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3 
 
JESSÉ VITORINO DA SILVA JÚNIOR 
 
 
 
 
 
 
Texto Sagrado III 
Livros Poéticos 
 
 
 
 
 
 
 
SOBRAL 
2018 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
 
Palavra do Professor autor 
Sobre o autor 
Ambientação à disciplina 
Trocando ideias com os autores 
Problematizando 
 
Unidade 1 - Escrita Poética Sabedoria 
Escrita Poética Sapiencial 
Sabedoria Judaica 
 
Unidade 2 - SALMOS - PROVÉRBIOS – JÓ 
Salmos 
Anexo A 
Provérbios 
O livro de Jó 
 
Unidade 3 - CÂNTICO DOS CÂNTICOS – ECLESIASTES 
Cânticos dos Cânticos 
O livro de Eclesiastes 
 
Unidade 4 - SABEDORIA DE SALOMÃO – ECLESIÁSTICO 
A aliança veterotestamentária diante dos apócrifos dos pseudoepígrafos 
Sabedoria 
Eclesiástico 
 
Explicando melhor a pesquisa 
Leitura Obrigatória 
Pesquisando na internet 
6 
 
Saiba Mais 
Vendo com os olhos de ver 
Revisando 
Autoavaliação 
Bibliografia 
Bibliografia da Web 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Palavra do Professor 
 
Adentrarmos em um rico acervo de expressões poético-filosóficas 
inspiradas pelo Santo Espírito do Criador é incomparável, a oportunidade de 
observar a composição de um conhecimento que transcende a racionalidade e 
se faz de maneira conjunta da vivência existencial do ser e seu desfrute da 
constante diária presença influente de Deus, que gera harmoniosa relação de 
produção relacional em aprendizagem e devoção. 
Discorrer sobre tal temática na Sagrada Escritura sempre se faz por 
momento substancial que se apresenta como deleite ante o esplendor da via de 
vivência entre o Deus que ama e sua criatura profundamente amada. Criatura 
esta dotada de produção intelectual que dentro dos escritos sagrados assume 
expoente distintivo enlevo, pois diante das mais diferentes culturas se 
apresentam como uma sabedoria distinta: Produção intelectual humana movida 
por uma realidade de partilha – Deus e o Homem, lado a lado, gerando um 
conhecimento de vida e existência, firmados em lutas e batalhas ante as 
adversidades da existência. 
O aluno, caso opte pela reverência do sorver da preciosa oferta de 
conhecimento que tais livros (como dádivas) se propõem a graciosamente 
ofertar, certamente encontrará substancial tesouro que o proverá de humilde 
sabedoria e o dotará de vislumbre salvífico, pelo Deus de amor. 
Cântico 5 
8. Filhas de Jerusalém, eu vos conjuro: 
Se encontrardes o meu amado, 
Que lhe direis? ... Dizei 
Que estou doente de amor! 
 
 
8 
 
Sobre o Autor 
 
JESSÉ VITORINO DA SILVA JÚNIOR - É graduado em Teologia e Especialista 
em Ciências da Religião pelas Faculdades INTA. Realiza trabalhos 
evangelísticos disseminando a filosofia do Cristo Ressurrecto, o kerigma do 
evangelho vivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
Ambientação 
 
Nesta obra, apreciaremos de forma panorâmica, alguns livros que se 
encontram na terceira seção do cânon judaico reconhecido pelo título de 
Escritos (heb. Ketûbîm). Livros também designados pelo termo grego de 
hagiographa ou “escritos sagrados”, segundo os pais da Igreja. Inicialmente 
abordaremos os livros do cânon oficial e encerraremos com os apócrifos ou 
deuterocanônicos, obras que não se encontra deste agrupamento. 
 
Cânon - “Canon. (I) C. da Sagrada Escritura. C. vem do gr.m o w ó v : 
régua de caniço (Ez 40,3.5), medida (óu:campo determinado: 2Cor 10,13.15; n 
o r m a de vida: Gál 6,16) ou lista de livros;” (...) Born, A. Van Den. Dicionário 
Enciclopédico da Bíblia, Rio de Janeiro:Vozes, 1977. p. 232-233 
 
A Bíblia Hebraica compõe-se de 24 livros repousando em três grandes 
seções: Lei (Torah), Profetas (Nebiim) e Escritos (Ketubim). Interessante 
observar em Lucas 24.44 tal referência, onde cita-se Lei, Profetas e Salmos. 
Salientamos que tais 24 livros correspondem aos 39 da Bíblia Protestante. Uma 
observação se torna pertinente: devido a enumeração em distinto de cada um 
dos Profetas Menores e se utilizar separação entre 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 
e 2 Crônicas, Esdras e Neemias, aporta-se inevitavelmente em uma realidade 
numérica maior. Contudo são os mesmos livros. E todos perfazem o enredo dos 
canônicos. 
Na Bíblia Protestante teremos em acordo com o cânon: Jó, Salmos, 
Provérbios, Eclesiastes e Cânticos dos Cânticos ou Cantares de Salomão. E 
serão estes os que contemplaremos neste trabalho. 
No conjunto desta produção intitulada Escritos é importante 
compreendermos que a Revelação estava sendo apresentada como redação, 
numa grafia de forma de gradativa percepção compreensiva, ou seja, Deus, 
10 
 
poética, sábia e diligentemente de maneira eficaz, norteava Israel para uma 
aliança nova que inevitavelmente se aproximava. Estas Obras inspiradas por 
Deus constituíam vestígios exegéticos que a hermenêutica da cruz promoveria 
em salvação a todo o que crer, em espírito e verdade, na boa nova do amor, 
trafegando brilhante enredo neotestamentário. 
 
 
 Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a 
vida eterna, e são elas que de mim testificam; 
Jo 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
Trocando ideias com o autor 
 
Neste trabalho contempla-se com uma sintética e panorâmica incursão, 
obras do Velho Testamento que abordam estilos de poesia e sabedoria bíblicas. 
Livros comuns ao cânon judaico e protestante são colocados numa breve 
coletânea ao lado de escritos intitulados em determinados círculos teológicos por 
apócrifos ou em outras instâncias interpretativas de deuterocanônicos. Seriam 
eles: Sabedoria de Salomão e Eclesiástico. 
Numa linguagem acessível, sempre buscando a relevância em cada 
tema abordado, o texto flui de maneira leve e constante. Existe a preocupação 
em evitar vias de vastos aprofundamentos teóricos, buscando sempre a didática 
de estilo direto e conciso, sem perder a valia acadêmica do material apresentado. 
Ideal para quem busca noções acadêmicas e não dispensa as isenções 
da produção científica, esta apostila detém vasta bibliografia em que autores 
católicos apostólicos tanto romanos quanto protestantes são considerados para 
recorrentes fins de embasamento adequado. 
Sugerimos para um aprofundamento na temática, a leitura das 
obras: 
 
 A literatura de Sabedoria do Antigo Testamento é 
contemplada com esmero na obra apresentada. Livros dos 
Provérbios, Jó, Eclesiastes, Sabedoria de Salomão, 
Eclesiástico, são abordados com maestria. Também o texto 
é enriquecido com um capítulo dedicado a Sabedoria 
Veterotestamentária e o Novo Testamento. Assim, Israel e o 
mundo antigo recebem do autor um eficiente olhar crítico 
perante suas produções sapienciais confeccionadas. 
 
12 
 
CERESKO, R. Anthony. A Sabedoria no Antigo Testamento – Espíritualidade 
Libertadora. 1ª. Ed. São Paulo: Paulus. 2004 
 
 
O autor nos agracia com este excelente 
livro que aborda inicialmente os livros da Bíblia 
Hebraica chamados Escritos. E em um segundo 
momento encerra a obra com três capítulos 
dedicados aos livros Deuterocanônicos. 
Abrangente e integral, esta obra torna-se completa, 
ideal a quem busque compreensão a literatura do 
Velho Testamento. 
 
 
 
MOMLOUBOU, L. et al. Os salmos e os outros escritos. São Paulo: Paulus, 
1996. 
 
 
GUIA DE ESTUDO 
 
No decorrer das leituras esboce fichamentos e ao término tente 
promover uma releitura geral para avaliar seu entendimento das duas obras. 
Disponibilize no ambiente virtual. 
 
 
 
 
 
13 
 
Problematizando 
 
Os livros classificados como Livros Poéticos também são conhecidos 
como Sapienciais. Isso porque trata da sabedoria e da espiritualidade do povo 
de Israel. A sabedoria muitas vezes é confundida como acúmulo de 
conhecimento, constituindo de um conhecimento puramente teórico ou 
especulativo.Porém, essa não é a sabedoria apresentada nos livros poéticos. A 
sabedoria apresentada é algo como o bom senso no discernimento das 
situações, adquirido através da meditação e reflexão sobre a experiência 
concreta da vida, algo aprendido na prática e que levaria à arte de viver bem. 
Assim, nos livros sapienciais encontram-se reflexões que brotam de problemas 
que povoam o dia-a-dia da vida de qualquer pessoa que busca o caminho da 
realização e felicidade. A experiência comum é mostrada como lugar da 
manifestação de Deus e da revelação do seu projeto, ou seja, Deus falaria 
através da experiência do povo. 
 
GUIA DE ESTUDO 
No mundo atual marcado pelo conhecimento cientifico tecnológico, como 
a sabedoria pode auxiliar as pessoas a viver um modo de vida mais autêntico e 
feliz? 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
Escrita Poética 
Sabedoria 
1 
 
 
Conhecimento 
 
Conhecer sobre Escrita Poética e Sabedoria no universo Hebraico do 
Velho Testamento. 
 
Habilidade 
 
Reconhecer os assuntos tratados no contexto estado. 
 
Atitude 
 
Desenvolver textos com argumentos critico-reflexivos diante do contexto 
apresentado. 
16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
Escrita Poética Sapiencial 
 
Dotada de estilos literários próprios, esta modalidade de escrita impõe 
singularidade e influência na Sagrada Escritura veterotestamentária. Estas 
marcas de produção textual, estas modalidades de escrita demonstram a riqueza 
deste gênero literário. Vejamos em tópicos tais estilos de formas literárias dos 
escritos sapienciais. 
 
 Poesia 
Na Poesia Hebraica a característica mais reconhecida entre os versos 
seria a repetição de ideias, relatada como paralelismo. Uma afirmativa é exposta 
e na sequência, com outras palavras, a ideia da assertiva anterior é reiterada. 
Temos R. Lowth, pela primeira vez fez notar tal peculiar característica 
poética hebraica. 
 Richard Lowth foi o primeiro a chamar a atenção sobre um elemento 
fundamental da p. hebr.: a dúplice, às vezes tríplice repetição da mesma ideia 
em termos diferentes, chamada por ele parallelismus em brorum , figura 
estilística que brotou do modo tipicamente semítico de pensar e, ainda mais, de 
sentir; i.” Born, A. Van Den, Dicionário Enciclopédico da Bíblia, Rio de Janeiro: 
Vozes, 1977. P. 1194-1195. 
Assim, explorando a repetitividades, consideramos dentro do estilo as 
seguintes formas como tipos: LASOR, William S. et al. (2003 p.249-252) 
 
1. Sinonímico: Duas vezes a mesma ideia é apresentada, apenas mudando 
palavras, mas permanecendo o mesmo sentido. 
 SL 103.10. 
 Eclo 13,1 
18 
 
 
2. Antitético – Através do contraste (ou oposição) o segundo segmento afirma 
o sentido do primeiro. 
 Pv 10.1 
 Pv 10.2 
 
3. De especificação – As afirmativas expressas nas duas linhas do verso, não 
expressam de imediato à mesma significação se tomadas de forma 
independente. Mas no contexto sequencial, percebe-se de imediato que a 
primeira afirmação é a estrutura que abrigará a fundamentação redigida na 
segunda linha. 
 
 Am 1.7 
 Is 1.16c-17 
 
Também se faz por adequado citarmos os gêneros sapienciais, expondo 
a riqueza de tal estilo semítico de literatura, realidades que também residem na 
expressão da sabedoria literária hebraica: CERESKO, Anthony R. (2004, P. 39) 
e MOMLOUBOU, L. et al. (1996, P. 30 e P. 132-133). 
 
 Provérbio (mashal) curto: Um versículo de dois ou três versos, 
sintetizando o que se compreende por provérbio, sentença, máxima, 
adágio, apotegma, aforismo, ditado. Jr 23,28, 1Sm 24,14; Is 22,13; Jr 
23,28). 
Provérbios apresentam-se como: Afirmações (Pr 10,1ss), exortações (Pr 
3,9), interrogações (Pr 6,27). 
 
19 
 
 Parábolas: Encontramos em (Is 5,1-7; 10,15; 28,23-29); (Jr 18,10-11), e 
também (2Sm 12,1-7) no diálogo entre Davi e Natã onde se faz referência 
a ovelha. 
 
 Alegorias: Conjunto de comparações, cabendo sua interpretação 
individual. (Ecl 11,9 – 12,9); (Ez 15 – 17; 19, 1-9; 31, 1-18). 
 
 Enigmas: Componente que se insere nas tradições do povo (Jz 14, 10-
20) e adotado no contexto da sabedoria (1Rs 10,1; Pr 1,5s; Dn5,12). 
 
 A Fábula ou o apólogo: Temos um poema ou narração instrutiva. Em (Jn 
2, 1.11; 4,6-10) envolvendo animais e plantas; em (Jz 9,8-15), disfarçando 
uma crítica e em (2Rs 14,9s) escarnecendo de pessoas, profissões ou 
orientações impopulares. 
 
 Listas enciclopédicas. O onomástico: Ato de nomear, gerar uma 
relação, confeccionar uma coleção: (Sl 104; 148); (Jó 28; 36,27 – 37,13; 
38, 4 – 39,30); (Eclo 42,15 – 43,33). 
 
 Cadeias de Provérbios, onde se reúnem vários mashals: 
 
1) Iniciados pela mesma letra hebraica (Pr 11,9-12; 20,7-9; 22,2-4) 
 
2) Iniciam pelo mesmo termo. “Coração” em 15,3-4; “bom” em 15,16-17 
 
3) Retornam ao mesmo conceito, como uma espécie de código. Temos: 
a) Responder, em Pr 26,4-5; 
b) Rei, em 16, 10.12-15; 
c) O insensato, em 26,1-12; 
d) O preguiçoso, em 26,13-16. 
 
20 
 
4) Reunidos sob a mesma temática: 
a) Pr. 6, a fiança (vv.1-5), a preguiça (vv.6-11), a falsidade (vv. 12-15); 
b) Pr 26,17-22, as brigas 
c) Pr 27,5-10, a amizade. 
 
 
 Acrósticos (Pv 31.10-31) e (Sl 9-10, 25, 34, 37, 111,112, 119 e 145): 
Iniciando com letras em disposição alfabética. 
 
 
 Aliteração (Pv 8,27), (Pv 13, 3.14): Numa repetição de fonemas idênticos. 
 
 Proverbio Numérico: Por gradação ou acréscimo, como (x/x+1): Am 1,3-
13; Pv 30.15-31; 6,16-19; 30,15-30; Ecl 11,2; Eclo 23,16; 25,7-11; 26,5s; 
26,28. 
 
 Poema didático: Em Pv 8 e 9; Jó 18,5-21, retrata o destino do mau; Jó 
28 relata sobre a inacessibilidade da Sabedoria pelo homem; o Sl 37 e 
seus indicativos sobre retribuição aos justos e ímpios; ou o SL 78, e sua 
ponderação, sábia meditação inspirada no Deuteronômio. 
 
 A adivinhação (Jz 14,10-18): Temos esta forma literária que apenas 
aparece uma ou duas vezes no Antigo Testamento. 
 
 O Hino (Pr 8,12-18; Jó 28; Pr 1,20-33): Oriundo do culto no templo 
contudo utilizado como via de tráfego para artefatos literários de 
sabedoria. 
 
21 
 
 A “confissão” ou narrativa autobiográfica: (Pr 24,30-34; Pr 4,6-9; Ecl 
1,12-2,26): através de um locutor há exposição de conselhos ou a partir 
de experiência própria, emite considerações. 
 
Esta breve introdução ao universo sapiencial poético judeu nos leva a 
refletir sobre as dimensões imensuráveis que a Sagrada Escritura possui em 
termos de graciosa beleza, numa estética não tão somente espiritual quanto 
física. Autografada através de primorosa inspirada escrita. E um destaque deve 
ser referido com exatidão: como todo este acervo de vida está disponível ao que 
busque sabedoria. Livremente colocado pelo Criador como dádiva ao que 
requeira em espírito e verdade, receber o único conhecimento que conduz à 
salvação eterna! 
 
Sabedoria Judaica 
 
Questões se fazem necessárias ao iniciarmos investida nesta temática 
sapiencial. Colocações como: - O que é sabedoria? e O que é conhecimento? - 
Ao nos debruçarmos sobre o dicionário fica bem nítida a diferença e mais ainda 
quando empregamos tais conceitos em nível de Escritura presente em Livros 
como Eclesiastes, Provérbios e Jó. Também o Cântico dos Cânticos ou alguns 
salmos, tudo muito se aprende e também se apreende. 
Aprender pode ser colocado como um movimento de fora para dentro. 
Num acúmulo e reserva de itens, provisão dados e estoque infinito de símbolos 
e sinais. Em solitária unidade o ser age. Apreender – de maneira contrária - 
estaria mais objetivado a ser interpretado como um mover de dentro para fora 
em que a inspiração divina consegue formular inteligibilidade reagindo 
interpretativamente ante a realidade externa. Em comunidade o ser e Deus, 
interagem. E de tal via dupla, a fluidez ideal se faz! 
 
22 
 
A sabedoria judaica está inserida nesta relação interativa onde Deus 
torna-segrande motivador de decisões corretas ao ser que pode progredir 
existencialmente através de escolhas ideais. Oriunda de uma posição em que o 
Criador permeia todo o conteúdo da escolha do ser, esta modalidade se torna a 
marca indelével da Sabedoria Judaica diante de todo quadro sapiencial da 
Antiguidade. 
A vida existencial pode ser percebida como refém ou então coexistir 
submissa à natureza das escolhas que são tomadas. Então garantias de êxito 
são mais do que aceitas. Tornam-se essenciais. Quando estão em Deus, as 
escolhas tornam-se livres, caminho de exercício salvífico (Salvador) porque além 
de serem as mais adequadas de consideração, tais decisões atestariam que um 
salvo as tomou, já que tal indivíduo (por assim agir) constitui-se por prova nítida 
de fiel temerosa gratuidade ao senhor. De imediato, no universo hebraico, pode-
se enxergar sabedoria como um mover onde Deus se mostra no coração do fiel. 
Em um estado de parceria em que Ele é o promotor da sabedoria e o ser humano 
o meio da promoção. Inspirados por Deus os homens chamados “sábios” 
(hebraico hãkãm) produzem a verdadeira sabedoria (hokmãh). 
Homens que possuem primícias básica o temor ao Senhor (Pv. 9.10, Sl 
111.10). Temos o Espírito de Deus que promove uma interação criador-criatura 
e assim, a instrução, o saber gerado pelo indivíduo converte-se em piedosa 
expressão divina. Diferentemente das abstrações teóricas gregas, o saber 
judaico é prático. Não se retém a teorizações infinitas. Referimo-nos a um saber 
cuja produção não gera frutos sem sementes, não se limita aos âmbitos materiais 
apenas e somente, no entanto assume-se também como revelação imaterial 
contemplando a holística do ser. Seu alvo é claro, pois está voltada a um viés 
antropológico, pois o ser social e suas interações relacionais estão sob ótica de 
inferência. Deus capacita o Homem, a saber, e assim poder agir desconstruindo 
a realidade criada pela transgressão adâmica. 
Também ressaltamos que se denomina por sabedoria proverbial a que 
encontramos no Livro de Provérbios, sabedoria especulativa encontra-se 
disposta em Jó e Eclesiastes e sabedoria lírica configura o estilo exposto no 
Cântico dos Cânticos. 
23 
 
Consideremos 
 
A linha tênue que separa Sabedoria (ação de Deus) do Conhecimento 
(mover humano) é realidade inerente a um contexto perigoso e confuso. O 
insalubre reside nos frutos que se colhe no caso da ausência de Yahweh. 
A tempestade de entendimentos difusos se obtém da excessiva 
proximidade que há entre o que provém do trono do Altíssimo e do que a 
limitação do homem produz em tentativa de equiparação. Realidades com a 
estampa aparentando similaridade, mas não, nunca iguais. Numa analogia 
apropriada coloquemos lado a lado o Evangelho e a religião como artefato 
legalista. Assim respectivamente, das palavras de Deus a geração de vida se 
apresenta e se faz. Agora, da construção humana, sérias anomalias de 
hermenêuticas teológicas se fazem existir. Situações onde é preciso que o ser 
cresça e que Deus diminua. Um humanismo exacerbado que fecunda uma 
patologia diagramadora de um cinematográfico humor nefasto: o homem-criatura 
(médico) cria o seu deus de si projetado (monstro): 
 
Porque os costumes dos povos são vaidade; pois corta-se do 
bosque um madeiro, obra das mãos do artífice, feita com 
machado; Com prata e com ouro o enfeitam, com pregos e com 
martelos o firmam, para que não se mova. 
São como a palmeira, obra torneada, porém não podem falar; 
certamente são levados, porquanto não podem andar. Não 
tenhais receio deles, pois não podem fazer mal, nem tampouco 
têm poder de fazer bem. 
 
Jeremias 10.3-5 
 
 
 
 
Um conhecimento que é construído a partir do ouvir de Deus revela a 
Sabedoria como ensino de dádiva imortal que nos reconduz de volta ao Pai. 
24 
 
Jesus como menestrel do amor em sua encarnada forma didática supranatural, 
personifica este querigma (gr. kérygma). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
SALMOS, 
PROVÉRBIOS, 
JÓ 
2 
 
Conhecimento 
 
Noções necessárias para compreensão de cada livro. 
 
 
Habilidade 
 
Estar capacitado para explanar sobre os assuntos tratados 
nesta unidade 
 
 
Atitude 
 
Procurar empenho critico-reflexivo diante do contexto 
apresentado 
26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
Salmos 
 Panorama Sálmico 
Uma grande conversa com Deus. Um imenso diálogo que oferta 
meditações, modelos oracionais, confissões. Tudo o que de sublime é capaz de 
ser gerado pelo espírito do homem diante de seu Deus. Este é o livro de Salmos. 
Um poderoso veículo de edificação humana onde podemos compor um 
agradável modelo de analogia com um Pai conduzindo seu filho com segurança 
em suas primeiras tentativas de andar de bicicleta. Uma obra em que proteção 
(Sl 59), confiança (Sl 11), destemor (Sl 27) são presenças legíveis em linhas que 
transcendem o papel e nos possuem. 
Os Salmos foram em sua origem elaborados para uso em culto público. 
Uso devocional ou utilização didática, a mobilidade plural do emprego se faz por 
nítida. São amalgamadas camadas de história israelita, compostas por toda 
sorte de indivíduos que de uma forma ou de outra deixaram legado e este 
aparato cultural permanece inscrito neste livro. Fatos, tradições, situações, 
ditados, a holística desta gama de apanhados existenciais, estão aqui 
disseminados em forma de poesia religiosa. 
Este é um livro que se torna imenso agregado de múltiplas experiências 
vividas ao longo de aproximadamente 800 anos (MOMLOUBOU, L. et al. 1996, 
p. 68) pelo povo judeu, em si é, panorama da eterna presença de Deus, 
atestando sua presença que compõe a estrutura existencial de Israel. Como 
deposição de camadas de experiências e aprendizados, este receptáculo 
literário se faz por emblemática coleção cultural judia numa abrangência que 
comodamente se desloca da época anterior ao exílio a uma realidade de pós-
exílio. 
Uma reunião de louvores numa expressão de amor escrita em 150 versos, 
um compêndio de expressões de vida declamadas por poemas religiosos, 
composições que revelam uma relação de Deus e seus amados, destes amados 
e o Deus que tanto amam. Hinos, cânticos e poemas que encantam pela 
realidade que conseguem expor, retratando a empiria existencial de israelitas 
28 
 
numa alusão a situações cotidianas concretas que confluem a uma certeza: O 
amor de um Criador por sua criatura. 
Ao meditarmos neste livro, lidamos com uma inquietante (e correta) 
ideia: no conteúdo dos salmos ecoa um registro de síntese apurada por gerações 
(condensada como uma enciclopédia espiritual em forma poética) da essência 
das várias experiências com Deus na primeira Aliança. Acervo valioso onde nele 
é possível encontrar nuance literário veterotestamentário de inúmeros momentos 
sapienciais do povo hebreu, em um só livro. Segundo LASOR, William S. et al. 
(2003. P. 477) “Uma série de salmos empregam a linguagem e o estilo da 
literatura de sabedoria do Antigo Testamento: Provérbios, Jó e Eclesiastes”. Esta 
é uma impressão que demonstra perfeita integração de composição presentes 
na Escritura. Realização divina que realçam aos olhos, que marca e permanece, 
quando lemos estes poemas sálmicos. 
Como melodias, os salmos são prazerosos de guardar na memória, isto 
nos revela que todos foram confeccionados para serem entoados como cânticos. 
Recitando ou orando com um salmo, partilhamos de uma experiência em Deus, 
numa sinfonia de amor por seu povo, relatado na Escritura. 
 
 
 O Acervo nomeado e situado 
 
 Acomodando o livro 
Integrando parte do ketubim (terceira parte do Cânon hebraico), 
denominados Escritos Sagrados (hagiographos) pelos pais da igreja primitiva, o 
Saltério (gr. Psaltérion) está posicionado no início dos livros poéticos, pela 
Septuaginta e pela ordem latina na Vulgata, precedendo Jó. 
 
 
 
29 
 
 Designandoa obra 
 
Em hebraico é conhecido por tehilim ou tillim (cantos de louvor, 
louvores). Utilizam esta palavra apesar de mizmor (cântico entoado com 
acompanhamento musical) ser a palavra hebraica mais próxima de salmo. 
Orígenes, Hipólito e Jerônimo utilizam sefer tehillim. Pela tradição grega é 
referido por biblos psalmôn e na Septuaginta psalmoi. No Codex Alexandrinus 
encontramos o título de psalterion (instrumento de cordas ou uma coleção de 
cantos). Por metonímia, usa-se a terminologia de palavra cantada para salmos 
e coleção para saltério. 
 
 Uma obra em cinco livretes 
 
Temos uma coleção onde 150 salmos estão dispostos compondo cinco 
partes, em direta referência e menção ao Pentateuco: (1-41), (42-72), (73-89), 
(90-106) ;(107-150). Todas encerradas por uma doxologia. Temos também, pela 
tradição: Segundo LASOR,et al ( 2003, p. 467). 
 
 
TABELA DE ATRIBUIÇÃO 
(Sl 3-41) (Sl 51-71) Davi 
(Sl 42-49) (Sl 84-85) (Sl 87-88) Filhos de Corá 
(Sl 50; 73-83) Asafe 
 
 
 
 
30 
 
 A autoria, um autógrafo a várias mãos 
 
A maior parte dos salmos reporta-se ao momento pré-exílio. Referências 
como Sl 74; 79; 137 nos colocariam em situação na realidade de exílio e pós-
exílio. É um longo corredor histórico percorrido na redação da obra, cujo peso 
temporal se faz sentido quando se busca exatidão milimétrica em termos de 
precisão histórica referindo-se a documentação. As ciências auxiliares da 
história são substanciais, valiosas ferramentas que tentam com seu trabalho 
minimizar intempéries nesta cena de procura de evidências que decifrem o 
passado de feitoria da Escritura, ainda assim, a dificuldade se faz épica. A 
realidade da extradição para Babilônia, a miscigenação cultural imposta pelo 
desterro pátrio, o retorno sob domínio estrangeiro e poderoso cenário nacional 
de helenização, constituem-se ponderações a serem veladas. Tudo soma em 
contrário neste universo de singularidades judaicas. Dentro desta mínima 
prospecção histórico-literária judia acima relevada, rígidos consensos absolutos 
de conceitos exatos quanto a precisão por dados exatos, se fazem absorvidos e 
se tornam absolvidos de tão espartana rigidez pela piedosa tradição, segundo 
SCHOKEL, Luis Alonso. (1996 pag. 76.): 
 
Autor e autores - Uma velha tradição diz ou clama: Davi! Como 
Moisés escreve os cinco livros da torá, assim Davi compõe os 
cinco livros dos salmos. Tão legendária é uma notícia como a 
outra. (...) A maioria dos comentadores atuais tomaram a 
prudente decisão de não discutir o problema do autor do saltério 
ou de salmos individuais. Contudo, por respeito à velha tradição, 
será decoroso apresentar alguns supostos autores. (...) 
 
Através do título do salmo, somos levados a identificar vários prováveis 
autores de dois terços dos 150 salmos. O que resta, é anônimo. Estamos diante 
de uma possível realidade de que nenhum dos nomes que as epígrafes 
mencionam referem-se de fato ao autor real. Os salmos seriam anônimos e 
assim ainda permanecem. WEISER, Artur. ( 1994, P. 61-64) . 
 
31 
 
 Os títulos 
Foram inicialmente tomados por canônicos, no entanto migraram da 
categoria de permeados por divina inspiração para produção humana frutos de 
labor erudito ou colocações de compiladores últimos e não de quem escreveu o 
salmo. (SCHOKEL, 1996, p. 77) Agindo como pretensas legendas que nos 
facilitam identificação do contexto de propósito relativo aos versos tratados (Seja 
por compilador, autor, finalidade, etc.,) os títulos tornam-se acolhidos por serem 
possíveis indicativos de elucidações quanto ao texto tratado. Não 
desconsideramos todo o contexto de sua tardia posterior confecção perante a 
antiguidade do texto. 
Encontramos neste inciso, profundas alterações que a versão dos 
setenta (LXX) promoveu na estrutura do corpo bíblico. Em sua introdução aos 
Salmos, a Bíblia TEB da Bíblia (TEB), (1994, P. 1008), nos revela sobre esta 
versão: 
Salmos que, na Bíblia hebraica, eram “órfãos”, desprovidos de 
título, na Bíblia grega aparecem enriquecidos de dados novos: 
84 poemas são atribuídos a Davi, outros a diferentes autores, 
a Jeremias, Ezequiel, Zacarias, Ageu, aos filhos de Ionadab, 
por vezes com informações inéditas sobre as circunstâncias de 
composição. A Septuaginta interpretou a seu modo as 
indicações obscuras dos títulos hebraicos. 
 
 
Dotados de certeza única de que não se possui condições de defini-los 
em integralidade de sentido ou atribuí-los cronologia, numa datação com 
precisão historiográfica adequada, prosseguimos com as categorias de títulos. 
 
 Caráter e natureza das composições dos títulos 
 
Assim, as diversas tipologias oferecidas pelas epígrafes dos salmos são 
divididas em cinco principais instâncias, categorias. 
 
32 
 
 
 Grupos, Escritores 
 
 Coleção, compiladores ou autores 
 
A referência mais recorrente seria “de Davi”, (le dawîd, 73 vezes) cujo 
variante de significado pode ir de: “autoria de Davi” a “em favor de Davi” ou 
“pertencente a Davi”. Não se precisa em exatidão (LASOR, 1996, P. 481). 
Segundo o autor, pelas inscrições designativas (notas de informação), 
encontramos Davi relacionado a autoria de 73 salmos pelos títulos hebraicos. 
Títulos gregos acrescentam-lhe 14. Em Latim a Davi são imputados 85 salmos. 
Assim, pela indicação de título, também teríamos 01 ou 02 com Salomão (Sl 72 
e 127), o Sl 90 relegado a Moisés, 12 salmos a Asaf, 11 aos filhos de Coré; um 
a Hemã (88) e um a Etã (89) que são ezraítas chefes de famílias do coro 
(SCHOKEL, 1996, p. 75) 
 
 Tipos de Salmos 
 
Há títulos de Salmos, que nos sugestionam reconhecimento e 
identificação sobre o tema tratado. Termos técnicos nos colocando mais 
próximos do propósito funcional daquele salmo. Sugestivas titulações 
encontradas repetidas vezes no transcorrer do livro, nos auxiliam a 
compreensão. Palavras como: 
 
 Mizmor (salmo), termo encontrado 57 vezes no Saltério e apenas 
nele em todo o quadro veterotestamentio – podendo ser visto como 
um cântico para instrumento de cordas ou cântico cultual 
acompanhado por instrumento musical. 
 
 Tefillá (Sl 17; 86; 90; 102; 142) – “Oração” – Salmo de queixa. 
 
33 
 
 Shîr, encontrado 30 vezes. Significando “cântico”. Canto de amor 
ou epitalâmio (Sl 45). 
 
 Maskîl, empregado 13 vezes no Livro de Salmos, como Sl 32; 42; 
44; dentre outros. Podendo significar “Instrução ou contemplação” 
 
 Cântico de Romagem (Sl 120-136) Marcha religiosa, procissão 
para subida ao templo. 
 
 
 
 Fins de Liturgia 
 
 
 Uso e propósito litúrgico 
 
Aqui termos indicam a ocasião 
 
 tôdâ (Sl 100) – Hino utilizado no culto de ação de graças; 
 
 hazkîr (Sl 38; 70) – Salmo “para a oferta memorial”, (ARA, Bíblia Almeida 
Revista Atualizada) ou como “petição” pela finalidade de invocação a Javé 
(NIV, Bíblia New International Version) 
 
 A epígrafe do salmo o designa: “Cântico de dedicação da casa” (Sl 30); 
“Cântico para o dia de sábado” (Sl 92). Seriam dois exemplos de Rúbricas. 
 
 lelamméd (Sl 60) podendo significar “para instrução” 
 
 Le’annôt (Sl 88) provavelmente “para cantar” 
 
 
 Execução musical 
 
34 
 
 Expressões próprias do gênero e Expressões técnicas 
musicais 
 
 lamenatstséah - Encontrado cinquenta e cinco vezes neste Livro, 
pode significar tanto mestre de coro (cf. Hc 3.19) como também 
pode também indicar uma coletânea de salmos. 
 
 Selá (selâ), encontrada mais de setenta vezes pode ser referência 
a um interlúdio musical. 
 
 binegînôt - instrumentos de cordas (Sl 4; 6; 54-55; 61; 67; 76) 
 
 ´el-hannehîlôt (Sl 5) “para flautas” 
 
 
 
 Notas históricas 
 
Seu valor está em salmos (3; 7; 18; 34; 51-52; 54; 56-57; 59-60; 63; 142) 
que possuem notas que o remetem a um acontecimento histórico de Israel. E 
neste contexto Davi recebia um valor de modelo espiritual concluído pela 
exegese contextual então empregada. 
Então, como já vimos,títulos são atribuições que se colocam como 
facilitadoras de compreensão e entendimento, em uma pretensa didática de 
interpretação! 
 
 Particularidades da antologia 
 
I – Mudanças e alterações 
 
35 
 
Com a tradução do texto hebraico dos Salmos para o grego 
aproximadamente por volta do século II a.C. com a finalidade de atender 
essencialmente as necessidades religiosas dos judeus da Diáspora, na chamada 
versão dos setenta ou Septuaginta, encontramos algumas peculiaridades dentre 
as quais: 
 
II - Mudança na estrutura do corpo documental com inclusão de 
um salmo (Sl 151) 
 
Encontrado na versão Siríaca e em alguns manuscritos da Septuaginta, 
segundo WEISER Artur. (1994 P. 10), ele não seria integrante da coleção. A 
presença deste acréscimo é considerado pela Bíblia TEB (1994, P. 1163): “A 
antiga versão grega propõe em apêndice um salmo extra. Seu texto, não 
canônico, parece resultar do abreviamento e da combinação de dois salmos não-
canônicos, cujo texto hebraico foi parcialmente reencontrado em Qumran”. 
 
 
1.Salmo escrito especialmente para David e fora do cômputo. 
Quando travou o singular combate com Goliat. 
 
Eu era o menor dentre os meus irmãos, 
O mais jovem na casa de meu pai. 
Eu levava a pastar o rebanho de meu pai 
2.Minhas mãos fabricavam uma flauta, 
Meus dedos confeccionaram uma harpa. 
3.Quem o anunciará a meu Senhor? 
 
O Senhor em pessoa ouve. 
0 
4.Ele enviou sem mensageiro, ele me tomou do meio do rebanho de 
meu pai 
E meu deu a unção do seu óleo. 
 
5.Meus irmãos eram belos e altos, 
E no entanto o Senhor não os preferiu. 
36 
 
 
6.Eu fui enfrentar o filisteu. 
Ele me amaldiçoou pelos seus ídolos. 
7. Mas eu, arrebatei sua espada, decapitei-o 
E lavei a afronta dos filhos de Israel. 
 
 
III - Mais alterações perante o texto original 
 
Percebe-se a numeração dos poemas diferir quando confrontado com o 
original encontrado no texto hebraico. Aqui a versão grega, por duas vezes, 
divide um salmo que na versão hebraica é único (Sl 116 e 147) e também por 
duas vezes, unifica um salmo que na versão hebraica são dois. (9 e 10; 114 e 
115). O quadro, segundo MOMLOUBOU, L. et al (1996. P. 15) nos facilita a 
compreensão: 
 
HEBRAICO GREGO (LXX), VULGATA LATINA, 
LITURGIA 
 
1-8 1-8 
9-10 9 (UNIFICA) 
11-113 10-112 
114-115 113 (UNIFICA) 
116 114-115 (DIVIDE) 
117-146 116-145 
147 146-147 (DIVIDE) 
148-150 148-150 
 
Versões de bíblias modernas apresentam a numeração hebraica e ao 
lado entre parênteses, a numeração grega das versões latinas (Vulgata e da 
liturgia). Segundo SCHOKEL, Luis Alonso (1996, P.74): “A numeração não 
37 
 
coincide em hebraico e nas versões antigas, do que se seguem confusões ou a 
necessidade de pôr número duplo, entre parêntesis” 
 
 
IV – Um redator final? 
 
Como vimos no início (tópico Uma obra em cinco livretes) a estrutura do 
Saltério como um todo, dentro de uma evolução histórica, obedece a uma divisão 
em cinco partes, livros ou blocos, numa aproximação ao Pentateuco, alusão 
onde observamos que os 150 salmos é índice numérico próximo de 153 (número 
composições em que a Torá é fracionada para leitura na sinagoga). Esta divisão 
cria um conjunto de blocos, cada qual terminando com uma doxologia: Livro I (2 
a 41), Livro 2 (42 a 72), Livro III (73 a 89), Livro IV (90 a 106) e Livro V (107 a 
150). 
Realidade esta que se faz por fruto de um processual enredo de coleção 
de documentos históricos, contemplando a produção de inúmeros atores sociais 
imersos em suas realidades contemporâneas e a mercê de cronologias diversas, 
o livro de Salmos e suas divisões é obra de enfeixe gradativo. Dentro deste 
enredo em que a obra (diversas coleções) recebe um possível arranjo de 
composição (aglutinando numa só), surge um redator final (em quem 
presenciamos a doxologia final inerente a cada livrete e também a divisão por 
cinco partes do Livro de Salmos, como alguns prováveis resquícios de sua ação). 
Vejamos abaixo, alguns momentos que nos sugerem a presença de um 
compilador inferindo ao contexto da obra, sua interferência. WEISER, (1994, p. 
66-67). 
 
a) No Saltério eloístico (Sl 42-83) retira-se o nome divino Iahweh (YHWH) 
sendo substituído pelo termo genérico elohim (´lhym). Obra de uma 
correção. 
 
38 
 
b) Duplicidade de Salmos, esta casuística dificilmente teria se 
apresentado, se de uma só vez e pelo mesmo compilador todos os 
salmos tivessem sido reunidos. 
 
 
1. Salmo 14 = Salmo 53 
 
 
 
SALMOS 14 A.C.F. 
 
 
SALMOS 53 A.C.F. 
 
1 - DISSE o néscio no seu coração: 
Não há Deus. Têm-se corrompido, 
fazem-se abomináveis em suas 
obras, não há ninguém que faça o 
bem. 
 
1 - DISSE o néscio no seu coração: 
Não há Deus. Têm-se corrompido, e 
cometido abominável iniquidade; não 
há ninguém que faça o bem. 
 
2 - O SENHOR olhou desde os céus 
para os filhos dos homens, para ver se 
havia algum que tivesse entendimento 
e buscasse a Deus. 
 
2 - Deus olhou desde os céus para os 
filhos dos homens, para ver se havia 
algum que tivesse entendimento e 
buscasse a Deus. 
 
3 - Desviaram-se todos e juntamente 
se fizeram imundos: não há quem 
faça o bem, não há sequer um. 
 
3 - Desviaram-se todos, e juntamente 
se fizeram imundos; não há quem 
faça o bem, não, nem sequer um. 
 
4 - Não terão conhecimento os que 
praticam a iniquidade, os quais 
comem o meu povo, como se 
comessem pão, e não invocam ao 
SENHOR? 
 
4 - Acaso não têm conhecimento os 
que praticam a iniquidade, os quais 
comem o meu povo como se 
comessem pão? Eles não invocaram 
a Deus. 
 
39 
 
5 - Ali se acharam em grande pavor, 
porque Deus está na geração dos 
justos. 
 
5 - Ali se acharam em grande temor, 
onde não havia temor, pois Deus 
espalhou os ossos daquele que te 
cercava; tu os confundiste, porque 
Deus os rejeitou. 
 
6 - Vós envergonhais o conselho dos 
pobres, porquanto o SENHOR é o seu 
refúgio. 
 
 
7 - Oh, se de Sião tivera já vindo a 
redenção de Israel! Quando o 
SENHOR fizer voltar os cativos do seu 
povo, se regozijará Jacó e se alegrará 
Israel. 
 
7 - Oh! Se já de Sião viesse a 
salvação de Israel! 
Quando Deus fizer voltar os cativos do 
seu povo, então se regozijará Jacó e 
se alegrará Israel. 
 
 
2. Salmo 40:14-18 = Salmo 70 
 
 
SALMO 40:14-18 T.E.B. 
 
 
SALMO 70 T.E.B. 
 
SALMO 70 A.C.F. 
 
 1 Do mestre de coro: de 
David, para o memorial. 
 
14 Senhor digna-te livrar-
me! 
Senhor vem rápido em 
meu socorro! 
 
2 Ó Deus, vem libertar-me 
Senhor vem depressa em 
meu socorro! 
1 - APRESSA-TE, ó 
Deus, em me livrar; 
SENHOR apressa-te 
em ajudar-me. 
 
40 
 
15 Juntos correm de 
vergonha 
Os que procuram tirar-me 
a vida! 
Batam em retirada, 
desonrados, 
Os que desejam minha 
desgraça! 
 
3 Que enrubesçam de 
vergonha, 
Os que buscam a minha 
morte; 
Que recuem desonrados, 
Os que desejam minha 
infelicidade! 
2 - Fiquem 
envergonhados e 
confundidos os que 
procuram a minha 
alma; voltem para trás 
e confundam-se os que 
me desejam mal. 
 
16 Sejam desbaratados, 
acossados pela 
vergonha. 
Os que zombam “A! Ah!” 
 
4 Que se vão embora, 
cheios de vergonha, os 
que exclamam: “Ah! Ah!” 
3 - Virem as costas 
como recompensa da 
sua vergonha os que 
dizem: Ah! Ah! 
 
17 Exultem de alegria, por 
causa de ti, 
Todos aqueles que te 
procuram! 
Não cessem de dizer: “O 
Senhor é grande”, 
Os que amam a tua 
salvação! 
 
5 Que exultem de alegria 
por causa de ti, 
Todos aqueles que te 
buscam! 
Que digam sem cessar: 
“Deus é grande” 
Os que amam a tua 
salvação! 
4 - Folguem e alegrem-
se em ti todos os que te 
buscam; e aqueles que 
amam a tua salvação 
digam continuamente: 
Engrandecido seja 
Deus. 
 
18 Sou pobre e humilhado, 
O Senhor pensa em mim. 
Tú és meu socorro e meu 
libertador; 
Meu Deus, não tardes!6 Sou pobre e humilhado; 
Ó Deus, vem a mim 
depressa! 
Tú és meu auxílio e meu 
libertador: 
Senhor, não tardes mais! 
5 - Eu, porém, estou 
aflito e necessitado; 
apressa-te por mim, ó 
Deus. Tu és o meu 
auxílio e o meu 
libertador; SENHOR 
não te detenha. 
 
 
41 
 
3. Salmo 57, 8-12 e salmos 60, 7-14 = Salmo108 
 
SALMOS 57, 
8-12 T.E.B. 
SALMOS 60, 7-
14 T.E.B. 
SALMO 108 
T.E.B. 
SALMO 108 
A.C.F. 
 1 Canto, salmo de 
David. 
 
8 Com o coração 
firme, ó Deus, 
Com o coração 
firme, 
Vou cantar um 
hino: 
 2 Com o coração 
firme, meu Deus, 
Vou cantar um 
hino: 
Eis a minha glória! 
1 - PREPARADO 
está o meu coração, 
ó Deus; cantarei e 
darei louvores até 
com a minha glória. 
 
9 Acorda, tu, 
minha glória; 
Acordai harpa e 
cítara, 
Vou acordar a 
aurora. 
 3 Acordai, harpa e 
cítara, 
Vou acordar a 
aurora. 
2 - Despertai saltério 
e harpa; eu mesmo 
despertarei ao 
romper da alva. 
 
10 Dar-te-ei 
graças entre os 
povos, Senhor: 
Cantar-te-ei 
entre as 
nações. 
 4 Dar-te-ei graças 
entre os povos, 
Senhor, 
Eu te cantarei entre 
as nações; 
 
3 - Louvar-te-ei entre 
os povos, SENHOR, 
e a ti cantarei 
louvores entre as 
nações. 
 
11 Pois tua 
fidelidade se 
eleva até os 
céus 
E tua verdade 
até as nuvens. 
 5pois tua fidelidade 
é maior que os 
céus 
E tua verdade vai 
até as nuvens 
4 - Porque a tua 
benignidade se 
estende até aos 
céus, e a tua 
verdade chega até 
às mais altas 
nuvens. 
 
42 
 
12 Ó Deus, 
ergue-te sobre 
os céus; 
Que tua glória 
domine toda a 
terra! 
 6 Ó Deus, eleva-te 
sobre os céus 
E que tua glória 
domine toda a 
terra. 
5 - Exalta-te sobre 
os céus, ó Deus, e a 
tua glória sobre toda 
a terra. 
 
 7 Para que os teus 
bem-amados 
sejam libertados 
salva com a tua 
destra e 
responde-nos. 
7 Para que os teus 
bem-amados 
sejam libertados, 
Salva pela tua 
destra, e responde-
me. 
6 - Para que sejam 
livres os teus 
amados, salva-nos 
com a tua destra, e 
ouve-nos. 
 8 Deus falou no 
santuário: 
Eu exulto; reparto 
Siquém 
E loteio o vale de 
Sukot. 
8 Deus falou em 
seu santuário: 
Eu exulto! Partilho 
Siquém 
E loteio o vale de 
Sukot. 
7 - Deus falou na 
sua santidade; eu 
me regozijarei; 
repartirei a Siquém, 
e medirei o vale de 
Sucote. 
 9 Guilead me 
pertence; 
Manassés me 
pertence; 
Efgraim é o 
capacete da 
minha cabeça; 
Judá é o meu 
cetro; 
9 Guilead me 
pertence; 
Manassés me 
pertence; 
Efraim é o 
capacete da minha 
cabeça; 
Judá é meu cetro; 
8 - Meu é Gileade, 
meu é Manassés; e 
Efraim a força da 
minha cabeça, Judá 
o meu legislador. 
 
 10 Moab, a bacia 
em que me lavo. 
Sobre Edom, atiro 
minha sandália; 
10 Moab, a bacia na 
qual me lavo. 
Sobre Edom atiro a 
minha sandália. 
Grito contra a 
Filistéia. 
9 - Moabe a minha 
bacia de lavar; sobre 
Edom lançarei o 
meu sapato, sobre a 
Filístia jubilarei. 
43 
 
Filistéia quebra-te 
contra mim, 
gritando! 
 11 Quem me 
conduzirá à 
cidade 
fortificada? 
Quem me 
cionduzirá até 
Edom, 
11 Quem me 
conduzirá à cidade 
fortificada? 
Quem me 
conduzirá até 
Edom, 
10 - Quem me levará 
à cidade forte? 
Quem me guiará até 
Edom? 
 
 12senão tú, o 
Deus que nos 
rejeitou, 
o Deus que não 
saía mais com os 
nossos exércitos? 
12senão tu, o Deus 
que nos rejeitou, 
O Deus que não 
saía mais com os 
nossos exércitos? 
11 - Porventura não 
serás tu, ó Deus, 
que nos rejeitaste? 
E não sairás, ó 
Deus, com os 
nossos exércitos? 
 
 13 Vêm em nossa 
ajuda contra o 
adversário, 
Pois a ajuda do 
homem é ilusão. 
13 Vem em nosso 
auxílio contra o 
adversário, 
Vã é a salvação 
que vem do 
homem. 
12 - Dá-nos auxílio 
para sair da 
angústia, porque 
vão é o socorro da 
parte do homem. 
 
 14 Com Deus 
realizaremos 
grandes feitos: 
Ele pisará aos 
pés nossos 
adversários. 
14 Com Deus 
realizaremos 
façanhas: 
É Ele quem pisará 
aos pés os nossos 
adversários. 
13 - Em Deus 
faremos proezas, 
pois ele calcará aos 
pés os nossos 
inimigos. 
 
 
Um colecionador último compilou o atual livro de Salmos se valendo de 
diversas coleções anteriores. 
44 
 
 
Ainda sobre mais particularidades, destacamos ainda: nos Salmos, os 
livros I e II estão com o maior número das lamentações individuais e os livros III 
e V possuem hegemonia em termos de números de hinos de louvor. 
Fora do saltério, encontramos salmos isolados, de diferentes épocas, em 
diferentes livros: (1Sm 2,1-10; Is 38,10-20; Jn 2,3-10; Na 1,2-11:Hab 3,1-19; Lm 
5; Dn 2,20-23; Tb 13. 
 
Gênero Literário 
 
Buscando compreender o compor de um salmo, seu uso e significados 
contextuais ao Saltério, estudar o gênero literário é fundamental. Numa tentativa 
de se aproximar de um “decifrar” da realidade existencial que gerou a produção 
da peça literária, situações reais que geraram o salmo, tudo o que puder agregar 
sentido ao que foi escrito é buscado através de uma investigação criteriosa. 
Sistematizar esta incursão de sucesso (em exegese) é algo profundamente 
necessário. Nesta contextualização, a carência de uma metodologia analítico-
investigativa eficiente diante do livro de Salmos gera um efeito migratório que 
conduz o estilo da leitura documental de modalidade crítica histórica - 
habitualmente utilizada nas décadas iniciais do século passado- para o conceito 
de abordagem intitulado crítica da forma proposto por Hermann Gunkel (1862-
1931). Assim, dentro desta nova perspectiva de compreensão adotada na 
produção interpretativa acadêmica, contemplamos características funcionais dos 
salmos (LASOR, William S. et al (2003. P. 467-477). 
 
 
 
 
 
45 
 
 
I – HINOS 
 
Retratam a felicidade do fiel na presença do Altíssimo. 
 
a) CATEGORIA GERAL 
 
 Elementos de composição: 
 
a. Chamado ao culto 
b. Descrição dos atos ou atributos de Deus, em geral compõe o corpo do 
hino. 
c. Conclusão 
 
Os salmos 8; 19; 29; 33;104-105; 111; 113-114; 117; 135-136; 145-
150, possuem em sua feitura, grande parte desse elementos. 
 
b) SUBCATEGORIAS SECUNDÁRIAS 
 
Relacionadas a temas, momentos específicos. 
 
a. Cântico de vitória - (confeccionado 
dialogando com a realidade de Ex. 
15.21) 
Sl 68 
b. Cânticos de Sião (Jerusalém, a eleita 
de Deus) Louvam a Yahweh, louvando 
Jerusalém, seguindo ao lugar santo 
com invocações de benção para ele. 
Sl 46; 48; 76; 
46 
 
c. Hinos de romagem, peregrinação. 
Que relatam os sentimentos dos 
peregrinos e adoradores ao se 
dirigirem ao templo. 
1. Alguns descrevem o duro 
caminho e a satisfação 
da benção: Sl 84; 122 
2. Outros preservam uma 
“liturgia de entrada”. (15; 
24). 
3. Outros retratam a 
marcha religiosa dos fiéis 
(132; 68.24-27) 
e. Cânticos de entronização do 
Senhor, comemoram o reinado de 
Deus como o Senhor das nações. 
Sl 47; 93; 96-99 
 
 
 
II – SALMOS DE LAMENTAÇÕES, QUEIXAS, SÚPLICAS: 
 
01) Coletivas: 
(Comunidade) 
 Calamidades nacionais (Sl 12; 44; 60; 74; 79-80; 
83; 85; 90 e 126) 
 Derrotas (Sl 44; 60; 74; 79-80; cf. Lm 5) 
 
 
 Elementos gerais da estrutura de composição: 
 
a. Interpelação a Deus e pedido inicial por 
auxílio 
(74,1) 
b. Recordação de feitos de Deus (74,2) 
c. Descrição da adversidade. A queixa em si. a. Inimigos (eles) v.4 
b. Comunidade 
(nós) 
v.9 
47 
 
(Com clara percepção de três 
componentes ativos pertinentes ao 
enredo) 
c. Deus (tu) v.11 
d. Afirmação de confiança (v. 12) 
e. Conjunto de pedidos de resgate (v. 19; 23) 
f. Desejo duplo em relação ao povo e seus 
inimigos: 
(79, 11-12) 
g. Voto de louvor (79,13; cf. 74.21) 
 
02) Individuais: 
(O Fiel) 
 Adversidade na vivência social: (Sl 3; 5; 7; 17; 
25; 27,7-14; 56; 69) 
 Enfermidade (Sl 38; 39; 62; 88) 
 Ou mesmo a combinação de ambos: (Sl 6; 31; 
88) 
 
 Elementos gerais da estrutura de composição:A. Interpelação a Deus e pedido inicial por 
auxílio 
22.1 
B. Descrição da adversidade. 
(Com clara percepção de três 
componentes ativos pertinentes ao 
enredo) 
B1. Inimigos v. 12 
B2. Individuo v. 14 
B3. Deus v. 15c 
C. Afirmação de confiança v.4 
D. Relação de pedidos, com predomínio da 
forma verbal imperativa. 
v. 19s. 
 
E. Complemento argumentativo Oração 
confessional 
51.3-5 
Afirmativa de 
inocência 
26.3-8 
48 
 
F. Louvor 22.22 
G. A fé faz antecipar a gratidão 142.7 
 
Lembramos que dentro desta categoria literária reconhecida pela 
temática de queixas, de súplicas individuais, existe um contexto de lamento onde 
o salmista apela a Deus para derramar sua ira contra o desafeto. Salmos 
imprecatórios intitula este grupo. P. ex.: (Sl 109). 
 
 
III - CÂNTICOS DE AÇÃO DE GRAÇAS 
 
Ao final da adversidade estes cânticos (relevando a confiança) 
poderiam ser utilizados. 
 
 
01. Individual: 
(O fiel) 
 Sl 30; 32; 34; 40:1-10; 66; 116; 138. 
 Elementos gerais da estrutura de composição: 
 
A. Decisão de dar graças Sl 116. 1-2 
B. Resumo introdutório v. 1 
C. Recapitulação poética do período de necessidade v. 3 
D. Relato da petição e do livramento v. 4 
E. Ensino generalizado v. 5-6 
F. Ação de graças renovada v. 14 
 
02. Coletivas: 
(Comunidade) 
 Sl 66.8-12; 67; 124; 129. 
 
49 
 
Conforme Hermann Gunkel tais salmos de ação de graça coletiva estão 
paralelos em forma aos de ações de graça individuais. 
 
 
IV – OS SALMOS REAIS 
 
Esta terminologia é adotada ao nos referirmos a este grupo de salmos 
voltados ao rei de Israel: (Sl.2; 18; 20; 21; 45; 72; 101; 110; 132; 144. 1-11). 
Contém louvores, orações, ao rei. Ressaltam seu caráter. Contém afirmações 
do favor de Yahweh pelo rei. Salmos que retratam a função do soberano do 
período pré-exílico no culto Israelita e as esperanças e os deveres que recaem 
sobre a descendência de Davi. São salmos do rei ou pelo rei. (SCHOKEL, Luis 
Alonso (1996, P. 92) O conteúdo e a forma literária tornam possíveis a 
reconstrução de momentos em que tais salmos foram utilizados em culto público: 
Casamento: (Sl 45), Coroação: (Sl 2; 21; 72 e 110), e orações antes ou depois 
de batalhas (SL 20). LASOR, William S. et al (2003. P. 476). 
 
Particularidades Observadas 
 
Torna-se adequado neste momento, dentro do contexto explanado de 
salmos onde a realeza humana é proclamada através da figura do Rei de Israel, 
lançar comparativos, confrontar esta realidade material e para o que ela aponta, 
segundo uma perspectiva neotestamentária. Ainda que os cristãos após o 
advento de Jesus possuíssem compreensão mais aguda sobre o que certos 
Salmos de maneira mais profunda significassem em verdade e espírito, alguns 
momentos encontrados entre versos (Sl 2; 8; 16; 22; 45; 72; 110; 118; ACF) 
neste livro nos remetem a observar a ação do espírito de Deus inspirando 
homens no velho testamento, através de escritos de profecia messiânica. São 
momentos específicos que ao serem observados através do prisma da 
encarnação, assumem conotação de amplitude (posterior ao messias) ilimitada. 
50 
 
Depois de Jesus os Salmos são interpretados por uma fé renovada. É todo um 
contexto cuja reestruturação da simbologia de significado vislumbra o Cristo. 
 
Jesus nos salmos 
 
A igreja cristã emergente encontrava neste livro em determinados 
salmos momentos em que o Salvador era pintado como nítido retrato literário, 
cujas tonalidades vívidas eram versos de poesia semeados pelo Saltério. Nesta 
realeza de agrupamento encontram-se os chamados pela fé e piedade cristãs 
de Salmos Messiânicos. Um agrupamento de salmos (V.T.) cujo sentido se 
entrelaça com Jesus Cristo (N.T.). Observemos a leitura espiritual, tipológica dos 
versos interpretado pela igreja primitiva, consultando a versão Almeida Corrigida 
Fiel, da Bíblia Sagrada, para referência de tradução. MOMLOUBOU, L. et al. 
(1996, p. 90-93). 
 
INTERPRETAÇÃO PELA IGREJA APÓSTÓLICA 
 
VELHO 
TESTAMENTO 
 
NOVO TESTAMENTO 
 
 
Jesus como o Messias! 
 
Salmos 2:7 
 
Proclamarei o 
decreto: o SENHOR 
me disse: Tu és meu 
At 13.33 
33 Como também está escrito no salmo segundo: Meu 
filho és tu, hoje te gerei. 
Mc 1,11 
E ouviu-se uma voz dos céus, que dizia: Tu és o meu 
Filho amado em quem me comprazo. 
51 
 
Filho, eu hoje te 
gerei. 
 
 
Mc 9,7 
E desceu uma nuvem que os cobriu com a sua sombra, 
e saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu filho 
amado; a ele ouvi. 
Mt 3.17 
 E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho 
amado, em quem me comprazo. 
 
 
 
A escritura justificando a afirmativa encontrada em Lc 24,26. 
“Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse 
na sua glória?” 
 
Salmos 8:5-
7 
Que é o homem 
mortal para que te 
lembres dele? E o 
filho do homem, 
para que o visites? 
Pois pouco menor o 
fizeste do que os 
anjos, e de glória e 
de honra o coroaste. 
 Fazes com que ele 
tenha domínio sobre 
as obras das tuas 
mãos; tudo puseste 
debaixo de seus 
pés: 
 
Hebreus 2:6-8 
Mas em certo lugar testificou alguém, dizendo: Que é 
o homem, para que dele te lembres? Ou o filho do 
homem, para que o visites? Tu o fizeste um pouco 
menor do que os anjos, De glória e de honra o 
coroaste, E o constituíste sobre as obras de tuas 
mãos; Todas as coisas lhe sujeitaste debaixo dos 
pés. Ora, visto que lhe sujeitou todas as coisas, nada 
deixou que lhe não esteja sujeito. Mas agora ainda 
não vemos que todas as coisas lhe estejam sujeitas. 
1Cor 15,27 
Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. 
Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão 
sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe 
sujeitou todas as coisas. 
Ef. 1,22 
E sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas 
as coisas o constituiu como cabeça da igreja, 
 
52 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fl 3,21; 
Que transformará o nosso corpo abatido, para ser 
conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz 
poder de sujeitar também a si todas as coisas. 
 
1Pe 3,22 
O qual está à destra de Deus, tendo subido ao céu, 
havendo-se lhe sujeitado os anjos, e as autoridades, 
e as potências. 
 
 
 
 
Neste momento correlaciona-se o Sl 69 ao sofrer do Cristo. 
Sl 69,10 
Pois o zelo da tua 
casa me devorou, e 
as afrontas dos que 
te afrontam caíram 
sobre mim. 
Rm 15,3 
Porque também Cristo não agradou a si mesmo, mas 
como está escrito: Sobre mim caíram as injúrias dos 
que te injuriavam. 
 
. 
Temos também a interpretação de um caminho de cruz do Cristo: Servo 
justo que sofre 
Salmo 31.5 Lucas 23.46. 
Salmo 31.13 Mateus 27.1 
 
O advento da encarnação supriu o Saltério de oportunas e incursões de 
leituras (abordagens alegóricas) onde uma nova roupagem teológica 
prepondera. O cerne hermenêutico sendo o prenúncio de uma libertação em 
Cristo Jesus torna o livro de Salmos, em certos momentos uma incontrolável 
53 
 
declaração de renovo, uma obra nova. Eis que um velho testamento ressuscita 
pela cruz em uma nova aliança em verdade e espírito! 
 
MAIS PARALELOS MESSIÂNICOS ENTRE AS DUAS ALIANÇAS: 
Salmos 2-1 
Por que se amotinam os gentios, e os 
povos imaginam coisas vãs? 
 
Atos 4.25 
Que disseste pela boca de Davi, teu 
servo: Por que bramaram os gentios, 
e os povos pensaram coisas vãs? 
Salmos 2-2 
Os reis da terra se levantam e os 
governos consultam juntamente contra 
o Senhor e contra o seu ungido, 
dizendo. 
Atos 4.26 
Levantaram-se os reis da terra. E os 
príncipes se ajuntaram à uma. Contra 
o Senhor e contra o seu Ungido. 
Salmos 8:2 
Tu ordenaste força da boca das 
crianças e dos que mamam, por causa 
dos teus inimigos, para fazer calar ao 
inimigo e ao vingador. 
 
Mateus 21:16 
E disseram-lhe: Ouves o que estes 
dizem? E Jesus lhes disse: Sim; 
nunca lestes: Pela boca dos meninos 
e das criancinhas de peito tiraste o 
perfeito louvor?Salmo 22.1 
Deus meu, Deus meu, por que me 
desamparaste? Por que te alongas do 
meu auxílio e das palavras do meu 
bramido? 
Mateus 27.46 
Salvou os outros, e a si mesmo não 
pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, 
desça agora da cruz, e creremos 
nele. 
Salmos 22:2 
Deus meu, eu clamo de dia, e tu não 
me ouves; de noite, e não tenho 
sossego. 
Marcos 15.34 
E, à hora nona Jesus exclamou com 
grande voz, dizendo: Eloí, Eloí, lamá 
sabactâni? que, traduzido, é: Deus 
meu, Deus meu, por que me 
desamparaste? 
Salmo 22.7-8 Todos os que me veem 
zombam de mim, estendem os lábios e 
Lucas 23.35 E o povo estava 
olhando. E também os príncipes 
54 
 
meneiam a cabeça, dizendo: Confiou 
no Senhor, que o livre; livre-o, pois 
nele tem prazer. 
zombavam dele, dizendo: Aos outros 
salvou, salve-se a si mesmo, se este 
é o Cristo, o escolhido de Deus. 
Salmo 22.16 Pois me rodearam cães; 
o ajuntamento de malfeitores me 
cercou, traspassaram-me as mãos e 
os pés. 
João 20.25,27 Disseram-lhe, pois, os 
outros discípulos: Vimos o Senhor. 
Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o 
sinal dos cravos em suas mãos, e não 
puser o meu dedo no lugar dos 
cravos, e não puser a minha mão no 
seu lado, de maneira nenhuma o 
crerei. E oito dias depois estavam 
outra vez os seus discípulos dentro, e 
com eles Tomé. Chegou Jesus, 
estando as portas fechadas, e 
apresentou-se no meio, e disse: Paz 
seja convosco. Depois disse a Tomé: 
Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas 
mãos; e chega a tua mão, e põe-na 
no meu lado; e não sejas incrédulo, 
mas crente. 
Salmo 22.18 Repartem entre si as 
minhas vestes, e lançam sortes sobre 
a minha roupa. 
Mateus 27.35-36 E, havendo-o 
crucificado, repartiram as suas 
vestes, lançando sortes, para que se 
cumprisse o que foi dito pelo profeta: 
Repartiram entre si as minhas vestes, 
e sobre a minha túnica lançaram 
sortes. E, assentados, o guardavam 
ali. 
Salmo 45.6 O teu trono, ó Deus, é 
eterno e perpétuo; o cetro do teu reino 
é um cetro de equidade. 
Hebreus 1.8 Mas, do Filho, diz: Ó 
Deus, o teu trono subsiste pelos 
séculos dos séculos; Cetro de 
equidade é o cetro do teu reino. 
55 
 
Salmo 72.1-5, 17 Ó Deus, dá ao rei 
os teus juízos, e a tua justiça ao filho 
do rei. Ele julgará ao teu povo com 
justiça, e aos teus pobres com juízo. 
Os montes trarão paz ao povo, e os 
outeiros, justiça. Julgará os aflitos do 
povo, salvará os filhos do necessitado, 
e quebrantará o opressor. Temer-te-ão 
enquanto durarem o sol e a lua, de 
geração em geração (...) O seu nome 
permanecerá eternamente; o seu 
nome se irá propagando de pais a 
filhos enquanto o sol durar, e os 
homens serão abençoados nele; todas 
as nações lhe chamarão bem-
aventurado. 
Lucas 1.32-33 Este será grande, e 
será chamado filho do Altíssimo; e o 
Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, 
seu pai; E reinará eternamente na 
casa de Jacó, e o seu reino não terá 
fim. 
 
Salmo 72. 2-4 Ele julgará ao teu 
povo com justiça, e aos teus pobres 
com juízo. Os montes trarão paz ao 
povo, e os outeiros, justiça. Julgará os 
aflitos do povo, salvará os filhos do 
necessitado, e quebrantará o 
opressor. 
Lucas 4.17-19 E foi-lhe dado o livro 
do profeta Isaías; e, quando abriu o 
livro, achou o lugar em que estava 
escrito: 18 O Espírito do Senhor é 
sobre mim, Pois que me ungiu para 
evangelizar os pobres. Enviou-me a 
curar os quebrantados de coração, A 
pregar liberdade aos cativos, E 
restauração da vista aos cegos, A pôr 
em liberdade os oprimidos, A 
anunciar o ano aceitável do Senhor. 
Salmo 72.8-11,19 Dominará de mar 
a mar, e desde o rio até às 
extremidades da terra. Aqueles que 
habitam no deserto se inclinarão ante 
ele, e os seus inimigos lamberão o 
pó. Os reis de Társis e das ilhas trarão 
Atos 13.47-48 Porque o Senhor 
assim no-lo mandou: eu te pus para 
luz dos gentios, a fim de que sejas 
para salvação até os confins da 
terra. E os gentios, ouvindo isto, 
alegraram-se, e glorificavam a 
56 
 
presentes; os reis de Sabá e de Seba 
oferecerão dons. E todos os reis se 
prostrarão perante ele; todas as 
nações o servirão (...) E bendito seja 
para sempre o seu nome glorioso; e 
encha-se toda a terra da sua glória. 
Amém e Amém. 
palavra do Senhor; e creram todos 
quantos estavam ordenados para a 
vida eterna. 
 
Salmo 89.3-4 Fiz uma aliança com o 
meu escolhido, e jurei ao meu servo 
Davi, dizendo: A tua semente 
estabelecerei para sempre, e edificarei 
o teu trono de geração em geração. 
(Selá.) 
Mateus 1.1 Livro da geração de 
Jesus Cristo, filho de Davi, filho de 
Abraão. 
Salmo 89.26 Ele me chamará, 
dizendo: Tu és meu pai, meu Deus, e 
a rocha da minha salvação. 
Mateus 11.27 Todas as coisas me 
foram entregues por meu Pai, e 
ninguém conhece o Filho, senão o 
Pai; e ninguém conhece o Pai, senão 
o Filho, e aquele a quem o Filho o 
quiser revelar. 
Salmo 89.27 Também o farei meu 
primogênito mais elevado do que os 
reis da terra. 
Cl 1. 15-18 O qual é imagem do 
Deus invisível, o primogênito de toda 
a criação; Porque nele foram criadas 
todas as coisas que há nos céus e na 
terra, visíveis e invisíveis, sejam 
tronos, sejam dominações, sejam 
principados, sejam potestades. Tudo 
foi criado por ele e para ele. E ele é 
antes de todas as coisas, e todas as 
coisas subsistem por ele. E ele é a 
cabeça do corpo, da igreja; é o 
princípio e o primogênito dentre os 
mortos, para que em tudo tenha a 
preeminência. 
57 
 
Salmo 89.29 E conservarei para 
sempre a sua semente, e o seu trono 
como os dias do céu. 
Mateus 1.1 Livro da geração de 
Jesus Cristo, filho de Davi, filho de 
Abraão. 
Salmo 89.35-36 Uma vez jurei pela 
minha santidade que não mentirei a 
Davi. A sua semente durará para 
sempre, e o seu trono, como o sol 
diante de mim. 
Sl 110.1 
Disse o SENHOR ao meu Senhor: 
Assenta-te à minha mão direita, até 
que ponha os teus inimigos por 
escabelo dos teus pés. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mateus 22:44 
44 - Disse o Senhor ao meu Senhor: 
Assenta-te à minha direita, Até que eu 
ponha os teus inimigos por escabelo 
de teus pés? 
Marcos 14:62 E Jesus disse-lhe: Eu 
o sou, e vereis o Filho do homem 
assentado à direita do poder de Deus, 
e vindo sobre as nuvens do céu. 
Hebreus 1.13 
13 - E a qual dos anjos disse jamais: 
Assenta-te à minha destra, Até que 
ponha a teus inimigos por escabelo 
de teus pés? 
I Pedro 3.22 
22 - O qual está à destra de Deus, 
tendo subido ao céu, havendo-se lhe 
sujeitado os anjos, e as autoridades, 
e as potências. 
 
Salmos 118.16 A destra do Senhor 
se exalta; a destra do Senhor faz 
proezas. 
 
Atos 5,31 Deus com a sua destra o 
elevou a Príncipe e Salvador, para 
dar a Israel o arrependimento e a 
remissão dos pecados. 
 
58 
 
Salmos 118.22 22 - A pedra que os 
edificadores rejeitaram tornou-se a 
cabeça da esquina. 
Mateus 21.42 Diz-lhes Jesus: 
Nunca lestes nas Escrituras: A pedra, 
que os edificadores rejeitaram, Essa 
foi posta por cabeça do ângulo; Pelo 
Senhor foi feito isto, E é maravilhoso 
aos nossos olhos? 
Atos 4.11 Ele é a pedra que foi 
rejeitada por vós, os edificadores, a 
qual foi posta por cabeça de esquina. 
 
A igreja cristã primitiva, já encontrava entre o Livro de Salmos e o 
advento do Cristo Jesus, uma relação de diálogo teológico direto e profundo. 
 
 
V - SALMOS DE SABEDORIA 
 
Nesta categoria encontramos salmos em que o salmista refere-se a suas 
palavras como p. ex.: sabedoria, instrução. Descreve o “temor a Yahweh”, se 
dirige ao espectador como “filhos”. Notamos advertências, ensinos. 
Presenciamos um contexto que reflete as técnicas literárias da sabedoria, como 
uso de provérbios, acrósticos, séries numéricas. Temos para Hermann Gunkel 
os Salmos 1; 37; 49; 73; 91; 112; 127; 128; 133. Schokel, Luís Alonso (1996. P. 
93) 
 
Subtiposde salmos sapienciais 
 
 Salmos de máximas de sabedoria. 
 
59 
 
Descrição da conduta ideal, e suas decorrências. Utilizam na elaboração 
textual, provérbios expandidos e símiles: Sl 127; 128; 133. 
 
 Salmos acrósticos de sabedoria. 
 
Linhas ou versos se iniciam por letras hebraicas colocadas em sucessão. 
Salmos alfabéticos: Sl; 34; 37; 112. 
 
 Salmos sapienciais integrativos. 
 
Aborda contextos valiosos a sabedoria. 
a) Interação relacional entre a sabedoria e a Torá: Sl 1 
b) A questão da justa retribuição ainda que tardia: Sl 49 
c) Perdão divino e seu legado de aprendizado: Sl 32 
 
Também encontramos versos ou estrofes que indicam relação de 
influência com o estilo sapiencial, interferência da literatura de sabedoria: Sl 
25.8-10, 12-14; 31.23s.; 39.4; 40.4s., 62.8,10; 92.8-15. 
 
É necessário observarmos uma distinção existente entre: 
 Salmos que agregam características de sabedoria com uma estrutura de 
base cúltica. (Sl 32; 34 e 73) Uso reflexivo. 
 Salmos utilizados em escolas de sabedoria. Sl 37; 49; 112 e 127 
Uso didático. 
 
 
Saltério e o novo testamento Momloubou, L. et al. (1996, p. 91-
92) 
60 
 
 Dentro de um valioso acervo literário transcendente encontrado nesta 
obra, uma pérola inestimável nos rouba a atenção: o diálogo teológico do Saltério 
veterotestamentário, embasando a realidade experimentada pelo Novo 
Testamento. Diversos autores neotestamentário utilizam-se no cotidiano dos 
ensinamentos da nova aliança, de versos contidos no livro das preces poéticas, 
um retrato de Israel espiritual, que são os Salmos. A interação integrativa é vista 
abaixo. 
 
DEUS QUE LIBERTA 
SL 34 
 
 
 
1 Pe2,3 
 8.Provai, e vede que o Senhor é 
bom; bem-aventurado o homem que 
nele confia. 
Se é que já provastes que o Senhor 
é benigno; 
 
14.Aparta-te do mal, e faze o bem; 
procura a paz, e segue-a. 
3, 11-12a 
11. Aparte-se do mal, e faça o bem; 
Busque a paz, e siga-a. 
 
15.Os olhos do Senhor estão sobre 
os justos, e os seus ouvidos atentos 
ao seu clamor. 
 
12. Porque os olhos do Senhor 
estão sobre os justos, E os seus 
ouvidos atentos às suas orações; 
(...) 
 
No livro de Atos dos Apóstolos o saltério é mencionado de maneira 
direta: 
 
At 1,20 Porque no livro dos Salmos está escrito: fique deserta a sua 
habitação, E não haja quem nela habite, e: tome outro o seu 
bispado. 
At 13,33-35 Como também está escrito no salmo segundo: Meu filho és tu, 
hoje te gerei. E que o ressuscitaria dentre os mortos, para nunca 
mais tornar à corrupção, disse-o assim: as santas e fiéis 
61 
 
bênçãos de Davi vos darão. Por isso também em outro salmo 
diz: não permitirás que o teu santo veja corrupção. ACF 
 
São referências veterotestamentárias que revelam o diálogo teológico 
dos autores do novo testamento com o Saltério. 
 
At 2. 25-28 Porque dele disse 
Davi: Sempre via diante de mim o 
Senhor, Porque está à minha direita, 
para que eu não seja comovido; Por 
isso se alegrou o meu coração, e a 
minha língua exultou; E ainda a 
minha carne há de repousar em 
esperança; Pois não deixarás a 
minha alma no inferno, Nem 
permitirás que o teu Santo veja a 
corrupção; Fizeste-me conhecidos 
os caminhos da vida; Com a tua face 
me encherás de júbilo. 
Salmo 16. 8-11 Tenho posto o Senhor 
continuamente diante de mim; por isso 
que ele está à minha mão direita, nunca 
vacilarei. Portanto está alegre o meu 
coração e se regozija a minha glória; 
também a minha carne repousará 
segura. Pois não deixarás a minha 
alma no inferno, nem permitirás que o 
teu Santo veja corrupção. Far-me-ás 
ver a vereda da vida; na tua presença 
há fartura de alegrias; à tua mão direita 
há delícias perpetuamente 
At 2.34 Porque Davi não subiu aos 
céus, mas ele próprio diz: Disse o 
Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à 
minha direita, 
Sl 110.1 Disse o SENHOR ao meu 
Senhor: Assenta-te à minha mão 
direita, até que ponha os teus inimigos 
por escabelo dos teus pés. 
 
Neste propósito de integração e inspiração divina na Escritura Sagrada, 
verifiquemos as relações tão coesas entre passagens do Saltério e Livros do 
Novo Testamento, que de uma forma contundente ou não em termos de 
significado da simbologia na mensagem, travam leituras dentro de suas distantes 
realidades históricas, realçando sobrenatural ausência de contradições. 
Comparemos mais relações de integração intertestamentária: 
 
 
62 
 
Lucas 23:46 
46 - E, clamando Jesus com grande 
voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego 
o meu espírito. E, havendo dito isto, 
expirou. 
Salmos 31:5 
5 - Nas tuas mãos encomendo o meu 
espírito; tu me redimiste SENHOR 
Deus da verdade. 
Mateus 5:5 
5 - Bem-aventurados os mansos, 
porque eles herdarão a terra; 
Salmos 37.11 
11 - Mas os mansos herdarão a terra, 
e se deleitarão na abundância de paz. 
Marcos 14:18 
18 - E, quando estavam assentados a 
comer, disse Jesus: Em verdade vos 
digo que um de vós, que comigo 
come, há de trair-me. 
Salmos 41:9 
9 - Até o meu próprio amigo íntimo, 
em quem eu tanto confiava que comia 
do meu pão, levantou contra mim o 
seu calcanhar. 
Marcos 14:34 
34 - E disse-lhes: A minha alma está 
profundamente triste até a morte; ficai 
aqui, e vigiai. 
Salmos 42:6 
6 - Ó meu Deus, dentro de mim a 
minha alma está abatida; por isso 
lembro-me de ti desde a terra do 
Jordão, e desde os hermonitas, desde 
o pequeno monte. 
At 13,22. 
E, quando este foi retirado, levantou-
lhes como rei Davi, ao qual também 
deu testemunho, e disse: Achei a 
Davi, filho de Jessé, homem conforme 
o meu coração, que executará toda a 
minha vontade. 
Salmo 89.20-21 
Achei a Davi, meu servo; com santo 
óleo o ungi, Com o qual a minha mão 
ficará firme, e o meu braço o 
fortalecerá. 
 
 
 
TEMÁTICA: OBRA DA JUSTIFICAÇÃO 
Romanos 4. 5-8 Mas, àquele que 
não pratica, mas crê naquele que 
justifica o ímpio, a sua fé lhe é 
Salmo 32 Bem-aventurado aquele 
cuja transgressão é perdoada, e cujo 
pecado é coberto. Bem-aventurado o 
63 
 
imputada como justiça. Assim 
também Davi declara bem-
aventurado o homem a quem Deus 
imputa a justiça sem as obras, 
dizendo: Bem-aventurados aqueles 
cujas maldades são perdoadas, E 
cujos pecados são cobertos. Bem-
aventurado o homem a quem o 
Senhor não imputa o pecado. 
 
homem a quem o Senhor não imputa 
maldade, e em cujo espírito não há 
engano. Quando eu guardei silêncio, 
envelheceram os meus ossos pelo 
meu bramido em todo o dia. Porque 
de dia e de noite a tua mão pesava 
sobre mim; o meu humor se tornou em 
sequidão de estio. (Selá.) Confessei-
te o meu pecado, e a minha maldade 
não encobri. Dizia eu: Confessarei ao 
Senhor as minhas transgressões; e tu 
perdoaste a maldade do meu pecado. 
(Selá.) Por isso, todo aquele que é 
santo orará a ti, a tempo de te poder 
achar; até no transbordar de muitas 
águas, estas não lhe chegarão. Tu és 
o lugar em que me escondo; tu me 
preservas da angústia; tu me cinges 
de alegres cantos de livramento. 
(Selá.) Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o 
caminho que deves seguir; guiar-te-ei 
com os meus olhos. Não sejais como 
o cavalo, nem como a mula, que não 
têm entendimento, cuja boca precisa 
de cabresto e freio para que não se 
cheguem a ti.10 O ímpio tem muitas 
dores, mas àquele que confia no 
Senhor a misericórdia o 
cercará. Alegrai-vos no Senhor, e 
regozijai-vos, vós os justos; e cantai 
alegremente, todos vós que sois retos 
de coração 
64 
 
Rm 3.20 Por isso nenhuma carne 
será justificada diante dele pelas 
obras da lei, porque pela lei vem o 
conhecimento do pecado. 
Salmo 143.1-2 Ó Senhor, ouve a 
minha oração, inclina os ouvidos às 
minhas súplicas; escuta-me segundo 
a tua verdade, e segundo a tua justiça. 
E não entres em juízo com o teu 
servo, porque à tua vista não se 
achará justo nenhum vivente. 
TEMÁTICA: O VERDADEIRO CULTO: “EM ESPÍRITOE VERDADE” 
Hebreus 10, 6-10 Holocaustos e 
oblações pelo pecado não te 
agradaram. Então disse: Eis aqui 
venho (No princípio do livro está 
escrito de mim), Para fazer, ó Deus, a 
tua vontade. Como acima diz: 
Sacrifício e oferta, e holocaustos e 
oblações pelo pecado não quiseste, 
nem te agradaram (os quais se 
oferecem segundo a lei). Então disse: 
Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a 
tua vontade. Tira o primeiro, para 
estabelecer o segundo. Na qual 
vontade temos sido santificados pela 
oblação do corpo de Jesus Cristo, 
feita uma vez. 
Salmo 40, 7-9 Então disse: Eis aqui 
venho; no rolo do livro de mim está 
escrito. Deleito-me em fazer a tua 
vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei 
está dentro do meu coração. Preguei 
a justiça na grande congregação; eis 
que não retive os meus lábios, 
Senhor, tu o sabes. 
 
 
Como não reconhecer a proximidade palpável que entrelaça a 
proclamação da poesia religiosa de Salmos para com seus degustadores 
neotestamentários? Como nos afirma MOMLOUBOU, L. et al. (1996. pag. 99). 
“Uma compreensão melhor do Evangelho faz descobrir uma significação mais 
rica nas fórmulas sálmicas. A frequentação dos salmos conduz uma 
assimilação melhor do Evangelho.” Uma profunda interação documental das 
duas alianças. O Velho Testamento sendo fidedignamente cumprido no Novo 
Testamento. 
65 
 
 
Valias de contribuição teológica 
 
O Saltério se faz por atestado escrito do que a essência espiritual de 
Israel é capaz de transmitir em seus louvores, suas súplicas suas ações de 
graças. Por centenas de anos, experiências com Deus são coletadas e fixas em 
um testamento à eternidade através de poesias religiosas declamadas, 
cantadas, vividas, impressas na existência com profundidade e em veracidade. 
Momentos que o homem pode abrir de si e do seu íntimo colher a 
sinceridade que transcreve em salmos, como retratos que comprovam um 
testamento à Humanidade, graça que nasce desta relação criatura e seu criador. 
Sem manchar o salmo como expressão nítida de sinceridade pura, se 
constitui numa religação do homem para com Deus. Uma dinâmica do fiel para 
com sua divindade. E nesta construção humana inspirada, a Palavra se 
apresenta como fundamento em autógrafo da essência que produz e conduz 
Deus. E como seria sem manchar? Traçando então um paralelo etimológico com 
o vocábulo religião e indo mais além numa exegese que contempla sua 
transformação de conceito filosófico de crença em um movimento humano de 
postura filosófica, coloco lado a lado o joio e o trigo. A religião que pode em 
determinados momentos perder essa produção e condução divinas, (quando o 
legalismo humano corrompe como fermento da alma), e os salmos, em não há 
dolo, mácula. Neste escritos de sabedoria e poesia, nestas instâncias de 
palavras sálmicas onde templos de carne se derramam, a Igreja verdadeira se 
levanta, cultuando o amor, a vida. 
Gerações após gerações, diante de Deus, através dos Salmos, almas 
piedosas colhem benesses em termos de homilias, estudos, comentários. 
Inspirações genuínas são obtidas quando os olhos vagueiam estas linhas 
divinamente inspiradas e que repousam no Saltério. 
 
66 
 
Quanto te invoquei, ó meu Deus, ao ler os salmos de Davi, 
cânticos de fé, hinos de piedade, contrastantes com qualquer 
sentimento de orgulho, eu, novato ainda no caminho do teu 
verdadeiro amor, catecúmeno em férias, (...) Quantas 
exclamações me inspirava a leitura desses salmos, e como eles 
me inflamavam no teu amor! Desejava ardentemente recitá-los, 
se possível, para o mundo todo, a fim de rebater o orgulho do 
gênero humano. E, no entanto, são cantados no mundo inteiro, 
e nada pode furtar-se ao teu calor. (AGOSTINHO, 1984, 
Confissões, IX 4,8. Pág. 224 e 225) 
 
 
 
Anexo A 
 
Salmos 74:1-23 A.C.F. 
 
1 - Ó DEUS, por que nos rejeitaste para sempre? Por que se acende a tua ira 
contra as ovelhas do teu pasto? 
2 - Lembra-te da tua congregação, que compraste desde a antiguidade; da vara 
da tua herança, que remiste; deste monte Sião, em que habitaste. 
3 - Levanta os teus pés para as perpétuas assolações, para tudo o que o inimigo 
tem feito de mal no santuário. 
4 - Os teus inimigos bramam no meio dos teus lugares santos; põem neles as 
suas insígnias por sinais. 
5 - Um homem se tornava famoso, conforme houvesse levantado machados, 
contra a espessura do arvoredo. 
6 - Mas agora toda obra entalhada de uma vez quebram com machados e 
martelos. 
7 - Lançaram fogo no teu santuário; profanaram, derrubando-a até ao chão, a 
morada do teu nome. 
8 - Disseram nos seus corações: Despojemo-los duma vez. Queimaram todos 
os lugares santos de Deus na terra. 
67 
 
9 - Já não vemos os nossos sinais, já não há profeta, nem há entre nós alguém 
que saiba até quando isto durará. 
10 - Até quando, ó Deus, nos afrontará o adversário? Blasfemará o inimigo o teu 
nome para sempre? 
11 - Porque retiras a tua mão, a saber, a tua destra? Tira-a de dentro do teu seio. 
12 - Todavia Deus é o meu Rei desde a antiguidade, operando a salvação no 
meio da terra. 
13 - Tu dividiste o mar pela tua força; quebrantaste as cabeças das baleias nas 
águas. 
14 - Fizeste em pedaços as cabeças do leviatã, e o deste por mantimento aos 
habitantes do deserto. 
15 - Fendeste a fonte e o ribeiro; secaste os rios impetuosos. 
16 - Teu é o dia e tua é a noite; preparaste a luz e o sol. 
17 - Estabeleceste todos os limites da terra; verão e inverno tu os formaste. 
18 - Lembra-te disto: que o inimigo afrontou ao SENHOR e que um povo louco 
blasfemou o teu nome. 
19 - Não entregues às feras a alma da tua rola; não te esqueças para sempre da 
vida dos teus aflitos. 
20 - Atende a tua aliança; pois os lugares tenebrosos da terra estão cheios de 
moradas de crueldade. 
21 - Oh, não volte envergonhado o oprimido; louvem o teu nome o aflito e o 
necessitado. 
22 - Levanta-te, ó Deus, pleiteia a tua própria causa; lembra-te da afronta que o 
louco te faz cada dia. 
23 - Não te esqueças dos gritos dos teus inimigos; o tumulto daqueles que se 
levantam contra ti aumenta continuamente. 
 
 
 
68 
 
Salmos 79:1-13 A.C.F. 
 
1 - Ó DEUS, os gentios vieram à tua herança; contaminaram o teu santo templo; 
reduziram Jerusalém a montões de pedras. 
2 - Deram os corpos mortos dos teus servos por comida às aves dos céus, e a 
carne dos teus santos às feras da terra. 
3 - Derramaram o sangue deles como a água ao redor de Jerusalém, e não 
houve quem os enterrasse. 
4 - Somos feitos opróbrio para nossos vizinhos, escárnio e zombaria para os que 
estão à roda de nós. 
5 - Até quando, SENHOR? Acaso te indignarás para sempre? Arderá o teu zelo 
como fogo? 
6 - Derrama o teu furor sobre os gentios que não te conhecem, e sobre os reinos 
que não invocam o teu nome. 
7 - Porque devoraram a Jacó, e assolaram as suas moradas. 
8 - Não te lembres das nossas iniquidades passadas; venham ao nosso encontro 
depressa as tuas misericórdias, pois já estamos muito abatidos. 
9 - Ajuda-nos, ó Deus da nossa salvação, pela glória do teu nome; e livra-nos, e 
perdoa os nossos pecados por amor do teu nome. 
10 - Porque diriam os gentios: Onde está o seu Deus? Seja ele conhecido entre 
os gentios, à nossa vista, pela vingança do sangue dos teus servos, que foi 
derramado. 
11 - Venha perante a tua face o gemido dos presos; segundo a grandeza do teu 
braço preserva aqueles que estão sentenciados à morte. 
12 - E torna aos nossos vizinhos, no seu regaço, sete vezes tanto da sua injúria 
com a qual te injuriaram Senhor. 
13 - Assim nós, teu povo e ovelhas de teu pasto, te louvaremos eternamente; de 
geração em geração cantaremos os teus louvores. 
 
 
69 
 
Salmos 137:1-9 A.C.F. 
 
1 - JUNTO dos rios de Babilônia, ali nos assentamos e choramos, quando nos 
lembramos de Sião. 
2 - Sobre os salgueiros que há no meio dela, penduramos as nossas harpas. 
3 - Pois lá aqueles que nos levaram cativos nos pediam uma canção;e os que 
nos destruíram, que os alegrássemos, dizendo: Cantai-nos uma das canções de 
Sião. 
4 - Como cantaremos a canção do SENHOR em terra estranha? 
5 - Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, esqueça-se a minha direita da sua 
destreza. 
6 - Se me não lembrar de ti, apegue-se-me a língua ao meu paladar; se não 
preferir Jerusalém à minha maior alegria. 
7 - Lembra-te, SENHOR, dos filhos de Edom no dia de Jerusalém, que diziam: 
Descobri-a, descobri-a até aos seus alicerces. 
8 - Ah! Filha de Babilônia, que vais ser assolada; feliz aquele que te retribuir o 
pago que tu nos pagaste a nós. 
9 - Feliz aquele que pegar em teus filhos e der com eles nas pedras. 
 
Provérbios 
 O autor 
 
De maneira tradicional, associa-se comumente a Salomão - visto como 
padroeiro, verdadeiro patrono da Sabedoria - a autoria dos escritos sapienciais. 
Este tipo de percepção imputa a Moisés a autoria do Pentateuco e faz de Davi 
70 
 
escritor dos Salmos. O que o texto transparece é a presença não de um autor, 
mas vários. Não uma data, todavia observa-se um ajuntamento de materiais que 
transpassa séculos (de 950 a 400 a.C aproximadamente). STORNIOLO, Ivo. 
(1992. p. 21) 
 
 A obra 
 
O livro de Provérbios encontra-se na terceira parte do cânon judaico 
chamados Escritos. A tais livros os pais da igreja atribuíram codinome de 
terminologia grega de hagiógrafa ou escrita sacra. Pela atual disposição 
observada pela Bíblia judaica, ele é o terceiro livro, subsequente aos Salmos e 
Jó, respectivamente. 
Em mãos, apreciamos uma coletânea de coleções, uma superestrutura 
de blocos diferentes, levando também diferentes origens e datas de feitio, 
contudo dispostos como único conglomerado sapiencial e referidos em único 
título. Em hebraico chamado por mishlê. Na Septuaginta é traduzido por 
paroimiai Salomônto, ou apenas paroimiai e em latim Liber Proverbiorum ou 
Proverbia. 
Uma compilação valiosa onde os preceitos da fé estão relatados e 
dispostos a serem incorporados pelo povo de Deus. Nesta antologia, ditados 
populares são preceitos escritos que exalam a empiria diária da experiência de 
vida e que nutrem o aprendizado do sábio com vivências concretas Longe de 
elucubrações teóricas abstratas, o sentido da praticidade de trato se faz por alvo 
destes ensinos que levam o indivíduo a lidar com sabedoria diante de 
acontecimentos cotidianos. Numa sabedoria tipicamente prática, o texto de 
Provérbios é o conhecimento este que é adquirido pela fé numa busca 
incessante ao Criador, doador da Sabedoria. 
Em hebraico a palavra “provérbio” (mashal) é interpretada exatamente 
por semelhança, comparação. No entanto, assumindo sentido mais 
diversificado, pode também possuir outro entendimento revelando rica 
diversidade poética entre outros: metáfora (11,22), alegoria (27.23-27), etc. 
71 
 
Elementos de artifícios literários utilizados, que podemos reconhecer 
percebendo-os como participantes na composição de escrita do livro de 
Provérbios. 
 
 Características da obra 
 
 Cronologia: segundo STORNIOLO, Ivo. (1992. p. 21) 
Um fundir de valiosas referências sapienciais, geradas através de 
praticamente seis séculos e que estão alocadas em nove camadas de temas 
compondo partições estruturais da obra. 
TABELA 
 
Passagem Titulo Marco 
Temporal 
 
 
 Pr 1-9: Prólogo 
 Pr 10,1-26, 16: Grande coleção Salomônica 
 Pr 22,17-24,22: Coleção dos Sábios 
 Pr. 24,23-34: Sequência da coleção dos sábios 
 Pr 25-29: Segunda coleção salomônica 
 Pr. 30,11-14: Palavras de Agur 
 Pr 30,15-33: Provérbios numéricos 
 Pr 31,1-9: Palavras de Lemuel 
 Pr 31,10-31: Uma mulher de valor 
 
 
72 
 
Finalidade 
 
O propósito didático do livro é diretamente exposto logo no primeiro 
capítulo da obra (1.2-6) e neste mesmo capítulo encontramos no verso sete 
resumo em maestria como deve ser adquirido o conhecimento que produz vida. 
Uma formação integral de êxitos materiais embasados numa espiritualidade 
alimentada pelo Senhor, torna-se fundamento ofertado em Provérbios. Conduzir 
o homem a felicidade é torna-lo sábio (8.32-35). E esta felicidade é transcrita em 
vida com vitórias conseguidas sob o temor ao Senhor (22,4), reputação (10,7; 
22,1). Uma existência onde o fortalecimento do núcleo familiar é substancial 
(19,26). Uma obra onde uma coleção de aforismos revela o conhecimento que 
conduz à sabedoria divina. 
 
Relação com o Novo Testamento 
 
Existe uma extrema proximidade de relação entre o livro Provérbios e o 
Novo Testamento. Escritores neotestamentários comumente embasam suas 
colocações teológicas com citações apoiadas neste livro. O próprio Jesus 
utilizou-se de provérbios, parábolas que são figuras literárias oferecidas pela 
literatura sapiencial. É notável a interação que reconstrói e amplia o sentido 
original, enriquecendo-o. Quando confrontamos passagens como Mt 23.6-7 com 
Pv 25, 6,; reconhecemos o sentido da mensagem de Jo 3.13 tão afim com Pv. 
30.4, presenciamos revelação de perfeita unidade hermenêutica na 
multiplicidade de composição exegética da Escritura. 
Consideremos as influências: Segundo LASOR, William S. et al (2003, 
P. 511) 
 
 
73 
 
TABELA 
Novo testamento 
C
O
M
P
A
R
E
 
Velho Testamento 
Rm 12,16 Pr. Pv. 3.7 
Rm 12.20 Pv. 25. 21-22 
1Co 1.24 Pv 8 
Cl 2.3 Pr. 2. 4-5 
Hb 12.5s Pr. 3.11-12 LXX 
Hb 12.13ª Pr. 4.26 LXX 
Tg 4.6 Pr. 3.34 LXX 
Tg 5.20 Pv. 10-12 
1Pe 2.17 Pr. 24.21 
1Pe 4.8 Pr 10.12 
1Pe 5.5b Pr. 3.34 
2Pe 2.22 Pv 26.11 
 
Sentenças encontradas em Provérbios recebem fluência no ensino 
produzido no novo testamento. A Escritura Sagrada, em sua perfeição, veicula 
supranatural confecção. Em diálogo com as duas alianças, percorrendo os 
diversos momentos literários, encontramos coesa inerrância bíblica habitual. 
 
Estrutura 
 
O texto como vasta compilação produzida através de aproximadamente 
seiscentos anos, possui muitos blocos temáticos, que em si, são porções 
completas. Independentes. Porém estes diferentes arranjos devem ser 
observados como um todo numa aglutinação, ajuntamento. Assim, montado tal 
composição única, as várias partes se interligam como capítulos de um mesmo 
livro, cuja função orbitará uma sabedoria que nos transforma adaptando-nos a 
lidar em questões da vida diária com o prudente conhecimento adquirido. 
Sabedoria (capacidade) é dom que provém de Deus conduzindo o conhecimento 
74 
 
(instrumento), da ação humana. Ao unirmos dos diferentes conjuntos temáticos, 
é possível particionar o livro de Provérbios em estruturas: 
 
 08 Estruturas 
Segundo LASOR, William S. et al (2003, pag. 501). 
 
01 A importância da Sabedoria (1.7-9.18) 
02 Os Provérbios de Salomão (10.1-22.16) 
03 As Palavras dos Sábios (22.17-24.22) 
04 Ditados Complementares (24.23-24) 
05 Os Provérbios de Salomão Copiados pelos 
Homens a Serviço de Ezequias 
(25.1-29.27) 
06 As Palavras de Agur (30.1-33) 
07 As Palavras de Lemuel (31.1-9) (31.1-9) 
08 A descrição de uma mulher excelente (31.10-31) 
 
 09 Estruturas 
 
Segundo MOMLOUBOU, L. et al. (1996. pag. 134). 
 
Livrete I (Pr 1-9), Provérbios de Salomão, filho de Davi, reis 
de Israel 
Livrete II (Pr 10,1-22,16) Primeira Coleção de Salomão 
Livrete III (Pr 22,17-24.23) 
 Livrete IV (Pr 24,23-34) 
Livrete V (Pr 25-29) 
Livrete VI Pr. 30,1-14) Palavras de Agur 
Livrete VII (Pr. 30,15-33) 
Livrete VIII (Pr 31,1-9) Palavras de Lamuel 
Livrete IX Pr 31, 10-31. 
75 
 
 
 10 Estruturas 
Segundo CERESKO, Anthony R.(2004., pg 61). 
 
I Título e introdução (1,2;1-7) 
II O Prólogo (1,8-9,18) 
III A Primeira Coletânea de “Provérbios de 
Salomão” 
(10,1-22,16) 
IV “As Palavras dos Sábios” (22,17-24,22) 
V “(Mais) Ditos dos Sábios” (24,23-34) 
VI Uma Segunda Coletânea de “Provérbios de 
Salomão” 
(25,1-29,37) 
VII As “Palavras de Agur”, Filho de Jaces (30,1-9) (30,1-9) 
VIII Uma Coletânea de Ditos(Preponderantemente) Numéricos 
(30,15-33) 
IX “As Palavras do Rei Lamuel...Que lhe foram 
ensinadas por sua Mãe 
(31,1-9) 
X Um Poema que Descreve “A Mulher; Esposa 
Ideal 
(31,10-31) 
 
Tais unidades de composição, independente das frações a que são 
submetidas, suas divisões sempre respondem com referência ao conteúdo, ao 
estilo literário, e ao título. E cada autor, uma linha de metodologia interpretativa 
própria. 
São estruturas que didaticamente atestam a produção intelectual de 
sábios diante do conhecimento trivial da população. A vida diária e seu exercício 
do senso comum, a informalidade existencial e suas oportunidades de 
aprendizagem receberam uma sistematização educativo-sapiencial ao longo de 
aproximadamente uma meia dúzia de séculos fecundando o livro de Provérbios 
com seu propósito. 
 
76 
 
Recursos da escrita 
 
A riqueza literária de Provérbio é nítida. Presenciamos a presença de 
longos discursos, contrastando com o conteúdo intermediário que se faz por 
versos emparelhados, curtos e possuindo em si sentido próprio. Encontramos 
paralelismos (característica da poesia semita utilizada com fins de memorização) 
por toda a obra. A interação entre a primeira e a segunda frase do provérbio 
assume possibilidades múltiplas. STORNIOLO, Ivo. (1992, p. 55-61). 
 
a) Sinônimo: O sentido nasce da comparação entre os pensamentos 
expressos nas linhas do Provérbio. A segunda linha deve ratificar o 
sentido da sentença anterior. A segunda linha é semelhante à primeira. 
Pr 16.18 
 
A arrogância precede a ruína, 
E o espírito altivo, a queda. 
 
b) Antitético: Apesar de contrastar com a primeira frase, a segunda está lhe 
reforçando o sentido. Pr 12.18 
 
Há quem tenha a língua como espada, 
Mas a língua dos sábios, cura. 
 
c) Sintético, progressivo ou também ascendente: Neste paralelismo A 
segunda linha completa a primeira. Pv 15.33 
 
O temor do Senhor é a instrução da sabedoria, e precedendo a honra vai 
à humildade. 
 
d) De comparação: A segunda frase é como ou equivale a primeira. 
Individualmente, cada frase apresenta realidade própria. São diferentes 
77 
 
entre si. Entretanto é criada nova realidade ao aproximá-las. Nova ideia é 
realçada quando dispostas em interação. Pr 25,11 
 
Como cão que volta ao seu vômito, 
Assim é o insensato que repete a sua estupidez 
 
e) Paralelismo comparativo: Provérbios apresentados no estilo 
comparativo de superioridade, em que o primeiro verso deprecia o 
segundo. Utilizando-se expressões como “melhor do que ou mais vale” a 
primeira frase desvaloriza a subsequente (isto é melhor do que ou isto é 
bom e aquilo não). Pr 16,19. 
 
Melhor é ser humilde de espírito com os mansos, do que repartir o 
despojo com os soberbos. 
 
Mais exemplos de gêneros sapienciais encontrados no livro de 
Provérbios são destacados: 
 Provérbios numéricos - Por gradação ou acréscimo numérico (Pv 6.16-
19) 
 Poema didático (Pv 8 e 9); 
 Cadeias de provérbios: Reunião de diversos marshals: 
 
- Iniciados pela mesma letra hebraica: 
Pr 11,9-12; 20,7-9; 22,2-4 
- Iniciados com o mesmo termo: 
“Coração” – 15, 3-4, “bom” – 15, 16-17 
- Retornam ao mesmo núcleo de sentido. Uma palavra como uma senha 
para entendimento contextual: 
- Pr 26,4-5 (Responder); 16,10.12-15 (rei); 26,1-12 (insensato); 26,13-16 
(preguiçoso); 
 
 Instrução: Presente no primeiro livrete dos Provérbios (1-9) 
78 
 
 
Valia teológica 
 
Nesta obra de sabedoria, repousa a síntese temática existencial para 
qualquer que almeje a sapiência: Temor ao Senhor! Não uma irracionalidade 
oriunda do medo ancestral do desconhecido, mas uma vida de reconhecimento 
ao amor que nos é dispensado dia após dia através da benevolência de um 
Criador. Conforme a BIBLIA DE JERUSALÉM, 2011, P. 1024 
 
Se aceitares, meu filho, minhas palavras e conservares os meus 
preceitos, dando ouvidos à sabedoria, e inclinando o teu coração 
ao entendimento; se invocares a inteligência e chamares o 
entendimento; se o procurares como o dinheiro e o buscares 
como um tesouro; então entenderás o temor de Iahweh e 
encontrarás o conhecimento de Deus. Pois é Iahweh quem dá a 
sabedoria; de sua boca procedem ao conhecimento e o 
entendimento. Pr 2, 1-6. 
 
O que o livro verso após verso nos faz vislumbrar, é uma dádiva 
chamada Sabedoria, que nos é destinada, e que nos será ofertada se nos 
permitirmos ao amor de Deus. 
Nós, como indústria delicada, nas mãos cuidadosas de um perito sábio 
artesão. Nós, como a razão mais improvável – contudo real - de seu mover 
intercessor, que se faz diário e constante em pleno exercício de misericórdia. 
Ação esta que nos permite a existência. 
 
 
 
 
79 
 
O Livro de Jó 
 
Introdutivo do livro de Jó 
 O Texto 
De maneira geral tem-se prosa-poesia e prosa. Inicia-se com uma 
narrativa em forma de prosa que se vê seguida um considerável diálogo em 
forma poética. 
 
 Personagens aqui destacados 
Deve-se ressaltar então que Eliza,Sofar e Baldad distribuem uma 
teologia das retribuições terrestres, onde teorizam segundo tal conceito, que o 
sofrer de Jó é oriundo de seus pecados, que constitui-se por teologia 
equivocada. Jó, mais que um exemplo de paciência também se apresenta como 
impetuoso combatente diante das adversidades que se apresentam e constitui-
se não mais um sujeito a determinismos exteriores numa passividade reclusa e 
improdutiva. Os amigos de Jó juntamente com Eliú intensamente defendem a 
ideia de que o justo de Deus não sofre, não estão sujeitos a intempéries na 
existência ou isentam-se de provas. (4,6-8). 
 
 Compreensão 
É importante lembrar que jamais se deve entender como pecaminoso o 
sofrer (posição dos amigos de Jó) e nem atribuir a Deus inimizade com o 
sofredor. 
 
 Autoria, data e composição 
 
80 
 
Não se possui informação sobre o autor. Segundo LASOR, William S. et 
al (2003, p. 515): “O nome do autor de Jó está perdido para sempre.” Existe 
probabilidade deste israelita (observe-se o texto e a ideia autoral da soberania 
divina), utilizou-se do ambiente não israelita de Uz (quer em Edom, no sul, quer 
ao leste, em Gileade), espaços da história antiga e pelo enredo literário de apelo 
de realidade humana universal. 
Sobre a datação da produção deste documento histórico, a certeza de 
uma ausência de unidade consensual quanto a exatidão temporal é sua marca 
indelével. Ainda recorrendo a LASOR, William S. et al (2003, P. 515): “Em suma, 
uma data entre 700 e 600 parece razoável para a conclusão da obra.” 
 
Canonicidade 
 
TERRIEN, Samuel. Jó, São Paulo: Paulus, 1994. P.8 
 
Quanto sua colocação no cânon escriturístico é induvidável, entretanto 
sua localização dentro dele é que levanta questões. Vejamos: 
 
a) No contexto tradicional hebraico: 
Salmos, Jó e Provérbios estão preferencialmente unidos, com o livro de 
Salmos sendo sequenciado por uma alternância de ordem entre Jó e 
Provérbios. Ora um ora o outro vem primeiro. 
 
b) Versões gregas: 
Um texto reposiciona após Eclesiastes, ao término do Antigo Testamento. 
 
c) Traduções Latinas: 
Convencionou-se a sequência de livros: Jó, Salmos, Provérbios. 
 
d) Bíblia siríaca: 
Entre o Pentateuco e Josué, motivados do suposto contexto patriarcal 
do enredo e da ideia de ser Moisés seu autor. 
81 
 
 
 
 O Gênero: 
O conceito sobre gênero nos leva a compreender que o livro de Jó não 
é capaz de ser reduzido a uma unidade literária de gênero único. Conforme 
CERESKO, Anthony R (2004 p.81) “O livro como um todo não se enquadra em 
nenhuma forma literária específica. A obra é demasiada original e o autor, na 
verdade, criou uma forma literária peculiar ao compô-la” Assim, não se detém em 
nenhum conceito pré-determinado. 
Entre outras, é possível observar temáticas de: queixa e reconciliação, 
lamentos semelhantes aos salmos (queixas), debate filosófico, tragédia, 
parábola. 
 
 A forma: 
 
Este livroé uma mescla magistral de inúmeros tipos de literatura que 
podemos nos deparar no Antigo Testamento. 
 
1. Prosa (1.1-2.13; 32.1-5; 42.7-17) 
2. Lamentos pelo nascimento (cap. 3) 
3. Queixas (6-7; 9.25-10.22; 13.23-14.22; 16.6-17.9; caps. 23; 29-1-
31.37) 
4. Provérbios: Jo (6.14,25ª; 12.5s., 12; 13.28; 17.5), Elifaz (5.2, 6s.; 
22,2, 21s.); Zofar, (20.5); Eliú, (32.7) 
5. Perguntas retóricas: Jó (6.5s., 11s., 22s.; 7.12; 9.12; 12.9; 13.7-9; 
Eliú (34.13, 17-19, 31-33; 36.19, 22s); Elifaz, (4.7; 15.2s., 7-9, 11-14); 
Bildade, (8.3, 11, 18.4); Zofar (11.2s., 7s., 10s). 
6. Onomásticas, catálogos e enciclopédias Jó: 38 
 
 A estrutura: 
 
82 
 
Neste esboço, quanto a sua estrutura observa-se: Para LASOR, (2003 
pág. 516) 
 
 
TABELA 
I. Prólogo (prosa) Caps. 1-2 
II. Conjunto de Discursos (poesia) Caps. 3-42.6 
 a. Diálogo Caps. 3-28 
 1. Lamento de abertura de Jó Cap. 3 
 2. Diálogo entre Jó e os amigos em três ciclos Caps. 4-27 
 Elizaf (Jó responde a cada um) Caps. 4-5; 15; 22 
 Bildade Cap 8; 18; 25 
 Zofar Caps. 11; 20 
 3. Poema de Sabedoria Cap. 28 
 b. Série de Discursos de uma Pessoa Caps. 29-41 
 1. Jó alega inocência Caps. 29-31 
 2. Discursos de Eliú Caps. 32-37 
 3. Discursos de Javé com resposta de Jó Caps. 38-42.6 
III Epílogo (prosa) 42. 7-17 
 
 
 Características literárias: 
 
Inegável se faz o primor artístico com o livro de Jó. Variedades de 
paralelismos poéticos, a utilização de tercetos completos e unidades ainda 
maiores, compõe a obra literária. Contemplando metáforas e símiles, para uma 
breve apreciação do estilo autoral, destacaremos alguns momentos em que a 
formosura da Criação é exposta: 7.6; 9.25; 19.10; 29.23. Temos também, 
metáforas extensas, numa quase alegoria: 6.15-21. 
 
 
83 
 
Valia Teológica 
Alguns pontos são ressaltados e devem ser utilizados para nosso 
empenho de produzir uma teologia empenhada na transformação social e 
legitimada no amor de um Deus justo e misericordioso. Presente e soberano. 
Uma ponderação universal sobre o posicionamento empático do Homem 
diante da cena relacional na qual se insere, sempre procurando a presença do 
Deus de Jó nos laços relacionais de seu meio social é o que obteremos se 
pacificamente convivermos com a realidade de que a dor é divina oportunidade, 
pois em nós, nos habilita a trabalhar superação. Que a adversidade é momento 
de plantio de passos, caminhar consciente, na ciência divina materializada no 
amor de Deus. Deus conosco e não um “Emmanuel” contra nós. 
Esta obra de maneira especial aponta para a cruz. Revela o Cristo. Jó, 
e sua via de crucificação nos lança pesado olhar para a cruz. Na cruz o Cristo 
se fez resoluto por exprimir sua lealdade ao plano de seu Pai. Leal até a morte. 
Morte e ressureição. Ainda que não a desejasse, quis. Pede para afastá-la, 
todavia assume a vontade do Pai. Lealdade pela fé. 
Como Jó ressurgindo, ao final do livro ressuscitando em benesses, em 
prova para toda a eternidade de que o que crer no deserto é levantado tal 
serpente de bronze em sinal de salvação. Que, impassível diante do malefício, 
não retrocede. 
Este livro nos remete a um compromisso interior quando as inevitáveis 
atrocidades do mundo se aproximarem. Diante do Calvário, estaremos 
eloquentes como cordeiros silenciosos convictos de que sabem a quem servem. 
Nosso silêncio se tornará então insuportável gritando contra o pecado, a quem 
não possui a Salvação no peito e não compreende o que é sobrenatural. 
Jó não amaldiçoa a Deus ainda que o corpo tomado pela enfermidade 
seja viva dor. Isto nos remetendo aos jovens na fornalha, que não adorariam um 
ídolo, assim abdicando da fé. 
Ainda que dentro de um momento repleto de adversidades Jó tenha 
lutado com suas forças, através de inúmeras justificações, foi no instante da 
84 
 
intervenção e correção sobrenatural de Deus que Jó pôde, enfim, finalizar com 
êxito, a epopeia pelo qual trafegou. Assim concluímos que nas lutas quando 
percebemos que estamos com Deus e não Ele contra nós obteremos a vitória. 
Jó luta e não se dá por passivo. Não entrega a única coisa que possui 
sua fé. Ainda que tudo tenha perdido. Assim recordamos um Abraão que guarda 
tudo de mais precioso que lhe é seu: A fé. Pois o seu único filho seu não mais 
era já que ao Senhor tinha ofertado. 
A fé é um pacto de fidelidade. Fidelidade a Deus é compreender que 
diante da dor, a passividade dos maus significa revolta atribuindo todo maleficio 
sofrido a um Deus punitivo. Fidelidade é conhecer que Deus é amor e justiça. No 
âmbito eclesial dentro desta pós-modernidade na qual estamos em convivência, 
um exemplo de maleficio teológico de tal passividade revoltosa seria a Teologia 
da Prosperidade, que atribui ao pecado à ausência de prosperidade. Se alguém 
sofre é porque é mau, pois pecado nele há. 
Acorre-nos a cuidadosa observação de que, se um justo pode sofrer e 
um homem mau obter seu êxito nesta nossa existência, será demasiadamente 
imprudente designar de pecador o sofredor e agraciar os prósperos. Perigosa 
se faz uma ponderação superficial. Quando a princípio não compreendamos, as 
situações que a existência nos apresenta como desafios insuperáveis, que um 
“faça-se” seja nosso discurso movidos pelo Espirito Santo. Um matrimônio é 
nossa relação com Deus. Em bons ou maus momentos nossa fidelidade deve 
permanecer. 
Quando mais nada nos resta, sobra-nos a lealdade pela fé! 
Ao fim, sempre cada um de nós e Deus! 
 
 
85 
 
 
CÂNTICO DOS 
CÂNTICOS – 
ECLESIASTES 
3 
 
Conhecimento 
 
Compreender as noções necessárias para compreensão de cada livro. 
 
 
Habilidade 
 
Reconhecer os assuntos tratados nesta unidade. 
 
 
Atitude 
 
Aplicar textos critico-reflexivo diante do contexto apresentado. 
 
 
86 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
87 
 
Cântico dos Cânticos 
 
Beleza poética em um livro explicitada com o esmero e delicadeza que 
somente uma ação divina poderia realizar, nele encontraram essa pérola escrita 
em hebraico, na ação de um poema lírico com liberdade formal, que impressiona 
pela riqueza e unicidade incontestáveis. Estruturado em blocos literários 
constituindo cânticos que interagindo entre si formulam um enredo onde o amor 
monogâmico e heterossexual exalam uma via que se utilizando de quadros 
bucólicos e urbanos, abrigam personagens cujo sentimento impregnam todo o 
enredo levando o leitor a maravilhar-se na grandeza e eloquência bíblica que 
abriga em sua escritura múltiplas temáticas para a criatura refletir sobre o amor 
de quem a criou. 
 
Dados de composição 
 
O autor, um judeu autóctone de Judá, o período temporal aproximado 
em torno de 500 a.C. (STADELMANN, Luis I. 1998. P. 26), Ainda que Salomão 
provavelmente não tenha sido o autor, são encontradas referências a sua pessoa 
no decorrer da obra (1.5; 3.7, 9. 11), principalmente no título (1.1) que pode ser 
traduzido por “A Salomão” no hebraico lishlõmõh (1.1). Entretanto devemos 
considerar ainda mais dois possíveis significados para este termo no hebraico: 
Seria “para” ou “ao estilo de Salomão”. Pela tradição é atribuída a este rei a 
autoria da Obra. LASOR (2003, P. 558). 
 
 
 
 
88 
 
Múltiplas leituras interpretativas 
STADELMANN, Luis I. (1998 P. 16-25) 
 
Sobre a chave de interpretação que foi dedicada a este livro, não há uma 
concordância quanto a abordagem hermenêutica ideal a ser utilizada na 
elucidação motivacional que levou sua escrita. Sua origem, sua finalidade, seu 
fundamento de escrita ao povo de Israel na época da estruturação da obra pelo 
autor geraram linhas de compreensão diversas. 
 
a) Alegoria, alegórica: No intento da sacralização desta obra, evitando seu 
uso inadequado e profano, a esfera soteriológica foi enaltecida. Gerando 
uma concepção de entendimento, fecundando assim a estrutura poética 
do Cântico dos Cânticos ao amor de Deus por Israel. A Mishná,o Talmud 
e Targun, antigas linhas de reflexão judaica relacionavam-no a Páscoa, 
sendo lido em seu oitavo dia e observado como alegoria histórica onde 
marcos da história de Israel desde o Êxodo até a vinda do Messias eram 
contemplados. Representando Javé tal noivo e Israel sua noiva, textos 
proféticos (Ez 16,8-14; Os 2,16-20; Is 54,5s; 62,2; Jr 2,2ss) constituíam 
chave hermenêutica. Já os Pais da Igreja faziam tal leitura considerando 
Cristo sendo o noivo e a Igreja sua noiva. Passagens do novo testamento 
como (Mt 9,15; 25,1-13; Jo 3,29; 2 Cor 11,2; Ef 5,22-23; Ap 19,6-8; 21,9-
11; 22,17) serviram de embasamento para esta finalidade de percepção 
alegórica. 
 
b) Drama, dramática: Considerando que o texto possui diálogos, 
monólogos e coros levaram eruditos tal Orígenes e também modernos 
assim o considerarem. Uma dramatização em vários atos apresentando 
o amor conjugal. Duas formas de interpretação dramática são 
consideradas: 
 
89 
 
 Dois personagens principais: Salomão e Sulamita. 
Aqui Sulamita incorretamente identificada com a filha do faraó de 1 Rs 
3.1; 
 Três personagens: Salomão, Sulamita e o pastor. 
Nesta versão, Sulamita apaixonada pelo pastor, resiste ao cortejo de 
Salomão. 
É importante que se considere que a ausência de indicativos de dramas 
formais entre o povo semita de maneira especial os hebreus, invalida as 
proposições acima relatadas. (LASOR, 2003, P. 563). 
 
c) Ritos Litúrgicos: Houve uma tentativa de interpretação do Cântico dos 
cânticos construindo paralelo a costumes religiosos da Mesopotâmia, 
Egito ou Canaã. O contexto vital de compreensão seria a mitologia e a 
religião politeísta da Babilônia e seus ritos de fertilidade. No início do 
século XX esta linha de estudo considerava Salomão e Sulamita como 
Tammuz e Ishar, retirando Javé/Cristo e Israel/Igreja da alegoria judaico-
cristã. Segundo LASOR et al (2003, P. 564): “Cântico dos Cânticos não 
carrega marcas de uma revisão deste tipo. 
 
d) Poema Lírico: A Obra é vista como um conjunto de poemas de amor. 
Uma visão naturalista, resgatando o Cântico dos Cânticos do âmbito 
simbólico e metafísico, relegando-o a uma realidade antropológica, onde 
a literalidade é componente ativo. 
 
e) Texto Cifrado: Utilizando-se de exegese investigativa multidisciplinar, 
esta modalidade interpretativa empregou a metodologia da crítica literária 
e histórica. Desvendando a real temática do Cântico dos Cânticos valeu-
se da crítica literária e a crítica da forma o que auxiliou significantemente 
perante a análise poética. Numa sistematização de análise exegética, 
para explorar a chave hermenêutica embutida no texto valeram-se do 
método histórico-crítico (a obra é fruto das relações concretas do autor 
que interage com sua realidade existencial), o método sociológico 
90 
 
(contextos externos incidem diretamente sobre a comunidade de fé. 
Fatores socioculturais, político-econômicos invadem este grupo social 
que se encontra em vias de reconstrução) e o de análise semântica (a 
palavra amor e sua vasta concepção de significados, colocando-a no 
quadro de análise semântica de textos diplomáticos ao antigo Oriente 
Médio, da qual emanaria sentido de interação de aliança sócio-política). 
 
Nesta visão, o Cântico dos Cânticos se converte a um manual 
interpretativo, pois diante do texto original se decifrariam os símbolos que então 
revelam o sentido real da mensagem. O que antes seria apenas um poema 
literário descrevendo a relação entre dois amantes converte-se em um manifesto 
nacionalista de reestruturação sócio-política em prol do reestabelecimento de 
uma monarquia. Documento de convocação dos repatriados oriundos da 
Babilônia, para que numa reintegração, constituíssem harmoniosa interação e 
se integrassem aos judeus locais, em um projeto de reconstrução nacional. 
Numa ação solidária e fraterna integrados pela fé javista, o povo receberia 
instruções e este plano de ação velada, encontraria confortável dissimulação em 
um poema lírico. 
Tendo a restauração do Estado judaico e a unidade nacional como 
finalidade essencial, o sentido primário da palavra amor no Cântico dos Cânticos 
recebe nova conotação. De simples explanação literária relatando amantes em 
profusão, do sentido poético a palavra amor assume caracteres de conotação 
jurídica dos documentos oficiais da Antiguidade. Assim relatará conchave, união, 
pacto, sócio-político. Aqui descreverá a relação rei e povo. Salomão e Sulamita. 
Juntos numa coalizão de propósitos, instigados e redarguidos pelo manifesto de 
sublevação contido no Cântico dos Cânticos. 
 
 
 
 
91 
 
Observemos 
Conforme STADELMANN, (1998. Pg. 23): 
TABELA 
 
Personagem Literário 
 
 
Correspondente Real 
A Sulamita Judeus autóctones 
Filhas de Jerusalém Chefes dos sacerdotes 
Filhas de Sião Líderes dos judeus repatriador 
 
Salomão 
 
Representante do Estado monárquico 
Dinastia Davínica 
Rainhas 
 
Reinos vassalos da Pérsia 
Esposas Províncias persas 
 
Jovens Comunidades judaicas da diáspora 
 
Mãe de Salomão Casa davídica 
 
Mãe da Sulamita 
 
Nação Israelita do período anterior ao 
exílio 
Personagens masculinos diversos 
 
Representantes de diversas funções 
sociais 
 
Considerações Literárias 
LASOR, William S. et al. (2003. P. 560-561) 
 
Encontramos um profundo acervo de riquezas literárias depositadas 
neste texto que mais está relacionado a poesia sobre amor do que propriamente 
92 
 
escrito de sabedoria. Reconhecemos além dos tradicionais poemas de amor, 
material complementar. 
 
a) Jogo de Amor: (5.2-7), (6.1-2s) 
Um jogo interativo entre a mulher e suas companheiras. 
 
b) Fórmula de imposição de juramento (2.7; 3.5; 5.8; 8.4) 
O amor e seu caráter incontrolável gera na esposa anseio de disponibilizar-se 
ao esposo e tal ensejo de compromisso é ratificado pelas amigas. 
 
c) Cântico espirituoso (1.7s) 
Entre os dois, o momento de descontração que revela seus desejos de um para 
com o outro, é revelado. 
 
d) Cântico de ostentação (6.8-10; 8.11s.) 
Junto aos companheiros o esposo se deleita em constatar como sua amada se 
faz por única e especial. 
 
e) Convite ao amor (2.5; 17; 4.16; 7.11-13; 8.14) 
Por parte da esposa o anseio por intimidade. 
 
Assim atestando a amplitude de recursos literários, no texto nos 
deparamos com autodescrições utilizadas somente pela mulher (1.5s.; 2.1; 
8.10), cânticos de admiração onde o vestuário e ornamentos são ressaltados 
(e.g. as joias em 1.9-11; 4.9-11), cânticos descritivos onde ao mesmo tempo os 
cônjuges se saúdam e se convidam ao amor. Também encontramos Cânticos 
de anseio (e.g. 1.2-4; 2.5s.; 8.1-4,6s.) que revelam o ardor dos cônjuges um para 
com o outro. Narrativas de busca em que a esposa aparenta se colocar 
dispondo-se a iniciativas amorosas movida pelos anseios e sentimentos. Busca, 
uma com satisfação (3.1-4) e outra não (5.2-7). 
 
93 
 
Estrutura TEXTUAL: 
Segundo LASOR, William S. et al. (2003 P. 566-567). 
TABELA 
 
SEÇÃO 
 
TEMA 
 
TIPO DE CÂNTICO 
 
CANTOR 
TEXTO 
Título Relacionamento 
real 
Prosa Editor 1.1 
Poema I Anseio e 
descoberta 1.2-
2.7 
Cântico de anseio pelo 
esposo ausente 
Mulher 1.2-4 
 Autodescrição de 
modéstia 
Mulher 1.5-6 
 Diálogo espirituoso 
procurando de modo 
imaginativo um 
encontro 
Mulher, 
homem 
1.7-8 
 Cântico de admiração 
pelo valor e pela 
beleza da mulher 
Homem 1.9-11 
 Cântico de admiração 
em resposta 
Mulher 1.12-14 
 Cântico de admiração 
em diálogo 
Mulher, 
homem, 
mulher, 
homem 
1.15-2.4 
 Cântico de anseio por 
intimidade 
Mulher 2.5-6 
 Apelo por paciência 
com o curso do amor 
Mulher 2.7 
Poema II Convite, 
suspense, 
resposta 2.8-3.5 
Descrição da 
aproximação e do 
convite do esposo 
Mulher 2.8-14 
94 
 
 Resposta espirituosa 
tornada séria pela 
afirmação de posse 
mútua 
Mulher 2.15-16 
 Convite à intimidadeMulher 2.17 
 Descrição da frustação 
e da satisfação 
Mulher 3.1-4 
 Apelo por paciência 
com o curso do amor 
Mulher 3.5 
Poema III Cerimônia e 
Satisfação 
 3.6-5.1 
Descrição dramática e 
admirada da chegada 
do noivo 
Mulher 3.6-11 
 Descrição da beleza 
da noiva 
Homem 4.1-7 
 Cântico de convite 
para a noiva 
Homem 4.8 
 Cântico de admiração 
para a noiva 
Homem 4.9-15 
 Cântico de convite 
para o noivo 
Mulher 4.16 
 Cântico de resposta 
ansiosa 
Homem 5.1ª 
 Cântico de 
encorajamento (filhas 
de Jerusalém) 
Filhas de 
Jerusalém 
5.1b 
Poema IV 
 
Frustação e 
prazer 
5.2-6.3 
Relato de um sonho 
aflitivo 
Mulher 5.2-7 
 Apelo por ajuda 
urgente 
Mulher 5.8 
 Perguntas espirituosas Filhas de 
Jerusalém 
5.9 
95 
 
 Descrição da beleza 
do esposo 
Mulher 5.10-16 
 Pergunta espirituosa Filhas de 
Jerusalém 
6.1 
 Resposta de prazer e 
compromisso 
Mulher 6.2-3 
Poema V Pompa e 
celebração 6.4-
8.4 
Cântico descritivo com 
toques de orgulho 
Homem 6.4-10 
 Fantasia de separação Mulher 6.11-12 
 Pedido de retorno Filhas de 
Jerusalém 
6.13 a 
 Resposta espirituosa 
em forma de pergunta 
Mulher 6.13 b 
 Descrição da mulher 
dançando 
Filhas de 
Jerusalém 
7.1-5 
 Cântico de anseio por 
intimidade 
Homem 7.6-9 
 Convite à satisfação Mulher 7.10-8.3 
 Apelo por paciência 
com o curso do amor 
Mulher 8.4 
Poema VI Paixão e 
compromisso 
8.5-14 
Pergunta que marca o 
retorno do casal 
Filhas de 
Jerusalém 
8.5 a 
 Lembrete sedutor da 
continuidade do amor 
Mulher 8.5 b 
 Cântico de anseio por 
castidade 
Mulher 8.6-7 
 Tese de castidade Mulher 8.8-10 
 Falando em 
lugar dos 
irmãos 
(8-9) 
 Orgulho da castidade Mulher 8.11-12 
96 
 
 Cântico de anseio por 
ouvir a voz dela 
Homem 8.13 
 Cântico de convite a 
aceitar o amor dele 
Mulher 8.14 
 
 
Considerações Teológicas 
 
Um poema cuja sabedoria revela explicitamente o desejo do criador por 
sua criação: Uma relação prazerosa e repleta de conectivos com a essência da 
existência, ou seja, inteiramente ligada ao amor. Puro e verdadeiro sentimento 
cuja origem se revela na transparência, fidelidade, completude da relação. Javé 
e Israel, Jesus e a Igreja, Salomão e Sulamita, não importa qual seja a 
denominação de nomenclatura exegética que utilizemos, não importa qual seja 
o prisma ou parâmetro que guie nosso conceito interpretativo ou preceito 
conceptivo, porque tudo se resume em uma unidade indivisível: o amor. E em 
sua firme perenidade, dentro de sua consistente essência, o amor emoldura todo 
o enredo desta declaração de vida efusiva entre duas realidades (nós e Deus) 
que em comum interação se confundem e se fundem numa só. 
Amamos e somos amados por um Deus que ao longo da existência 
humana tem se dedicado a cuidar pacientemente de sua criação e por ela zelar 
de maneira incompreensível àquele que jamais provou o amor. Aquele que 
encantar-se com a beleza da Criação e ouvir a música que um coração 
apaixonado exala encontrará facilidade de divagar espiritualmente lendo o 
Cântico dos Cânticos e reconhecer a presença de um Deus que abre mares, e 
desfaz estigmas sociais. Um Deus que destrói altares pagãos de uma religião 
humana legalista e levanta templos que ressuscitam e onde o espirito santo 
habita. Templos feitos a imagem e semelhança suas. 
O Cântico dos Cânticos expressa amor vivo e nítido como sangue que 
da cruz escorre, lavando-nos carinhosamente de todas nossas culpas e faltas. 
97 
 
Faz-se por um convite à melhor de todas as oportunidades: Conhecer ao Deus 
verdadeiro, tão humano e tão divino. 
 
 
O Livro do Eclesiastes 
 
Esboço do Livro - Introdutivo ao Eclesiastes. 
 Designação. 
 Coélet ou Eclesiastes faz-se por tradução grega do termo hebraico 
qôhelet, cujo sentido aproximado seria uma comunidade ou aquele que ajunta o 
grupo social com a finalidade de fala. Uma espécie de orador, pregador. Tem-se 
vezes transliterado o Coélet por Qohelet ou Koheleth. Seria o copilador do saber 
popular estruturando-o de forma normatizada, gerando um sistema. 
 Autor, Data 
De acordo com a tradição hebraica, é situado entre os cinco rolos 
(Megilloth) utilizados em situações de festividade oficial, destinando-o aos 
Tabernáculos. Noutros instantes se vê agrupado a Provérbios e a Cântico dos 
Cânticos de Salomão. E ao mesmo Salomão é imputada tradicionalmente a 
autoria, segundo BALANCIN, Euclides Martins (1991 P 7): “Na antiguidade era 
mais honroso atribuir o próprio escrito a uma personagem famosa. Assim o autor 
julgou por bem atribuir o seu livro ao rei Salomão (1,1)”. 
 
Quanto à cronologia, evidências sugerem data compreendida entre 400 
e 200 a.C. LASOR, William S. et al. (2003. P. 544) 
 
 
 
98 
 
 Contexto Histórico 
Para compreendermos mais precisamente a produção literária é 
necessário contemplarmos a realidade histórica em que ela se insere. 
BALANCIN, (1991, p. 8-10) O Coélet agrupou sistemicamente a produção 
reflexiva popular de uma Palestina sob governo estrangeiro dos Ptolomeus. 
Fazendo parte da província da Celessíria, tendo assim que se submeter a 
opressão político-econômico que naturalmente debilitava o povo material e em 
extensão, espiritualmente. E para se completar, uma elite judaica desfrutava de 
uma posição privilegiada perante e acima do povo. Tudo se fazia constituinte 
para que diante de tal espoliação um sentido reflexivo popular de fraternidade e 
união produzisse uma obra de reação social de conscientização e mudança, tão 
importante mensagem no Eclesiastes. 
Muita coisa se faz por importante, contudo poucas realmente são 
essenciais. O povo percebe que conhecimento, prazer, prosperidade, trabalho, 
não trazem felicidade, pois estão sujeitas a fugacidade da vida. Sob a realidade 
econômico-político-social da Palestina deste período, o povo não possuía 
acesso a desfrute destas realidades. O texto volta-se a realidade do povo que 
produz e não tem acesso às porções de benesse sob sua produção. Não 
especula sobre propostas abstratas, entretanto debruça-se sobre a simples 
realidade: Felicidade ao homem comum é viver sob justiça que o possibilitará 
usufruir o que produz. 
Aparelhos econômicos, políticos, ideológicos, religiosos levavam o povo 
a mendigar por felicidade. O autor leva a reflexão de que a mudança se principia 
quando a solidariedade, empatia, cria uma reação. Todo o povo refletindo sob 
um ideal comum, constitui um início de mudança. E relata que Deus quer a 
felicidade do povo. Deste Deus recebe riquezas e bens para sustento próprio, e 
desfrute da obra de suas mãos. 
 
 
 
99 
 
 Composição 
 
O Tema 
 
O autor reconhece que o conhecimento tradicional não se fazia eficiente 
para interpretar a soberania divina. Vejamos este profundo versículo, segundo a 
Bíblia de Jerusalém (2011, P.1078): 
 
“Quem sabe o que convém ao homem durante a sua vida, ao 
longo dos dias contados de sua vida de vaidade, que passam 
como sombra? Quem anunciará ao homem o que vai acontecer 
depois dele debaixo do sol?” Ecle 6.12. 
 
Há uma lacuna insuperável entre a abstração, o conhecimento do 
Criador e a pretensa sabedoria da criatura. Cometer a imprudência de não 
considerar tal realidade gera confecção de um perigoso ídolo pessoal chamado 
pretensão do ego. O texto já trata desta realidade quando evoca a vaidade das 
vaidades (1,2). A temática relacionada a vaidade que compõe a estrutura da 
realidade material se faz por recorrente e se torna a essência do livro. O contexto 
histórico – já relatado - define tal recorrência que retrata um homem desiludido 
e insatisfeito. Contudo, reconhecem que Deus não deve satisfações ao homem 
e que receber de sua parte tanto momentos bons quanto instantes adversos é 
componente de uma ampla ação da divindade. 
 
 A Estrutura 
Observando a síntese estrutural, há de ser visto em destaque como 
metodologiaadotada pelo autor: 
o Natureza repetitiva dos argumentos numa nítida exposição 
temática. 
100 
 
o Utilização de provérbios de maneira conjunta no intento de tonificar 
ou dotar de fácil interpretação a mensagem, numa didática de fácil 
apreensão. 
o Assim temos numa cadeia de tema e conteúdo: Segundo LASOR, 
William S. et al. (2003, P. 547-548) 
 
Tabela 
 Introdução (1.1-13) 
 Título (v.1) 
 Tema (v. 2s.) 
 Tema demonstrado – I (1.4-2.26) 
 Pela constância da criação (1.4-11) 
 Pelo conhecimento (v.12-18) 
 Pelo prazer (2.1-11) 
 Pelo destino de todas as pessoas (v.12-17) 
 Pelo labor humano (v. 18-23) 
Conclusão: Goze a vida agora conforme Deus a dá (v. 24-26) 
 Tema demonstrado – II (3.1-4.16) 
 Pelo controle de Deus sobre todos eventos (3.1-11) 
Conclusão: Goze a vida agora conforme Deus a dá (12-15) 
 Pela falta de imortalidade (v.16-21) 
Conclusão: Goze a vida agora conforme Deus a dá (v. 22) 
 Pela opressão maldosa (4.1-3) 
 Pelo trabalho (v. 4-6) 
 Pelo acúmulo mesquinho de riquezas (v. 7-12) 
 Pela natureza transitória da popularidade (v. 13-16) 
 Palavras de Conselho – A (5.1-12[TM4.17-5.21]) 
 Honre a Deus em seu culto (5.1-3[TM4.17-5.2)] 
 Cumpra seus votos (v.4-7[TM 3-6]) 
 Espere injustiças do governo (5.5s.[TM 7s.]) 
 Não sobrestime a riqueza (5.10-12[TM9-11]) 
101 
 
 Tema demonstrado – III (5.13-6.12[TM5.12-
6.12]) 
 Pela riqueza perdida em negócios 5.13-17[TM 12-16]) 
Conclusão: Goze a vida agora conforme Deus a dá (v.18-20[TM 17-19]) 
 Pela riqueza de que não é aproveitável (6.1-9) 
 Pela inexorabilidade do destino (6.10-12) 
 Palavras de Conselho – B  (7.1-8.9) 
 A honra é melhor que o luxo (7.1) 
 A sobriedade é melhor que a leviandade (v. 2-7) 
 A cautela é melhor que a ousadia (v. 8-10) 
 Sabedoria com riqueza é melhor que só 
sabedoria 
(v. 11s) 
 A resignação é melhor que a indignação (v. 13s) 
 A integridade é melhor que a pretensão (v. 15-22) 
 Enfrentar limitações é melhor que cantar 
vitórias 
(v.23-29) 
 Ceder á às vezes melhor que ser correto (8.1-9) 
 Tema demonstrado – IV (8.10 – 9.12) 
 Pelas incoerências na justiça (8.10-9.12) 
Conclusão: Goze a vida agora conforme Deus a dá (v.15) 
 Pelo mistério dos caminhos de Deus (v. 16s.) 
 Pela morte, destino comum tanto do sábio 
como do insensato 
(9.1-6) 
Conclusão: Goze vida agora conforme Deus a dá (v.7-10) 
 Pela incerteza da vida (v. 11s.) 
 Palavras de Conselho – C (9.13-12.8) 
 Introdução: uma história sobre o valor da 
sabedoria 
(9.13-16) 
 A sabedoria e a insensatez (9.17-10.15) 
 O governo dos reis (v. 16-20) 
 Práticas sadias nos negócios (11.1-8) 
 Gozar a vida antes que chegue a velhice (11.9-12.8) 
102 
 
 Epílogo 
 Alvo do Pregador (12.9s.) 
 Recomendação de seus ensinos (v.11s.) 
 Conclusão do assunto (v.13s.) 
 
 A Unidade 
 
Em um pressuposto de uma unidade na composição da Obra do 
Eclesiastes, temos como destaque argumentativo a questão da motivação. Tal 
obra em si constitui forte crítica ante sábios e piedosos dentre os judeus e seus 
conceitos humanos perante a divindade e sua metodologia de ação, assim, seria 
mais conveniente extirpá-lo do cânon a tentar adotá-lo adicionando inúmeras 
glosas textuais. Muitas aparentes contradições no texto, por exemplo, nascem 
do trabalho do autor diante das múltiplas variáveis que a existência apresenta e 
não do labor desenvolvidos por um editor que tenciona juntar realidades díspares 
entre si, produzidas por inúmeras fontes. (LASOR, et al 2003, P. 549). 
 
Características Literárias 
 
 Reflexões 
O cerne desta Obra se compõe de um conjunto de narrativas em forma 
de prosa, na primeira pessoa, e que redigem um quadro atestador da 
superficialidade fugaz da existência. Tal caractere de produção onde a reflexão 
torna-se padrão de distinção vai de encontro com seu modo de aperceber-se da 
vida e sua complexidade muito além da compreensão humana. O Coélet e sua 
apreensão do existir: A experiência ponderada e vivida. (LASOR, et al 2003, P. 
550). 
 
103 
 
Provérbios 
Observa-se a utilização em duas categorias: 
1. Declarações – Descrevem a existência. (5.10[TM9]) 
2. Admoestações – Instruções deliberadas sob sugestão. 
 
a) Positivos: (11.1) 
b) Negativos: (7.9) 
 
Também se destaca a linha de raciocínio em que busca-se dentro do 
real, o ideal. Porque nada seria realmente em integral totalidade ou bom ou mau, 
no entanto, distingue-se o que seria menos deficiente. Sempre existe a opção 
pelo melhor. 
Tais provérbios podem ser observados ou inseridos nas reflexões, 
assumindo o papel de síntese de conclusão (1.15, 18, 4.5s.) ou reunidos na 
secção de “palavras de advertência” (5.1-12[TM 4.17-5.11]; 7. 1-8.9; 9.13-12.8). 
(LASOR, et al. 2003, P. 551) 
 
 Perguntas Retóricas 
Na finalidade de convencimento argumentativo quanto ao veredicto 
sobre vaidade o autor se utiliza de tal artificio literário. (LASOR, et al. 2003, P. 
551). 
 
 Linguagem Descritiva 
Esta modalidade de escrita utiliza-se de retratações físicas que remetem 
a nítidas visualizações das imagens apresentadas no contexto. Por exemplo: 
Assim, no enredo (12.2-7) o que se obtém durante a leitura da passagem é uma 
vívida exposição mental de imagens em rico estilo de escrita, o que acresce e 
104 
 
emoldura a ideia tornando-a mais forte na mensagem e fixação de aprendizado 
para o leitor. (LASOR, et al 2003, P. 552). 
 
Contribuições Teológicas 
Este livro constitui crítica direta a pretensão humana na tentativa 
religiosa de adequar o Criador aos limites de racionalidade da criatura. Dotar 
Deus de possibilidade de compreensão e previsibilidade humanas, relegar Deus 
a estruturação e controle do aparelho religioso. 
Ainda assim, diante deste cenário caótico, o Eclesiastes torna-se 
distante de amargura e vazio existencial por ausência de perspectivas tão 
comum ao contexto hebraico neste período histórico. Ao contrário, diante do 
Homem e esta realidade física limitada, o Eclesiastes enxerga a Deus, pois seu 
horizonte (doutrinário) está para além, e não se encontra minimizado na 
materialidade de uma Palestina debilitada pela ação dos Ptolomeus nem da elite 
social de judeus corrompidos. 
Reconhece que dentro da liberdade divina habita a inacessibilidade 
humana de compreensão e entendimento plenos. Diante de Deus apenas a fé 
movida por um amor gratuito obtém funcionalidade e conduz a um entendimento 
espiritual. 
Compreende que toda a adversidade nasce no coração humano 
reconhecendo assim que no Homem e não em Deus reside o problema. 
Perceba-se: “Tudo Deus fez formoso no seu devido tempo; também pôs a 
eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que 
Deus fez desde o princípio até o fim”. (3.11). Toda prudência se faz assim 
necessária no trato com o Criador, porque o vaso diante do oleiro tende a ser 
passiva manufatura! Assim: “... porque Deus está nos céus, e tu, na terra; 
portanto sejam poucas as tuas palavras” (5.2). 
Ainda destacamos algumas perspectivas do Eclesiastes quanto a alguns 
temas do cotidiano, como: 
105 
 
1. Graça – reconhecida nas dádivas recebidas de Deus. No Coélet este 
sentido é representado pela palavra “porção”. 
 
2. Morte – Referencial de limitação humana e conscientização de 
insuficiência de poder do ser diante da indomável existência. 
 
3. Gozo – Ou prazer deveria ser obtido da conscientização do que seria 
realmente essencial: Buscar em Deus à saciedade de necessidades que 
por Ele seria providas através da Criação. Tudo o que esta vida oferta 
seria uma multidão de vaidades que apenas aumentaria o vazio de um 
coração que em Deus não repousa. (2.11). 
 
Sinalizando para o Evangelho, colocando diante da sabedoria da época 
a realidade de que os desígnios do Criador estariam sempre além da total 
compreensão humana, já é tênue (contudo perene) sinalização para questões 
que seriam colocadas à humanidadeatravés, por exemplo, do mistério da 
Encarnação. Ainda é oportuno citarmos que muito do material tratado nesta obra 
será amplamente reiterado por Jesus Cristo, nos Evangelhos. Trabalho 
exaustivo, busca de controle sobre a própria existência, e mesmo o alerta sobre 
vaidade, são temáticas que aportarão no Novo Testamento. (LASOR, et al 2003, 
P. 552-555). 
 
 
 
 
106 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
107 
 
 
SABEDORIA DE 
SALOMÃO – 
ECLESIÁSTICO 
4 
 
Conhecimento 
 
Noções necessárias para compreensão de cada livro. 
 
Habilidade 
 
Estar capacitado para explanar sobre os assuntos tratados nesta 
unidade 
 
Atitude 
 
Procurar empenho critico-reflexivo diante do contexto apresentado 
 
108 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
109 
 
A Aliança Veterotestamentária diante dos apócrifoss e 
dos pseudoepígrafos: 
 
O que seria um livro apócrifo? 
 
Basicamente compreende-se por apócrifo aqueles escritos que não 
eram utilizados em culto público e nem na Teologia. Não eram considerados 
inspirados. 
Pela terminologia, chamam-se por apócrifos, aqueles livros do antigo 
testamento que não pertencem ao cânon judaico e que os católicos a eles se 
reportam por deuterocanônicos. Lembrando que o termo cânon era referido à 
coleção de textos reconhecidos por santos sagrados, inspirados por Deus. 
Tal agrupamento apócrifo, contendo livros surgidos no espaço temporal 
aproximadamente compreendido do segundo século a.C. ao século primeiro 
(inclusive), da era cristã, o chamado período intertestamentário, tem sido a 
motivação de consistente quebra de unidade dentro da igreja cristã quanto a 
conceituação de que seriam ou não inspirados pelo Criador. Dever-se-iam ou 
não estar no rol das Sagradas Escrituras, na posição de reconhecidos sacros e 
santos. 
Pelo grego clássico “apocryphos” está compreendido como “oculto” ou 
“difícil de entender”. Deste adjetivo grego se faz oriunda a palavra Apócrifos. 
Também se pode estender a simbologia vocabular para algo secreto, reservado 
a iniciados. Uma realidade de significado bem distante da mensagem contida na 
Escritura, que prima pela objetividade em clareza e liberdade expressivas em 
seus contextos discursivos. 
Material este que foi inserido à Septuaginta “Versão dos Setenta” (LXX) 
- tradução para o grego do Velho Testamento e que assim acabou por influenciar 
de certa forma a Vulgata Latina que absorveu seus apócrifos. Depositados foram 
110 
 
estes livros no velho testamento desta versão sem que jamais integrassem a 
Bíblia Hebraica. 
Um material produzido que recebe ponderações. Segundo WYCLIFFE, 
Dicionário Bíblico: “Alguns dos livros têm erros históricos e representam ética e 
Teologia questionáveis” (2013, p.16). Livros que não encontram espaço de 
reconhecimento no cânon hebraico e nem das igrejas reformadas. 
 
São exemplos de livros apócrifos: 
 Judite 
 A Sabedoria de Salomão (Liber Sapientiae) 
 Tobias 
 Eclesiástico (Ecclesiasticus) 
 Baruc 
 A carta de Jeremias 
 O 1º livro dos Macabeus 
 O 2º livro dos Macabeus 
 Os trechos acrescentados a Ester 
 
 Acréscimos a Daniel: - Susana 
- A oração de Asarias e a oração dos três 
jovens na fornalha ardente; 
- Bel em Babilônia, e sobre o dragão de 
Babilônia. 
 
 A oração de Manassés 
 O 3º livro de Esdras 
 
 
 
111 
 
Desenrolar Histórico 
 
IGREJA OCIDENTAL 
 
No ano de 1546, através do Concílio de Trento, a Igreja Ocidental 
definitivamente promulga que os livros apócrifos de Tobias, Judith (mencionados 
após Neemias = 2 Esdras), Liber Sapientiae, Ecclesiasticus (mencionados após 
Cantica canticorum), Baruch (mencionado após Jeremias), Macchabaeorum 
primus et secundus (assinalados depois de Malaquias) deveriam 
obrigatoriamente receber a categoria de canonicidade e assim serem 
observados por todos que professassem a fé cristã. ROST, L (1980, P. 21) 
Tais livros são fonte de fortes disputas teológicas, colocações onde o 
antagonismo interpretativo entre católicos e protestantes floresce avidamente. 
Segundo WYCLIFFE, Dicionário Bíblico. (2013, p. 156) “O concilio de Trento 
(1546) afirmava a canonicidade destes livros como encontrado na edição da 
vulgata e excomungava aquele que negasse sua posição. Essa declaração foi 
posteriormente confirmada pelo Concílio Vaticano de 1870”. 
 
IGREJA ORIENTAL 
 
Pertinente salientar que pela Igreja Oriental, o Concílio de Trulo (692) 
comungando da decisão do Concílio de Cartago (397 e 419), já considerava os 
apócrifos como canônicos. 
Mas em 1672, o Concílio de Jerusalém reduz a coleção de ex-apócrifos 
para três: Somente Jurite, Eclesiástico (Sirac) e Sabedoria de Salomão estariam 
sob reconhecimento humano da divina inspiração no ato de confecção destes 
escritos. Seriam apenas estas três, canônicos. 
 
112 
 
REAÇÃO DE LUTERO 
 
Reformadores como Lutero (repetindo Jerônimo) não os aceitaram. 
Instigado pelo anseio de retorno aos originais - característica própria do período 
histórico Renascentista de então - cujo discurso humanista de retorno às fontes 
(ad fontes) é primícias, e assim considerando tão somente a “veritas hebraica”, 
adota apenas os livros que o Cânon Hebraico contempla como revelação do 
Criador. 
Os “libri ecclesiastici” de Jerônimo foram apenas relocados no corpo do 
material bíblico, tirando-os da sequência normal de sua Bíblia em alemão, 
relegando-os a um apêndice no fim do Antigo Testamento, salientando através 
de uma introdução informando que aqueles livros apócrifos não estão em pé de 
igualdade com a Escritura Sagrada, apesar de ser uma útil e boa leitura. 
Inclui nesta adjacência: Judite, Sabedoria de Salomão, 1 Macabeus, 2 
Macabeus, Tobias, acréscimos de Ester, as histórias de Suzana e Daniel, de Bel, 
em Babilônia, do dragão em Babilônia, a Oração de Asarias (Dn 3) e a Oração 
de Manassés, rei de Judá. Exclui o terceiro livro de Esdras, 3 Macabeus, Baruc, 
e a carta de Jeremias que apresentam-se no cânon latino. (ROST, L 1980, P. 
21-22). 
Se toda a Escritura é inspirada e proveitosa para o ensino (como 
sabemos), definir o que seria a composição de tal Escritura se faz por valia 
necessariamente humana e providencialmente divina. 
 
MAIS REAÇÕES 
 
Uma grande parte das Bíblias inglesas (Wycliffe, Coverdale e Geneva) 
possuía tais livros apócrifos como um apêndice, entretanto no início de 1629 eles 
foram omitidos de edições da King James Version. E desde 1827, estes livros 
113 
 
são omitidos pelas Bíblias que as Sociedades Bíblicas britânicas e americanas 
publicaram. (ROST, L. 1980, P. 21-22). 
 
PARTICULARIDADES DE ALGUNS LIVROS 
 
Prudência meticulosa se faz por essencial, ao nos determos no corpo 
doutrinário de: Tobias, 1 Macabeus e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e 
Baruc. Estas obras demonstram momentos de peculiaridade singular que 
exprimem necessidade de adequado momento de imposição reflexiva. Assim, 
analisemos abaixo as inferências dispostas seguindo a disposição do texto 
escriturístico encontrado e para tanto nos servimos em alguns momentos 
também da Bíblia de Jerusalém. Vejamos: 
 
TOBIAS 
 
 Obras nos justificando em processo de religiosa barganha: (4.7-11, 12.8) 
 Superstições: (6.5,19) 
 Crendices onde sugestão de paganismo constitui metodologia de 
exorcismo: (6.7-9) 
 Mediação angelical: (12.12) 
 
1 MACABEUS 
 
O próprio autor declara que no seu contexto histórico não havia mais 
profetas: (4. 45-46; 9.27, 14.41). 
Vejamos a primeira passagem, encontrada na Bíblia de Jerusalém 
(2011, P. 730): “E ocorreu-lhes a boa inspiração de o demolirem, a fim de não 
se tornasse para eles motivo de desonra o fato de pagãos o terem contaminado. 
114 
 
Demoliram-no pois e puseram as pedras no monte da Morada, em lugar 
conveniente, à espera de que viesse algum profeta e se pronunciasse a esse 
respeito”. 
Observemos que no termo “profeta” acimadestacado existe uma 
inferência de nota de rodapé explicativa. Vejamos a que ela se refere, segundo 
a Bíblia de Jerusalém (2011, p. 730): “c) O livro alude mais vezes a essa 
interrupção da profecia (9,27; 14,41. Cf. Sl 74,9; Lm 2,9; Ez 7,26)”, confirma. 
 
2 MACABEUS 
 
 Oferta de sacrifício por pecados cometidos por falecidos. Oração por 
mortos no propósito de provável intermediação: (12.43-46) 
 O autor se justifica diante de possível debilidade do texto. (15.37,38) 
 
SABEDORIA DE SALOMÃO 
 
 Oposição corpo-alma: (Sb 9.15) 
Numa alusão a filosofia grega, o corpo opõe-se a alma. Colocar o 
conceito de separação corpo-alma como realidades distintas e independentes 
entre si não comunga sentido com o que é exposto no livro do Gênesis. 
O processo da criação do homem descrito em Gn 2.7 nos impele uma 
realidade onde observamos o homem tornando-se alma vivente (ser) e não 
ganhando uma alma vivente (entidade etérea independente). 
No entanto, muito distante desta realidade do Gênesis, segundo a 
passagem de Sb 9.15 conforme a Bíblia de Jerusalém (2011, P. 1120): “Um 
corpo corruptível pesa sobre a alma e esta tenda de argila faz o espírito pesar 
com muitas preocupações”. Aqui encontramos um corpo como uma verdadeira 
prisão da alma. 
115 
 
Notemos que no termo “preocupações” acima destacado existe uma 
inferência de nota de rodapé explicativa. Vejamos a que ela se refere conforme 
a Bíblia de Jerusalém (2011, P. 1120): “Os termos empregados neste volume 
recordam a oposição estabelecida pela filosofia grega entre corpo e a alma ou o 
espírito (...)”, confirma. 
O que se percebe é uma nítida e clara incorporação de um conceito 
doutrinário estranho ao judaísmo numa harmônica helenização aos conceitos 
religiosos hebraicos. 
 
 Salvação pela sabedoria – (Sb 9.18), contradizendo Efésios 2.8. 
 
Segundo a Bíblia de Jerusalém (2011, P. 1120): “Somente assim foram 
retos os caminhos dos terrestres, e os homens aprenderam o que te agrada, e a 
Sabedoria os salvou”. Sb. 9.18 e “Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isso 
não vem de vós, é o dom de Deus;” Ef 2.8 Ibid, P. 2041. 
 
ECLESIÁSTICO 
 
 De início presencia-se prólogo não canônico reconhecido pela Bíblia de 
Jerusalém (2011, p. 1144), onde lemos:”Este prólogo do tradutor grego 
não faz parte do livro do Eclesiástico propriamente dito e não costuma ser 
considerado como canônico”. 
 Justificação por Obras em (3.33-34) 
 Desumanidade com o semelhante reduzindo-o a objeto de ganho ou 
escravizada propriedade em (33.26 e 30; 42.1 e 5c) 
 Xenofobia numa intolerância racial profunda em (50.27-28) 
 
 
 
116 
 
 
BARUC 
 
 Intercessão por mortos em 3.4 
Diante de tais considerações, ao menos um mínimo de cuidadosa 
ponderação se faz por substancial ao tratarmos com tais escritos, na finalidade 
de substancial produção teológica. 
 
ESTRUTURA COMPLEMENTAR: 
 
Listamos a seguir apêndice que sistematizado, facilita compreensão 
estrutural do Cânon Veterotestamentário sob a ótica de três distintas 
considerações. Segundo LASOR, William S. et al (2003, P. 658) 
 
TABELA 
Cânon do Antigo Testamento 
 
Bíblia Hebraica (24) Bíblia Protestante (39) Bíblia Católica (46) 
 
I - TORÁ (05) LEI (05) LEI (05) 
 
Gênesis Gênesis Gênesis 
Êxodo Êxodo Êxodo 
Levítico Levítico Levítico 
Números Números Números 
Deuteronômio Deuteronômio Deuteronômio 
 
II - PROFETAS (08) HISTÓRIA (12) HISTÓRIA (14) 
117 
 
 
Profetas Anteriores 
(04) 
Josué Josué 
 Juízes Juízes 
Josué Rute Rute 
Juízes 1 Samuel 1 Reis (ou 1 Samuel) 
1-2 Samuel2 Samuel 2 Samuel 2 Reis (ou 2 Samuel) 
1-2 Reis 1 Reis 3 Reis (ou 1 Reis) 
 2 Reis 4 Reis (ou 2 Reis) 
Profetas 
Posteriores 
1 Crônicas 1 Paralipômeno (ou 1 
Crônicas) 
 2 Crônicas 2 Paralipômeno (ou 2 
Crônicas) 
Isaias Esdras Esdras—Neemias (ou Ed, 
Ne) 
Jeremias Neemias Tobias (Tobit) 
Ezequiel Ester Judit 
Os Doze: Ester 
Oséias 
Joel POESIA (05) POESIA E SABEDORIA 
(07) 
Amós 
Obadias Jó Jó 
Jonas Salmos Salmos 
Miquéias Provérbios Provérbios 
Naum Eclesiastes Eclesiastes 
Habacuque Cântico dos Cânticos Cântico dos Cânticos 
Sofonias Sabedoria de Salomão 
Ageu Eclesiástico (Siraque) 
Zacarias 
Malaquias 
ROFETAS MAIORES 
(05) 
 
LITERATURA PROFÉTICA 
(20) 
118 
 
 Isaias 
III - ESCRITOS (11) Jeremias Isaias 
 Lamentações Jeremias 
Emeth (Verdade) 
(03) 
Ezequiel Lamentações 
Salmos Daniel Baruc 
Provérbios PROFETAS 
MENORES (12) 
Ezequiel 
Jó Daniel 
 Oséias Ozeias 
Megilloth (Rolos) 
(05) 
Joel Joel 
 Amós Amós 
Cântico dos Cânticos Obadias Abdias (Obadias) 
Rute Jonas Jonas 
Lamentações Miquéias Miquéias 
Eclesiastes Naum Naum 
Ester Habacuque Habacuc (Habacuque) 
Daniel Sofonias Sofonias 
Esdras—Neemias Ageu Ageu 
1-2 Crônicas Zacarias Zacarias 
 Malaquias Malaquias 
 1 Macabeus 
 2 Macabeus 
 
 
Pseudoepígrafos 
Grupo de obras que pelos católicos romanos são chamados apócrifos. 
Partindo da premissa do termo “pseudoepígrafo”, temos escritos que transitavam 
com nome de um autor fictício, apreciados apenas dentro de certos grupos. 
Surgiram quase no mesmo contexto cronológico dos apócrifos, não receberam 
o favor que os Canônicos recepcionaram pela Igreja Ocidental nem pela Oriental. 
119 
 
 
Classificação 
Classificados pelo seu conteúdo estão imersos em três categorias: 
Apócrifos Narrativos, Apócrifos didáticos e Apocaliptícos. Também há quem os 
classifique levando em conta a questão geográfica: palestinenses ou helenistas. 
 
Vejamos alguns, segundo questão de conteúdo: 
 
PSEUDOEPÍGRAFOS NARRATIVOS: 
 
Em sua composição apresentam geralmente informações lendárias; por 
vezes refletindo a realidade dos autores. 
Ex.: Livro dos Jubileus, 3 Macabeus, Vida de Adão e Eva, Prólogo de 
Eclesiástico. 
 
PSEUDOEPÍGRAFOS DIDÁTICOS: 
 
Geralmente tem finalidade de exortação moral. 
Ex.: Salmo 151, Salmos de Salomão, Oração de Manassés, 4 Macabeus, 
Apêndice de Jó. 
 
 
 
 
120 
 
PSEUDOEPÍGRAFOS APOCALIPTICOS 
 
Neles encontramos referências para o conhecimento das realidades 
religiosas, nacionais e politicas judaicas neste período (entre século II a.C. e o 
século I d.C.) 
 Henoc, Assunção de Moisés, 4 Esdras, Apocalipse de Abraão, Elias, 
Livros Sibilinos, Prólogo das Lamentações. 
 
Vejamos alguns segundo a questão geográfica: 
 
 Do judaísmo helenístico do Egito: 
A carta de Aristéias, O 3º livro dos Macabeus, o 4º Livro dos Macabeus, 
O Livro Eslavo de Henoc, Os Oráculos Sibilinos. 
 
 Da Síria: 
A Apocalipse grego de Baruc 
 
 Dos círculos dos fariseus da Palestina: 
Os Salmos de Salomão, o 4º livro de Esdras, O Apocalipse siríaco de 
Baruc. 
 
 
 
 
 
 
121 
 
Sabedoria 
 
Longe da tradição: Judeu anônimo e helenizado. 
 
O autor encontra-se ambientado numa realidade grega, sugerindo ser 
judeu da diáspora. Segundo MOMLOUBOU, L. et al., 1996. p. 406. “O Livro da 
Sabedoria é anônimo. A atribuição a Salomão, proposta pelo título grego do livro, 
é fictícia, é claro.” E pelo estilo de escrita supõe-se ser um sábio religioso cuja 
produção assemelha-se ao Eclesiastes e ao Eclesiástico, contudo estaria imerso 
em uma realidade judaica embebida pelo helenismo (tal o Eclesiástico), como 
nos garante ROST, Leonard. (1980. P. 54): “Embora isto nos mostre que o autor 
se enraíza na sabedoria bíblica, contudo ele desenvolve as ideias desta última 
completando-as com ideias helenísticas, como p. ex., (...) a opinião segundo a 
qual uma alma boa é recebida num corpo imaculado.” O que de imediato revela-
nos uma miscigenação cultural profunda com a adoção de valores estranhos ao 
contexto hebraico. 
 
 
Lutando pela preservação da identidade nacional 
 
 
Escreve a compatriotas que diariamente convivem com a força da perda 
de identidade nacional onde a religião é fundamento primordial. Recebem 
discriminação e encontram-seàs margens sociais. Estão no exterior, sob 
constantes confrontos socioculturais ante seu sólido monoteísmo cuja 
constituição religiosa se faz por demais distante de toda idolatria que se 
apresenta. Segundo LÍNDEZ, José Vilchez. (1995, P. 38) “Pelas influências 
judaicas, Sb, como obra de conjunto, nos recorda continuamente passagens do 
Antigo Testamento; mas também reflete o ambiente helenista em que foi 
educado o seu autor e o lugar de sua escrita”. Pelo contexto de uma escrita com 
122 
 
incisivos ataques ao Egito, é válido supor que este se encontraria provavelmente 
na efervescência citadina de uma exuberante metrópole. 
 
Onde ele estaria? 
 
Cogitada, Alexandria, símbolo de vigor filosófico, nicho da confluência 
erudita do mundo antigo, cidade da renomada Biblioteca fruto do legado da 
dinastia ptolomaica, referência direta do abrigo do poder do conhecimento, torna-
se atraente candidata. Neste enredo historiográfico, tal judeu possuidor de 
erudição na literatura bíblica e na tradição de seu povo, mostra-se hábil, fluente 
e adaptado a cultura grega, um novo mundo helenizado. Visto suas fortes 
contraposições aos costumes dos pagãos e seu posicionamento tão bem 
versado na religião do Deus Único é lícito vê-lo como um devotado e fervoroso 
intelectual que anseia de proclamar a validade de uma Sabedoria tão única 
diante de tantas que pôde encontrar nesta cidade portuária na costa 
mediterrânea do Egito. Testemunha ocular de sincréticas relações filosófico-
religiosas, neste mundo antigo, ele traz uma novidade: O saber provém de Deus. 
(STORNIOLO, 1993, 7-11). Pela tradição, encontramos um autor. 
 
Nomes como Clemente de Alexandria, Tertuliano, Hipólito de Roma, 
Cipriano, Lactâncio, Basílio atribuíram a Salomão a autoria do livro. Se 
compararmos as passagens: 
 
 (Sb 9,7) Escolheste-me como rei de teu povo, como juiz de teus filhos e 
de tuas filhas. Mandaste-me construir um templo em teu santo monte e 
um altar na cidade onde fixaste a tua tenda, cópia da tenda santa que 
preparaste desde a origem. Bíblia de Jerusalém (2011, P. 1119). 
 
 Com (1Cr 28, 5) De todos os meus filhos-pois Iahweh me deu muitos - é 
meu filho Salomão que ele escolheu para ocupar o trono da realeza de 
Iahweh sobre Israel. ‘É teu filho Salomão’, disse-me ele, ‘que construirá 
minha Casa e meus átrios, pois foi a ele que escolhi como filho e serei 
para ele um pai. Bíblia de Jerusalém (2011, P. 582-583). 
123 
 
 
 E (1Rs 3,7) Agora, pois, Iahweh meu Deus, constituíste rei a teu servo 
em lugar de meu pai Davi, mas eu não passo de um jovem, que não sabe 
comandar. Bíblia de Jerusalém (2011, P. 473) 
 
Assim, de imediato Salomão será tradicionalmente o indicado mais óbvio 
para a autoria. 
 
Questiona-se a tradição 
 
No entanto se faz necessário uma apreciação mais acurada. Podemos 
seguramente encontrar nomes como o de São Jerônimo e Agostinho de Hipona 
citando-os como destacadas referências (dentre outros menos expoentes), que 
negaram a autoria da obra ao rei judeu. Consequentemente relevemos as 
considerações abaixo elencadas constituindo-as como antítese contestatória ao 
posicionamento da tradição que favorece a Salomão como autor: 
 
1) O Livro da Sabedoria possui como síntese temática o reconforto do 
povo judeu diante de perseguições. Não havia perseguições no 
período dinástico de Salomão. 
2) O estilo, ensinos, cultura e ambiente histórico contido no livro 
constituem produção sob direto reflexo helenista. 
3) Jamais figurou no Cânon Judaico. 
 
A ideia de um mestre hebreu de língua e cultura gregas, versado no 
conhecimento da antiguidade judaica e fluente da modernidade cosmopolita 
helenista ser o autor do Livro da Sabedoria, se faz por aproximação razoável e 
de melhor compreensão. LÍNDEZ, José Vilchez (1995, P. 40). 
 
124 
 
 Título 
 
Escrito em grego, o que o exclui do cânon judaico, esta obra foi utilizada 
pelos cristãos primitivos, em suas bíblias, juntamente com outros escritos na 
versão da Septuaginta. CERESKO, Anthony R. (2004, P. 159). 
 
Seguem-se seus títulos 
 Sabedoria de Salomão 
(Manuscritos Gregos) 
 
 Sapientia Salomonis ou 
Liber Sapientiae Salomonis ou 
Liber Sapientiae 
(Versões Latinas) 
 
 
 Data de composição 
 
Como marco-temporal sugerido encontramos um ponto histórico que 
demanda aproximadamente pelo ano (50 a.C.) segundo STORNIOLO, Ivo. 
(1993, P. 8) ou (30 a.C. a 14 d.C) segundo LÍNDEZ, José Vilchez. ( 1995, P. 48.) 
Aqui presenciamos um Egito imerso no período helenista dos Ptolomeus e sob 
tutela romana. 
Neste compêndio de instruções de sabedoria, sob o pseudônimo de 
Salomão, nos deparamos com uma aglutinação judaico-grega de experiências 
(ambas as culturas receberam aditivos exteriores a suas essências). Como 
também ressaltamos a consolidação das consequências desta interação cultural 
em uma nova face na produção do conhecimento que versos nesta obra nos 
farão perceber. A helenização significou aproximação, unidade e consequente 
reativa mudança dentro do universo existencial do autor que repercutiu na obra. 
Estas são realidades criadas neste período cronológico. 
125 
 
 
Considerações 
Pensar a confecção desta obra é adentrar um panorama de aprendizado 
onde o sincretismo (em maior ou menor grau de interação) se faz por inevitável! 
A relação transcultural influenciou sobremaneira sua construção. 
Discorrer sobre a presença de influências exteriores ao Judaísmo e tão 
pertinentes às escolas filosóficas gregas é necessário porque tais ensinos que 
orbitam o Livro da Sabedoria estão por constituintes de partes de seu contexto. 
Conforme nos afirma ROST, Leonard (1980 P. 54) “Conquanto a sabedoria 
possa ser desenvolvia de acordo com o esquema da filosofia estóica, o autor 
permanece quase sempre dentro dos limites da sabedoria dos provérbios 
bíblicos.” Senão, vejamos: 
 
1. Presenças de elementos da Filosofia estoica estão no verso que segue, 
conforme Bíblia de Jerusalém (2011, P. 1105): 
 
O espírito do Senhor enche o universo, e ele, que mantém 
unidask todas as coisas, não ignora nenhum som. Sb 1.7 
 
 
É de se ver que no termo “unidas” acima destacado existe uma inferência 
de nota de rodapé explicativa. Vejamos a que ela se refere segundo a Bíblia de 
Jerusalém (2011, P. 1105): “k) O termo traduzido por esta expressão é tomado 
do vocabulário estoico. Com força, ele marca o papel do espírito do Senhor na 
coesão do universo. (...)” 
 
2. Mais outro momento, onde o versículo sugere que Deus cria a partir “de”. 
Pela Bíblia de Jerusalém (2011, P. 1123) temos: 
 
Bem que não teria sido difícil à tua mão onipotente, que criara o 
mundo de matéria informe h. Sb 11,17 
 
 
126 
 
Atentemos para o termo “informe” acima observado que nele há uma 
referência de nota de rodapé de auxilio compreensivo. Recorramos a tal nota 
conforme a Bíblia de Jerusalém (2011, P. 1123): 
 
h) Expressão filosófica, parcialmente inspirada em Platão 
(Timeu 51 A) e corrente na época para designar o estado 
indiferenciado da matéria, suposta eterna. O autor não tem 
nenhuma razão para subtrair a matéria à atividade criadora e 
pensa, sem dúvida, na organização do mundo a partir da massa 
caótica (Gn 1,1). 
 
 
 
Adequado diante desta afirmação de influência grega será ponderarmos 
sobre o que o autor de Hebreus, em coerente afirmativa que Deus produz a 
Criação a partir do nada (lt. ex nihilo), conclui: “Pela fé entendemos que os 
mundos foram organizados por uma palavra de Deus. Por isso é que o mundo 
visível não tem sua origem em coisas manifestas”. Hb 11:3. Bíblia de Jerusalém 
(2011, P. 2097). 
 
 
Um apócrifo contradiz outro apócrifo 
 
 
E assim, exatamente neste tema então tratado, presenciamos um livro 
apócrifo (2 Macabeus, 7.28) contradizer diretamente outro livro apócrifo 
(Sabedoria, 11.17). O Livro da Sabedoria afirmando a criação a partir “de”. 
Partindo de algo preexistentee 2 Macabeus negando. Então analisemos, 
segundo a Bíblia de Jerusalém, (2011, P. 778) 2 Mac 7.28: 
 
Eu te suplico, meu filho, contempla o céu e a terra e observa 
tudo o que neles existe. Reconhece que não foi de coisas 
existentes que Deus os fez a. 
 
 
Existe a presença do termo “fez” no parágrafo acima observado 
revelando que há uma referência de nota de rodapé para ajuda interpretativa. 
Consideremos tal nota conforme a Bíblia de Jerusalém (2011, P. 778): 
 
https://www.bibliaonline.com.br/acf/hb/11/3
127 
 
a) Quer dizer, Deus os criou do nada, primeira afirmação 
explícita da criação ex nihilo, já entrevista em Is 44,24 (ver 
também Jo 1,3; Cl 1,15s). – Alguns mss e o sir. Têm: “das coisas 
que não existem”, expressão que, segundo o filósofo judeu Fílon, 
designa a matéria não organizada (cf. Sb 11,17+). 
 
A assertiva acima implica necessariamente em um pensamento 
completamente adverso ao apresentado na Sabedoria de Salomão. 
 
A confirmação prossegue! 
 
Encontramos mais evidências da contraposição. Mostrando-nos a 
contradição existente entre os dois livros apócrifos, destacamos segundo a 
literatura encontrada da nota explicativa da Bíblia TEB (1988, P. 1662), onde 
presenciamos: 
 
x. Lit. nãos os fez de coisas que existem. Modo novo e mais 
preciso de exprimir a criação. (...) Uma parte do latim traduz: ex 
nihilo (donde a expressão corrente). 
 
Realmente as duas obras apócrifas possuem conceitos que se 
antagonizam. E aqui, 2 Mac 7.28 está correto. 
O caráter da miscigenação cultural encontra-se presente. Contemplem-
se passagens elencadas segundo MONLOUBOU (1996, p. 399) reforçando este 
atestado de pleno sincretismo: 
 
Sb 2,1-3 Na primeira parte do discurso dos ímpios, notam-se traços da 
doutrina dos epicuristas, mas eles não são únicos visados, e, 
em todo caso, não deviam tornar-se perseguidores 
Sb 7, 17-20 O autor transpõe para o gosto de seu tempo os dados 
tradicionais sobre o saber enciclopédico de Salomão 
(especialmente 1 Rs 5,13) 
Sb 7,22-23 A descrição do espírito da Sabedoria mediante vinte e um 
atributos lembra a definição do bem dada pelo estoico Cleanto 
128 
 
Sb 7,24 e 8,1 Insistindo na ideia de que a Sabedoria penetra totalidade do 
universo, o autor lhe atribui uma qualidade essencial do 
pneuma cósmico dos estoicos (cf. também Sb 1,7) 
Sb 8,7 As quatro virtudes chamadas mais tarde “cardeais” são 
enumeradas na forma tipicamente estoica 
Sb 9,15 Reconhece-se uma tese de Platão: o corpo entrava as 
aspirações da alma (cf. Fédon, 79Css.) 
Sb 11,20 A tríade “úmero, peso, medida” é um bem comum da cultura 
grega; mas Fílon o usou, como o nosso autor, a propósito de 
Deus criador 
Sb 12,4-6 Em sua descrição dos cananeus, o autor recorre, além do 
testemunho a Escritura, também à lenda grega dos Atridas; 
com isso ele visa anto os gregos como os cananeus 
Sb 12,19 O tema da “filantropia”, no sentido de humanitas, teve um 
desenvolvimento na literatura grega e foi universalizado pelos 
estoicos. Mas a Carta de Aristeas já tinha feito dela uma virtude 
real do judaísmo 
Sb 13,1-9 A análise do culto dos elementos da natureza se explica 
principalmente pela teodiceia do jovem Aristóteles, retomada 
pelos estoicos 
Sb 14,15 O desenvolvimento da idolatria a partir do culto de um defunto 
retoma provavelmente uma das formas do mito de Dionísio, 
segundo uma fonte de inspiração evemerista. Também o culto 
dos soberanos, estigmatizado em 14,16-20, teve tendências 
dionisíacas, enquanto em 14,23-26, o autor parece fazer 
alusão às bacanais. Por outro lado, 14,22 fala talvez do logro 
da paz romana 
Sb 15.12 As concepções pagãs da vida que são lembradas pertencem 
ao mundo greco-romano 
Sb 17 Na análise psicológica da praga das trevas, pode-se 
reconhecer o gosto dos gregos. Em todo caso, a descrição da 
natureza em movimento, em 17,17-18, é mais grega que 
bíblica 
129 
 
Sb 19,18 A comparação musical é também muito grega 
Sb 19,21 Considerar o maná como a ambrósia é aplicar-lhe ideia 
homérica de incorruptibilidade (Ilíada 19,38; Odisseia, 5,93) 
 
 
 
O texto de Sabedoria é uma constante de ativa relação com a cultura 
grega. Buscando interação, remetendo a sabedoria judaica para a esfera 
helenizada, em claro proselitismo de um idealista religioso, o autor se utiliza 
largamente de ferramentas literárias gregas. A constante realidade de 
enculturação sofrida pelo autor gerou este exercício de relação intelectual onde 
Sabedoria verte-se a instrumento que este judeu helenizado claramente anseia 
disseminar entre os pagãos, revelando assim uma estrutura monolítica de fé 
judaica, excepcional tesouro literário da antiguidade. Neste desejo, em uma 
abordagem ideal, dentro da dimensão de causa-efeito, a ideologia religiosa 
hebraica utilizando-se de características literárias gregas, encontra abrigo no 
meio helênico. O presente é recebido devido atraente embalagem. 
 
 
Formas literárias 
 
 
a) Protréptico: Convite exortativo a mudança de comportamento. Forma 
literária grega popular. 
 
b) Flashback: Uma frase ou contexto encontrados da segunda parte da 
obra remetem-se diretamente a frase ou contexto da primeira ou os 
repetem. 
Ex.: O termo grego theõreõ “buscar”, em 6,12 e 13,6. Também 13,3 e 
13,5-6 
 
130 
 
c) Inclusão: Repetição do mesmo termo definidor da temática no 
contexto ou palavra-chave, no início e ao fim da seção para sinalizar 
as partes, os conteúdos diferentes do corpo da obra. 
Ex.: A palavra “justiça” nos vv 1 e 15 do capítulo 1. 
 
d) Diatribe: Debate argumentativo antagônico lidando com imaginários 
opositores. 
Ex.; Cap. 6,9-11. 
 
 
Estas modalidades literárias identificam a forma de expressão buscada 
pelo livro de Sabedoria, ainda que esteja em consonância com “formas literárias 
e técnicas gregas.” CERESKO, (2004, P. 159-161). 
 
 
O Gênero Literário 
 
 
Este é um livro que apesar de recordar passagens veterotestamentária, 
através de suas influências judaicas, também se vê contido em um âmbito de 
sincretias. O Helenismo é latente presença que influencia o autor e sua escrita. 
Assim, dentro desta realidade grega tão próxima, ele está afim de gêneros 
literários como o protréptico ou o elogio. LÍNDEZ, José Vílchez (1995, P. 38). 
Segundo MOMLOUBOU, L. et al (1996, P. 386 e P. 390): “Qual o gênero 
literário desse livro em sua totalidade?” E responde: “Como se vê, a totalidade 
do Livro da Sabedoria corresponde ao gênero literários epidíctico dos oradores 
antigos; ele é até um bom exemplo de encomium ou elogio”. 
 
Estrutura de composição 
TABELA 
 
I Parte: Vida Humana e juízo escatológico (1,1-6,21) 
131 
 
 
a. 1. Exortação para amar a justiça 1, 1-15 
b. 2. Ímpios e Justos frente a frente 1, 16-2,24: 
2.1. Introdução ao discurso: 1, 16-2, 1a 
2.2 Discurso aos ímpios: 2, 1b-20 
2.3 Remate ao discurso: 2, 21-24 
c. 3. Revelação dos paradoxos desta vida: 3,-4 
3.1 Prova dos Justos – castigo dos ímpios 3,1-12 
3.2 Esterilidade diante da fecundidade 3,13-4,6. 
3.3. Morte prematura do justo – final trágico dos 
ímpios 
4,7-20 
 d. 4. Ímpios e justos face a face no juízo escatológico 5, 1-23 
4.1 Intr.: confiança dos justos – terror dos 
ímpios: 
5, 1-3. 
4.2 Discurso dos ímpios: 5,4-13 
4.3. Reflexões do autor: 5, 14-23 
 e. 5. Exortação aos governantes: 6, 1-21 
5.1. Aos governantes: 6, 1-11 
5.2 A Sabedoria conduz o reino: 6, 12-21 
 
 
II Parte: Encômio da Sabedoria: 6,22-9,18 
 
1. Discurso de Salomão sobre a Sabedoria: 6,22-8,21: 
1. 1. Introdução ao discurso de Salomão 6, 22-25 
a. 1.2. Salomão é como todos os homens: 7,1-6 
b. 1.3 A Sabedoria é superior a todos os bens: 7,7-12 
c. 1.4. A Sabedoria é superior aos bens 
morais e culturais: 
7,13-22ª 
d. 1.5. Qualidade e natureza da Sabedoria: 7,22b-8,1. 
c’. 1.6.A Sabedoria tem todos os bens 
desejáveis: 
8,2-9 
132 
 
b’. 1.7. A Sabedoria é a melhor companheirado justo sábio: 
8,10-16 
a’. 1.8 A Sabedoria é puro dom de Deus: 8,17-21 
2. Oração de Salomão pedindo a Sabedoria: 9,1-18: 
 2.1 Sem a Sabedoria o homem é nada: 9,1-6 
 2.2 Envia a Sabedoria do céu: 9,7-12 
 2.3 A Sabedoria e os desígnios de Deus: 9, 13-18. 
 
 
III Parte: A justiça de Deus se revela na história: 10,1-19,21 
 
1. De Adão a Moisés a salvação pela Sabedoria: 10,1-11,1. 
2. Juízo de Deus sobre a história: 11,2-19,21: 
 2.1. Narração introdutória: 11,2-4 
 2.2.Tema da homilia: 11,5 
 2.3. Ilustração do tema em sete 
dípticos: 
11,6-19,9: 
 As duas digressões : 11, 15-15,19: 
I. Digressão Moderação do Deus onipotente com o 
Egito e Canaã: 
11,15-12,27: 
 1) Moderação do Senhor com os 
Egípcios: 
11,15-12,2 
 2) Moderação do Senhor com os 
Cananeus: 
12,3-18 
 3) Dupla conclusão da moderação 
do Senhor: 
12,19-27. 
II. Digressão Crítica da religião dos pagãos: 13-15: 
 1) Culto à natureza 13, 1-9 
 2) Culto aos ídolos, sua origem e 
consequências: 
13,10-15,13. 
 Origem e consequências da 
idolatria 
(14,11-31) 
133 
 
 3) Idolatria universal e zoolatria dos 
egípcios: 
15, 14-19. 
b. Praga dos animais – Cordonizes 16, 1-4 
c. Mordidas de serpentes e pragas 
dos insetos 
16, 5-14 
d. Praga dos elementos 
atmosféricos – dom do céu: 
16, 15-29 
e. Praga das Trevas – coluna 
luminosa: 
17,1-18,4 
f. Morte dos Primogênitos do Egito 
– Libertação de Israel: 
18,5-19 
g. Juízo do mar contra os egípcios 
– Em favor dos israelitas 
19,1-9 
 2.4. Reflexões Finais 19,10-21. 
 Reminiscências do Egito e do 
deserto 
19,10-12 
 Egípcios e sodomitas 19,13-17 
Conclusão: Hino de Louvor a Deus 19,22 
 
 
Unidade do livro 
 
Baseado nas premissas de que o texto grego que chegou até nós 
representa o texto original do livro da Sabedoria e de que corresponde este texto 
a um só gênero literário (encomium), é admissível observar o livro como uma 
verdadeira unidade, nos informa MONLOUBOU et al (1996 P. 391). 
 
Valia teológica 
 
Uma releitura desta obra, gera uma marca muito perene quanto a busca 
de justiça através da Sabedoria. Situação que nascerá de um conhecimento 
134 
 
diferenciado, oriundo da súplica a Deus por Sabedoria (7,7). Assim o homem 
diante de uma realidade adversa e opressora exerce o amor (6,17), dividindo a 
Sabedoria (7,13-14) que possibilita a vitória (5,15). O problema torna-se 
oportunidade para ser trabalhada sob o saber que Deus oportunamente 
disponibiliza a quem com sinceridade nele busca (7,8). 
Todo enredo literário é disposto como grande alusão metafórica em um 
paralelo direto ao êxodo bíblico onde Deus provê liberdade ao seu povo quando 
numa relação cordial de mútua fidelidade, o amor impera. O Egito faraônico e a 
Alexandria helenizada constituem realidades paralelas. (STORNIOLO, 1993, 
P.10). 
Nesta perspectiva conscientizações (6,11) alimentam a cautela e 
prudência(1,11) de um povo escolhido, santo e irrepreensível (10,15). Nação 
esta que no Senhor buscará desejável formoso matrimônio (8,2). Não um arranjo 
de erudição, mas vívida emanação do Criador, tal mover (7,22) que absoluto 
gera, produzindo justiça eterna (1,15) em Deus (3,1-4). Aqui justos alcançam a 
sabedoria (2,23) e ímpios uma ignorância fadada à derrota (3.10-12). 
A atualidade dos contextos relatados no Livro da Sabedoria se faz por 
detectável. Como também óbvia é a verdade que a solução dessas situações 
pesarosas - em Deus - nunca se torna principal metodologia humana diante 
destes problemas. Insensatez imersa em hedonismo (O ímpio e sua filosofia: 
2,1-20) compõe a química da idolatria (14,27) de uma humanidade sem 
Sabedoria que desprovida de esperanças (5,14) encontra a destruição (5,17-23) 
como galardão. 
 
Eclesiástico (Sirácida) 
Preâmbulo 
A noção de judiar expressa pelo Aurélio nos remete a conceitos de fazer 
sofrer, maltratar. E consequentemente ansiando maior clareza de simbologia 
adequada e melhor sinônimo de acordo com o cenário histórico que 
135 
 
encontraremos no Eclesiástico, aporta-se no encontro de uma via-crúcis 
amplamente degustada pela nação judaica: Sofrida, maltratada, judiada. 
A etimologia de “judiar” faz-se por adequada nitidez conceitual cuja ação 
histórica envolve e marca o povo hebreu no percorrer de sua existência como 
nação. Crucificados, ressurgem contrariando toda expectativa contrária. Dotados 
de uma insurgente incontrolável ânsia de manutenção de prisma identificativo 
que os distingue em qualquer comparação racial, (assim os preservando como 
ícones cujo referencial designativo repousa na fé ao Deus único), este povo 
caminha a passos decididos na infindável luta contra a desfragmentação do 
ideário de coesão pela unidade nacional que intempéries históricas 
recorrentemente os submetem. 
Beligerantes epopeias travadas contra o extravio da unidade do povo 
judeu são fatos palpáveis percebidos nas entrelinhas de leitura da Sagrada 
Escritura que atestam real ímpeto nacionalista de tenacidade pela preservação 
étnica dos filhos de Israel. Situação desafiadora como esta é que se fará por 
objeto de análise teológica e será profundamente contemplada em Obras como 
a Sabedoria de Salomão e o Sirácida; este, agora trabalhada. 
 
Realidade Histórica do Livro 
 
A dinâmica histórica e sua volátil ação agem e em 333-334 a.C., 
Alexandre III, da Macedônia, exímio general grego, finda o regime Persa sobre 
Judá e Jerusalém. Entretanto o caráter depredador da política econômica 
imposto pelos sucessores de Alexandre permanece como agente promotor de 
opressão financeira que permanece a continuar o que os persas iniciaram: 
Espoliação através das taxas e arrecadações impostas. 
Da morte de Alexandre, seus generais entre si, dividiram o império: os 
Ptolomeus Lágidas receberam o Egito e a Palestina e os Selêucidas a Síria, 
(ambos em conflito pela hegemonia). Na batalha de Panion, em 199 a.C. o rei 
136 
 
selêucida Antíoco III, obterá do Egito a Palestina, que desde 321 a.C. era 
domínio do general Ptolomeu Lágida. 
De mão em mão Israel recebe judiarias. E completando o martírio 
israelita, com o advento de Alexandre, a dominação estrangeira trouxe um 
presente de grego dissimulado e agregado como pacote completo: a 
helenização. Neste espaço histórico, O Sirácida (como também Sabedoria de 
Salomão) é construção literária que compõe uma teologia que está diante e 
dentro desta empírica realidade plural de inevitável pesarosa miscigenação 
cultural. 
Dentro desta realidade socioeconômica em que presenciamos o controle 
da Palestina migrar dos ptolomeus egípcios para os reis selêucidas de Antioquia, 
esta obra foi composta. Neste contexto histórico relevamos a política 
governamental exercida por Antíoco IV Epifânio que de tão incidente 
metodologia helenizante acabou colaborando na fomentação da revolta dos 
Macabeus. Assim, diante de tamanha inquietação cultural (onde o novo se 
apresenta como ideal), ebulição social (judeus simpatizantes das ideias gregas 
naturalmente conseguem melhor adaptação), figura-se momento para o povo 
onde é importantíssimo reservar-se e encontrar neste povo, em sua cultura 
ancestral, a identidade verdadeira. E é disto que discorre o Eclesiástico. Quem 
somos e porque somos, são perguntas cuja urgência de resposta é essencial, e 
o autor através da tradição as responde. STORNIOLO (1994, P. 9-12). 
 
Autor 
Livro de uso bastante recorrente nos séculos iniciais da Igreja (ecclesia) 
cristã, foi obra de um judeu, escriba chamado Jesu’ bem El’azar ben Sira. ROST, 
Leonard (1980. P. 63). Este se constitui livro veterotestamentário em que se 
identifica seguramente o autor. Vejamos segundo a Bíblia de |Jerusalém (2011, 
P. 1226) (Eclo 50,27): “Uma instrução de sabedoria e ciência, eis o que gravou 
neste livro Jesus, filho de Sirac, de Eleazar, de Jerusalém, que derramou como 
chuva a sabedoria de seu coração.” O prólogo produzido em grego pelo neto do 
escritornos informa das dificuldades presentes na tradução do hebraico para 
137 
 
outra língua de certas particularidades idiomáticas judaicas. Esta obra não 
encontra reconhecimento canônico entre os judeus e nem pelas Igrejas da 
Reforma. O autor, em hebraico é referido por Ben Sirá e em grego por Sirácida, 
segundo a forma grega Sirac. Bíblia de Jerusalém (2011, P. 1141) 
 
 
Data 
 
Há indícios de composição do Eclesiástico provavelmente no período de 
190-180 a.C. STORNIOLO, Ivo (1994, P.7). 
 
Título da obra 
 
O Eclesiástico (livro da igreja ou da assembleia) pode ser referido por: 
TEB (1994, P. 1711). 
 
 Em grego, temos Sophia Iêsou uiou Sirach Sirach (Sabedoria de Jesus 
filho de Siraque), (Eclo 51.30); ROST (1980, P. 61 e 62) e Bíblia de 
Jerusalém (2011, P. 1141). 
 
 Na Vulgata, antiga tradução latina, é intitulado como Liber Hiesu Filii 
Sirach. Mais conhecido é o título latino Liber Ecclesiastici ou 
Ecclesiasticus (livro eclesiástico). BORN, A. Van Den (1977, P. 415). 
 
 
 Atualmente também é referido por “Sirácida” ou “Siracides”, Expressão 
oriunda do nome hebraico do autor: Ben Sirac. TEB (1994, P. 1711). 
 
 
138 
 
Gênero literário 
 
Seu gênero literário adequa-se ao conjunto dos escritos de literatura 
sapiencial. O provérbio é a principal forma literária adotada dentro de seus 51 
capítulos. E nos esclarece CERESKO, Anthony R. (2004, P.138) “E contrastando 
com o livro de Provérbios e seus conjuntos de ditados de linha única, aqui se 
notam conjuntos de ‘discursos” ou “instruções”, de dez a vinte e uma linhas”. 
Além da figura literária de provérbio, encontra-se no Sirácida: 
1. Hino de Louvor: 
(1,1-10; 18,1-7; 39,12-35 etc.) 
 
2. Súplicas: 
(22,27-23,6; 36,1-22) 
 
3. Narrativa autobiográfica: 
(51,13-30) 
 
4. Listas ou coleções de nomes próprios: 
(Como partes de um hino de louvor em 39,16-35 e 42,15-43,33) 
 
5. Narrativa Didática: 
(o “Elogio dos Pais” em 44,1-50,24) 
 
O Sirácida contém 1.600 dísticos, ajuntados em pequenos conjuntos que 
orbitam uma temática principal. ROST (1980, P. 64) 
 
 
 
 
139 
 
Particularidades da Obra 
 
Homem de vasta experiência adquirida (34,9-12; 51,13), culto (51,23), o 
Sirácida é figura singular que a nós desperta interrogações, remetendo a 
questionamentos profundos aquele que se debruce sobre sua obra com fins de 
estudo teológico. 
Apreciemos três momentos seus que são ímpares: 
 
01. A promessa de um messias estava implícita em versos 
veterotestamentários, mas ainda que a obra Eclesiástico atestasse sua 
profunda erudição na escritura judaica, o Sirácida nada declara a este 
respeito. 
 
Observemos a transcrição de uma afirmativa na Introdução de 
apresentação deste livro, segundo a Bíblia de Jerusalém (2011, P. 1142): 
 
(...) “A respeito de um ponto, todavia, a tradição antiga não 
encontra nele nenhum eco: ele conhece a promessa feita a Davi 
(45,25; 47,11) mas a espera do messias não o anima (cf. 
24,24+;36,20-22)”. (...) 
 
 
02. Filosoficamente não lida com conceito grego sobre o antagonismo entre 
corpo e alma como o fez o autor de Sabedoria de Salomão entretanto 
ainda assim se coloca nesse mesmo nível de mescla helenizante. Em 
uma divagação literária exterior ao judaísmo, adota referências literárias 
estrangeiras. 
 
Constate-se a adoção cultural perceptível em Eclo 14,18 numa 
consistente utilização direta de uma passagem da literatura grega extraída da 
Ilíada de Homero, adaptando-a para seus escritos judaicos. Seja qual fosse a 
140 
 
intenção do autor, resultou em pura helenização que era realidade tão habitual 
ao contexto histórico ao qual o texto se insere. 
Compare-se a passagem pela Bíblia de Jerusalém (2011, p. 1165) Eclo 
14.18: 
Como folhagem verdejante em árvore frondosa 
Tanto cai como brota, 
Assim a geração de carne e sangue: 
Esta morre, aquela nasce. 
 
Com esta passagem encontrada em The Iliad, 6.146-49; cf. Skehan e Di 
Lella, Wisdom of Ben Sira, p. 260. apud CERESKO, 2004, p. 137: 
 
As pessoas vão e vêm, como as folhas, que surgem e caem das 
árvores todos os anos”. 
As folhas do outono são lançadas ao solo pelo vento; mas 
quando volta a primavera, a floresta faz que surjam novas folhas. 
Assim também são as gerações do homem, o novo brota 
enquanto o velho passa. 
 
 
03. Ainda que se considere o ambiente de cultura patriarcal da produção 
literária de sua obra do Sirácida, estes versos chamam a atenção a 
qualquer estudioso da Escritura. Seriam dísticos que orbitam o tema 
mulher. Esta menção está relatada segundo a Bíblia de Jerusalém 
(2011, P. 1183-1184) Eclo 25: 
 
13. Qualquer ferida, menos a do coração; qualquer malícia, 
menos a da mulher; 
141 
 
14.Qualquer miséria, menos a causada pelo adversário; 
qualquer injustiça, menos a que vem do inimigo. 
15.Não há pior veneno que o veneno da serpente, não há pior 
cólera que a cólera da mulher. 
16.Prefiro morar com o leão ou o dragão a morar com a mulher 
perversa. 
17. A perversidade da mulher muda a sua fisionomia, obscurece 
lhe o rosto como o de urso. 
18. O seu marido senta-se entre amigos e contra a vontade 
geme amargamente. 
19. Pouca maldade é comparada com a da mulher, caia sobre 
ela a sorte dos pecadores. 
20. Como ladeira arenosa para os pés de um velho, assim é 
mulher faladeira para marido tranquilo. 
21. Não te deixes prender pela beleza da mulher, não te 
apaixones por mulher. 
22. É motivo de iram descaramento e grande vergonha mulher 
que sustenta o seu marido. 
23. Coração abatido, semblante triste, coração ferido: eis a obra 
de mulher má. Mãos inertes, joelhos vacilantes, assim é a 
mulher que não proporciona felicidade ao marido. 
24. Foi pela mulher que começou o pecado, por sua culpa todos 
morremos. 
 
E também contemplemos segundo a Bíblia de Jerusalém (2011, P. 1183-
1184) Eclo 42: 
 
12. Diante de quem quer que seja, não te detenhas na beleza e não te 
sentes com mulheres. 
13. Porquê das vestes sai a traça e da mulher, a malícia feminina. 
14. É melhor a malícia do homem do que a bondade da mulher: a 
mulher causa vergonha e censuras. 
STORNIOLO (1994, P. 49) 
 
142 
 
Poderíamos ainda citar mais três situações peculiares ao livro. 
 
 Justificação por obras em (3.30). 
Segundo a Bíblia de Jerusalém (2011, P. 1149): 33 30 “A água apaga a 
chama, a esmola expia os pecados”. 
 
 Ou trato cruel aos escravos. 
 Em (33.26 e 30); (42.1b e 5). Mediante a Bíblia de Jerusalém (2011, P. 
1196), temos: “26 Faze teu escravo trabalhar e encontrarás descanso; (...)” e 
“Emprega-o em trabalhos, como lhe convém, e, se não obedecer, prende-o ao 
grilhão”. E continuando a recorrer a Bíblia de Jerusalém (2011, P. 1210): “(...) 
Porém, do que se segue não te envergonhes b (...) de ensanguentar os flancos 
do escravo viciado”. 
E neste momento observamos que a palavra “envergonhes” está dotada 
de indicativo de nota de rodapé, que conforme a Bíblia de Jerusalém (2011, P. 
1210) nos esclarece: “b) Ben Sirá proclama a liceidade e até a conveniência de 
certos atos, aos quais se opunham o respeito humano ou os preconceitos”. 
 
 Como também ódio racial em 50.27 e 28. 
 
Vejamos conforme a Bíblia de Jerusalém (2011, P. 1226): “27 25 Há duas 
nações que minha alma detesta e terceira que nem sequer é nação: 28 26 os 
habitantes da montanha de Seir, e os filisteus e o povo estúpido que habita em 
Siquém. f” 
Mais uma vez, notas de rodapé explicativas se fazem visíveis nas 
palavras “Seir” e como também em “Siquem”. Vejamos o que expõe sobre Seir 
e Siquem, a Bíblia de Jerusalém (2011, P. 1226):” e) “de Seir”, hebr., lat.; “de 
Samaria”, grego”. E quanto a “Siquem”, pela Bíblia de Jerusalém (2011, P. 1226) 
143 
 
teremos: “f) Os Samaritanos. Portanto no v. precedente deve-se ler “Seir”, quer 
dizer, os edomitas, e não “Samaria”, o que seria repetição. 
Tais passagens contempladas revestem-sede singularidades 
observáveis em sua modalidade de escrita literária e que merecidamente sobre 
os tais deve repousar prudente exercício teológico profundo. 
Apesar de sua considerável utilidade para análise de cunho histórico-
social, o Eclesiástico em sua totalidade não se torna propício para utilização 
doutrinária, posição esta observada pelas Igrejas Reformadas cujo cânon 
escriturístico veterotestamentário também é partilhado com os judeus. 
Concluindo que tal realidade excludente, reloca a totalidade desta obra 
acomodando-a em ostracismo por tais teologais vertentes. 
 
Estrutura Contextual 
 
São 51 capítulos que se acomodam em cinco grandes unidades de 
blocos A-01-16; B-17-23; C-24-32; D-33-42; E-43-50, um prefácio e uma 
conclusão com apêndices (51). 
O livro pode ser delineado em grandes estruturas, contendo prefácio e 
conclusão. Observemos a disposição assentada segundo a Bíblia TEB: (1994, 
P.1717-1813). 
 
 Prólogo do tradutor (1-34) 
 
 SEÇÃO A 
 
 TEMA VERSO 
Capítulo 1 
 O mistério da Sabedoria - origem 1-10 
 O Temor do Senhor 11-20 
 Paciência e domínio de sí 22-24 
144 
 
 Sabedoria e retidão 25-30 
Capítulo 2 
 O temor de Deus na provação 1-18 
Capítulo 3 
 Deveres para com os pais 1-16 
 A humildade 17-24 
 O orgulho 26-29 
Capítulo 4 
 A esmola – Caridade 30-31 e 1-10 
 A sabedoria educadora 11-19 
 Pudor e respeito humano 20-31 
Capítulo 5 
 Presunção do rico e do pecador 1-8 
 A conversão do sábio 9-15 
Capítulo 6 
 A conversão do sábio (cont.) 1-4 
 A amizade 5-17 
 Aquisição da sabedoria 18-37 
Capítulo 7 
 Conselhos diversos 1-17 
 Os amigos e a família 18-28 
 Os sacerdotes 29-31 
 Os pobres e os aflitos 32-36 
Capítulo 8 
 Prudência e circunspecção 1-19 
Capítulo 9 
 As mulheres 1-9 
 Relações Humanas 10-18 
Capítulo 10 
 O governo 1-5 
 Contra o orgulho 6-25 
 Humildade e verdade 26-31 
Capítulo 11 
145 
 
 Não confiar nas aparências 1-9 
 Só o auxílio divino é eficaz 10-19 
 Importância da morte 20-28 
 Desconfiar do malvado 29-34 
Capítulo 12 
 O discernimento nos benefícios 1-7 
Capítulo 13 
 As ciladas do rico orgulhoso 1-8 
 Desconfiar dos grandes 9-13 
 Contraste entre o rico e o pobre 15-26 
Capítulo 14 
 Felicidade do justo 1-2 
 Inveja e avareza 3-10 
 O bom uso das riquezas 11-19 
 Na intimidade da sabedoria 20-27 
Capítulo 15 
 A recompensa do justo 1-10 
 Liberdade do homem 11-20 
Capítulo 16 
 Maldição dos ímpios 1-14 
 Certeza de retribuição 17-23 
 
 
 SEÇÃO B - 
 A Sabedoria divina na criação 24-30 
Capítulo 17 
 A sabedoria divina na criação 
(cont.) 
1-10 
 A aliança e a lei 11-14 
 Nada escapa ao Senhor 15-24 
 Convite à penitência 25-32 
Capítulo 18 
146 
 
 Grandeza de Deus 1-7 
 O nada do homem 8-14 
 A maneira de dar 15-18 
 Virtudes da previdência 19-29 
 Domínio de si 30-33 
Capítulo 19 
 Domínio de si (cont.) 1-3 
 Perigos da tagarelice 4-12 
 Corrigir os amigos 13-17 
 Verdadeira e falsa sabedoria 20-30 
Capítulo 20 
 A arte de repreender 1-4 
 Calar-se ou falar cientemente 5-8 
 Paradoxo 9-17 
 O uso ajuizado da língua 18-23 
 A mentira 24-26 
 Vantagens e obrigações da 
sabedoria 
27-31 
Capítulo 21 
 Fuga do pecado 1-10 
 Retratos do sábio e do tolo 11-28 
Capítulo 22 
 O preguiçoso 1-2 
 Filhos mal-educados 3-6 
 O tolo é incorrigível 9-18 
 Fidelidade aos amigos 19-26 
 Súplica 27 
Capítulo 23 
 Súplica (cont.) 1-6 
 Os juramentos 7-11 
 Palavras inconvenientes 12-15 
 Sobre a impureza 16-21 
 A mulher adúltera 22-27 
147 
 
 
 Seção C 
Capítulo 24 
 Elogio da sabedoria 1-22 
 A Sabedoria e a Lei 23-34 
Capítulo 25 
 O bom e o mau marido 1-11 
 A mulher má 13-26 
Capítulo 26 
 Felicidade do homem bem casado 1-4 
 A mulher má 5-12 
 Louvor da esposa perfeita 13-18 
 Situações escandalosas 28 
 Perigos do comércio 29 
Capítulo 27 
 Perigos do comércio 1-3 
 A palavra revela o homem 4-7 
 A justiça 8-15 
 Os segredos 17-21 
 Hipocrisia e duplicidade 22-29 
 O perdão 30 
Capítulo 28 
 O perdão (cont.) 1-7 
 As contendas 8-12 
 A língua maligna 13-26 
Capítulo 29 
 O empréstimo 1-7 
 A esmola 8-13 
 Fiança 14-20 
 Autonomia do sábio 21-28 
Capítulo 30 
 Educação 1-13 
148 
 
 A saúde 14-20 
 A alegria 21-25 
Capítulo 31 
 As riquezas 1-11 
 Os banquetes 12-24 
 O vinho 25-31 
Capítulo 32 
 Como comportar-se durante um 
banquete 
1-13 
 
 Seção D 
 O temor de Deus 14-24 
Capítulo 33 
 O temor de Deus (cont.) 1-6 
 Desigualdade das condições 7-18 
 Como governar os bens e a casa 19-24 
 Os escravos 25-32 
Capítulo 34 
 Ilusão dos sonhos 1-8 
 Utilidade das viagens 9-13 
 O temor de Deus 14-20 
 A verdadeira religião 21-31 
Capítulo 35 
 A verdadeira religião (cont.) 1-26 
Capítulo 36 
 Prece pela libertação e restauração de 
Israel 
1-22 
 O discernimento 23-25 
 Escolha da esposa 26-31 
Capítulo 37 
 Amigos verdadeiros e falsos 1-6 
 Bom e mau conselheiro 7-15 
149 
 
 Verdadeira e falsa sabedoria 16-26 
 A temperança 27-31 
Capítulo 38 
 O médico e as doenças 1-15 
 O luto 16-23 
 O escriba, superior ao operário 24-34 
Capítulo 39 
 Elogio do escriba 1-11 
 Louvor de Deus e de sua obra 12-35 
Capítulo 40 
 Miséria do homem 1-11 
 Falsos bens e bens verdadeiios 12-17 
 O temor de Deus, bem supremo 18-27 
 A mendicância 28-30 
Capítulo 41 
 A morte 1-4 
 O castigo dos ímpios 5-10 
 A boa fama 11-13 
 Verdadeira e falsa vergonha 14-22 
Capítulo 42 
 Verdadeira e falsa vergonha (cont.) 1-8 
 Solicitude de um pai pela filha 9-11 
 Cuidado com as mulheres 12-14 
 
 
 Seção E: Grandeza e Sabedoria de Deus na natureza 15-25 
 
Capítulo 43 
 O Sol 1-5 
 A lua 6-8 
 As estrelas 9-10 
 O arco-íris 11-12 
150 
 
 Fenômenos naturais 13-22 
 O mar 23-26 
 A glória de Deus 27-33 
Capítulo 44 
 Elogio dos antepassados 1-15 
 Henoc 16 
 Noé 17-18 
 Abraão 19-21 
 Isaac 22 
 Jacó 23 
Capaítulo 45 
 Moisé 1-5 
 Aarão 6-22 
 Finéias 23-26 
Capítulo 46 
 Josué e Caleb 1-10 
 Os juízes 11-12 
 Samuel 13-20 
Capítulo 47 
 Natan 1 
 David 2-11 
 Salomão 12-22 
 Roboão 23 
 Jeroboão 24-25 
Capítulo 48 
 Elias 1-11 
 Eliseu 12-16 
 Ezequias e Isaías 17-25 
Capítulo 49 
 Josias 1-3 
 Últimos reis de Judá: Jeremias 4-7 
 Ezequiel 8-9 
 Os pequenos profetas 10 
151 
 
 Zorobabel e Josué 11-12 
 Neemias 13 
 Henoc 14 
 José 15 
 Os primeiros ancestrais 16 
Capítulo 50 
 O sumo sacerdote Simão 1-21 
 Exortação 22-24 
 Nações detestadas 25-26 
 Conclusão 27-29 
 
 
 Apêndice 
 
Capítulo 51 
 Oração de Jesus, Filho de Sirac 1-12 
 Busca apaixonada da Sabedoria 13-30 
 
 
Considerações Teológicas 
 
 
Este escriba (39, 1-3) desde cedo buscando a sabedoria (51,13-22), 
dentro de seu ambiente histórico permeado pelo helenismo reage estruturando 
um livro cuja máxima elementar é buscar Sabedoria no Deus de Israel, o Senhor 
da História, doador do conhecimento. Desta forma, fortalecendo a sociedade 
judaica, promove cruzada de retorno às origens raciais, desenvolvendo efetivo 
combate ao compor ensinamentos através de Provérbios, evitando assim, a 
desfragmentação nacional ocasionada pela helenização da Palestina, 
movimento de miscigenação que tanto se fazia atraente aos judeus, 
principalmente os jovens. Sua obra se faz por tentativa de expressar de 
resistência diante deste universo grego. 
152 
 
O Sirácida promove interação social no intuito de reforço das relações 
de laços familiares (3, 1-16) e de integração comunitária (6, 5-17) no seio do 
povo. Reconhece a necessidade de empatia com os mais necessitados 
desvalidos financeiramente (3,30-31; 4,1-6,8-10). CERESKO (2004, P. 133 a 
135). 
Desperta o povo para reflexão diante do conflito social promovido pela 
realidade de um sistema econômico grego que está embasado no lucro (13, 2-
24), esclarece sobre a religião verdadeira que é aquela baseada na justiça (34,18-35,24). STORNIOLO (1994, p.28 e p. 40). 
 
Coleção de máximas de sabedoria ajuntadas no intuito de dotar a nação 
judia com material sapiencial poderoso suficiente para suplantar qualquer 
contraposição filosófica estrangeira, o Eclesiástico é um tributo de idealismo e 
fé. Não se pode omitir que este autor receba justo destaque no seu inteligente 
empenho piedoso de conservação do patrimônio cultural judeu profundamente 
ameaçado por corrente filosófica de então: Linhas de pensamento aglutinadas 
sob a nomenclatura de helenismo que externos ao conceito judaico de ser, 
devem ter amenizadas suas influências. 
 
O Helenismo em seu modus operante possui como característica o 
embate, a imposição, de maneira sedutora, se apresentando como necessário 
benefício de melhoria existencial aos povos subjugados, encarnando uma nova 
perspectiva conceitual de civilização. Sutilmente se coloca ao judeu através de 
uma gradativa ação em que tenta gerar convencimento e aceite, se colocando 
como reflexo natural da imagem de modernidade e avanço. Mas, o que se 
percebe é que este conceito que consigo traz o reflexo transcultural de 
identidade mundial, é ameaça a ser minimizada pelo Sirácida. 
 
Ser não mais somente judeu, entretanto homem cidadão do mundo é 
proposta que a alguns judeus (principalmente os jovens) sentem-se tentados a 
aceitar. As implicações é que serão drásticas: Aspecto que em si, 
necessariamente, converge suscetibilidade à miscigenações de todas as 
espécies em um ecumenismo caótico que inevitavelmente desfaria a nação judia 
153 
 
de seu emblemático referencial: O povo do Deus altíssimo. Imersão profunda 
numa fusão onde seriam tão somente mais uma parcela da realidade global 
massificada onde o humanismo prepondera sobre a experiência teocrática tão 
habitual aos judeus. (Muito atual este enredo, pois em nossa pós-modernidade 
tal discurso de comum unidade numa espiritualidade pagã, já se encontra por 
literal). Mas como já observado, o Sirácida não se dará por convencido e 
vencido. Este presente de grego receberá recusa, mesmo que para tal embate 
o autor se valha de artifícios (passagem literária) do seu antagonista, o mundo 
helênico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
154 
 
Explicando melhor com a pesquisa 
 
Leia o artigo: Sabedoria: textos periféricos? Escrito por Milton 
Schwantes onde o mesmo aborda a importância dos Livros Poéticos e como os 
mesmos são subestimados em importância. 
 
“A terceira parte do cânon hebraico, chamada de Escritos/Ketubim, tende a ser 
pouco estudada e valorizada. Isso vale em especial para os livros das tradições 
da sabedoria. Um dos motivos reside na teologia sapiencial que se concentra da 
teologia da criação. O presente ensaio propõe dar especial atenção justamente 
aos livros sapienciais, justamente porque correlaciona sua religião com a de 
outros povos e religiões.”. 
 
GUIA DE ESTUDO 
 
Após a leitura faça uma resenha argumentativa sobre o artigo estudado, 
procure comparar com a obra estudada e exponha suas ideias. 
 
 
 
 
 
https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/ER/article/view/219
155 
 
 
Leitura Obrigatória 
 
Propomos para enriquecer seus conhecimentos à leitura da obra 
Introdução ao antigo Testamento. 
 
 
O melhor livro de referência para o estudo do 
ambiente, conteúdo, perfil literário e mensagem do 
Antigo Testamento. Introdução detalhada de cada 
livro do AT com enfoque técnico, histórico e 
teológico. Dados arqueológicos recentes, gráficos, 
ilustrações, dezenas de fotos e mapas. 
 
 
 
 
BUSH, Frederic W. et al. Introdução ao Antigo Testamento. 2. ed. São Paulo: 
Vida Nova, 2003. 
 
 
GUIA DE ESTUDO 
 
Após a leitura do livro, faça uma resenha crítica sobre o material e em 
seguida poste no ambiente virtual. 
 
156 
 
 
Pesquisando com a Internet 
 
Faça uma pesquisa na internet sobre o tema do “sofrimento, morte e a 
teologia da retribuição no livro de Jó”. Em seguida faça uma resenha sobre 
o que você pesquisou e disponibilize no ambiente virtual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
157 
 
 
Saiba mais 
 
Maurício Zágari, em entrevista à Mundo Cristão, fala sobre "O fim do 
sofrimento". Confira a conversa com o autor e saiba mais sobre o livro que 
aborda um dos temas mais delicados da experiência humana. 
 
 
GUIA DE ESTUDO 
 
Após a leitura da entrevista sugiro que faça uma resenha crítica e em 
seguida disponibilize no ambiente virtual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://mundocristao.com.br/conteudo/501
http://mundocristao.com.br/conteudo/501
158 
 
Vendo com os olhos de ver 
 
Assista ao vídeo que fala sobre “o porquê do sofrimento humano”, tema 
marcante no livro de Jó, que suscita questionamentos e os ateus usa como 
argumento contra a existência de um Deus amoroso. Como lidar com o 
sofrimento? Com o Pe. Paulo Ricardo O mundo em que vivemos é como um 
Titanic a afundar-se. Os que não têm fé, agarrados aos destroços da 
embarcação, sofrem não só por causa do naufrágio, mas também de desespero. 
Quem crê, no entanto, mantém-se firme na esperança, sem perder de vista que 
o nosso único porto seguro está para além da terra e do mar: está no Céu. Mas 
como sofrer com esperança, sem cair no desespero? De que modo o Evangelho 
de Nosso Senhor Jesus Cristo pode iluminar as batalhas e os desafios que 
enfrentamos nesta vida? 
 
 
GUIA DE ESTUDO 
Analise o documentário assistindo-o e em seguida faça uma síntese do 
que lhe chamou atenção abordando os pontos que aconteceram nas reflexões 
de como lidar com o sofrimento. 
 
https://www.youtube.com/watch?v=nYGdMS7Pz2g
https://www.youtube.com/watch?v=nYGdMS7Pz2g
159 
 
Revisando 
 
 Iniciamos os estudos com dois textos cobrindo uma panorâmica de 
assuntos que dizem respeito a estilos poéticos e sapienciais. 
No texto inicial, abordamos questões sobre singularidade da escrita 
poética sapiencial, sua influência em outros livros da Escritura, estilos literários 
como: provérbio curto e suas características (citamos a modalidades de 
repetição como expoente caracterizador da poesia hebraica); também 
exemplificando as tipologias da riqueza hebraica de literatura, citamos, a 
parábola, a alegoria, o enigma, a fábula, a lista enciclopédica, o acróstico, a 
aliteração, a sequência numérica e o poema didático como alguns exemplos da 
diversidade em riqueza que repousa sobre o estilo hebraico de produção literária. 
Seguimos, apresentando um texto que agracia questões sobre 
Sabedoria. Indagamos sobre a real percepção da linha que separa 
conhecimento de sabedoria. As implicações nas esferas espirituais que isto 
acarreta. Definimos sobre o mover humano que há no conhecimento e sobre o 
mover de Deus repousando na Sabedoria. Associamos esta realidade ao 
contexto judaico em livros como Eclesiastes, Provérbios, Jó, Cânticos onde são 
citados como instâncias do saber bíblico. 
Também relevamos questões sobre a sabedoria nas escolhas diárias 
que decidimos e assim colhemos bons ou maus frutos como decorrência, sempre 
procurando demonstrar que em Deus tudo se faz propício a salvação. 
Abordamos o conceito de sábio e sua interação com o Espírito da 
divindade. Salientamos sucintamente o estilo de sabedoria judaica, e os estilos 
de sabedoria proverbial, especulativa e lírica e os livros por este tipo de estilo 
são agraciados. 
Confrontamos através de proposições que busca nos fazer abandonar o 
estado de inércia intelectual que talvez possa se avizinhar em nossas carreiras 
cristãs. Colocou-se lado a lado a ideia de Evangelho e a noção de Religião, não 
uma modalidade instrumental humana de propagação do amor que une, mas 
160 
 
uma ferramenta carnal que separa. E em um momento de construção conceitual 
presencia-se as consequências do conhecimento humano ao se abster da 
presença do Criador. 
Faz-se uma reflexão do papel do Cristo dentro do verdadeiroconhecer 
que é capaz de nos levar de volta ao coração do Criador. 
 No Livro de Salmos, com uma breve panorâmica, e seguimos situando 
o livro, designando a obra, o autor. Abordamos a questão dos títulos, seu caráter 
e natureza, notas históricas. Observamos em um primeiro tópico, algumas 
singularidades da coletânea de Salmos (alterações, inclusões), e seguimos para 
um segundo tópico onde mais alterações são delimitadas, também vimos 
duplicidade de salmos, (fruto de um redator final). Exploramos seu gênero 
literário (com um destaque para a lembrança de que no tópico IV- Salmos Reais 
em que fizemos alusão aos chamados Salmos Messiânicos. Seguimos para o 
tópico em que foi ressaltada a proximidade do Saltério com o Novo Testamento. 
Encerramos com uma reflexão sobre o valor do Saltério e tendo um apêndice 
com três salmos. 
O segundo livro foi Provérbios. Abordamos o autor, a obra, (ressaltando 
características como: cronologia, finalidade, relação com o Novo Testamento, 
suas estruturas de composição, os recursos da escrita) e como item final, sua 
valia teológica. 
O terceiro livro desta Unidade foi Jó. Iniciamos com uma nota introdutiva, 
seguimos para o tópico abordando o autor e a data de composição da obra. A 
canonicidade de Jó. Continuamos com observações literárias onde 
contemplamos o gênero, a forma, a estrutura e as características literárias. Então 
seguimos para a reflexão sobre a valia teológica do livro. 
No Livro Cântico dos Cânticos. Após breve introdução à obra, 
abordamos dados de composição referentes ao autor e data de composição. 
Passamos ao estudo das diversas leituras de interpretação do texto (Alegoria, 
Drama, Rito Litúrgico, Poema Lírico e texto cifrado). Passamos as considerações 
literárias onde recursos de escrita são exemplificados. Adentramos na estrutura 
textual e encerra-se com o tópico sobre considerações teológicas. 
161 
 
O segundo livro foi o Eclesiastes que após um comentário introdutivos 
onde autor, cronologia, posição na Escritura, o contexto vital da época, são 
vistos. Segue-se para o item Composição que envolve subcategorias como: 
Tema, estrutura, unidade. Adentramos nas características literárias composta 
por reflexões, provérbios, perguntas retóricas, linguagem descritiva, e 
encerramos com o item contribuições teológicas. 
Abordadas a temática de definição sobre apócrifos, deuterocanônicos. 
São citadas passagens em diversos livros e questões são apresentadas quanto 
ao conteúdo de determinados versículos. Obras como Tobias, Judite, 1 
Macabeus, 2 Macabeus, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico e Baruc são 
colocadas em considerações. Explanações sobre enredos de desenvoltura 
histórica também são observadas. Ainda presenciamos uma tabela como 
estrutura complementar onde o cânon do velho testamento é apreciado a partir 
de três óticas teologais. Abordamos os pseudoepígrafos. 
Chegamos ao primeiro livro, Sabedoria. Iniciamos com dados sobre o 
autor, seguimos para o título, dados sobre cronologia, chegando ao item sobre 
considerações sobre a obra em que dois itens são ressaltados indicando adoção 
de pensamento estrangeiro a obra. Seguimos para as formas literárias, gênero 
literário, estrutura de composição e a unidade do livro. Temos a valia teológica, 
seguida por um anexo que explicita passagens com nítida influência helenista no 
corpo da Obra Sabedoria de Salomão. 
No segundo livro, iniciamos com um preâmbulo nos ambientando ao 
contexto vital que será visto na sequência. Passamos para dados que abordam 
o autor e obra (Identificação segura que quem escreveu e data de composição). 
Também é ressaltado o título e suas explicações. Continuamos com o gênero 
literário e chegamos no tópico Contratempos teológicos onde concepções 
teológicas do autor são ponderadas. Depois, adentramos na estrutura contextual 
do Sirácida, e encerramos com o item em que valias teológicas são 
consideradas. 
 
162 
 
Autoavaliação 
 
1. Apresente as principais características da poesia hebraica. 
 
2. Defina sabedoria e conhecimento fazendo a devida distinção entre os 
conceitos. 
 
 
3. Qual a importância teológica do Livro de provérbios? 
 
4. Apresente um estudo sobre os tipos de paralelismo no livro de provérbios. 
 
 
5. Qual a teologia da retribuição apresentada no livro de Jó? 
 
 
 
 
 
 
 
 
163 
 
Bibliografia 
 
AGOSTINHO,Santo. Confissões. São Paulo: Paulus, 1984. 
 
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1977. 
 
CERESKO, Anthony R. Introdução ao Antigo Testamento – Espiritualidade 
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CERESKO, R. Anthony. A Sabedoria no Antigo Testamento – Espíritualidade 
Libertadora. 1ª. Ed. São Paulo: Paulus. 2004 
 
Dicionário Escolar da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: FENAME. 1980 
 
Dicionário Michaellis Escolar Lingua Portuguesa 
 
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disposição do homem moderno. 7. ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das 
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165 
 
Antigo Testamento e aos manuscritos de Qumram. 2ª. Ed. São Paulo: 
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senso de justiça. 2. ed. São Paulo: Paulus, 1993. 
 
STORNIOLO, Ivo. Como Ler o Livro do Eclesiástico – A Identidade de um 
Povo, São Pauo: Paulus, 1994 
 
STORNIOLO, Ivo. Como ler o Livros dos Provérbios – A sabedoria do Povo. 
São Paulo – Paulus.1992. 
 
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WEISER, Artur. Os Salmos. São Paulo: Paulus 1994 Coleção Grande 
Comentário Bíblico 
 
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Acadêmicos. Sabedoria: textos periféricos? Universidade Metodista de São 
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ZÁGARI, Maurício. Mundo Cristão. "O fim do sofrimento". Disponível em: 16 
de abril de 2015.

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