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1 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Homicídio II DIREITO PENAL (PARTE ESPECIAL) A N O TA ÇÕ ES HOMICÍDIO II HOMICÍDIO PRIVILEGIADO-QUALIFICADO Homicídio privilegiado (art. 121, § 1º, CP) não é crime hediondo. O homicídio híbrido ocorre quando há uma privilegiadora e uma qualificadora (§ 2º). É pos- sível o homicídio ser simultaneamente privilegiado e qualificado? Há duas correntes: 1ª corrente: Não. Não é possível o homicídio híbrido. Porque um está no § 1º (privilegiado) e o outro no § 2º (qualificado), logo o homicídio privilegiado não poderia se aplicar ao que está abaixo dele. Tese da posição topográfica dos dispositivos legais. 2ª corrente: É possível o homicídio híbrido, desde que a qualificadora seja de natureza objetiva. Essa tese é a que prevalece. Homicídio privilegiado-qualificado (híbrido) não é crime hediondo. Qualificadoras do homicídio, de natureza objetiva: Art. 121, (…), § 2º (...) III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; (...) Feminicídio VI – contra a mulher por razões da condição de sexo feminino. A natureza objetiva ocorre quando é comunicável no concurso de pessoas. As qualificado- ras subjetivas, não há a comunicação no concurso de pessoas. Todas as hipóteses do são objetivas, exceto a traição que é uma qualificadora subjetiva. Conforme o julgado do STJ (Min. Felix Fischer, no REsp 1.707.113/MG, julgado em 29/11/2017) o feminicídio é uma qualificadora objetiva. 5m 10m 2 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Homicídio II DIREITO PENAL (PARTE ESPECIAL) A N O TA ÇÕ ES Homicídio Qualificado Art. 121. Homicídio qualificado § 2º Se o homicídio é cometido: I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; II – por motivo fútil; III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; (...) Feminicídio (Incluído pela Lei n. 13.104, de 2015) VI – contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei n. 13.104, de 2015) VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em de- corrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei n. 13.142, de 2015) Pena – reclusão, de doze a trinta anos. As qualificadoras objetivas são os incisos em azul e as subjetivas os incisos em vermelho. Art. 121. Homicídio qualificado. § 2º Se o homicídio é cometido: I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; ‘Mediante paga ou promessa de recompensa’ (fórmula casuística) e ‘por outro motivo torpe’ (fórmula genérica). O motivo torpe é um motivo repugnante, um motivo vil, é totalmente escrachado pela sociedade. ‘Mediante paga ou promessa de recompensa’ também é chamado de homicídio mercená- rio. Não precisa ser dinheiro, não precisa ter valor econômico, pode ser por ganho moral ou outros. É uma qualificadora subjetiva (aplica-se ao inciso I). É uma qualificadora de concurso necessário (aplica-se ao ‘mediante paga ou promessa de recompensa’). 15m 3 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Homicídio II DIREITO PENAL (PARTE ESPECIAL) A N O TA ÇÕ ES Exemplo: O genitor paga para o assassino de aluguel matar o estuprador da sua filha. Há concurso de pessoas. O executor do crime (assassino de aluguel) responde por homicídio qualificado ‘mediante paga ou promessa de recompensa’, o mandante do crime (genitor) res- ponde por homicídio privilegiado em razão do relevante valor moral. O ‘mediante paga ou promessa de recompensa’ aplica-se somente ao executor do crime. O ‘motivo torpe’ depende do mandante do crime, por exemplo: contratar para matar a esposa de alguém para ficar com ela, o assassino de aluguel responde em razão da ‘mediante paga ou promessa de recompensa’ por motivo qualificado e o contratante responde por homi- cídio qualificado por motivo torpe. A vingança pode ou não ser um motivo torpe, depende da motivação da vingança. O ciúme não é considerado motivo torpe, pode ser considerado a depender da situação motivo fútil. Jurisprudência do STJ: Não obstante a paga ou a promessa de recompensa seja circunstância acidental do delito de ho- micídio, de caráter pessoal e, portanto, incomunicável automaticamente a coautores do homicídio, não há óbice a que tal circunstância se comunique entre o mandante e o executor do crime, caso o motivo que levou o mandante a empreitar o óbito alheio seja torpe, desprezível ou repugnante. (REsp 1209852/PR, julgado em 15/12/2015, DJe 02/02/2016) Art. 121. Homicídio qualificado § 2º Se o homicídio é cometido: II – por motivo fútil; O motivo fútil é um motivo bobo, insignificante. Tem que ser um motivo conhecido. Se for um motivo desconhecido, não pode aplicar motivo fútil. HC 152.548/STJ. HC 107.090/STJ – Info 711/2013. A futilidade deve ser imediata. Exemplo: um indivíduo mata o dono do bar por esse não permitir que ele compre pinga fiado, aplicando imediatamente uma faca no seu pescoço, trata-se de imediato. O mediato ocorre, por exemplo: o indivíduo e o dono do bar começam a desferir socos um no outro, após o dono do bar negar a compra fiada ao indivíduo e em determinado momento 20m 25m 4 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Homicídio II DIREITO PENAL (PARTE ESPECIAL) A N O TA ÇÕ ES o indivíduo pega uma faca e mata o dono do bar, trata-se de mediato. Porque não foi pelo fato do dono do bar ter negado o fiado que o indivíduo o matou, o que ocorreu é que eles acabaram brigando e diante dessa briga o indivíduo matou o dono do bar. Motivo fútil vs Dolo eventual: Hoje é possível ter crime de homicídio em dolo eventual e que seja qualificado pelo motivo fútil. O entendimento anterior: “Não há incompatibilidade na coexistência da qualificadora do motivo fútil com o dolo eventual em caso de homicídio causado após pequeno desentendimento entre agressor e agredido. Preceden- tes do STJ e STF. Com efeito, o fato de o recorrido ter, ao agredir violentamente a vítima, assumido o risco de produzir o resultado morte, aspecto caracterizador do dolo eventual, não exclui a pos- sibilidade de o crime ter sido praticado por motivo fútil, uma vez que o dolo do agente, direto ou indireto, não se confunde com o motivo que ensejou a conduta.” (...) (REsp 1601276/RJ, julgado em 13/06/2017) “A jurisprudência desta Corte Superior entende não ser incompatível a qualificadora do motivo fútil com o dolo eventual, pois o dolo do agente, direto ou indireto, não se confunde com o motivo que ensejou a conduta capaz de colocar em risco a vida da vítima.” REsp 1779570 / RS, julgado em 13/08/2019 Art. 121. Homicídio qualificado § 2º Se o homicídio é cometido: III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; O emprego de veneno, também chamado de venefício, pode ser substâncias biológicas, químicas que fazem mal a qualquer ser humano, quanto também uma substância que faça mal especificamente a uma pessoa. ‘O veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura’ são formas casuísticas e o ‘outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigocomum’ formas genéricas. Quando há a forma genérica, será aplicada a interpretação analógica. O veneno é meio insidioso. O fogo, a asfixia e a tortura são meios cruéis. O explosivo, é o meio que resulta perigo comum. A asfixia pode ser mecânica, que é aquela que ocorre por esganadura, estrangulamento, enforcamento, em que são tampadas as vias aéreas da pessoa e ela não consegue respirar. A asfixia pode ser tóxica, que ocorre quando a pessoa morre asfixiada por não ter a renovação do ar, o oxigênio se transforma em CO2, por exemplo, se colocar uma pessoa dentro do caixão. 30m 35m 5 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Homicídio II DIREITO PENAL (PARTE ESPECIAL) A N O TA ÇÕ ES A tortura ocorre quando gera a vítima uma dor muito superior à necessária para alcançar o resultado morte. Homicídio Qualificado pelo Emprego de Tortura Homicídio qualificado pela tortura Tortura qualificada pela morte Previsão legal Artigo 121, § 2º, III, CP – Pena 12 a 30 anos Art. 1º, § 3º, Lei n. 9.455/1997 – “Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravís- sima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.” Elemento subjetivo Dolo direto ou eventual em relação ao resultado morte, utilizando-se da tortura como meio (cruel) para alcançar o resultado Crime preterdoloso – dolo na conduta antecedente (tortura) e culpa no resultado (morte) Competência Tribunal do Júri Juízo singular Art. 121. Homicídio qualificado § 2º Se o homicídio é cometido: IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; Para que se tenha a qualificadora da traição é necessário que seja depositado uma espe- cial confiança no autor, que ele venha a trair essa confiança. A qualificadora da traição é um crime próprio. A emboscada é uma tocaia. Mediante dissimulação é a enganação para matar uma pessoa, engana para colocar a pessoa numa situação que dificulte a sua defesa. ‘À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação’ são formulas casuísticas e ‘outro recurso que dificulte torne impossível a defesa do ofendido’ são formulas genéricas. Aplica-se a interpretação analógica. 40m 6 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Homicídio II DIREITO PENAL (PARTE ESPECIAL) A N O TA ÇÕ ES ATENÇÃO Traição é uma qualificadora subjetiva que não se comunica no concurso de pessoas, a emboscada e a dissimulação são qualificadoras objetivas. Art. 121. Homicídio qualificado § 2º Se o homicídio é cometido: V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime Essa qualificadora é chamada de qualificadora de conexão, o indivíduo pratica o homicídio porque há um outro crime que ele quer praticar para asseguras a execução, ocultação, impu- nidade ou vantagem de outro crime. ‘Para assegurar a execução’, a doutrina chama de conexão teleológica (finalidade). Pra- tica um homicídio para praticar outro crime. Exemplo: Matar um segurança para sequestrar a filha de um empresário. Ou seja, matou o segurança com a finalidade de praticar outro crime. O homicídio teológico normalmente é praticado antes da prática de outro crime. Nas outras hipóteses (a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime) são chamadas de conexão sequencial, em que o homicídio é praticado após um crime antecedente. Quando se mata alguém para subtrair os seus pertences, há o latrocínio, não ocorrerá a incidência desses crimes devido o Princípio da Especialidade. O latrocínio é uma exceção a aplicação dessa qualificadora. A ocultação ou a impunidade, por exemplo, podem ocorrer quando o indivíduo praticou algum crime contra uma determinada vítima (importunação sexual) e não quer ser responsa- bilizado por esse crime, acaba matando a vítima. A vantagem de outro crime, por exemplo, o indivíduo pratica o crime de estelionato junto com um comparsa, mas o indivíduo não quer dividir o valor com o comparsa e o mata. �����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Érico Palazzo. A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclusiva deste material. 45m
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