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A hiperplasia prostática benigna é caracterizada pela proliferação das células do epitélio e do es- troma prostático, formando um tecido nodular ade- nomatoso. É uma condição que faz parte do envelheci- mento do homem. Está presente em 50% dos indiví- duos com 60 anos e em 90% dos homens com mais de 85 anos. Pode ser encontrada uma forma hereditária da doença em homens submetidos à cirurgia antes dos 60 anos de idade. Prostatites AGUDA: disúria, polaciúria, urgência, retenção uri- nária (às vezes) + febre. Se sintomas com febre, o di- agnóstico está feito, porque cistite não cursa com febre. • PSA aumenta muito. • Tratamento com quinolona (ciprofloxacino, levo- floxacino) por 21 dias. CRÔNICA: assintomática e confunde com sintomas de HPB. • Pode elevar o PSA. • Tratamento com quinolona por 21 dias. Quando faz o tratamento, o PSA reduz, e isso confirma que era uma prostatite, não um CA de próstata. DOR PROSTÁTICA CRÔNICA: prostatodinia. Não se sabe muito bem sobre. • Tratamento sintomático: antinflamatório, Alfa- bloqueadores, analgésicos. ANATOMIA DA PRÓSTATA É um órgão de consistência fibroelástica com peso de 20-25 g. Localiza-se inferiormente à bexiga e é atravessada pela primeira porção da uretra, cha- mada de uretra prostática (não envolvida por corpo esponjoso). Zonas da próstata Zona periuretral. Zona central: atravessada pelo ducto ejaculatório. Zona de transição: envolve a uretra prostática e é constituída de glândulas de tamanho intermediário. É a região acometida pela hiperplasia. Leva ao ade- noma prostático. Zona periférica: possui glândulas longas, ramifica- das e tortuosas. Em 70% das vezes, é aqui que o cân- cer de próstata surge. Essa zona está próxima ao reto, por isso que os nódulos podem ser palpáveis ao toque retal. FISIOPATOLOGIA A HPB é uma proliferação celular e estromal do epitélio das glândulas prostáticas com ou sem di- minuição de apoptose, o que leva a hiperplasia, a qual aumenta o volume da próstata e restringe o fluxo urinário da bexiga. A hiperplasia já começa a acontecer a partir dos 40 anos de idade. FATORES DE RISCO: idade avançada, história fami- liar de doença precoce e produção de androgênios. O crescimento da zona de transição é estimu- lado pela testosterona (homens com hipogona- dismo não desenvolvem HPB). A testosterona livre entra na célula epitelial prostática e, por ação da 5- alfa-redutase, é transformada em diidrotestoste- rona (DHT), a forma biologicamente ativa da testos- terona (a isoforma 2 é exclusiva do tecido prostá- tico). Uma vez convertida, a DHT estimula a prolife- ração das células epiteliais da glândula e das células do estroma. Com o envelhecimento, aumentam os níveis de estrogênio nos homens. O estrogênio, por sua vez, deixa as células prostáticas mais sensíveis aos an- drogênios circulantes. Como a zona de transição está envolvendo a uretra, quando cresce, causa obstrução do fluxo uri- nário. HPB: proliferação de epitélio glandular (adenoma- toso) + de estroma fibromuscular. OBSTRUÇÃO Obstrução mecânica: pelo crecimento exagerado prostático. Obstrução funcional: os alfa-1-receptores aumen- tam o tônus da uretra, comprimindo-a e dificul- tando a micção, sob influência do sistema nervoso simpático. Estão presentes na uretra e na parede do colo vesical. Isso explica o prostatismo em pacientes com próstatas pouco volumosas. • Com alfa-bloqueadores, consegue-se relaxar a uretra e facilitar a passagem da urina. COMPLICAÇÕES Alterações vesicais (bexiga de esforço): a bexiga precisa hipertrofiar porque está sempre agindo con- tra uma pressão alta. Com isso, há uma diminuição da complacência e da capacidade vesical, o que oca- siona sintomas irritativos, como urgência, polaciú- ria, incontinência de urgência e redução do volume miccional. Isso pode repercutir no trato urinário alto e evoluir com hidronefrose e IR pós-renal. • A hipertrofia do detrusor leva a formação de tra- béculas na mucosa vesical e divertículos vesi- cais. A presença de divertículos na parede vesical denota a existência de obstrução uretral grave e prolon- gada. Lobo médio aumentado fazendo protusão para dentro da bexiga. Bexiga com divertículos e hidronefrose. QUADRO CLÍNICO Os pacientes apresentam os sintomas do trato urinário inferior (LUTS), ocasionados por obstrução infravesical pela próstata hiperplásica. Sintomas de esvaziamento/obstrutivos: resultam da obstrução uretral. • Hesitação. • Jato fraco. • Jato intermitente. • Gotejamento terminal. • Esvaziamento incompleto. Sintomas de armazenamento/irritativos: pela hi- pertrofia do detrusor. • Urgência. • Polaciúria. • Noctúria. • Incontinência de urgência. Complicações Retenção urinária aguda: incapacidade abrupta de esvaziamento vesical. Pode ocorrer tanto em prós- tatas volumosas quanto pequenas. Desencadeada por: uso de simpaticomiméticos ou anticolinérgicos, distensão aguda da bexiga, prosta- tite aguda, cálculo vesical ou infarto prostático. Infecção urinária e prostatite: resultam de coloni- zação prostática ou da estase da urina. Litíase vesical: pode surgir por estase local ou im- possibilidade de expulsar cálculos migrados dos rins. Falência do detrusor (descompensação vesical): no prostatismo de longa duração, o detrusor sofre hi- pertrofia e depois deposição de colágeno. Com isso, a bexiga vai sofrendo falência progressiva, com au- mento de volume residual e dilatação. Insuficiência renal aguda ou crônica: quando hou- ver hidronefrose, é necessário tratamento cirúrgico. Hematúria: surge por rompimento de vasos submu- cosos locais. Deve-se explorar com USG renal, por- que pode ser indicativo de neoplasia e litíase renal ou ureteral. AVALIAÇÃO Escore internacional de sintomas prostáticos (IPSS). Avalia 7 sintomas urinários dos últimos 30 dias (enchimento e esvaziamento): esvaziamento in- completo, polaciúria, jato interrompido, urgência, jato fraco, esforço miccional e noctúria. • Leve: até 8. • Moderado: 9 a 18. • Severo: 19 a 35. (polaciúria: se o indivíduo precisa urinar de novo em menos de 2h). Toque retal: tamanho, consistência, nódulos, sensi- bilidade (dor pode ser prostatite), limites. • Na HPB, revela uma próstata de tamanho aumen- tado simetricamente, de consistência fibroelás- tica e com sulco interlobular preservado. • A presença de nódulos endurecidos é sugestiva de adenocarcinoma e indica a realização de uma biópsia transretal da próstata guiada por USG. O volume prostático não tem relação com a inten- sidade da obstrução urinária. Urofluxometria: paciente urina dentro de um uro- fluxômetro. Isso gera uma curva de fluxo que per- mite identificar se há obstrução. Qmax (mL/s) > 15 Normal 10-15 Obstrução moderada < 10 Obstruído Laboratório: PSA (pedir quando o paciente é sinto- mático), urina parcial e cultura, creatinina. • Parcial de urina e cultura: buscar hematúria, ITU. • Creatinina: avaliar nefropatia obstrutiva. • PSA: quando o paciente é sintomático. US abdominal do aparelho urinário e da próstata: indicada na elevação da creatinina, suspeita de lití- ase e em casos de hematúria. • Tamanho aumentado. • Hidronefrose. • Espessura da parede da bexiga: normal até 4 mm. • Divertículos. • Irregularidade. • Cálculo. • Resíduo pós-miccional. Estudo urodinâmico: somente em casos de exceção. É indicado quando há sintomas neurológicos e quando o paciente persiste com os sintomas após tratamento intervencionista. Urografia excretora e TC com contraste: pouco uti- lizadas. Podem ser úteis quando houver hematúria. QUEM PRECISA INVESTIGAR? Sintomas moderados ou severos (IPSS ≥ 9). Sintomas leves não precisa. Diagnóstico diferencial Febre ➜ sugere prostatite infecciosa. Se sintomas neurológicos ➜ bexiga neurogênica. Hematúria ➜ neoplasia uroepitelial ou urolitíase. Se história de trauma ou Cx ➜ estenoseuretral. Uso de drogas anticolinérgicas ou simpaticomimé- ticas ➜ disfunção vesical medicamentosa. Bexiga do idoso: homens e mulheres idosos pos- suem sintomas de armazenamento por conta de is- quemia crônica do detrusor. TRATAMENTO Quem precisa de tratamento? Pacientes assintomáticos não necessitam de trata- mento, seja qual for o tamanho da próstata. Mais de 90% dos pacientes não necessita. Se o paciente tem IPSS ≤ 8 (leve), não necessita de tratamento imediato. Tratamento farmacológico Indicado para os pacientes com sintomas mo- derados (IPSS entre 9 e 18). Pacientes com sintomas severos (IPSS acima de 18) podem ser abordados com terapia farmacológica, mas grande parte deles irão necessitar de tratamento intervencionista. FITOTERÁPICOS: palmeto e urtiga. ALFA-BLOQUEADORES: reduzem objetivamente o IPSS (4 a 6 pontos). Relaxam o músculo liso do trí- gono vesical e estroma prostático. • Tamsulosin: bloqueador seletivo de receptores alfa-1-a. É mais específico, então tende a causar menos hipotensão postural (o alfa-1-a é especí- fico do tecido prostático; o receptor alfa-1-b é dos vasos sanguíneos). • Doxazosin: bloqueador alfa-1 não seletivo (tanto 1-a quanto 1-b). É mais barato. • Prazosin, terazosin: são bloqueadores alfa-1 não seletivos, então causam hipotensão. • Efeitos colaterais: tontura, vertigem, cefaleia, as- tenia, cansaço, hipotensão (tamsulosin faz me- nos). • Não podem ser utilizados na IR por HPB e se o paciente tem história de hipotensão postural. INIBIDORES DA 5-ALFA-REDUTASE: são antian- drogênicos, impedem conversão de testosterona em DHT, que é quem age na próstata. A 5-ɑ-redutase está elevada na HPB. Reduzem o volume glandular, diferente dos alfabloqueadores. • Finasterida, dutasterida. • Reduzem o PSA em 50%. Diminuem a libido. • Efeito de instalação lenta: os sintomas começam a melhorar depois de 3-6 meses. Os I5AR podem ser utilizados em conjunto com o AB. Tratamento alternativo: • Associação de alfabloqueador + anticolinérgicos (pela hiperatividade vesical). • Inibidor da 5 fosfodiesterase (tadalafila): utilizado para disfunção erétil. Relaxa a musculatura lisa da próstata, bexiga e vasos sanguíneos. Aumenta o suprimento de sangue para a próstata e bexiga e pode reduzir os sintomas da HPB. REFRATARIEDADE AO TRATAMENTO: 6 meses a 1 ano de acompanhamento. Tratamento intervencionista Indicações de tratamento cirúrgico Absolutas Sintomas severos Retenção urinária aguda Hidronefrose e uremia ITU recorrente Hematúria macroscópica refratária Incontinência urinária paradoxal Litíase e divertículos vesicais Relativas Sintomas moderados Resíduo urinário significativo Fluxo urinário reduzido As intervenções cirúrgicas são as modalidades mais eficientes para o alívio dos sintomas e das com- plicações da doença. RESSECÇÃO TRANS-URETRAL: é o padrão ouro. • Próstatas menores de 80g. • Permanência hospitalar mais curta do que cirur- gia aberta, pós-OP mais confortável. Complicações • Complicação clássica (mas incomum): síndrome de intoxicação hídrica. Decorre da absorção exa- gerada pelo leito prostático da solução salina hi- potônica empregada para irrigação vesical du- rante o procedimento. É caracterizada por hipo- natremia aguda, confusão mental, náuseas, vômi- tos, hipertensão arterial, bradicardia e distúrbios da visão, por conta de encefalopatia hiposmolar aguda. • Ejaculação retrógrada: complicação comum da RTU, em que parte do volume ejaculado reflui para o interior da bexiga. • Disfunção erétil: 13,6%. • Incontinência urinária. PROSTATECTOMIA SIMPLES ABERTA: indicada para próstatas maiores de 80g, presença de divertí- culos vesicais, litíase. Minimamente invasiva: ablação por laser, incisão transuretral e termoterapia com micro-ondas.
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