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História da História da Educação

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História da Educação: 
o ofício do historiador, as fontes históricas, a produção historiográfica
Universidade de Caxias do Sul
Professora: Dra. Terciane Ângela Luchese
Para quê a História da Educação?
Para cultivar um saudável ceticismo.
Para compreender a lógica das identidades múltiplas.
Para pensar os indivíduos como produtores de história.
Para explicar que não há mudança sem história.
(NÓVOA, 2004, p. 1o e 11).
A história cultural ou nova história cultural
Olhar interdisciplinar.
Cultura – objeto movediço e polissêmico. (p/ Morin é uma “palavra armadilha”).
Objetos de pesquisa multifacetados, para além da política (também renovada) e da economia.
Alguns temas / objetos permanecem mas há renovação na abordagem.
Importa compreender, ao pesquisar o passado de grupos humanos:
Representações.
Produção, circulação e apropriação ( em muitos casos a conservação / preservação).
 Estratégias e táticas (Certeau).
O historiador como investigador, detetive…
Jornais
Colégio Elementar de Bento Gonçalves na década de 1920. Aos fundos o prédio da Intendência onde, no térreo, funcionou o Colégio até o ano de 1935. 
Projeção de como seriam as escolas municipais de Caxias do Sul – Secretaria de Obras Públicas do Estado 
Colégio Elementar Bento Gonçalves da Silva – Bento Gonçalves, prédio inaugurado em 1936. 
Legislação, atos, decretos…
Leis decretos e atos do Governo do Estado do Rio Grande do Sul em 1926. Porto Alegre: Oficinas Gráficas da Federação, 1927.
Decreto n. 3602 de 26 de janeiro de 1926.
Institui um grupo escolar na vila Garibaldi.
O Presidente do Estado do Rio Grande do Sul, no uso da atribuição que lhe confere a Constituição, art. 20, n. 25, e em conformidade com o Decreto n. 874, de 28 de fevereiro de 1906, resolve instituir um grupo escolar na vila de Garibaldi, município do mesmo nome.
Façam-se as necessárias comunicações.
Palácio do Governo, em Porto Alegre, 26 de janeiro de 1926.
A. A. Borges de Medeiros, Protásio Alves.”
Relatórios de autoridades públicas como intendentes, governadores, presidentes.
Cartas, correspondências
LISTAS DE MATERIAIS ENVIADOS / RECEBIDOS PELAS ESCOLAS
DIÁRIOS DE PROFESSORES(AS)
LIVROS DE ATAS – REGISTROS DE TERMOS DE INSPEÇÃO
Livros de atas –
exames finais.
Quadros de formatura
As fontes ou documentos históricos
Considerar algumas especificidades…
Documento como fonte e objeto da análise
Documento como linguagem e gênero
Crítica documental: veracidade, condições de produção e circulação, a apropriação posterior.
HISTÓRIA ORAL
PROJETO ECIRS
ENTREVISTADORA: Professora Liane Beatriz Moretto Ribeiro
INFORMANTE: Isolina Rossi
DATA DE NASCIMENTO: 04 de setembro de 1898
DATA: 1o de outubro 1985
LEGENDA: E - Entrevistadora - I - Informante
PROJETO: Influência da Escola - segmento Educação
LOCAL DE NASCIMENTO: Av. Júlio de Castilho, centro - Caxias do Sul. 
E - A senhora sempre ensinou em português?
I - Sim.
E - As crianças falavam o português com a senhora?
I - Sim, agora tu vê, exigiam tanto. Cada vez que eu vinha à cidade, porque em Caxias era Campo dos Bugres. Eles não diziam vou prá Caxias, “vao al campo”. Eu trazia uma aluna comigo, de solteira, para que se civilizasse um pouco. Té esses dias o Albino Formolo, ele ensinou, não aprendia o português ele pegava os alunos em casa, dava comida, janta e dormia lá e ensinava lá. Uma vez, uma porque não aprendia o catecismo, amarrei uma corda na mina cintura e nela e vinha atrás, fazendo o serviço e Pai-Nosso Creio em Deus Pai...
O historiador como tecelão…
A partir dos fios (documentos) vai tecendo história(s) do passado humano.
“A história humana não se desenrola apenas nos campos de batalha e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais entre plantas e galinhas, nas ruas dos subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros de esquinas. Disso eu quis fazer minha poesia. Dessa matéria humilde e humilhada, dessa vida obscura e injustiçada, porque o canto não pode ser uma traição à vida, e só é justo cantar se o nosso canto arrasta as pessoas e as coisas que não tem voz.” 
	(Ferreira Gullar).
Referências:
BOURDÉ, Guy e MARTIN, Hervé. As escolas históricas. Portugal: Publicações Europa-América. 1983.
BURKE, Peter. A Escola de Annales (1929 - 1989): a Revolução Francesa da Historiografia. Trad. Nilo Odalia. São Paulo: UNESP, 1997.
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BURKE, Peter. O que é História Cultural? Tradução de Sérgio Góes de Paula. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre práticas e representações. Tradução de Maria Manuela Galhardo. 2 ed. Lisboa,Portugal:DIFEL,2002 . (Coleção memória e Sociedade).
CHARTIER, Roger. A história hoje: dúvidas, desafios, propostas. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, vol 7, n 13: 1994. p. 97-113.
CHARTIER, Roger. O mundo como representação. Estudos Avançados. São Paulo: Instituto de Estudos Avançados, USP, v. 5, n. 11, jan/abr., 1991.
CHARTIER, Roger. Epílogo. As práticas da história. In: ___________. Cultura escrita, literatura e história. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.
FALCON, Francisco José Calazans. História Cultural: uma visão sobre a sociedade e a cultura. Rio de Janeiro: Campus, 2002.
GRUZINSKI, Serge. O historiador, o macaco e a centaura: a “história cultural” no novo milênio. Estudos Avançados, v.17, n.49, 2003, p.321-342. 
HUNT, Lynn. A Nova História Cultural. 2. ed. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
PESAVENTO, Sandra J. História & História Cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
 
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