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Farmácia Hospitalar e Satélite


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AULA 1 
ESTRUTURAÇÃO, 
ELABORAÇÃO DE PROJETOS E 
FARMÁCIA SATÉLITE 
Prof.ª Fabrine Cecon 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
Conceitos em farmácias hospitalar e satélite 
A principal função e responsabilidade da farmácia hospitalar é realizar 
vários processos que visam ao uso racional e consciente de medicamentos e 
correlatos. Neste local são armazenados, controlados e dispensados os materiais 
e medicamentos, sempre primando pela segurança do paciente. (Ministério da 
Saúde, 1994). 
Farmácia satélite é uma farmácia localizada no próprio setor da 
dispensação, geralmente em setores críticos, tendo como finalidade estocar 
adequadamente os medicamentos e materiais e proporcionar uma assistência 
farmacêutica efetiva e direta, de forma que o paciente seja prontamente atendido, 
ou seja, que seu atendimento aconteça com maior agilidade. (Cavallini; Bisson, 
2002). 
Farmácias Satélites podem ser definidas como núcleos farmacêuticos 
distribuídos em locais específicos, a fim de garantir uma maior rapidez na entrega 
dos medicamentos para os pacientes, com controles rigorosos dos estoques. Uma 
das características relacionadas à farmácia satélite é a descentralização dos 
serviços prestados, proporcionando maior agilidade ao sistema de distribuição de 
medicamentos e permitindo maior interação entre as farmácias e os diversos 
setores do hospital. (Carbonera, 2011) 
Após analisarmos os conceitos de farmácia hospitalar geral e de farmácia 
satélite, podemos concluir que o controle de estoque de materiais 
médico-hospitalares e medicamentos é o ponto focal em qualquer instituição 
hospitalar, e que as atividades de assistência farmacêutica corroboram com a 
integridade dos controles. Não podemos nos esquecer de conceituar as atividades 
de gestão e controle realizadas pelo farmacêutico, como a farmácia clínica e a 
atenção farmacêutica – atividades inseridas na cadeia assistencial farmacêutica. 
O objetivo principal do estudo da farmácia satélite é expandir a gestão 
farmacêutica, o abastecimento de materiais médico-hospitalares e medicamentos 
de qualidade em locais estratégicos dentro da instituição hospitalar. É muito 
importante que qualquer ambiente destinado à dispensação de medicamentos, 
em âmbito hospitalar, seja assistido pelo profissional farmacêutico. 
A preocupação com a gestão de estoques farmacêuticos é constante dentro 
dos hospitais, e várias ferramentas de gestão e controle são implementadas para 
 
 
3 
assegurar a dispensação segura, o que, além de reduzir as divergências de 
estoques, garante a segurança para os pacientes. 
Além dos controles da assistência farmacêutica, a gestão de estoques 
impacta na redução de custos e garante que o fluxo de distribuição e 
armazenamento seja feito corretamente, garantindo a integridade dos materiais 
médico-hospitalares e medicamentos. 
TEMA 1 - BREVE HISTÓRICO DA ATIVIDADE FARMACÊUTICA 
Não podemos deixar de abordar o histórico da profissão farmacêutica. 
Antigamente, as farmácias eram conhecidas como “boticas” coloniais, nas quais 
o boticário pesquisava, manipulava e avaliava novos produtos – a maioria de 
origem animal ou vegetal. Uma de suas principais funções era garantir que os 
medicamentos fossem puros, sem alterações, e preparados de acordo com as 
técnicas adequadas à sua época. Era responsável, acima de tudo, pelo 
aconselhamento sobre o uso correto dos medicamentos magistrais e por sua 
indicação. 
A origem da profissão farmacêutica é milenar e data de 200 d.C, quando 
Galeno – seguidor de Hipócrates, que, por sua vez foi considerado o Pai da 
Medicina – organizou o primeiro compêndio de técnicas de manipulação de ervas 
e drogas com a finalidade de curar as mais diversas doenças conhecidas na 
época. Desde então, o farmacêutico é o responsável pela arte de dispor de 
medicamentos, seja nas farmácias de manipulação (magistral ou homeopática), 
farmácias hospitalares e em grandes indústrias de medicamentos (CRF-PA, 
2014). 
A profissão farmacêutica pode ser considerada uma das mais antigas e 
fascinantes, tendo como princípio fundamental a melhoria da qualidade de vida 
da população. O farmacêutico deve nortear-se pela ética, apresentando-se como 
essencial para a sociedade, pois é a garantia do fornecimento de toda a 
informação voltada ao uso dos medicamentos. (CRF-SP, 2010) 
Esta preocupação se deve ao fato de que nas farmácias hospitalares ainda 
é praticada a dispensação fracionada e manipulada em doses específicas e 
seguras. Muitas das apresentações farmacêuticas não são destinadas à 
dispensação hospitalar, ou seja, unitarizada. É preciso que seja feita a prática de 
fracionamento para que o medicamento seja dispensado de forma individual. 
 
 
4 
Muitas das medicações em apresentação a granel requerem a necessidade de 
manipulação, remetendo aos primórdios da profissão farmacêutica. 
No segmento hospitalar, no começo do século XX, a farmácia já se 
mostrava imprescindível ao funcionamento normal do hospital (CRF-SP, 2010). A 
partir de 1930, e de forma mais importante em meados de 1940, de modo 
crescente, acentuou-se a influência da indústria farmacêutica. 
A partir de 1950, os serviços de farmácia hospitalar, representados na 
época pelas Santas Casas de Misericórdia e pelos hospitais-escola, passaram a 
se desenvolver e a se modernizar. O professor Dr. José Sylvio Cimino, diretor do 
Serviço de Farmácia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da 
Universidade de São Paulo, foi o farmacêutico que mais se destacou nesta fase, 
sendo, inclusive, autor da primeira publicação a respeito da farmácia hospitalar no 
país. De acordo com esta publicação e com a visão da época, o principal objetivo 
da farmácia hospitalar era produzir e distribuir medicamentos e produtos 
destinados à saúde às unidades requisitantes e servir ao hospital como órgão 
controlador da qualidade dos produtos (CRF-SP, 2010). “Unidade tecnicamente 
aparelhada para prover as clínicas e demais serviços dos medicamentos e 
produtos afins de que necessitam para normal funcionamento”. (Cimino, 1973) 
O farmacêutico é o profissional que mais detém as informações sobre os 
medicamentos, uma vez que este é o profissional que mais estuda e se dedica às 
informações referentes aos medicamentos. Este profissional insere a assistência 
no ambiente hospitalar, por meio de suas atividades clínicas e administrativas, 
contemplando inúmeras ferramentas de controle relacionadas à dispensação de 
medicamentos e materiais médico-hospitalares. 
A importância do gerenciamento dos estoques implicará em lucros para o 
hospital, pois um bom controle evitará perdas e desperdícios de medicamentos. 
Estes serviços de controle e distribuição serão de inteira responsabilidade da 
farmácia (Barbosa, 2014). 
TEMA 2 - FARMÁCIA HOSPITALAR 
A farmácia hospitalar é “uma unidade clínica, administrativa e econômica, 
dirigida por farmacêutico, ligada hierarquicamente à direção do hospital e 
integrada funcionalmente com as demais unidades de assistência ao paciente”. 
(CFF, 2008) 
 
 
5 
A Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar (SBRAFH) conceitua a 
possibilidade de identificar o redirecionamento da farmácia hospitalar para ações 
clínico-assistenciais. O farmacêutico responsabiliza-se com os resultados da 
assistência prestada ao paciente e não apenas com a provisão de medicamentos 
e outros produtos farmacêuticos. Como unidade assistencial, o foco da atenção 
da farmácia deve estar no paciente e em suas necessidades e no medicamento 
como instrumento (SBRAFH 1997). 
Em relação aos custos da assistência, e conforme a realidade sanitária, é 
necessário implementar ações na assistência farmacêutica hospitalar, cujos 
resultados, nos aspectos clínicos, humanitários e financeiros, causem impactos 
positivos na gestão hospitalar, promovendo a melhoria da qualidade e a 
segurança na assistência prestada aos pacientes. 
A principal razão de ser da farmácia é servirao paciente, objetivando 
dispensar medicações seguras e oportunas. Sua missão compreende tudo o que 
se refere ao medicamento, desde sua seleção até sua dispensação, velando, a 
todo momento, por sua adequada utilização no plano assistencial, econômico, 
investigativo e docente. O farmacêutico tem, portanto, uma importante função 
clínica, administrativa e de consulta (Celestino et al, 2012). 
A importância do gerenciamento dos estoques implica em lucros para o 
hospital, pois um bom controle evitará perdas e desperdícios de medicamentos. 
Este serviço de controle e distribuição é de inteira responsabilidade da farmácia 
(Barbosa, 2014). 
O Serviço Farmacêutico Hospitalar é um departamento com autonomia 
técnica e científica, sendo a direção obrigatoriamente assegurada por um 
farmacêutico hospitalar, e constitui uma estrutura importante aos cuidados de 
saúde dispensados no meio hospitalar. É igualmente responsável pela orientação 
de pacientes internados e ambulatoriais, visando sempre à eficácia terapêutica, à 
racionalização dos custos, ao ensino e à pesquisa, propiciando, assim, um vasto 
campo de aprimoramento profissional (CRF-SP, 2010). 
A instituição hospitalar é um órgão de abrangência assistencial, 
técnico-científica e administrativa, onde se desenvolvem atividades ligadas à 
produção, armazenamento, controle, dispensação e distribuição de 
medicamentos e correlatos às unidades hospitalares. É igualmente responsável 
pela orientação de pacientes internos e ambulatoriais, visando sempre à eficácia 
da terapêutica, além da redução dos custos, voltando-se também para o ensino e 
 
 
6 
a pesquisa, propiciando, assim, um vasto campo de aprimoramento profissional. 
(Celestino et al, 2012) 
2.1 Farmácia satélite 
A farmácia hospitalar pode ser dividida entre farmácia central e satélite. A 
farmácia central tem como objetivo receber, armazenar (estocar), controlar o 
estoque e distribuir os medicamentos e materiais para as farmácias do hospital. 
Em alguns hospitais, cada andar tem uma farmácia satélite. (Santana et al, S.d.) 
É preciso que haja supervisão diária de um farmacêutico do hospital nas 
farmácias satélites, proporcionando uma assistência farmacêutica adequada, 
levando à racionalização e ao controle do estoque de medicamentos, 
considerando sempre a eficiência do sistema de distribuição. 
Quando isto acontece, os medicamentos são distribuídos conforme as 
quantidades que realmente serão utilizadas pelos pacientes, evitando a 
formação de estoques desnecessários nos setores e eliminando os desperdícios. 
A importância da Farmácia Satélite entra em foco, pois em um hospital 
existem setores de áreas críticas (diferenciadas), que possuem características 
específicas e necessidades próprias de um sistema de dispensação de 
medicamentos e materiais. Podemos usar como exemplos os setores que 
necessitam do serviço mais próximo da farmácia satélite, como o centro cirúrgico 
(CC), o ambulatório, o pronto-socorro e a unidade de terapia intensiva (UTI) 
(Carbonera, 2011). 
Nesses setores críticos, há necessidade de uma atenção diferenciada, pois 
são caracterizados por aspectos de estoques elevados de materiais e 
medicamentos sem controle efetivo; o consumo de medicamentos e materiais 
nesses setores geralmente é excessivo e o custo dos materiais e medicamentos 
são mais altos, sendo assim, o uso inadequado de alguns itens pode levar ao 
desperdício, além disso, vários itens necessitam de cuidados no armazenamento 
e no controle especial (Cavallini; Bisson, 2002). 
A existência de farmácias satélites em setores críticos de um hospital 
promove a racionalização no seu sistema de distribuição de medicamentos; a 
redução dos custos na aquisição desses produtos, devido a um controle maior; e 
uma maior proximidade do profissional farmacêutico com as necessidades dos 
pacientes (Carbonera, 2011). 
 
 
7 
As farmácias satélites favorecem a racionalização da distribuição dos 
medicamentos, bem como do controle de estoque destes, o que proporciona um 
sistema correto de distribuição, reduzindo o desperdício e os custos com 
aquisição dos medicamentos na instituição. Há também a redução de 
contaminação cruzada em decorrência da menor circulação para retirada de 
medicamentos na farmácia. 
Setores como: Pronto-Socorro, Centro Cirúrgico/Centro Obstétrico, 
Oncologia e Cardiologia são locais em pontos estratégicos onde as farmácias 
satélites podem ser instaladas, contribuindo para a agilidade do trabalho da 
equipe médica e da enfermagem, com maior presteza na dispensação dos 
medicamentos e materiais médico-hospitalares, proporcionando, assim, um 
atendimento imediato aos pacientes (Celestino et al., 2012). 
A infraestrutura das farmácias satélites muitas vezes não são as mais 
adequadas, o que impossibilita a manipulação de produtos, seja qual for sua 
categoria. As dispensações nas farmácias satélites são de produtos acabados, 
oriundos da manipulação, produtos industrializados e correlatos, de acordo com a 
necessidade do setor (Sousa, 2012). 
As farmácias satélites devem observar atentamente o alcance de seus 
deveres, de forma consciente e apropriada. Simplesmente atendê-los não 
significa muito, o que importa é o modo como são alcançados e a seriedade com 
que são cumpridos. 
É necessário implementar, nas farmácias satélites, atividades não somente 
pertinentes à farmácia geral, mas outras, como as descritas a seguir: 
1. Planejar, adquirir, analisar, armazenar, distribuir e controlar medicamentos 
e correlatos; 
2. Promover o desenvolvimento de pesquisas e trabalhos próprios ou em 
colaboração com profissionais do setor; 
3. Desenvolver atividades didáticas; 
4. Mapear a necessidade de implantação e o desenvolvimento da Farmácia 
Clínica. (Sousa, 2012) 
As farmácias satélites geralmente não têm uma estrutura física ampla, 
capaz de armazenar um estoque para atendimento por período. Sendo assim, e 
vindo de encontro com o conceito de agilidade e proximidade das unidades 
críticas, os estoques são enxutos e de abastecimento constante, e isto requer 
controles igualmente constantes e fidedignos. 
 
 
8 
As farmácias satélites englobam todas as atividades de controle, assim 
como a farmácia geral. Esta última apresenta uma estrutura física maior, pois 
necessita de espaço de armazenamento, atividades administrativas, área de 
fracionamento, entre outras. 
TEMA 3 – ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA 
Assistência Farmacêutica compreende atitudes, valores, éticos, 
comportamentos, habilidades, compromissos e corresponsabilidades na 
prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma 
integrada à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico como 
usuário, visando a uma farmacoterapia racional e à obtenção de 
resultados definidos e mensuráveis voltados para a melhoria da 
qualidade de vida. Esta interação também deve envolver as concepções 
dos seus sujeitos, respeitadas as suas especificidades biopsicossociais, 
sob a ótica da integralidade das ações de saúde” (Consenso Brasileiro 
de Atenção Farmacêutica, 2002). 
A normativa regente RDC 357/10 define a atenção farmacêutica como 
papel exclusivo do profissional farmacêutico com formação acadêmica, devido ao 
seu conhecimento no fármaco e toda abrangência social e biológica, com ênfase 
clínica e patológica, consolidando a relação existente entre a prática e o 
conhecimento teórico, de modo a promover a saúde, a segurança e o bem-estar 
do paciente (Oliveira et al, 2001). 
Linda Strand conceituou a expressão atenção farmacêutica como 
inacabada, passando a defender a seguinte definição: “prática por meio da qual o 
profissional assume a responsabilidade pela definição das necessidades 
farmacoterápicas do paciente e o compromisso de resolvê-las”. 
É bom enfatizar que a atenção farmacêutica deve ser considerada uma 
prática que auxilia a população, assim como as demais áreas de saúde, e esta 
segueum processo de cuidado com paciente, uma filosofia e um sistema de 
manejo, diferentemente do conceito de 1990, que foca obter resultados. Mas, para 
a autora, os resultados não têm significado fora do contexto de uma prática 
assistencial (Pharmaceutical, 1997). 
A atenção farmacêutica tem a finalidade de reduzir os custos com 
assistência médica e garantir maior segurança aos usuários de medicamentos. 
Na maioria dos países desenvolvidos, a Atenção Farmacêutica já é realidade e 
 
 
9 
tem demonstrado ser eficaz na redução de agravamentos dos portadores de 
patologias crônicas e de custos para o sistema de saúde. 
No Brasil, esta atividade ainda é incipiente e alguns fatores dificultam sua 
implantação; entre eles, a dificuldade de acesso aos medicamentos por parte dos 
usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), Unidades Básicas de Saúde sem 
farmacêutico e a ausência de documentação científica que possibilite demonstrar 
aos gestores do sistema público e privado que a implementação da Atenção 
Farmacêutica representa investimento, e não custo. 
Por outro lado, sendo uma nova atividade do profissional farmacêutico, 
torna-se primordial que as instituições de ensino farmacêutico promovam 
adaptações curriculares, de modo a fornecer o conhecimento formal necessário 
ao desempenho desta atividade (Atenção, 2019). 
Pode-se definir a atenção farmacêutica como parte importante da profissão 
responsável pelo tratamento farmacológico, com o propósito de alcançar 
resultados concretos que melhorem a qualidade de vida do paciente. A Atenção 
Farmacêutica é uma área dentro da Assistência Farmacêutica que foca suas 
atividades no paciente (Faus et al, 1999). 
A Assistência Farmacêutica engloba todas as atividades inerentes à 
profissão farmacêutica; assim, qualquer unidade envolvida na dispensação de 
medicamentos e materiais médico-hospitalares desenvolve uma atividade 
inerente à função do farmacêutico. Isto garante ao paciente um plano terapêutico 
eficaz e seguro. 
TEMA 4 – FARMÁCIA CLÍNICA 
A farmácia clínica teve início no século XX, pois os farmacêuticos que 
atuavam na área assistencial começaram a converter-se em meros dispensadores 
de produtos fabricados, distanciando-se da equipe de saúde e do paciente. 
As inquietudes geradas por tal situação levaram ao nascimento, na década 
de 1960, de um movimento profissional que, questionando sua formação e 
atitudes, determinou como poderiam ser corrigidos os problemas que estavam 
sendo detectados. Assim, líderes profissionais e educadores norte-americanos 
passaram a discutir o conceito de “orientação ao paciente”, que levou à criação 
do termo farmácia clínica, compreendida como uma atividade que permitiria aos 
farmacêuticos novamente participar da equipe de saúde, contribuindo com seus 
conhecimentos para melhorar o cuidado. 
 
 
10 
Foram formulados vários conceitos para farmácia clínica, como farmácia 
orientada, de forma equivalente ao medicamento e ao indivíduo que o recebe; 
farmácia realizada ao lado do paciente, entre outros. 
Os conceitos de farmácia clínica foram sendo paulatinamente difundidos e 
incorporados pela profissão farmacêutica no mundo todo. No Brasil, o grande 
interesse pelo tema se deu na década de 80, em especial na área hospitalar, onde 
esta prática se desenvolveu com mais força. Por esta razão, ainda hoje existe a 
ideia de que farmácia clínica é uma atividade somente exercida no ambiente 
hospitalar, onde está presente toda a equipe de cuidado ao paciente. 
Esta é uma ideia que pode e deve ser repensada, pois o exercício da 
atividade clínica não pode ser uma questão de ambiente e oportunidade, mas uma 
questão de filosofia profissional, ou seja, o profissional que está voltado para o 
exercício da clínica, age como clínico em qualquer ambiente onde se requeira uma 
postura de avaliação de situação para identificação e resolução de problemas de 
saúde. 
Um exemplo disso pode ser verificado diariamente na postura de 
profissionais clínicos diante de situações que demandem sua atuação, como em 
vias públicas, cinemas, aviões. Portanto, seja em qualquer local onde esteja 
presente, caso surja um problema que gere necessidade de prestação de cuidado 
especializado, o profissional clínico percebe sua responsabilidade de atuar e age 
no sentido de identificar e ajudar a solucionar o problema (Instituto Racine, 1990). 
O principal objetivo da farmácia clínica está em aprimorar e auxiliar o corpo 
clínico a ter habilidade e destreza na hora de decidir sobre o melhor medicamento 
para o paciente. O médico se responsabiliza pelos resultados da farmacoterapia, 
e ao farmacêutico cabe fornecer serviços de suporte adequados, com base em 
conhecimentos especializados sobre a utilização dos medicamentos (Holland et 
al, 1999). 
Zubioli (2001) e Ferracini e Filho (2005), descrevem a farmácia clínica como 
uma prática profissional farmacêutica com foco no paciente, que dá prioridade ao 
uso racional e à segurança no uso dos medicamentos, voltada a atividades para 
minimizar os efeitos colaterais da terapêutica medicamentosa e os custos do 
tratamento para o paciente. 
Zubioli (2001) afirma que o farmacêutico é o profissional fundamental na 
prevenção, detecção, avaliação do risco/benefício e, principalmente, na eficácia 
do uso de medicamentos. Assim, a atividade clínica do profissional tem um papel 
 
 
11 
fundamental na prevenção das reações adversas a medicamentos, promovendo 
o uso racional destes. Isso envolve monitorização do paciente, de sua história 
clínica e de seu tratamento medicamentoso. 
Porta e Storpirtis (2007), relatam que a farmácia clínica vem se 
desenvolvendo com a finalidade de minimizar ocorrências de problemas 
relacionados a medicamentos. Acompanhar os resultados nos pacientes também 
é definido como objetivo da farmácia clínica. Na visão atual, conforme descrito 
pela American College of Clinical Farmacy (ACCP), a farmácia clínica traz de volta 
a atenção farmacêutica voltada exclusivamente ao paciente. 
Com base nisso, o principal objetivo do farmacêutico é garantir o uso 
seguro e racional de medicamentos, implantar a farmácia clínica em busca de ter 
o máximo rendimento terapêutico, e atender a demanda de medicamentos 
utilizados pelos pacientes hospitalizados. A farmácia clínica atua em conjunto com 
a farmácia hospitalar, por meio da inserção do farmacêutico na equipe 
multiprofissional de saúde (Dantas, 2011). 
A farmácia clínica deve ser aplicada nas unidades críticas, onde as 
farmácias satélites estão instaladas. Além de integrar e aproximar os profissionais 
das equipes multidisciplinares, o farmacêutico vem a contribuir para a segurança 
e racionalização do uso de medicamentos. 
TEMA 5 – ATENÇÃO FARMACÊUTICA 
O prescritor tem a responsabilidade de elaborar uma prescrição de 
medicamentos que transmita de forma completa as informações para todos os 
profissionais que utilizam esse documento (Cassiani et al, 2003). 
As prescrições são responsáveis pela análise de prevenção de erros de 
medicação, e sabe-se que tais erros podem decorrer de prescrições ambíguas, 
ilegíveis ou incompletas, ocasionando sérios danos ao paciente. Cassiani et al 
(2003) descrevem que o risco de erros de medicação aumenta na medida em que 
profissionais responsáveis pela dispensação não conseguem ler a letra dos 
médicos ou pela falta de informações básicas necessárias para uma correta 
dispensação do medicamento (Cassiani et al., 2003). 
Segundo o Instituto Americano de Medicina (Kohn et al, 2003), de 44.000 a 
98.000 pacientes morrem a cada ano por lesão iatrogênica, sendo o erro na 
prescrição a causa principal ou que contribui para tal evento. 
 
 
12 
De acordo com a Resolução n. 357/2001, o farmacêutico é responsável 
pela avaliação farmacêutica do receituário, e este somente será 
aviado/dispensado se apresentar as informações exigidas na resolução, tais 
como: nome e endereço residencialdo paciente, forma farmacêutica, posologia, 
apresentação, método de administração e duração do tratamento, data, 
assinatura e carimbo do profissional, endereço do consultório e o número de 
inscrição no respectivo Conselho Profissional, ausência de rasuras e emendas, 
prescrição a tinta, em português, em letra de forma clara e legível ou impressão 
por computador, dentre outras (Brasil, 2001). Portanto, devem ser observados o 
receituário específico e a notificação de receita para a dispensação de 
medicamentos sujeitos a controle especial (Brasil, 1998). 
É de suma importância a participação do farmacêutico diante de 
prescrições médicas, pois é o elemento de interface entre a distribuição de 
fármacos e o uso seguro destes, podendo ser considerado como peça-chave na 
garantia da qualidade do cuidado médico (Rupp et al., 1992). O farmacêutico é o 
profissional capacitado a identificar, corrigir e reduzir possíveis erros associados 
à terapêutica. 
As responsabilidades do farmacêutico, no momento da dispensação, são 
múltiplas, e envolvem questões de cunho legal, técnico e clínico (Amaral, 2014). 
Antes do aviamento da receita/prescrição, o farmacêutico pode avaliá-la 
atentamente e relacionar suas informações com dados da história clínica do 
paciente (Abjaude, 2012). 
O termo atenção farmacêutica foi adotado e oficializado no Brasil após as 
discussões lideradas pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), OMS, 
Ministério da Saúde (MS), entre outros. Nesse encontro, foi definido o conceito de 
atenção farmacêutica: 
um modelo de prática farmacêutica desenvolvida no contexto da 
Assistência Farmacêutica. Compreende atitudes, valores éticos, 
comportamentos, habilidades, compromissos e corresponsabilidades na 
prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma 
integrada à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com 
o usuário, visando a uma farmacoterapia racional e à obtenção de 
resultados definidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da 
qualidade de vida. Esta interação também deve envolver as concepções 
dos seus sujeitos, respeitadas as suas especificidades biopsicossociais, 
 
 
13 
sob a ótica da integralidade das ações de saúde. (Consenso Brasileiro 
de Atenção Farmacêutica, 2002) 
No Brasil, os modelos tecnológicos em saúde que precederam o SUS, 
permitiram que o profissional farmacêutico se afastasse dos pacientes, pois não 
era prevista a sua participação na equipe de saúde, nem o medicamento 
considerado insumo estratégico. Segundo Gonçalves (1994), no estado de São 
Paulo foram implantados diversos modelos tecnológicos na saúde pública, em 
meados da década de 1920, dos quais predominou o modelo conhecido como 
campanhismo, com ênfase na utilização da polícia sanitária e nas campanhas de 
vacinação e higienização. Geraldo H. Paula Souza teve papel importante na 
reorganização do serviço, e introduziu o modelo médico-sanitário, privilegiando a 
educação sanitária como principal instrumento de trabalho, tendo o centro de 
saúde como aparelho do processo. 
Na década de 1960 foi implantado o modelo de assistência médica 
individual, com participação crescente da medicina curativa como meio para 
alcançar a melhoria das condições de saúde. Os autores dessa revisão 
concluíram que este modelo foi o que mais contribuiu para afastar o farmacêutico 
do paciente, visto que se baseava em consulta médica e atendimento da demanda 
por ela gerada. Além disso, pode-se evidenciar que, infelizmente, o modelo de 
assistência ainda se faz presente com grande impacto no sistema de saúde, 
mesmo após a implantação do SUS. 
No final da década de 1980 iniciou-se a implantação do SUS, baseada nos 
critérios de integralidade, igualdade de acesso e gestão democrática. Neste 
modelo foram definidas a Assistência Farmacêutica e a Política Nacional de 
Medicamentos como parte integrante das políticas de saúde, possibilitando ao 
farmacêutico não só participar de maneira efetiva da saúde pública, mas também 
desenvolver formas específicas de tecnologia, envolvendo os medicamentos e a 
assistência na prestação de serviços de saúde (Marin et al, 2003). 
Atenção farmacêutica é uma prática da assistência que facilita a interação 
do farmacêutico com o usuário do sistema de saúde. Isto possibilita um melhor 
acompanhamento dos pacientes, o controle do plano medicamentoso, a 
prevenção, a identificação e a solução de problemas que possam surgir durante 
o tratamento do paciente (Rocha, 2014). 
Enquanto a farmácia clínica é definida pela Sociedade Europeia de 
Farmácia Clínica como “uma especialidade da área da saúde que descreve a 
 
 
14 
atividade e o serviço do farmacêutico clínico para desenvolver e promover o uso 
racional e apropriado dos medicamentos e seus derivados” (OMS, 1994), a 
Associação Americana dos Farmacêuticos Hospitalares a define como: “Ciência 
da Saúde, cuja responsabilidade é assegurar, mediante a aplicação de 
conhecimentos e funções relacionados com o cuidado aos pacientes, que o uso 
de medicamentos seja seguro e apropriado e que necessita de uma educação 
especializada e/ou um treinamento estruturado” (OMS, 1994). 
Seguindo a tendência mundial, o Brasil vive um movimento de intensa 
reestruturação na área de medicamentos, o qual permeia o sistema de saúde, 
envolvendo a formação e a prática dos profissionais de saúde, bem-estar e 
qualidade de vida. A implantação e implementação de ações preconizadas pelo 
SUS; a reestruturação das diretrizes curriculares dos cursos da área de saúde, 
em especial a farmacêutica (Brasil, 2001); a atuação conjunta da Anvisa, do 
Ministério da Saúde e da Opas vem fortalecendo as ações voltadas à 
racionalidade no emprego dos medicamentos, principalmente após a implantação 
dos genéricos. 
Portanto, concluímos que o farmacêutico tem papel fundamental na cadeia 
terapêutica dos pacientes. Suas atividades assistenciais garantem a segurança e 
o uso racional dos medicamentos, e suas atividades administrativas são alinhadas 
com o planejamento estratégico financeiro da instituição hospitalar, evitando 
custos excessivos e perdas desnecessárias. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
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