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Direito Civil VII - I e II Unidade

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I UNIDADE – DO CASAMENTO.
                                           	 	
1. Pressupostos de existência: 
a. Consentimento;
b. * Diversidade de sexo * (Resolução 175, do CNJ);
c. Solenidade.
2. Capacidade: art. 1517, do CC: O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.
       a) Suprimento judicial da autorização parental: art. 1519, do CC.
A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz.
       b) Suprimento judicial da idade núbil: art. 1520, do CC.
Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (16 anos), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.
 
3. Impedimentos: art. 1521, do CC: Não podem casar:
                    	        	
       a) Causas:
· De ordem biológica;
Os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau.
· De ordem moral.
Os afins em linha reta; o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; o adotado com o filho do adotante; as pessoas casadas; o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte
        	        
4. Causas suspensivas: art. 1523, do CC: Não devem casar
                    	       	        
 a) Causas:
· Confusão patrimonial;
O viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
OBS.: É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos casos acima, se provada a inexistência de prejuízo para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada.
· Confusão sanguínea.
A viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos casos acima, se provado o nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.
● As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam também consanguíneos ou afins.
5. Da celebração do casamento.
        	a) Publicidade da celebração: art. 1534, do CC.
A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular.
Obs.: Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o ato. Quando assim for celebrado ou se algum dos contraentes não souber ou não puder escrever, serão quatro as testemunhas.
        	b) Forma e consentimento na celebração: art. 1535, do CC.
O casamento será celebrado no dia, hora e lugar previamente designados pela autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mostrem livres de impedimento com a certidão de habilitação.
        	c) Formas excepcionais do casamento.
· Casamento em caso de moléstia grave: art. 1539, do CC.
No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever. A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato. O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado.
· Casamento nuncupativo: arts. 1540 e 1541, do CC.
Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado pelos próprios nubentes, sem a exigência de habilitação ou autoridade que presida o ato, na presença de seis testemunhas, com quem os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau.
Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de que foram convocadas por parte do enfermo; que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo; que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher.
· Casamento por procuração: art. 1542, do CC.
O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público, com poderes especiais. No casamento por procuração, os outorgados devem estar investidos de poderes específicos e entre estes necessariamente as identidades do outorgante e da pessoa com quem se casará.
6. Das provas do casamento.
        	a) Certidão de registro: prova pré-constituída do casamento (art. 1543, do CC).
O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do registro, sendo que justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível qualquer outra espécie de prova.
        	b) A “posse do estado de casados”: meio subsidiário de prova do casamento (arts.1545 e 1547/CC). O CC. admite uma prova indireta, a posse do estado de casados, que nada mais é do que a situação de duas pessoas que sempre se comportaram, privada e publicamente como marido e mulher e que, para a comunidade, se encontram no gozo recíproco da situação de esposos. Nos casos de prova por estado de casados.
Art. 1.547. Na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias, julgar-se-á pelo casamento, se os cônjuges, cujo casamento se impugna, viverem ou tiverem vivido na posse do estado de casados.
7. Da invalidade do casamento.
            a) Tipos de invalidade do casamento: nulidade e anulabilidade.
            b) Invalidade e casamento putativo: art. 1561, do CC.
Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória. Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão. Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão.
            c) Casamento nulo.
· Rol legal: art. 1548, do CC.
É nulo o casamento contraído por infringência de impedimento.
· Legitimação: art. 1549, do CC.
A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo antecedente, pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público.
d) Casamento anulável.
· Rol legal: art. 1550, do CC.
De quem não completou a idade mínima para casar; do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal; por vício da vontade que derive de erro essencial quanto à pessoa, moral e conduta do outro; do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; por incompetência da autoridade celebrante; em virtude de coação, quando o consentimento de um ou de ambos os cônjuges houver sido captado mediante fundado temor de mal considerável e iminente contra si ou seus familiares.
· Legitimação: arts. 1552, 1555 e1559, do CC.
A anulação do casamento dos menores de dezesseis anos será requerida pelo próprio cônjuge menor; por seus representantes legais; por seus ascendentes.
· Prazo para anulação: arts. 1555 e 1560, do CC.
O casamento do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal, só poderá ser anulado se a ação for proposta em cento e oitenta dias do dia em que cessou a incapacidade. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da data da celebração, é de cento e oitenta dias, no caso de consentimento inequívoco; dois anos se a autoridade celebrante fosse incompetente; três anos, nos casos de erro essencial sobre a pessoa do outro; quatro anos, se houver coação.
 
8. Da eficácia do casamento.
            a) Princípio da isonomia entre os cônjuges: art. 1565, do CC.
São deveres de ambos os cônjuges
                                                           
            b) Deveres dos cônjuges (art. 1566, do CC):        
· Fidelidade recíproca;
· Coabitação;
· Assistência recíproca;
· Amparo aos filhos;
· Respeito recíproco.
 
 
9. Da dissolução da sociedade conjugal e do vínculo conjugal.
Art. 1.571. A sociedade conjugal termina:
 
· Morte/ausência (art. 1571, I c/c art. 1571, § 1º, do CC);
Pela morte de um dos cônjuges. O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente.
· Invalidade (art. 1571, II, do CC);
· Separação (art. 1571, III, do CC);
· Divórcio (art. 1571, IV, do CC).
 
 
10. Da separação e do divórcio. 
 
a) O rompimento inter vivos do casamento válido: escorço histórico.
 
b) Situando o papel da culpa na separação/divórcio após a Emenda Constitucional n°. 66/2010.
· O art. 1578, do CC.
O cônjuge declarado culpado na ação de separação judicial perde o direito de usar o sobrenome do outro, desde que expressamente requerido pelo cônjuge inocente e se a alteração não acarretar evidente prejuízo para a sua identificação; manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da união dissolvida ou dano grave reconhecido na decisão judicial.
O cônjuge inocente na ação de separação judicial poderá renunciar, a qualquer momento, ao direito de usar o sobrenome do outro. Nos demais casos caberá a opção pela conservação do nome de casado.
 
c) Espécies de divórcio.
· Divórcio-conversão (art. 1580, caput, do CC) e divórcio direto (art. 226, §6°, da CF).
Decorrido um ano do trânsito em julgado da sentença que houver decretado a separação judicial, ou da decisão concessiva da medida cautelar de separação de corpos, qualquer das partes poderá requerer sua conversão em divórcio. A conversão em divórcio da separação judicial dos cônjuges será decretada por sentença, da qual não constará referência à causa que a determinou. 
O divórcio poderá ser requerido, por um ou por ambos os cônjuges, no caso de comprovada separação de fato por mais de dois anos.
· Divórcio judicial e divórcio extrajudicial (art. 733, do CPC).
O divórcio consensual, a separação consensual e a extinção consensual de união estável, não havendo nascituro ou filhos incapazes e observados os requisitos legais, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições: relativas à descrição e à partilha dos bens comuns; à pensão alimentícia entre os cônjuges; o acordo relativo a guarda dos filhos incapazes e ao regime de visitas; e o valor da contribuição para criar e educar os filhos.
A escritura não depende de homologação judicial e constitui título hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância depositada em instituições financeiras. O tabelião somente lavrará a escritura se os interessados estiverem assistidos por advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.
 
. 11. Da proteção da pessoa dos filhos: Art. 1.583 -O divórcio e o instituto da guarda.
                          
            a) Espécies de guarda: unilateral e compartilhada
                                                     
            b) Guarda unilateral.
· Noção: art. 1583, § 1º, do CC.
Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua. A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte legítima para solicitar informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física e psicológica e a educação de seus filhos.
.
· Deferimento da guarda e o princípio da proteção dos interesses do menor: art. 1584, II, do CC.
A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas do filho, ou em razão da distribuição de tempo necessário ao convívio deste com o pai e com a mãe.
· Direito de visita dos avós: art. 1.589, parágrafo único, do CC.
O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e educação. O direito de visita estende-se a qualquer dos avós, a critério do juiz, observados os interesses da criança ou do adolescente.
 
c) Guarda compartilhada.
Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai; a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que melhor atender as condições fáticas e o interesse dos filhos.
 
d) Excepcionalidade do deferimento da guarda a terceiros: art. 1584, §5º, do CC.
Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou da mãe, deferirá a guarda a pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida, considerados, de preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e afetividade.
II Unidade
- DAS RELAÇÕES DE PARENTESCO.
 1. Da filiação.
a) Relevância jurídica da relação de parentalidade: desenvolvimento da personalidade e realização pessoal do filho.
b) Espécies de filiação  
· Biológica;
· Socioafetiva;
· Civil.
 c) Filiação biológica.
· Filiação e casamento: presunção legal de paternidade: art. 1597, do CC.
Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal; nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento; havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido; havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga; havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido.
· Contestação à presunção de paternidade: ação negatória de paternidade.
Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ação imprescritível. Contestada a filiação, os herdeiros do impugnante têm direito de prosseguir na ação.        	
d) Filiação socioafetiva.
Considera-se filiação socioafetiva aquela que não advêm do vinculo biológico, mas sim do vínculo afetivo. Possuir o estado de filho significa passar a ser tratado como se filho fosse, inclusive perante a sociedade. Decorre do ato de vontade, respeito recíproco e o amor construído ao longo do tempo, dia após dia, com base no afeto, independentemente de vínculo sanguíneo
· A desbiologização das relações parentais e a relevância jurídica do papel do afeto para o reconhecimento da filiação.
· A mitigação da verdade biológica nas relações familiares.
· Filiação socioafetiva e direito à identidade genética.
 
e) Prova da filiação.
● Valor jurídico do registro de nascimento: art. 1603, do CC.
A filiação prova-se pela certidão do termo de nascimento registrada no Registro Civil.
● Ação de impugnação da paternidade: art. 1604, do CC
Ninguém pode vindicarestado contrário ao que resulta do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro
● Outros meios probantes da filiação: art. 1605, do CC.
Na falta, ou defeito, do termo de nascimento, poderá provar-se a filiação por qualquer modo admissível em direito: quando houver começo de prova por escrito, proveniente dos pais, conjunta ou separadamente ou quando existirem veementes presunções resultantes de fatos já certos. 
2. Do reconhecimento dos filhos.                                                              	
 - Espécies de reconhecimento:
        	b) Reconhecimento voluntário.
· Formas de reconhecimento: Art. 1609, do CC;
O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito no registro do nascimento; por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório; por testamento, ainda que incidentalmente manifestado; por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato que o contém.
· Necessidade do consentimento do filho reconhecido: art. 1614, do CC.
O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento, e o menor pode impugnar o reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem à maioridade, ou à emancipação.
· Reconhecimento do nascituro e reconhecimento de filho falecido: art. 1609, parágrafo único, do CC.
O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito no registro do nascimento; O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele deixar descendentes.
c) Reconhecimento forçado.
· Instrumento processual: ação de investigação de paternidade (art. 1616, do CC).
A sentença que julgar procedente a ação de investigação produzirá os mesmos efeitos do reconhecimento; mas poderá ordenar que o filho se crie e eduque fora da companhia dos pais ou daquele que lhe contestou essa qualidade
3. Da adoção
a) Noção: Estabelecimento de parentesco civil
A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais. Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes.º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária.
 	b) Situação atual do instituto da adoção no direito brasileiro
- A unificação do tratamento jurídico do instituto da adoção de menores e de maiores de idade.
A adoção e o Princípio do Melhor Interesse da Criança e do Adolescente (art. 43, do ECA).
A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos
 c) Requisitos:
Idade mínima do adotante (art. 42, caput, do ECA)
A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos
Diferença de idade entre adotante e adotado (art.42, §3º, do ECA);
O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o adotando
Consentimento dos pais do adotando (art. 45, caput, do ECA);
A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando. O consentimento será dispensado em relação à criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar.
Consentimento do menor (art. 45, §2º, do ECA);
A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa da realização do estágio de convivência
Processo judicial (art. 47, do ECA).
O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão
d) Efeitos imediatos:
Modificação do registro civil do adotado (art. 47, do ECA);
O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão.
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, bem como o nome de seus ascendentes.
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o registro original do adotado. A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de sua residência. Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar nas certidões do registro.
Alteração do sobrenome do adotado (art. 47, §5º, do ECA);
	A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante
Possibilidade de alteração do nome do adotado (art. 47, §5º e 6º).
A pedido de qualquer uma das partes, poderá o juiz determinar a modificação do prenome. Caso a modificação de prenome seja requerida pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando,
 e) Adoção e vínculo com a família consanguínea:
Permanência do impedimento ao casamento: art. 41, do ECA;
Por uma questão de proteção biossocial e de prevenção do casamento dotado de colateralidade, desligam-se as relações entre os pais e a família biológica do adotado, exceto os impedimentos matrimoniais.
Direito à origem biológica do adotado: art. 48, do ECA;
O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. O acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica. 
Adoção por parentes: art. 42, §1º, do ECA.
Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando 
f) Adoção conjunta: art. 42, §2º, do ECA.
 Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família
g) Adoção post mortem: art. 42, §6º, do ECA.
A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença. 
h) Estágio de convivência: art. 46, do ECA.
 A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90 (noventa) dias, observadas a idade da criança ou adolescente e as peculiaridades do caso.
i) O Cadastro Nacional de Adoção: art. 50, do ECA.
A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção.
j) Adoção e programa de apadrinhamento: art. 19-B, do ECA
A criança e o adolescente em programa de acolhimento institucional ou familiar poderão participar de programa de apadrinhamento. O apadrinhamento consiste em estabelecer e proporcionar à criança e ao adolescente vínculos externos à instituição para fins de convivência familiar e comunitária e colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cognitivo, educacional e financeiro 
4. Do poder familiar. 
 	a) Noção: proteção dos interesses pessoais e patrimoniais do filho. 
 	b) Titularidade: Arts. 1631 a 1633, do CC.
Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo.
A separação judicial, o divórcio e a dissolução da união estável não alteram as relações entre pais e filhos senão quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de terem em sua companhia os segundos. O filho, não reconhecido pelo pai, fica sob poder familiar exclusivo da mãe; se a mãe não for conhecida ou capaz de exercê-lo, dar-se-á tutor ao menor
	c) Conteúdo:
Interesses pessoais (art. 1634, do CC);
Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos dirigir-lhes a criação e a educação; exercer a guarda unilateral ou compartilhada; conceder-lhesou negar-lhes consentimento para casarem; conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior; conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência permanente para outro Município; nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar; representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento; reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição.
Interesses patrimoniais: administração e usufruto dos bens do filho (art. 1689, do CC).
O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar são usufrutuários dos bens dos filhos; têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua autoridade. 
 	d) Anulabilidade dos atos exorbitantes da administração dos bens do filho: art. 1691, do CC.
Não podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos, nem contrair, em nome deles, obrigações que ultrapassem os limites da simples administração, salvo por necessidade ou evidente interesse da prole, mediante prévia autorização do juiz. Podem pleitear a declaração de nulidade destes atos os filhos; os herdeiros; o representante legal
 	e) Poder familiar e nomeação de curador especial: art. 1692, do CC.
Sempre que no exercício do poder familiar colidir o interesse dos pais com o do filho, a requerimento deste ou do Ministério Público o juiz lhe dará curador especial. 
 	f) Bens excluídos da administração e do usufruto dos pais: art. 1693, do CC.
Excluem-se do usufruto e da administração dos pais os bens adquiridos pelo filho havido fora do casamento, antes do reconhecimento; os valores auferidos pelo filho maior de dezesseis anos, no exercício de atividade profissional e os bens com tais recursos adquiridos; os bens deixados ou doados ao filho, sob a condição de não serem usufruídos, ou administrados, pelos pais; os bens que aos filhos couberem na herança, quando os pais forem excluídos da sucessão.
g) Supressão do poder familiar:
Suspensão (art. 1637, do CC);
Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão.
Perda (arts. 1635 e 1638, do CC).
Extingue-se o poder familiar pela morte dos pais ou do filho; pela emancipação; pela maioridade; pela adoção; por decisão judicial.
Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que castigar imoderadamente o filho; deixar o filho em abandono; praticar atos contrários à moral e aos bons costumes; incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente; entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção.
Perderá também por ato judicial o poder familiar aquele que: praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar:
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher;
b) estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão;
Praticar contra filho, filha ou outro descendente:
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher;
b) estupro, estupro de vulnerável ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão.
III – DA UNIÃO ESTÁVEL.
1. União estável – Conceito
A União Estável se concretiza como a união de duas pessoas, que não são legalmente casadas, com a finalidade de formar família. É a entidade familiar formada por um homem e uma mulher com vida em comum, por um período que revele estabilidade e vocação de permanência, com sinais claros, induvidosos de vida familiar e com uso comum ao patrimônio.
1.1. União estável e concubinato: distinções necessárias.
O CC/02 reconhece a União estável no Art. 1.723 e a define como: a relação não matrimonial entre duas pessoas (homem e mulher), de caráter público, contínuo e duradouro, com o objetivo de constituir família, também estabelece critérios de configuração e efeitos, com o intuito, inclusive, de fazer diferença entre relação concubinária e união estável.
Já o concubinato é teorizado como sendo o estabelecimento de relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar. Exclui-se da noção de concubinato a relação de pessoas separadas de fato e separadas judicialmente que, apesar de serem impedidas para novo casamento, podem estabelecer união estável, conforme previsão expressa em lei.
Então diante das determinações legais é possível afirmar que na união estável, os contratantes são pessoas livres ou, pelo menos um deles é separado de fato ou formalmente e podem se casar. Enquanto no concubinato há uma relação não eventual, pública ou não, que estejam impedidos de constituir matrimônio por uma das causas de impedimento do art. 1.521 do C/C.
2. Requisitos.
A união estável, diferentemente do casamento, não se instaura documentalmente, mediante celebração de negócio jurídico. A sua instituição efetiva-se na ordem dos fatos, mediante relações de vida. O vínculo jurídico se forma, lentamente, por acontecimentos envolvendo o casal. Portanto, para que esse vínculo se configure, há uma sistematização de requisitos caracterizadores da união estável na sociedade brasileira contemporânea. São eles:
a) Subjetivo: affetio maritalis.
O requisito subjetivo é caracterizado pelo “affetio maritalis” este sentimento consiste no ânimo de constituir família, isto é, que além do afeto (elemento componente de toda relação familiar), o propósito comum de formação de uma entidade familiar é a essência do instituto no novo sistema constitucionalizado, diferenciando uma união estável de uma relação informal e inconstante.
b) Objetivos:
· Diversidade de sexos;
A questão da dualidade de sexos como pressuposto da união estável é um marco e um período onde a caracterização de família deveria obrigatoriamente cumprir o estabelecido pela moral burguesa judaico-cristã que somente considerava como família a organização patriarcal (pai, mãe e filhos).
O requisito da diversidade dos sexos se manteve vigente por muito tempo seguindo a determinação do Código Civil de 2000 onde somente casais heteroafetivos poderiam constituir união estável. Até que em 2011 o STF julgou procedente a ADIn n.4.277 e a ADPF n. 132, sendo hoje possível o reconhecimento dessa união entre casais homoafetivos. A decisão se baseou principalmente nos princípios da isonomia, da dignidade da pessoa humana, da liberdade sexual e da busca pela felicidade.
· Estabilidade;
A estabilidade da união estável se mostra, em certo ponto, um tanto quanto redundante, já que, o próprio nome do instituto revela que o caráter primordial dele é a estabilidade da relação construída pelos membros da relação familiar. Assim, a exigibilidade dessa circunstância é intuída até mesmo do adjetivo “estável” que qualifica essa relação. Este elemento permite também diferenciar a união estável do fenômeno moderno da “ficada”.
· Continuidade;
Outro importante elemento caracterizador da união estável é o seu caráter contínuo. Relacionamentos fugazes, sem animus de permanência e definitividade, por mais intensos que sejam, não têm o condão de se converter em uma modalidade familiar. Este é um elemento que permite diferenciar, à primeira vista, a união estável de um mero namoro, ainda que se reconheça que há certosnamoros que são dotados de alguns dos elementos da união estável propriamente dita, mas a continuidade por si só não é capaz de caracterizar uma união estável.
· Publicidade;
A ideia de o casal ser reconhecido socialmente como uma família, em uma convivência pública, é fundamental para a demonstração da existência de uma união estável. Esse elemento atenta contra tal ideia a concepção de um relacionamento “clandestino” e permite diferenciar a união estável, por exemplo, de um “caso”, relacionamento amoroso com interesse predominantemente sexual.
· Relação monogâmica;
Em decorrência de sua equivalência com o casamento, a união estável herda algumas características e exigências advindas dele. A obrigatoriedade da relação monogâmica é um desses pressupostos ela é exigida nos relacionamentos em decorrência do princípio da monogamia que norteia o nosso ordenamento jurídico pátrio. Nesse sentido, não se admite a concomitância de relacionamentos, visto que tal possibilidade feriria o princípio monogâmico, e consequentemente, o dever de lealdade do casal, uma vez que mencionada conduta está marcada pela infidelidade.
· Inexistência de impedimentos matrimoniais;
O legislador brasileiro é categórico ao afirmar que a união estável não se constituirá caso concorram qualquer dos impedimentos constantes no art. 1.521, estão impedidos: os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; os afins em linha reta; o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; o adotado com o filho do adotante; as pessoas casadas; o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Mas, note-se que, de acordo com a ressalva constante na parte final do dispositivo, não configurará óbice ao reconhecimento da união estável o fato de um dos companheiros ainda estar oficialmente casado, desde que esteja separado de fato ou judicialmente. Quer-se com isso dizer que pessoas casadas, uma vez separadas de fato ou mediante sentença judicial, embora ainda impedidas de convolarem novas núpcias, já podem constituir união estável. 	 .
3. União estável e regime de bens: art. 1725, do CC.
No aspecto patrimonial, praticamente iguala-se a união estável ao casamento, por sujeitar-se, no que couber, ao regime da comunhão parcial de bens (art. 1.725 do NCC. Comunicam-se, portanto os aquestos, isto é, os bens adquiridos a título oneroso durante a convivência, salvo se havidos com produto de bens adquiridos anteriormente. A situação é similar ao disposto no art. 5º da Lei 9.278/96, embora aqui se fale em condomínio e não se apliquem outras regras relativas ao regime da comunhão parcial de bens. 
Entretanto, nada impede que os companheiros, através de um contrato escrito, disponham de forma diversa a prevista na lei quanto aos bens havidos durante a convivência e a sua administração, diferentemente do que ocorre com o pacto antenupcial no casamento civil, que exige sua formalização através de uma escritura pública.
 
4. União estável e contrato de convivência.
Por contrato de convivência na união estável a doutrina entende como sendo o instrumento pelo qual os sujeitos de uma união estável promovem regulamentações quanto aos reflexos da relação, que serão tratadas adiante quando analisado o conteúdo das disposições contratuais entre os conviventes. Sua finalidade se resume em tratar os assuntos pertinentes às relações patrimoniais entre as partes que vivem em união estável.
A previsão para realização deste contrato, estipulada no § 2º, do art. 5º da Lei nº 9.278/96, foi mantida pelo Código Civil de 2002, em seu artigo 1.725. Entretanto, cumpre ressaltar que a simples celebração de um contrato de convivência, não é suficiente para caracterização da união estável, e, assim, tem a sua eficácia condicionada a caracterização, pelas circunstâncias fáticas, da entidade familiar em razão do comportamento das partes. Vale dizer, a união estável apresenta-se como condicio juris ao pacto, de tal sorte que, se nela inexistir, a convenção não produz os efeitos nela projetados.
5. Conversão da união estável em casamento: art. 1726, do CC.
O tema referente à conversão da união estável em casamento é tratado no art. 1.726 do Código Civil, porém sem maior aprofundamento, não apresentando qualquer facilidade para esse procedimento. Esse instituto faculta aos conviventes formular junto ao oficial de Registro Civil da circunscrição de seu domicílio, requerimento nesse sentido, entretanto o referido artigo peca ao não estabelecer nenhuma forma de facilitação da conversão em casamento.
IV – DO REGIME DE BENS.
O regime de bens é o estatuto que disciplina os interesses econômicos, ativos e passivos, de um casamento, regulamentando as consequências em relação aos próprios nubentes e a terceiros, desde a celebração até a dissolução do casamento, em vida ou por morte. Dessa forma, considerando que a convivência familiar promove a união tanto de aspectos afetivos quanto econômicos, é indispensável que o casal escolha um regime de bens para administrar as questões patrimoniais da vida a dois, que passará a valer a partir do momento em que a celebração do casamento atinge seus objetivos.
O código civil coloca à disposição quatro modelos de regime: comunhão parcial, comunhão universal, separação convencional ou legal e participação final nos aquestos, sendo enumerados de forma exemplificativa. O código da liberdade aos cônjuges para mescla-los, podendo ainda convencionar regime de bens próprio.
1. Noções gerais.
 	a) Princípio da liberdade de escolha do regime de bens: art. 1639, do CC;
O artigo 1.639 do Código Civil estabelece que “é lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver”. Este dispositivo mostra de forma clara o respeito ao princípio da liberdade de escolha quanto ao regime de bens, embasado na ideia que os nubentes conhecem melhor que ninguém o regime que melhor regulará suas relações econômicas dentro do matrimonio.
 b) Princípio da mutabilidade mitigada do regime de bens: art. 1639, §2º, do CC;
O Código Civil prevê em seu artigo 1639, parágrafo 2º a faculdade da alteração do regime de bens na vigência do casamento impondo que para que o requerimento seja atendido, é exigido que o casal justifique o seu interesse, convencendo-se ainda o juiz de que não haverá prejuízo para terceiros. Na fórmula adotada o legislador conseguiu harmonizar os argumentos que pesavam a favor e contra a possibilidade de alteração do regime na constância do casamento. Podendo ouvir cada cônjuge ou companheiro separadamente, o juiz poderá certificar-se da espontaneidade das declarações, ou seja, da ausência de constrangimento entre os interessados.
Analisando detidamente esse dispositivo, chegamos a algumas importantes conclusões:
- a alteração do regime não pode se dar pela via administrativa, em cartório, exigindo, pois, a instauração de procedimento judicial;
- esse procedimento judicial será de jurisdição voluntária, uma vez que, sendo o pedido conjunto, não há lide, afigurando-se, assim, juridicamente impossível um pedido de mudança formulado em ação judicial proposta por um dos cônjuges em face do outro;
- o pedido conjunto deverá ser motivado, a fim de que a autoridade judiciária possa analisar a razoabilidade do pleito e dos fundamentos invocados;
- a mudança do regime de bens, que se dará por sentença, não poderá afrontar direitos de terceiros, razão por que é recomendável que o juiz determine a publicação de edital, imprimindo, assim, a mais ampla publicidade;
- o juízo competente, em nosso sentir, não deverá ser o da Vara de Registros Públicos, mas, sim, aquele com competência em Direito de Família, uma vez que a mudança fundamenta-se na situação matrimonial dos interessados.
c) Atos que demandam outorga uxória: art. 1647, do CC.
 Assim, a outorga uxória diz respeito a uma autorizaçãode um dos cônjuges para o outro efetivar a prática de atos específicos. Tais atos não teriam validade caso não fosse dado essa autorização, que busca evitar prejuízos.
O Código Civil determina que, a outorga uxória é necessária para o cumprimento desses atos: alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; prestar fiança ou aval; fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação.
· Suprimento judicial da outorga uxória: art. 1648, do CC.
Nos casos em que um dos cônjuges, por estar doente, por exemplo, não possa conceder o suprimento da outorga, em tal caso, desafiará um simples procedimento de jurisdição voluntária, instaurado pelo interessado. Mas, se a negativa da outorga se der por motivos injustificados ou injustificáveis, diante da resistência apresentada e da lide configurada, deverá o interessado, consequentemente, deduzir a sua pretensão em juízo, pleiteando o suprimento judicial para a execução do ato.
· Anulabilidade dos atos sem outorga uxória: arts. 1649 e 1650, do CC.
A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal.
Pela dicção legal, a ausência da autorização do outro cônjuge para a prática dos atos capitulados no art. 1.647 resulta na sua anulabilidade, que poderá ser arguida no prazo decadencial de até dois anos após o fim da sociedade conjugal. Note-se que o após o biênio, contado a partir da extinção da sociedade conjugal, não poderá mais ser pleiteada a invalidade do ato praticado.
E no que tange à legitimidade para a propositura da ação anulatória, o art. 1.650 admite que, em caso de morte do cônjuge prejudicado, a demanda poderá ser proposta pelos seus herdeiros, supostamente prejudicados pela prática do ato.
· Outorga uxória posteriormente conferida: art. 1649, parágrafo único, do CC.
Há a possibilidade de o cônjuge conceder o suprimento após a realização do ato, nesses casos, a previsão de convalescimento do ato inválido, constante no parágrafo único do referido artigo, mediante a confirmação do outro cônjuge somente será validade por instrumento público ou particular, desde que devidamente autenticado.
d) Atos que não precisam de outorga uxória: arts. 1642 e 1643, do CC.
Nos termos do art 1642 do CC, qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher podem livremente:
- praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de sua profissão;
- administrar os bens próprios;
- desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados sem o seu consentimento ou sem suprimento judicial;
- demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval, realizados pelo outro cônjuge com infração do disposto nos incisos III e IV do art. 1.647;
- reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino, desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais de cinco anos;
- praticar todos os atos que não lhes forem vedados expressamente.
Podem ainda, os cônjuges, dentro dos ditames do art.1643, independentemente de autorização um do outro:
- comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica;
- obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir.
2. Do pacto antenupcial.
Ao analisar a natureza jurídica do pacto antenupcial, percebe-se que ele se trata de um negócio jurídico solene, condicionado ao casamento, por meio do qual as partes escolhem o regime de bens que lhes aprouver, segundo o princípio da autonomia privada.
 	a) Forma: escritura pública (art. 1653, do CC).
Já foi dito que o pacto antenupcial é negócio jurídico solene porque deve seguir a forma estabelecida em lei. Então para atingir seus objetivos conforme a previsão legal, é necessário que seja feito por escritura pública, sob pena de ser nulo, caso não respeite esta determinação. Ou ineficaz se o casamento dos pactuários não se consolidar.
 	b) Pacto antenupcial e autorização parental: art. 1654, do CC.
A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens
 	c) Pacto antenupcial e validade contra terceiros: art. 1657, do CC.
As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros senão depois de registradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges.
 
3. Do regime de comunhão parcial.
 	a) Noção: art. 1658, do CC.
No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com algumas exceções.
 	b) Bens comunicáveis: art. 1660, do CC.
Entram na comunhão os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior; os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges; as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;
· Bens móveis de comunicabilidade presumida: art. 1662, do CC.
No regime da comunhão parcial, presumem-se adquiridos na constância do casamento os bens móveis, quando não se provar que o foram em data anterior
c) Bens incomunicáveis: art. 1659, do CC.
Excluem-se da comunhão os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares; as obrigações anteriores ao casamento; as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
d) Administração do patrimônio comum: art. 1663, do CC.
A administração do patrimônio comum compete a qualquer dos cônjuges. As dívidas contraídas no exercício da administração obrigam os bens comuns e particulares do cônjuge que os administra, e os do outro na razão do proveito que houver auferido. A anuência de ambos os cônjuges é necessária para os atos, a título gratuito, que impliquem cessão do uso ou gozo dos bens comuns. Em caso de malversação dos bens, o juiz poderá atribuir a administração a apenas um dos cônjuges.
4. Do regime de comunhão universal.
a) Noção: art. 1667, do CC.
O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo seguinte.
 	b) Bens incomunicáveis: art. 1668, do CC.
São excluídos da comunhão os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar; os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva; as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum; as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade; Os bens que tm são incomunicáveis na comunhão parcial. 
5. Do regime da separação absoluta de bens.
	a) Espécies:
· Separação convencional (arts. 1687 e 1688, do CC);
Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial.
· Separação obrigatória de bens (art. 1641, do CC).
É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: das pessoas queo contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; da pessoa maior de 70 (setenta) anos; de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. 
6. Do regime de participação final dos aquestos.
 	a) Noção: art. 1672, do CC.
No regime de participação final nos aquestos, cada cônjuge possui patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento.
 	b) Bens excluídos dos aquestos: art. 1674, do CC.
Sobrevindo a dissolução da sociedade conjugal, apurar-se-á o montante dos aquestos, excluindo-se da soma dos patrimônios próprios os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogaram; os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade; as dívidas relativas a esses bens. Salvo prova em contrário, presumem-se adquiridos durante o casamento os bens móveis.
VI – DOS ALIMENTOS.
1. Noção: art. 1694, do CC.
Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.
2. Classificação.
a. Quanto à causa:
· Legais;
· Voluntários;
· Indenizatórios.
      b) Quanto à finalidade:
· Definitivos;
· Provisórios.
 
 3. Fundamentos do dever alimentar
a. Poder familiar: art. 1566, IV, do CC;
São deveres de ambos os cônjuges: sustento, guarda e educação dos filhos.
b. Solidariedade familiar (ou obrigação alimentar): art. 1694 c/c arts. 1696 a 1698, do CC.
O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais.
Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.
 
 4. Características do direito a alimentos
Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora
a. Irrenunciável (art. 1707, do CC);
b. Impenhorável (art. 1707, do CC);
c. Irrepetível;
d. Imprescritível.
 
5. Quantificação da verba alimentar: o binômio necessidade/possibilidade (art. 1694, §1º c/c art. 1695, do CC).
Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
 
6. Extinção extraordinária do dever de alimentos decorrente de dissolução da sociedade conjugal/união estável: art. 1708, do CC.
Com o casamento, a união estável ou o concubinato do credor, cessa o dever de prestar alimentos.Com relação ao credor cessa, também, o direito a alimentos, se tiver procedimento indigno em relação ao devedor.
 
7. Direito a alimentos e instrumentos processuais: ação de alimentos/oferta de alimentos, ação revisional/exoneratória (art. 1699, do CC) e execução de alimentos.
Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo.

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