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Direito Tributário

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Direito Tributário
Competência Tributária
Competência tributária é uma parcela do poder de tributar. Nada mais é que a possibilidade dos entes criarem tributos. Num sentido completo e técnico, competência tributária é a aptidão legislativa dos entes tributantes para instituírem tributos, definidos e atribuídos pela Constituição Federal.
Cada ente, para exercitar sua competência tributária, precisa editar lei própria. Assim, a União, para exercitar a competência, precisa editar uma lei federal, para instituir tributo federal. Os Estados e Distrito Federal, lei estadual, para instituírem tributo estadual. Os municípios, lei municipal, para instituírem tributo municipal.
 A competência é definida no texto constitucional, mas é exercida pelo texto infraconstitucional (por meio de lei do ente competente). Os entes exercitam essa competência para a criação de fontes de custeio de suas atividades (garantindo, com isso, sua autonomia financeira), sempre nos estritos e limitados termos definidos na CF.
● Compete à União instituir impostos sobre: importação de produtos estrangeiros; exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; renda e proventos de qualquer natureza; produtos industrializados; operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; propriedade territorial rural; grandes fortunas, nos termos de lei complementar.
● Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; propriedade de veículos automotores.
● Compete aos Municípios instituir impostos sobre: propriedade predial e territorial urbana; transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; serviços de qualquer natureza, definidos em lei complementar.
Repartição das Receitas
● Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal: o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem; 20 % do produto da arrecadação do imposto que a União instituir no exercício da competência que lhe é atribuída
● Pertencem aos Municípios: o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem; 50% do produto da arrecadação do imposto da União sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis neles situados; 50% do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre a propriedade de veículos automotores licenciados em seus territórios; 20% do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação.
● A União entregará: do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados, 49%; do produto da arrecadação do imposto sobre produtos industrializados, 10% aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados; do produto da arrecadação da contribuição de intervenção no domínio econômico.
 Características
● Privatividade: Competência tributária é privativa, no sentido de exclusiva. A Constituição Federal, ao fazer a divisão das competências, atribui alguns tributos para a União, alguns para os Estados e alguns para os Municípios. Ao fazer esta divisão, a Constituição a faz de maneira inflexível, de maneira definitiva, com exclusividade. Somente o ente que recebe a competência tributária pode exercê-la. A atribuição de competência para um dos entes implica na automática incompetência dos demais.
● Indelegável: De certa forma, consequência da primeira. Significa a impossibilidade do ente competente autorizar outro a exercer sua competência. A competência atribuída pela CF somente pode ser exercitada pelo ente originariamente definido.
● Inalterável: competência tributária é de trato exclusivo da Constituição. Já que somente a Constituição pode regular matéria de competência tributária, estabelecendo a distribuição de competência, não há de se falar na possibilidade da lei do ente competente alterar as regras de competência. Como é exclusiva e indelegável, então a lei do ente competente não pode tratar de competência. Portanto, nesse sentido ela é inalterável.
● Incaducável: o não exercício da competência, por qualquer prazo, não implicará na sua perda. Podem se passar 20, 30, 50 anos. Mesmo que o ente tributante não exerça a competência, no momento em que achar conveniente, poderá exercê-la. Vale lembrar como exemplo de competência ainda não exercida, a previsão constitucional para a instituição de impostos sobre grandes fortunas.
● Exercício facultativo: o ente tributante exerce a competência tributária somente se desejar, caso tenha interesse político nisso. Não há como obrigar o ente tributante a editar lei, criando tributo (basta lembrar do imposto sobre grandes fortunas).
Princípios Constitucionais
● Princípio da Legalidade: somente a lei pode criar tributos no Brasil. Na verdade, por este princípio, somente lei pode criar, alterar ou extinguir tributo. A lei deve regular, ou seja, prever todos os elementos essenciais do tributo, que são: a definição de seu fato gerador, do sujeito passivo, da base de cálculo e da alíquota do tributo. 
● Princípio da Capacidade Contributiva: por este princípio o legislador “sempre que possível” deve graduar o peso do imposto, segundo a capacidade contributiva do contribuinte. Não se deve confundir capacidade civil com capacidade econômica.
● Princípio da Anterioridade: a exigência constitucional de que a lei tributária não gera seus efeitos de maneira imediata. A legislação tributária não pode ter vigência imediata. Por obviedade, a lei tributária não pode surpreender o contribuinte. O sujeito passivo deve ter um certo tempo para se preparar para a tributação e seus impactos sobre a atividade econômica. O princípio da anterioridade, contudo, não tem aplicação irrestrita no direito tributário.
● Princípio da Irretroatividade: a lei tributária não pode atingir fatos geradores ocorridos antes da sua vigência. A legislação tributária somente pode incidir sobre fatos ocorridos após sua vigência. Exceções: a lei tributária meramente interpretativa e a lei tributária que deixa de prever uma sanção ou procede a sua redução.
● Princípio da Isonomia Tributária: o dever jurídico de tratarmos todos de forma isonômica, de forma igualitária. Isso não quer dizer tratamento absolutamente idêntico, mas sim tratamento diferenciado com base nas diferentes situações fáticas encontradas. A legislação não pode fazer discriminações sem fundamento. O princípio da isonomia já é uma exigência da Constituição desde o seu preâmbulo.
● Princípio do não confisco: Tributo não pode ter efeito de confisco. Isso significa que o tributo não pode ser tão grande e tão intenso a ponto de implicar na anulação da própria riqueza, no próprio confisco. Pagar tributo não pode ser algo que impossibilite a atividade econômica.
● Princípio da Liberdade de Tráfego: estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público. Esta regra não impede a cobrança de impostos sobre a circulação em operações interestaduais e intermunicipais. A Constituição faz a ressalva do pedágio para legitimar a sua cobrança, no caso das vias conservadas peloPoder Público.
● Princípio da Progressividade: estabelece que os impostos devem onerar mais aquele que detiver maior riqueza tributária.
Imunidade Tributária
Imunidade é o dispositivo constitucional que veda a tributação de uma pessoa, de uma atividade ou de um bem.
Instituída pelo legislador constituinte objetivando proteger determinados valores fundamentais.
Imunidades Genéricas
São chamadas imunidades genéricas, pois seu campo de aplicação refere-se a todos os impostos.. Por isso, genérica.
● Recíproca:  temos a impossibilidade de tributação, por meio de impostos, dos entes tributantes. De maneira simples: ente tributante não cobra imposto de ente tributante. União, Estados, DF e Municípios não cobram impostos entre si.
● Templos: atinge a todos os impostos incidentes sobre patrimônio, receitas e serviços da Igreja. Importante que se diga, a imunidade atinge qualquer culto religioso, na medida em que não existe religião oficial no Brasil. A regra de imunidade dos templos sofre, contudo, uma limitação importante. O benefício tributário somente atinge as receitas, o patrimônio e os serviços relacionados à atividade essencial da instituição.
● Partidos políticos e suas fundações: a Constituição Federal pretende tornar menos custosa a atividade de partidos políticos, até mesmo como forma de incentivar sua criação e desenvolvimento. Para atingir tal premissa, o patrimônio, as rendas e os serviços dos partidos políticos e das fundações por eles mantidas serão imunes, não sofrendo o ônus da tributação por meio de impostos. Para gozar do benefício da imunidade, obviamente, o partido político deverá ser regular, o que implica dizer que se exige o reconhecimento e registro no TSE. Havendo tal reconhecimento, a imunidade se impõe, independente da corrente ideológica e abrangência do partido.
● Entidades Sindicais de Trabalhadores: com o objetivo de garantir e incentivar a atividade sindical no Brasil, estimulando a associação e a organização da sociedade civil, a Constituição Federal estabelece a imunidade de entidades sindicais de trabalhadores. Esta imunidade aplica-se apenas aos órgãos sindicais representativos de trabalhadores, não aos patronais.
● Instituições de assistência social e de educação: as instituições de ensino e de assistência social exercem importante papel social em nosso país. Sua atuação mostra-se fundamental para o atendimento dos objetivos de universalização do ensino e da disponibilização de condições básicas de sobrevivência para a população. Diante de tão nobre atividade, tais instituições gozam do benefício da imunidade. São exemplos destas instituições, as universidades, colégios, cursos profissionalizantes, cursos de extensão, Santas Casas, creches, berçários, entre outros. Esta imunidade se justifica, na medida em que sua atividade mostra-se complementar a do Estado. Tornar tal atividade mais barata é um elemento de estímulo e viabilização de sua expansão.
● Livros, Jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão: representa a proteção ao princípio constitucional do direito à cultura e à educação. Em outras palavras, esta imunidade destina-se a proporcionar o acesso mais barato à informação, de modo geral. A imunidade atinge apenas os tributos da espécie imposto, incidentes sobre o preço do livro, impostos que incidem sobre o bem.
Imunidades Específicas
As imunidades específicas são aquelas previstas, pelo legislador constituinte, de maneira individualizada para determinados tributos. Existem as de âmbito federal, estadual e municipal.
OBS: Taxas são tributos cujo fato gerador é configurado por uma atuação estatal específica, que consiste no exercício regular do poder de polícia. A contribuição de melhoria é tributo cuja instituição é para fazer face ao custo de obras públicas de que decora valorização imobiliária.
Legislação Tributária
A Legislação Tributária abrange além das leis, os tratados, as convenções internacionais, decretos e as normas complementares, que tratem no todo ou em parte sobre tributos e relações jurídicas pertinentes.
OBS: Tributos contraprestacionais são aqueles que têm como fato gerador uma atuação do Estado em relação ao seu obrigado. Os empréstimos compulsórios correspondem à receita que o Estado sobre dos particulares, sob promessa de restituição.
Vigência
● A vigência, no espaço e no tempo, da legislação tributária rege-se pelas disposições legais aplicáveis às normas jurídicas em geral, ressalvado o previsto neste Capítulo.
● A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União.
Aplicação
A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início.
Obrigação Tributária
A obrigação tributária é a relação formada entre sujeitos (ativo e passivo), tendo por objeto, direto ou indireto, o tributo. A obrigação tributária envolve dois polos: sujeito ativo e passivo
O sujeito ativo é a pessoa titular da capacidade tributária ativa, ou seja, a pessoa apta a exercer a função de cobrar e arrecadar o tributo. A capacidade tributária ativa, contudo, pode ser delegada, ou seja, o ente detentor desta capacidade (regra geral, o ente competente), pode delegar esta função a outro ente ou a outra pessoa. A União, conforme visto, delega a função de arrecadar as contribuições sociais previdenciárias ao INSS, e delega a função de arrecadar as contribuições de interesse de categorias profissionais e econômicas aos órgãos representativos de classes, entre outros.
O sujeito passivo, detentor da capacidade tributária ativa, pode ser de duas espécies: contribuinte ou responsável tributário. Contribuinte não é sinônimo de sujeito passivo. Contribuinte é espécie do gênero sujeito passivo. Contribuinte e responsável são espécies de sujeitos passivos tributários. Ambos são as pessoas designadas pela lei para cumprir a obrigação tributária, ou seja, pagar o tributo. Contribuinte paga o tributo decorrente de obrigação própria (fato gerador praticado por ele mesmo), enquanto o responsável tributário paga o tributo decorrente de obrigação de terceiro (fato gerador praticado por terceiro).
A União, os Estados, o DF e os Municípios, em nenhuma hipótese poderão instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida. 
OBS: para que seja identificado como responsável, é necessário que exista alguma ligação entre sujeito responsável e o fato gerador.
Lançamento Tributário
É o procedimento de formalização do crédito. Lançamento tributário é o ato privativo da autoridade administrativa que visa constituir o crédito.
Tipos
O que diferencia as espécies de lançamento é a maior ou a menor participação dos sujeitos nos atos tendentes à verificação da ocorrência do fato gerador.
● Lançamento de Ofício: é a modalidade de lançamento na qual todo o procedimento é praticado pelo Fisco (órgão responsável pela arrecadação de impostos), pelo sujeito ativo da obrigação tributária. Nesta modalidade de lançamento, o sujeito passivo (contribuinte ou responsável tributário) não participa do processo. O Fisco, ou detém previamente as informações, ou as adquire por meio de fiscalização.
 Além de ser regra para alguns tributos (IPVA e IPTU, por exemplo), o lançamento de ofício também é aplicável em caráter subsidiário em relação às demais modalidades. Isso quer dizer que sempre que as outras modalidades de lançamento forem procedidas com imperfeições, de maneira insuficiente ou errônea, o Fisco poderá lavrar um lançamento substitutivo.
● Lançamento por Declaração: é a modalidade de lançamento na qual há a participação tanto do Fisco, como do sujeito passivo da obrigação. O sujeito passivo tem a obrigação legal de informar determinados dados.O Fisco recebe tais dados, verifica a ocorrência efetiva do fato e faz o lançamento, notificando o sujeito para fazer o pagamento.
Esta espécie de lançamento exige a participação dos dois pólos da relação jurídica tributária: sujeito passivo informa o fato e o sujeito ativo notifica para a realização do pagamento. Esta espécie de lançamento, originariamente a regra dos tributos no Brasil, praticamente não é utilizada atualmente.
● Lançamento por Homologação: é a modalidade de lançamento que representa a regra atual para a maioria esmagadora dos tributos. Nesta modalidade de lançamento, a atividade de constituição do crédito compete ao sujeito passivo da obrigação tributária. O sujeito passivo, contribuinte ou responsável, tem a obrigação legal de verificar a ocorrência do fato gerador, proceder à formalização do documento que materializa o crédito, assim como, independente de qualquer medida ou verificação do Fisco, proceder ao pagamento do crédito.
No lançamento por homologação, o sujeito passivo procede ao pagamento do crédito tributário com base em um documento preenchido e materializado sem qualquer análise do Fisco. É o próprio sujeito passivo quem define e apura o crédito tributário, realizando o pagamento independentemente de qualquer medida fiscalizadora.
Crédito Tributário
É a obrigação tributária formalizada pelo lançamento. É a obrigação tributária documentada, materializada em documento, em linguagem que o CTN e o Fisco podem conhecer.
Esta obrigação, portanto, deve ser documentada e formalizada, para dar ensejo ao nascimento do crédito tributário. Com isso, é preciso que exista um procedimento, um caminho a ser tomado para permitir tal materialização. Esse caminho é o famoso lançamento tributário.
Causas modificativas 
O crédito tributário, devidamente constituído, deve ser extinto pelo pagamento. Este é o caminho natural esperado pelo legislador. Contudo, nem sempre este é o caminho seguido pelo sujeito passivo. A legislação tributária prevê algumas causas que modificam o crédito tributário. Estas causas podem ser divididas, para fins de estudo, em três grandes grupos: causas de suspensão, de extinção e de exclusão.
● Suspensão: causas suspensivas da exigibilidade são situações previstas em lei que têm o efeito de impedir a cobrança do crédito, ou seja, impedir que o Fisco tome medidas coercitivas tendentes ao recebimento do crédito tributário.
As causas suspensivas da exigibilidade devem estar previstas na lei. Nos termos do art. 151 do CTN, temos:
→ A moratória: nada mais é que um favor legal do ente tributante, consistente apenas em dilação de prazo. Moratória é novo prazo para pagamento. Concedida a moratória, o ente tributante dá, ao sujeito passivo em mora, novo prazo de pagamento. Concedendo novo prazo de pagamento, não haveria qualquer sentido que, ao mesmo tempo, o Fisco procedesse ao ajuizamento e cobrança do crédito. Por imposição lógica, há de se aguardar o percurso do novo prazo de pagamento.
→ Os recursos ou reclamações administrativas: a mera apresentação da impugnação administrativa, no prazo e na forma prevista em lei, tem o condão de suspender a exigibilidade do crédito. A lógica de tal efeito consiste no fato de que, na impugnação administrativa, o próprio ente tributante está procedendo à revisão de seu ato administrativo de lançamento, de forma que, enquanto o próprio Fisco não der uma solução definitiva para isso, não teria sentido proceder a cobrança do mesmo crédito.
→ O depósito: nada mais é que a entrega, cumulada com uma discussão, do valor do crédito tributário. Esse depósito, obviamente, está condicionado a existência de resistência por parte do sujeito passivo, ou seja, está condicionado a existência de uma impugnação administrativa ou judicial.
→ A medida liminar em Mandado de Segurança e cautelares e a antecipação de tutela em outras ações: é a concessão de ordem liminar em mandado de segurança e ações cautelares. De maneira similar, prevê, também, a suspensão da exigibilidade em decorrência da concessão da ordem de antecipação de tutela em outras ações (declaratória e anulatória).
A mera apresentação de ações de impugnação do crédito, seja mandado de segurança, seja cautelar, seja declaratória, não suspende a exigibilidade do crédito tributário. Concomitantemente a ação de impugnação, o Fisco poderá ingressar com a execução fiscal, procedendo à cobrança do crédito. A suspensão da exigibilidade depende da ordem liminar ou antecipação de tutela.
→ O parcelamento:  não é uma causa independente de suspensão da exigibilidade, na medida em que nada mais é do que uma moratória para o pagamento continuado. O parcelamento também é um favor legal, consistente na dilação de prazo.
● Exclusão: as causas de exclusão do crédito tributário são situações previstas na lei que impedem a própria constituição do crédito. São elas:
→ Anistia: é o perdão de sanção tributária, de penalidade. Por medida de política tributária (incentivar a regularização fiscal, aumentar arrecadação etc.), o Fisco pode estabelecer o perdão de determinadas penalidades. Importante não confundir anistia com remissão do crédito. Vimos que remissão também é perdão, contudo, de crédito tributário constituído. Mais que isso, a remissão pode atingir créditos sancionatórios e não sancionatórios. A anistia somente pode referir-se a fatos ilícitos ocorridos antes de sua edição.
→ Isenção: impede a constituição de crédito tributário em face de determinadas pessoas, bens ou serviços que, como regra, deveriam ser tributados. O ente tributante, também por medidas de política tributária, pode decidir que determinadas situações em que, como regra, poderia tributar, não sejam objeto de incidência tributária. Diante disso, por lei, exclui tais situações da regra de tributação.
Como regra, a isenção pode ser condicionada (e normalmente por prazo determinado) ou incondicionada (e, normalmente, por prazo indeterminado).
● Extinção: são situações previstas em lei com o efeito de resolver a relação jurídica tributária, atingindo algum dos elementos da relação jurídica. Extinguem o crédito tributário: pagamento; compensação; transação; remissão (perdão do crédito tributário);, prescrição e a decadência; conversão de depósito em renda; pagamento antecipado e a homologação do lançamento; consignação em pagamento; decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; decisão judicial passada em julgado; dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei.
Garantia Tributária
Os privilégios decorrentes das garantias e preferências enumeradas no CTN decorrem da supremacia do interesse público. Por isso, são meramente exemplificativas, não excluindo outros previstos na legislação específica de cada ente federativo. Pode-se elencar as garantias em um rol que assegura o recebimento do crédito tributário pelo fisco:
● Garantia Geral: Disposta no artigo 184 do CTN. Todo o patrimônio do sujeito passivo responde pelo crédito tributário, exceto os bens que a lei declare absolutamente impenhoráveis.
● Presunção de fraude: Disposta no artigo 185 do CTN. As alienações ou onerações de bens pelo sujeito insolvente, por crédito já inscrito em dívida ativa, são presumidas fraudulentas, isto é, independem de prova a ser produzida pela fiscalização.
● Penhora on line: Disposta no artigo 185-A. Nas execuções fiscais em que não são localizados bens do devedor, ou quando este não paga nem apresenta bens a penhora, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos a diversos órgãos.
● Prova de quitação: Disposta nos artigos 191 a 193 do CTN. Exigência de prova de quitação dos tributos (certidão negativa) para a extinção das obrigações do falido; para a concessão de recuperação judicial; para a partilha e adjudicação dos bens do espólio e para participar de licitação que contratar com a Administração Pública.
Em caso de um mesmo sujeito passivo dever a mais de um credor, ou seja, ocorrendo concurso de credores,o Fisco terá posição privilegiada, preferência nos seguintes termos:
- Preferência Geral: Prevista no artigo 186 do CTN. Crédito tributário prefere a todos, com exceção daqueles decorrentes da legislação do trabalho ou acidente do trabalho.
- Preferência na Falência: Prevista no parágrafo único do artigo 186 e no artigo 188 do CTN. Na falência o crédito tributário prefere a todos, mas tem várias exceções, quais sejam, não preferem aqueles decorrentes da legislação do trabalho ou acidente do trabalho, aos denominados créditos extraconcursais e importâncias passiveis de restituição, como também não preferem aos créditos com garantia real. As multas tributárias somente preferem aos créditos subordinados.
- Preferência no espólio: Disposta no artigo 189 do CTN. O crédito tributário prefere a qualquer outro nos processos de inventário ou arrolamento, a cargo do de cujos ou do seu espólio.
- Preferência na liquidação: Disposta no artigo 190 do CTN. O crédito tributário prefere a qualquer outro nos processos de liquidação judicial ou voluntária de empresas.
Administração Tributária
A Administração Tributária corresponde a uma parcela da Administração Pública, na parte ligada a atividade financeira do Estado, ao tratar da receita tributária.
É o Estado administrador que, agindo sob o império da lei criada pelo Estado legislador, exerce essa função administrativa, através das diversas pessoas jurídicas de direito público (União, Estados, Distrito Federal e Municípios, bem como suas autarquias), cada qual com sua competência, seus órgãos, suas repartições e seus agentes (servidores públicos).
Assim, o Estado, através da Administração Tributária, acompanha, controla e fiscaliza o cumprimento das normas tributárias, adotando, sempre que necessário, medidas coercitivas à sua observância, tudo no interesse da arrecadação e gestão das receitas tributárias.
A Administração Tributária é, assim, o conjunto de atos administrativos voltados para o controle da receita tributária; é o procedimento destinado: 
● À verificação do cumprimento das obrigações tributárias
● À adoção de medidas necessárias (em geral, pela aplicação de penalidades) para obrigar os respectivo sujeitos passivos (devedores) a esse cumprimento; e, por fim,
● À homologação (quitação) dos correspondentes créditos tributários.
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