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Penas Alternativas Restritivas de Direitos Pecuniárias • Prestação pecuniária • Consiste na obrigação do condenado de pagar a quantia de 1 até 360 salários mínimos para a vítima ou para os seus herdeiros, ou ainda para instituição com finalidade social. • Quando o pagamento for para a vítima ou para os herdeiros, esse valor será descontado da indenização pelo dano ex delicto. • O valor é fixado de acordo com o que o Juiz entender necessário para a reprovação do delito, levando-se em conta dois parâmetros: 1.º – extensão do prejuízo; e 2.º – capacidade econômica do agente. Caso o condenado não pague a prestação pecuniária, essa pena é convertida em pena privativa de liberdade. Se o sujeito pagou parte da prestação pecuniária, essa parte será aproveitada na conversão. Prestação inominada • O Juiz, em vez de fixar a prestação de um valor, poderá fixar a prestação de qualquer coisa (ex.: cesta básica). Perda de bens e valores • É um confisco dos bens do condenado em favor do Fundo Penitenciário Nacional (FUNPEN). O parâmetro para se calcular o confisco é o montante do prejuízo causado ou a extensão do lucro da vantagem obtida. A perda de bens e valores recai sobre o patrimônio lícito do agente e nunca sobre bens de origem ilícita. • Produto: origem direta do crime. Readquirido por meio de busca e apreensão. • Proveito: origem indireta do crime. Readquirido por meio de seqüestro. Princípio da proporcionalidade da pena (art. 5.º, XLV, da CF/88) - Princípio da personalidade (art. 5.º, XLV, da CF/88) • A pena não pode passar da pessoa do delinquente. A Constituição prevê que a obrigação de reparar o dano (natureza civil) e a decretação do perdimento de bens podem ser estendidas aos sucessores, até o limite do valor do patrimônio transferido. • Cumpre mencionar que há uma posição doutrinária que defende a possibilidade de penas de natureza reparatória (exemplo: prestação pecuniária) serem cobradas dos herdeiros, passando da pessoa do condenado (posição mais rigorosa). Penas Restritivas de Direitos em Sentido Estrito • Prestação de serviços à comunidade • É a obrigação do condenado de prestar serviços em favor de entidades assistenciais, orfanatos, creches etc., ou em favor de entidade pública, por 8 horas semanais. • Só poderá ser imposta quando a pena privativa aplicada for superior a 6 meses. • Não há remuneração, as tarefas são gratuitas. • Se o sujeito for condenado à pena superior a um ano, o Juiz poderá determinar que a prestação de serviços seja diminuída até a metade da pena aplicada (esse benefício não se aplica somente à pena de prestação de serviços, mas a qualquer pena restritiva de direitos). Limitação de fim de semana • O condenado deverá comparecer à Casa do Albergado ou estabelecimento congênere e, durante 5 horas no sábado e 5 horas no domingo, deverá assistir a palestras. Não é utilizada, apesar de disposta em lei. Interdições temporárias de direitos • Proibição do exercício de função pública ou de mandato eletivo: é a chamada “pena específica”; somente pode ser aplicada nos crimes cometidos no exercício de função pública ou no mandato eletivo (violando deveres inerentes à função). • Proibição do exercício de profissão ou atividade que dependa de habilitação especial ou licença do Poder Público: também é uma pena específica, só podendo ser aplicada aos crimes cometidos no exercício da profissão ou atividade, que violem deveres inerentes a ela. • Suspensão da habilitação para dirigir veículo: aplicada nos crimes de trânsito. Alguns autores entendem que essa pena foi revogada pelo CTB. • Proibição de frequentar determinados lugares. DA PENA DE MULTA Conceito • A pena de multa consiste no pagamento ao Fundo Penitenciário Nacional (FPN) de quantia fixada na sentença penal condenatória. É a sentença, arbitrada pelo juiz, quem vai dizer quanto o individuo está condenado à pagar. Características • A multa é uma espécie de pena que tem natureza pecuniária, isso porque acarreta na diminuição do patrimônio do condenado. • Pelo fato de o valor da condenação ser destinado ao FPN (Fundo Penitenciário Nacional) • está espécie de pena diferencia-se da prestação pecuniária, que consiste, preferencialmente, no pagamento à vítima como uma forma de amenizar o dano sofrido. Pena principal x pena substitutiva • Pode funcionar, a pena de multa, ora como pena principal – cominada expressamente no tipo penal - ora como pena substitutiva – quando preencher os requisitos previstos no art. 44 § 2º, do CP - isso porque muitas vezes é prevista no próprio tipo penal. Multa civil x multa penal • A pena de multa por mais que seja pecuniária é de natureza penal e vai aplicar o princípio da intranscendência - a pena não pode passar da pessoa do condenado. • Por essa natureza penal, em caso de morte do agente a multa fica extinta. Sistema de cálculos e aplicação da pena de multa • Dias-multa: primeiro o juiz vai fixar o número de dias-multas a ser aplicada ao condenado que pode variar de 10 a 360 dias. • Esse valor de mínimo e máximo é fixado de acordo com os mesmos critérios para fixação da pena. • Já o valor do dia multa leva-se em conta a situação econômica do réu, podendo o juiz arbitrar desde a mínima, 1/30 do salário mínimo, até a máxima, 5 vezes o salário mínimo. • Esse sistema permite que o juiz fixe um pena elevada, ou seja a pena máxima, 1/30, poderá ser aumentada até o triplo. Isso será feito quando o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo. Competência para a execução da pena • Divergência: parte da doutrina entende que como a divida converte-se em divida de valor a competência seria da fazenda publicada, outros entendem que o cumprimento para execução cabe ao Ministério Público. • Prevalece na doutrina que a execução cabe a Fazenda Pública realizar. Impossibilidade de conversão da pena de multa • A pena de multa, uma vez fixada, será considerada como divida de valor e não poderá ser convertida em pena privativa de liberdade. • Para os fins de cobrança, a multa é considerada dívida tributária; • sua natureza, no entanto, continua sendo a de pena e por esse motivo não pode passar da pessoa do condenado (art. 5.º, XLV, da CF/88). • Transitada em julgado a condenação, o Ministério Público pede ao Juízo da execução penal a citação do condenado para o pagamento da multa dentro do prazo de 10 dias. • Superado esse prazo sem o pagamento, é extraída uma certidão pormenorizada do ocorrido, remetendo-se esta para a Procuradoria Fiscal (cuja função, no âmbito comum, é exercida pela Procuradoria do Estado) para inscrição na dívida ativa. • A execução se processa perante a Vara da Fazenda Pública. • A prescrição passa a ser a da legislação tributária, ou seja, o prazo da execução fiscal, que é de 5 anos. As causas interruptivas e suspensivas da prescrição também são as da legislação tributária (art. 51 do CP). • A possibilidade de substituição a pena privativa de liberdade esta estabelecida no código penal em seu art. 44 que elenca os requisitos necessários para a substituição da pena. • Façamos a analise desses requisitos: 1º requisitos objetivos: a) quantidade de pena aplicada que não deve ser superior a 4 anos, pode ser reclusão ou detenção no crime doloso e no que tange o crime culposo independe da pena aplicada. b) natureza do crime cometido ( com privilégio o crime culposo, pois independe da pena aplicada). c) modalidade de execução: sem violência ou grave ameaça a pessoa. Passa-se a considerar, não só o desvalor do resultado, mas também o desvalor da ação, pois nos crimes violentos, o seu autor não merece o beneficio da substituição. requisitos subjetivos: a)réu não reincidente em crime doloso (art.44 inciso II do CP); b)Prognose (hipótese) de suficiência da substituição, sendo critério de análise, a culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do agente e motivos e circunstâncias do fato (art.44 inciso III do CP ) • Uma vez condenadoo réu, o juiz analisa os requisitos para a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direito, não sendo possível a substituição o juiz passará para a análise da possibilidade da suspensão condicional da pena (art.77 inciso III do CP e 157 da LEP). • A norma penal é composta em duas partes, o preceito penal que contém o imperativo de proibição ou comando e a sanção, que constitui a ameaça de punição a quem violar as regras. Já em relação às penas restritivas, foi adotado outro sistema de cominação de penas, mais flexível e sem alterar a estrutura geral do código penal. • Se a pena aplicada não for superior a quatro anos de prisão ou se o delito for culposo, estando presentes os pressupostos, serão possíveis teoricamente, uma pena restritiva de direitos, que apesar de ser autônoma, é substitutiva (art.44 caput do CP) . • Possibilitando ao juiz a escolher a pena mais adequada, assim como a substituição de uma pena de sérios efeitos negativos por outra menos dessocializadora. Com a discricionariedade na escolha da pena alternativa mais adequada ao condenado, o juiz concretizará os limites na sentença, correspondente à pena privativa de liberdade de cada tipo penal, o limite de duração das penas restritivas de direitos será o mesmo que teria a pena privativa de liberdade substituída, segundo art. 55 do CP, ressalvando o disposto do art.46, §4 do CP, que se refere ao descumprimento da restrição imposta. Crimes hediondos • Devemos observar a questão dos crimes hediondos, lei n. 8.072/90 e a lei 9.714/98, a política criminal é de exasperação e endurecimento dos regimes de encarceramento, em pólo oposto está à política criminal das penas alternativas, que satisfeitos os requisitos, procura evitar o encarceramento, sendo uma questão conflitante uma enfatiza e exaspera a aplicação da pena privativa de liberdade e a outra prioriza alternativas à pena privativa de liberdade. • Contudo a partir da lei 9.714/98 as infrações definidas como crime hediondo, que preencherem os requisitos exigidos pelo art.44 do CP, admitem a aplicação das penas restritivas de direitos, essa substituição estará vedada quando a aplicação da pena for superior a quatros anos ou o crime for cometido com violência ou grave ameaça, como por exemplo é o tráfico ilícito de entorpecentes que não é em regra cometido com violência ou grave ameaça. • As leis 9.099/95 e a 9.714/98, adotam em princípio a mesma política descarcerizadora e despenizadora, ambos buscam evitar o encarceramento do sentenciado, substituindo a pena privativa de liberdade com a pena alternativa. • Porém não atuam na mesma faixa de infrações e de sanções, a lei 9.099/95 limita-se as infrações de menor potencial ofensivo, ressalvada a hipótese de seu art.89, cuja sanção não ultrapasse a dois anos de privação de liberdade, independentemente de sua forma de execução, em princípio, será beneficiada pela lei ora já mencionada, no entanto a lei 9.714/98, são para penas não superiores a quatro anos, exige que o crime não seja cometido com violência ou grave ameaça à pessoa (art.44,I, do CP) • O art.180 da LEP afirma que a pena privativa de liberdade, não superior a dois anos, poderá ser convertida em restritivas de direitos, desde que o condenado esteja cumprindo em regime aberto, tenha cumprido um quarto da pena, os antecedentes e a personalidade do condenado indiquem ser a conversão recomendável. • Com o advento da lei 9.714/98, o prazo de dois anos foi ampliado de maneira tácita para quatro anos, respeitando assim a vontade do legislador. Vale observar que neste caso à reincidência, umas das circunstâncias transcritas no art.44, II do CP, não sendo relevante, pois o mais importante, nesta situação, não é a qualificação subjetiva do condenado e sim o seu nível de recuperação social. • Porém, mesmo se fosse reincidência em crime doloso, e que o crime cometido seja de outra natureza, poderia ainda o juiz, conforme o § 3° do art. 44 do CP, caso a medida seja socialmente recomendável, e a reincidência, não tenha operado em virtude de prática do mesmo crime poderá aplicar uma alternativa penal. • Tais circunstâncias elencadas nos incisos I,II e III do art.44 do CP, devem ser encontradas simultaneamente, para que substitua a pena privativa de liberdade por uma alternativa penal. • A ausência de um destes requisitos por mais idôneos que sejam os outros encontrados, poderá impossibilitar a aplicação da pena substitutiva. • Podemos verificar que a pena substitutiva é mais um recurso para humanizar as penas e finalmente atingir o objetivo ressocializador dos reclusos.
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