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Tutoria 1 – Módulo 1 – Eduarda Miranda Conhecer os parâmetros de avaliação de desenvolvimento intrauterino e do RN (APGAR, Capurro somático, curva de crescimento intrauterino). • A realização de anamnese detalhada é o primeiro passo para se identificar a mulher com risco para o parto prematuro. A busca por indicadores clínicos deve ser instituída, de preferência, antes da concepção, para permitir o controle dos riscos e contribuir para uma evolução favorável da gestação. Apesar de, em cerca de metade dos casos, o parto prematuro ser considerado de etiologia desconhecida, ocorre com frequência a associação de fatores de risco maternos e fetais, que podem ser classificados em epidemiológicos, obstétricos, ginecológicos, clínico-cirúrgicos, genéticos, iatrogênicos e desconhecidos. Entre os possíveis fatores que conferem maiores riscos, destacam-se a história de parto prematuro espontâneo, a gemelidade e os sangramentos persistentes de segundo trimestre. • Primeiro trimestre – Hemograma, tipagem sanguínea e fator Rh Coombs indireto (se for Rh negativo) – Glicemia em jejum – Teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL – Teste rápido para HIV – Toxoplasmose IgM e IgG – Sorologia para hepatite B – Urocultura + sumário de urina – Ultrassonografia (exame morfológico) – Exame citopatológico de colo de útero (se houver indicação clínica) – Exame da secreção vaginal (se houver indicação clínica) – Exame parasitológico de fezes (se houver indicação clínica) • Segundo trimestre – Teste de tolerância para glicose, se a glicemia estiver acima de 85mg/dl ou se houver fator de risco para diabetes. Ele deve ser realizado preferencialmente entre a 24ª e a 28ª semana. – Coombs indireto (se for Rh negativo) • Terceiro trimestre – Hemograma e fator Rh Coombs indireto (se for Rh negativo) – Glicemia em jejum – Teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL – Teste rápido para HIV – Sorologia para hepatite B – Toxoplasmose IgM e IgG (se IgG negativo na primeira consulta) – Urocultura + sumário de urina • APGAR – O escore de Apgar, também chamado de índice de Apgar ou escala de Apgar, é um dos métodos mais utilizados para a avaliação imediata do recém-nascido (RN), principalmente, no primeiro e no quinto minutos de vida. Gestação precoce Tutoria 1 – Módulo 1 – Eduarda Miranda – O teste foi desenvolvido pela Dra. Virginia Apgar, médica norte-americana, responsável pela criação do que viria a ser a neonatologia, para avaliar 5 sinais objetivos do recém-nascido, atribuindo a cada sinal uma pontuação de 0 a 2. – O que é avaliado nele? coloração da pele, pulso, irritabilidade reflexa, esforço respiratório, tônus muscular, conforme mostra a tabela abaixo. O somatório da pontuação (no mínimo 0 e no máximo 10) resultará no Escore de Apgar. – Critérios de avaliação do APGAR Índice 0 Índice 1 Índice 2 Componente (Acrônimo) Cor da pele Cianose (coloração azulada) ou palidez Cianose nas extremidades ou acrocianose (coloração arroxada) Sem cianose. Corpo e extremidades rosados Aparência Pulsação arterial Não detectável < 100 batimentos por minuto > 100 batimentos por minuto Pulso Irritabilidade Reflexa (caretas) Sem resposta a estímulo Careta ou estimulação agressiva Choro vigoroso, tosse ou espirro Gesticulação Atividade (tônus muscular) Flacidez (nenhuma ou pouca atividade) Alguns movimentos das extremidades (braços e pernas) Muita atividade: braços e pernas flexionados, que resistem à extensão Atividade Esforço respiratório Ausente Fraco/lento, irregular Forte, choro vigoroso Respiração – Frequência cardíaca: entre 160 a 170 ou abaixo de 100 batimentos por minuto é considerada anormal. Segundo os autores, a freqüência cardíaca deve ser auscultada com estetoscópio ou por palpação do cordão umbilical, na junção do cordão com a parede abdominal. A ausência de batimentos indica pressão sanguínea baixa e débito cardíaco pobre. Em condições normais, o cordão para de pulsar entre 10 e 30 segundos após o nascimento. A freqüência cardíaca é o sinal mais importante; quando o RN é oxigenado e há um aumento da mesma, isto constitui um sinal de melhora no estado geral. Freqüência acima de 100, recebe a nota 2; de 1 a 100, nota 1; nota zero é atribuída quando não houver batimentos cardíacos. – Esforço respiratório: este sinal é o segundo na ordem de importância. Se o esforço respiratório for vigoroso, o RN recebe nota 2; caso esteja presente, mas irregular e ineficaz, recebe nota 1; caso haja apneia, é dada nota zero. Quanto mais irregular a respiração tanto mais acentuada a acidose respiratória e metabólica. – Tônus muscular: quando há flexão dos membros superiores e inferiores que resistem à extensão, e na presença de movimentação subsequente adequada de todas as extremidades, o RN recebe nota 2; tônus "regular" recebe nota 1, e, em caso de flacidez total, é lhe atribuída nota zero. – Irritabilidade reflexa: este item pode ser testado de diversos modos. O objetivo da pesquisa da mesma é verificar a resposta a qualquer forma de estímulo. Este procedimento pode ser levado a efeito por meio de duas a três palmadas na planta do pé do RN ou introduzindo-se um cateter de borracha Tutoria 1 – Módulo 1 – Eduarda Miranda no nariz ou na orofaringe. Caso a resposta seja choro, o RN recebe nota 2; caso faça careta, mas não chore, recebe nota 1; se não houver reação alguma, atribui-se a nota 0. – Cor: o item cor é o menos importante e o mais óbvio. Se a pele do recém-nascido estiver toda rosada, recebe nota 2, o que pode ocorrer em 15% dos recém-nascidos; a maioria dos RN tem a pele rosada, com exceção dos pés e das mãos, que se apresentam cianóticas, caso em que recebem nota 1. Quando todo o corpo estiver cianótico ou pálido, recebe nota zero – Como é feita a interpretação dos resultados? o de 0 a 3 – Asfixia grave o de 4 a 6 – Asfixia moderada o de 7 a 10 – Boa vitalidade, boa adaptação – O resultado do primeiro minuto geralmente está relacionado com o pH do cordão umbilical e traduz asfixia intraparto. Já o Apgar do quinto minuto se relaciona com eventuais sequelas neurológicas. Além disso, escore menor que 7 é indicativo de asfixia perinatal. O escore deixou de ser usado com o objetivo de determinar a reanimação neonatal e passou a ser usado para avaliar a resposta do RN às manobras realizadas. – Peso: Pré-termo extremo (RNPTe): antes da 28° semana com peso inferior a 1000g; Pré-termo moderado: antes de 28 a 32 semana peso entre 1000g e 1500; Pré-termo Tardio: 33 a 36 semanas com peso 1500g a 2500g; Abaixo de 500g não reanima. – Perímetro cefálico o Perímetro cefálico para avaliação do RN: Os parâmetros são: para a termo são acima de 33,0 e até 37 o O mínimo para o SUS 30,24 a 30,54. o CAPURRO SOMATICO: – A avaliação precisa da idade gestacional (IG) é fundamental para a obstetrícia e para a neonatologia. Com a observação de sinais físicos e características neurológicas do recém-nascido é possível estimar a IG, pois muitos deles variam de acordo com a idade fetal. O somatório desses elementos é capaz de estimar a IG, tendo uma margem de erro de duas semanas. O método de Capurro consiste em uma das técnicas utilizadas para essa finalidade – O escore de Capurro é utilizado para determinar a IG quando as mães desconhecem a data da última menstruação (DUM) e não realizaram a ultrassonografia gestacional precoce (até 14 semanas). Os – métodos citados acima (DUM e USG transvaginal precoce) possuem uma precisão maior, sendo preferíveis para essa análise. Tutoria 1 – Módulo 1 – Eduarda Miranda o Curva do crescimento intrauterino: – O estudo do crescimento fetal na espécie humana é teoricamente impossível; seria necessário uma medida precisa do peso fetal "in utero" durante a vida fetal. Com a metodologia disponível atualmente, torna-se muito difícil conhecer o crescimento embrio-fetal normal. Assim, o diagnóstico do crescimento fetalnormal se baseia na comparação de medidas antropométricas do RN problema com as curvas de crescimento intra-uterino obtida de RN vivos, de diferentes idades gestacionais (estudos transversais), considerados "normais" por provirem de gestações sem patologias detectadas. Embora não seja possível a obtenção de curvas de velocidade de crescimento com estes estudos, ele provêem uma estimativa razoável do crescimento fetal. – Quase todas as curvas de crescimento intra-uterino em função da idade gestacional têm sido construídas a partir de dados antropométricos de RN que nascem a cada idade gestacional (estudos transversais, significando que o peso de um RN ao nascer é igual ao que ele teria dentro do útero se sua gestação prosseguisse mais adiante). Por meio de estudos longitudinais prospectivos de gestantes que chegaram ao termo, não fumantes, sem patologias na gestação, com início do pré-natal precoce e bom ganho de peso, foram realizadas medidas antropométricas fetais e a predição do peso ao nascer. As medidas intra- uterinas foram maiores do que os padrões tradicionais construídos com os dados antropométricos do RN (diferenças mais evidentes nos percentis inferiores e a partir da 28ª semana). – Nos RN com idade gestacional baixa (30-32 semanas), um peso normal para a idade gestacional pode não corresponder à verdade, uma vez que os fatores que desencadeiam o parto prematuro também podem atuar sobre o crescimento e, assim, estes RN poderiam atingir 40 semanas de gestação com um peso maior ou menor. – Uma causa de subestimação diagnóstica do RN com retardo do crescimento intra-uterino (RCIU) é a utilização de curvas inapropriadas de peso em função da idade gestacional. As curvas de crescimento fetal devem ser baseadas em fetos com crescimento normal, devendo assim ser excluídos RN cujas mães tiveram fatores ligados a gestação com risco de retardo do crescimento, principalmente mães fumantes, mães com pré-eclâmpsia, eclâmpsia, hemorragia no 2º e 3º trimestres, hipertensão arterial, anemia crônica, diabetes, gestação múltipla e fumantes e RN com malformação e natimortos. – Entre os distúrbios hipertensivos que comumente ocorrem na gestação (hipertensão gestacional, pré- eclâmpsia ,eclâmpsia, hipertensão crônica e pré-eclâmpsia associada a hipertensão crônica), a pré- eclâmpsia severa e a eclâmpsia são as mais significativamente associadas à restrição do crescimento fetal (OR =1,97 95% IC: 1,43 - 2,73 e OR = 1,95 95% IC: 1,14 - 3,37, respectivamente). – Estudo recente relata que o fumo no 2º trimestre da gestação afeta o crescimento fetal independentemente da idade, nível socioeconômico, nível educacional e raça. Nenhuma característica parece proteger contra o efeito do cigarro no feto. Tutoria 1 – Módulo 1 – Eduarda Miranda Compreender a fisiopatologia, classificação e tratamento da icterícia no RN e comparar com os achados clínicos do caso. – Icterícia é a cor amarelada da pele e dos olhos causada por hiperbilirrubinemia (concentração elevada de bilirrubina no soro). Os níveis séricos de bilirrubina que causam icterícia variam com a cor da pele e a região do corpo, porém a icterícia é visível na esclerótica com um nível de 2 a 3 mg/dL (34 a 51 µmol/L) e na face com 4 a 5 mg/dL (68 a 86 µmol/L). Com o aumento dos níveis da bilirrubina, a icterícia avança na direção da cabeça para os pés, aparecendo no umbigo com 15 mg/dL (258 µmol/L) e nos pés com 20 mg/dL (340 µmol/L). Pouco mais da metade dos recém-nascidos apresenta icterícia visível na primeira semana de vida. – A maior parte da bilirrubina é produzida da quebra da molécula da Hb, formando a bilirrubina não conjugada (e outras substâncias). A bilirrubina não conjugada liga-se à albumina do soro, sendo então transportada para o fígado, entra nos hepatócitos, onde é conjugada com o ácido glucurônico por ação da enzima uridina difosfogluconurato glucuronosiltransferase (UGT), tornando-se hidrossolúvel. A bilirrubina conjugada é excretada para o duodeno através da bile. Nos adultos, a bilirrubina conjugada é reduzida por bactérias intestinais a urobilina e, então, excretada. Em recém-nascidos, porém, a quantidade de bactérias no trato digestório é menor, de modo que menos bilirrubina é reduzida em urobilina e excretada. Eles também têm a enzima β-glucuronidase, que desconjuga a bilirrubina. A bilirrubina não conjugada pode agora ser reabsorvida e reciclada na circulação. Essa via é chamada de circulação êntero-hepática da bilirubina (ver também Metabolismo da bilirubina). – Mecanismos da hiperbilirrubinemia: Hiperbilirrubinemia pode ser causada por um ou mais dos seguintes processos: Produção aumentada; Redução na captação hepática; Conjugação diminuída; Excreção prejudicada; Fluxo biliar prejudicado (colestase); Aumento da circulação êntero-hepática. – Fototerapia o Esse tratamento vem se mantendo como padrão, usando mais comumente luz branca fluorescente. (Luz azul, comprimento de onda de 425 a 475 nm, é mais eficiente para fototerapia intensiva.) Fototerapia é o uso da luz para fotoisomerizar bilirrubina não conjugada, transformando-a em formas mais hidrossolúveis e que possam ser excretadas rapidamente pelo fígado sem glucuronidação. Fornece um tratamento definitivo da hiperbilirrubinemia neonatal e evita o kernicterus. o Para lactentes nascidos ≥ 35 semanas de gestação, a fototerapia é uma opção quando a bilirrubina não conjugada for > 12 mg/dL (> 205,2 µmol/L) e pode ser indicada quando a bilirrubina não conjugada for > 15 mg/dL em 25 a 48 h, 18 mg/dL em 49 a 72 h e 20 mg/dL em > 72 h ( Risco de hiperbilirrubinemia em neonatos ≥ 35 semanas de gestação.). A fototerapia não é indicada na hiperbilirrubinemia conjugada. o Para lactentes nascidos em < 35 semanas de gestação, os níveis limiares de bilirrubina para o tratamento são mais baixos porque prematuros têm maior risco de neurotoxidade. Quanto mais prematuro, mais baixo é o limiar ( Limiares sugeridos* para iniciar fototerapia ou exsanguinotransfusão em lactentes < 35 semanas de gestação). o Durante a fototerapia, a icterícia visível pode desaparecer, ainda que a bilirrubina sérica permaneça elevada, a cor da pele não pode ser utilizada para avaliar a gravidade da icterícia. A coleta do sangue para bilirrubina deve ser feita protegida da luz, porque a bilirrubina no interior do tubo de coleta pode ser rapidamente foto-oxidada. – Icterícia Neonatal o É uma manifestação (síndrome) que pode ser fisiológica ou decorrente de patologia que ocorre em recém- nascidos em consequência do aumento de bilirrubina indireta (hiperbilirrubinemia) na corrente sanguínea, sendo sua manifestação clínica a icterícia, isto é, a pele e as mucosas tornam-se amareladas. o Icterícia é definida como a presença de uma cor amarelada na pele, nas membranas mucosas ou nos olhos. O problema não é uma doença, mas sim a manifestação visível de alguma doença subjacente. Tutoria 1 – Módulo 1 – Eduarda Miranda o A icterícia pode acontecer se muitos glóbulos vermelhos estiverem morrendo, ou seja, por aumento de produção da bilirrubina, mas também se houver a presença de alguma doença hepática. Neste caso, a anormalidade está na metabolização. Além disso, também pode haver icterícia se a bilirrubina não for capaz de passar adequadamente pelo trato digestivo, caracterizando algum problema obstrutivo. – No RN, a intensidade ictérica deve ser verificada e é subdividida em leve, moderada e acentuada. Além da intensidade, os níveis séricos de bilirrubina relacionam-se com a progressão crânio-caudal, isto é, ela se inicia na face (ZONA 1) quando os níveis se encontram pouco elevados, progride para o tórax até o umbigo (ZONA 2), para o abdome (ZONA 3), depois para os membros, excetuando os pés e as mãos (ZONA 4) e, finalmente, até a palma das mãos e planta dos pés (ZONA 5), quando os níveis séricos de bilirrubina se encontram bastante elevados, segundo classificação de Kramer. Compreender o exame TORCHS e as infecções neonataisidentificadas a partir dele (fatores de risco, quadro clínico, profilaxia) – O Ministério da Saúde do Brasil recomenda que sejam realizados os exames sorológicos de triagem para as seguintes doenças: sífilis, hepatite B, HIV e toxoplasmose, além da sorologia para rubéola quando houver sintomas sugestivos. O manual técnico de 2006 orienta a realização do Venereal Disease Research Laboratory Test – VDRL (primeira consulta e próximo da 30ª semana), anti-HIV (primeira consulta e, sempre que possível, repetir próximo da 30ª semana), HBsAg, se disponível (preferencialmente próximo da 30ª semana), e pesquisa de IgM para toxoplasmose, se disponível (na primeira consulta, sem recomendação de repetição). Refere que, na presença de sintomas sugestivos pode ser acrescida a sorologia para rubéola. – Toxoplasmose o Agente etiológico: toxoplasma gondii, parasita intracelular obrigatório o Cerca de 40% das gestantes infectadas transmitem a doença para o feto se não forem tratadas adequadamente, e o risco de transmissão aumenta com o avanço da gravidez. O grau de comprometimento do concepto é maior no início da gestação. o A transmissão da toxoplasmose ocorre com a ingestão de cistos do parasita, presentes na carne animal, ou de oocistos eliminados nas fezes de gatos, que podem estar presentes em alimentos, água ou outros materiais. o A taxa de transmissão de mãe para o bebê é transplacentária, podendo ocorrer em qualquer período da gestação. o Risco de transmissão: • Primeiro trimestre (15%): apresenta repercussões graves no concepto, óbito fetal ou neonatal, sequelas importantes; • Segundo trimestre (25%): o recém-nascido apresentará manifestações subclínicas; Tutoria 1 – Módulo 1 – Eduarda Miranda • Terceiro trimestre (65%): com manifestações subclínicas e mais raramente um quadro grave de parasitemia. o O risco aproxima-se de 100% se a infecção da genitora ocorrer no último mês da gestação. o Cerca de 70% das crianças acometidas são assintomáticas ao nascimento, no entanto, têm elevadas frequências de prematuridade, retardo do crescimento intrauterino, anormalidades liquóricas e cicatrizes de coriorretinite. o A forma subclínica é a mais comum, com história materna, sorologia positiva no RN, alterações leves do líquor e, posteriormente, surgimento de sequelas oculares e neurológicas. o Devido à alta prevalência da toxoplasmose no Brasil, deve-se realizar em toda a gestante, no início do pré- natal, a investigação sorológica para toxoplasmose, por meio da pesquisa de anticorpos IgG e IgM específicos. • IgG positiva -> infecção antiga e gestante imune; • IgM positiva -> gestante com infecção aguda; • Ambos negativos -> gestante suscetível, não imunizada. o Prevenção: Recomenda-se: não comer carne crua ou mal passada, ingerir frutas, legumes e verduras bem lavados e descascados, evitar contato com fezes de gato, evitar manipular areia e terra ou utilizar luvas; o Tratamento: é feito com droga, como pirimetamina, sulfadiazina, ácido fólico, entre outras. – Rubéola o A infecção por rubéola pode resultar em má formação de vários tipos, dependendo da fase da gestação em que o vírus se instalou. o Na infecção congênita da rubéola, predominam manifestações de infecção crônica, como morte fetal, parto prematuro e defeitos congênitos clássicos da SRC (perda auditiva, catarata e cardiopatia congênita). Outros achados, como meningoencefalite, pneumonia intersticial, lesões osteolíticas, retinopatia, glaucoma, hepatomegalia, icterícia, petéquias, adenopatia, anemia hemolítica e trombocitopenia, podem ser encontrados no período neonatal. o As manifestações clínicas da infecção congênita da rubéola dependem do período em que ocorreu a infecção materna. A incidência de defeitos anatômicos é maior nos recém-nascidos de mães infectadas no primeiro trimestre da gestação. Crescimento intrauterino retardado pode ser a única sequela quando a infecção materna ocorrer no terceiro trimestre da gestação. o Diagnóstico: Sorologia: a pesquisa de anticorpos IgM e IgG nos recém-nascidos e nas crianças suspeitas o PCR: o vírus da rubéola pode ser detectado por meio da PCR, pela identificação do RNA viral. Pode ser pesquisado em vários líquidos orgânicos, como secreções da orofaringe, respiratórias, líquido amniótico, urina e líquor; o Não existe tratamento específico para a infecção congênita pelo vírus da rubéola. o Vacinação: única forma de prevenir a rubéola. Recomenda-se que todas as mulheres em idade fértil ou que pretendam engravidar façam uso da vacina; – Citomegalovírus o O citomegalovírus é um membro do grupo herpes vírus. o É transmitido através do contato íntimo com secreções ou excreções de pessoas infectadas ou por meio de transfusão de sangue. A criança pode adquirir o vírus por via transplacentária, durante o parto ou pelo leite materno o Patogênese: essa virose é capaz de produzir infecções latentes no hospedeiro, devido a essa característica do vírus, tem sido descrito dois tipos de infecção: a primária e a recorrente ou reativação. No entanto, a transmissão da mãe para o filho do CMV recorrente é menor que a da primária. Tutoria 1 – Módulo 1 – Eduarda Miranda o A infecção congênita é adquirida intra-útero por via transplacentária diferente da perinatal que, acontece durante a passagem pelo canal de parto infectado ou pelo aleitamento. o Quadro clínico: cerca de 95% das crianças quando infectadas apresentam-se à forma assintomática da doença (são quase que exclusivas da infecção primária), apenas 5% apresentam doença sintomática. Ocorre envolvimento de múltiplos órgãos, particularmente o sistema retículo-endotelial e o SNC. No quadro clínico pode constar hepatoesplenomegalia, icterícia, anemia, petéquias, microcefalia, estrabismo e prematuridade. o Diagnóstico: através de exames laboratoriais em que há o isolamento viral em cultura de fibroblastos humanos. o Tratamento: é feito geralmente com medicamento ganciclovir – Herpes simples o São descritos 3 modos de transmissão da infecção: • Intrauterina: muito rara. Ocorre por meio de viremia materna ou infecção ascendente do trato genital, mesmo com membranas íntegras; A morte do concepto geralmente ocorre. Os sobreviventes exibem lesões de pele (vesículas, ulcerações ou cicatrizes), lesões oculares e graves anomalias do SNC, como microcefalia e hidranencefalia. • Perinatal: responde por 85% do total. Ocorre por meio do contato do recém-nascido com o trato genital materno infectado, com lesões ou não; Doença localizada na pele, olhos e boca: os sintomas estão presentes nas primeiras duas semanas de vida; Doenças do SNC • Pós-natal: cerca de 10% das infecções; ocorre quando um cuidador com infecção ativa (p.ex., herpes labial) tem contato próximo com um recém-nascido. • Diagnóstico: exame materno na busca de lesões genitais sugestivas de herpes, cultura citológica das lesões, sorologia com anticorpos IgM para HSV e PCR no sangue ou líquor. • Tratamento: o RN com infecção perinatal pelo VHS provoca ou suspeita deve ser isolado com precauções totais. Medicamento aciclovir. • As estratégias de prevenção da infecção intrauterina e perinatal pelo HSV passam pela identificação das gestantes de alto risco, indicação de cesariana e terapia antiviral materna. – Sífilis congênita o A sífilis congênita é adquirida por meio da disseminação do Treponema pallidum da mãe para o feto, principalmente por via transplacentária. O leite materno não transmite sífilis. O treponema provoca um processo inflamatório, comprometendo todos os órgãos do recém-nascido, com lesões viscerais, ósseas, pele e mucosas, e sistema nervoso central. o Sífilis precoce: Além da prematuridade e do baixo peso ao nascimento, as principais manifestações clínicas são hepatomegalia com ou sem esplenomegalia, lesões cutâneas, periostite, osteíte ou osteocondrite, pseudoparalisia dos membros (pseudoparalisia de Parrot), sofrimento respiratório com ou sem pneumonia,icterícia, anemia e linfadenopatia generalizada o As alterações laboratoriais mais frequentes são anemia, trombocitopenia, leucocitose (podem ocorrer reação leucemoide, linfocitose e monocitose) ou leucopenia e hiperbilirrubinemia. o Sífilis tardia: sífilis que se declara após os 2 anos de vida. Goma de véu do paladar, lesões osteoarticulares, lesões viscerais e dos órgãos dos sentidos (comprometimento hepático, visão e audição), lesões do sistema nervoso (hidrocefalia, encefalomeningite, retardo mental) e deformidade dentária. o Diagnóstico: feito através da história materna (suspeita). A determinação sorológica para sífilis deve ser realizada em toda gestante no primeiro trimestre e no início do terceiro trimestre. Na internação para o parto, deve ser repetido o VDRL caso este tenha sido realizado há mais de 1 mês antes do parto. o O recém-nascido deverá ser investigado para sífilis congênita se o teste treponêmico materno for positivo e apresentar alguma condição como infecção pelo vírus HIV, e sífilis materna não tratada. A avaliação para sífilis deverá incluir: exame físico minucioso, VDRL quantitativo, exame de líquor, radiografia de ossos Tutoria 1 – Módulo 1 – Eduarda Miranda longos, teste de anticorpos IgM, PCR (polimerase em cadeia radioativa) e hemograma completo. O exame de VDRL positivo no sangue neonatal não necessariamente indica que o recém-nascido está infectado, pois o resultado pode ser proveniente de anticorpos maternos, tornando-se negativo após 4 a 6 meses. A confirmação de sífilis no RN é possível por meio da presença de treponema nas lesões, secreções, tecidos, placenta ou cordão umbilical. A sorologia treponêmica é útil na exclusão de resultados de VDRL falso- positivo. Descrever os testes de triagem neonatal, trazendo as siglas. (testes do pezinho, orelhinha, coraçãozinho, olhinho). – Teste do pezinho o Trata-se de ação preventiva que visa facilitar o diagnóstico precoce de certas doenças, reduzindo ou eliminando o risco de sequelas associadas ao atraso no reconhecimento e tratamento dessas condições. Toda criança nascida em território nacional tem o direito à triagem neonatal (Teste do Pezinho). Mas, para que este alcance o seu objetivo primordial de detectar algumas doenças que podem causar sequelas graves ao desenvolvimento e crescimento, o teste deve ser feito no momento e da forma adequados. O momento para a coleta, preferencialmente, não deve ser inferior a 48 horas de alimentação protéica (amamentação) e nunca superior a 30 dias, sendo o ideal entre o 3o e o 5o dia de vida. o As doenças detectadas no teste do pezinho são: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, deficiência de biotinidase, hemoglobinopatia, fibrose cística e doença falciforme o Os laboratórios privados realizam testes para outras doenças, cabendo ao o pediatra selecionar as que são de interesse. o Nos casos com resultados de triagem alterados, o laboratório central deve acionar o posto de coleta para que entre em contato com a família e trazer a criança para a realização de exames confirmatórios. Esse processo precisa ser ágil e eficaz para que a terapêutica precoce adequada possa ser instituída. o Importante: o Teste do Pezinho é apenas um teste de triagem. Um resultado alterado não implica em diagnóstico definitivo de qualquer uma das doenças, necessitando, de exames confirmatórios – Teste da orelhinha (triagem neonatal auditiva) o A TAN deve ser realizada, preferencialmente, nos primeiros dias de vida (24h a 48h) na maternidade, e, no máximo, durante o primeiro mês de vida, a não ser em casos quando a saúde da criança não permita a realização dos exames. No caso de nascimentos que ocorram em domicílio, fora do ambiente hospitalar, ou em maternidades sem triagem auditiva, a realização do teste deverá ocorrer no primeiro mês de vida. Deve ser organizada em duas etapas (teste e reteste), no primeiro mês de vida. o A presença ou ausência de indicadores de risco para a deficiência auditiva (Irda) deve orientar o protocolo a ser utilizado: o ● Para os neonatos e lactentes sem indicador de risco, utiliza-se o exame de Emissões Otoacústicas Evocadas (EOAE). Caso não se obtenha resposta satisfatória (falha), repetir o teste de EOAE, ainda nesta etapa de teste. Caso a falha persista, realizar de imediato o Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (Peate- Automático ou em modo triagem). o Para os neonatos e lactentes com indicador de risco, utiliza se o teste de Peate-Automático ou em modo triagem. o O registro das EOAE é recomendado na realização da TAN em crianças sem Irda, pois é um teste rápido, simples, não invasivo, com alta sensibilidade e especificidade, capaz de identificar a maioria das perdas auditivas cocleares em torno de 30-35 dB. O registro das EOAE não possibilita a identificação de perdas auditivas retrococleares, que, no entanto, são mais prevalentes na população com Irda. Para a realização do registro das EOAE é necessária a integridade anatômica da orelha externa e média. Tutoria 1 – Módulo 1 – Eduarda Miranda o O segundo teste, com Peate nos neonatos e lactentes com baixo risco, nos casos de falha em dois exames de EOAE, é indicado pois diminui os índices de falso-positivos devido às alterações de orelha média, ou presença de vérnix nos condutos auditivos. Consequentemente, há diminuição de encaminhamentos desnecessários para reteste e diagnóstico. Nos casos dos neonatos e lactentes com Irda, justifica-se a realização do Peate como primeira escolha devido à maior prevalência de perdas auditivas retrococleares não identificáveis por meio do exame de EOAE. Aqueles neonatos e lactentes com malformação de orelha, mesmo que em apenas uma delas, deverão ser encaminhados diretamente para diagnóstico otorrinolaringológico e audiológico. As idades consideradas nestas diretrizes se referem à idade corrigida, ou seja, descontando a prematuridade, principalmente no que se refere ao acompanhamento/monitoramento e desenvolvimento da função auditiva e linguagem. o Os procedimentos de EOAE e Peate devem ser realizados como triagem, mesmo que os equipamentos utilizados tenham a possibilidade de realização de exames de diagnóstico, para que se otimize o protocolo, com rapidez e acurácia. – Teste do olhinho o É a verificação da coloração naturalmente vermelha do fundo do olho do recém-nascido. É um teste rápido que pode ser realizado pelo pediatra na própria maternidade. Por vezes há necessidade que seja repetido por um especialista em caso de exame duvidoso. A criança não nasce sabendo enxergar, ela vai aprender assim como aprenderá a sorrir, falar, engatinhar e andar. Para isso, as estruturas do olho precisam estar normais, principalmente as que são transparentes. o O “Teste do Olhinho” pode detectar qualquer alteração que cause obstrução no eixo visual, como catarata, glaucoma congênito e outros problemas cuja identificação precoce possibilita o tratamento no tempo certo e o desenvolvimento normal da visão. o Ele deve ser feito nas primeiras 24 horas de vida do bebê e se trata de uma luz direcionada ao olho da criança a uma distância de 20 centímetros, que deve refletir um tom vermelho semelhante ao observado em fotografias com flash. Caso a cor seja opaca, branca ou amarelada, significa que o recém-nascido possui alguma patologia e que deve ser tratada. – Teste do coraçãozinho o Através de um equipamento especial, o oxímetro de pulso, de forma indolor é estimada a concentração de oxigênio no sangue, dessa forma sendo capaz de detectar problemas cardíacos congênitos complexos que desde o nascimento afetam a concentração sanguínea de oxigênio. Deve-se realizar a aferição da oximetria de pulso, em todo recém-nascido aparentemente saudável com idade gestacional > 34 semanas, antes da alta da Unidade Neonatal. Local de aferição: membro superior direito e em um dos membros inferiores. Para a adequada aferição, é necessário que o recém nascido esteja com as extremidades aquecidase o monitor evidencie uma onda de traçado homogêneo. o Momento da aferição: Entre 24 e 48 horas de vida, antes da alta hospitalar. Resultado normal: Saturação periférica maior ou igual a 95% em ambas as medidas (membro superior direito e membro inferior) e diferença menor que 3% entre as medidas do membro superior direito e membro inferior. Resultado anormal: Caso qualquer medida da SpO2 seja menor que 95% ou houver uma diferença igual ou maior que 3% entre as medidas do membro superior direito e membro inferior, uma nova aferição deverá ser realizada após 1 hora. o Caso o resultado se confirme, um ecocardiograma deverá ser realizado dentro das 24 horas seguintes. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Pediatria, cerca de 10 em cada mil nascidos podem apresentar alguma malformação congênita e, entre esses, dois podem ter cardiopatias graves e precisar de intervenção médica urgente. Cerca de 30% desses pacientes recebem alta sem diagnóstico.
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