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Aula 01: Processamento Digital de Sinais Prof. Tárcio Oeiras Guedes Especialista em Metodologia do Ensino de Matemática e Física Licenciado em Física E-mail: tarcio@meta.edu.br TEMA 1 – INTRODUÇÃO AO PROCESSAMENTO DE SINAIS • Sinais analógicos são sinais contínuos que variam no tempo enquanto um sinal digital é uma sequência descontínua (discreta) no tempo e na amplitude. O sinal analógico pode ser medido em qualquer instante de tempo enquanto o sinal digital só está definido para determinados instantes de tempo. Segundo alguns pesquisadores, a natureza é analógica. Os sinais que nossos sentidos entendem são analógicos, luz, temperatura, som, pressão, tração, compressão, etc.; são todos sinais contínuos no tempo. Mas cada sinal tem características diferentes e podem ser captados por diferentes tipos de sensores (KINGET, 2014). Por outro lado, outros pesquisadores afirmam que a natureza não é nem analógica nem digital. A física moderna afirma que a natureza se comporta de acordo com as regras da Mecânica Quântica que diz que todas as formas de energia se comportam como se fossem quantizadas (só existem em níveis determinados de energia). Sinais analógicos e digitais são uma representação matemática da realidade, muito úteis quando queremos processar informação. Qualquer sinal real terá características tanto analógicas quanto digitais (LESURF). Somos cada vez mais homo digitalis, misturando a natureza biológica individual com o aparato tecnológico (GABRIEL, 2014). 1.1 Princípios de processamento de sinais Um sinal pode ser definido como uma função que transmite informação geralmente acerca do comportamento de um sistema físico. Estes sinais apresentam padrões de variação que podem ser representados como variáveis no tempo e no espaço. Por exemplo sinais sonoros representam a variação da pressão do ar em função do tempo. Por outra parte, imagens são representações de variações de brilho e cor em duas dimensões e vídeo são imagens variando no tempo. E assim por diante cada sinal é a representação de um determinado parâmetro físico em função de alguma variável independente (tempo, espaço, distância, temperatura, etc.). Alguns sinais são periódicos e outros não. Sinal periódico é aquele sinal que tem um ciclo determinado e se repete após completar esse ciclo. Um sinal não periódico não se repete. Porem qualquer tipo de sinal pode ser estudado por meio de análise espectral. Todo sinal contínuo pode ser representado pela somatória de n componentes senoidais (harmônicas) que compõem o espectro em frequência do mesmo. Cada sinal analógico te característico, e se o equipamento usado para o processar não cobrir todo esse espectro, estará eliminando informação. Todo tipo de sinal é passível de ser processado com alguma finalidade. Geralmente os sinais captados pelos sensores tem amplitude muito pequena e contêm sinais indesejados (ruído) que devem ser eliminados. O processamento básico inicial desses sinais consiste em amplificação para aumentar a amplitude dos mesmos, e filtragem para eliminar as componentes indesejadas (ruído) que não fazem parte do sinal original. m um espectro de frequência. O vídeo do link a seguir mostra a composição de um sinal a partir das suas harmônicas. Fourier Transform, Fourier Series and frequency spectrum (KHUTORYANSKY, 2015) Para que exista comunicação entre seres humanos (natureza) e processadores (computadores) é necessário que as variações de determinados parâmetros sejam convertidas em sinais elétricos para processamento dos mesmos. Sensores são transdutores que transformam qualquer tipo de sinal (inclusive elétricos) em sinais elétricos de tensão ou de corrente. Existem inúmeros tipos de sensores para todos os tipos de parâmetros mensuráveis. Cada sinal tem características inerentes a sua natureza e cada um dos sensores têm características específicas. Tanto as características do sinal quanto as do sensor devem ser respeitadas pelo equipamento que vai receber e processar o mesmo. Figura 1: Sinal de eletrocardiograma em Derivação I: (a) Sinal original. (b) Sinal após filtragem de ruído. O processamento de sinais tem por objetivo condicionar o sinal e extrair a informação necessária para que o sistema realize determinadas funções o detecte determinados parâmetros. Por exemplo, um equalizador de áudio analógico ou digital tem como finalidade realçar determinadas faixas de frequência. Em outros casos, como o eletrocardiograma (ECG) da Figura 1, o primeiro processamento deve ser filtragem do sinal para tirar as componentes de ruído de alta frequência. Estes e todos os processos envolvendo sinais requerem tratamento analógico e digital dos sinais entregues pelos sensores. A Figura 2 mostra um diagrama de blocos de um sistema de processamento de sinais onde o sistema físico representa o sistema ou objeto que vai gerar um sinal qualquer e o atuador é o sistema ou objeto que vai efetuar a ação necessária (ALBUQUERQUE, 2000). Para entender melhor o diagrama de blocos da Figura 2 vamos ver um exemplo. Imaginemos um cantor cantando para uma plateia usando um microfone. Neste caso o sistema físico é o cantor emitindo um sinal sonoro (voz). O dispositivo sensor neste caso é o microfone. Como o sinal na entrada do sistema tem baixa amplitude o ruído externo interfere tanto na entrada do microfone que vai pegar vários sinais, não somente a voz do cantor, quanto na entrada do sistema de áudio, neste caso o ruído elétrico. Assim se faz necessária uma filtragem e amplificação desse sinal (tratamento do sinal) para tirar os ruídos indesejados e aumentar a amplitude do mesmo. O processamento da informação neste caso consiste em amplificação e aprimoramento do sinal enviado pelo microfone, em determinados casos se usa algum tipo de distorção dependendo do tipo de música que a pessoa está cantando. Finalmente, o atuador é a caixa de som que vai emitir o som da voz do cantor para a plateia que está ouvindo. Para que isto seja possível, o projetista do sistema de som tem que conhecer perfeitamente o sinal de áudio. Figura 2: Diagrama de blocos de um sistema de processamento de sinais. 1.2 Processamento Digital de Sinais Na atualidade praticamente todos os tipos de sinais passam por processamentos analógicos e digitais. Como os sinais são originalmente analógicos antes do processamento digital, eles devem passar por um processamento analógico. Este processamento analógico inicial implica principalmente em amplificação e filtragem. Para transformar um sinal analógico em digital devem ser seguidos os seguintes passos: • Amostragem • Retenção • Quantização • Codificação • A Figura 3 mostra o passo a passo do processo de digitalização de um sinal. Figura 3: Processo de conversão de um sinal analógico para um sinal digital. Sinais analógicos: • Sinais analógicos são sinais de amplitude contínua em tempo contínuo, por exemplo temperatura, som, pressão, etc. São todos os sinais representados por funções variáveis contínuas. Sinal amostrado: • O primeiro passo para transformar um sinal analógico em digital é a amostragem. Este processo é chamado de amostragem, seguido pela retenção. Amostragem consiste em pegar uma amostra de sinal em intervalos de tempo determinados (abrir uma janela de amostragem). No período que a janela está fechada (retenção), o sistema aproveita para realizar os passos seguintes da digitalização (quantização e codificação). Um sinal amostrado tem amplitude contínua em tempo discreto. Sinal quantizado: • O processo de quantização consiste em atribuir valores discretos a sinais cuja amplitude varia entre certos valores. Ou seja, o não existem níveis permitidos entre dois níveis determinados do sistema. O sinal quantizado é um sinal em tempo continuo com amplitudes discretas. Sinais digitais: • A cada um dos níveis quânticos é atribuído um código equivalente a um número digital (binário). Este processo é chamado de codificação. O sinal digital é uma sequência de númerose pode ser definido como um sinal de amplitude discreta e tempo discreto (OPPENHEIM e SCHAFER, 1975). A Figura 4 mostra o diagrama de blocos do procedimento completo de processamento digital e apresentação de um sinal qualquer. Figura 4: Procedimento completo de processamento digital e apresentação de um sinal qualquer. Filtro anti-aliasing: é um filtro passa baixas analógico que atenua ruídos de alta frequência. Como o critério de Nyquist determina que a frequência de amostragem deve ser pelo menos o dobro da componente de máxima frequência de interesse do sinal. A função dele é evitar que ruídos de alta frequência sejam digitalizados também. • CAD (ADC – Analog to Digital Converter): conversor analógico digital que transforma sinais analógicos em digitais. • DSP (Digital Signal Processor): processador digital de sinais, encarregado do processamento do sinal digital. • CDA (DAC - Digital to Analog Converter): conversor digital analógico encarregado de transformar o sinal digital em analógico. • Filtro anti-imaging: é outro filtro passa baixas encarregado de suavizar o aspecto escalonado do sinal entregue pelo conversor D/A. Referências • ALBUQUERQUE, M. P. D. Processamento de Sinais. Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, 2000. Disponivel em: <www.cbpf.br/cat/pdsi/pps/AulaDeMotivacao.pps>. • GABRIEL, M. Cérebro analógico, cérebro digital. Revista Galileu, 2014. Disponivel em: <http://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2014/10/cerebroanalogico-cerebro-digital.html>. • KHUTORYANSKY,. Fourier Transform, Fourier Series, and frequency spectrum. Youtube, 2015. Disponivel em: <https://www.youtube.com/watch?v=r18Gi8lSkfM>. • KINGET, P. The World Is Analog. Circuit Cellar, 2014. Disponivel em: <http://circuitcellar.com/tech-the- future/kinget-the-world-is-analog/>. • KONNY. Digital Signal Processing - Convolution. Youtube, 2013. Disponivel em: <https://www.youtube.com/watch?v=n59p3KNLYUQ>. • LESURF, J. Analog or Digital? University of St. Andrews. Disponivel em: <https://www.standrews.ac.uk/~www_pa/Scots_Guide/iandm/part12/page1.html>. Acesso em: 2016. • OPPENHEIM, A. V.; SCHAFER, R. W. Digital Signal Processing. New Jersey: Prentice-Hall, 1975. • OPPENHEIM, A. V.; SCHAFER, R. W. Processamento em Tempo Discreto de Sinais. 3. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. • SELL, B. EQ an Acoustic Guitar. Youtube, 2013. Disponivel em: <https://www.youtube.com/watch?v=pP5pH6thA0w>. • ZURRO, V. R.; STELLE, Á. L.; NADAL, J. Detection of Atrial Persistent Rhythm Based on P-wave Recognition and RR Interval Variability. IEEE - Computers in Cardiology. Viena: IEEE. 1995. p. 4. • ZURRO, V. R.; STELLE, L.; NADAL, J. Detecção Automática de ondas P Sinusais do Eletrocardiograma. RBE - Caderno de Engenharia Biomédica, Rio de Janeiro, 1997.
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