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Resumos do X Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFPR

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Resumos
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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X Encontro Nacional de Pesquisa em 
Filosofia da UFPR 
 2017
Edição Especial n° 03
 
cadernospetfilosofia 
 
X Encontro Nacional de Pesquisa em 
Filosofia da UFPR 
 2017
Edição Especial n° 03
cadernospetf i losofia é uma pub l i c ação do Depar t amento d e 
F i lo so f ia d a Un iver s id ade Fed er a l d o Par aná 
 
edi to res 
Caroline Feltz Pajewsky, Eduardo Antonio da Silva Lacerda, 
Guilherme Rafael Ramos da Quinta, Isabela Simões Bueno, 
Jaqueline Silva Custódio, Lucas Batista Axt, Philipe Hugo Fransozi, 
Tiago de Almeida Zarowny, Betina Dal Molin Juglair, Cleópatra 
Steffane Melisinas Citron, Everton Carvalho de Souza, Juliane 
Gonçalves Conceição Roberto, Gabriel H. Lazof Mota, Jussara 
Petranski, Matheus Vitorino da Silva 
 
grupo pe t 
Maria Adriana Camargo Cappello, Walter Romero Menon Junior, 
Caroline Feltz Pajewsky, Eduardo Antonio da Silva Lacerda, 
Guilherme Rafael Ramos da Quinta, Isabela Simões Bueno, 
Jaqueline Silva Custódio, Lucas Batista Axt, Philipe Hugo Fransozi, 
Tiago de Almeida Zarowny, Betina Dal Molin Juglair, Cleópatra 
Steffane Melisinas Citron, Everton Carvalho de Souza, Juliane 
Gonçalves Conceição Roberto, Gabriel H. Lazof Mota, Jussara 
Petranski, Matheus Vitorino da Silva 
 
 
 
Rei tor Ricardo Marcel o Fonseca 
Vice-Re i tor Grac ie la Bolzón de Muniz 
Pró-Re i tor de Graduação Eduardo Sal les de Ol ivei ra Barra 
Dire tor do Se tor de CHLA Lígia Negr i 
Chefe do Departamento de Filosofia Alexandre Noronha Machado 
Coord. do Curso de Graduação em Filosofia Leandro Neves Cardim 
 
Depar t amento F i lo so f i a UFPR 
Rua Doutor Fa ivr e 405 6° and ar 
80060 -150 Cur i t i ba Bras i l / Te le fone [41 ] 3360 -5098 
cad ernospet@g mai l . com / pet f i l osof i aufpr .word pres s . com 
ISSN 1517-5529 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os cadernospetfilosofia são uma publicação do PET (Programa de 
Educação Tutorial) do curso de Filosofia da UFPR (Universidade Federal do 
Paraná), dedicado à divulgação da pesquisa realizada por estudantes de 
graduação e pós-graduação em Filosofia. Trata-se, assim, de uma revista de 
estudantes, editada por estudantes (sob a supervisão de professores-tutores) e 
endereçada a estudantes de filosofia, visando oferecer-lhe um certo modelo e 
padrão de pesquisa desenvolvida por seus pares no Brasil. 
Esta é uma edição especial dos cadernospetfilosofia dedicada aos trabalhos 
que serão apresentados no X Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da 
UFPR, realizado entre os dias 16 a 20 de outubro de 2017. Esta edição 
apresente os resumos dos trabalhos. 
 
 Os Editores 
 
E
D
IT
O
R
IA
L
 
 
 
 
8 MESA 1 - FILOSOFIA PATRÍSTICA, MEDIEVAL E DA RELIGIÃO 1 
13 MESA 2 - FOUCAULT, DELEUZE 1 
19 MESA 3 – ÉTICA 
25 MESA 4 - FILOSOFIA POLÍTICA 
33 MESA 5 - FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA 1 
40 MESA 6 - ESTÉTICA 1 
48 MESA 7 - ESCOLA DE FRANKFURT 
53 MESA 8 - FILOSOFIA ANTIGA 
58 MESA 9 - FOUCAULT, DELEUZE 2 
63 MESA 10 - ALTERIDADE, PERSPECTIVISMO E ORIENTALISMO 1 
67 MESA 11 - KANT, HEGEL E IDEALISMO ALEMÃO 1 
72 MESA 12 - FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA 2 
77 MESA 13 - ESTÉTICA 2 
81 MESA 14 - FILOSOFIA DA CIÊNCIA 
86 MESA 15 – FENOMENOLOGIA 
90 MESA 16 - LÓGICA E ONTOLOGIA 
97 MESA 17 - ALTERIDADE, PERSPECTIVISMO E ORIENTALISMO 2 
101 MESA 18 - NIETZSCHE E SCHOPENHAUER 1 
105 MESA 19 - FILOSOFIA ANALÍTICA E LINGUAGEM 
110 MESA 20 - FILOSOFIA PATRÍSTICA, MEDIEVAL E DA RELIGIÃO 2 
114 MESA 21 – MARXISMO 
119 MESA 22 - FILOSOFIA E EDUCAÇÃO 
123 MESA 23 - ESTÉTICA 3 
129 MESA 24 - KANT, HEGEL E IDEALISMO ALEMÃO 2 
134 MESA 25 - NIETZSCHE E SCHOPENHAUER 2 
SU
M
Á
RI
O
 
 
X Encontro Nacional de Pesquisa em 
Filosofia da UFPR 
 
8 
MESA 1 - FILOSOFIA PATRÍSTICA, MEDIEVAL E DA RELIGIÃO 1 
 
 
ESTADO, SECULARIZAÇÃO E LIBERDADE RELIGIOSA: BREVES 
CONSIDERAÇÕES 
 
Guilherme França 
(Graduando pela UFPR) 
guilherme6280@gmail.com 
 
A presente pesquisa pretende analisar, principalmente sob a ótica 
de Habermas, o tema da secularização e sua possível contraposição 
à liberdade religiosa. Mostrando, ainda, os modos como o estado e 
seu povo reagem frente as mudanças advindas do contraste entre a 
religião e a laicidade das instituições públicas e privadas, essenciais 
à sociedade. 
 
 
AGOSTINHO E DOMINGO DE SOTO: SOBRE A DEFINIÇÃO 
DE SIGNOS 
 
Edy Klévia Fraga de Souza 
(Doutoranda pela PUCRS) 
difraga.filosofia@gmail.com 
 
No intuito de estabelecer a estrutura de sua Filosofia da Linguagem 
para justificar sua Teoria da Iluminação, Santo Agostinho define o 
signo em sua obra A Doutrina Cristã como algo que, além de 
produzir impressões para os nossos sentidos, faz com que nos 
venha ao pensamento outra ideia distinta. Essa definição de 
Agostinho, embora sofra algumas alterações ao longo do medievo, 
servirá de base para o surgimento de novas estruturas sígnicas, 
sobretudo no chamado século de Ouro Espanhol, também 
 
9 
conhecido como Segunda Escolástica. Esse trabalho pretende, 
portanto, trazer as principais definições de signos estabelecidos por 
dois autores da Segunda Estolástica: Domingo de Soto e João de São 
Tomás e como se deu a recepção da Filosofia da linguagem 
Agostiniana pelos autores da Segunda Escolástica acima citados. 
Além disso, pretende-se apresentar suas estruturas linguísticas, que 
foram fundamentais para toda a semiótica futura, bem como as 
classificações signicas propostas por esses autores, dando ênfase 
também às críticas direcionadas à Agostinho. 
 
 
O ASPECTO LINGUÍSTICO DA VERDADE NA FILOSOFIA DE 
TOMÁS DE AQUINO 
 
Paulo Marins Gomes 
(Mestrando pela UFPR) 
cadastrodopaulo@hotmail.com 
 
Tomás de Aquino aceita três formas diferentes, porém 
complementares, de definir a verdade. A definição que ele 
considera principal é a clássica fórmula do filósofo judeu Isaac 
Israeli: “a verdade é a adequação da coisa e do intelecto”. Outra 
forma baseia-se naquilo que fundamenta a verdade, ou seja, o 
próprio ser, e é exemplificada pela definição de Agostinho: “o 
verdadeiro é aquilo que é”. Por fim, outra forma de definir baseia-se 
no efeito consequente da verdade, a verdade da proposição, e é 
exemplificada pela definição de Hilário de Poitiers: “o verdadeiro é 
declarativo e manifestativo do ser”. Este trabalho pretende 
investigar a compreensão de Tomás de Aquino sobre este último 
aspecto da verdade. Primeiro será explorada a relação entre o 
pensamento, a linguagem e a realidade na filosofia de Tomás, para 
então identificar as condições para o julgamento da verdade do 
discurso. Para isso deverá ser levado em consideração que para ele 
 
10 
a função da linguagem é expressar a verdade, o que pressupõem 
um realismo metafísico e epistemológico. 
 
 
AS OBJEÇÕES DE AGOSTINHO À POSTURA CÉTICA 
ACADÊMICA NA SUA OBRA CONTRA OS ACADÊMICOS 
 
Clodoaldo da Luz 
(Mestrando pela UFPR) 
clodoaldoluz@outlook.com 
 
A historiografia filosófica é permeada por posicionamentos 
epistemológicos que asseveram que o conhecimento é inacessível 
ao homem. Dentre tais esses se tem a posturas cética acadêmica 
propugnada por Arcesilau e Carnêades. Tal postura asseverava a 
impossibilidade do conhecimento ao homem e a, consequente, 
suspensão plena do assentimento. Agostinho no intuito de 
contrapor a esse posicionamento epistemológico redige a obra 
Contra os Acadêmicos. Nesse sentido, a presente comunicação visa 
refletir as objeções de Agostinho à postura cética acadêmica. Com 
esse intuito será apresentada tal postura que Agostinho busca 
contrapor em sua obra. No segundo momento, será investigada as 
objeções que santo Agostinho estabelece para tentar refutar a 
postura cética acadêmica, nas quais ele buscará caracterizar a 
postura cética acadêmica como filosofia prática inviável, através de 
duas anedotas: os dois viajantes e o jovem adúltero; e reivindicar a 
possibilidade do conhecimento, iniciando pelo critério de verdade 
do estóico Zenão,o qual teria sido segundo santo Agostinho, a 
motivação da postura cética acadêmica; depois pela tripartição 
filosófica, física, ética e lógica; e da do tipo de conhecimento do 
mundo fenomenal e das coisas tais como aparecem à pessoa. 
Posteriormente a essa investigação, será analisado se tais objeções 
de santo Agostinho à postura cética acadêmica respondem ao 
 
11 
desafio cético desse posicionamento; e se, na proposta agostiniana 
de referendar a possibilidade do conhecimento, ocorre a gênese do 
cogito agostiniano. Sendo, destarte, possível rastrear a gênese do 
cogito nas objeções de santo Agostinho. A fim de investigar, 
também, sua importância para as suas objeções à postura cética 
acadêmica. 
 
 
O AMOR COMO SENTIMENTO NÃO RELIGIOSO EM LUDWIG 
FEUERBACH 
 
Gabriel Caetano Nogueira do Amarante 
(Graduando pela PUCPR) 
cegabriel6@gmail.com 
 
Ludwig Feuerbach (1804-1872) através de sua crítica a religião 
judaico-cristã, realiza uma espécie de antropologização da teologia, 
ponderando uma análise da imagem, e das qualidades pertencentes 
a Deus, com as características do homem. Segundo Feuerbach as 
qualidades humanas são postas em Deus, e, esse Deus é visto pelo 
homem como perfeito e absoluto. Logo o homem não passa a 
prezar pela sua espécie, e a teologia cristã não percebe que o ser 
por eles divinizado (Deus) é a própria essência do homem. As 
principais características pertencentes ao homem são: vontade, 
amor e razão. São estas três as qualidades absolutas do homem, e 
fundamentam sua existência. O amor passa a ter uma conotação 
especial, pois ele é o principal atributo de Deus. O caminho 
humanizante traçado por Feuerbach, nos remete ao processo da 
reencarnação de Cristo, diante do sofrimento que o mesmo 
enfrenta sendo crucificado na cruz. Entendido por Feuerbach como 
o ápice da sensibilidade, Cristo sendo crucificado, padecendo na 
cruz, demonstra sua sensibilidade que, é nos mostrada a partir do 
sofrimento. A religião cristã tem sua origem então neste ato 
 
12 
sensível, de amor, mas essa sensibilidade é pertencente ao homem, 
ela é uma característica absoluta da natureza humana. A 
contradição apontada por Feuerbach se dá na relação entre fé e 
amor, enquanto para ele a fé é excludente e limita o homem, o 
amor é flexível, sendo incompatível com a fé. Deve o homem, se 
voltar ao seu gênero por meio da relação Eu-Tu, onde o amor tem 
como objetivo o gênero humano. Por meio da sua essência, o 
homem tem como objeto seu gênero, a comunidade, e não Deus, 
sendo somente possível através da sensibilidade essa 
transformação, do indivíduo em comunidade. 
 
 
A RELAÇÃO DA SUPERSTIÇÃO E DA TEOLOGIA EM ESPINOZA 
 
Mariana Ribeiro Porcides 
(Especialista pela UFPR) 
 
Espinosa no Tratado Teológico-Político faz uma longa análise do 
conceito de superstição e sua função para o vulgo, como assim ele 
denomina as pessoas que se utilizam da superstição para suportar 
os afetos de esperança e medo, ou seja, suplicam qualquer conselho 
que possa ser dado, com o objetivo de possuir a segurança e a alma 
preenchida de vaidade e inflada de orgulho. O objetivo desse 
trabalho é investigar como a superstição investigar como a 
superstição forma uma sociabilidade de tal ordem, que nela a 
mitologia e a razão filosófica formam, juntos a teologia. 
 
 
 
 
13 
MESA 2 - FOUCAULT, DELEUZE 1 
 
 
FOUCAULT E O CINISMO COMO PRÁTICA ALETÚRGICA DA 
VERDADE 
 
Thiago Fortes Ribas 
(Pós-doutorando pela PUCSP) 
filosofiathiagoribas@gmail.com 
 
Em seu último curso proferido no Collège de France, Michel 
Foucault desenvolve uma análise do cinismo antigo focada naquilo 
que poderia ser entendido como uma atitude cínica. 
Diferentemente de uma análise de doutrinas ou textos, o que 
interessava a este pensador contemporâneo era identificar um 
modo antigo de exercer a filosofia na vida pública em que a verdade 
em questão dizia respeito muito mais a uma manifestação corajosa 
do que a uma teorização sobre a realidade. Agindo com a coragem 
da verdade o cínico era capaz de revelar as falsidades dos costumes. 
Tal forma de manifestação verdadeira receberá o nome de 
aleturgia, sendo o objetivo desta comunicação o esclarecimento 
desta noção na referência foucaultiana ao cinismo. 
 
 
A PARRESÍA CÍNICA COMO ALTERIDADE IMANENTE NO 
PENSAMENTO DE FOUCAULT 
 
Daniel Verginelli Galantin 
(Doutor pela UFPR) 
d.galantin@gmail.com 
 
Em nosso trabalho pretendemos mostrar como os últimos estudos 
de Foucault sobre o cinismo antigo não se restringem apenas ao 
 
14 
projeto, mais antigo, de elaborar uma história da verdade. O modo 
como o tema da manifestação da verdade na primeira pessoa, 
através da parresía, se organiza através da divisa de alterar o valor 
da moeda, faz com que encontremos uma noção de verdade 
marcada pela irrupção da diferença, e não pela adequação ou 
descoberta da identidade. Na medida em que Foucault destaca os 
temas do mundo outro e da vida outra, para diferenciar do outro 
mundo e da outra vida que, grosso modo, segue eixo do platonismo 
e do cristianismo, notamos que há um princípio de alteridade 
imanente no cinismo antigo. Defendemos que essa alteridade 
imanente deve ser pensada nos termos de alteração e que esta 
seria uma das características centras do pensamento crítico de 
Foucault. Isso faz com que haja, até certo ponto, uma apropriação 
do pensamento cínico por parte de Foucault, ou que, através do 
cinismo, Foucault pense também seu próprio pensamento. 
 
 
A SOCIEDADE DISCIPLINAR E AS INTITUIÇÕES EDUCATIVAS: 
UM ESTUDO A PARTIR DE VIGIAR E PUNIR 
 
Daniella Couto Lôbo 
(Doutoranda pela PUC/Goiás) 
coutolobo@gmail.com 
 
O presente trabalho se inscreve no interior de uma pesquisa, que 
traz como tema: A Sociedade Disciplinar e a Educação. Neste 
sentido, objetiva-se aqui sistematizar alguns entendimentos já 
evidenciados e relacionados à sociedade disciplinar. Em Vigiar e 
Punir (FOUCAULT, 2013) as instituições educativas, na perspectiva 
de Michel Foucault são consideradas uma maquinaria de ensinar 
que através do exame permitiu-se medir, comparar e classificar os 
conhecimentos adquiridos pelos alunos. Dessa forma, para a escola 
 
15 
“o exame está no centro dos processos que constituem o sujeito 
como efeito e objeto de poder, como efeito e objeto de saber” 
(FOUCAULT, 2013a, p. 183). Assim, a escola não quer apenas avaliar 
o conteúdo aprendido, “[...] não basta provar. O aprendiz moderno 
entra num processo contínuo nunca acabado de exame”. O saber, 
com a função de normalizar, retira do homem a oportunidade de 
ele viver as utopias. Atenta Foucault sobre “[...] as crescentes 
normatizações das sociedades contemporâneas, a partir dos 
saberes emergentes na virada do século XIX [...] (TERNES, 2007, p. 
62). Numa sociedade disciplinar retira-se a possibilidade de 
oposição, de diferença”. Deseja-se a docilização dos corpos e da 
alma, bem como a conformação dos sujeitos. Entende-se, a partir 
dos estudos de Foucault (2013) que o poder disciplinar assume na 
sociedade moderna o lugar de divulgador de discursos e saberes 
que tem contribuído para a perpetuação e permanência do estado 
de controle e vigilância. Na verdade, o que se vê corriqueiramente é 
a crescente perpetuação dos mecanismos de vigilância nas escolas, 
em sua maioria, por meio de aparelhos (câmeras de filmagem) que 
visam o controle dos alunos e professores. Ao observar este 
contexto, entende-se que essas instâncias objetivam docilizar, 
normalizar e adestrar os sujeitos, de modo a conformá-los ao atual 
sistema. 
 
 
DELEUZE E A BESTEIRA COMO PROBLEMA TRANSCENDENTAL 
 
Guilherme Abilhoa 
(Mestrando pela UFPR) 
guileab@hotmail.com 
 
O que é a besteira, ou como e em que condições a besteira é 
possível? Poderia ser a besteira considerada como um fato de 
causalidade externa, que de fora, forçaria o desvio a um 
 
16 
pensamento puro? Haveria entre a besteira e o erro uma fácil 
assimilação, seriam ambos o caso de um pensamento que não 
segue cuidadosa erigorosamente o caminho da retidão ou teria a 
besteira sua singularidade própria? Tais são algumas questões que 
apontam para um deslocamento da noção de transcendental 
kantiana, oferecido por Deleuze, entre outros momentos, no 
terceiro capitulo de Diferença e Repetição, intitulado A imagem do 
pensamento. Para Deleuze, é somente a partir de uma imagem 
dogmática do pensamento que se pode, de direito, assimilar a 
besteira ao erro. Entretanto, não bastaria para Deleuze se contentar 
em invocar certos fatos contra a imagem de direito do pensamento 
dogmático, seria preciso prosseguir a discussão no plano do direito, 
questionando a legitimidade da distribuição do empírico e do 
transcendental, tal como é operada pela imagem dogmática. Nesses 
termos, temos no problema da besteira, um momento importante 
para se pensar o sentido do deslocamento da problemática 
transcendental em Deleuze. Faz-se assim a pertinência de se traçar 
um itinerário que busque dar sentido ao problema da besteira, ao 
passo que tal itinerário possa levantar elementos para a 
compreensão de Deleuze como leitor de Kant. Em outras palavras, 
nessa investigação prende-se apresentar o problema, em Deleuze, 
da besteira enquanto objeto de uma questão propriamente 
transcendental, portanto como a besteira (e não o erro) é possível? 
 
 
 
 
17 
ARTE E AFETO NA RELAÇÃO DO TRABALHADOR SOCIAL COM 
A POPULAÇÃO 
 
Deby Caroline Eidam de Almeida 
(Graduanda pela PUCPR) 
debyeidam@gmail.com 
 
A presente pesquisa visa ampliar a compreensão do uso da arte 
como forma de vinculação com a população em situação de rua a 
partir da relação de afeto baseada na filosofia de Baruch de Spinoza, 
tendo por objetivo provocar a autonomia e promover os direitos da 
cidadania e direitos humanos. Também se propõe um comparativo 
das referências históricas dos modelos de instituições que atendem 
a população empobrecida e vulnerável, fazendo a crítica no sentido 
da ineficiência dos atuais serviços públicos prestados, devidamente 
apresentados pelos dados da recente pesquisa feita no município. O 
trabalho está relacionado ao uso abusivo de álcool e outras drogas e 
doença mental. Pretende-se colocar as atividades artísticas como 
formas inovadoras de abordagem dos profissionais do Serviço Social 
em redução de danos, através de pesquisa bibliográfica e 
experimental. Ao final, considera-se ter alcançado satisfatoriamente 
o propósito inicial, que consistia na realização de revisão 
bibliográfica e reflexão sobre a prática profissional à luz das 
demandas contemporâneas, por outro lado, faltam dados mais 
consistentes a respeito da realidade da população em situação de 
rua e da população usuária de álcool e outras drogas. Buscamos na 
filosofia possíveis bases conceituais para a prática profissional. 
Dessa perspectiva surge um interessante contraponto entre a 
prática profissional, pautada no distanciamento entre o técnico e o 
usuário e a perspectiva filosófica de que a relação só seria frutífera 
com afeto. Assim, concluímos que, a partir dos dados concretos da 
realidade vigente, as práticas profissionais têm falhado no 
estabelecimento de vínculos, o que abre espaço para a proposta de 
 
18 
práticas inovadoras, como a prática artística, que pode fortalecer os 
vínculos, considerando ainda a importância do afeto na realização 
humana. 
 
 
O SENTIDO DAS DUAS VERDADES EM NĀGĀRJUNA 
 
Mariana Cabral Tomzhinsky Scarpa 
(Pós-doutoranda pela UFSCAR) 
scarpa.m@hotmail.com 
 
Analisaremos em Nāgārjuna o que se considera como o coração da 
Mūla-madhyamaka-kārikā (Versos fundamentais do caminho do 
meio), as estrofes referentes ao exame do ser e não-ser, sobretudo 
no que diz respeito a uma realidade em si ou a uma verdade 
suprema, buscando compreender o sentido das duas verdades, a 
verdade convencional e a verdade suprema. A dupla dimensão da 
verdade é compreendida como sendo dois níveis epistemológicos, 
um primeiro nível em que se pressupõe a existência de uma 
natureza extrínseca, individualidades separadas, independentes do 
observador (o ser que aparece na dimensão da verdade 
convencional); e um segundo nível ou nível “último”, a que pertence 
a verdade suprema, a qual não pode ser apreendida e nem descrita 
pela convenção linguística e conceitual. Todo o trabalho de 
Nāgārjuna (nas estrofes – Kārikā – 8 e 9 do verso que examina o ser 
e o não-ser) tem por objetivo superar a verdade convencional, 
apreendida através dos raciocínios lógicos e rigorosos da filosofia, 
de modo a alcançar a verdade suprema. Apesar da verdade “última” 
ser não discursiva e não conceitual, ela deve ser alcançada a partir 
daquele raciocínio. Exploraremos nesta apresentação o sentido e a 
dinâmica das duas verdades, bem como examinaremos os supostos 
impasses que esta divisão acarreta. 
 
 
19 
MESA 3 – ÉTICA 
 
 
O CONCEITO DE EQUIDADE EM JOWN RAWLS 
 
Diego Lopes 
(Graduando pela UNICENTRO) 
 
Publicada e conceituada na obra Uma teoria da justiça de Rawls (A 
Theory of Justice), a justiça com equidade social proposta pelo 
Filosofo norte americano se apresenta como uma resposta de como 
organizar uma sociedade mais justa, de maneira que todos tenham 
de início, o acesso a direitos básicos garantidos de forma igual. 
Rawls provem da escola Liberalista-social, sendo tratado como um 
dos principais autores liberalistas do século XX, defendendo uma 
oposição principalmente a outra corrente ética de grande nome, o 
utilitarismo. 
 Buscando fundamentar a esfera de organização social no 
conceito de Justo, Rawls defende e se opõe a seus adversários que 
historicamente buscavam o Bem geral dos indivíduos como 
fundamentação. O intuito da pesquisa é o de explorar a forma como 
Rawls concebe o justo, bem como a forma que o mesmo busca 
trabalhar para chegar na ideia da sociedade mais justa. Para isto 
Rawls apresenta a ideia de justiça como Equidade, na qual o mesmo 
afirma que, é necessário conceber a justiça como base principal das 
relações sociais, prevendo também que, mesmo que haja um 
tratamento em forma de igualdade a todos, desigualdades sociais 
ainda serão presentes e para isto, as sociedades precisam 
estabelecer uma relação de equidade, onde estas desigualdades 
serão combatidas e resolvidas na esfera publica. È esta Equidade 
que busco desenvolver e aprofundar, visando a sua legitimação 
atualmente. 
 
 
20 
 
O PROBLEMA DA OPRESSÃO RELACIONADA À CULTURA DA 
FORÇA E A NECESSIDADE DE UMA ÉTICA ABERTA AO 
DIÁLOGO EM SIMONE WEIL 
 
Kleys Jesuvina dos Santos 
(Graduanda pela PUCPR) 
kleys.santos@gmail.com 
 
Contemporânea ao contexto correspondente às primeiras décadas 
do século XX, Simone Weil (1909-1943), filósofa francesa, 
ambicionou analisar o modo como se configurou o problema da 
opressão de sua época. Para isso, realizou um estudo que visou 
diagnosticar os pilares responsáveis por sustentar a condição 
subumana enfrentada por aqueles que se encontravam submetidos 
ao jugo daquilo que ela mesma denominou como cultura da força. 
Diante dessas considerações, é relevante esclarecer que mais do 
que identificar tais pilares – dentre os quais é possível destacar a 
ciência moderna, a igreja institucional, também moderna, o 
capitalismo e o socialismo – a filósofa realizou reflexões acerca de 
conceitos-chaves que podem ser interpretados como sustentáculos 
das condições de enfrentamento acerca de problemas que se 
fizeram e se fazem atuais. Isso porque, a partir das noções de 
Encarnação e Enraizamento, é possível perceber algumas 
contribuições da autora acerca de discussões éticas voltadas para a 
questão do diálogo intercultural e da necessidade de uma ética 
universalista que – diferente da visão defendida por um exlusivismo 
religioso opressor – preza pelo reconhecimento e respeito pela 
dignidade do outro. 
 
 
 
21 
A CIVILIDADE COMO FUNDAMENTO MORAL DA POLÍTICA: 
HUME LEITOR DE SHAFTESBURY 
 
Priscila Ricardo de Oliveira 
(Doutoranda pela UFPR) 
pririoli@hotmail.com 
 
Oferecer uma alternativarazoável ao combate das superstições 
religiosas, do fanatismo político e demais excessos causados pelas 
paixões violentas foi tarefa comum, senão central, a Shaftesbury e 
Hume. O remédio que ambos sugerem para tais males do corpo 
social difere menos em natureza do que em sua aplicação: 
enquanto para Shaftesbury a liberdade é conditio sine qua non para 
a correção das disposições melancólicas e excesso de zelo e 
gravidade que delas decorrem, para Hume esta seria antes 
resultado do fortalecimento e refinamento das instituições 
humanas sem as quais estaríamos relegados ao que o autor 
denomina como estado de “servidão abjeta”. Se há nuances quanto 
ao método, concordam quanto ao princípio: o cultivo de certo 
decoro é necessário para o exercício pleno das liberdades, sendo 
fomentado por uma educação pautada na ideia de um possível 
equilíbrio entre as diversas inclinações humanas. 
 O que Hume resgata do pensamento shaftesburiano – no 
tocante à educação dos afetos – e nos interessa para o presente 
debate é, justamente, aquilo que perfaz seu horizonte mais crítico: 
de um sentido de civilidade análogo a uma racionalidade sensível, 
capaz de se autorregular e que é refinado historicamente, para 
pensar o aporte natural de certas virtudes sociais. Contudo, ao 
pensar a virtude social que organiza, primordialmente, a sociedade 
política – a justiça – como uma virtude artificial, Hume estaria 
negando a passagem espontânea entre os resultados da boa 
educação das afecções, tal qual sugerida por Shaftesbury, para a 
boa formação dos governos, entendendo antes que no espaço dessa 
 
22 
passagem há alguma contingência. A convenção, então, faz-se 
necessária para regrar a insegurança resultante deste cenário, 
instaurar e comprometer os homens para com o bem público a 
despeito de seus interesses mais imediatos, e de suas liberdades 
pessoais “originárias”. Do delicado ajuste entre dois polos 
conflitantes, da autoridade e da liberdade, é que o senso de 
civilidade poderá ser apurado e reconhecido, ao longo da história, 
como verdadeiro fundamento moral da vida política, como outrora 
propunha Shaftesbury. 
 
 
O LEGISLADOR E OS SEUS HORIZONTES MORAIS – A 
CIRCUNSTÂNCIALIDADE DA QUESTÃO NO ÂMBITO DA 
OPINIÃO PÚBLICA 
 
Guilherme Rafael Ramos da Quinta 
(Graduando pela UFPR) 
 
A figura do Legislador ganha destaque no Contrato Social, a partir 
da existência, proporcionada pelo pacto, do corpo político. O 
Legislador, desse modo, não raro, é buscado apenas quando o 
assunto diz respeito ao momento, logo no início do livro II do 
Contrato Social, em que o povo não é capaz de deliberar acerca do 
seu próprio bem. Isso ocorre tendo em vista unicamente o Cap. VII 
do Livro II. Assim o nosso o primeiro ponto é demonstrar como esse 
capítulo (VII) precisa ser lido de modo conjunto aos capítulos que o 
seguem (VIII, X e XI, XII), e sob as lentes das circunstâncias, para 
uma compreensão mais completa e precisa da importância do ofício 
extraordinário. Tendo assim apresentado, e circunscrito, o papel do 
Legislador, no âmbito do Contrato, e situado a sua localização na 
história da união social, partiremos para os objetos sob os quais ele 
atua para cumprir com suas funções entrando, dessa maneira, no 
âmbito dos costumes e da opinião pública. Esse segundo aspecto se 
 
23 
faz necessário na medida em que nos possibilita enxergar o liame, e 
a sua força, entre o maior ofício da república e o cidadão. Com isso, 
veremos o projeto quase milagroso acontecendo. Para esse 
segundo momento, levaremos em conta os textos de intervenção 
rousseauísta, assim chamados pela tradição, para verificar a 
relevância e o vigor dos objetos de competência do Legislador no 
terreno social. Desse modo, o nosso projeto busca, então, verificar a 
maneira pela qual os objetos de alçada do Legislador, e o próprio 
Legislador, operam no cidadão, em um plano que julgamos moral, e 
assim, no âmbito social , e quais são as implicações desse horizonte. 
Com isso, mostraremos um Legislador, oposto a um pedagogo ardil 
e manipulador que sacrifica a liberdade para instituir a sociedade 
política , que atuando no âmbito civil, pelos costumes e pela 
opinião, dá ordenamento a vida social e transforma o homem do 
homem em cidadão. 
 
 
MAQUIAVEL ENTRE O INSTITUCIONALISMO E O ANTI-
INSTITUCIONALISMO 
 
Bruno Santos Alexandre 
(Doutorando pela USP) 
brunosalexandre@yahoo.com.br 
 
Trata-se, nesta comunicação, de contrapor duas matrizes de 
interpretação do republicanismo de Maquiavel: a institucional 
(notadamente Richard Bellamy) e a anti-institucional (notadamente 
Lefort e seus epígonos brasileiros). Enquanto a segunda matriz 
entende pela necessidade de uma sociedade republicana (de ações 
políticas) previamente à instauração das leis e instituições públicas 
(um complexo normativo), a primeira concebe o exato contrário. 
Nesse trabalho, o meu argumento é que justamente porquanto não 
há uma substância ou matéria republicana de maneira a unificar as 
 
24 
volições humanas, tudo que nos resta fazer é criar (e reformular) 
modos e formas republicanos: estes são as leis e instituições 
públicas, os procedimentos antes do que os eventos. Um ideal que 
me parece, enfim, compatível com certa matriz institucional bem 
como também mais fiel à letra dos escritos de Maquiavel. 
 
 
 
25 
MESA 4 - FILOSOFIA POLÍTICA 
 
 
O CONCEITO DE IDEOLOGIA EM SLAVOJ ŽIŽEK 
 
Allysson Alves Anhaia 
(Granduando pela PUCPR) 
zubualves@gmail.com 
 
O conceito de ideologia de Slavoj Žižek (1949 -) serve de base para 
sua crítica a contemporaneidade e como fundamento parar 
explicitar, segundo o autor, as principais causas e consequências da 
decadência ideológica que ele atribui a atualidade. Esse conceito 
evidencia como os indivíduos contemporâneos concebem o mundo 
que os cerca a partir do capital, da mídia de massa e do status quo, 
e com base nisso explica como se dão as complexas relações sociais 
da atualidade. Através do conceito de ideologia é possível a Žižek 
afirmar que as sociedades contemporâneas se fundamentam em 
um estado de fantasia social, que faz com que os indivíduos, apesar 
de terem consciência desse estado, não pretendam ou conseguam 
contraria-lo, opondo-se assim a teoria clássica da ideologia, que 
alega que os indivíduos fazem o que fazem por desconhecimento. 
Baseando-se na psicanálise lacaniana, o autor utiliza principalmente 
dos conceitos de inconsciente e de prazer, além da tríade simbólico, 
imaginário e real, para explicar como os indivíduos se comportam 
nesse estado de fantasia social e também o caráter de cinismo da 
ideologia, que faz com que os indivíduos atuem de maneira 
ideológica mesmo sem acreditar de fato em alguma ideologia. 
 
 
 
 
26 
RELAÇÃO ENTRE ESTADO SOCIAL E DEMOCRACIA 
 
Robson Francisco Da Costa 
(Mestrando pela UFPR) 
rfc.ctba@gmail.com 
 
Neste trabalho pretende-se apresentar a concepção de estado 
social e democracia de Alexis de Tocqueville prioritariamente na 
obra A Democracia na America, para tanto, centra-se na 
investigação sobre em que medida, segundo Tocqueville, o estado 
social de uma nação determina o surgimento de sua democracia. 
Em outros termos, dispomo-nos a indagar as características tidas 
como imprescindíveis para que o estado social americano, por 
exemplo, naquele contexto e naquela época, inaugurasse uma 
democracia efetiva. A partir da concepção de que a igualdade de 
condições é um pressuposto para o processo democrático, as 
seguintes questões podem ser levantadas com base em Tocqueville, 
um estado social capaz de gestar uma democracia já disporia em 
certa medida de uma base democrática? Se determinados aspectos 
sociais e normativos de um estado social podem definir a noção de 
democracia, na ausência desses aspectos, um estado “dito 
democrático” poderia, então, ser definido como não-democrático, a 
partir do pensamento tocquevilleano? 
Este trabalho é tema de pesquisa de mestrado na UFPR – 
Universidade Federal do Paraná e encontra-seembrionário quanto 
a sua execução, portanto apresentaremos o seu esboço de forma 
breve e não se tem pretensão de esgotar o assunto, muito menos 
tem condições de arquitetar por hora qualquer conclusão. 
 
 
 
27 
A CONDIÇÃO HUMANA: DAS CATEGORIAS A LIBERDADE NA 
PERSPECTIVA DE HANNAH ARENDT 
 
Ana Karine de Sousa Silva 
(Graduação pela UEPA) 
anakarine57@hotmail.com 
 
Quando tomamos como proposta analisar a sociedade é notória a 
existência da singularidade em relação às pessoas, e quanto ainda 
existem demandas que fazem parte do privado quando na verdade 
são públicas. As denominadas minorias. O quê apresenta-se como 
problemática neste contexto é como a sociedade contemporânea 
poderá trazer essas demandas para o público? Arendt defende a 
ideia que os homens são por natureza singulares/plural, é essas 
características são manifestadas na esfera pública. Sendo assim 
essas demandas que hoje são vistas como privadas só passaram a 
ser publicas, no momento que forem expostas no espaço público. 
Isto é, no campo da ação e por esse espaço ser por excelência o 
campo da manifestação do plural, do singular, é que faz desta o 
espaço da liberdade, por este motivo é fundamental a separação do 
público do privado. O homem sempre buscou compreender a sua 
condição de homem enquanto homem, “o ser no mundo”. Seguindo 
os passos de Arendt, para tal compreensão se faz necessário o 
entendimento dos principais conceitos da ideia de vida activa que 
estão presentes na obra “A Condição Humana”. Fazendo uma 
abordagem objetiva das três atividades que compõem a vida activa 
identifica-se que o Trabalho é a própria vida do homem no seu 
processo natural, é a atividade mais imediata vinculada à vida. Em 
contraposição à obra, pois nela o que é produzido não tem um fim 
imediato, essa produção pode até mesmo durar mais tempo do que 
a vida de quem o produziu, essas são atividades do privado. Por sua 
vez, a ação é a única atividade que exige do homem a presença de 
outros para que possa existir, logo compreende-se que a ação é a 
 
28 
relação entre homens. Isto é, a atividade da verdadeira política, que 
se concretiza através da ação e do discurso quando os homens são 
livres. 
 
 
BILDUNG, DEMOCRACIA E ESTETIZAÇÃO DA EXISTÊNCIA NA 
FILOSOFIA INGLESA DO SÉCULO XIX 
 
Gustavo Hessmann Dalaqua 
(Doutorando pela USP) 
gustavodalaqua@yahoo.com.br 
 
O objetivo da apresentação é perquirir a relação entre Bildung, 
democracia e estetização da existência na filosofia britânica do 
século XIX por meio de uma análise das obras Considerations on 
Representative Government (1861) de John Stuart Mill e Culture 
and Anarchy (1869) de Matthew Arnold. Embora tenham por vezes 
tomado posições contrárias perante alguns acontecimentos 
políticos da época, tanto Mill quanto Arnold postulavam a formação 
(Bildung) do caráter como elemento indispensável para a 
estabilidade do regime democrático. Seguindo a leitura de Stefan 
Collini, argumentaremos que a associação entre desenvolvimento 
do caráter e democracia foi uma característica marcante da teoria 
política vitoriana. Influenciados pelo romantismo alemão, sobretudo 
por Goethe e Wilhelm von Humboldt, Mill e Arnold acreditavam que 
o desenvolvimento do caráter compreendia uma dimensão estética. 
Para formar um caráter próprio, o indivíduo deveria modelar o seu 
Eu (self) como uma obra de arte. Semelhante processo era 
relevante para a democracia porque, ao estetizarem sua existência, 
os indivíduos fortaleceriam o pensamento crítico, capacidade que 
tanto Mill quanto Arnold reputavam de suma importância para a 
democracia. Ao conceber a existência em termos estéticos, o 
cidadão tenderia a regular sua conduta por meio do ideal da 
 
29 
originalidade e procuraria demarcar para si uma zona de relativa 
autonomia e independência perante a sociedade. A estetização da 
vida humana seria uma forma de resistência à estandardização e à 
massificação dos costumes presentes na sociedade industrial 
oitocentista que preservaria o pluralismo democrático. Para Mill, 
não menos do que para Arnold, a formação plena do Eu reclamava a 
manutenção de diferentes vias de desenvolvimento. Conforme se 
argumentará ao término da apresentação, a ênfase na importância 
da formação levou ambos os filósofos a repudiar o capitalismo 
industrial, uma vez que este gerava homogeneidade ao exigir que a 
maioria dos indivíduos devotasse sua vida unicamente ao comércio 
e ao lucro. 
 
 
A CONCEPÇÃO ARENDTIANA DE DIREITO A TER DIREITOS 
COMO COMPREENSÃO DE LIBERDADE E AÇÃO PARA A 
QUESTÃO DOS REFUGIADOS E APÁTRIDAS 
 
Renato de Souza Paulo 
(Graduando pela PUCPR) 
renatosouzapaulo@ yahoo.com.br 
 
Hannah Arendt, diante do cenário político de sua época, do 
fenômeno totalitário e da situação vivenciada pelos apátridas - 
povos minoritários e refugiados - crítica a ineficiência dos direitos 
humanos promulgada em 1789 e que atribuíam o direito ao homem 
como um direito inalienável, entretanto mostraram-se exequíveis. 
Segundo Arendt, a questão da perda dos direitos está atrelada a 
“perda de uma comunidade disposta e capaz de garantir os 
chamados Direitos do Homem sem perder sua qualidade essencial 
de homem”. Arendt enfatiza o fato de que tais direitos referiam-se a 
uma concepção de homem e de sua natureza enunciados no 
singular, como se tais direitos não dependessem da “pluralidade 
 
30 
humana” e por isso deveriam permanecer válidos mesmo que o 
homem fosse expulso de sua comunidade humana. 
Partindo do pressuposto de participação do homem na vida pública 
como forma de garantir seus direitos, a filósofa em voga colocará na 
ideia da liberdade o papel fundamental de sua teoria política, uma 
vez que, sem liberdade não existe política. Isto posto, a liberdade de 
ação reveste-se de uma relevância significativa em sua teoria. Esta 
relevância é demonstrada ao dizer que “sem ela [liberdade], a vida 
política como tal seria destituída de significado. Em palavras 
arendtianas, “A raison d’être da política é a liberdade, e seu domínio 
de experiência é a ação”. 
Em suma, sua concepção de política baseia-se na suposição de que 
o homem pode produzir igualdade através da organização, pois o 
seu agir se manifesta sobre o mundo comum mudando-o e 
construindo-o com seus iguais. As limitações da atividade humana 
que se igualam às limitações da igualdade do homem são lembradas 
devido a constituição de nossa natureza imutável que adentra a 
cena política como elemento alheio. 
 
 
O HOMEM E O OUTRO: A CRITICA DO NÃO-
RECONHECIMENTO DO SEXO FEMININO NA OBRA O 
SEGUNDO SEXO DE SIMONE DE BEAUVOIR 
 
Bruna Muzzo de Melo 
(Graduanda pela PUCPR) 
bru_muzzo@hotmail.com 
 
Tendo em vista a pergunta “de onde vem a submissão das 
mulheres? ”, buscar-se-á, neste trabalho, verificar através do 
primeiro volume da obra O segundo sexo de Simone de Beauvoir o 
processo de inferiorização do sexo feminino até o ponto culminante 
deste ser sempre Outro, e não um Sujeito. Existem inúmeras 
 
31 
implicações, segundo a filósofa, que impedem para a própria 
mulher este reconhecimento de si como um Sujeito propriamente 
dito. Desta forma, Beauvoir analisa através da dialética hegeliana do 
Senhor e do Escravo como se dá a formação da consciência no caso 
da divisão existente entre os sexos. Assim, para uma melhor 
compreensão destes conceitos e de que modo a autora os transfere 
para definir a submissão da mulher, será utilizado como apoio o 
quarto capitulo da Fenomenologia do espirito de Hegel. 
 
 
O CONCEITO DE PODER SEGUNDO HANNAH ARENDT: PARA 
ALÉM DO MODELO TRADICIONAL 
 
Ingrid Barros Pessoa 
(Graduanda pela UEAP) 
ingridd14pessoa@gmail.com 
 
Este trabalho tem como principal objetivo apresentar o caminho 
apontado por Hannah Arendt acerca do poder, analisando os 
fundamentos de sua proposta de um possível conceito de poder 
partindo da compreensão de sua concepção de poder tradicional, 
pois a autora propõe uma superação do que considera resquício do 
que foi historicamente aceitoao longo da história do ocidente. Para 
isso se faz necessário seguir os primeiros passos de Arendt rumo a 
sua proposta de um poder em ‘concerto’ que foi abordado pela 
autora em “A Condição Humana” e que posteriormente sistematiza 
na Obra “Sobre a violência”. A partir daí, tentar explicar o conceito 
de poder político em ‘concerto’ como sendo um fenômeno gerado 
em coletivo que tem relação direta com o espaço no qual os 
homens se reúnem. Objetivando especificamente compreender o 
que Arendt considera conceitos de poder tradicionais para poder 
sustentar que o poder entre os homens livres se efetiva através do 
discurso e da ação. Apresentar as características salientadas por ela 
 
32 
ao longo da história do ocidente. Em terceiro, e último, lugar, 
sistematizar os elementos apontados por Arendt como possibilidade 
para se pensar um novo conceito de poder que vise superar os 
concebidos pela tradição. 
 
 
 
33 
MESA 5 - FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA 1 
 
 
NOTAS SOBRE OS PRESSUPOSTOS LINGUÍSTICOS DA 
POLÍTICA EM GIORGIO AGAMBEN 
 
Benjamim Brum Neto 
(Doutorando pela UFPR) 
 
A presente investigação, apesar de mudar totalmente o enfoque, dá 
prosseguimento à pesquisa precedente realizada no mestrado 
intitulada Soberania e biopolítica em Giorgio Agamben. Nosso 
objetivo agora é o de analisar de que forma a reflexão de Agamben 
sobre a linguagem fornece um modelo de estrutura e de 
fundamento à investigação sobre a política na série Homo sacer. A 
pretensão de abordar a linguagem nos textos, por assim dizer, 
políticos de Agamben tem por objetivo justamente mostrar que as 
reflexões ali presentes são devedoras de uma preocupação maior 
com a linguagem em sua filosofia. A busca dessa confirmação nos 
textos que o filósofo define como uma “arqueologia da política” se 
justifica pelo fato de que o dispositivo da exceção (exceptio), e essa 
é desde já uma das nossas hipóteses, tem seu paradigma na 
estrutura pressuponente da linguagem. Isso faz com que a reflexão 
sobre a política - mas também sobre o direito e a ética - em 
Agamben tenham como estrutura e fundamento um paradigma 
linguístico. A linguagem também aparece como um fator 
determinante em O sacramento da linguagem, onde, no contexto 
de uma arqueologia do juramento, Agamben define a própria 
performatividade da linguagem como aquilo que, através da 
veridicção, torna possível as instituições humanas, como é o caso do 
direito. O modo arqueológico de consideração das nossas estruturas 
político-institucionais conecta-se, nesse sentido, diretamente às 
considerações sobre a linguagem. As ramificações em tantas 
 
34 
disciplinas presentes na série Homo sacer – da estética à ética, da 
metafísica à teologia, da política ao direito – encontrariam no 
questionamento de nossa experiência com a linguagem, assim, o 
seu lugar, o seu topos. 
 
 
O MONISMO INTEGRAL DE HANS JONAS COMO 
ALTERNATIVA À ONTOLOGIA DA MORTE 
 
Pedro Augusto Jaras Malta 
(Graduando pela PUC) 
 
Hans Jonas fez do fenômeno da vida um problema central de sua 
filosofia. O presente trabalho analisa as críticas do autor ao modo 
mecanicista como tal fenômeno foi interpretado pela ciência 
moderna, ela mesma derivada da visão dualista que aparece como 
umas das marcas centrais da história do Ocidente. Nesse sentido, ao 
propor uma reinterpretação da vida, Jonas encontrará na biologia e 
na fenomenologia a fundamentação teórica para elaboração de 
uma filosofia que reconheça no fenômeno da vida a sua unidade 
psicofísica. Ele propõe, então, uma ontologia da vida que resultaria 
em um monismo integral, tendo como foco central o problema da 
liberdade, na tentativa de superar as interpretações dualistas e pós-
dualistas. Trata-se, nesse sentido, de uma verdadeira “revolução 
ontológica”, cujos fundamentos são indispensáveis para a 
compreensão de seu projeto ético baseado na responsabilidade. 
 
 
 
 
35 
AS AMEAÇAS DO TRANSUMANISMO AO MODELO 
ANTROPOLÓGICO DE HANS JONAS 
 
Leonardo Nunes Camargo 
(Doutorando pela PUCPR) 
leonardonncamargo@gmail.com 
 
O presente trabalho tem o intuito de apresentar as propostas do 
transumanismo como uma corrente filosófica, apoiada na 
tecnologia e na ciência, que visa o melhoramento da condição 
humana e suas possíveis ameaças ao modelo antropológico 
proposto por Hans Jonas. Analisaremos num primeiro momento 
como Jonas desenvolve suas analises a respeito do ser humano, 
para isso, evidenciaremos o conceito de transanimalidade. De 
acordo com o autor, o homem é auge de uma escala crescente de 
desenvolvimento de capacidades e funções orgânicas, portanto, é o 
ser vivo com maior grau de liberdade e responsabilidade. Em um 
texto intitulado “Ferramenta, imagem e tumba: o transanimal no 
ser humano” de 1985, Jonas apresenta três artefatos fundamentais 
que caracterizam o conceito de transanimalidade, a saber: a 
ferramenta (representada pelo homo faber), a imagem 
(representada pelo homo pictor) e a tumba (representado pelo 
homo sapiens). A partir da análise desses três artefatos 
compreenderemos a proposta antropológica do autor. Num 
segundo momento, analisaremos algumas características do 
transumanismo que se apresenta como um movimento filosófico 
que afirma a possibilidade de melhorar fundamentalmente a 
condição humana graças à tecnologia e a ciência. Trata-se de 
acelerar possíveis alterações que a natureza se encarregaria de 
fazer ao longo de milhares de anos, uma reconfiguração em todo 
conceito ou ideia de ser humano que temos. Esses novos seres 
melhorados chamados de pós-humanos são seres evoluídos ou 
aperfeiçoados a partir dos seres humanos, entretanto, com 
 
36 
mudanças significativas tanto no aspecto físico como no psicológico. 
Nesse sentido, temos um movimento que ameaça aquilo que Jonas 
chamou de imagem de homem, isto é, a integridade do ser humano 
para as gerações futuras. Por isso, viemos a compreender a urgência 
de um princípio ético fundamentado no respeito, na prudência e na 
responsabilidade para frear os impulsos tecnológicos (no caso do 
transumanismo, principalmente as biotecnologias) e garantir uma 
imagem genuinamente autêntica do ser humano para as gerações 
futuras. 
 
 
DOS CORPOS À LUZ DA FILOSOFIA DE SIMONDON 
 
Tiago Rickli 
(Doutorando pela UFPR) 
tiago.rickli@gmail.com 
 
Inspirado em Spinoza, Deleuze dizia que muito se tagarela na 
filosofia a respeito do espírito, porém, nada se sabe daquilo que um 
corpo pode. Ora, o silêncio dos filósofos sobre a natureza corporal 
não deixa de ser sintomático, pois ele assinala, sob suas 
preferências espirituais, o abandono do corpo no impensado. 
Entretanto, apreender os corpos imediatamente em sua atividade, 
isto é, enquanto atividade de relação, é um problema que, longe de 
ser ignorado, mobiliza o pensamento de Simondon. Com efeito, 
quando o filósofo afirma haver entre os corpos, seja nas relações de 
seus elementos uns com os outros, seja naquelas de seu conjunto 
com a sua vizinhança, uma energia potencial que, suspensa em sua 
potencialidade real como na iminência de seu devir, não se atualiza 
sem modificar aqueles que a entretêm, é de sua capacidade 
constituinte de entreter relações tanto atuais quanto potenciais que 
Simondon apresenta os corpos em sua natureza. Nem recipiente de 
uma matéria inerte, nem em si ou recolhido no interior de si 
 
37 
mesmo, um corpo, na filosofia de Simondon, não é, à rigor, um puro 
e simples existente, pois ele se encontra, em todos os seus lados, 
numa radical condição de coexistência. É tendo em vista este 
conceito de corpo, ao mesmo tempo permeado e rodeado por uma 
atividade de relação tanto atual quanto potencial, que 
apresentaremos nossa comunicação. 
 
 
ESTADO E SOCIEDADE: CONSIDERAÇÕES SOBRE PODER E 
DIREITO A PARTIR DE CLAUDE LEFORT 
 
Luciana Rodrigues dos Santos 
(Doutoranda pela UFPR) 
luciana.rod.st@gmail.com 
 
Esta apresentação deverá tratar da posição de Claude Lefort acerca 
da significação política dos direitos humanos, ponto em que a 
natureza dopolítico e a idéia da coexistência humana estariam 
ligadas. A relação entre a natureza do político e a idéia de 
coexistência humana é dependente das condições históricas em que 
está inserida e à conseqüente sensibilidade para o político e para o 
direito, próprias a este contexto. 
A posição de Lefort acerca destes direitos não aponta para uma 
propriedade dos indivíduos por natureza, mas para o direito como 
produto da história. Logo, não se circunscrevem dentro de seus 
limites, dado que desde o começo, seus limites não se 
estabeleceram sem ambigüidade, pois a história não possui um 
sentido linear e previsível uma vez que é uma construção humana. A 
legitimidade filosófica dos direitos do homem não se estabelece em 
um domínio das essências concebido como uma ordem superior de 
positividade; pelo contrário, esta legitimação se realiza através de 
uma aventura histórica na qual há uma desencarnação, não 
somente do lugar do poder, mas também da figura do homem. 
 
38 
Sendo assim, torna-se necessário pensar a partir da relação 
estabelecida entre Estado e Sociedade, o caráter político conferido 
ao direito. O direito permeia todas as relações que os indivíduos 
mantêm com o mundo e consigo mesmos, mas, de acordo com o 
pensamento lefortiano, é necessário que haja instituições capazes 
de fazer respeitar tais direitos. Duas leituras centrais para a 
compreensão de tais conceitos em Lefort e serão abordadas são as 
leituras de Karl Marx e Maquiavel. Estas leituras deverão atestar 
que uma indeterminação de fundamento faz com que os direitos 
sejam mais questionáveis à medida que os atores sociais ou as 
vontades coletivas apresentem resistência, se mobilizem para 
conter os efeitos de algum direito nocivo já estabelecido ou 
busquem incorporar um novo direito. 
 
 
MERLEAU-PONTY E A PASSIVIDADE DIANTE DO ESTRANHO 
 
Renato dos Santos 
(Doutorando pela PUCPR) 
 
É a partir da leitura da “Quinta meditação” de Husserl, da obra 
Meditações cartesianas, que Merleau-Ponty irá distanciar-se do 
modo como a questão da alteridade é comumente compreendida 
na fenomenologia, isto é, a partir de dois sujeitos definidos pelas 
posses de si. Será com a noção de emparelhamento (Paarung), 
conceito retomado por Merleau-Ponty de Husserl, que torna 
possível pensar uma relação viva com o outro, de modo a superar a 
contradição da alteridade posta pelas filosofias da consciência, 
justamente pelo desvelamento de um terceiro. Embora o conceito 
de emparelhamento permita pensar como dois corpos encontram-
se interligados numa dimensão primitiva, isso não é suficiente para 
garantir a percepção do outro de fato, visto que tal realidade 
apenas possibilita a abertura para que o outro seja apreendido pelo 
 
39 
ego transcendental, ou seja, que uma mônada apenas se constitua 
através da apresentação de uma outra, dado que tudo o que existe 
somente é possível por meio da evidência do ego transcendental. 
Na verdade, o que está em questão, para Husserl, é o fato de como 
é possível existir no interior do ego transcendental um estranho, 
sendo ele, além disso, constituído pela consciência. Fato é que 
Husserl não leva a cabo este estranho que se manifesta na 
experiência do ego transcendental, pois, para isso, seria preciso 
abdicar da clarividência do cogito. Aprofundando a noção de 
estranho (outrem), revelado pela noção de emparelhamento, 
Merleau-Ponty afirmará que nossa participação se dá, 
primeiramente, por essa experiência de estranhamento de mim 
com o mundo e com meu semelhante. Diante do estranho, os 
papeis se invertem. A posição de protagonista que o eu achava ter, 
é descentrado por um olhar que não posso dizer de onde tenha 
surgido. Frente a esse estranho, o sujeito é sempre passivo, 
justamente porque ele escapa de uma apreensão frontal, da 
redução do cogito. Assim, Merleau-Ponty passa a pensar a 
intersubjetividade a partir do descentramento do eu e de meu 
semelhante diante desse estranho que não cessa de não se 
inscrever em nossa experiência. 
 
 
40 
MESA 6 - ESTÉTICA 1 
 
 
FELICIDADE INVOLUNTÁRIA: MEMÓRIA E MAGIA EM MARCEL 
PROUST 
 
Tarik Vivan Alexandre 
(Mestrando pela UFPR) 
tarikalexandre@gmail.com 
 
A presente comunicação pretende a partir dos textos de Marcel 
Proust (1871 – 1922) compreender a proposta da 
extratemporalidade proustiana como uma busca pela felicidade, 
abordado em O Tempo Redescoberto. Para este intento, 
investigamos este problema à luz da leitura de dois textos 
fundamentais: Walter Benjamin em A Imagem de Proust e Giorgio 
Agamben com Magia e Felicidade. A partir do processo da 
redescoberta proustiana com o advento da memória involuntária, a 
extratemporalidade se torna o instante pelo qual, fora do tempo, é 
possível o acontecimento da redescoberta como causador de uma 
felicidade. Entretanto, do que se trata esta felicidade? Em que 
medida esta se faz relevante para o pensamento de Proust e como 
esta felicidade se comunica com o pensamento dos autores acima 
citados? Considerando a felicidade como um fim do pensamento 
rememorante de Proust e esta redescoberta como criadora vemos o 
novo, portanto, como parte deste movimento. Estabelece-se desta 
forma uma ponte entre a felicidade e a magia, conceitos explorados 
por Benjamin, que possuem uma dimensão comunicante para com 
a proposta de Proust, auxiliando no esclarecimento na leitura do 
autor da Recherche uma vez que o estabelecimento de uma nova 
experiência narrativa propicia a formação de uma nova história. 
 
 
 
41 
ARTE E IMAGENS DO PENSAMENTO: A OBRA DE ARTE E SEUS 
MODOS DIFERENTES DE PENSAR EM WALTER BENJAMIN E 
GILLES DELEUZE 
 
Angélica Antonechen Colombo 
(Doutoranda pelo IFPR) 
angelica.colombo@ifpr.edu.br 
 
O movimento artístico conhecido como barroco é tratado por 
alguns teóricos da arte e historiadores como aquele que trouxe o 
espírito de uma nova era para criação artística. Movimento surgido 
no século XVII é conhecido por ter em seus elementos traços por 
vezes considerados grosseiros aos olhos da tradicional herança 
estética vinda do Renascimento. As obras de arte como as de 
Caravaggio, por exemplo, com seus jogos de luz e sombra 
(tenebrismo), e as esculturas de Bernini com suas imensas e 
infindáveis dobras, trazem em si fragmentos de verdades que 
quando agrupados levam ao apreciador uma atividade do 
pensamento (modo de pensar barroco) até então não 
experimentada. Filósofos como Walter Benjamin e Gilles Deleuze 
observaram no barroco a influência que alguns movimentos 
artísticos da modernidade buscaram para construir a sua trajetória, 
e também perceberam que a partir disso as obras de arte 
resgataram para si o caráter de transmitir aos seus apreciadores e 
espectadores imagens do pensamento que transgrediram o tempo e 
o espaço, sendo capazes de divulgar também outros tipos de 
percepção da realidade. Compreender o que são essas imagens do 
pensamento e como as obras de arte podem ser capazes de 
produzi-las é o que pretendem Walter Benjamin e Gilles Deleuze, 
cada um em seu momento, buscando no barroco a base dessa 
discussão. E o que intencionamos neste trabalho é investigar as 
similaridades entre estes dois autores a respeito do que são as 
imagens do pensamento. 
 
42 
WALTER BENJAMIN: SEMELHANÇAS NÃO SENSÍVEIS E A 
INFÂNCIA EM BERLIN 
 
Eduardo Antonio da Silva Lacerda 
(Graduando pela UFPR) 
edusilvalacerda@gmail.com 
 
A presente comunicação presente busca analisar passagens 
selecionadas do trabalho literário de Walter Benjamin da “Infância 
em Berlim por volta de 1900” à luz das ideias de sua produção 
ensaísta filosófica. 
Na sua tese de doutoramento (sobre o romantismo alemão), 
Benjamin expressa que a arte por si mesma expressa uma reflexão, 
não carecendo no mais das vezes de uma formulação conceitual. 
Mesmo com a evolução do pensamento benjaminiano, esta ideia 
parece permear sua obra. Nesse contexto, a “Infância em Berlim por 
volta de 1900” serve como maior exemplo desta espécie de valor 
cognitivo da obra de arte.A primeira noção expressa é a de mimese. A concepção de mimese 
benjaminiana não é relacionada com o ideal, mas é antes um 
processo de aprendizagem lúdico (e prazeroso) focado no 
reconhecimento e produção de semelhanças a partir da percepção 
do mundo sensível. 
Deslocando-se do campo do ideal e da cópia e representação, a 
mimese benjaminiana dá espaço a uma lógica das semelhanças não 
identitária, que tem uma identidade que inspira o objeto e sua 
expressão estética. Benjamin propõe a semelhança, uma lógica 
relacional, de correspondência entre a realidade concreta e a 
expressão individual. A semelhança aqui se diferencia da analogia, 
uma vez que a semelhança possui uma realidade objetiva além da 
subjetiva. 
Noutro ponto, as semelhanças não sensíveis tem duas dimensões: a 
primeira sendo relação dos objetos, enquanto a segunda diz 
 
43 
respeito às regras de reflexão existentes entre eles. São as 
semelhanças não sensíveis que dão unidade de sentido, enquanto o 
processo mimético nos permite evocar um sentido superior entre 
duas palavras diferentes de línguas também diferentes. Mas 
também são as semelhanças que deformam o mundo e dá ares 
míticos ao mundo infantil, os quais retornam à lembrança no 
infinito da reflexão rememorativa. É exatamente o processo que 
ocorre na Infância em Berlim, onde as lembranças não são 
necessariamente reais, mas altamente alegóricas de um ideias e 
movimentos ao mesmo tempo personalíssimos e universais. 
 
 
A FOTOGRAFIA EM WALTER BENJAMIN 
 
Betina Dal Molin Juglair 
(Graduanda pela UFPR) 
betinajuglair@gmail.com 
 
A fotografia, invento que remonta ao início do século XIX 
principalmente à Niépce e Daguerre, recebe de Walter Benjamin 
uma breve história de sua jovem trajetória e também considerações 
sobre o que essa técnica representava para a própria arte e a 
sociedade. Então, pode-se dividir as considerações do autor em dois 
eixos, que se inter-relacionam mas também mantêm certa 
autonomia: o da fotografia dentro de sua especificidade, seus 
movimentos internos no decorrer do século que separa sua 
invenção até a escrita de sua pequena história; e enquanto uma 
engrenagem num contexto mais amplo de novas possibilidades de 
reprodução de conteúdo em uma escala maior, numa sociedade 
capitalista. 
 No primeiro eixo, destaca-se o percurso interno da técnica 
fotográfica: em seus primórdios, mantinha vinculada sua produção a 
uma aura que permeia o objeto, preservando um certo caráter 
 
44 
mágico. O desprendimento desta aura se opera a partir de 
mudanças, como a ampliação de repertório, alteração de 
perspectiva acerca dos objetos e com o aprimoramento da própria 
técnica. É relevante também a distinção feita por Benjamin acerca 
da fotografia criativa daquela construtiva: não interessa ao autor 
pensar a fotografia enquanto arte, fruto de uma criatividade, mas 
reconhece sua potencialidade enquanto mecanismo que pode 
desvelar uma mensagem política e social, principalmente a partir de 
uma legenda – daí sua importância construtiva, pois, de outro 
modo, periga a fotografia transformar-se em fetiche. 
 No segundo eixo, destaca-se uma tensão entre a arte e a 
fotografia, já que a primeira recebe os efeitos decorrentes da 
reprodução mecânica trazida pela segunda, o que leva a uma 
transformação total de seu caráter: teria havido um desgarramento 
da arte de seu fundamento no culto, fazendo preponderar seu valor 
de exposição. Entretanto, Benjamin não trata da fotografia como 
algo inerentemente negativo, mas enquanto uma técnica da qual se 
pode fazer vários usos; nesse sentido, a ferramenta que permite o 
recorte da realidade pode ser manejada de modo a sustentar ou 
desmontar um discurso fascista, a depender de quem e como a 
opere. 
 
 
O AUTOMATISMO DA PRODUÇÃO ARTÍSTICA NO 
EXPRESSIONISMO ABSTRATO E NA POP ART 
 
Isabela Simões Bueno 
(Graduanda pela UFPR) 
isabelasimoesbueno@gmail.com 
 
O período pós-guerra presenciou a emergência de diversas 
vanguardas artísticas na Europa, as quais influenciaram de maneira 
intensa a arte americana. Nos Estados Unidos, destaca-se o 
 
45 
surgimento do expressionismo abstrato, movimento que mesclava 
características do expressionismo com o cubismo e o futurismo. 
Seus representantes, entre eles Jackson Pollock, buscavam retratar 
a esfera inconsciente do artista, e para isso utilizavam-se de formas 
não convencionais de pintura, como a action painting. 
Nesse processo, conforme descrito por Gombrich (2012, p. 604), 
“tornando-se impaciente com os métodos convencionais, [Pollock] 
colocou suas telas no chão e pingou, derramou ou projetou suas 
tintas de modo a formarem configurações surpreendentes”. 
Influenciado pelo surrealismo e pelas teorias de Freud e Jung, 
Pollock introduz a noção de “automatismo psíquico” em sua obra, 
de forma a inferir que a arte teria origem no inconsciente do artista. 
Anos mais tarde, a pop art chega aos Estados Unidos com uma 
concepção oposta àquela dos expressionistas abstratos. A técnica 
utilizada pelos artistas pop era influenciada pelos novos modos de 
produção industrial e pelo contexto de reprodutibilidade técnica no 
qual estavam inseridos. O método da serigrafia adotado por Andy 
Warhol, por exemplo, era próprio da indústria têxtil, e foi utilizado 
como forma de reproduzir em massa a imagem desejada. A 
repetição automática de uma mesma imagem trazia consigo uma 
atmosfera superficial mais ligada aos anúncios de propaganda do 
que à tradicional concepção de arte. 
Nesse sentido, qual seria a intenção do automatismo na pop art que 
difere daquela aplicada no expressionismo abstrato? Quais os 
resultados observados na obra de arte final que demonstram as 
características ressaltadas pelos artistas durante o processo de 
produção dito “automático”? O objetivo da presente comunicação 
é, portanto, traçar as diferenças concernentes à técnica no 
expressionismo abstrato e na pop art, abordando principalmente o 
automatismo presente de maneira distinta nos dois movimentos. 
 
 
 
 
46 
PAISAGEM SONORA II 
 
Isabelle Mesquita 
(Graduanda pela FAP) 
isamesquita@hotmail.com 
 
Os rios que eu encontro 
vão seguindo comigo. 
Os Rios, de João Cabral de Melo Neto. 
 
Esta proposta consiste na exibição de um videoarte intitulado 
Paisagem Sonora II, que revela paisagens sonoras ou 
""soundscapes"" capturados no Rio Uatumã, palavra indígena que 
significa boca grande, localizado no Município de São Sebastião do 
Uatumã – Amazonas. 
Sinopse: Um homem, numa canoa, rema no meio da floresta 
alagada de madrugada. Em alguns momentos, uma lanterna 
ilumina seu caminho à procura de uma passagem segura em meio a 
escuridão da floresta Amazônica. A lua o acompanha, refletida na 
superfície das águas. As imagens são quase nulas, porém o som 
ambiente constrói uma paisagem sonora. Assim como expresso por 
Didi-Huberman, creio que muitas vezes “[…] devemos fechar os 
olhos para ver quando o ato de ver nos remete, nos abre a um vazio 
que nos olha, nos concerne e, em certo sentido, nos constitui.” 
(DIDI-HUBERMAN, 1998, p. 31). 
 
Link de acesso ao vídeo: https://vimeo.com/174843921 Senha: 
uatumasonoro 
Paisagem Sonora II é vídeo digital, tem duração 5':21"", 2016. 
 
O trabalho faz parte de um desdobramento de uma pesquisa 
intitulada Rio Uatumã: Paisagem Sonora, fruto de um intercâmbio 
entre a Universidade Estadual do Paraná/FAP e a Universidade 
 
47 
Federal do Amazonas, realizada nos meses de setembro e outubro 
de 2015/2016. 
 
A pesquisa intitulada Rio Uatumã: paisagem sonora tem caráter 
etnográfico, parte de um exercício de escuta, onde os afluentes do 
rio são como ruídos da memória dos tempos em que vivi na 
Amazônia, bem como das memórias dos ribeirinhos, revela 
paisagens sonoras capturadas no rio Uatumã. Percorrendo os 
caminhos desse rio, o som constrói paisagens e como uma 
experiência sensorial, possibilita vários significados, que remetem a 
sensações guardadas na memória visível, invisível ou ainda no 
inconsciente. Nesse sentindo,utilizo o silêncio no início do vídeo 
pensando na experiência sonora. O artista John Cage sugere que o 
silêncio existe, mas não no entendimento de ausência de sons, mas 
como variações de silêncio. Os sons contidos no silêncio, acabam 
por se libertar dos códigos e das fórmulas, proporcionando novas 
experiências. 
 A paisagem sonora existe no ambiente, pode ser manipulada e 
modificada de acordo com as interferências no lugar, são possíveis 
trajetos encontrados em busca de um som entre os sentidos e se 
comportam como afluentes, que alimentam e formam a memória 
que tenho do Rio Uatumã. 
 
 
 
 
48 
MESA 7 - ESCOLA DE FRANKFURT 
 
 
A INDÚSTRIA CULTURAL ENQUANTO ENGENHARIA DO REAL 
 
Stefane Katrini Koop 
(Graduanda pela UNICENTRO ) 
stefanekoopk@gmail.com 
 
Theodor Ludwig Wiesengrund Adorno e Max Horkheimer fornecem 
uma reflexão acerca das problemáticas que permeiam a sociedade 
do século XX com base no fenômeno nocivo intitulado por eles de 
Indústria Cultural. Quando analisada, a esfera cotidiana pode ser 
vista corrompida pela alienação que esta Indústria causa, de modo 
que, partindo deste conceito, os autores abordam aspectos 
concernentes à vida humana, como a arte, a cultura e diversos 
outros instrumentos de esclarecimento. A obra Dialética do 
Esclarecimento escrita pelos autores apresenta uma crítica radical a 
sociedade contemporânea, sendo uma leitura filosófica do 
Iluminismo com base nas consequências extraídas desse período. 
Nota-se que a Indústria Cultural se faz presente atualmente, no 
século XXI, gerada pelo sistema ainda operante: o capitalismo. 
 
 
GAMEFICAÇÃO COMO LÓGICA DO TEMPO LIVRE: DE 
ADORNO À MARCUSE 
 
Felipe Serafim Vieira 
(Graduando pela UFPR) 
felipesfvieira@gmail.com 
 
No presente artigo serão colocados sob perspectiva aspectos 
responsáveis pela fabricação do nosso tempo, no período conhecido 
 
49 
como capitalismo tardio, sob o seu traço mais marcante (em chave 
de leitura marxista), qual seja, o seu modo de produção. Posterior a 
esse diagnóstico inicial será feita uma tentativa de desdobrar a 
questão de como a gestão do tempo foi alterada com a 
popularização dos jogos eletrônicos em escala global e, aliado a isso, 
como a lógica da gameficação desdobrou-se como regimentadora 
de atividades onde os videogames não estão necessariamente 
envolvidos. Deste modo as questões a serem respondidas serão: 
como tal modo de produção influência a maneira com a qual 
preenchemos o período fora do trabalho? Quais as consequências 
dessa influência quando revestida sob o signo da gameficação? 
 Será lançado um olhar, primeiramente, sobre o tratamento que 
Theodor Adorno concede à problemática do Tempo Livre, 
trabalhada em texto homônimo, que busca diferenciar 
dialeticamente o conteúdo desse tempo de outras atividades 
elencadas pelo autor e, por fim, como o conceito de Indústria 
Cultural é relevante no interior do tema; em seguida será vista 
como Herbert Marcuse, em sua obra Eros e Civilização, se vale de 
considerações à cerca do que ele chamará de “tempo de lazer” e 
quais suas aproximações e distanciamentos em relação ao seu 
colega frankfurtiano. 
 O desenvolvimento proposto se encaixa sob o seguinte 
argumento: enquanto o que se desenvolve durante o tempo de 
trabalho é uma produtividade alienada desprovida de prazer, resta 
ao tempo livre um prazer desprovido de produtividade. A novidade 
implicada pela gameficação é que agora se tem um prazer ativo com 
ilusão de produção. O tempo de trabalho, marcado pela exploração 
do indivíduo, que tem sua libido expropriada e vertida em força de 
trabalho, submete os indivíduos à uma falta de capacidade de 
percepção real sobre sua própria condição de explorado. Nesse 
sentido a gameficação seria um tipo de lógica gestada pelos moldes 
da indústria cultural na direção de encobrimento do sofrimento dos 
indivíduos, tendo em vista que estariam se entretendo ao mesmo 
 
50 
tempo em que praticam atividades que não são necessariamente 
ligadas ao ganho de prazer. 
 
 
TOTALIDADE E ANTAGONISMO: ADORNO, LEITOR DE 
NEUMANN 
 
Gabriel Kugnharski 
(Mestrando pela USP) 
gabrielkugnharski@hotmail.com 
 
O intuito desse trabalho é investigar a relação entre as noções de 
totalidade e antagonismo na obra tardia de Theodor W. Adorno, 
sobretudo na Dialética Negativa, de 1966. Pretendemos mostrar 
que a dialética negativa de Adorno opera com um conceito de 
totalidade que é inseparável de uma noção de antagonismo, tanto 
em termos lógicos quanto sociais, e que, consequentemente, o 
diagnóstico de tempo proposto por Adorno nas décadas de 1950 e 
1960 está ancorado em noções como as de “antagonismo”, 
“contradição” e “totalidade antagônica”, noções estas que afastam 
este diagnóstico daquele proposto por Friedrich Pollock em 1941 
em torno do conceito de “capitalismo de Estado”. Para Pollock, a 
transformação estrutural do capitalismo no século XX apontaria 
para um sistema estável e coeso, pois as contradições teriam sido 
atenuadas pelo planejamento central e as questões econômicas 
teriam sido substituídas por questões administrativas. 
Contrariamente ao diagnóstico de Pollock, Franz Neumann afirma 
em 1942 que os antagonismos do capitalismo não desaparecem 
após a transição para o chamado “capitalismo de Estado”, e que 
uma variante do capitalismo protegida de qualquer crise é 
inconcebível. De acordo com a maioria dos comentadores, tais 
como Helmut Dubiel e Albrecht Wellmer, entre estes dois 
diagnósticos, o de Pollock seria aquele que mais influenciou Adorno, 
 
51 
tanto na Dialética do esclarecimento (1947), escrita conjuntamente 
com Horkheimer, quanto em suas obras tardias da década de 1950 
e 1960. Pretendemos mostrar, contudo, que Adorno não aceita 
inteiramente o diagnóstico de Pollock de uma economia 
estabilizada e de uma dominação puramente política, e insiste na 
persistência da dominação por parte do processo econômico e de 
uma sociedade repleta de antagonismos, o que confirmaria em 
alguma medida a influência do diagnóstico de Neumann sobre o 
pensamento adorniano tardio. 
 
 
CONCEITO DE EXPERIÊNCIA: A CHAVE PARA UMA MELHOR 
COMPREENSÃO DAS TESES SOBRE O CONCEITO DE 
HISTÓRIA EM WALTER BENJAMIN 
 
Bárbara Kathleen Nascimento Canto 
(Mestranda pela UFPR) 
barbynascimento@gmail.com 
 
O conceito de experiência é um tema que perpassa toda a obra 
benjaminiana, é possível encontra-lo em textos que datam da 
década de 1920; porém ele só veio a ser realmente desenvolvido 
em um artigo no ano de 1933, para uma revista de Praga, Die Welt 
im Wort. 
O título, Experiência e Pobreza, já prenuncia do que se trata o 
artigo. Nele Benjamin relata a importância da experiência para o 
desenvolvimento das relações interpessoais, dizendo que é por 
meio do relato de experiências que conhecimentos se intercambiam 
e promovem o crescimento pessoal e comunitário de determinados 
lugares. Tal riqueza, porém, se vê ameaçada por fatores externos 
que dificultarão ou mesmo impossibilitarão que tal troca de 
conhecimentos possa continuar existindo. 
 
52 
Esse artigo é considerado sendo de um momento mais maduro de 
sua filosofia, e por isso ele sintetizaria de maneira bastante clara a 
função desse conceito no decorrer de sua obra. E foi por isso que 
nos propusemos uma leitura das Teses Sobre Conceito de História à 
luz desse conceito, pois entendemos que seja possível ter uma 
compreensão singular desta obra se sobre ela lançarmos este 
expediente; o que de certo, enriquecerá o debate a respeito deste 
tema. 
Todos os conceitos encontrados na obra deste filósofo estão em 
relação uns com os outros de modo que, dificilmente pode-se falar 
de um sem remeter-se a algum outro, sendo assim, trataremos de 
conceitos que se encontram muito alinhados no corpo de 
compreensão que propomos, e que nos auxiliarão no 
desenvolvimento do texto. São eles: Tradição e Narração. 
Faremos também uma breve contextualização da situação política 
no momento da redação das Teses e os motivos que levaramBenjamin a unir duas correntes de pensamento aparentemente 
inconciliáveis, Materialismo Histórico e Messianismo. 
 
 
 
 
53 
MESA 8 - FILOSOFIA ANTIGA 
 
 
O CRITÉRIO DOS OPOSTOS E A TRIPARTIÇÃO DA ALMA NO 
LIVRO IV DA REPÚBLICA DE PLATÃO 
 
Leonardo Iorio Cattaneo 
(Mestrando pela UFPR) 
leo_hmpr@hotmail.com 
 
O objetivo deste trabalho é tratar do princípio dos opostos e do 
modo como ele possibilita uma distinção entre os três elementos 
presentes na alma humana, segundo o Livro IV da República, nos 
passos 435a–445e. Em 435b–c, Sócrates e Gláuco constatam que a 
ação conjunta das virtudes da pólis de homens de bem, advindas 
das três classes de cidadãos (a moderação provém dos artesãos, a 
coragem dos guardiões e a sabedoria dos governantes), produz a 
justiça no estado, que se assemelha à justiça do indivíduo, e que, 
por isso, o homem também deve possuir essas mesmas virtudes. 
Para findar a discussão do Livro IV, resta, então, estudar qual é a 
procedência dessas virtudes na alma do homem, se elas são 
produzidas por três elementos distintos ou pela alma como um 
todo. Sócrates propõe um critério capaz de ajudar nessa 
investigação: o critério dos opostos. Após apresentar algumas 
provas desse critério, se buscará compreender, com base nele, de 
que modo a alma pode, ao mesmo tempo e com relação a um 
mesmo objeto, querê-lo e não desejá-lo, almejá-lo e rejeitá-lo, isto 
é, como é possível que ela realize ou sofra coisas contrárias, ao 
mesmo tempo e com relação a mesma coisa. A resposta a essa 
questão é que a alma realiza tais coisas por meio de três diferentes 
elementos ou naturezas: o elemento desiderativo ou concupiscente, 
o irascível e o racional. A explicação de Sócrates sobre o que é cada 
uma dessas naturezas e qual é o modo pelo qual elas agem, não só 
 
54 
irá dirimir as dúvidas sobre como a alma é capaz de produzir ou 
sofrer coisas contrárias ao mesmo tempo e com relação ao mesmo 
objeto, como também esclarecerá o que é a justiça e a injustiça na 
alma, assim como elucidará o modo pelo qual elas vêm a ser. A 
justiça consistirá, então, em uma harmonia entre os três elementos 
da alma, na qual cada uma das naturezas exercerá sua virtude 
própria. Já a injustiça será o resultado de um desarranjo dessa 
harmonia, isto é, quando cada uma das partes da alma deixa de 
realizar a tarefa que lhe diz respeito. 
 
 
SOBRE A LEITURA DE BARBARA CASSIN DO TRATADO 
ANÔNIMO "DE MELISSO, XENÓFANES E GÓRGIAS" 
 
Arion Keller 
(Graduando pela PUCPR) 
arionkeller@hotmail.com 
 
A presente comunicação tem como tema principal a investigação 
acerca de uma possível cadeia conceitual existente entre a proposta 
ontológica no ""Poema"" de Parmênides, até sua total subversão 
com o ""Tratado do não-ser"" de Górgias. Para essa investigação, 
serão trabalhados alguns fragmentos da obra ""Se Parmênides"" 
(1980) de Barbara Cassin na qual é realizada a análise de um tratado 
anônimo denominado ""De Melisso, Xenófanes e Górgias"". Para 
tal, em primeiro lugar será abordada a principal tese de Parmênides, 
que consiste nos três princípios fundamentais do ente 
parmenidiano: identidade, não-contradição e terceiro excluído. Em 
seguida, acompanhando a leitura de Cassin, o foco é voltado para os 
conceitos fundamentais de Melisso e Xenófanes que cometem um 
""parricídio"" involuntário e possibilitam o ""nascimento"" do 
discurso sofístico de Górgias. Melisso, ao tentar aprimorar a tese de 
Parmênides, acrescenta a noção de ""algo"" à teoria do ente 
 
55 
parmenidiano, gerando algumas complicações lógicas. Xenófanes, 
ao tentar fazer um trabalho parecido, acrescenta a noção de um 
""Deus"" neutro, e não diferente da tese de Melisso, também 
causas alguns conflitos lógicos internos. Por fim, o foco se volta 
então a Górgias, que ao utilizar de uma ""técnica de ponta"" - a 
sofística - entendida como condição inerente à linguagem, percebe 
as pequenas minúcias e falhas nos dois teóricos anteriores, e 
implode a teoria de Parmênides com suas teses do não-ser. 
 
 
O ALCANCE DA DEMONSTRAÇÃO ELÊNTICA DO PRINCÍPIO 
DE NÃO-CONTRADIÇÃO 
 
Rafael José da Silva 
(Graduando pela UFSCar) 
rafael-j.s@hotmail.com 
 
A argumentação elêntica do Princípio de Não-Contradição (PNC) 
visa demonstrar a impossibilidade do objetor transgredir em 
palavra, isto é, no plano discursivo, o princípio que se constitui 
como axioma da ciência que investiga o ser enquanto ser. Desse 
modo, o âmbito semântico no qual se desenvolve a demonstração 
indireta, segundo alguns intérpretes, permite tão somente 
considerar que Aristóteles prova a validade do PNC como condição 
de possibilidade do discurso, não apontando nada concernente à 
realidade. Contrariamente a isso, pretendemos defender que o 
argumento por refutação não apenas impõe o PNC como condição 
da significação, mas também que há uma harmonia entre sentido 
do discurso e a coerência do mundo. 
 
 
 
56 
A ALEGORIA DA CAVERNA SOB O PONTO DE VISTA DO 
CONHECIMENTO 
 
Tiago Zúchi 
(Mestrando pela UFPR) 
tiagozuchi@yahoo.com.br 
 
A comunicação fará uma abordagem da Alegoria da Caverna em A 
República de Platão sob o de vista do conhecimento. 
Costumeiramente, tal Alegoria é interpretada sob o crivo da 
Educação ou da Política. Todavia, a Comunicação que me proponho 
levará em conta a Teoria do Conhecimento (ou Gnosiologia) que a 
perpassa, considerando a mais cara das teorias de Platão: a Teoria 
das Ideias. Seguindo este intento, evidenciar-se-á que a Alegoria da 
Caverna trata da passagem do Mundo das Sombras ao Mundo das 
Ideias (ou Formas) como sendo o verdadeiro caminho ao 
conhecimento. Assim, o percurso que ocorre do interior da caverna 
para fora dela, releva consigo as várias etapas do conhecimento. 
Isto ocorre pelo fato de que ela admite a Teoria da Ideias, cuja 
centralidade se encontra na pressuposição dos dois mundos 
platônicos: o Mundo Sensível e o Mundo Inteligível. O Sensível é 
representado pela caverna, enquanto que o Inteligível, pela sua 
exterioridade. Os dois locais ontológicos representam o reino da 
opinião (dóxa) e o da ciência (epistéme), respectivamente. Neste 
sentido, a caverna é o local em que, condicionados pelo lusco-fusco 
dela, acredita-se que as sombras são a única e verdadeira realidade. 
Todos os aspectos contidos na Alegoria exercem, cada um a seu 
modo, correlação à onto-gnosiologia platônica. Sob este ponto de 
vista, será defendida a dialética como sendo o único caminho capaz 
de levar ao conhecimento; vislumbrando-se, por conseguinte, uma 
correspondência entre libertação e dialética. Deste modo, a 
Alegoria apresenta a dialética como sendo um movimento 
ascendente no que se refere à libertação do nosso olhar da cegueira 
 
57 
à luz e descendente no que concerne ao retorno à caverna. Em 
termos gerais, será visto que a Alegoria da Caverna, comportando 
tanto o Mundo Sensível quanto o Mundo Inteligível em uma típica 
explicação platônica facilitada da Teoria das Ideias aos atenienses 
de sabedoria camponesa. 
 
 
 
 
58 
MESA 9 - FOUCAULT, DELEUZE 2 
 
 
BREVES CONSIDERAÇÕES ACERCA DA OBRA DE 1985 DE 
ERNESTO LACLAU E CHANTAL MOUFFE 
 
Camila Batista 
(Mestranda pela PUCPR) 
 
O objetivo deste trabalho é apresentar alguns conceitos 
relacionados à obra Hegemonia e Estratégia Socialista (2015), 
publicada por Ernesto Laclau (1935-2014) em parceria com Chantal 
Mouffe em 1985. O texto pontua a importância dos acontecimentos 
políticos que marcam a possibilidade emancipatória insurgente, 
através da expansão da conflitividade; essa insurgência se deve a 
um excesso de social, algo que é exterior ao processo o que era 
pensado como uma estrutura “racional e organizada da sociedade”. 
Tal concepção é retirada de uma análise da forma “clássica” da 
esquerda proveniente da herança marxista, a qual não é condizente 
com essas ações sociais, ao menos não no que diz respeito ao 
processo como tal esquerda supôs ser o meio através do qual o 
proletariado – agente único de mudança histórica – encontraria

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