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22/09/2020 1 Substâncias adjuvantes Profa. Dra. Ana Julia P. Santinho Gomes Farmacotécnica I – ERE 5º período Curso de Farmácia1 Substâncias adjuvantes ou Excipientes � Adjuvante: do latim adjuvare = ajudar, auxiliar � Excipiente: do latim excipere = recebe o princípio ativo � São todas as substâncias adicionadas ao produto com a finalidade de melhorar sua estabilidade ou aceitação como forma farmacêutica. Possuem a função de estabilizar, preservar o aspecto e as características físico-químicas de uma fórmulação farmacêutica FNFB 2 (BRASIL, 2012) 2 Substâncias adjuvantes ou Excipientes � Dependendo da formulação, os excipientes podem funcionar como diluentes, desintegrantes, aglutinantes, lubrificantes, conservantes, solventes, cossolventes, edulcorantes, aromatizantes, doadores de viscosidade, antioxidantes, etc. � Em geral, os excipientes são terapeuticamente inertes, inócuos nas quantidades adicionadas e não devem prejudicar a eficácia terapêutica do medicamento FNFB 2 (BRASIL, 2012) 3 Função adjuvante do excipiente nas formas farmacêuticas � Conferir peso, volume e consistência ao medicamento � Melhorar as propriedades organolépticas facilitando a adesão ao tratamento � Garantir estabilidade física, química, físico-química, microbiológica e toxicológica ao fármaco � Proporcionar precisão da dose � Modular a solubilidade/biodisponibilidade dos fármacos influenciando na desintegração, dissolução e absorção � Adequar o pH de estabilidade dos fármacos aliado à via de administração 4 Características ideais dos excipientes � Inerte química e fisicamente em relação ao fármaco e ao material de embalagem � Sem efeito terapêutico / toxicológico � Reprodutibilidade lote a lote � Baixo custo � Disponibilidade em diversos fornecedores � Bem caracterizado (especificações diversas) � Compatível com os demais componentes da formulação 5 Tipos de excipientes e suas funções ------------------------------------------------ Corretivos de aparência, aroma e palatabilidade � Usados para conferir cor desejada Edulcorantes � Usados para conferir sabor doce a uma formulação � Ex. sacarose, sacarina Flavorizantes � Usados para conferir sabor e/ou odor agradáveis a uma formulação � Ex. mentol, aroma de morango Corantes 6 22/09/2020 2 Substância corante – FB 6 (BRASIL, 2019) � É qualquer composto orgânico ou inorgânico, natural ou sintético que, independente de possuir ou não atividade farmacológica, é adicionado aos medicamentos, alimentos, cosméticos ou correlatos com a finalidade única de corá-las ou de alterar a sua cor original � Para seu uso, observar a legislação Federal e as resoluções editadas pela Anvisa 7 Tipos de substância corante Corantes Grupos químicos: � Indigóide � Xantina � Azo � Nitro � Trifenilmetano � Quinolona � Antraquinona Pigmentos � Óxido de ferro (preto, vermelho e amarelo) � Dióxido de titânio, que é branco e também é empregado no revestimento de comprimidos, para prevenir a fotodegradação de componentes da formulação sensíveis à luz, ou ainda, para obter invólucros de cápsulas opacos FB 6 (BRASIL, 2019) 8 Códigos indicativos da substância corante � Denominações americanas: � Drug and Cosmetic = D&C � Food, Drug and Cosmetic = FD&C � Color Index = CI � Referência da União Européia = E FB 6 (BRASIL, 2019) 9 Características ideais dos corantes � Inócuos e inertes fisiologicamente � Composição química definida � Hidrossolúvel � � poder corante � Estabilidade à luz, calor e variações de pH � Compatível na formulação � Paladar e odor agradáveis, ou insípido e inodoro 10 Classificação química dos corantes Orgânicos naturais Orgânicos sintéticos Inorgânicos (minerais) Cochonilha Antocianinas Color Index (CI/ FD/ FD&C) Óxidos de ferro Carotenóides Bixina Óxidos verde-cromo Carvão vegetal Clorofila Azorrubina Ultramarinos Betanina Eritrosina Carbonato de cálcio Cantaxantina Indigotina Amarante Tartrazina Dióxido de titânio Cúrcuma 11 Substâncias corantes... Quanto usar ? Forma farmacêutica Concentrações limites de substâncias corantes Semissólida: Creme, pomada, gel 0,0005 – 0,001 % Líquida: Emulsão O/A 0,001 – 0,005 % Líquida: Solução 0,005 % Sólida: Pó, cápsula, granulado, comprimido 0,1 % PRISTA, 2008 12 22/09/2020 3 Corante-Edulcorante-Flavorizante Como associá-los ? � Efeito psicológico da cor � Harmonização Aceitação/ aderência ao tratamento 13 Edulcorantes & Flavorizantes � Paladar � agradável X desagradável � Limite ? Nenhum medicamento contendo substâncias farmacologicamente perigosas deve conter adjuvantes farmacotécnicos que possam levá-lo a ser confundido com um alimento 14 Mecanismos fisiológicos das sensações olfativas � Milhares de odores diferentes � Odor é mais sensível que o paladar Fonte:www.science.mcmaster.ca/psychology/psych2e03/lecture8/taste- smell 15 Mecanismos fisiológicos das sensações gustativas � Amargo � Doce � Salgado � Azedo Fonte:www.science.mcmaster.ca/psychology/psych2e03/lecture8/taste- smell 16 Edulcorantes � Naturais � Açúcares � Poliálcoois (sorbitol, propilenoglicol, glicerol) � Xaropes � Sintéticos � Sacarina sódica � Ciclamatos � Aspartame � Sucralose 17 Edulcorantes Calóricos � Sacarose (açúcar) � Sorbitol � Frutose � Glicose (dextrose) � Xilitol � Amido de cereais ou batatas � Maltose � Maltol � Estevosídeo Não calóricos � Sacarina � Ciclamatos � Aspartame � Dulcina � Suosan (Sucrol) � Ultrasüss � Perilartina Cariogênicos ? 18 22/09/2020 4 Processo de formação da cárie � Substratos (ex. sacarose) são fermentados por S. mutans e produzem ácido láctico levando a uma redução do pH bucal, responsável pela desmineralização do esmalte dental. 19 Flavorizantes Aromas � Aroma de morango � Aroma de baunilha � Aroma de abacaxi � Aroma de hortelã Essências � Essência de erva-doce � Essência Dolce-Gabana 20 Flavorizantes (aromas e essências) � Estabilidade de cloridrato de hidralazina em preparações extemporâneas flavorizadas e não-flavorizadas (OKEKE et al., 2003) 21 Conclusão (OKEKE et al., 2003) � Prazo de validade da preparação extemporânea (0,1% e 1%) de cloridrato de hidralazina � 30 dias a 4ºC � Não recomendação de flavorizante 22 Tipos de excipientes e suas funções Molhantes � Usados para facilitar umedecimento dos pós favorecendo a desintegração e a dissolução de fármacos pouco solúveis � Ex. lauril sulfato de sódio, polissorbatos (ex. Tween 80), docusato de sódio � Mecanismo de ação: efeito sobre a velocidade de umedecimento das partículas FLORENCE; ATTWOOD, 2011, p. 28-30 23 Sistema de classificação biofarmacêutica Importante para seleção de excipiente de formas farmacêuticas sólidas orais a fim de garantir absorção no trato gastrintestinal Classe Solubilidade em meio aquoso Permeabilidade intestinal I Anfifílico Alta Alta II Lipofífico Baixa Alta III Hidrofílico Alta Baixa IV Hidrofóbico Baixa Baixa DOI: 10.1208/s12248-009-9144-x 24 22/09/2020 5 Mecanismo de ação dos molhantes � Tensoativos diminuem o ângulo de contato (θ) através da redução da tensão interfacial, ampliando a velocidade de umedecimento de partículas lipofílicas (SCB classe II) e hidrofóbicas (SCB classe IV) FLORENCE; ATTWOOD, 2011, p. 28-30 25 FLORENCE; ATTWOOD (2011) Diazepam Ângulo de contato = 83º 26 Baixa solubilidade Fármaco Classe II no SCB Piroxicam 27 Tipos de excipientes e suas funções Sequestrantes ou Quelantes � Usados para formar complexos estáveis (quelato) com metais. Atuam em sinergia com antioxidantes, diminuindo a velocidade das reações de oxidação � Ex. EDTA-Na Antioxidantes � Usados para inibir processos de oxidação em sistemas aquosos (1) ou oleosos (2) � Ex. (1) metabissulfito de sódio (2) BHT 28 Antioxidantes para sistemas aquosos Ácido ascórbico/ Vitamina C 0,05 – 3 % Ácido isoascórbico 0,2 % Etilgalato 0,1 % Isoascorbato de sódio0,2 % Metabissulfito de sódio 0,02 – 1 % Tiossulfato de sódio 0,05 % Sulfito/ bissulfito de sódio 0,1 % Sulfoxilato de formaldeído sódico 0,1 % 29 Antioxidantes para sistemas oleosos Ácido gálico 0,1 % Ácido nordiidroguiarético 0,01 % BHA 0,005 – 0,01 % BHT 0,03 – 0,1 % Dodecilgalato 0,1 % Hidroquinona/ t-butil hidroquinona 0,01 % Octilgalato 0,1 % Palmitato de ascorbila 0,01 – 0,2 % Propilgalato 0,005 – 0,15 % Vitamina E (alfa-tocoferol) 0,05 – 2 % 30 22/09/2020 6 Mecanismo de ação dos antioxidantes FLORENCE; ATTWOOD, 2011, p. 128-132 � Reagem mais prontamente que o fármaco, protegendo-o de sofrer oxidação � Interrompem a propagação pela interação com radicais livres � � O radical livre proveniente da reação com o antioxidante não é reativo o suficiente para manter a reação em cadeia e o processo cessa 31 Tipos de excipientes e suas funções Conservante antifúngico � Usados para impedir o desenvolvimento de fungos e leveduras em formulações líquidas e semi-sólidas � Ex. parabenos (metilparabeno, propilparabeno), ácido benzóico Conservante antimicrobiano � Usados para impedir o desenvolvimento de micro-organismos em formulações líquidas e semi-sólidas � Ex. cloreto de benzalcôneo/ cetilpiridíneo 32 Consevante Concentração usual Faixa de pH aplicável Ácido benzóico 0,01- 0,2 % < 4,5 Ácido sórbico 0,05 – 0,2 % 4,5 Álcool benzílico 2 – 3 % Benzoato de sódio 0,02 – 0,5 % 2,0 – 5,0 Bronopol e 0,01 – 0,1 5,0 – 8,0 Cloreto de benzalcôneo 0,01 – 0,02 % Clorexidina e 0,002 – 0,01 % 5,0 – 7,0 Clorobutanol > 0,5 % 3,0 Clorocresol > 2 % Cloroxilenol e 0,1 – 0,8 % Sem efeito Cresol 0,15 – 0,3 % pH acídico Fenoxietanol 0,5 – 1 % Sem efeito Imidurea e 0,03 – 0,5 % 3,0 – 9,0 Benzil, etil, propil, butil, Metilparabeno 0,015 – 0,3 % 4,0 – 8,0 Propionato de sódio e 5 – 10 % < 5,0 Irgasan ou Triclosan e 0,1 – 1% Sorbato de potássio 0,1 – 0,2 % 2,0 – 6,0 e = uso externo 33 Tipos de excipientes e suas funções Diluentes p/ cápsulas e comprimidos � Usadas para conferir volume adequado, propriedade de fluxo e características de compressão � Ex. celulose microcristalina(MCC), amido de milho Solventes � Usados para dissolver outra substância na preparação de uma solução � Ex. água purificada, propilenoglicol, óleo mineral 34 Tipos de excipientes e suas funções Absorventes � Usados para reduzir a higroscopia de algumas substâncias sólidas � Ex. dióxido de silício coloidal (Aerosil) Adsorventes � Usados para captar outras moléculas na sua superfície por mecanismos físicos ou químicos � Ex. carvão ativado 35 Tipos de excipientes e suas funções Aglutinantes � Usados para promover a adesão de partículas de pós no preparo de granulados � Ex. gomas (ex. de amido), dispersões contendo celuloses, gelatina Desintegrantes ou Desagregantes � Usados para promover a ruptura da massa compactada em partículas menores mais facilmente dispersíveis � Ex. glicolato de amido sódico (Explotab®), amido 36 22/09/2020 7 Tipos de excipientes e suas funções Lubrificantes � Usados para reduzir a fricção durante o processo de compressão de comprimidos, evitando a adesão do pó nas peças da máquina de compressão � Ex. estearato de Mg, de Ca ou de Zn Deslizantes � Usados para aumentar a fluxibilidade das misturas em pó � Ex. talco, dióxido de silício coloidal (Aerosil) 37 Tipos de excipientes e suas funções Acidificantes/ Alcalinizantes � Usados para ajustar o pH contribuindo com a estabilidade do produto final � Ex. ácido cítrico/ hidróxido de sódio ou trietanolamina Suspensores � Usados para aumentar a viscosidade e reduzir a velocidade de sedimentação de partículas em um veículo em quem elas são insolúveis � Ex. derivados de celulose (CMC/ HPMC) 38 Tipos de excipientes e suas funções Umectantes � Usados para prevenir o ressecamento (sinérese) de preparações semissólidas � Ex. glicerina, propilenoglicol Emolientes � Usados para amaciar e suavizar a irritação na pele ou nas mucosas � Ex. óleo fixos (de amêndoas doce, de macadâmia) 39 Tipos de excipientes e suas funções Levigantes � Usados para reduzir o tamanho de partículas por meio de um líquido insolúvel � Ex. glicerina, propilenoglicol Clarificantes � Usados para clarificar xaropes por suas propriedades adsorventes � Ex. argila (bentonita) 40 Tipos de excipientes e suas funções � Veículos Agentes carreadores do princípio ativo, empregados na formulação de várias formulações líquidas para uso oral, tópico ou parenteral � Ex. xaropes, água, solução tampão, soro fisiológico, óleos fixos vegetais 41 Referências/ Leitura complementar indicada ALLEN, L.V.; POPOVICH, N.G.; ANSEL, H.C. Formas farmacêuticas e sistemas de liberação de fármacos. 9.ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. BRASIL. Leis, decretos, etc. Resolução RDC Nº44, de 09 de agosto de 2012. Diário Oficial da União, Brasília, 10 de agosto, 2012. FERREIRA, A.O. Guia prático da Farmácia Magistral. 4.ed. São Paulo: Pharmabooks, 2010. v.1. 736 p. FLORENCE, A.T.; ATTWOOD, D. Princípios físico-químicos em Farmácia. 2.ed. São Paulo: Pharmabooks, 2011. p.28-30, 128-132. GENNARO, A.R. Remington: a ciência e a prática da farmácia. 20.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 2208 p. GIL, E.; BRANDÃO, A.L.A. Excipientes: suas aplicações e controle físico-químico. 2.ed. São Paulo: Pharmabooks, 2007. 285p. O'NEIL, M.J. (ed.). The Merck index: an encyclopedia of chemicals, drugs and biologicals. 14.ed. Whitehouse Station: Merck & Co, 2006. 1756 p. PRISTA, L. N.; ALVES, A. C.; MORGADO, R. Tecnologia farmacêutica. 7.ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2008. 786 p. ROWE, R.; SHESKEY, P.; WELLER, P. (eds.). Handbook of pharmaceutical excipients. 7.ed. London: Pharmaceutical: Press, 2012. THOMPSON, J.E. A prática farmacêutica na manipulação de medicamentos. Porto Alegre: Artmed, 2009. 576 p. 42 22/09/2020 8 Obrigada ! ajpsant@ufsj.edu.br 43
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