitem ampliar o conceito de aula, de espaço e tempo, de comunicação audiovisual, e estabelecer pontes novas entre o presencial e o virtual, entre o estar juntos e o estarmos conectados à distância. Mas se ensinar dependesse só de tecnologias já teríamos achado as melhores soluções há muito tempo. Elas são importantes, mas não resolvem as questões de fundo. Ensinar e aprender são os desafios maiores que enfrentamos em todas as épocas e particularmente agora em que estamos pressionados pela transição do modelo de gestão industrial para o da informação e do conhecimento. 2 OS DESAFIOS DE ENSINAR E EDUCAR COM QUALIDADE Fonte: www.sistemafibra.org.br Educar é colaborar para que professores e alunos - nas escolas e organizações - transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem. É ajudar os alunos na construção da sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional- do seu projeto de vida, no desenvolvimento das habilidades de compreensão, emoção e comunicação que lhes permitam encontrar seus espaços pessoais, sociais e profissionais e tomar-se cidadãos realizados e produtivos. 5 Educamos de verdade quando aprendemos com cada coisa, pessoa ou ideia que vemos, ouvimos, sentimos, tocamos, experiências, lemos, compartilhamos e sonhamos; quando aprendemos em todos os espaços em que vivemos - na família, na escola, no trabalho, no lazer etc. Educamos aprendendo a integrar em novas sínteses o real e o imaginário; o presente e o passado olhando para o futuro; ciência, arte e técnica; razão e emoção. Ensinar/educar é participar de um processo, em parte, previsível- o que esperamos de cada criança no fim de cada etapa - e, em parte, aleatório, imprevisível. A educação fundamental é feita pela vida, pela reelaboração mental-emocional das experiências pessoais, pela forma de viver, pelas atitudes básicas diante da vida e de nós mesmos. A avaliação do ensino mostra-nos se aprendemos alguns conteúdos e habilidades. Os resultados da educação aparecem a longo prazo. Quanto mais avançamos em idade, mais claramente mostramos até onde aprendemos de verdade, se evoluímos realmente, em que tipo de pessoas nos transformamos. Ensinar é um processo social (inserido em cada cultura, com suas normas, tradições e leis), mas também é um processo profundamente pessoal: cada um de nós desenvolve um estilo, seu caminho, dentro do que está previsto para a maioria. Asociedade ensina. As instituições aprendem e ensinam. Os professores aprendem e ensinam. Sua personalidade e sua competência ajudam mais ou menos. Ensinar depende também de o aluno querer aprender e estar apto a aprender em determinado nível (depende da maturidade, da motivação e da competência adquiridas). Há uma preocupação com ensino de qualidade mais do que com educação de qualidade. Ensino e educação são conceitos diferentes. No ensino organiza-se uma série de atividades didáticas para ajudar os alunos a compreender áreas específicas do conhecimento (ciências, história, matemática). Na educação o foco, além de ensinar, é ajudar a integrar ensino) vida, conhecimento e ética, reflexão e ação, a ter uma visão de totalidade. Educar é ajudar a integrar todas as dimensões da vida, a encontrar nosso caminho intelectual, emocional, profissional, que nos realize e que contribua para modificar a sociedade que temos. • Uma organização inovadora, aberta, dinâmica, com um projeto pedagógico coerente, aberto, participativo; com infraestrutura adequada, atualizada, confortável; tecnologias acessíveis, rápidas e renovadas. 6 • Uma organização que congregue docentes bem preparados intelectual, emocional, comunicacional e eticamente; bem remunerados, motivados e com boas condições profissionais, e onde haja circunstâncias favoráveis a uma relação efetiva com os alunos que facilite conhecê-los, acompanhá- los, orientá-los. • Uma organização que tenha alunos motivados, preparados intelectual e emocionalmente, com capacidade de gerenciamento pessoal e grupal. O que muitas vezes é fruto de alguns grupos, lideranças de pesquisa, aparece como se fosse generalizado a todos os setores da escola, o que não é verdade. As instituições vendem externamente os seus sucessos - muitas vezes de forma exagerada - e escondem os insucessos, os problemas, as dificuldades. Temos um ensino em que predominam afala massiva e massificante, um número excessivo de alunos por sala, professores mal preparados, mal pagos, pouco motivados e evoluídos como pessoas. Temos muitos alunos que ainda valorizam mais o diploma do que o aprender, que fazem o mínimo (em geral) para ser aprovados, que esperam ser conduzidos passivamente e não exploram todas as possibilidades que existem dentro e fora da instituição escolar. A infraestrutura costuma ser inadequada. Salas barulhentas, pouco material escolar avançado, tecnologias pouco acessíveis à maioria. O ensino está voltado, em boa parte, para o lucro fácil, aproveitando a grande demanda existente, com um discurso teórico (documentos) que não se confirma na prática. Há um predomínio de metodologias pouco criativas; mais marketing do que real processo de mudança. É importante procurar o ensino de qualidade, mas consciente de que é um processo longo, caro e menos lucrativo do que as instituições estão acostumadas. Nosso desafio maior é caminhar para um ensino e uma educação de qualidade, que integre todas as dimensões do ser humano. Para isso precisamos de pessoas que façam essa integração em si mesmas no que concerne aos aspectos sensorial, intelectual, emocional, ético e tecnológico, que transitem de forma fácil entre o pessoal e o social, que expressem nas suas palavras e ações que estão sempre evoluindo, mudando, avançando. 7 Fala-se muito de ensino de qualidade. Muitas escolas e universidades são colocadas no pedestal, como modelos de qualidade. Na verdade, em geral, não temos ensino de qualidade. Temos alguns cursos, faculdades, universidades com áreas de relativa excelência. Mas o conjunto das instituições de ensino está muito distante do conceito de qualidade. O ensino de qualidade envolve muitas variáveis: O ensino de qualidade é muito caro, por isso pode ser pago por poucos ou tem que ser amplamente subsidiado e patrocinado. Poderemos criar algumas instituições de excelência. Mas a grande maioria demorará décadas para evoluir até um padrão aceitável de excelência. Temos, no geral, um ensino muito mais problemático do que é divulgado. Mesmo as melhores universidades são bastante desiguais nos seus cursos, metodologias, forma de avaliar, projetos pedagógicos, infraestrutura. Quando há uma área mais avançada em alguns pontos esta é colocada como modelo, divulgada externamente como se fosse o padrão de excelência de toda a universidade. Vende- se o todo pela parte. As dificuldades para mudar na educação o provisório. Aprender é passar da incerteza a uma certeza provisória que dá lugar a novas descobertas e a novas sínteses. Os grandes educadores atraem não só pelas suas ideias, mas pelo contato pessoal. Dentro ou fora da aula chamam a atenção. Há sempre algo surpreendente, diferente no que dizem, nas relações que estabelecem, na sua forma de olhar, na forma de comunicar-se, de agir. São um poço inesgotável de descobertas. Enquanto isso, boa parte dos professores é previsível, não nos surpreende; repete fórmulas, sínteses. São docentes "papagaios", que repetem o que leem e ouvem, que se deixam levar pela última moda intelectual, sem questioná-la. É importante termos educadores/pais com um amadurecimento intelectual, emocional, comunicacional e ético, que facilite todo o processo de organizar a aprendizagem. Pessoas abertas, sensíveis, humanas, que valorizem mais a busca que o resultado pronto, o estímulo que a repreensão, o apoio que a crítica, capazes de estabelecer formas democráticas de pesquisa e de comunicação. As mudanças na educação dependem também de termos administradores, diretores e coordenadores mais abertos, que entendam todas as dimensões que estão 8 envolvidas no processo pedagógico, além das empresariais ligadas ao lucro; que apoiem os professores inovadores, que equilibrem o gerenciamento empresarial, tecnológico e o humano, contribuindo para que haja um ambiente de maior inovação, intercâmbio e comunicação. As mudanças na educação dependem também dos alunos. Alunos curiosos e motivados facilitam enormemente o processo, estimulam as melhores qualidades do professor, tomam-se interlocutores lúcidos e parceiros de caminhada do professor- educador. As mudanças demorarão mais do que alguns pensam, porque nos encontramos em processos desiguais de aprendizagem e evolução pessoal e social. Não temos muitas instituições e pessoas que desenvolvam formas avançadas de compreensão e integração, que possam servir como referência. Predomina a média - a ênfase no intelectual, a separação entre a teoria e a prática. Fonte: beta-escoladepais.blogspot.com.br Temos grandes dificuldades no gerenciamento emocional, tanto no pessoal como no organizacional, o que dificulta o aprendizado rápido. São poucos os modelos vivos de aprendizagem integradora, que junta teoria e prática, que aproxima o pensar do viver. A ética permanece contraditória entre a teoria e a prática. Os meios de comunicação mostram com frequência como alguns governantes, empresários, políticos e outros grupos de elite agem impunemente. Muitos adultos falam uma coisa 9 respeitar as leis - e praticam outra, deixando confusos os alunos e levando-os a imitar mais tarde esses modelos. O autoritarismo da maior parte das relações humanas interpessoais, grupais e organizacionais espelha o estágio atrasado em que nos encontramos individual e coletivamente em termos de desenvolvimento humano, de equilíbrio pessoal, de amadurecimento social. E somente podemos educar para a autonomia, para a liberdade com processos fundamentalmente participativos, interativos, libertadores, que respeitem as diferenças, que incentivem, que apoiem, orientados por pessoas e organizações livres. As mudanças na educação dependem, em primeiro lugar, de termos educadores maduros intelectual e emocionalmente, pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e dialogar. Pessoas com as quais valha apena entrar em contato, porque desse contato saímos enriquecidos. O educador autêntico é humilde e confiante. Mostra o que sabe e, ao mesmo tempo, está atento ao que não sabe, ao novo. Mostra para o aluno a complexidade do aprender, a nossa ignorância, as nossas dificuldades. Ensina, aprendendo a relativizar, a valorizar a diferença, a aceitar desenvolvem ambientes culturalmente ricos, aprendem mais rapidamente- te, crescem mais confiantes e se tomam pessoas mais produtivas. Adquirir habilidade na linguagem significa ter, ao mesmo tempo, adquirido a lógica e a sintaxe que estão inseridas nessa linguagem. Em outros momentos processamos a informação de forma hipertextual, contando histórias, relatando situações que se interconectam, ampliam-se, que nos levam a novos significados importantes, inesperados ~u que terminam diluindo-se nas ramificações de significados secundários. E a comunicação "linkada", através de nós intertextuais. A leitura hipertextual é feita como em "ondas", em que uma leva à outra, acrescentando novas significações. A construção é lógica, coerente, sem seguir uma única trilha previsível, sequencial, mas que vai se ramificando em diversas trilhas possíveis. Atualmente, cada vez mais processamos também a informação de forma multimídia, juntando pedaços de textos de várias linguagens superpostas simultaneamente, que compõem um mosaico impressionista, na mesma tela, e que se conectam com outras telas multimídia. A leitura é cada vez menos sequencial. As conexões são tantas que o mais importante é a visão ou leitura em flash, no conjunto, 10 uma leitura rápida, que cria significações provisórias, dando uma interpretação rápida para o todo, e que vai se completando com as próximas telas, através do fio condutor da narrativa subjetiva: dos interesses de cada um, das suas formas de perceber, sentir e relacionar-se. 3 AS DIFICULDADES PARA MUDAR NA EDUCAÇÃO Fonte: blog.qmagico.com.br As mudanças na educação dependem, em primeiro lugar de termos educadores maduros, intelectuais e emocionalmente curiosos, que saibam motivar e dialogar. O educador autêntico é humilde e confiante, mostra o que sabe, porém está sempre atento ao novo, ensina aprendendo a valorizar a diferença, a improvisar. Aprender por sua vez, é passar da incerteza a uma certeza provisória, pois dará lugar as novas descobertas, não há estagnação no sistema de aprendizagem e descobertas. O novo deve ser questionado, indagado e não aceito sem análise prévia. Por isso é importante termos educadores/ pais, com amadurecimento intelectual, emocional, ético que facilite todo o processo de aprendizagem. As mudanças na educação dependem também de administradores, diretores e coordenadores que atendam todos os níveis do processo educativo. Os alunos também fazem parte da mudança. Alunos curiosos e motivados, ajudam o professor a educar, pois tornam-se interlocutores e parceiros do professor, visando um ambiente culturalmente rico. 11 4 A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO Fonte: neuropharmlabs.com Conhecer significa compreender todas as dimensões da realidade, captar e saber expressar essa totalidade de forma cada vez mais ampla e integral. Pensar e aprender a raciocinar, a organizar o discurso, submetendo-o a critérios. O desenvolvimento da habilidade de raciocínio é fundamental para a compreensão do mundo. Além do raciocínio, a emoção facilita ou complica o processo de conhecer. A informação dá-se de várias formas, segundo o nosso objetivo e o nosso universo cultural. A forma mais habitual é o processamento lógico-sequencial, que se expressa na linguagem falada e escrita, na qual o sentido vai sendo construído aos poucos, em sequência concatenada. A informação de forma hiper-textual, contando histórias, relatando situações que se interlaçam, ampliam-se, nos mostrando novos significados importantes, inesperados. É a comunicação “linkada”. A construção do pensamento é lógica, coerente, sem seguir uma única trilha, como em ondas que vão ramificando-se em diversas outras. Hoje, cada vez mais processamos as informações de forma multimídia, juntando pedaços de textos de várias linguagens superpostas, que compõem um mosaico ou tela impressionista, e que se conectam com outra tela multimídico. Uma leitura em flash, uma leitura rápida que cria significações provisórias, dando uma interpretação rápida para o todo, através dos interesses, percepções, do modo de sentir e relacionar-se de cada um. 12 A construção do conhecimento, a partir do processamento multimídia é mais livre, menos rígida, com maior abertura, passa pelo sensorial, emocional e pelo racional; uma organização provisória que se modifica com facilidade. Convivemos com essas diferentes formas de processamento da informação e dependendo da bagagem cultural, da idade e dos objetivos, predominará o processamento sequencial, o hipertextual ou o multimídico. Atualmente perante a rapidez que temos que enfrentar situações diferentes e cada vez mais utilizamos o processo multimídico. A televisão utiliza uma narrativa com várias linguagens superpostas, atraentes, rápidas, porém, traz consequências para a capacidade de compreender temas mais abstratos. Em síntese, as formas de informação multimídia ou hipertextual são mais difundidas. As crianças, os jovens sintonizados com esta forma de informação quando lidam com textos, fazem-no de forma mais fácil com o texto conectado através de links, o hipertexto. O livro então se torna uma opção menos atraente. Não podemos, nos limitar em uma ou outra forma de lidar com a informação, devemos utilizar todas em diversos momentos. Há um tipo de conhecimento multimídico de respostas rápidas que é importante. É preciso saber selecionar para encontrar conexões, causas e efeitos, tudo é fluido e válido, tudo tem sua importância e em pouco tempo perde o valor anterior. É uma atitude que se manifesta no navegar na Internet, ao deixar-se ficar diante da televisão, numa salada de dados, informações e enfoques. As pessoas não permanecem passivas, elas interagem de alguma forma, mas muitos não estão preparados para receber tal variedade de dados e adotam a última moda na mídia ou na roupa, que efêmeros, são facilmente esquecidos e/ou substituídos. Tornamo-nos cada vez mais dependentes do sensorial. É bom, mas muitos não partem do sensorial para voos mais ricos, mais abertos, inovadores. Muitos dados e informações não significam necessariamente mais e melhor conhecimento. O conhecimento torna-se produtivo se o integrarmos em uma visão ética pessoal, transformando-o em sabedoria, em saber pensar para agir melhor. 13 5 CAMINHOS QUE FACILITAM A APRENDIZAGEM Fonte: www.douradosnews.com.br Podemos extrair alguma informação ou experiência de tudo, de qualquer situação, leitura ou pessoa, que nos possa ajudar a ampliar o nosso conhecimento, para confirmar o que já sabemos ou rejeitar determinadas opiniões. Um dos grandes desafios para o educador é ajudar a tornar a informação significativa, escolher as verdadeiramente importantes, a compreendê-las de forma cada vez mais abrangente e profunda. Aprendemos melhor, quando vivenciamos, experimentamos, sentimos, descobrindo novos significados, antes despercebidos. Aprendemos mais, quando estabelecemos pontes entre a reflexão e a ação, entre a experiência e a conceituação, entre a teoria e a prática: quando uma completa a outra. Aprendemos quando equilibramos e integramos o sensorial, o racional, o emocional, o ético, o pessoal e o social. Aprendemos quando interagimos com os outros e o mundo. Aprendemos pelo interesse, pela necessidade. Aprendemos quando percebemos o objetivo, a utilidade de algo, que nos traz vantagens perceptíveis. Aprendemos pela criação de hábitos, pela automatização de processos, pela repetição. Aprendemos mais, quandoconseguimos juntar todos os fatores: temos 14 interesse, motivação clara, desenvolvemos hábitos que facilitam o processo de aprendizagem e sentimos prazer no que estudamos. Aprendemos realmente quando conseguimos transformar nossa vida em um processo constante, paciente, confiante e afetuoso de aprendizagem. 6 CONHECIMENTO PELA COMUNICAÇÃO E PELA INTERIORIZAÇÃO Fonte: ska0tdcdzvep6gy0-zippykid.netdna-ssl.com A informação é o primeiro passo para conhecer. Conhecer é relacionar, integrar, contextualizar, fazer nosso o que vem de fora. Conhecer a aprofundar os níveis de descoberta, é conseguir chegar ao nível de sabedoria, da integração total. O conhecimento se dá no processo rico de interação externo e interno. Conseguimos compreender melhor o mundo e os outros, equilibrando os processos de interação e de interiorização. Pela interação, entramos em contato com tudo o que nos rodeia, captamos as mensagens, mas a compreensão só se completa com a interiorização, com o processo de síntese pessoal de reelaboração de tudo que captamos pela interação. Os meios de comunicação puxam-nos em direção ao externo. Hoje há mais pessoas voltadas para fora do que para dentro de si, mais repetidoras do que criadoras; se equilibrarmos o interagir e o interiorizar conseguiremos avançar mais e compreender melhor o que nos rodeia, o que somos. 15 Os processos de conhecimento dependem do social, do ambiente onde vivemos. O conhecimento depende significativamente de como cada um processa as suas experiências, quando crianças, principalmente no campo emocional. As interferências emocionais, os roteiros aprendidos na infância, levam as formas de aprender automatizadas. Um deles é o da passagem da experiência particular para a geral, chamado generalização. Com a repetição de situações semelhante a tendência do cérebro é a de acreditar que elas acontecerão sempre do mesmo modo, e isso torna-se algo geral, padrão. Com a generalização, facilitamos a compreensão rápida, mas podemos deturpar ou simplificar a nossa percepção do objetivo focalizado. Esses processos de generalização levam a mudanças, distorções, a alterações na percepção da realidade. Se nossos processos de percepção estão distorcidos, podem nos levar desde pequenos a enxergar-nos de forma negativa. Um dos eixos de mudança na educação seria um processo de comunicação autêntica e aberta entre professores e alunos, comunidade, incluindo os funcionários e os pais. Só aprendemos dentro de um contexto comunicacional participativo, interativo, vivencial. Autoritarismo não vale a pena, pois os alunos não aprendem a ser cidadãos. As organizações que quiserem evoluir terão que aprender a reeducar-se em ambientes de mais confiabilidade, de cooperação, de autenticidade. 7 PODEMOS MODIFICAR A FORMA DE ENSINAR Cada organização através de seus administradores precisa encontrar sua forma de ensinar, criando um projeto inovador. Para encaminhar nossas dificuldades em ensinar poderiam ser estas algumas pistas: Equilibrar o planejamento institucional e o pessoal nas organizações educacionais; Integrar em planejamento flexível com criatividade sinérgica; Realizar um equilíbrio entre flexibilidade, que está ligada ao conceito de liberdade, criatividade e a organização; Avançar os programas previstos às necessidades dos alunos, criando conexões com o cotidiano, com o inesperado; 16 Equilibrar: planejamento e criatividade; Aceitar os imprevistos, gerenciar o que podemos prever e a incorporar o novo; Criatividade que envolve sinergia, valorizando as contribuições de cada um. Ensinar e aprender exigem hoje muito mais flexibilidade, espaço-temporal, pessoal e de grupo, menos conteúdos fixos, mais pesquisas. Uma das dificuldades da aprendizagem é conciliar a extensão das informações, a variedade das fontes de acesso, com o aprofundamento da sua compreensão. O papel principal do professor é ensinar o aluno a interpretar os dados, a relacioná-los, a contextualizá-los. Aprender depende também do aluno de que ele esteja maduro para entender a informação. É importante não começar pelos problemas, erros, pelo negativo, pelos limites, mas sim pela educação positiva, pelo incentivo, pela esperança. 8 O DOCENTE COMO ORIENTADOR/ MEDIADOR DA APRENDIZAGEM O professor é um pesquisador em serviço. Aprende com a pesquisa com a prática e ensina a partir do que aprende. O seu papel é fundamentalmente o de um orientador/ mediador: Orientador/mediador/intelectual: informa, ajuda a escolher as informações mais importantes, fazendo os alunos compreendê-las e adaptá-las aos seus conceitos pessoais. Ajuda a ampliar a compreensão de tudo. Orientador/ mediador/ emocional: motiva, incentiva, estimula. Orientador/ mediador gerencial e comunicacional: organizam grupos, atividades de pesquisas, ritmos, interações. Organiza o processo de avaliação, é a ponte principal entre as instituições, os alunos e os demais grupos envolvidos da comunidade. Ajuda a desenvolver todas as formas de expressão, de interação de sinergia, de troca de linguagem, conteúdos e tecnologias. Orientador ético: ensina a assumir, vivenciar valores construtivos, individuais e socialmente vai organizando continuamente seu quadro referencial de valores, ideias, atitudes, tendo alguns eixos fundamentais 17 comuns como a liberdade, a cooperação, a integração pessoal. Alguns princípios metodológicos norteadores: Integrar tecnologia, metodologias e atividades. Integrar textos escritos, comunicação oral, hipertextual, multimídia. Aproximação da mídia e das atividades para que haja um fácil trânsito de um meio ao outro. Trazer o universo do audiovisual para dentro da escola. Variação no modo de dar aulas e no processo de avaliação. Planejar e improvisar, ajustar-se às circunstâncias, ao novo. Valorizar a presença e a comunicação virtual, Equilibrar a presença e a distância. 9 INTEGRAR AS TECNOLOGIAS DE FORMA INOVADORA Fonte: tecnologia.culturamix.com É importante na aprendizagem integrar todas as tecnologias: as telemáticas, as audiovisuais, lúdicas, as textuais, musicais. Passamos muito rapidamente do livro, para a televisão e o vídeo e destes para a Internet sem saber explorar todas as possibilidades de cada meio. O docente deve 18 encontrar a forma mais adequada de integrar as várias tecnologias e os procedimentos metodológicos. 10 INTEGRAR OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO NA ESCOLA Antes de chegar à escola a criança passa por processos de educação importantes como o familiar e o da mídia eletrônica e neste ambiente vai desenvolvendo suas conexões cerebrais, roteiros mentais, emocionais e linguagem. A criança aprende a informar-se, a conhecer os outros, o mundo e a si mesma. A relação com a mídia eletrônica é prazerosa e sedutora, mesmo durante o período escolar, a mídia mostra o mundo de outra forma, mais fácil, agradável. A mídia continua educando como contraposto à educação convencional, educa enquanto entretém. Fonte: arquiedtecnologica.blogspot.com.br Os meios de comunicação desenvolvem formas sofisticadas de comunicação e opera imediatamente com o sensível, o concreto, a imagem em movimento. O olho nunca consegue captar toda a informação, então o essencial, o suficiente é escolhido para dar sentido ao caos e organizar a multiplicidade de sensações e dados. A organização da narrativa televisiva baseia-se numa lógica mais intuitiva, mais conectiva, portanto não é uma lógica convencional, de causa-efeito. 19 A televisão estabelece uma conexão aparentemente lógica entre mostrar e demonstrar: “se uma imagem impressiona então é verdadeira”. Também é muito comum a lógica de generalizar a partir de uma situação concreta, do individual, tendemos ao geral. Ex: dois escândalos na família real inglesa e setira conclusões sobre a ética da realeza como um todo. Uma situação isolada converte-se em uma situação padrão. 11 INTEGRAR A TELEVISÃO E O VÍDEO NA EDUCAÇÃO ESCOLAR Fonte: www.comshalom.org Vídeo para o aluno significa descanso e não aula. Essa expectativa deve ser aproveitada para atrair o aluno. A televisão e o vídeo partem do concreto, do visível, daquilo que toca todos os sentidos. Televisão e vídeo exploram também o ver, o visualizar, ter diante de nós as pessoas, os cenários, cores, relações espaciais, imagens estáticas e dinâmicas, câmaras fixas ou em movimento, personagens quietos ou não. A fala aproxima o vídeo do cotidiano, de como as pessoas se comunicam, enquanto o narrador costura as cenas, dentro da norma culta, orientando a significação do conjunto. A música e os efeitos sonoros servem como evocação de situações passadas próximas às personagens do presente e cria expectativas. A televisão e o vídeo são sensoriais, visuais as linguagens se interagem não são separadas. As linguagens da T.V. e do vídeo respondem à sensibilidade dos jovens e de adultos. Dirigem-se mais à afetividade do que a razão. O jovem vê para compreender a linguagem audiovisual, desenvolve atitudes perceptivas como a 20 imaginação enquanto a linguagem escrita desenvolve mais a organização, a abstração e a análise lógica. 11.1 Propostas de utilização da televisão e do vídeo na educação escolar Começar com os vídeos mais simples, próximos a sensibilidade dos alunos e depois partir para exibição de vídeos mais elaborados. Vídeo como sensibilização: Um bom vídeo é interessante para introduzir um novo assunto, despertando e motivando novos temas. Para a sala de aula realidades distantes do aluno. Vídeo como simulação: É uma ilustração mais sofisticada, pois pode simular experiências de química que seriam perigosas em laboratórios. Pode mostrar o crescimento de uma planta, da semente até a maturidade. Vídeo como conteúdo de ensino: Mostra o assunto de forma direta orientando e interpretando um tema de foram indireta, permitindo abordagens diversas deste tema. Vídeo como produção: Registro de eventos, estudo do meio, experiências, entrevistas, depoimentos. Vídeo como intervenção: Interferir, modificar um determinado programa, acrescentar uma nova trilha sonora ou introduzir novas cenas com novos significados. Vídeos como expressão: Como nova forma de comunicação adaptada à sensibilidade das crianças e dos jovens. Produzem programas informativos feitos pelos próprios alunos. Vídeo integrando o processo de avaliação: dos alunos e do professor. Televisão/vídeo – espelho: Os alunos veem-se nas telas, discutindo seus gestos, cacoetes, para análise do grupo e dos papéis de cada um. Incentiva os mais retraídos e corrige os que falam muito.Algumas dinâmicas de análise da televisão e do vídeo Análise em conjunto: O professor exibe as cenas principais e as comenta junto com os alunos. O professor não deve ser o primeiro a opinar e sim posicionar-se depois dos alunos. 21 Análise globalizante: Depois da exibição do vídeo abordar os alunos a respeito das seguintes questões: 1- aspectos positivos do vídeo. 2-aspectos negativos. 3- ideias principais que foram abordadas. 4- o que eles mudariam no vídeo. Discutir essas questões em grupos, que são depois relatadas por escrito, o professor faz a síntese final. Leitura concentrada: Escolher depois uma ou duas cenas marcantes e revê-las mais vezes. Observar o que chamou a atenção. Análise funcional: Antes da exibição do vídeo escolar, alguns alunos para desenvolverem algumas funções, anotar palavras chaves, imagens mais significativas, mudanças acontecidas no vídeo, tudo será anotado no quadro e posteriormente comentado pelo professor. Análise da linguagem: Reconstrução da história, como é contada a história, que ideias foram passadas, quais as mensagens não questionadas, aceitas sem discussão, como foram apresentados a justiça, o trabalho, o amor, o mundo e como cada participante reagiu. Completar o vídeo: Pedir aos alunos apara modificarem alguma parte do vídeo, criar um novo material, adaptado à sua realidade. Vídeo produção: Fazer uma narrativa sobre um determinado assunto. Pesquisa em jornais, revistas, entrevistar pessoas e exibir em classe. Vídeo espelho: A câmara registra pessoas ou grupos e depois se observa e comenta-se o resultado. Vídeo dramatização: Usar a representação teatral, pelos alunos, expressar o que o vídeo mostrou. Comparar versões: Observar os pontos de convergência e divergências do vídeo. Ótimo para aulas de literatura. Comparar o vídeo e a obra literária original. 12 O COMPUTADOR E A INTERNET O computador permite cada vez mais pesquisar, simular situações, testar conhecimentos específicos, descobrir novos conceitos, lugar e ideias. Com a Internet pode-se modificar mais facilmente a forma de ensinar e aprender. Procurar estabelecer uma relação de empatia com os alunos, procurando conhecer seus 22 interesses, formação e perspectivas para o futuro. É importante para o sucesso pedagógico a forma de relacionamento professor/aluno. Fonte: www.primecursos.com.br Descobrir as competências dos alunos motivá-los para aprender, para participar de aula-pesquisa e para a tecnologia que será usada entre elas a Internet. O professor pode criar uma página pessoal na Internet, um lugar de referência para cada matéria e para cada aluno. Orientar os alunos para que estes criem suas páginas e participem de pesquisas em grupo, discutam assuntos em chats. O papel do professor amplia-se – do informador transforma-se em orientador de aprendizagem, em gerenciador de pesquisa e comunicação dentro e fora da sala de aula. Lista eletrônica/ Fórum Incentivar os alunos a aprender navegar na Internet e que todos tenham seu endereço eletrônico (e-mail), e com isso criar uma lista interna de cada turma que irá ajudar a criar uma conexão virtual entre eles. Aulas – pesquisa Transformar uma parte das aulas em processos contínuo de informação, comunicação e pesquisa, equilibrando o conhecimento individual e o grupal, entre o professor- coordenador- facilitador e os alunos, participantes ativos. Trabalhar os temas do curso coletivamente, mas pesquisando mais individualmente ou em pequenos grupos os temas secundários. Os grandes temas 23 são coordenados pelo professor e pesquisados pelos alunos. Assim o papel do aluno não é de executar atividades, mas o de co-pesquisador responsável pelo resultado final do trabalho. O professor coordena a escolha de temas ou questões mais específicas, procura ajudar a ampliar o universo alcançado pelos alunos, a problematizar, a descobrir novos significados das informações. Construção cooperativa A Internet favorece a construção cooperativa, ou seja, o trabalho conjunto de professor e alunos. Um modo interessante de cooperativismo é criar uma página dos alunos, um espaço virtual de referência, onde vai sendo colocado o que acontece de mais importante no curso. Pode ser um site provisório ou um conjunto de sites individuais. É importante combinar o que podemos fazer melhor em sala de aula, conhecer- nos motivar-nos, reencontrar-nos com o que podemos fazer a distância, comunicar- nos, quando necessário e acessar os materiais construídos em conjunto na homepage. O espaço de trocas de conhecimento transita da sala de aula para o virtual. 13 PREPARAR OS PROFESSORES PARA A UTILIZAÇÃO DO COMPUTADOR E DA INTERNET Tanto o professor como o aluno têm que estar atentos às novas tecnologias, principalmente à Internet. Para tanto é necessário que haja salas de aula conectadas e adequadas para pesquisa, laboratórios bem equipados. Facilitar o acesso de alunos e da escola aos meios de informática, diminuir a distância que separa os que podem e os que não podem pagarpelo acesso à informação. Ajudar na familiarização com o computador e no navegar na Internet, na utilização pedagógica da Internet e dos programas multimídia. Ensiná-los a fazer pesquisa interagindo com o mundo. 24 Fonte: www.gazetadopovo.com.br 13.1 Questões que a Internet coloca aos professores Utilizar a Internet para ensinar exige muita atenção dos professores. Não se deter diante de tantas possibilidades de informação, saber selecionar as mais importantes. Uma página bem apresentada, atraente dever ser imediatamente selecionada e pesquisada. A Internet facilita a motivação dos alunos, pela novidade e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que oferece. A Internet ajuda a desenvolver a intuição, a flexibilidade mental e a adaptação a ritmos diferentes: A intuição porque as informações vão sendo descobertas por acerto e erro. Desenvolve a flexibilidade, porque as maiores partes das sequências são imprevisíveis, abertas. Na Internet também desenvolvemos novas formas de comunicação principalmente escrita. Escrevemos de forma mais aberta, hipertextual, multilinguística; todos se esforçam para escrever bem. A comunicação afetiva, a criação de amigos em diferentes países é um outro grande resultado, individual e coletivo, dos projetos. 13.2 Alguns problemas no uso da Internet na educação Os dados e informações são muitos, e, portanto, gera uma certa confusão entre informação e conhecimento. 25 Na informação os dados organizam-se dentro de uma lógica, de uma estrutura determinada. Conhecimento é integrar a informação no nosso referencial tornando-a significativa para nós. Alguns alunos estão acostumados a receber tudo pronto do professor e, portanto não aceitam esta mudança na forma de ensinar. Também há os professores que não aceitam o ensino multimídia, porque parece um modo de ficar brincando de aula. Na navegação muitos alunos se perdem pelas inúmeras possibilidades de navegação e acabam se dispersando. Deve-se orientá-los a selecionar, comparar, sintetizar o que é mais relevante, possibilitando um aprofundamento maior e um conhecimento significativo. 14 MUDANÇAS NO ENSINO PRESENCIAL COM TECNOLOGIA Muitos alunos já começam a utilizar o notebook para pesquisa, para solução de problemas. O professor também acompanha esta mudança motivando os alunos através dos avanços tecnológicos. Teremos com esta atitude mais ambientes de pesquisa grupal e individual em cada escola; ex: as bibliotecas transformam-se em espaços de integração de mídias e banco de dados. Com isto haverá mais participação no processo de comunicação, tornando a relação professor/aluno mais aberta e interativa, mais integração entre sociedade e a escola, entre aprendizagem e a vida. 14.1 Quando vale a pena encontrar-nos na sala de aula? Aprendemos e ensinamos com programas que apresentam o melhor da educação presencial com as novas formas virtuais; porém há momentos que precisamos encontrar-nos fisicamente, em geral no começo e no final de um assunto ou curso.Equilibrar o presencial e o virtual Dificuldades no ensino presencial não serão resolvidos com o virtual. Unir os dois modos de comunicação o presencial e o virtual e valorizando o melhor de cada um é a solução. 26 As atividades que fazemos no presencial como comunidades, criação de grupos afins. Definir objetivos, conteúdos, formas de pesquisas e outras informações iniciais. A comunicação virtual permite interações espaço-temporais mais livres, adaptação a ritmos diferentes dos alunos novos contatos com pessoas semelhantes, mas distantes, maior liberdade de expressão à distância. Com o processo virtual o conceito de curso, de aula também muda. As crianças têm mais necessidade do contato físico para ajudar na socialização, mas nos cursos médios e superiores, o virtual superará o presencial. Menos salas de aulas e mais salas ambientes, de pesquisa, de encontro, interconectadas. Na educação, o presencial se virtualiza e a distância se presencializa. Os encontros em um mesmo espaço físico se combinam com os encontros virtuais, a distância, através da Internet. E a educação a distância cada vez pode aproximar mais as pessoas, pelas conexões on-line, em tempo real, que permite que professores e alunos falem entre si e formem pequenas comunidades de aprendizagem. Os cursos presenciais podem ser combinados com tempos e espaços não presenciais. Podemos sair, em determinados momentos de um curso, da sala de aula. Podemos aprender também em ambientes virtuais, combinando-os com os presenciais. E na educação a distância, com a comunicação on-line, podemos encontrar-nos mais, saindo do isolamento que costumavam ter. O objetivo dos cursos presenciais e virtuais é o mesmo: que os alunos aprendam. Podem mudar algumas formas de ensinar, de organizar a aprendizagem, as mídias, mas no conjunto os processos são semelhantes. Discute-se bastante a autonomia e identidade pedagógicas dos cursos a distância. Com a comunicação on- line, a pedagogia do presencial se modifica e a da educação a distância também. Há uma convergência de métodos e técnicas de ensino-aprendizagem, com diferentes ênfases. Em educação a distância avançamos muito nestes últimos anos. Temos grupos que se estão consolidando. Aumentam os cursos de graduação e de especialização. Mas, em geral, só falamos dos resultados positivos, dos números impressionantes de alunos que temos. Pouco se fala dos problemas, das dúvidas. Corremos o risco de fornecer diplomas a muitas turmas, sem saber se eles realmente aprenderam (da mesma forma que no presencial). 27 Aprendemos além da sala de aula. Aprendemos em ambientes ricos de interação e de apoio. As grandes universidades criam ambientes diversos, variados, que facilitam a aprendizagem: eventos, congressos, seminários, grupos de pesquisa, laboratórios, bibliotecas, restaurantes... O grande desafio do ambiente virtual é recriar a riqueza de possibilidades de aprendizagem do bom campus presencial. Os cursos se baseiam em conteúdo, exercícios e alguma interação. Faltam outros serviços, ambientes diversificados, atividades paralelas. A educação a distância pode ser de qualidade, de primeiro nível, se ampliar as possibilidades de interação, a qualidade do conteúdo, dos educadores e orientadores, a metodologia inovadora, a variedade de opções de aprendizagem. Novas questões se colocam na educação presencial e a distância: · Como organizar o processo de aprendizagem alternando e integrando a aula física e a aula on-line. Como organizar o processo de aprendizagem a distância, de forma mais participativa, envolvente, equilibrando o individual e o grupal. Ensinar e aprender, hoje, não se limita ao trabalho dentro da sala de aula. Implica em modificar o que fazemos dentro e fora dela, no presencial e no virtual, organizar ações de pesquisa e de comunicação que possibilitem continuar aprendendo em ambientes virtuais, acessando páginas na Internet, pesquisando textos, recebendo e enviando novas mensagens, discutindo questões em fóruns ou em salas de aula virtuais, divulgando pesquisas e projetos. Tendo acesso à Internet, podemos flexibilizar a forma de organizar os momentos de sala de aula e os de aprendizagem virtual de forma integrada e alternada. No ensino superior precisamos criar a cultura da educação on-line em professores, alunos e nas instituições. Que todos se acostumem a utilizar a Internet fora da sala de aula, como uma parte integrante do curso. Os cursos podem alternar momentos de encontro numa sala de aula e outros em que continuamos aprendendo cada um no seu lugar de trabalho ou em casa, conectados através de redes eletrônicas. O curriculum pode ser flexibilizado, segundo a portaria 2253 do MEC, em 20% da carga total. Algumas disciplinas podem ser oferecidas total ou parcialmente a distância. O vinte por cento é umaetapa inicial de criação de cultura on-line. Mais tarde, cada universidade irá definir qual é o ponto de equilíbrio entre o presencial e o 28 virtual em cada área do conhecimento. Não podemos definir a priori uma porcentagem aplicável de forma generalizada a todas as situações. Algumas disciplinas necessitam de maior presença física, como as que utilizam laboratório, as que precisam de interação corporal (dança, teatro…). O importante é experimentar diversas soluções para diversos cursos. Todos estamos aprendendo. Nenhuma instituição está muito na frente no ensino superior inovador on-line. Podemos começar com algumas disciplinas, apoiando os professores mais familiarizados com as tecnologias e que se dispõem a experimentar e ir criando a cultura do virtual, o conhecimento dentro de cada instituição para avançar para propostas curriculares mais complexas, integradas e flexíveis, até encontrar em cada área de conhecimento e em cada instituição qual é o ponto de equilíbrio entre o presencial e o virtual. Dentro de poucos anos esta discussão do presencial e a distância terá muito menos importância. Caminhamos para uma integração dos núcleos de educação a distância com os atuais núcleos ou coordenações pedagógicas dos cursos presenciais. A maioria dos cursos de graduação e de pós- graduação serão semipresenciais e os cursos a distância terão muitas formas de aproximação presencial-virtual (maior contato audiovisual entre os participantes). Existem dificuldades sérias na mudança de paradigma no ensino superior. A primeira é o peso da sala de aula. Desde sempre aprender está associado a ir a uma sala de aula e lá concentramos os esforços dos últimos séculos para o gerenciamento da relação entre ensinar e aprender. O modelo cultural e burocrático predominante nas organizações educacionais exerce também um peso avassalador na inércia frente a necessidade de inovar. Tudo é planejado ou decidido de cima para baixo. Os prédios, os currículos, a contratação de professores são feitos em função do atrelamento (muitas vezes, confinamento) a salas de aula. Os professores aprenderam como alunos a relacionar-se com o modelo convencional de ensinar-aprender dentro de um espaço bem específico que é a escola e dentro dela a sala de aula. O papel principal que os professores assumem ainda é o de responsáveis por uma determinada área do conhecimento e insistem em utilizar predominantemente métodos expositivos com alguma (pouca) interação. Os alunos, por sua vez, estão acostumados a ficar ouvindo, em geral, passivos, o que os professores falam e esperam da universidade que lhes ofereçam em bandeja as informações prontas. Nas faculdades particulares é frequente ouvir: "Eu pago, eu 29 quero que me ensinem" e reclamam quando o professor exige mais pesquisa e trabalho em grupo. Ambos, professores e alunos, constatam a inadequação desse modelo. Muitos intelectualmente sabem que precisam mudar. É frequente o discurso da participação, da mudança, mas, na prática, no dia a dia, muitos ainda permanecem aferrados aos modelos tradicionais, até porque não existem muitas experiências inovadoras perto de onde eles lecionam. Por todos esses fatores, é difícil manter a motivação de forma permanente. Existem professores que possuem qualidades pessoais de comunicação, que são "show-men", que sabem contar estórias, utilizar metáforas, piadas e outros recursos retóricos. Mas é difícil manter esse "pique" quando se dão muitas aulas por dia, ao longo de um semestre. Por outro lado, está comprovado que aprendemos mais pela experimentação do que só pela audição. É importante que o aluno se mova, pesquise, corra atrás, vivencie, entre em contato, comunique os resultados e reflita para aprender de forma mais profunda. É difícil manter a motivação no presencial e muito mais no virtual, se não envolvermos os alunos em processos participativos, afetivos, que inspirem confiança. Os cursos que se limitam à transmissão de informação, de conteúdo, mesmo que esteja brilhantemente produzido, correm o risco da desmotivação a longo prazo e, principalmente, de que a aprendizagem seja só teórica, insuficiente para dar conta da relação teoria/prática. Em sala de aula, se estivermos atentos, podemos mais facilmente obter feedback dos problemas que acontecem e procurar dialogar ou encontrar novas estratégias pedagógicas. No virtual, o aluno está mais distante, normalmente só acessível por e-mail, que é frio, não imediato ou por um telefonema eventual, que é mais direto, mas num curso a distância encarece o custo final. Com os processos convencionais de ensino e com a atual dispersão da atenção da vida urbana, fica muito difícil a autonomia, a organização pessoal, indispensável para os processos de aprendizagem a distância. O aluno desorganizado vai deixando passar o tempo adequado para cada atividade, discussão, produção e pode sentir dificuldade em acompanhar o ritmo de um curso. Isso atrapalha sua motivação, sua própria aprendizagem e a do grupo, o que cria tensão ou indiferença. Esses alunos pouco a pouco vão deixando de participar, de produzir e muitos têm dificuldade, a distância, em retomar a motivação, o entusiasmo pelo curso. No presencial, uma 30 conversa dos colegas mais próximos, do professor, pode ajudar a voltar a participar do curso. Á distância é possível, mas não fácil. Na educação semipresencial e a distância com jovens teremos os mesmos problemas, só que em escala maior, que observamos no presencial. Uma parte dos jovens, que sempre dependeram financeiramente dos pais e que não trabalham para sustentar-se, se empenha menos, sente menos a necessidade de se dedicar seriamente à aprendizagem. Jovens mais entusiastas, motivados ou que trabalham, em geral, facilitam o processo de aprendizagem em sala de aula e continuarão fazendo-o no virtual. Os que no presencial vão em ritmo lento, provavelmente o manterão no virtual, se não houver propostas inovadoras, estimulantes. A maior parte dos cursos presenciais e a distância continuam focados no conteúdo, focados na informação, no professor, no aluno individualmente, e na interação com o professor/tutor. Os cursos hoje devem ser focados na construção do conhecimento e na interação; no equilíbrio o individual e o grupal, entre conteúdo e interação (aprendizagem cooperativa), um conteúdo em parte preparado e em parte construído ao longo do curso. Mesmo com tecnologias de ponta, ainda temos grandes dificuldades no gerenciamento emocional, tanto no pessoal como no organizacional, o que dificulta o aprendizado rápido. São poucos os modelos vivos de aprendizagem integradora, que juntam teoria e prática, que aproximam o pensar do viver. O autoritarismo da maior parte das relações humanas interpessoais, grupais e organizacionais espelha o estágio atrasado em que nos encontramos individual e coletivamente de desenvolvimento humano, de equilíbrio pessoal, de amadurecimento social. E somente podemos educar para a autonomia, para a liberdade com processos fundamentalmente participativos, interativos, libertadores, que respeitem as diferenças, que incentivem, que apoiem, orientados por pessoas e organizações livres. Mudanças na educação dependem, mais do que das novas tecnologias, de termos educadores, gestores e alunos maduros intelectual e emocionalmente, pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e dialogar. Pessoas com as quais valha a pena entrar em contato, porque dele saímos enriquecidos. Os grandes educadores atraem não só pelas suas ideias, mas pelo contato pessoal. Dentro ou fora da aula, no presencial ou no virtual, chamam a atenção. Há 31 sempre algo surpreendente, diferente no que dizem, nas relações que estabelecem, na sua forma de olhar, na forma de comunicar-se, de agir. São um poço inesgotável de descobertas. Vale a pena combinar umapedagogia inovadora, focando a aprendizagem pela experiência/ação e reflexão, apoiando-se no desenvolvimento de projetos, solução de problemas, e de tornar a aula um processo de pesquisa, comunicação e análise significativos. Todas as universidades e organizações educacionais, em todos os níveis, precisam experimentar como integrar o presencial e o virtual, garantindo a aprendizagem significativa. Precisamos vivenciar uma nova pedagogia do presencial e do virtual. Não temos muitas referências anteriores que transitem pelo presencial e pelo virtual de forma integrada. Até agora temos ou cursos em sala de aula ou cursos a distância, criados e gerenciados por grupos em núcleos específicos, pouco próximos da educação presencial. É importante que os núcleos de educação a distância das universidades saiam do seu isolamento e se aproximem dos departamentos e grupos de professores interessados em flexibilizar suas aulas, que facilitem o trânsito entre o presencial e o virtual. Do ponto de vista didático, podemos valorizar o melhor do presencial e o do virtual. O que fazemos melhor ou mais rapidamente quando estamos juntos numa sala de aula? É mais fácil conhecer-nos, criar laços, mapear os grupos, as pessoas. É mais fácil organizar o processo de ensino-aprendizagem, a sequência de leituras, atividades, pesquisas individuais e de grupo, o cronograma, a metodologia. É mais fácil também que o professor ajude os alunos a ter as referências iniciais de um tema, o estado da arte de um assunto, os cenários de uma pesquisa. Depois desses contatos pessoais, podemos ir ao virtual e aí aproveitar as vantagens que nos propicia. A flexibilidade de tempo e lugar para acessar. Cada um organiza o curso dentro das outras atividades pessoais e profissionais. Além dessa liberdade de organização e de acesso, podemos no virtual desenvolver atividades de pesquisa individual e em pequenos grupos. Cada grupo pode ter seu próprio espaço de comunicação para eventuais trocas de resultados, antes de divulga-los para toda a classe. Podemos discutir alguns textos, fazer comentários num fórum ou em alguns momentos em um chat ou sala de bate-papo. Podemos tirar dúvidas com algum professor ou assistente sem ter que ir pessoalmente a um lugar. Podemos divulgar os 32 resultados das pesquisas individuais e grupais em algum espaço da página do curso e aprendermos juntos. E depois podemos voltar a encontrar-nos fisicamente para aprofundar os resultados obtidos no virtual, fazer as sínteses possíveis e encaminhar uma nova etapa de aprendizagem, sempre envolvendo os alunos, com prática, leitura e reflexão. Não podemos perder de vista, a integração dos dois espaços - presencial e o virtual - e de fazer transições suaves entre ambos. Provavelmente necessitaremos de encontros mais frequentes no começo de um curso e depois podemos espaça-los à medida que sintamos mais confiança, conhecimento das pessoas e dos procedimentos didáticos. Nas primeiras aulas é importante motivar os alunos para o curso, criar boas expectativas, estabelecer laços de confiança e organizar o processo de aprendizagem. Podemos valorizar os primeiros encontros com os alunos para que se tornem agradáveis, interessantes, cativantes. Isso facilita todo o processo posterior. Se os alunos compreendem que vale a pena participar do processo de aprender juntos, o nosso trabalho fica extremamente facilitado. Depois, procuramos organizar uma aula com uma boa apresentação tecnológica (PowerPoint), vivências, navegação on-line pela Internet e ideias inovadoras. Damos muita importância a criar um clima de apoio, de incentivo, de afeto, partindo de nós. Mostramos que estamos gostando de estar lá, que vale a pena investir esse tempo juntos, porque todos vamos aprender muito (eu também). Procuramos ter uma sala de aula o mais rica possível de tecnologias: computador e multimídia para apresentação e ponto de Internet para acesso on-line. Isso nos permite uma grande flexibilidade na passagem de um momento de apresentação de ideias, para outro de ilustração, de pesquisa, de contribuições dos alunos. Se um aluno conhece um texto ou site interessante, vai lá e o mostra diretamente à classe. Esse clima cordial e otimista contagia à maior parte dos alunos e os predispõe a colaborar mais, a dar o melhor de si. Como uma parte do curso vai acontecer no ambiente virtual, mostramos esse ambiente ao vivo, onde estão os textos, o espaço de colaboração, o que facilita a navegação dos alunos depois. O que muda no papel do professor? Muda a relação de espaço, tempo e comunicação com os alunos. O espaço de trocas se estende da sala de aula para o virtual. O tempo de enviar ou receber informações se amplia para qualquer dia da 33 semana. O processo de comunicação se dá na sala de aula, na internet, no e-mail, no chat. É um papel que combina alguns momentos do professor convencional - às vezes é importante dar uma bela aula expositiva - com um papel muito mais destacado de gerente de pesquisa, de estimulador de busca, de coordenador dos resultados. É um papel de animação e coordenação muito mais flexível e constante, que exige muita atenção, sensibilidade, intuição (radar ligado) e domínio tecnológico. Cada curso, cada professor vai fazer isso de forma semelhante e ao mesmo diferente. Não podemos padronizar e impor um modelo único do presencial-virtual. Cada área do conhecimento precisa mais ou menos do presencial. É importante experimentar, avaliar e avançar até termos segurança do ponto de equilíbrio na gestão do virtual e do presencial. Creio que a área de humanas e a de exatas ou biológicos não podem, em princípio, seguir o mesmo esquema. O ponto de equilíbrio entre o presencial e o virtual pode ser diferente. 14.2 Tecnologias na educação a distância Muitas organizações estão se limitando a transpor para o virtual, adaptações do ensino presencial. Começamos a passar dos modelos individuais para os grupais. A educação a distância mudará de concepção, de individualista para mais grupal, de isolada para participação em grupos. Educação a distância poderá ajudar os participantes a equilibrar as necessidades e habilidades pessoais com a participação em grupos-presenciais e virtuais. 15 ALGUNS CAMINHOS PARA INTEGRAR AS TECNOLOGIAS NUM ENSINO INOVADOR Na sociedade informatizada, estamos aprendendo a conhecer a comunicar- nos, ensinar, reaprendendo a integrar o humano e o tecnológico, a integrar o indivíduo, o grupal e o social. É importante chegar ao aluno por todos os caminhos possíveis, experiência, imagem, som, dramatizações, simulações. 34 Fonte: julianadinizfdr.blogspot.com.br Partir de onde o aluno está e ajudá-lo a ir do concreto ao abstrato, do vivencial para o intelectual. Tanto nos cursos convencionais como nos cursos a distância teremos que aprender a lidar com a informação e o conhecimento de formas novas, através de muitas pesquisas e comunicação constante. Ensinar não é só falar, mas se comunicar, com credibilidade, falando de algo que conhecemos e vivenciamos e que contribua para que todos avancemos no grau de compreensão do que existe. As principais reações que o bom professor/ educador desperta no aluno são: confiança, credibilidade e entusiasmo. Necessitamos de pessoas livres nas empresas e nas escolas que modifiquem as estruturas arcaicas e autoritárias existentes. Se somos pessoas abertas iremos utilizar as tecnologias para comunicar e interagir mais e melhor. Se formos pessoas fechadas, desconfiadas, as tecnologias serão usadas de forma defensiva. O poder de interação não está nas tecnologias, mas em nossas mentes. Ensinar com as novas tecnologias será válido se mudarmos os paradigmas convencionais do ensino que mantém a distância de professores entre alunos. Caso contrário conseguiremos dar um verniz de modernidade sem mexer no essencial. 16ARTIGO PARA REFLEXÃO Nome do autor: Marilda Aparecida Behrens. Data de acesso: 19/08/2016 Disponível em: http://projetosntenoite.pbworks.com/w/file/fetch/57899810/ PR 35 OJETOS%20DE%20APRENDIZAGEM%20COLABORATIVA%20NUM%20PA RADIGMA%20EMERGENTE.pdf 17 PROJETOS DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA NUM PARADIGMA EMERGENTE As perspectivas para o Séc. XXI indicam a educação como pilar para alicerçar os ideais de justiça, paz, solidariedade e liberdade. As transformações pelas quais o mundo vem passando são reais e irreversíveis. O advento da sociedade do conhecimento e a globalização afetam a sociedade. Essas mudanças levam a ponderar sobre uma educação planetária, mundial e globalizante. O contexto de globalização torna as nações mais interdependentes e inter-relacionadas e, ao mesmo tempo mais dependentes de uma estrutura econômica neoliberal. O advento da economia globalizada e a forte influência dos avanços dos meios de comunicação e da informática aliados à mudança de paradigma da ciência não comportam um ensino conservador repetitivo e acrítico nas universidades. A produção do saber nas áreas do conhecimento leva o professor e o aluno a buscar processos de investigação e pesquisa. O aluno precisa ser menos passivo e tornar-se criativo, crítico, pesquisador e atuante. O professor precisa agir com critério e com visão transformadora. 17.1 A era digital e a aprendizagem colaborativa O desafio imposto aos docentes é mudar o eixo do ensinar para os caminhos que levam a aprender. Segundo Pierre Lévy (1993) o conhecimento poderia ser apresentado de três formas diferentes: a oral, a escrita e a digital. A digital não descarta todo o caminho feito pela linguagem oral e escrita. A abertura de novos horizontes mais aproximados da realidade contemporânea, e das exigências da sociedade depende de uma reflexão crítica do papel da informática na aprendizagem e benefícios que a era digital pode trazer para o aluno como cidadão, tornando-os transformadores e produtores de conhecimento. 36 O desafio do professor ao propor sua ação docente será levar em consideração e contemplar as oito inteligências denominadas por Gardner (1994) como espacial; interpessoal, intrapessoal, cenestésico-corporal, linguística ou verbal, lógico- matemática, musical e naturalista. Além do desenvolvimento das inteligências múltiplas é fundamental desenvolver a inteligência emocional (Goleman 1996) para desencadear a formação do cidadão. Na era das Relações (Moraes 1997) cabe aos gestores e professores derrubar barreiras que segregam o espaço e a criatividade dos professores e dos alunos. A aprendizagem precisa ser significativa, desafiadora, problematizadora e instigante para mobilizar o aluno e o grupo a buscar soluções aos problemas. A relação professor/aluno na aprendizagem colaborativa contempla a interdependência dos seres humanos. 17.2 Quatro pilares da aprendizagem colaborativa O “Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o Séc. XXI”, coordenada por Jacques Delors (1998) aponta a necessidade de uma educação continuada. A aprendizagem ao longo da vida, assentada em quatro pilares: - Aprender a conhecer. - Aprender a fazer. - Aprender a viver juntos. - Aprender a ser. Aprender a conhecer - Este tipo de aprendizagem visa não um repertório de saberes mas o domínio dos próprios instrumentos do conhecimento. Compreender o mundo que o rodeia para viver dignamente e desenvolver suas capacidades. Com essa visão enfatiza-se ter prazer em descobrir, em investigar, em ter curiosidade, em construir o conhecimento. Segundo Gadotti aprender a conhecer implica ter prazer de compreender, descobrir, construir e reconstruir o conhecimento. O aluno precisa ser instigado a buscar o conhecimento, a ter prazer em conhecer, a aprender a pensar, elaborar as informações para aplicá-la à realidade. 37 Como segundo pilar Delors apresenta o “aprender a fazer” - aprendizagem associada ao aprender a conhecer. Aliando aprender a conhecer e aprender a fazer, o professor precisa superar a dicotomia teórica e pratica, estas devem caminhar juntas. Todos os seres vivos interagem e são interdependentes uns dos outros. Buscar a superação das verdades absolutas e inquestionáveis, do positivismo, da racionalidade e do pensamento convergente. “A natureza não são blocos isolados, mas uma complexa teia de relações entre as várias partes de um todo unificado” (Capra). Visão na qual o mundo é um complicado tecido de eventos, que se interconectam e se combinam, determinando o todo. A escola precisa ensinar os alunos a refletir sobre a realidade para que possam administrar conflitos, pensamentos divergentes e respeitar a opinião dos outros; “aprender a viver juntos” O quarto pilar apresentado refere-se ao “aprender a ser”. Delors recomenda “A educação deve contribuir para o desenvolvimento completo da pessoa; espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade”. Visão que tenta superar a desumanização do mundo, dando ao homem liberdade de pensamento e responsabilidade sobre seus atos. 17.3 Paradigma emergente na prática pedagógica Paradigma emergente é um paradigma inovador que venha atender aos pressupostos necessários às exigências da sociedade do conhecimento. Caracterizar um paradigma emergente não é tarefa de fácil resposta, mas o que se pode garantir é que o paradigma inovador engloba diferentes pressupostos de novas teorias. Por exemplo, Moraes (1997) denomina paradigma emergente a aliança entre as abordagens vistas construtivas, interacionista, sociocultural e transcendente, onde o ponto de encontro entre os autores a busca da visão da totalidade, o enfoque da aprendizagem e o desafio de superação da reprodução para a produção do conhecimento. Behrens(1999) acredita na necessidade de desencadear uma aliança de abordagem pedagógica, formando uma teia, da visão holística: 38 1) O ensino com pesquisa – Onde professor e aluno tornam-se pesquisadores e produtores dos seus próprios conhecimentos. 2) A abordagem progressiva. Instiga o diálogo e a discussão coletiva. 3) A visão holística ou sistêmica – busca a superação da fragmentação do conhecimento. A aliança, a partir das três abordagens, permite uma prática pedagógica competente e que dê conta dos desafios da sociedade moderna. 17.4 Paradigma emergente numa aliança de abordagem pedagógica Behrens defende o paradigma emergente, uma aliança entre os pressupostos da visão holística, da abordagem progressiva e do ensino com pesquisa instrumentalizada. O ensino com pesquisa, proposto por Paoli (1998) por Demo (1991) e por Cunha (1996) defende uma aprendizagem baseada na pesquisa para a produção de conhecimento, superando a reprodução, a cópia e a imitação do pensamento newtoniano - cartesiano A- O ensino com pesquisa necessita de um professor que perceba o aluno como um parceiro. Segundo Demo, ensinar pela pesquisa apresenta fases, progressivas desde a interpretação reprodutiva, até a criação e descoberta. O ensino com pesquisa leva a acessar, analisar e produzir conhecimentos. B- A abordagem progressiva busca a transformação social. Os professores progressistas promovem processos de mudança, manifestando-se contra as injustiças sociais, atitudes antiéticas, injustiças políticas e econômicas. C- A visão holística caracteriza a prática pedagógica num paradigma emergente aliada ao ensino com pesquisa e à abordagem progressiva. A proposta da visão holística propõe uma sociedade com indivíduos que se pautam nos princípios éticos da dignidade humana, da paz, da justiça, do respeito da solidariedade e da defesa do meio ambiente. Conhecer o universo como um todo, que leva a interconectividade e inter-relações entre os sistemas vivos. 39 17.5 Tecnologiacomo ferramenta para aprendizagem colaborativa A tecnologia da informação, pode ajudar a tornar mais acessíveis as políticas educacionais dos países, os projetos pedagógicos em todos os níveis, projetos de aprendizagem, metodologia de ensino. - A exercitação oferece treinamento de certas habilidades. - Os programas tutoriais – blocos de informação pedagogicamente organizados como se fosse um livro animado em vídeo. - Os aplicativos: programas voltados para funções específicas como planilhas eletrônicas, processadores de textos e gerenciadores de bancos de dados. - Programas de autoria extensão avançada das linguagens de programação, permitem que qualquer pessoa crie seus próprios programas, sem que possuam conhecimentos avançados de programação. - Jogos opção com finalidade de lazer. - Simulações – programas que possibilitam a interação com situações complexas. Ex: Simuladores de voo. O computador é ferramenta auxiliar no processo de “aprender a aprender”. 18 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E O AVANÇO DOS PROCEDIMENTOS Baseada na proposta de Chikering e Ehrmanm (1999) a tecnologia da informação pode contribuir para: 1- Encorajar contato entre estudantes e universidades. 2- Encorajar cooperação entre estudantes. 3- Encorajar aprendizagem colaborativa. 4- Dar retorno e respostas imediatas. 5- Enfatizar tempo para as tarefas. 6- Comunicar altas expectativas. 7- Respeitar talentos e modos de aprender diferente. O cyberspace é uma rede que torna todos os computadores participantes e seus conteúdos acessíveis aos usuários de qualquer computador ligado a essa rede. Possibilitando, via Internet, o acesso a bibliotecas do mundo inteiro, por exemplo: numa viagem virtual. 40 19 O PARADIGMA EMERGENTE E A APRENDIZAGEM COLABORATIVA BASEADA EM PROJETOS Os projetos de aprendizagem colaborativos levam em consideração as aptidões e competências que o professor pretende desenvolver com seus alunos, cuja finalidade é tornar os alunos aptos a atuar como profissionais em suas áreas de conhecimento. O professor deve apropriar-se de referências utilizadas na sala de aula e fora dela. 20 PROJETOS DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA NUM PARADIGMA EMERGENTE A aprendizagem baseada em projetos necessita de um ensino que provoque ações colaborativas num paradigma emergente instrumentalizado pela tecnologia inovadora. Deve-se contemplar a produção do conhecimento dos alunos e do próprio professor. 21 FASES DO PROJETO DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA 1ª fase - Apresentação e discussão do projeto 2ª fase - Problematização do tema 3ª fase - Contextualização 4ª fase - Aulas teóricas exploratórias 5ª fase - Pesquisa individual 6ª fase - Produção individual 7ª fase - Discussão coletiva, crítica e reflexiva 8ª fase - Produção, coletiva 9ª fase - Produção final 10ª fase - Avaliação coletiva do projeto 41 21.1 1ª fase - Apresentação e discussão do projeto Discutir com os alunos cada fase do projeto de aprendizagem, valorizando as contribuições dos alunos. 21.2 2ª fase - Problematização do tema Fase essencial do projeto de aprendizagem. Refletir sobre os problemas relacionados ao tema, levando os alunos a buscar referenciais que venham contribuir com a construção de algumas soluções. 21.3 3ª fase – Contextualização Incita a visão holística do projeto. O professor precisa ficar atento para que na contextualização estejam presentes dados da realidade, aspectos sociais e históricos, econômicos e outros referentes à problemática levantada. 21.4 4ª fase - Aulas teóricas exploratórias O professor apresenta a temática e os conhecimentos básicos as aulas expositivas precisam contemplar os temas, os conteúdos e as informações levando o aluno a perceber quais são os assuntos pertinentes a problematização levantada. 21.5 5ª fase - Pesquisa individual O aluno de posse desses conhecimentos precisa buscar, acessar, investigar as informações que possam solucionar as problematizações levantadas. 21.6 6ª fase - Produção individual Propor a composição de um texto próprio construído com base na pesquisa elaborada pelo aluno e no material disponibilizado pelo grupo. Tarefa que pode ser realizada em sala de aula ou fora dela. 42 21.7 7ª fase - Discussão coletiva, crítica e reflexiva Acontece quando o professor desenvolve os textos produzidos individualmente e provoca a discussão sobre os dados levantados. Nesse momento os alunos estão mais preparados para discutir avanços e suas dificuldades, suas dúvidas. 21.8 8ª fase - Produção, coletiva Revela a possibilidade de aprender a trabalhar em parceria; produzir um texto coletivo partindo das produções individuais. 21.9 9ª fase - Produção final É a fase que propicia o espaço para criar, para buscar um salto maior que os registrados. Fase que os alunos irão apresentar a produção já finalizada. 21.10 10ª fase - Avaliação coletiva do projeto O professor deve instigar a avaliação de cada fase do projeto. A avaliação perante realinhar alguma fase ou atividades propostas no desencadear do projeto de aprendizagem. 22 APRENDIZAGEM PARA A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO: A BUSCA DAS COMPETÊNCIAS E DA AUTONOMIA. Os projetos de aprendizagem possibilitam a produção do conhecimento significativo. Os alunos no processo de parceria têm a oportunidade de desenvolver competências, habilidades e aptidões que serão úteis a vida toda; focalizando o aluno como sujeito crítico e reflexivo no processo de “aprender a aprender”. 43 BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, Fernando J. de – Educação e Informática. Os computadores na escola. São Paulo: Cortez Editora, 1988. BRYAN, Newton A. P. – Desafios educacionais da presente mutação tecnológica e organizacional para a formação de professores do ensino tecnológico. Formação do Educador (org. BICUDO e JÚNIOR). UNESP, volume 3, 1996. CARRAHER, T., Carraher, D. E. Schliemann, A. – Na vida dez, na escola zero. São Paulo, Cortez Editora, 1989. CSIKSZENTMIHALYI, M. – Beyond boredam and anxiety. San Francisco, Jassy/Boss Inc. Publishers. CORTELAZZO, Iolanda B. C. – Utilização pedagógica das redes eletrônicas. Formação do Educador. volume 3, 1996. 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