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PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 1) INTRODUÇÃO “Mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diversas normas compondo-lhe o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere tônica e lhe dá sentido harmônico” (Celso Antônio Bandeira de Mello, Curso de Direito Administrativo, 16ª edição, 2016) - Representam as vigas centrais e fundamentais que sustentam todo o arcabouço jurídico. A violação aos princípios significa a pior das agressões contra o sistema, pois significa agredir a sua essência. PRINCÍPIOS - São diferentes das regras, pois estas representam projeções abstratas que possuem hipóteses de incidência, preceitos e sanções. Em caso de conflito entre regras, a escolha de uma importa na automática exclusão da outra, pelo uso dos critérios de hierarquia, especialidade, cronologia... - Os princípios não preveem situações específicas, tampouco efeitos jurídicos concretos, apesar de possuírem a capacidade de produzi-los. O conflito entre princípios se resolve pela técnica da ponderação. O intérprete deve averiguar a qual deles, na hipótese concreta, será atribuído o grau de preponderância, sem cogitar da exclusão de qualquer um deles. - Podem ser expressos no ordenamento jurídico ou não. No último caso, são denominados princípios reconhecidos (exemplos supremacia do interesse público, continuidade do serviço público etc). O estudo que será realizado leva em conta os princípios expressos e aqueles que são aceitos pelos operadores de direito. 2) PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS (LIMPE – ART. 37 DA CF) A) LEGALIDADE “Significa que toda e qualquer atividade administrativa deve ser autorizada por lei” (Carvalho Filho, Manual) - Qualquer ação estatal sem o correspondente calço legal, ou que exceda ao âmbito demarcado pela lei, se expõe à anulação. Produz efeito distinto, dependendo da relação jurídica sobre a qual ele é aplicado: a) Nas relações privadas (de coordenação): “Particular pode fazer tudo aquilo que a lei não veda”. Vigora o princípio da autonomia da vontade. b) Nas relações que envolvem a Administração Pública (de subordinação): “o agente público só pode fazer aquilo que a lei expressamente autoriza”. Vigora a supremacia do interesse público. Em outras palavras, o agente público deve atuar fundado na competência que lhe é atribuída por lei. É o que Odete Medauar chama de habilitação legal. - No entanto, ao exercer a competência atribuída por lei, o agente público não pode contrariar o “Direito”, ou seja, deve observar todas as regras e princípios que compõem o ordenamento jurídico, além da jurisprudência vinculante. É o aspecto mais amplo da legalidade, não se restringindo à mera submissão a lei em sentido estrito, como produto de fonte legislativa, mas a todo o “bloco da legalidade”. Previsão no art. 2º, parágrafo único, I, da Lei nº 9.784/99. É o que Diogo de Figueiredo denomina JURIDICIDADE. b) IMPESSOALIDADE “É o modo de aplicar a lei sem promoção pessoal do agente, respeitando a igualdade e para atingir uma finalidade pública” Desdobramento do conceito: a) Art. 37, §1º, da CF – proíbe a utilização de propaganda do governo como forma de promoção pessoal; b) Sinônimo de igualdade (Celso Antônio Bandeira de Mello): Evita favoritismos e perseguições intoleráveis, simpatias ou animosidades pessoais, políticas ou ideológicas, preconceitos ou radicalismos. Administração Pública sem rosto c) Finalidade pública: toda a atividade administrativa deve estar voltada para a busca da satisfação do interesse público (Segundo Hely Lopes Meirelles, o princípio da impessoalidade nada mais é que o antigo princípio da finalidade pública). MANIFESTAÇÕES CONCRETAS DO PRINCÍPIO: Art. 37, incisos II e XXI, da CF. C) MORALIDADE: ‘É o modo de aplicar a lei com honestidade e boa fé”. Os Romanos já diziam que nem tudo que é legal é moral (nom omne quod licet honestum est, Digesto Liv. 50, Tit. 17, Frag. 144). Às vezes a lei autoriza determinada conduta, mas nem por isso tal comportamento deixa de ferir os princípios da moral. CONCEITO DE HAURIOU: “é o conjunto de regras de condutas extraídas da disciplina geral da Administração”. Aplicação do conceito em referência, segundo Odete Medauar: “destoa do contexto e do conjunto de regras de conduta extraídas da disciplina geral norteadora da administração, “Em momento de crise financeira, numa época de redução de mordomias, num período de agravamento de problemas sociais, configura imoralidade efetuar gastos com aquisição de automóveis e luxo para “servir” autoridades, mesmo que tal aquisição se revista-se de legalidade” (Direito Administrativo Moderno, 7ª edição, pg. 146) O PRINCPIO DA MORALIDADE COMO MANIFESTAÇÃO DO ESTADO DE JUSTIÇA E LICITUDE NA CONSTITUIÇÃO (DIOGO DE FIGUEIREDO). EXEMPLOS: - art. 5º, LXXIII (ação popular), art. 37, caput (princípio), art. 37, §4º (efeitos da improbidade administrativa) e art. 85, V (crime de responsabilidade) - regras que exigem conduta ilibada ou idoneidade moral para ocupar certos cargos públicos: art. 73, 1º, II, art. 94, caput, art. 104, caput, art. 104, parágrafo único, art. 119, II, art. 123, parágrafo único, I e art. 131, §1º, todos da CF D) PUBLICIDADE: “É o modo de aplicar a lei com transparência”. - Públicos devem ser os atos, porque pública é a Administração que os pratica. Exceções à publicidade: art. 5º, incisos X, XXXIII, LX, da CF; art. 189 do CPC e 20 DO CPP. - CONOTAÇÕES PRÁTICAS DO PRÍNCÍPIO: 1) Condição de eficácia dos atos da Administração 2) Transparência na atuação que viabiliza o controle de juridicidade (natureza instrumental) E) EFICIÊNCIA: “É o modo de aplicar a lei com presteza, perfeição, rendimento e resultado rápido” - Inserido pela EC 19/98. - Até então era estudado como um dever jurídico, implícito no art. 6º do Decreto-lei 200/67 (planejamento, coordenação, descentralização, delegação de competências e controle). Manifestação da Estado Gerencial (método de gestão que visa resultado, afasta o desperdício, aproximando-se a Administração do setor privado). Outras manifestações: Art. 39, §2º, art. 41, III e art. 41, §4º, todos da CF. COMO SE REALIZA O CONTROLE DA EFICIÊNCIA: 1) art. 37, §3º, I, da CF (reclamação administrativa que o usuário pode fazer); 2) art. 87, parágrafo único, I, da CF (tutela administrativa ou supervisão ministerial). Controle que os órgãos da Administração Pública Direta realizam em relação à atividade desenvolvida pelas entidades da Administração Indireta que atuam em suas respectivas áreas; 3) art. 70 da CF – fiscalização dos Tribunais de Contas, pelo prisma da economicidade.
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