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Febre Aftosa 1

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Febre Aftosa
Classificada na lista A do Código Sanitário Internacional a febre aftosa é um grande desafio para o Brasil, observando-se que barreiras comerciais limitam as exportações de carne e impedem o acesso do produto a novos mercados (LIMA, 2005). 
A febre aftosa foi descrita no Brasil a partir da importação de reprodutores bovinos de raças europeias, ao mesmo tempo em que ocorre o crescimento da atividade agropecuária comercial, os primeiros focos da febre aftosa foram constatados em 1895. Na década de 60 ocorre a institucionalização da campanha de combata à febre aftosa, bem como, a implantação de infraestrutura laboratorial, treinamento de pessoal e a conscientização dos produtores envolvendo o Banco do Brasil com linha de crédito àqueles eu adotassem as ações preconizadas. As décadas seguintes então ficam marcadas pela implantação de sistemas de informação, programas de controle de qualidade da vacina, identificação de áreas problemas através do estudo do trânsito animal em relação a ocorrência da doença (LYRA; SILVA, 2008).
 
Etiologia
	A febre aftosa ou foot-and-mouth disease (FMD) é uma enfermidade infecciosa altamente contagiosa causada por um dos menores vírus dentre os patogênicos para animais e para o homem. Foi classificado na família Picornaviridae, gênero aphtovirus (TREZENTI; ZAPPA, 2013).
	Segundo CARRILLO et al., 2005, o vírion é composto de um capsídeo icosaédrico sem envelope e por uma molécula de ácido ribonucleico (RNA) de aproximadamente 8.400 nucleotídeos.
O agente etiológico esta agrupado em sete tipos virais distintos causadores de febre aftosa. De nosso principal interesse estão os tipos que ocorrem na América do Sul que são A, O e C, que além de nosso continente, apresentam ocorrência na África e Ásia. Na África estão encontrados são encontrados outros três sorotipos que designou como SAT 1, SAT 2 e SAT 3. E no continente Asiático é encontrado o sorotipo ÁSIA 1 (BEER, 1999).
Epidemiologia
	
	A febre aftosa ocorre principalmente em bovinos, bubalinos, suínos, ovinos e caprinos, porém a doença é capaz de afetar qualquer animal artiodáctilo, doméstico ou selvagem os quais podem servir como reservatório do vírus (OIE, 2008). Os equídeos são totalmente refratários a febre aftosa. Rebanhos de todas as idades são susceptíveis, a febre aftosa (VERONESI, 2004).
	A febre aftosa não é um tipo de doença mortal, em um rebanho chega a 2% o índice de mortalidade em adultos e 20% entre os animais jovens, isto ocorre, pois, animais apresentam lesões orais graves dificultando assim a alimentação, também pela dificuldade de locomoção ou por lesões graves no miocárdio. Em contrapartida a morbidade da doença é bem elevada, e sua propagação em um rebanho é rápida, por ser uma enfermidade que ocorre na forma de surto normalmente uma semana após o aparecimento do primeiro animal doente, todos os outros apresentarão a doença, podendo se propagar entre rebanhos antes de ser controlada (TREZENTI; ZAPPA, 2013). 
Uma junção de baixa temperatura, alta umidade e ventos moderados afetam a difusão do vírus podendo alcançar locais distantes de até 10 km do foco original (PIRES, 2010). Assim como a difusão do vírus ocorre através do vento, o homem também desempenha papel importante na disseminação do vírus, isso ocorre quando o indivíduo entra em contato com focos da doença e vão para outras propriedades sem se atentarem para a higienização adequada de roupas e veículos. Após uma visita em uma propriedade com animais infectados o ideal recomendado é não visitar nenhum outro lugar por um período de 72 horas, e veículos devem ser desinfetados com carbonato de sódio a 5%. A febre aftosa é zoonose, a transmissão ao homem se dá através do contato direto com animais enfermos e com secreções e excreções e ingestão de leite não pasteurizado (TREZENTI; ZAPPA, 2013).
A entrada do vírus ocorre geralmente através das mucosas das vias digestivas por meio da ingestão de água e alimentos contaminados e/ ou pela via respiratória pelo contato com gotículas de ar expirado pelos animais doentes, o vírus é expelido para o meio ambiente através de todas as secreções e excreções dos animais doentes (lágrimas, secreções nasais, saliva, sêmen, leite, urina e fezes). Devido a sua alta taxa de contagiosidade e pela grande quantidade de agente eliminado por cada animal doente, rapidamente a doença se instala e dissemina para todo o rebanho, fazendo-se então necessário o rápido isolamento do animal logo após o aparecimento dos primeiros sinais clínicos (VERONESI, 2004).
	No rebanho bovino o primeiro local observado de infecção do vírus é a faringe, logo após poucos dias de viremia observa-se o aparecimento do vírus no leite e na saliva por até 24 horas antes do aparecimento de vesículas na boca. O período de alta transmissão se dá quando as vesículas estão drenando líquido, neste líquido se encontra o vírus em sua concentração máxima. Após a infecção os bovinos albergam nas células da garganta, nos gânglios linfáticos e na medula óssea o vírus causador da febre aftosa por períodos variáveis de tempo (TREZENTI; ZAPPA, 2013).
Sinais Clínicos 
	Um período de incubação de três a oito dias, na maioria das espécies (podendo chegar a até 21 dias), é seguido pelos primeiros sinais da doença, manifestados na forma de uma profusa sialorreia que é característica da doença, e rinorreia, inicialmente serosa evoluindo para mucopurulenta. Os animais também apresentarão febre entre 40 e 41ºC, anorexia, depressão e vesículas dolorosas no palato, lábios, gengivas, narinas, espaços interdigitais e bandas coronárias das patas. Muitas vezes ao segurar a língua para a realização do exame, todo o epitélio da mesma se desprende ocorrendo então a exposição do tecido musculas e intenso sangramento (PIRES, 2010).
	Em rebanhos leiteiros a doença resulta em queda na produção de leite até o final do período de lactação e lesões nos úberes das fêmeas lactantes, que podem transmitir a doença aos bezerros. A mastite é evidente e grave, devendo-se então esgotar as vacas para minimizar o sofrimento e realizar tratamentos antimastíticos, ainda assim esses procedimentos geram sofrimento ao animal, pois a ordenha manual ou mecânica lesa muito o epitélio dos tetos, podendo ocorrer a perda do mesmo com sangramento e dor intensa (TREZENTI; ZAPPA, 2013). 
Prevenção e Controle
	A prevenção e o controle da enfermidade no Brasil estão baseados no Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA), que prevê calendário de vacinação de bovinos e bubalinos regionalizado, controle interno e de fronteiras sobre o trânsito de animais, ações organizadas de emergência em casos de focos, monitoramento soroepidemiológico e campanhas de educação sanitária. No Brasil, é recomendada vacina oleosa, polivalente (A, O e C) e inativada produzida em cultivo celular em monocamadas ou suspensão. Além disso, antes da comercialização, as vacinas contra febre aftosa são submetidas a rigoroso controle de qualidade, no qual são avaliadas esterilidade, inocuidade, potência e estabilidade térmica (DE SOUZA,2007).
Como há possibilidade de tratamento para febre aftosa, pois todos os animais acometidos devem ser sacrificados, bem como todos os contactantes susceptíveis, mesmo não apresentando o quadro clinico da enfermidade (PIRES, 2010).	
Estados livres de febre aftosa sem vacinação
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publica no Diário Oficial da União, a Instrução Normativa nº 52, reconhecendo como livres de febre aftosa sem vacinação os estados do Acre, Paraná, Rio Grande do Sul e Rondônia. Foram reconhecidas também regiões do Amazonas (Apuí, Boca do Acre, Canutama, Eirunepé, Envira, Guajará, Humaitá, Itamarati, Ipixuna, Lábrea, Manicoré, Novo Aripuanã, Pauini e parte do município de Tapauá) e do Mato Grosso, composta pelo município de Rondolândia e partes de Aripuanã, Colniza, Comodoro e Juína (MAPA).
Para realizar a transição de status sanitário, os estados e regiões atenderam requisitos básicos, como aprimoramento dos serviços veterinários oficiaise implantação de programa estruturado para manter a condição de livre da doença, entre outros, alinhados com as diretrizes do Código Terrestre da Organização Mundial da Saúde Animal (OIE).As ações previstas no Plano Estratégico foram organizadas na forma de 16 operações, agrupadas em quatro componentes: a. ampliação das capacidades dos serviços veterinários; b. fortalecimento do sistema de vigilância em saúde animal; c. Interação com as partes interessadas no programa de prevenção da febre aftosa; d. realização da transição de livre com vacinação para zona livre sem vacinação em todo o país (Livrinho PE).
 De acordo com a Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril de Rondônia (Idaron), reconhecimento nacional agora obtido é uma consequência natural das ações planejadas e até então executadas, tais como exame sorológico em quase 10 mil bovinos para comprovação da ausência de circulação viral da febre aftosa em propriedades rurais rondonienses, aumento de ações fiscalizatórias em áreas de divisas com outros estados e fronteira com a Bolívia, fortalecimento na infraestrutura da Agência, contratação de médicos veterinários, dentre outros.
Esse processo de ampliação de área livres sem vacinação requer uma série de ações que devem ser desenvolvidas por todos os atores ligados ao processo. Nesse sentido, deve-se ter uma avaliação de etapas-chave como: a zonificação adequada, a existência de apoio político financeiro, um comprometimento e participação ativa do setor produtivo em especial, dos produtores rurais, uma boa avaliação do serviço veterinário estadual e ter um nível adequado de proteção quanto a uma possível introdução do vírus na zona. Para cumprimento dessas etapas, várias ações foram previstas conforme descritas no PE. Não obstante, além dessas etapas descritas, com suas respectivas ações, o MAPA precisa ainda considerar em suas decisões outros aspectos estruturantes e operacionais igualmente importantes, tratados com maiores detalhes nas outras operações do PE, como: a. Nível satisfatório de interação com as partes interessadas no programa de prevenção da febre aftosa; b. Nível de cooperação internacional adequado, especialmente com países vizinhos à zona em transição; c. resultados satisfatórios nas avaliações dos SVEs envolvidos na zona em transição; d. Implementação das medidas de redução de vulnerabilidades e gestão de riscos para febre aftosa; e. Atualização da base legal, manuais de procedimentos e capacitações; f. Aprimoramento dos mecanismos de atualização e controle do cadastro agropecuário na zona; g. Interligação dos sistemas de controle de cadastros agropecuários, do controle da movimentação animal e de produtos na zona; h. Fortalecimento do sistema de vigilância geral e específico; i. Sustentação dos mecanismos de financiamento do SVO; j. Fortalecimento da rede diagnóstica para doenças vesiculares e diferenciais; k. Acesso a bancos de antígenos e vacinas assegurado para emergências sanitárias (IDARON).
 	Para o cumprimento das ações e monitoramento dos novos estados e regiões agora reconhecidos como livre de febre aftosa sem vacinação, os mesmos deverão obedecer algumas normas previstas nas instruções normativas de nº 37, de 27 de dezembro de 2019 e instrução normativa nº 23, de 29 de abril de 2020, as quais deliberam sobre a proibição e ingresso e incorporação de animais vacinados contra febre aftosa; quanto ao trânsito de animais vacinados, tendo que ser previamente estabelecidas rotas por esses estados e regiões de acordo com o Serviço Veterinário Oficial (DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO)
Referências
BEER. J. Doenças infecciosas em animais domésticos. Ed.Roca. Pg. 2-23. 1999.
BRASIL, instrução normativa nº 23, de 29 de abril de 2020, DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO, Publicado em: 30/04/2020, Edição: 82, Seção: 1, Página: 15.
BRASIL, instrução normativa nº 37, de 27 de dezembro de 2019, Diário Oficial da União, Publicado em: 30/12/2019, Edição: 251, Seção: 1, Página: 122.
CARRILLO, C.; TULMAN, E. R.; DELHON, G.; LU, Z.; CARRENO, A.; VAGNOZZI, A.; KUTISH, G. F.; ROCK, D. L. Comparative genomics of foot-and-mouth disease virus. Journal of Virology, Washington, DC, v. 79, p. 6487-504, may. 2005. Issue 10.
DE SOUZA, V. F. Epidemiologia, patogenia, diagnóstico, prevenção e controle da febre aftosa. Embrapa Gado de Corte-Documentos (INFOTECA-E), 2007.
LIMA, R.C.A. Febre aftosa, impacto sobre as exportações brasileiras de carnes e o contexto mundial das barreiras sanitárias. Disponível em: www.cepea.esalq.usp.br/pdf/CEPEA-ICONE_Aftosa%20(final).pdf.2005. Acesso em 12/09/2020.
LYRA,T.M.T; SILVA,J.A. Evolução do Conhecimento Científico e Sua Aplicação nas Políticas Públicas de Controle e Erradicação da Febre Aftosa no Brasil, 1950-2008. A Hora da Veterinária. Dmiranda, p.17 – 21. 2008.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sanidade-animal-e-vegetal/saude-animal/programas-de-saude-animal/febre-aftosa/vacinacao/Plano_estrategico_versao_2019pt.pdf, Acesso em 17/09/2020.
PIRES, A.V. Bovinocultura de corte. Volume2. Editora: gráfica. Piracicaba. FEALQ. 2010.
TREZENTI, A. D. S.; ZAPPA, V. FEBRE AFTOSA–REVISÃO DE LITERATURA. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, 2013.
VERONESI, R.; FOCACCIA, R. Tratado de infectologia. 2 ed. Ed. São Paulo Atheneu. Pg. 252-253. 2002.

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