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Resumos c a d e r n o s p e tf il o s o fi a X Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFPR 2017 Edição Especial n° 03 cadernospetfilosofia X Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFPR 2017 Edição Especial n° 03 cadernospetf i losofia é uma pub l i c ação do Depar t amento d e F i lo so f ia d a Un iver s id ade Fed er a l d o Par aná edi to res Caroline Feltz Pajewsky, Eduardo Antonio da Silva Lacerda, Guilherme Rafael Ramos da Quinta, Isabela Simões Bueno, Jaqueline Silva Custódio, Lucas Batista Axt, Philipe Hugo Fransozi, Tiago de Almeida Zarowny, Betina Dal Molin Juglair, Cleópatra Steffane Melisinas Citron, Everton Carvalho de Souza, Juliane Gonçalves Conceição Roberto, Gabriel H. Lazof Mota, Jussara Petranski, Matheus Vitorino da Silva grupo pe t Maria Adriana Camargo Cappello, Walter Romero Menon Junior, Caroline Feltz Pajewsky, Eduardo Antonio da Silva Lacerda, Guilherme Rafael Ramos da Quinta, Isabela Simões Bueno, Jaqueline Silva Custódio, Lucas Batista Axt, Philipe Hugo Fransozi, Tiago de Almeida Zarowny, Betina Dal Molin Juglair, Cleópatra Steffane Melisinas Citron, Everton Carvalho de Souza, Juliane Gonçalves Conceição Roberto, Gabriel H. Lazof Mota, Jussara Petranski, Matheus Vitorino da Silva Rei tor Ricardo Marcel o Fonseca Vice-Re i tor Grac ie la Bolzón de Muniz Pró-Re i tor de Graduação Eduardo Sal les de Ol ivei ra Barra Dire tor do Se tor de CHLA Lígia Negr i Chefe do Departamento de Filosofia Alexandre Noronha Machado Coord. do Curso de Graduação em Filosofia Leandro Neves Cardim Depar t amento F i lo so f i a UFPR Rua Doutor Fa ivr e 405 6° and ar 80060 -150 Cur i t i ba Bras i l / Te le fone [41 ] 3360 -5098 cad ernospet@g mai l . com / pet f i l osof i aufpr .word pres s . com ISSN 1517-5529 Os cadernospetfilosofia são uma publicação do PET (Programa de Educação Tutorial) do curso de Filosofia da UFPR (Universidade Federal do Paraná), dedicado à divulgação da pesquisa realizada por estudantes de graduação e pós-graduação em Filosofia. Trata-se, assim, de uma revista de estudantes, editada por estudantes (sob a supervisão de professores-tutores) e endereçada a estudantes de filosofia, visando oferecer-lhe um certo modelo e padrão de pesquisa desenvolvida por seus pares no Brasil. Esta é uma edição especial dos cadernospetfilosofia dedicada aos trabalhos que serão apresentados no X Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFPR, realizado entre os dias 16 a 20 de outubro de 2017. Esta edição apresente os resumos dos trabalhos. Os Editores E D IT O R IA L 8 MESA 1 - FILOSOFIA PATRÍSTICA, MEDIEVAL E DA RELIGIÃO 1 13 MESA 2 - FOUCAULT, DELEUZE 1 19 MESA 3 – ÉTICA 25 MESA 4 - FILOSOFIA POLÍTICA 33 MESA 5 - FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA 1 40 MESA 6 - ESTÉTICA 1 48 MESA 7 - ESCOLA DE FRANKFURT 53 MESA 8 - FILOSOFIA ANTIGA 58 MESA 9 - FOUCAULT, DELEUZE 2 63 MESA 10 - ALTERIDADE, PERSPECTIVISMO E ORIENTALISMO 1 67 MESA 11 - KANT, HEGEL E IDEALISMO ALEMÃO 1 72 MESA 12 - FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA 2 77 MESA 13 - ESTÉTICA 2 81 MESA 14 - FILOSOFIA DA CIÊNCIA 86 MESA 15 – FENOMENOLOGIA 90 MESA 16 - LÓGICA E ONTOLOGIA 97 MESA 17 - ALTERIDADE, PERSPECTIVISMO E ORIENTALISMO 2 101 MESA 18 - NIETZSCHE E SCHOPENHAUER 1 105 MESA 19 - FILOSOFIA ANALÍTICA E LINGUAGEM 110 MESA 20 - FILOSOFIA PATRÍSTICA, MEDIEVAL E DA RELIGIÃO 2 114 MESA 21 – MARXISMO 119 MESA 22 - FILOSOFIA E EDUCAÇÃO 123 MESA 23 - ESTÉTICA 3 129 MESA 24 - KANT, HEGEL E IDEALISMO ALEMÃO 2 134 MESA 25 - NIETZSCHE E SCHOPENHAUER 2 SU M Á RI O X Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFPR 8 MESA 1 - FILOSOFIA PATRÍSTICA, MEDIEVAL E DA RELIGIÃO 1 ESTADO, SECULARIZAÇÃO E LIBERDADE RELIGIOSA: BREVES CONSIDERAÇÕES Guilherme França (Graduando pela UFPR) guilherme6280@gmail.com A presente pesquisa pretende analisar, principalmente sob a ótica de Habermas, o tema da secularização e sua possível contraposição à liberdade religiosa. Mostrando, ainda, os modos como o estado e seu povo reagem frente as mudanças advindas do contraste entre a religião e a laicidade das instituições públicas e privadas, essenciais à sociedade. AGOSTINHO E DOMINGO DE SOTO: SOBRE A DEFINIÇÃO DE SIGNOS Edy Klévia Fraga de Souza (Doutoranda pela PUCRS) difraga.filosofia@gmail.com No intuito de estabelecer a estrutura de sua Filosofia da Linguagem para justificar sua Teoria da Iluminação, Santo Agostinho define o signo em sua obra A Doutrina Cristã como algo que, além de produzir impressões para os nossos sentidos, faz com que nos venha ao pensamento outra ideia distinta. Essa definição de Agostinho, embora sofra algumas alterações ao longo do medievo, servirá de base para o surgimento de novas estruturas sígnicas, sobretudo no chamado século de Ouro Espanhol, também 9 conhecido como Segunda Escolástica. Esse trabalho pretende, portanto, trazer as principais definições de signos estabelecidos por dois autores da Segunda Estolástica: Domingo de Soto e João de São Tomás e como se deu a recepção da Filosofia da linguagem Agostiniana pelos autores da Segunda Escolástica acima citados. Além disso, pretende-se apresentar suas estruturas linguísticas, que foram fundamentais para toda a semiótica futura, bem como as classificações signicas propostas por esses autores, dando ênfase também às críticas direcionadas à Agostinho. O ASPECTO LINGUÍSTICO DA VERDADE NA FILOSOFIA DE TOMÁS DE AQUINO Paulo Marins Gomes (Mestrando pela UFPR) cadastrodopaulo@hotmail.com Tomás de Aquino aceita três formas diferentes, porém complementares, de definir a verdade. A definição que ele considera principal é a clássica fórmula do filósofo judeu Isaac Israeli: “a verdade é a adequação da coisa e do intelecto”. Outra forma baseia-se naquilo que fundamenta a verdade, ou seja, o próprio ser, e é exemplificada pela definição de Agostinho: “o verdadeiro é aquilo que é”. Por fim, outra forma de definir baseia-se no efeito consequente da verdade, a verdade da proposição, e é exemplificada pela definição de Hilário de Poitiers: “o verdadeiro é declarativo e manifestativo do ser”. Este trabalho pretende investigar a compreensão de Tomás de Aquino sobre este último aspecto da verdade. Primeiro será explorada a relação entre o pensamento, a linguagem e a realidade na filosofia de Tomás, para então identificar as condições para o julgamento da verdade do discurso. Para isso deverá ser levado em consideração que para ele 10 a função da linguagem é expressar a verdade, o que pressupõem um realismo metafísico e epistemológico. AS OBJEÇÕES DE AGOSTINHO À POSTURA CÉTICA ACADÊMICA NA SUA OBRA CONTRA OS ACADÊMICOS Clodoaldo da Luz (Mestrando pela UFPR) clodoaldoluz@outlook.com A historiografia filosófica é permeada por posicionamentos epistemológicos que asseveram que o conhecimento é inacessível ao homem. Dentre tais esses se tem a posturas cética acadêmica propugnada por Arcesilau e Carnêades. Tal postura asseverava a impossibilidade do conhecimento ao homem e a, consequente, suspensão plena do assentimento. Agostinho no intuito de contrapor a esse posicionamento epistemológico redige a obra Contra os Acadêmicos. Nesse sentido, a presente comunicação visa refletir as objeções de Agostinho à postura cética acadêmica. Com esse intuito será apresentada tal postura que Agostinho busca contrapor em sua obra. No segundo momento, será investigada as objeções que santo Agostinho estabelece para tentar refutar a postura cética acadêmica, nas quais ele buscará caracterizar a postura cética acadêmica como filosofia prática inviável, através de duas anedotas: os dois viajantes e o jovem adúltero; e reivindicar a possibilidade do conhecimento, iniciando pelo critério de verdade do estóico Zenão,o qual teria sido segundo santo Agostinho, a motivação da postura cética acadêmica; depois pela tripartição filosófica, física, ética e lógica; e da do tipo de conhecimento do mundo fenomenal e das coisas tais como aparecem à pessoa. Posteriormente a essa investigação, será analisado se tais objeções de santo Agostinho à postura cética acadêmica respondem ao 11 desafio cético desse posicionamento; e se, na proposta agostiniana de referendar a possibilidade do conhecimento, ocorre a gênese do cogito agostiniano. Sendo, destarte, possível rastrear a gênese do cogito nas objeções de santo Agostinho. A fim de investigar, também, sua importância para as suas objeções à postura cética acadêmica. O AMOR COMO SENTIMENTO NÃO RELIGIOSO EM LUDWIG FEUERBACH Gabriel Caetano Nogueira do Amarante (Graduando pela PUCPR) cegabriel6@gmail.com Ludwig Feuerbach (1804-1872) através de sua crítica a religião judaico-cristã, realiza uma espécie de antropologização da teologia, ponderando uma análise da imagem, e das qualidades pertencentes a Deus, com as características do homem. Segundo Feuerbach as qualidades humanas são postas em Deus, e, esse Deus é visto pelo homem como perfeito e absoluto. Logo o homem não passa a prezar pela sua espécie, e a teologia cristã não percebe que o ser por eles divinizado (Deus) é a própria essência do homem. As principais características pertencentes ao homem são: vontade, amor e razão. São estas três as qualidades absolutas do homem, e fundamentam sua existência. O amor passa a ter uma conotação especial, pois ele é o principal atributo de Deus. O caminho humanizante traçado por Feuerbach, nos remete ao processo da reencarnação de Cristo, diante do sofrimento que o mesmo enfrenta sendo crucificado na cruz. Entendido por Feuerbach como o ápice da sensibilidade, Cristo sendo crucificado, padecendo na cruz, demonstra sua sensibilidade que, é nos mostrada a partir do sofrimento. A religião cristã tem sua origem então neste ato 12 sensível, de amor, mas essa sensibilidade é pertencente ao homem, ela é uma característica absoluta da natureza humana. A contradição apontada por Feuerbach se dá na relação entre fé e amor, enquanto para ele a fé é excludente e limita o homem, o amor é flexível, sendo incompatível com a fé. Deve o homem, se voltar ao seu gênero por meio da relação Eu-Tu, onde o amor tem como objetivo o gênero humano. Por meio da sua essência, o homem tem como objeto seu gênero, a comunidade, e não Deus, sendo somente possível através da sensibilidade essa transformação, do indivíduo em comunidade. A RELAÇÃO DA SUPERSTIÇÃO E DA TEOLOGIA EM ESPINOZA Mariana Ribeiro Porcides (Especialista pela UFPR) Espinosa no Tratado Teológico-Político faz uma longa análise do conceito de superstição e sua função para o vulgo, como assim ele denomina as pessoas que se utilizam da superstição para suportar os afetos de esperança e medo, ou seja, suplicam qualquer conselho que possa ser dado, com o objetivo de possuir a segurança e a alma preenchida de vaidade e inflada de orgulho. O objetivo desse trabalho é investigar como a superstição investigar como a superstição forma uma sociabilidade de tal ordem, que nela a mitologia e a razão filosófica formam, juntos a teologia. 13 MESA 2 - FOUCAULT, DELEUZE 1 FOUCAULT E O CINISMO COMO PRÁTICA ALETÚRGICA DA VERDADE Thiago Fortes Ribas (Pós-doutorando pela PUCSP) filosofiathiagoribas@gmail.com Em seu último curso proferido no Collège de France, Michel Foucault desenvolve uma análise do cinismo antigo focada naquilo que poderia ser entendido como uma atitude cínica. Diferentemente de uma análise de doutrinas ou textos, o que interessava a este pensador contemporâneo era identificar um modo antigo de exercer a filosofia na vida pública em que a verdade em questão dizia respeito muito mais a uma manifestação corajosa do que a uma teorização sobre a realidade. Agindo com a coragem da verdade o cínico era capaz de revelar as falsidades dos costumes. Tal forma de manifestação verdadeira receberá o nome de aleturgia, sendo o objetivo desta comunicação o esclarecimento desta noção na referência foucaultiana ao cinismo. A PARRESÍA CÍNICA COMO ALTERIDADE IMANENTE NO PENSAMENTO DE FOUCAULT Daniel Verginelli Galantin (Doutor pela UFPR) d.galantin@gmail.com Em nosso trabalho pretendemos mostrar como os últimos estudos de Foucault sobre o cinismo antigo não se restringem apenas ao 14 projeto, mais antigo, de elaborar uma história da verdade. O modo como o tema da manifestação da verdade na primeira pessoa, através da parresía, se organiza através da divisa de alterar o valor da moeda, faz com que encontremos uma noção de verdade marcada pela irrupção da diferença, e não pela adequação ou descoberta da identidade. Na medida em que Foucault destaca os temas do mundo outro e da vida outra, para diferenciar do outro mundo e da outra vida que, grosso modo, segue eixo do platonismo e do cristianismo, notamos que há um princípio de alteridade imanente no cinismo antigo. Defendemos que essa alteridade imanente deve ser pensada nos termos de alteração e que esta seria uma das características centras do pensamento crítico de Foucault. Isso faz com que haja, até certo ponto, uma apropriação do pensamento cínico por parte de Foucault, ou que, através do cinismo, Foucault pense também seu próprio pensamento. A SOCIEDADE DISCIPLINAR E AS INTITUIÇÕES EDUCATIVAS: UM ESTUDO A PARTIR DE VIGIAR E PUNIR Daniella Couto Lôbo (Doutoranda pela PUC/Goiás) coutolobo@gmail.com O presente trabalho se inscreve no interior de uma pesquisa, que traz como tema: A Sociedade Disciplinar e a Educação. Neste sentido, objetiva-se aqui sistematizar alguns entendimentos já evidenciados e relacionados à sociedade disciplinar. Em Vigiar e Punir (FOUCAULT, 2013) as instituições educativas, na perspectiva de Michel Foucault são consideradas uma maquinaria de ensinar que através do exame permitiu-se medir, comparar e classificar os conhecimentos adquiridos pelos alunos. Dessa forma, para a escola 15 “o exame está no centro dos processos que constituem o sujeito como efeito e objeto de poder, como efeito e objeto de saber” (FOUCAULT, 2013a, p. 183). Assim, a escola não quer apenas avaliar o conteúdo aprendido, “[...] não basta provar. O aprendiz moderno entra num processo contínuo nunca acabado de exame”. O saber, com a função de normalizar, retira do homem a oportunidade de ele viver as utopias. Atenta Foucault sobre “[...] as crescentes normatizações das sociedades contemporâneas, a partir dos saberes emergentes na virada do século XIX [...] (TERNES, 2007, p. 62). Numa sociedade disciplinar retira-se a possibilidade de oposição, de diferença”. Deseja-se a docilização dos corpos e da alma, bem como a conformação dos sujeitos. Entende-se, a partir dos estudos de Foucault (2013) que o poder disciplinar assume na sociedade moderna o lugar de divulgador de discursos e saberes que tem contribuído para a perpetuação e permanência do estado de controle e vigilância. Na verdade, o que se vê corriqueiramente é a crescente perpetuação dos mecanismos de vigilância nas escolas, em sua maioria, por meio de aparelhos (câmeras de filmagem) que visam o controle dos alunos e professores. Ao observar este contexto, entende-se que essas instâncias objetivam docilizar, normalizar e adestrar os sujeitos, de modo a conformá-los ao atual sistema. DELEUZE E A BESTEIRA COMO PROBLEMA TRANSCENDENTAL Guilherme Abilhoa (Mestrando pela UFPR) guileab@hotmail.com O que é a besteira, ou como e em que condições a besteira é possível? Poderia ser a besteira considerada como um fato de causalidade externa, que de fora, forçaria o desvio a um 16 pensamento puro? Haveria entre a besteira e o erro uma fácil assimilação, seriam ambos o caso de um pensamento que não segue cuidadosa erigorosamente o caminho da retidão ou teria a besteira sua singularidade própria? Tais são algumas questões que apontam para um deslocamento da noção de transcendental kantiana, oferecido por Deleuze, entre outros momentos, no terceiro capitulo de Diferença e Repetição, intitulado A imagem do pensamento. Para Deleuze, é somente a partir de uma imagem dogmática do pensamento que se pode, de direito, assimilar a besteira ao erro. Entretanto, não bastaria para Deleuze se contentar em invocar certos fatos contra a imagem de direito do pensamento dogmático, seria preciso prosseguir a discussão no plano do direito, questionando a legitimidade da distribuição do empírico e do transcendental, tal como é operada pela imagem dogmática. Nesses termos, temos no problema da besteira, um momento importante para se pensar o sentido do deslocamento da problemática transcendental em Deleuze. Faz-se assim a pertinência de se traçar um itinerário que busque dar sentido ao problema da besteira, ao passo que tal itinerário possa levantar elementos para a compreensão de Deleuze como leitor de Kant. Em outras palavras, nessa investigação prende-se apresentar o problema, em Deleuze, da besteira enquanto objeto de uma questão propriamente transcendental, portanto como a besteira (e não o erro) é possível? 17 ARTE E AFETO NA RELAÇÃO DO TRABALHADOR SOCIAL COM A POPULAÇÃO Deby Caroline Eidam de Almeida (Graduanda pela PUCPR) debyeidam@gmail.com A presente pesquisa visa ampliar a compreensão do uso da arte como forma de vinculação com a população em situação de rua a partir da relação de afeto baseada na filosofia de Baruch de Spinoza, tendo por objetivo provocar a autonomia e promover os direitos da cidadania e direitos humanos. Também se propõe um comparativo das referências históricas dos modelos de instituições que atendem a população empobrecida e vulnerável, fazendo a crítica no sentido da ineficiência dos atuais serviços públicos prestados, devidamente apresentados pelos dados da recente pesquisa feita no município. O trabalho está relacionado ao uso abusivo de álcool e outras drogas e doença mental. Pretende-se colocar as atividades artísticas como formas inovadoras de abordagem dos profissionais do Serviço Social em redução de danos, através de pesquisa bibliográfica e experimental. Ao final, considera-se ter alcançado satisfatoriamente o propósito inicial, que consistia na realização de revisão bibliográfica e reflexão sobre a prática profissional à luz das demandas contemporâneas, por outro lado, faltam dados mais consistentes a respeito da realidade da população em situação de rua e da população usuária de álcool e outras drogas. Buscamos na filosofia possíveis bases conceituais para a prática profissional. Dessa perspectiva surge um interessante contraponto entre a prática profissional, pautada no distanciamento entre o técnico e o usuário e a perspectiva filosófica de que a relação só seria frutífera com afeto. Assim, concluímos que, a partir dos dados concretos da realidade vigente, as práticas profissionais têm falhado no estabelecimento de vínculos, o que abre espaço para a proposta de 18 práticas inovadoras, como a prática artística, que pode fortalecer os vínculos, considerando ainda a importância do afeto na realização humana. O SENTIDO DAS DUAS VERDADES EM NĀGĀRJUNA Mariana Cabral Tomzhinsky Scarpa (Pós-doutoranda pela UFSCAR) scarpa.m@hotmail.com Analisaremos em Nāgārjuna o que se considera como o coração da Mūla-madhyamaka-kārikā (Versos fundamentais do caminho do meio), as estrofes referentes ao exame do ser e não-ser, sobretudo no que diz respeito a uma realidade em si ou a uma verdade suprema, buscando compreender o sentido das duas verdades, a verdade convencional e a verdade suprema. A dupla dimensão da verdade é compreendida como sendo dois níveis epistemológicos, um primeiro nível em que se pressupõe a existência de uma natureza extrínseca, individualidades separadas, independentes do observador (o ser que aparece na dimensão da verdade convencional); e um segundo nível ou nível “último”, a que pertence a verdade suprema, a qual não pode ser apreendida e nem descrita pela convenção linguística e conceitual. Todo o trabalho de Nāgārjuna (nas estrofes – Kārikā – 8 e 9 do verso que examina o ser e o não-ser) tem por objetivo superar a verdade convencional, apreendida através dos raciocínios lógicos e rigorosos da filosofia, de modo a alcançar a verdade suprema. Apesar da verdade “última” ser não discursiva e não conceitual, ela deve ser alcançada a partir daquele raciocínio. Exploraremos nesta apresentação o sentido e a dinâmica das duas verdades, bem como examinaremos os supostos impasses que esta divisão acarreta. 19 MESA 3 – ÉTICA O CONCEITO DE EQUIDADE EM JOWN RAWLS Diego Lopes (Graduando pela UNICENTRO) Publicada e conceituada na obra Uma teoria da justiça de Rawls (A Theory of Justice), a justiça com equidade social proposta pelo Filosofo norte americano se apresenta como uma resposta de como organizar uma sociedade mais justa, de maneira que todos tenham de início, o acesso a direitos básicos garantidos de forma igual. Rawls provem da escola Liberalista-social, sendo tratado como um dos principais autores liberalistas do século XX, defendendo uma oposição principalmente a outra corrente ética de grande nome, o utilitarismo. Buscando fundamentar a esfera de organização social no conceito de Justo, Rawls defende e se opõe a seus adversários que historicamente buscavam o Bem geral dos indivíduos como fundamentação. O intuito da pesquisa é o de explorar a forma como Rawls concebe o justo, bem como a forma que o mesmo busca trabalhar para chegar na ideia da sociedade mais justa. Para isto Rawls apresenta a ideia de justiça como Equidade, na qual o mesmo afirma que, é necessário conceber a justiça como base principal das relações sociais, prevendo também que, mesmo que haja um tratamento em forma de igualdade a todos, desigualdades sociais ainda serão presentes e para isto, as sociedades precisam estabelecer uma relação de equidade, onde estas desigualdades serão combatidas e resolvidas na esfera publica. È esta Equidade que busco desenvolver e aprofundar, visando a sua legitimação atualmente. 20 O PROBLEMA DA OPRESSÃO RELACIONADA À CULTURA DA FORÇA E A NECESSIDADE DE UMA ÉTICA ABERTA AO DIÁLOGO EM SIMONE WEIL Kleys Jesuvina dos Santos (Graduanda pela PUCPR) kleys.santos@gmail.com Contemporânea ao contexto correspondente às primeiras décadas do século XX, Simone Weil (1909-1943), filósofa francesa, ambicionou analisar o modo como se configurou o problema da opressão de sua época. Para isso, realizou um estudo que visou diagnosticar os pilares responsáveis por sustentar a condição subumana enfrentada por aqueles que se encontravam submetidos ao jugo daquilo que ela mesma denominou como cultura da força. Diante dessas considerações, é relevante esclarecer que mais do que identificar tais pilares – dentre os quais é possível destacar a ciência moderna, a igreja institucional, também moderna, o capitalismo e o socialismo – a filósofa realizou reflexões acerca de conceitos-chaves que podem ser interpretados como sustentáculos das condições de enfrentamento acerca de problemas que se fizeram e se fazem atuais. Isso porque, a partir das noções de Encarnação e Enraizamento, é possível perceber algumas contribuições da autora acerca de discussões éticas voltadas para a questão do diálogo intercultural e da necessidade de uma ética universalista que – diferente da visão defendida por um exlusivismo religioso opressor – preza pelo reconhecimento e respeito pela dignidade do outro. 21 A CIVILIDADE COMO FUNDAMENTO MORAL DA POLÍTICA: HUME LEITOR DE SHAFTESBURY Priscila Ricardo de Oliveira (Doutoranda pela UFPR) pririoli@hotmail.com Oferecer uma alternativarazoável ao combate das superstições religiosas, do fanatismo político e demais excessos causados pelas paixões violentas foi tarefa comum, senão central, a Shaftesbury e Hume. O remédio que ambos sugerem para tais males do corpo social difere menos em natureza do que em sua aplicação: enquanto para Shaftesbury a liberdade é conditio sine qua non para a correção das disposições melancólicas e excesso de zelo e gravidade que delas decorrem, para Hume esta seria antes resultado do fortalecimento e refinamento das instituições humanas sem as quais estaríamos relegados ao que o autor denomina como estado de “servidão abjeta”. Se há nuances quanto ao método, concordam quanto ao princípio: o cultivo de certo decoro é necessário para o exercício pleno das liberdades, sendo fomentado por uma educação pautada na ideia de um possível equilíbrio entre as diversas inclinações humanas. O que Hume resgata do pensamento shaftesburiano – no tocante à educação dos afetos – e nos interessa para o presente debate é, justamente, aquilo que perfaz seu horizonte mais crítico: de um sentido de civilidade análogo a uma racionalidade sensível, capaz de se autorregular e que é refinado historicamente, para pensar o aporte natural de certas virtudes sociais. Contudo, ao pensar a virtude social que organiza, primordialmente, a sociedade política – a justiça – como uma virtude artificial, Hume estaria negando a passagem espontânea entre os resultados da boa educação das afecções, tal qual sugerida por Shaftesbury, para a boa formação dos governos, entendendo antes que no espaço dessa 22 passagem há alguma contingência. A convenção, então, faz-se necessária para regrar a insegurança resultante deste cenário, instaurar e comprometer os homens para com o bem público a despeito de seus interesses mais imediatos, e de suas liberdades pessoais “originárias”. Do delicado ajuste entre dois polos conflitantes, da autoridade e da liberdade, é que o senso de civilidade poderá ser apurado e reconhecido, ao longo da história, como verdadeiro fundamento moral da vida política, como outrora propunha Shaftesbury. O LEGISLADOR E OS SEUS HORIZONTES MORAIS – A CIRCUNSTÂNCIALIDADE DA QUESTÃO NO ÂMBITO DA OPINIÃO PÚBLICA Guilherme Rafael Ramos da Quinta (Graduando pela UFPR) A figura do Legislador ganha destaque no Contrato Social, a partir da existência, proporcionada pelo pacto, do corpo político. O Legislador, desse modo, não raro, é buscado apenas quando o assunto diz respeito ao momento, logo no início do livro II do Contrato Social, em que o povo não é capaz de deliberar acerca do seu próprio bem. Isso ocorre tendo em vista unicamente o Cap. VII do Livro II. Assim o nosso o primeiro ponto é demonstrar como esse capítulo (VII) precisa ser lido de modo conjunto aos capítulos que o seguem (VIII, X e XI, XII), e sob as lentes das circunstâncias, para uma compreensão mais completa e precisa da importância do ofício extraordinário. Tendo assim apresentado, e circunscrito, o papel do Legislador, no âmbito do Contrato, e situado a sua localização na história da união social, partiremos para os objetos sob os quais ele atua para cumprir com suas funções entrando, dessa maneira, no âmbito dos costumes e da opinião pública. Esse segundo aspecto se 23 faz necessário na medida em que nos possibilita enxergar o liame, e a sua força, entre o maior ofício da república e o cidadão. Com isso, veremos o projeto quase milagroso acontecendo. Para esse segundo momento, levaremos em conta os textos de intervenção rousseauísta, assim chamados pela tradição, para verificar a relevância e o vigor dos objetos de competência do Legislador no terreno social. Desse modo, o nosso projeto busca, então, verificar a maneira pela qual os objetos de alçada do Legislador, e o próprio Legislador, operam no cidadão, em um plano que julgamos moral, e assim, no âmbito social , e quais são as implicações desse horizonte. Com isso, mostraremos um Legislador, oposto a um pedagogo ardil e manipulador que sacrifica a liberdade para instituir a sociedade política , que atuando no âmbito civil, pelos costumes e pela opinião, dá ordenamento a vida social e transforma o homem do homem em cidadão. MAQUIAVEL ENTRE O INSTITUCIONALISMO E O ANTI- INSTITUCIONALISMO Bruno Santos Alexandre (Doutorando pela USP) brunosalexandre@yahoo.com.br Trata-se, nesta comunicação, de contrapor duas matrizes de interpretação do republicanismo de Maquiavel: a institucional (notadamente Richard Bellamy) e a anti-institucional (notadamente Lefort e seus epígonos brasileiros). Enquanto a segunda matriz entende pela necessidade de uma sociedade republicana (de ações políticas) previamente à instauração das leis e instituições públicas (um complexo normativo), a primeira concebe o exato contrário. Nesse trabalho, o meu argumento é que justamente porquanto não há uma substância ou matéria republicana de maneira a unificar as 24 volições humanas, tudo que nos resta fazer é criar (e reformular) modos e formas republicanos: estes são as leis e instituições públicas, os procedimentos antes do que os eventos. Um ideal que me parece, enfim, compatível com certa matriz institucional bem como também mais fiel à letra dos escritos de Maquiavel. 25 MESA 4 - FILOSOFIA POLÍTICA O CONCEITO DE IDEOLOGIA EM SLAVOJ ŽIŽEK Allysson Alves Anhaia (Granduando pela PUCPR) zubualves@gmail.com O conceito de ideologia de Slavoj Žižek (1949 -) serve de base para sua crítica a contemporaneidade e como fundamento parar explicitar, segundo o autor, as principais causas e consequências da decadência ideológica que ele atribui a atualidade. Esse conceito evidencia como os indivíduos contemporâneos concebem o mundo que os cerca a partir do capital, da mídia de massa e do status quo, e com base nisso explica como se dão as complexas relações sociais da atualidade. Através do conceito de ideologia é possível a Žižek afirmar que as sociedades contemporâneas se fundamentam em um estado de fantasia social, que faz com que os indivíduos, apesar de terem consciência desse estado, não pretendam ou conseguam contraria-lo, opondo-se assim a teoria clássica da ideologia, que alega que os indivíduos fazem o que fazem por desconhecimento. Baseando-se na psicanálise lacaniana, o autor utiliza principalmente dos conceitos de inconsciente e de prazer, além da tríade simbólico, imaginário e real, para explicar como os indivíduos se comportam nesse estado de fantasia social e também o caráter de cinismo da ideologia, que faz com que os indivíduos atuem de maneira ideológica mesmo sem acreditar de fato em alguma ideologia. 26 RELAÇÃO ENTRE ESTADO SOCIAL E DEMOCRACIA Robson Francisco Da Costa (Mestrando pela UFPR) rfc.ctba@gmail.com Neste trabalho pretende-se apresentar a concepção de estado social e democracia de Alexis de Tocqueville prioritariamente na obra A Democracia na America, para tanto, centra-se na investigação sobre em que medida, segundo Tocqueville, o estado social de uma nação determina o surgimento de sua democracia. Em outros termos, dispomo-nos a indagar as características tidas como imprescindíveis para que o estado social americano, por exemplo, naquele contexto e naquela época, inaugurasse uma democracia efetiva. A partir da concepção de que a igualdade de condições é um pressuposto para o processo democrático, as seguintes questões podem ser levantadas com base em Tocqueville, um estado social capaz de gestar uma democracia já disporia em certa medida de uma base democrática? Se determinados aspectos sociais e normativos de um estado social podem definir a noção de democracia, na ausência desses aspectos, um estado “dito democrático” poderia, então, ser definido como não-democrático, a partir do pensamento tocquevilleano? Este trabalho é tema de pesquisa de mestrado na UFPR – Universidade Federal do Paraná e encontra-seembrionário quanto a sua execução, portanto apresentaremos o seu esboço de forma breve e não se tem pretensão de esgotar o assunto, muito menos tem condições de arquitetar por hora qualquer conclusão. 27 A CONDIÇÃO HUMANA: DAS CATEGORIAS A LIBERDADE NA PERSPECTIVA DE HANNAH ARENDT Ana Karine de Sousa Silva (Graduação pela UEPA) anakarine57@hotmail.com Quando tomamos como proposta analisar a sociedade é notória a existência da singularidade em relação às pessoas, e quanto ainda existem demandas que fazem parte do privado quando na verdade são públicas. As denominadas minorias. O quê apresenta-se como problemática neste contexto é como a sociedade contemporânea poderá trazer essas demandas para o público? Arendt defende a ideia que os homens são por natureza singulares/plural, é essas características são manifestadas na esfera pública. Sendo assim essas demandas que hoje são vistas como privadas só passaram a ser publicas, no momento que forem expostas no espaço público. Isto é, no campo da ação e por esse espaço ser por excelência o campo da manifestação do plural, do singular, é que faz desta o espaço da liberdade, por este motivo é fundamental a separação do público do privado. O homem sempre buscou compreender a sua condição de homem enquanto homem, “o ser no mundo”. Seguindo os passos de Arendt, para tal compreensão se faz necessário o entendimento dos principais conceitos da ideia de vida activa que estão presentes na obra “A Condição Humana”. Fazendo uma abordagem objetiva das três atividades que compõem a vida activa identifica-se que o Trabalho é a própria vida do homem no seu processo natural, é a atividade mais imediata vinculada à vida. Em contraposição à obra, pois nela o que é produzido não tem um fim imediato, essa produção pode até mesmo durar mais tempo do que a vida de quem o produziu, essas são atividades do privado. Por sua vez, a ação é a única atividade que exige do homem a presença de outros para que possa existir, logo compreende-se que a ação é a 28 relação entre homens. Isto é, a atividade da verdadeira política, que se concretiza através da ação e do discurso quando os homens são livres. BILDUNG, DEMOCRACIA E ESTETIZAÇÃO DA EXISTÊNCIA NA FILOSOFIA INGLESA DO SÉCULO XIX Gustavo Hessmann Dalaqua (Doutorando pela USP) gustavodalaqua@yahoo.com.br O objetivo da apresentação é perquirir a relação entre Bildung, democracia e estetização da existência na filosofia britânica do século XIX por meio de uma análise das obras Considerations on Representative Government (1861) de John Stuart Mill e Culture and Anarchy (1869) de Matthew Arnold. Embora tenham por vezes tomado posições contrárias perante alguns acontecimentos políticos da época, tanto Mill quanto Arnold postulavam a formação (Bildung) do caráter como elemento indispensável para a estabilidade do regime democrático. Seguindo a leitura de Stefan Collini, argumentaremos que a associação entre desenvolvimento do caráter e democracia foi uma característica marcante da teoria política vitoriana. Influenciados pelo romantismo alemão, sobretudo por Goethe e Wilhelm von Humboldt, Mill e Arnold acreditavam que o desenvolvimento do caráter compreendia uma dimensão estética. Para formar um caráter próprio, o indivíduo deveria modelar o seu Eu (self) como uma obra de arte. Semelhante processo era relevante para a democracia porque, ao estetizarem sua existência, os indivíduos fortaleceriam o pensamento crítico, capacidade que tanto Mill quanto Arnold reputavam de suma importância para a democracia. Ao conceber a existência em termos estéticos, o cidadão tenderia a regular sua conduta por meio do ideal da 29 originalidade e procuraria demarcar para si uma zona de relativa autonomia e independência perante a sociedade. A estetização da vida humana seria uma forma de resistência à estandardização e à massificação dos costumes presentes na sociedade industrial oitocentista que preservaria o pluralismo democrático. Para Mill, não menos do que para Arnold, a formação plena do Eu reclamava a manutenção de diferentes vias de desenvolvimento. Conforme se argumentará ao término da apresentação, a ênfase na importância da formação levou ambos os filósofos a repudiar o capitalismo industrial, uma vez que este gerava homogeneidade ao exigir que a maioria dos indivíduos devotasse sua vida unicamente ao comércio e ao lucro. A CONCEPÇÃO ARENDTIANA DE DIREITO A TER DIREITOS COMO COMPREENSÃO DE LIBERDADE E AÇÃO PARA A QUESTÃO DOS REFUGIADOS E APÁTRIDAS Renato de Souza Paulo (Graduando pela PUCPR) renatosouzapaulo@ yahoo.com.br Hannah Arendt, diante do cenário político de sua época, do fenômeno totalitário e da situação vivenciada pelos apátridas - povos minoritários e refugiados - crítica a ineficiência dos direitos humanos promulgada em 1789 e que atribuíam o direito ao homem como um direito inalienável, entretanto mostraram-se exequíveis. Segundo Arendt, a questão da perda dos direitos está atrelada a “perda de uma comunidade disposta e capaz de garantir os chamados Direitos do Homem sem perder sua qualidade essencial de homem”. Arendt enfatiza o fato de que tais direitos referiam-se a uma concepção de homem e de sua natureza enunciados no singular, como se tais direitos não dependessem da “pluralidade 30 humana” e por isso deveriam permanecer válidos mesmo que o homem fosse expulso de sua comunidade humana. Partindo do pressuposto de participação do homem na vida pública como forma de garantir seus direitos, a filósofa em voga colocará na ideia da liberdade o papel fundamental de sua teoria política, uma vez que, sem liberdade não existe política. Isto posto, a liberdade de ação reveste-se de uma relevância significativa em sua teoria. Esta relevância é demonstrada ao dizer que “sem ela [liberdade], a vida política como tal seria destituída de significado. Em palavras arendtianas, “A raison d’être da política é a liberdade, e seu domínio de experiência é a ação”. Em suma, sua concepção de política baseia-se na suposição de que o homem pode produzir igualdade através da organização, pois o seu agir se manifesta sobre o mundo comum mudando-o e construindo-o com seus iguais. As limitações da atividade humana que se igualam às limitações da igualdade do homem são lembradas devido a constituição de nossa natureza imutável que adentra a cena política como elemento alheio. O HOMEM E O OUTRO: A CRITICA DO NÃO- RECONHECIMENTO DO SEXO FEMININO NA OBRA O SEGUNDO SEXO DE SIMONE DE BEAUVOIR Bruna Muzzo de Melo (Graduanda pela PUCPR) bru_muzzo@hotmail.com Tendo em vista a pergunta “de onde vem a submissão das mulheres? ”, buscar-se-á, neste trabalho, verificar através do primeiro volume da obra O segundo sexo de Simone de Beauvoir o processo de inferiorização do sexo feminino até o ponto culminante deste ser sempre Outro, e não um Sujeito. Existem inúmeras 31 implicações, segundo a filósofa, que impedem para a própria mulher este reconhecimento de si como um Sujeito propriamente dito. Desta forma, Beauvoir analisa através da dialética hegeliana do Senhor e do Escravo como se dá a formação da consciência no caso da divisão existente entre os sexos. Assim, para uma melhor compreensão destes conceitos e de que modo a autora os transfere para definir a submissão da mulher, será utilizado como apoio o quarto capitulo da Fenomenologia do espirito de Hegel. O CONCEITO DE PODER SEGUNDO HANNAH ARENDT: PARA ALÉM DO MODELO TRADICIONAL Ingrid Barros Pessoa (Graduanda pela UEAP) ingridd14pessoa@gmail.com Este trabalho tem como principal objetivo apresentar o caminho apontado por Hannah Arendt acerca do poder, analisando os fundamentos de sua proposta de um possível conceito de poder partindo da compreensão de sua concepção de poder tradicional, pois a autora propõe uma superação do que considera resquício do que foi historicamente aceitoao longo da história do ocidente. Para isso se faz necessário seguir os primeiros passos de Arendt rumo a sua proposta de um poder em ‘concerto’ que foi abordado pela autora em “A Condição Humana” e que posteriormente sistematiza na Obra “Sobre a violência”. A partir daí, tentar explicar o conceito de poder político em ‘concerto’ como sendo um fenômeno gerado em coletivo que tem relação direta com o espaço no qual os homens se reúnem. Objetivando especificamente compreender o que Arendt considera conceitos de poder tradicionais para poder sustentar que o poder entre os homens livres se efetiva através do discurso e da ação. Apresentar as características salientadas por ela 32 ao longo da história do ocidente. Em terceiro, e último, lugar, sistematizar os elementos apontados por Arendt como possibilidade para se pensar um novo conceito de poder que vise superar os concebidos pela tradição. 33 MESA 5 - FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA 1 NOTAS SOBRE OS PRESSUPOSTOS LINGUÍSTICOS DA POLÍTICA EM GIORGIO AGAMBEN Benjamim Brum Neto (Doutorando pela UFPR) A presente investigação, apesar de mudar totalmente o enfoque, dá prosseguimento à pesquisa precedente realizada no mestrado intitulada Soberania e biopolítica em Giorgio Agamben. Nosso objetivo agora é o de analisar de que forma a reflexão de Agamben sobre a linguagem fornece um modelo de estrutura e de fundamento à investigação sobre a política na série Homo sacer. A pretensão de abordar a linguagem nos textos, por assim dizer, políticos de Agamben tem por objetivo justamente mostrar que as reflexões ali presentes são devedoras de uma preocupação maior com a linguagem em sua filosofia. A busca dessa confirmação nos textos que o filósofo define como uma “arqueologia da política” se justifica pelo fato de que o dispositivo da exceção (exceptio), e essa é desde já uma das nossas hipóteses, tem seu paradigma na estrutura pressuponente da linguagem. Isso faz com que a reflexão sobre a política - mas também sobre o direito e a ética - em Agamben tenham como estrutura e fundamento um paradigma linguístico. A linguagem também aparece como um fator determinante em O sacramento da linguagem, onde, no contexto de uma arqueologia do juramento, Agamben define a própria performatividade da linguagem como aquilo que, através da veridicção, torna possível as instituições humanas, como é o caso do direito. O modo arqueológico de consideração das nossas estruturas político-institucionais conecta-se, nesse sentido, diretamente às considerações sobre a linguagem. As ramificações em tantas 34 disciplinas presentes na série Homo sacer – da estética à ética, da metafísica à teologia, da política ao direito – encontrariam no questionamento de nossa experiência com a linguagem, assim, o seu lugar, o seu topos. O MONISMO INTEGRAL DE HANS JONAS COMO ALTERNATIVA À ONTOLOGIA DA MORTE Pedro Augusto Jaras Malta (Graduando pela PUC) Hans Jonas fez do fenômeno da vida um problema central de sua filosofia. O presente trabalho analisa as críticas do autor ao modo mecanicista como tal fenômeno foi interpretado pela ciência moderna, ela mesma derivada da visão dualista que aparece como umas das marcas centrais da história do Ocidente. Nesse sentido, ao propor uma reinterpretação da vida, Jonas encontrará na biologia e na fenomenologia a fundamentação teórica para elaboração de uma filosofia que reconheça no fenômeno da vida a sua unidade psicofísica. Ele propõe, então, uma ontologia da vida que resultaria em um monismo integral, tendo como foco central o problema da liberdade, na tentativa de superar as interpretações dualistas e pós- dualistas. Trata-se, nesse sentido, de uma verdadeira “revolução ontológica”, cujos fundamentos são indispensáveis para a compreensão de seu projeto ético baseado na responsabilidade. 35 AS AMEAÇAS DO TRANSUMANISMO AO MODELO ANTROPOLÓGICO DE HANS JONAS Leonardo Nunes Camargo (Doutorando pela PUCPR) leonardonncamargo@gmail.com O presente trabalho tem o intuito de apresentar as propostas do transumanismo como uma corrente filosófica, apoiada na tecnologia e na ciência, que visa o melhoramento da condição humana e suas possíveis ameaças ao modelo antropológico proposto por Hans Jonas. Analisaremos num primeiro momento como Jonas desenvolve suas analises a respeito do ser humano, para isso, evidenciaremos o conceito de transanimalidade. De acordo com o autor, o homem é auge de uma escala crescente de desenvolvimento de capacidades e funções orgânicas, portanto, é o ser vivo com maior grau de liberdade e responsabilidade. Em um texto intitulado “Ferramenta, imagem e tumba: o transanimal no ser humano” de 1985, Jonas apresenta três artefatos fundamentais que caracterizam o conceito de transanimalidade, a saber: a ferramenta (representada pelo homo faber), a imagem (representada pelo homo pictor) e a tumba (representado pelo homo sapiens). A partir da análise desses três artefatos compreenderemos a proposta antropológica do autor. Num segundo momento, analisaremos algumas características do transumanismo que se apresenta como um movimento filosófico que afirma a possibilidade de melhorar fundamentalmente a condição humana graças à tecnologia e a ciência. Trata-se de acelerar possíveis alterações que a natureza se encarregaria de fazer ao longo de milhares de anos, uma reconfiguração em todo conceito ou ideia de ser humano que temos. Esses novos seres melhorados chamados de pós-humanos são seres evoluídos ou aperfeiçoados a partir dos seres humanos, entretanto, com 36 mudanças significativas tanto no aspecto físico como no psicológico. Nesse sentido, temos um movimento que ameaça aquilo que Jonas chamou de imagem de homem, isto é, a integridade do ser humano para as gerações futuras. Por isso, viemos a compreender a urgência de um princípio ético fundamentado no respeito, na prudência e na responsabilidade para frear os impulsos tecnológicos (no caso do transumanismo, principalmente as biotecnologias) e garantir uma imagem genuinamente autêntica do ser humano para as gerações futuras. DOS CORPOS À LUZ DA FILOSOFIA DE SIMONDON Tiago Rickli (Doutorando pela UFPR) tiago.rickli@gmail.com Inspirado em Spinoza, Deleuze dizia que muito se tagarela na filosofia a respeito do espírito, porém, nada se sabe daquilo que um corpo pode. Ora, o silêncio dos filósofos sobre a natureza corporal não deixa de ser sintomático, pois ele assinala, sob suas preferências espirituais, o abandono do corpo no impensado. Entretanto, apreender os corpos imediatamente em sua atividade, isto é, enquanto atividade de relação, é um problema que, longe de ser ignorado, mobiliza o pensamento de Simondon. Com efeito, quando o filósofo afirma haver entre os corpos, seja nas relações de seus elementos uns com os outros, seja naquelas de seu conjunto com a sua vizinhança, uma energia potencial que, suspensa em sua potencialidade real como na iminência de seu devir, não se atualiza sem modificar aqueles que a entretêm, é de sua capacidade constituinte de entreter relações tanto atuais quanto potenciais que Simondon apresenta os corpos em sua natureza. Nem recipiente de uma matéria inerte, nem em si ou recolhido no interior de si 37 mesmo, um corpo, na filosofia de Simondon, não é, à rigor, um puro e simples existente, pois ele se encontra, em todos os seus lados, numa radical condição de coexistência. É tendo em vista este conceito de corpo, ao mesmo tempo permeado e rodeado por uma atividade de relação tanto atual quanto potencial, que apresentaremos nossa comunicação. ESTADO E SOCIEDADE: CONSIDERAÇÕES SOBRE PODER E DIREITO A PARTIR DE CLAUDE LEFORT Luciana Rodrigues dos Santos (Doutoranda pela UFPR) luciana.rod.st@gmail.com Esta apresentação deverá tratar da posição de Claude Lefort acerca da significação política dos direitos humanos, ponto em que a natureza dopolítico e a idéia da coexistência humana estariam ligadas. A relação entre a natureza do político e a idéia de coexistência humana é dependente das condições históricas em que está inserida e à conseqüente sensibilidade para o político e para o direito, próprias a este contexto. A posição de Lefort acerca destes direitos não aponta para uma propriedade dos indivíduos por natureza, mas para o direito como produto da história. Logo, não se circunscrevem dentro de seus limites, dado que desde o começo, seus limites não se estabeleceram sem ambigüidade, pois a história não possui um sentido linear e previsível uma vez que é uma construção humana. A legitimidade filosófica dos direitos do homem não se estabelece em um domínio das essências concebido como uma ordem superior de positividade; pelo contrário, esta legitimação se realiza através de uma aventura histórica na qual há uma desencarnação, não somente do lugar do poder, mas também da figura do homem. 38 Sendo assim, torna-se necessário pensar a partir da relação estabelecida entre Estado e Sociedade, o caráter político conferido ao direito. O direito permeia todas as relações que os indivíduos mantêm com o mundo e consigo mesmos, mas, de acordo com o pensamento lefortiano, é necessário que haja instituições capazes de fazer respeitar tais direitos. Duas leituras centrais para a compreensão de tais conceitos em Lefort e serão abordadas são as leituras de Karl Marx e Maquiavel. Estas leituras deverão atestar que uma indeterminação de fundamento faz com que os direitos sejam mais questionáveis à medida que os atores sociais ou as vontades coletivas apresentem resistência, se mobilizem para conter os efeitos de algum direito nocivo já estabelecido ou busquem incorporar um novo direito. MERLEAU-PONTY E A PASSIVIDADE DIANTE DO ESTRANHO Renato dos Santos (Doutorando pela PUCPR) É a partir da leitura da “Quinta meditação” de Husserl, da obra Meditações cartesianas, que Merleau-Ponty irá distanciar-se do modo como a questão da alteridade é comumente compreendida na fenomenologia, isto é, a partir de dois sujeitos definidos pelas posses de si. Será com a noção de emparelhamento (Paarung), conceito retomado por Merleau-Ponty de Husserl, que torna possível pensar uma relação viva com o outro, de modo a superar a contradição da alteridade posta pelas filosofias da consciência, justamente pelo desvelamento de um terceiro. Embora o conceito de emparelhamento permita pensar como dois corpos encontram- se interligados numa dimensão primitiva, isso não é suficiente para garantir a percepção do outro de fato, visto que tal realidade apenas possibilita a abertura para que o outro seja apreendido pelo 39 ego transcendental, ou seja, que uma mônada apenas se constitua através da apresentação de uma outra, dado que tudo o que existe somente é possível por meio da evidência do ego transcendental. Na verdade, o que está em questão, para Husserl, é o fato de como é possível existir no interior do ego transcendental um estranho, sendo ele, além disso, constituído pela consciência. Fato é que Husserl não leva a cabo este estranho que se manifesta na experiência do ego transcendental, pois, para isso, seria preciso abdicar da clarividência do cogito. Aprofundando a noção de estranho (outrem), revelado pela noção de emparelhamento, Merleau-Ponty afirmará que nossa participação se dá, primeiramente, por essa experiência de estranhamento de mim com o mundo e com meu semelhante. Diante do estranho, os papeis se invertem. A posição de protagonista que o eu achava ter, é descentrado por um olhar que não posso dizer de onde tenha surgido. Frente a esse estranho, o sujeito é sempre passivo, justamente porque ele escapa de uma apreensão frontal, da redução do cogito. Assim, Merleau-Ponty passa a pensar a intersubjetividade a partir do descentramento do eu e de meu semelhante diante desse estranho que não cessa de não se inscrever em nossa experiência. 40 MESA 6 - ESTÉTICA 1 FELICIDADE INVOLUNTÁRIA: MEMÓRIA E MAGIA EM MARCEL PROUST Tarik Vivan Alexandre (Mestrando pela UFPR) tarikalexandre@gmail.com A presente comunicação pretende a partir dos textos de Marcel Proust (1871 – 1922) compreender a proposta da extratemporalidade proustiana como uma busca pela felicidade, abordado em O Tempo Redescoberto. Para este intento, investigamos este problema à luz da leitura de dois textos fundamentais: Walter Benjamin em A Imagem de Proust e Giorgio Agamben com Magia e Felicidade. A partir do processo da redescoberta proustiana com o advento da memória involuntária, a extratemporalidade se torna o instante pelo qual, fora do tempo, é possível o acontecimento da redescoberta como causador de uma felicidade. Entretanto, do que se trata esta felicidade? Em que medida esta se faz relevante para o pensamento de Proust e como esta felicidade se comunica com o pensamento dos autores acima citados? Considerando a felicidade como um fim do pensamento rememorante de Proust e esta redescoberta como criadora vemos o novo, portanto, como parte deste movimento. Estabelece-se desta forma uma ponte entre a felicidade e a magia, conceitos explorados por Benjamin, que possuem uma dimensão comunicante para com a proposta de Proust, auxiliando no esclarecimento na leitura do autor da Recherche uma vez que o estabelecimento de uma nova experiência narrativa propicia a formação de uma nova história. 41 ARTE E IMAGENS DO PENSAMENTO: A OBRA DE ARTE E SEUS MODOS DIFERENTES DE PENSAR EM WALTER BENJAMIN E GILLES DELEUZE Angélica Antonechen Colombo (Doutoranda pelo IFPR) angelica.colombo@ifpr.edu.br O movimento artístico conhecido como barroco é tratado por alguns teóricos da arte e historiadores como aquele que trouxe o espírito de uma nova era para criação artística. Movimento surgido no século XVII é conhecido por ter em seus elementos traços por vezes considerados grosseiros aos olhos da tradicional herança estética vinda do Renascimento. As obras de arte como as de Caravaggio, por exemplo, com seus jogos de luz e sombra (tenebrismo), e as esculturas de Bernini com suas imensas e infindáveis dobras, trazem em si fragmentos de verdades que quando agrupados levam ao apreciador uma atividade do pensamento (modo de pensar barroco) até então não experimentada. Filósofos como Walter Benjamin e Gilles Deleuze observaram no barroco a influência que alguns movimentos artísticos da modernidade buscaram para construir a sua trajetória, e também perceberam que a partir disso as obras de arte resgataram para si o caráter de transmitir aos seus apreciadores e espectadores imagens do pensamento que transgrediram o tempo e o espaço, sendo capazes de divulgar também outros tipos de percepção da realidade. Compreender o que são essas imagens do pensamento e como as obras de arte podem ser capazes de produzi-las é o que pretendem Walter Benjamin e Gilles Deleuze, cada um em seu momento, buscando no barroco a base dessa discussão. E o que intencionamos neste trabalho é investigar as similaridades entre estes dois autores a respeito do que são as imagens do pensamento. 42 WALTER BENJAMIN: SEMELHANÇAS NÃO SENSÍVEIS E A INFÂNCIA EM BERLIN Eduardo Antonio da Silva Lacerda (Graduando pela UFPR) edusilvalacerda@gmail.com A presente comunicação presente busca analisar passagens selecionadas do trabalho literário de Walter Benjamin da “Infância em Berlim por volta de 1900” à luz das ideias de sua produção ensaísta filosófica. Na sua tese de doutoramento (sobre o romantismo alemão), Benjamin expressa que a arte por si mesma expressa uma reflexão, não carecendo no mais das vezes de uma formulação conceitual. Mesmo com a evolução do pensamento benjaminiano, esta ideia parece permear sua obra. Nesse contexto, a “Infância em Berlim por volta de 1900” serve como maior exemplo desta espécie de valor cognitivo da obra de arte.A primeira noção expressa é a de mimese. A concepção de mimese benjaminiana não é relacionada com o ideal, mas é antes um processo de aprendizagem lúdico (e prazeroso) focado no reconhecimento e produção de semelhanças a partir da percepção do mundo sensível. Deslocando-se do campo do ideal e da cópia e representação, a mimese benjaminiana dá espaço a uma lógica das semelhanças não identitária, que tem uma identidade que inspira o objeto e sua expressão estética. Benjamin propõe a semelhança, uma lógica relacional, de correspondência entre a realidade concreta e a expressão individual. A semelhança aqui se diferencia da analogia, uma vez que a semelhança possui uma realidade objetiva além da subjetiva. Noutro ponto, as semelhanças não sensíveis tem duas dimensões: a primeira sendo relação dos objetos, enquanto a segunda diz 43 respeito às regras de reflexão existentes entre eles. São as semelhanças não sensíveis que dão unidade de sentido, enquanto o processo mimético nos permite evocar um sentido superior entre duas palavras diferentes de línguas também diferentes. Mas também são as semelhanças que deformam o mundo e dá ares míticos ao mundo infantil, os quais retornam à lembrança no infinito da reflexão rememorativa. É exatamente o processo que ocorre na Infância em Berlim, onde as lembranças não são necessariamente reais, mas altamente alegóricas de um ideias e movimentos ao mesmo tempo personalíssimos e universais. A FOTOGRAFIA EM WALTER BENJAMIN Betina Dal Molin Juglair (Graduanda pela UFPR) betinajuglair@gmail.com A fotografia, invento que remonta ao início do século XIX principalmente à Niépce e Daguerre, recebe de Walter Benjamin uma breve história de sua jovem trajetória e também considerações sobre o que essa técnica representava para a própria arte e a sociedade. Então, pode-se dividir as considerações do autor em dois eixos, que se inter-relacionam mas também mantêm certa autonomia: o da fotografia dentro de sua especificidade, seus movimentos internos no decorrer do século que separa sua invenção até a escrita de sua pequena história; e enquanto uma engrenagem num contexto mais amplo de novas possibilidades de reprodução de conteúdo em uma escala maior, numa sociedade capitalista. No primeiro eixo, destaca-se o percurso interno da técnica fotográfica: em seus primórdios, mantinha vinculada sua produção a uma aura que permeia o objeto, preservando um certo caráter 44 mágico. O desprendimento desta aura se opera a partir de mudanças, como a ampliação de repertório, alteração de perspectiva acerca dos objetos e com o aprimoramento da própria técnica. É relevante também a distinção feita por Benjamin acerca da fotografia criativa daquela construtiva: não interessa ao autor pensar a fotografia enquanto arte, fruto de uma criatividade, mas reconhece sua potencialidade enquanto mecanismo que pode desvelar uma mensagem política e social, principalmente a partir de uma legenda – daí sua importância construtiva, pois, de outro modo, periga a fotografia transformar-se em fetiche. No segundo eixo, destaca-se uma tensão entre a arte e a fotografia, já que a primeira recebe os efeitos decorrentes da reprodução mecânica trazida pela segunda, o que leva a uma transformação total de seu caráter: teria havido um desgarramento da arte de seu fundamento no culto, fazendo preponderar seu valor de exposição. Entretanto, Benjamin não trata da fotografia como algo inerentemente negativo, mas enquanto uma técnica da qual se pode fazer vários usos; nesse sentido, a ferramenta que permite o recorte da realidade pode ser manejada de modo a sustentar ou desmontar um discurso fascista, a depender de quem e como a opere. O AUTOMATISMO DA PRODUÇÃO ARTÍSTICA NO EXPRESSIONISMO ABSTRATO E NA POP ART Isabela Simões Bueno (Graduanda pela UFPR) isabelasimoesbueno@gmail.com O período pós-guerra presenciou a emergência de diversas vanguardas artísticas na Europa, as quais influenciaram de maneira intensa a arte americana. Nos Estados Unidos, destaca-se o 45 surgimento do expressionismo abstrato, movimento que mesclava características do expressionismo com o cubismo e o futurismo. Seus representantes, entre eles Jackson Pollock, buscavam retratar a esfera inconsciente do artista, e para isso utilizavam-se de formas não convencionais de pintura, como a action painting. Nesse processo, conforme descrito por Gombrich (2012, p. 604), “tornando-se impaciente com os métodos convencionais, [Pollock] colocou suas telas no chão e pingou, derramou ou projetou suas tintas de modo a formarem configurações surpreendentes”. Influenciado pelo surrealismo e pelas teorias de Freud e Jung, Pollock introduz a noção de “automatismo psíquico” em sua obra, de forma a inferir que a arte teria origem no inconsciente do artista. Anos mais tarde, a pop art chega aos Estados Unidos com uma concepção oposta àquela dos expressionistas abstratos. A técnica utilizada pelos artistas pop era influenciada pelos novos modos de produção industrial e pelo contexto de reprodutibilidade técnica no qual estavam inseridos. O método da serigrafia adotado por Andy Warhol, por exemplo, era próprio da indústria têxtil, e foi utilizado como forma de reproduzir em massa a imagem desejada. A repetição automática de uma mesma imagem trazia consigo uma atmosfera superficial mais ligada aos anúncios de propaganda do que à tradicional concepção de arte. Nesse sentido, qual seria a intenção do automatismo na pop art que difere daquela aplicada no expressionismo abstrato? Quais os resultados observados na obra de arte final que demonstram as características ressaltadas pelos artistas durante o processo de produção dito “automático”? O objetivo da presente comunicação é, portanto, traçar as diferenças concernentes à técnica no expressionismo abstrato e na pop art, abordando principalmente o automatismo presente de maneira distinta nos dois movimentos. 46 PAISAGEM SONORA II Isabelle Mesquita (Graduanda pela FAP) isamesquita@hotmail.com Os rios que eu encontro vão seguindo comigo. Os Rios, de João Cabral de Melo Neto. Esta proposta consiste na exibição de um videoarte intitulado Paisagem Sonora II, que revela paisagens sonoras ou ""soundscapes"" capturados no Rio Uatumã, palavra indígena que significa boca grande, localizado no Município de São Sebastião do Uatumã – Amazonas. Sinopse: Um homem, numa canoa, rema no meio da floresta alagada de madrugada. Em alguns momentos, uma lanterna ilumina seu caminho à procura de uma passagem segura em meio a escuridão da floresta Amazônica. A lua o acompanha, refletida na superfície das águas. As imagens são quase nulas, porém o som ambiente constrói uma paisagem sonora. Assim como expresso por Didi-Huberman, creio que muitas vezes “[…] devemos fechar os olhos para ver quando o ato de ver nos remete, nos abre a um vazio que nos olha, nos concerne e, em certo sentido, nos constitui.” (DIDI-HUBERMAN, 1998, p. 31). Link de acesso ao vídeo: https://vimeo.com/174843921 Senha: uatumasonoro Paisagem Sonora II é vídeo digital, tem duração 5':21"", 2016. O trabalho faz parte de um desdobramento de uma pesquisa intitulada Rio Uatumã: Paisagem Sonora, fruto de um intercâmbio entre a Universidade Estadual do Paraná/FAP e a Universidade 47 Federal do Amazonas, realizada nos meses de setembro e outubro de 2015/2016. A pesquisa intitulada Rio Uatumã: paisagem sonora tem caráter etnográfico, parte de um exercício de escuta, onde os afluentes do rio são como ruídos da memória dos tempos em que vivi na Amazônia, bem como das memórias dos ribeirinhos, revela paisagens sonoras capturadas no rio Uatumã. Percorrendo os caminhos desse rio, o som constrói paisagens e como uma experiência sensorial, possibilita vários significados, que remetem a sensações guardadas na memória visível, invisível ou ainda no inconsciente. Nesse sentindo,utilizo o silêncio no início do vídeo pensando na experiência sonora. O artista John Cage sugere que o silêncio existe, mas não no entendimento de ausência de sons, mas como variações de silêncio. Os sons contidos no silêncio, acabam por se libertar dos códigos e das fórmulas, proporcionando novas experiências. A paisagem sonora existe no ambiente, pode ser manipulada e modificada de acordo com as interferências no lugar, são possíveis trajetos encontrados em busca de um som entre os sentidos e se comportam como afluentes, que alimentam e formam a memória que tenho do Rio Uatumã. 48 MESA 7 - ESCOLA DE FRANKFURT A INDÚSTRIA CULTURAL ENQUANTO ENGENHARIA DO REAL Stefane Katrini Koop (Graduanda pela UNICENTRO ) stefanekoopk@gmail.com Theodor Ludwig Wiesengrund Adorno e Max Horkheimer fornecem uma reflexão acerca das problemáticas que permeiam a sociedade do século XX com base no fenômeno nocivo intitulado por eles de Indústria Cultural. Quando analisada, a esfera cotidiana pode ser vista corrompida pela alienação que esta Indústria causa, de modo que, partindo deste conceito, os autores abordam aspectos concernentes à vida humana, como a arte, a cultura e diversos outros instrumentos de esclarecimento. A obra Dialética do Esclarecimento escrita pelos autores apresenta uma crítica radical a sociedade contemporânea, sendo uma leitura filosófica do Iluminismo com base nas consequências extraídas desse período. Nota-se que a Indústria Cultural se faz presente atualmente, no século XXI, gerada pelo sistema ainda operante: o capitalismo. GAMEFICAÇÃO COMO LÓGICA DO TEMPO LIVRE: DE ADORNO À MARCUSE Felipe Serafim Vieira (Graduando pela UFPR) felipesfvieira@gmail.com No presente artigo serão colocados sob perspectiva aspectos responsáveis pela fabricação do nosso tempo, no período conhecido 49 como capitalismo tardio, sob o seu traço mais marcante (em chave de leitura marxista), qual seja, o seu modo de produção. Posterior a esse diagnóstico inicial será feita uma tentativa de desdobrar a questão de como a gestão do tempo foi alterada com a popularização dos jogos eletrônicos em escala global e, aliado a isso, como a lógica da gameficação desdobrou-se como regimentadora de atividades onde os videogames não estão necessariamente envolvidos. Deste modo as questões a serem respondidas serão: como tal modo de produção influência a maneira com a qual preenchemos o período fora do trabalho? Quais as consequências dessa influência quando revestida sob o signo da gameficação? Será lançado um olhar, primeiramente, sobre o tratamento que Theodor Adorno concede à problemática do Tempo Livre, trabalhada em texto homônimo, que busca diferenciar dialeticamente o conteúdo desse tempo de outras atividades elencadas pelo autor e, por fim, como o conceito de Indústria Cultural é relevante no interior do tema; em seguida será vista como Herbert Marcuse, em sua obra Eros e Civilização, se vale de considerações à cerca do que ele chamará de “tempo de lazer” e quais suas aproximações e distanciamentos em relação ao seu colega frankfurtiano. O desenvolvimento proposto se encaixa sob o seguinte argumento: enquanto o que se desenvolve durante o tempo de trabalho é uma produtividade alienada desprovida de prazer, resta ao tempo livre um prazer desprovido de produtividade. A novidade implicada pela gameficação é que agora se tem um prazer ativo com ilusão de produção. O tempo de trabalho, marcado pela exploração do indivíduo, que tem sua libido expropriada e vertida em força de trabalho, submete os indivíduos à uma falta de capacidade de percepção real sobre sua própria condição de explorado. Nesse sentido a gameficação seria um tipo de lógica gestada pelos moldes da indústria cultural na direção de encobrimento do sofrimento dos indivíduos, tendo em vista que estariam se entretendo ao mesmo 50 tempo em que praticam atividades que não são necessariamente ligadas ao ganho de prazer. TOTALIDADE E ANTAGONISMO: ADORNO, LEITOR DE NEUMANN Gabriel Kugnharski (Mestrando pela USP) gabrielkugnharski@hotmail.com O intuito desse trabalho é investigar a relação entre as noções de totalidade e antagonismo na obra tardia de Theodor W. Adorno, sobretudo na Dialética Negativa, de 1966. Pretendemos mostrar que a dialética negativa de Adorno opera com um conceito de totalidade que é inseparável de uma noção de antagonismo, tanto em termos lógicos quanto sociais, e que, consequentemente, o diagnóstico de tempo proposto por Adorno nas décadas de 1950 e 1960 está ancorado em noções como as de “antagonismo”, “contradição” e “totalidade antagônica”, noções estas que afastam este diagnóstico daquele proposto por Friedrich Pollock em 1941 em torno do conceito de “capitalismo de Estado”. Para Pollock, a transformação estrutural do capitalismo no século XX apontaria para um sistema estável e coeso, pois as contradições teriam sido atenuadas pelo planejamento central e as questões econômicas teriam sido substituídas por questões administrativas. Contrariamente ao diagnóstico de Pollock, Franz Neumann afirma em 1942 que os antagonismos do capitalismo não desaparecem após a transição para o chamado “capitalismo de Estado”, e que uma variante do capitalismo protegida de qualquer crise é inconcebível. De acordo com a maioria dos comentadores, tais como Helmut Dubiel e Albrecht Wellmer, entre estes dois diagnósticos, o de Pollock seria aquele que mais influenciou Adorno, 51 tanto na Dialética do esclarecimento (1947), escrita conjuntamente com Horkheimer, quanto em suas obras tardias da década de 1950 e 1960. Pretendemos mostrar, contudo, que Adorno não aceita inteiramente o diagnóstico de Pollock de uma economia estabilizada e de uma dominação puramente política, e insiste na persistência da dominação por parte do processo econômico e de uma sociedade repleta de antagonismos, o que confirmaria em alguma medida a influência do diagnóstico de Neumann sobre o pensamento adorniano tardio. CONCEITO DE EXPERIÊNCIA: A CHAVE PARA UMA MELHOR COMPREENSÃO DAS TESES SOBRE O CONCEITO DE HISTÓRIA EM WALTER BENJAMIN Bárbara Kathleen Nascimento Canto (Mestranda pela UFPR) barbynascimento@gmail.com O conceito de experiência é um tema que perpassa toda a obra benjaminiana, é possível encontra-lo em textos que datam da década de 1920; porém ele só veio a ser realmente desenvolvido em um artigo no ano de 1933, para uma revista de Praga, Die Welt im Wort. O título, Experiência e Pobreza, já prenuncia do que se trata o artigo. Nele Benjamin relata a importância da experiência para o desenvolvimento das relações interpessoais, dizendo que é por meio do relato de experiências que conhecimentos se intercambiam e promovem o crescimento pessoal e comunitário de determinados lugares. Tal riqueza, porém, se vê ameaçada por fatores externos que dificultarão ou mesmo impossibilitarão que tal troca de conhecimentos possa continuar existindo. 52 Esse artigo é considerado sendo de um momento mais maduro de sua filosofia, e por isso ele sintetizaria de maneira bastante clara a função desse conceito no decorrer de sua obra. E foi por isso que nos propusemos uma leitura das Teses Sobre Conceito de História à luz desse conceito, pois entendemos que seja possível ter uma compreensão singular desta obra se sobre ela lançarmos este expediente; o que de certo, enriquecerá o debate a respeito deste tema. Todos os conceitos encontrados na obra deste filósofo estão em relação uns com os outros de modo que, dificilmente pode-se falar de um sem remeter-se a algum outro, sendo assim, trataremos de conceitos que se encontram muito alinhados no corpo de compreensão que propomos, e que nos auxiliarão no desenvolvimento do texto. São eles: Tradição e Narração. Faremos também uma breve contextualização da situação política no momento da redação das Teses e os motivos que levaramBenjamin a unir duas correntes de pensamento aparentemente inconciliáveis, Materialismo Histórico e Messianismo. 53 MESA 8 - FILOSOFIA ANTIGA O CRITÉRIO DOS OPOSTOS E A TRIPARTIÇÃO DA ALMA NO LIVRO IV DA REPÚBLICA DE PLATÃO Leonardo Iorio Cattaneo (Mestrando pela UFPR) leo_hmpr@hotmail.com O objetivo deste trabalho é tratar do princípio dos opostos e do modo como ele possibilita uma distinção entre os três elementos presentes na alma humana, segundo o Livro IV da República, nos passos 435a–445e. Em 435b–c, Sócrates e Gláuco constatam que a ação conjunta das virtudes da pólis de homens de bem, advindas das três classes de cidadãos (a moderação provém dos artesãos, a coragem dos guardiões e a sabedoria dos governantes), produz a justiça no estado, que se assemelha à justiça do indivíduo, e que, por isso, o homem também deve possuir essas mesmas virtudes. Para findar a discussão do Livro IV, resta, então, estudar qual é a procedência dessas virtudes na alma do homem, se elas são produzidas por três elementos distintos ou pela alma como um todo. Sócrates propõe um critério capaz de ajudar nessa investigação: o critério dos opostos. Após apresentar algumas provas desse critério, se buscará compreender, com base nele, de que modo a alma pode, ao mesmo tempo e com relação a um mesmo objeto, querê-lo e não desejá-lo, almejá-lo e rejeitá-lo, isto é, como é possível que ela realize ou sofra coisas contrárias, ao mesmo tempo e com relação a mesma coisa. A resposta a essa questão é que a alma realiza tais coisas por meio de três diferentes elementos ou naturezas: o elemento desiderativo ou concupiscente, o irascível e o racional. A explicação de Sócrates sobre o que é cada uma dessas naturezas e qual é o modo pelo qual elas agem, não só 54 irá dirimir as dúvidas sobre como a alma é capaz de produzir ou sofrer coisas contrárias ao mesmo tempo e com relação ao mesmo objeto, como também esclarecerá o que é a justiça e a injustiça na alma, assim como elucidará o modo pelo qual elas vêm a ser. A justiça consistirá, então, em uma harmonia entre os três elementos da alma, na qual cada uma das naturezas exercerá sua virtude própria. Já a injustiça será o resultado de um desarranjo dessa harmonia, isto é, quando cada uma das partes da alma deixa de realizar a tarefa que lhe diz respeito. SOBRE A LEITURA DE BARBARA CASSIN DO TRATADO ANÔNIMO "DE MELISSO, XENÓFANES E GÓRGIAS" Arion Keller (Graduando pela PUCPR) arionkeller@hotmail.com A presente comunicação tem como tema principal a investigação acerca de uma possível cadeia conceitual existente entre a proposta ontológica no ""Poema"" de Parmênides, até sua total subversão com o ""Tratado do não-ser"" de Górgias. Para essa investigação, serão trabalhados alguns fragmentos da obra ""Se Parmênides"" (1980) de Barbara Cassin na qual é realizada a análise de um tratado anônimo denominado ""De Melisso, Xenófanes e Górgias"". Para tal, em primeiro lugar será abordada a principal tese de Parmênides, que consiste nos três princípios fundamentais do ente parmenidiano: identidade, não-contradição e terceiro excluído. Em seguida, acompanhando a leitura de Cassin, o foco é voltado para os conceitos fundamentais de Melisso e Xenófanes que cometem um ""parricídio"" involuntário e possibilitam o ""nascimento"" do discurso sofístico de Górgias. Melisso, ao tentar aprimorar a tese de Parmênides, acrescenta a noção de ""algo"" à teoria do ente 55 parmenidiano, gerando algumas complicações lógicas. Xenófanes, ao tentar fazer um trabalho parecido, acrescenta a noção de um ""Deus"" neutro, e não diferente da tese de Melisso, também causas alguns conflitos lógicos internos. Por fim, o foco se volta então a Górgias, que ao utilizar de uma ""técnica de ponta"" - a sofística - entendida como condição inerente à linguagem, percebe as pequenas minúcias e falhas nos dois teóricos anteriores, e implode a teoria de Parmênides com suas teses do não-ser. O ALCANCE DA DEMONSTRAÇÃO ELÊNTICA DO PRINCÍPIO DE NÃO-CONTRADIÇÃO Rafael José da Silva (Graduando pela UFSCar) rafael-j.s@hotmail.com A argumentação elêntica do Princípio de Não-Contradição (PNC) visa demonstrar a impossibilidade do objetor transgredir em palavra, isto é, no plano discursivo, o princípio que se constitui como axioma da ciência que investiga o ser enquanto ser. Desse modo, o âmbito semântico no qual se desenvolve a demonstração indireta, segundo alguns intérpretes, permite tão somente considerar que Aristóteles prova a validade do PNC como condição de possibilidade do discurso, não apontando nada concernente à realidade. Contrariamente a isso, pretendemos defender que o argumento por refutação não apenas impõe o PNC como condição da significação, mas também que há uma harmonia entre sentido do discurso e a coerência do mundo. 56 A ALEGORIA DA CAVERNA SOB O PONTO DE VISTA DO CONHECIMENTO Tiago Zúchi (Mestrando pela UFPR) tiagozuchi@yahoo.com.br A comunicação fará uma abordagem da Alegoria da Caverna em A República de Platão sob o de vista do conhecimento. Costumeiramente, tal Alegoria é interpretada sob o crivo da Educação ou da Política. Todavia, a Comunicação que me proponho levará em conta a Teoria do Conhecimento (ou Gnosiologia) que a perpassa, considerando a mais cara das teorias de Platão: a Teoria das Ideias. Seguindo este intento, evidenciar-se-á que a Alegoria da Caverna trata da passagem do Mundo das Sombras ao Mundo das Ideias (ou Formas) como sendo o verdadeiro caminho ao conhecimento. Assim, o percurso que ocorre do interior da caverna para fora dela, releva consigo as várias etapas do conhecimento. Isto ocorre pelo fato de que ela admite a Teoria da Ideias, cuja centralidade se encontra na pressuposição dos dois mundos platônicos: o Mundo Sensível e o Mundo Inteligível. O Sensível é representado pela caverna, enquanto que o Inteligível, pela sua exterioridade. Os dois locais ontológicos representam o reino da opinião (dóxa) e o da ciência (epistéme), respectivamente. Neste sentido, a caverna é o local em que, condicionados pelo lusco-fusco dela, acredita-se que as sombras são a única e verdadeira realidade. Todos os aspectos contidos na Alegoria exercem, cada um a seu modo, correlação à onto-gnosiologia platônica. Sob este ponto de vista, será defendida a dialética como sendo o único caminho capaz de levar ao conhecimento; vislumbrando-se, por conseguinte, uma correspondência entre libertação e dialética. Deste modo, a Alegoria apresenta a dialética como sendo um movimento ascendente no que se refere à libertação do nosso olhar da cegueira 57 à luz e descendente no que concerne ao retorno à caverna. Em termos gerais, será visto que a Alegoria da Caverna, comportando tanto o Mundo Sensível quanto o Mundo Inteligível em uma típica explicação platônica facilitada da Teoria das Ideias aos atenienses de sabedoria camponesa. 58 MESA 9 - FOUCAULT, DELEUZE 2 BREVES CONSIDERAÇÕES ACERCA DA OBRA DE 1985 DE ERNESTO LACLAU E CHANTAL MOUFFE Camila Batista (Mestranda pela PUCPR) O objetivo deste trabalho é apresentar alguns conceitos relacionados à obra Hegemonia e Estratégia Socialista (2015), publicada por Ernesto Laclau (1935-2014) em parceria com Chantal Mouffe em 1985. O texto pontua a importância dos acontecimentos políticos que marcam a possibilidade emancipatória insurgente, através da expansão da conflitividade; essa insurgência se deve a um excesso de social, algo que é exterior ao processo o que era pensado como uma estrutura “racional e organizada da sociedade”. Tal concepção é retirada de uma análise da forma “clássica” da esquerda proveniente da herança marxista, a qual não é condizente com essas ações sociais, ao menos não no que diz respeito ao processo como tal esquerda supôs ser o meio através do qual o proletariado – agente único de mudança histórica – encontraria
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