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Direito de Família

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Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil 
Professora Maitê Damé Teixeira Lemos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MATERIAL DE APOIO 
DIREITO DE FAMÍLIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
 
SUMÁRIO 
1. DIREITO DAS FAMÍLIAS ................................................................................................................... 5 
1.1 Características do Direito de família ................................................................................................. 5 
1.2 O direito de família atual – família constitucionalizada .................................................................... 6 
2. DIREITO MATRIMONIAL ................................................................................................................. 8 
2.1 Conceito e natureza jurídica do casamento ...................................................................................... 9 
2.2 Esponsais ou promessa de casamento – responsabilidade pré-negocial ....................................... 10 
2.3 Espécies de casamento ................................................................................................................... 11 
2.4 Capacidade para o casamento ........................................................................................................ 15 
2.5 AÇÃO DE SUPRIMENTO DE IDADE PARA CASAR ............................................................................. 17 
2.6 Habilitação para o casamento ......................................................................................................... 20 
2.6.1 Processo de habilitação ................................................................................................................ 21 
2.7 Celebração do casamento ............................................................................................................... 22 
2.8 Provas do casamento ...................................................................................................................... 23 
2.9 Impedimentos para o Casamento ................................................................................................... 23 
2.10 Causas suspensivas do Casamento ............................................................................................... 25 
2.11 Existência do Casamento e casamento inexistente ...................................................................... 26 
2.12 Casamento nulo e anulável ........................................................................................................... 28 
2.12.1 Casamento nulo ......................................................................................................................... 28 
2.12.2 Ação de nulidade do casamento ................................................................................................ 29 
2.12.3 Casamento anulável ................................................................................................................... 34 
2.12.4 Ação de anulação de casamento ................................................................................................ 38 
2.12.5 Consequências da nulidade ou da anulação do casamento ...................................................... 42 
3. REGIME DE BENS ........................................................................................................................... 43 
3.1 Princípios ......................................................................................................................................... 43 
3.2 Pacto antenupcial ............................................................................................................................ 45 
3.3 Outorga conjugal – outorga uxória e outorga marital .................................................................... 46 
3.4 Regime Legal ................................................................................................................................... 47 
3.4.1 Regime Legal Dispositivo .............................................................................................................. 47 
3.4.2 Regime Legal Obrigatório ............................................................................................................. 47 
3.5 Regime Convencional ...................................................................................................................... 48 
3.6 Mutabilidade ................................................................................................................................... 48 
3.7 AÇÃO DE ALTERAÇÃO CONSENSUAL DE REGIME DE BENS NO CASAMENTO .............................. 51 
3.8 Administração dos bens no casamento .......................................................................................... 54 
3.9 Regime da Comunhão Parcial de Bens ............................................................................................ 55 
3.9.1 Bens que não se comunicam ........................................................................................................ 55 
3.9.2 Bens que se comunicam ............................................................................................................... 60 
3.9.3 Administração dos bens ............................................................................................................... 62 
3.9.4 Dívidas .......................................................................................................................................... 62 
3.9.5 Dissolução .................................................................................................................................... 63 
3.10 Regime da Comunhão Universal de Bens ..................................................................................... 63 
3.10.1 Bens excluídos da comunhão universal ..................................................................................... 63 
3.10.2 Administração dos bens ............................................................................................................. 66 
3.10.3 Dívidas ........................................................................................................................................ 66 
3.10.4 Extinção ...................................................................................................................................... 66 
3.11 Regime da Participação Final nos Aquestos .................................................................................. 67 
3.11.1 Administração dos bens ............................................................................................................. 69 
3.11.2 Dívidas ........................................................................................................................................ 69 
3.11.3 Dissolução .................................................................................................................................. 69 
 
2 
 
3.12 Regime de Separação de Bens ...................................................................................................... 71 
3.12.1 Dívidas ........................................................................................................................................ 74 
3.12.2 Administração ............................................................................................................................ 74 
3.12.3 Dissolução .................................................................................................................................. 74 
3.13 Partilha de Bens............................................................................................................................. 74 
4. BEM DE FAMÍLIA .......................................................................................................................... 77 
4.1 Espécies ........................................................................................................................................... 774.2 Bem de família convencional/voluntário ........................................................................................ 78 
4.3 Bem de família legal ........................................................................................................................ 79 
5. UNIÃO ESTÁVEL ........................................................................................................................... 82 
5.1 Conceito .......................................................................................................................................... 83 
5.2 Requisitos e aspectos controvertidos ............................................................................................. 83 
5.3 Efeitos .............................................................................................................................................. 89 
5.4 Contrato de convivência ................................................................................................................. 91 
5.5 Alimentos ........................................................................................................................................ 91 
5.6 Direito sucessório ............................................................................................................................ 92 
5.7 Conversão em casamento ............................................................................................................... 92 
5.8 Dissolução e partilha de bens.......................................................................................................... 93 
5.9 AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL ............................................... 94 
6. DISSOLUÇÃO DO VÍNCULO CONJUGAL ........................................................................................ 98 
6.1 Evolução histórica do divórcio no Brasil .......................................................................................... 98 
6.1.1 Indissolubilidade absoluta do vínculo conjugal (ausência de divórcio) ....................................... 98 
6.1.2 Lei do Divórcio: possibilidade jurídica do divórcio, com necessidade da separação judicial prévia
 ............................................................................................................................................................... 98 
6.1.3 A ampliação da possibilidade do divórcio: o divórcio direto e o divórcio extrajudicial ............... 99 
6.1.4 O atual estágio do divórcio no Brasil – a “PEC DO AMOR” .......................................................... 99 
6.1.5 O atual estágio do divórcio no Brasil – o retrocesso do CPC/2015 .............................................. 99 
6.2 Modelo dual ou não? .................................................................................................................... 100 
6.3 Separação de fato ......................................................................................................................... 100 
6.4 Separação Judicial ......................................................................................................................... 101 
6.4.1 Separação consensual ................................................................................................................ 101 
6.4.2 Separação judicial litigiosa ......................................................................................................... 101 
6.4.2.1 Causas objetivas ...................................................................................................................... 102 
6.4.2.2 Causas subjetivas: ................................................................................................................... 102 
6.4.3 Efeitos da sentença de separação .............................................................................................. 104 
6.4.4 Reconciliação – art. 1.577 .......................................................................................................... 104 
6.5 Divórcio ......................................................................................................................................... 105 
6.5.1 Divórcio direto – art. 1.580, § 2º ................................................................................................ 105 
6.5.2 Divórcio indireto (por conversão) – art. 1.580 ........................................................................... 106 
6.5.3 Partilha de bens no divórcio ....................................................................................................... 106 
6.5.4 Legitimação para pedir o divórcio – art. 1.582 .......................................................................... 107 
6.5.5 Efeitos ......................................................................................................................................... 107 
6.5.6 Divórcio realizado no exterior .................................................................................................... 107 
6.5.6 Cláusulas a serem estabelecidas no divórcio ............................................................................. 107 
6.5.7 A possibilidade de julgamentos parciais no divórcio – art. 356, CPC/2015 ............................... 108 
6.5.8 AÇÃO DE DIVÓRCIO CONSENSUAL ............................................................................................ 110 
6.5.9 AÇÃO DE DIVÓRCIO LITIGIOSO .................................................................................................. 115 
6.5.10 A possibilidade de pleito de alimentos após o divórcio ........................................................... 120 
6.6 Separação e Divórcio Extrajudiciais – art. 733, CPC/2015 ............................................................ 120 
7. PROTEÇÃO DA PESSOA DOS FILHOS – GUARDA ....................................................................... 125 
 
3 
 
7.1 Guarda unilateral .......................................................................................................................... 125 
7.2 Guarda compartilhada .................................................................................................................. 126 
7.3 AÇÃO DE REGULAMENTAÇÃO DE GUARDA ................................................................................. 129 
7.4 Guarda alternada .......................................................................................................................... 133 
7.5 Direito de visitas ............................................................................................................................ 134 
7.6 AÇÃO DE REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS ................................................................................... 136 
7.7 Síndrome da Alienação Parental – SAP ......................................................................................... 140 
7.8 AÇÃO DE MODIFICAÇÃO DE GUARDA ......................................................................................... 142 
8. PARENTESCO ............................................................................................................................... 146 
8.1 Classificação do parentesco quanto a linhas e graus .................................................................... 147 
8.2 Afinidade ....................................................................................................................................... 148 
9. FILIAÇÃO E RECONHECIMENTO DOS FILHOS ............................................................................ 150 
9.1 Presunção legal de filiação ............................................................................................................ 150 
9.2 Paternidade registral ..................................................................................................................... 151 
9.3 Inseminação artificial ....................................................................................................................152 
9.4 Filiação e afeto – Filiação socioafetiva .......................................................................................... 154 
9.5 Prova da filiação ............................................................................................................................ 155 
9.6 Reconhecimento de filho .............................................................................................................. 156 
9.6.1 Voluntário ................................................................................................................................... 157 
9.6.2 Judicial ........................................................................................................................................ 158 
9.6.3 Oficioso ....................................................................................................................................... 158 
9.6.4 Efeitos do reconhecimento ........................................................................................................ 159 
9.7 Ações de filiação ............................................................................................................................ 160 
9.7.1 Negatória de paternidade .......................................................................................................... 160 
9.7.2 Negatória de maternidade ......................................................................................................... 161 
9.7.3 Anulatória ................................................................................................................................... 161 
9.7.4 Investigatória .............................................................................................................................. 161 
9.7.5 Investigação de maternidade ..................................................................................................... 163 
9.7.6 AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE CUMULADA COM PEDIDO DE ALIMENTOS ....... 164 
9.7.7 AÇÃO ANULATÓRIA DE PATERNIDADE ..................................................................................... 169 
9.7.8 AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE ....................................................................................... 173 
10. ALIMENTOS ................................................................................................................................. 177 
10.1 Obrigação de prestar alimentos .................................................................................................. 177 
10.2 Natureza da obrigação alimentar ................................................................................................ 177 
10.3 Características da obrigação alimentar ....................................................................................... 178 
10.4 Pressupostos ............................................................................................................................... 181 
10.5 Classificação ................................................................................................................................ 181 
10.6 Sujeitos da obrigação alimentícia................................................................................................ 183 
10.7 AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS ........................................................................................... 186 
10.8 Majoração, minoração e exoneração ......................................................................................... 190 
10.9 AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS - MAJORAÇÃO ................................................................... 191 
10.10 AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS - MINORAÇÃO ................................................................. 195 
10.11 AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS.................................................................................. 199 
10.12 Ação de alimentos ..................................................................................................................... 203 
10.13 AÇÃO DE ALIMENTOS ............................................................................................................... 204 
10.14 AÇÃO DE ALIMENTOS ............................................................................................................... 209 
10.15 Execução da obrigação alimentar ............................................................................................. 214 
10.16 Cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de prestar alimentos – 
arts. 528 a 533, CPC/2015 ................................................................................................................... 215 
10.17 JUSTIFICAÇÃO (EXECUÇÃO DE ALIMENTOS) ............................................................................ 216 
 
4 
 
10.18 CUMPRIMENTO DE SENTENÇA ALIMENTAR ............................................................................ 221 
10.19 Execução – processo autônomo................................................................................................ 223 
10.20 AÇÃO DE EXECUÇÃO DE ALIMENTOS ....................................................................................... 224 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
1. DIREITO DAS FAMÍLIAS 
 
Direito de família = Ramo do direito privado – direito civil. Em razão da 
importância, indisponibilidade, dentre outras características, o direito de família, 
embora sendo ramo do direito privado, possui viés público, já que seus institutos são 
considerados de ordem pública, sendo, inclusive, protegidos pela Constituição 
Federal, de maneira a assegurar o mínimo de condições indispensáveis à existência 
de todos os membros da sociedade, conferindo-lhes maior proteção. O viés público 
que o direito de família possui se dá em razão do especial interesse que o Estado 
tem na proteção da família como célula básica, de especial importância na 
sociedade e para que o próprio Estado se mantenha. 
Formas de família: atentar para a existência de diferentes formas de família. 
Tradicional (matrimônio), informal (união estável), monoparental (um dos pais e sua 
prole), homoafetiva (casais homossexuais), mosaico (fruto de divórcios e novos 
casamentos = “os meus, os teus e os nossos filhos”), multiespécie (modelo de 
família constituída pelos donos e animais de estimação – membros não humanos), 
etc. 
Existem diferentes tipos de família → Família consanguínea (onde há laços 
genéticos e sanguíneos, relação de ascendência e descendência); Família afetiva 
(não há laços genéticos, mas de afeto); Família por afinidade (em razão do 
matrimônio ou da união estável, parentesco entre o cônjuge ou companheiro e os 
parentes do outro: sogro/a, cunhado/a, enteado/a). 
 
1.1 Características do Direito de família 
É um direito personalíssimo, por ser voltado à tutela da pessoa, aderindo à 
sua personalidade em virtude de sua posição na família durante toda a vida, isto é, 
são intransferíveis, intransmissíveis (não se transfere por ato jurídico, nem inter 
vivos, nem causa mortis), irrenunciáveis (os alimentos, por exemplo. Ninguém pode 
despojar-se por vontade própria, só pode haver transação com relação ao valor. 
Também não pode haver renúncia ao poder familiar). São indisponíveis, ou seja, 
ninguém pode cedê-los ou renunciá-los; irrevogáveis (o reconhecimento de filho, 
por exemplo), indisponíveis e imprescritíveis (em decorrência de ser 
01 
 
6 
 
personalíssimo, não prescreve. Ex.: o direito de investigar a paternidade e pedir 
alimentos). Além disso, o direito de família ainda possui as características da 
universalidade (compreende todas as relações jurídico-familiares); indivisibilidade 
(não se admite que uma pessoa seja considerada casada para determinadas 
relações e solteira para outras); correlatividade (é recíproco, ou seja, ao estado de 
marido, corresponde o estado deesposa; ao de pai, o de filho,...) e oponibilidade 
(oponível contra todas as demais pessoas. Ex.: a pessoa casada é casada perante 
toda a sociedade). 
 
 
 
 
 
 
 
1.2 O direito de família atual – família constitucionalizada 
Apesar de ser ramo do direito privado, o direito de família deve ser 
interpretado de maneira constitucionalizada. A Constituição Federal prevê muitas 
normas de proteção à família, especialmente no art. 226 e seguintes. 
 
Observar os princípios da dignidade da pessoa humana (art. 1.º, III, CF), 
através do qual há uma valorização da família como núcleo pelo qual há o 
desenvolvimento e a promoção da dignidade dos integrantes (exemplo de aplicação 
deste princípio é o abandono da discussão da culpa nos términos de matrimônios 
ou, ainda, as indenizações por abandono afetivo); solidariedade familiar (art. 3.º, I, 
CF), o que justifica o pagamento de alimentos em razão da necessidade (art. 1.694, 
CC); igualdade entre os filhos, independentemente da origem: biológica, afetiva ou 
adotiva, todos os direitos e deveres são os mesmos, sem distinções; igualdade 
 
7 
 
entre cônjuges e companheiros (art. 226, §5.º, CF e art. 1.511, CC), tanto o 
homem, quanto a mulher podem adotar o sobrenome do outro com o matrimônio, 
podem pedir alimentos um ao outro, etc.; igualdade na chefia familiar (art. 1.566, III 
e IV, 1.631 e 1.634, CC), não há hierarquia na condução da família, tanto o homem 
quanto a mulher são chefes da família e detentores (em igualdade de condições) do 
poder familiar; melhor interesse da criança (art. 1.583 e ss., CC; art. 227, CF), no 
estabelecimento da guarda, por exemplo, através da alteração da lei 13.058, haverá 
o compartilhamento da mesma, mesmo se os genitores estiverem em litígio, pois 
visa o melhor interesse da criança, possibilitando que tenha convivência com ambos 
os genitores; afetividade, com a possibilidade de reconhecimento de filiação afetiva, 
manutenção da filiação afetiva em detrimento da biológica, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
2. DIREITO MATRIMONIAL 
 
Até a Proclamação da República, em 1889 – apenas casamento religioso. 
Em 1.891 surge o casamento civil. 
Código Civil de 1916 – casamento como única forma de constituição de 
família, não havendo outra forma de convívio que fosse aceitável. O casamento era 
indissolúvel. 
Desquite – possibilidade de romper com o casamento, mas que não dissolvia 
o vínculo matrimonial, impedindo, portanto, novo casamento. Em razão do desquite 
e da impossibilidade de constituição de novo casamento, diversas famílias informais 
passaram a ser constituídas, sem que houvesse regulamentação do Estado nesse 
sentido. 
Lei do Divórcio (lei 6.515/1977) – estabeleceu o divórcio e a separação 
judicial. (O desquite foi transformado em separação e, ainda, criado o instituto do 
divórcio, que dissolvia o vínculo matrimonial, possibilitando, então, novo casamento). 
A separação rompia com a relação matrimonial e o divórcio, com o vínculo 
matrimonial. 
CF/88 – Passou a considerar como entidades familiares relacionamentos 
outros, que não a família formada pelo casamento. Assim, foram reconhecidas as 
famílias constituídas pela união estável e as famílias monoparentais, aquelas que 
são formadas por um dos pais e seus filhos. 
Código Civil de 2002 – não inovou na redação, copiando as disposições do 
Código de 1916, disciplinando, apenas, situações relativas à união estável e às 
famílias monoparentais. 
EC 66/2010 – alterou o § 6.º do art. 226 da CF e o sistema de dissolução do 
matrimônio, deixando de contemplar a separação judicial ou fática como requisito 
para a extinção do vínculo conjugal. Assim, tal Emenda Constitucional estabeleceu 
que o casamento pode ser dissolvido pelo divórcio, sem a necessidade de 
implementação de qualquer prazo para tato (tanto consensual quanto litigioso). 
 
 
02 
 
9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.1 Conceito e natureza jurídica do casamento 
O casamento é a união de duas pessoas que objetivam a formação de uma 
família, baseando-se no vínculo de afeto, com reconhecimento e tutela do Estado, 
ou seja, é um 
[...] contrato especial de Direito de Família, por meio do qual os cônjuges 
formam uma comunidade de afeto e existência, mediante a instituição de 
direitos e deveres, recíprocos e em face dos filhos, permitindo, assim, a 
realização dos seus projetos de vida 0F1. 
 
A partir daí surge a questão: o casamento é um contrato? Quando se 
pretende definir a natureza jurídica de algum instituto do Direito, é preciso que se 
respondam alguns questionamentos: o que é isso para o Direito? Em que categoria 
do Direito se enquadra esse ente? 
Existem três correntes para explicar a natureza jurídica do casamento: 
• Contratualista: Contrato especial de direito de família, com regras 
próprias de formação, um contrato de vontades convergentes para a obtenção de 
fins jurídicos. Contrato civil regido pelas normas comuns aos contratos. Aperfeiçoa-
se pelo simples consentimento das partes. Adeptos: Silvio Rodrigues, Caio Mário 
Pereira, Orlando Gomes, Pablo Stolze Gagliano. 
• Institucionalista: O casamento é uma instituição social, um estado no 
qual os nubentes ingressam. Trata-se de uma instituição social que reflete a 
situação jurídica emergente da vontade dos contraentes, mas que possui um 
 
1 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. Direito de 
Família – as famílias em perspectiva constitucional. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 118-119. 
 
10 
 
conjunto de normas imperativas e preestabelecidas pela lei (são livres para escolher 
o cônjuge, mas não podem discutir sobre o conteúdo dos direitos de deveres, não 
sendo possível alterar a disciplina legal de suas relações). Não se trata de contrato, 
mas de um estatuto, ou seja, há uma adesão a normas já estabelecidas, sem poder 
adotar outras normas. Adeptos: Arnoldo Wald; Maria Helena Diniz. 
• Mista: Ato complexo, um contrato quando de sua formação e uma 
instituição no que diz respeito ao seu conteúdo, existência e efeitos. O casamento-
ato é um negócio jurídico e o casamento-estado é uma instituição. Adeptos: Giselda 
Maria Fernandes Novaes Hironaka, Flávio Tartuce. Esta teoria é a que conta com 
mais adeptos na atualidade. 
 
2.2 Esponsais ou promessa de casamento – responsabilidade pré-negocial 
É a promessa de casamento entre os nubentes. São atitudes tomadas pelos 
nubentes que indicam que pretendem casar-se. Ex.: noivado, confecção dos 
convites, habilitação. É um negócio preliminar, uma promessa de contratar. 
Neste aspecto, Dias 1F2 afirma que pelo nome de esponsais era considerado o 
noivado, tido como um contrato escrito no qual os noivos assumiam o compromisso 
de casar. Esta previsão encontrava-se explícita na Consolidação das Leis Civis (arts. 
76 e seguintes). Atualmente não existe regulamentação dos esponsais. 
Os esponsais servem para comprovar o compromisso assumido entre os 
nubentes, que demonstre a intenção de casar, pois quando algum deles desiste do 
casamento, cabe indenização (arts. 186 e 927, CC). 
O rompimento imotivado ou injustificado (não tem mais vontade de casar), por 
si só, não dá direito a indenização moral. Cabe, no entanto, indenização por danos 
materiais, já que, com base no art. 186 do Código Civil, aquele que causa dano a 
alguém tem o dever de indenizar. 
Toda e qualquer promessa de contrato, no caso de ser frustrada, gera efeitos 
na inexecução culposa. Quando um dos nubentes quebra a promessa séria de 
casamento e o outro já fez preparativos para o ato e para a futura vida em comum, é 
fato gerador do dever de indenizar. Essa responsabilidade é subjetiva, devendo 
 
2 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 11.ed. São Paulo:Revista dos Tribunais, 
2016, 98. 
 
11 
 
ser demonstrada a culpa do nubente desistente. As situações de caso fortuito ou 
força maior, bem como a culpa do outro nubente afastam o dever de indenizar. 
Assim, são requisitos a serem provados (IMPORTANTE OBSERVAR): 
 
 
 
 
 
 
 
O dano pode ser: moral e/ou material. A desistência injustificada de casar por 
um dos nubentes gera o dever de indenizar ao outro se este comprovar que teve 
despesas com o casamento (DANO MATERIAL). Mas a ruptura de noivado por si só 
não determina a responsabilidade do desistente, o que pode ensejar a reparação 
moral são as circunstâncias em que a outra parte foi comunicada de seu intento. Isto 
porque o não cumprimento da promessa de casamento não enseja reparação, pois o 
relacionamento entre duas pessoas é espontâneo, livre de coação. 
O DANO MORAL vem sendo reconhecido pelos Tribunais quando o 
comportamento atinge bens imateriais caros e importantes, como a dor, a 
humilhação, o desprezo, a angústia e agressão à honra e à imagem da pessoa, 
casos em que, em qualquer outra hipótese, diversa daquela aqui tratada, a 
reparação se imporia. IMPORTANTE: Meros dissabores x humilhação pública. 
EXEMPLO: chegar no altar e dizer: aceita fulana como sua legítima esposa? “Bem, 
pra ser franco, não!”. O noivo vai embora e deixa a noiva na frente do padre e dos 
convidados. 
O dano moral está sendo deferido apenas em casos excepcionais, 
quando reste evidente a humilhação e exposição de um dos nubentes a 
situações vexatórias. 
 
2.3 Espécies de casamento 
São admitidas duas formas de casamento (art. 226, § 1.º e § 2.º, CF): o civil 
(art. 1.512, CC) e o religioso com efeitos civis (art. 1.515 e 1.516, CC). Existem ainda 
 
12 
 
outras modalidades especiais de casamento: o casamento por procuração, o 
nuncupativo, o putativo, o homossexual, o consular, o de estrangeiros. 
• Civil: Realizado perante o oficial do Cartório do Registro Civil, pelo juiz 
de paz. É ato solene levado a efeito por um celebrante e na presença de 
testemunhas. Pode ser realizado nas dependências do Cartório ou em outro local. É 
previsto pela Constituição no art. 226, § 1.º e no art. 1.512, CC. A celebração é 
gratuita para as pessoas cuja pobreza for declarada, incluindo a habilitação, o 
registro e a primeira certidão de casamento (art. 1.512, § único, CC). 
• Religioso com efeitos civis: O casamento religioso com efeitos civis 
foi reconhecido, no Brasil, com a Constituição de 1934, que estabeleceu que o 
casamento religioso, celebrado perante um ministro de qualquer religião, produzirá 
os mesmos efeitos do casamento civil, desde que fosse procedida a habilitação. A 
CF/88 também faz esta previsão (art. 226, § 2.º), desde que preenchidos certos 
requisitos (arts. 1.515 e 1.516, CC). Não é necessária a celebração do ato civil, 
basta que o matrimônio realizado pelo ministro de Deus (de qualquer religião, não só 
o casamento católico) seja registrado no Cartório de Registro Civil. Para tanto 
devem ser obedecidos os requisitos da habilitação (antes ou depois do ato religioso). 
Os efeitos civis são admitidos a partir do registro e a qualquer tempo, retroagindo a 
data da celebração da solenidade religiosa (art. 1.515, CC). No caso de prévia 
habilitação, o prazo para registro é de 90 dias. Depois desse prazo é possível o 
registro, desde que efetuada nova habilitação. Portanto, realizado o casamento 
religioso, poderá ser inscrito no registro civil, bastando que seja feita a devida 
habilitação junto a autoridade competente (art. 1.516, CC). Se o casamento religioso 
for anulado, em tendo sido procedido o registro civil do mesmo, tal não afeta a 
validade deste. Se entre a celebração do casamento religioso e o registro um dos 
cônjuges casar no civil com terceiro, há impedimento para efetuar o registro (art. 
1.516, § 3.º, CC), pois haveria bigamia, neste caso. 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Por procuração: art. 1.542, CC. O instrumento procuratório deve ser 
público e com poderes especiais (constar expressamente que é para casar com 
Fulano de Tal). A procuração é válida por 90 dias. A revogação da procuração 
também é por instrumento público. Se a revogação não chegar ao conhecimento do 
mandatário e o casamento for celebrado o mandante responde por perdas e danos. 
Revogado o mandato a lei determina que o casamento é anulável (art. 1.550, V, 
CC). Há a possibilidade de o casamento ter validade na hipótese de, mesmo sendo 
revogado o mandato, ocorrer a coabitação entre os cônjuges. O contato sexual entre 
os cônjuges é que dá a validade ao casamento (não significa que o casamento se 
consuma na noite de núpcias, mas quer evitar que exista o uso malicioso desse 
expediente, conseguindo favores sexuais do cônjuge). 
• Nuncupativo: É o casamento quando um dos nubentes está em 
iminente risco de vida (arts. 1.540 ao 1.542, CC). Esta modalidade de casamento é 
realizada sem nenhum requisito legal (celebração sem juiz de paz, sem prévia 
habilitação), bastando a presença de seis testemunhas que não tenham parentesco 
(em linha reta ou colateral, até segundo grau) com os nubentes. Dentro de 10 dias a 
contar da celebração as testemunhas tem de confirmar o casamento perante a 
autoridade judicial que, antes de mandar registrar o casamento, fará uma 
investigação. Não existe previsão de ouvir o cônjuge sobrevivente. Se o nubente que 
estava em risco de vida sobreviver poderá ratificar o casamento, retroagindo os 
efeitos a data da celebração. 
 
14 
 
• Putativo: É o casamento que reputa verdadeiro, mas não o é. Trata-se 
de casamento nulo ou anulável contraído de boa-fé (art. 1.561, CC). Neste caso, o 
casamento produz efeitos com relação ao cônjuge de boa-fé, no período entre a 
celebração e o trânsito em julgado da sentença que o desconstitui. Com relação aos 
filhos todos os efeitos se operam. Havendo a boa-fé, sendo o casamento nulo ou 
anulável, a sociedade conjugal dissolve-se, como se tivesse ocorrido a morte de um 
dos cônjuges (o de má-fé), se partilhando os bens. No caso de ambos estarem de 
boa-fé, o pacto antenupcial deve ser observado na partilha. Se a nulidade for 
decretada após a morte de um dos cônjuges, o outro herda normalmente. Em caso 
de morte: a) decretada a nulidade antes da morte, o sobrevivente não herda, pois o 
término do casamento e do regime de bens ocorreu com a sentença que declarou a 
nulidade ou anulação do matrimônio; b) se a nulidade for decretada após a morte de 
um dos cônjuges, o outro herda normalmente. Se o cônjuge morre após a anulação, 
não herdará. Se o casamento putativo for de um bígamo, morrendo este, ambos os 
cônjuges serão herdeiros e a meação será divida entre ambos (25% para cada um). 
• Consular: É o casamento de brasileiro, realizado no estrangeiro, 
perante a autoridade consular brasileira, sujeitando-se, assim, as leis brasileiras e 
não à legislação local. O registro deve ser procedido dentre do prazo de 180 dias a 
contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no Cartório de seu 
domicílio ou, em não possuindo domicílio certo, no 1.º Ofício da Capital do Estado 
em que passem a residir (art. 1.544, CC). Se o registro não for feito dentro desse 
prazo, o casamento não produzirá os efeitos jurídicos pela lei brasileira. Ver art. 18, 
LINDB. No mesmo sentido, o art. 32 da Lei dos Registros Públicos. Aplica-se apenas 
em casos de ambos os nubentes serem brasileiros e estarem casando no exterior. 
Se um dos nubentes não for brasileiro, a autoridade consular não possui 
competência para celebrar o casamento. 
• Casamento realizado no estrangeiro: Para que o casamento de 
brasileiros ou estrangeiros, realizado no exterior, tenha validade no Brasil, deve 
ocorrer o registro do matrimônio no Brasil. A certidão de casamento deve ser 
traduzida por tradutor juramentado e autenticada pelo agente consular brasileiro 
para, então, ser registrada.Nestes termos, ver art. 32, Lei dos Registros Públicos. 
 
15 
 
• Casamento de casais homoafetivos: Em razão da Resolução 175 
CNJ é possível que casais homoafetivos celebrem casamento no Brasil – tanto por 
processo de habilitação, como, também, por processo de conversão de união 
estável em casamento. 
 
2.4 Capacidade para o casamento 
Diz respeito a idade reconhecida para que as pessoas estejam aptas a casar. 
Art. 1.517, CC = 16 anos. Contudo: 16 a 18 anos – com autorização dos pais 
(de ambos os pais, salvo quando um deles não existir ou não puder emanar o 
consentimento. Se um não concordar → juiz decide. Autorização pode ser revogada 
até o momento da celebração do casamento (art. 1.518, CC), mas deve ser fundada 
em fato novo e grave. A negativa da licença para casar deve ser baseada em 
fundamentos sérios e justificáveis, de maneira que se for diferente, poderá o juiz 
conceder a licença (art. 1.519, CC). 
Indivíduo emancipado → não precisa da autorização dos genitores. 
 
 
 
 
Poderá, contudo, ocorrer casamento de menor de 16 anos com o fim de evitar 
a imposição ou o cumprimento de pena criminal ou em razão da gravidez da mulher. 
Para tanto, deverá haver permissão judicial (art. 1.520, CC). Nestes casos não será 
anulado o casamento por motivo de idade o casamento de que resultou gravidez. O 
regime de bens, quando o matrimônio é realizado fora da idade núbil é o da 
separação obrigatória (art. 1.641, III, CC). 
Deve-se observar, contudo que o art. 1.520, CC é polêmico, em razão das 
leis 11.106/2005 e 12.015/2009. A Lei nº 11.106/05 revogou os incisos VII e VIII 
do art. 107 do CP (extinção da punibilidade nos casos de estupro presumido). 
A Lei 12.015/2009 passou a prever o art. 217-A, que prevê como crime a 
conjunção carnal ou ato libidinoso com menor de 14 anos. 
 
16 
 
Mas, e há uma idade limite para o casamento? O CC não estabelece idade 
limite, mas, estabelece que aquele que tiver mais de 70 anos terá de casar sob o 
regime da separação obrigatória de bens (art. 1.641, II, CC). 
 
XVI EXAME OAB - QUESTÃO PRÁTICA 
Após o período de relacionamento amoroso de dois anos, Mário Alberto, jovem com 17 anos de 
idade, e Cristina, com apenas 15 anos, decidem casar. A mãe de Mário, que detém a sua guarda, 
autoriza o casamento, apesar da discordância de seu pai. Já os pais de Cristina consentem com o 
casamento. 
Com base na situação apresentada, responda aos itens a seguir: 
A) É possível o casamento entre Mário Alberto e Cristina? (Valor 0,60) 
B) Caso os jovens se casem, quais os efeitos desse casamento? Há alguma providência judicial ou 
extrajudicial a ser tomada pelos jovens? (Valor 0,65) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA: 
A) No primeiro tópico, o examinado deve esclarecer que não é possível o casamento, uma vez que 
não obstante Cristina ter o consentimento de ambos os pais, ela não possui idade núbil (capacidade 
matrimonial). Importante ainda o examinando observar que Mário Alberto necessita do consentimento 
de ambos os pais, uma vez que o consentimento para o casamento é atributo do poder familiar 
inerente a ambos, em igualdade de condições, e o fato de Mário estar sob a guarda da mão não retira 
de seu pai sua autoridade parental, não prevalecendo, portanto, a vontade materna, necessitando do 
suprimento judicial, em caso de negativa injustificada de um dos genitores. 
B) No segundo tópico, o examinando deve responder que o casamento é anulável, pois além de 
Cristina não ter atingido a idade núbil, Mário Alberto necessito do consentimento de ambos os pais, 
uma vez que o consentimento para o casamento é atributo do poder familiar inerente a ambos, em 
igualdade de condições; o fato de Mário estar sob a guarda da mão não retira de seu pai sua 
autoridade parental, não prevalecendo portanto, a vontade materna. As providencias a serem 
tomadas seriam: a) ação anulatória do casamento, pela via judicial, com fundamento no art. 1.555 do 
Código Civil; b) Confirmação do casamento, com base no art. 1.553, do Código Civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
2.5 AÇÃO DE SUPRIMENTO DE IDADE PARA CASAR 
ATENÇÃO: a peça estruturada abaixo é um modelo básico de ação de suprimento de idade para casamento. 
Destaca-se que cada ação deve ser estruturada de acordo com o caso apresentado e os dados devem ser 
adaptados ao enunciado fornecido pela banca examinadora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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20 
 
2.6 Habilitação para o casamento 
A habilitação é um procedimento administrativo, processo que corre perante o 
Oficial do Registro Civil do domicílio dos nubentes com o fim de demonstrar que 
estes estão legalmente aptos para o matrimônio. O Oficial, através da habilitação, 
verifica a concorrência dos pressupostos de existência e validade do ato 
matrimonial. Visa justamente o exame da capacidade e da aptidão, a fim de conferir 
validade à celebração. 
Para aquelas pessoas que tiverem a pobreza declarada na forma da lei, o 
processo de habilitação, o registro e a primeira certidão de casamento estarão 
isentos de custos, emolumentos e selos, nos termos do art. 1.512, § único, CC. 
A habilitação é feita em um só documento (requerimento), contendo os dados 
dos nubentes e declarações (Art. 1.525, CC): 
• Certidão de nascimento dos nubentes ou outro documento que a 
supra (carteira de identidade, passaporte...). 
• Autorização dos pais, curador ou tutor Art. 1.517, CC. A 
necessidade de consentimento é para nubentes entre 16 e 18 anos (quando atinge a 
maioridade civil). Se o menor for emancipado, não precisa de autorização dos pais 
para casar. O interdito precisa de autorização do curador. Até a celebração do 
casamento a autorização emitida pelos responsáveis pode ser revogada (Art. 1.518, 
CC). 
• Declarações de duas testemunhas sobre a identidade dos nubentes 
e a inexistência de impedimento para a realização do casamento. As testemunhas 
podem ser parentes ou não; 
• Declaração firmada pelos nubentes (ou por procurador com poderes 
especiais), com o fim de esclarecer o estado civil, profissão, filiação e domicílio (seu 
e de seus pais). No caso de os nubentes residirem em locais diferentes, a 
publicação dos editais deve ocorrer em ambos os lugares; 
• Se um dos nubentes for viúvo, anulou ou obteve declaração de 
nulidade do casamento ou se divorciou, precisa provar que o vínculo 
matrimonial anterior foi dissolvido. No caso do viúvo, deve apresentar certidão de 
óbito do cônjuge anterior. No caso de casamento nulo ou anulado, deve apresentar 
 
21 
 
a sentença, com trânsito em julgado, que anulou ou declarou nulo o casamento 
anterior. O divorciado deve apresentar o registro da sentença de divórcio. 
• Os nubentes deverão indicar o regime de bens. Em não indicando, 
prevalece a comunhão parcial. 
 
2.6.1 Processo de habilitação 
A habilitação ocorre no Registro Civil, com a audiência do Ministério Público – 
não há mais a necessidade de homologação pelo juiz. 
Uma vez apresentados ao Oficial o requerimento de habilitação, instruído com 
os documentos, será extraído edital, que se publicará pela imprensa se houver (Art. 
1.527, CC, Art. 67, § 1.º, Lei 6.015/73). Se os nubentes residirem em circunscrições 
diversas, o edital deverá ser publicado em ambas (Art. 67, § 4.º, Lei 6.015/73). Este 
edital ficará afixado, durante 15 dias, no mural do Cartório (ou Cartórios) da 
circunscrição de residência dos nubentes. Poderá haver dispensa do edital em caso 
de urgência (art. 1.527, § único, CC). 
Função do edital: conhecimento aos terceiros para oposição de impedimento, 
que devem ser opostos através de um documento escrito e assinado (Art. 1.529, 
CC). Esta oportunidadeperdurará até o momento da celebração do casamento. 
 
Documentação apresentada → estando em ordem → lavram-se os proclamas 
→ publicam-se mediante edital → edital afixado em local ostensivo → prazo de 15 
dias (art. 1.527, CC + art. 67, § 1.º, Lei 6.015/73) 
 
Oficial do Registro, no processo de habilitação, esclarecer aos nubentes 
sobre os fatos que podem invalidar o casamento, bem como sobre os diversos 
regimes de bens (Art. 1.528, CC). 
Havendo oposição: Oficial cientificará os nubentes da nota de oposição, 
indicando os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu (Art. 1.530, CC). 
Os nubentes terão direito ao contraditório e a ampla defesa, tendo prazo razoável 
para fazer contraprova, bem como promover ações civis e criminais contra o 
oponente de má-fé (Art. 67, § 5.º, Lei 6.015/73). A decisão final será do juiz, com a 
oitiva dos interessados e do Ministério Público. 
 
22 
 
Se ninguém opuser impedimento o Oficial certificará que os pretendentes 
estão habilitados para se casar (Art. 1.531, CC, Art. 67, § 1.º§ 3.º, Lei 6.015/73) 
dentro dos três meses imediatos – 90 dias (prazo da habilitação) (Art. 1.532, CC). 
Não se realizando o casamento nesse prazo, a habilitação deverá ser renovada. 
Apresentados os documentos ao oficial, estando em ordem, publicado o 
edital, os pretendentes requererão certidão de que estão habilitados para o 
casamento (Art. 1.517, CC, Art. 67, caput, Lei 6.015/73). 
 
2.7 Celebração do casamento 
Processada a habilitação, estão os nubentes em condições de casar. 
A celebração é pública, de maneira que qualquer pessoa pode participar da 
solenidade. O procedimento de celebração inicia-se pelo requerimento dos nubentes 
indicando dia, hora e local onde deverá ser realizado o matrimônio (Art. 1.533, CC). 
Via de regra realiza-se o casamento no Cartório. Entretanto pode ocorrer em 
local diverso, desde que às portas abertas, para que seja público (Art. 1.534 e § 1.º, 
CC). No Cartório – 2 testemunhas; Fora do Cartório (ou quando um dos nubentes for 
analfabeto - Art. 1.534, § 2.º, CC) – 4 testemunhas. 
A cerimônia é celebrada pelo juiz de paz, pessoa escolhida e designada 
segundo as leis do Estado, não podendo haver substituição por qualquer outra 
autoridade. 
Juiz de paz pergunta aos nubentes se pretendem casar por livre e 
espontânea vontade → sim, declarará o celebrante formalizado o casamento, nos 
termos da segunda parte do Art. 1.535, CC. Neste momento o casamento passa a 
produzir os efeitos. Maria Berenice Dias defende que a perfectibilização do ato 
depende de um duplo requisito: manifestação da vontade das partes e a declaração 
do celebrante de que estão casados 2F3. 
Se responderem não, manifestarem dúvida (ainda que de brincadeira), a 
celebração será suspensa (Art. 1.538, CC). 
O registro do casamento deverá conter os dados constantes no Art. 1.536, 
CC. 
 
3 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 11.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 
2016, 166. 
 
23 
 
Igualdade constitucional: qualquer dos cônjuges pode adotar o sobrenome do 
outro, conforme art. 1.565, § 1.º, CC. 
 
2.8 Provas do casamento 
Prova de casamento celebrado no Brasil: certidão do registro (Art. 1.543, CC); 
Casamento celebrado no exterior: documento emanado pelo país estrangeiro, 
devidamente autenticado pelas autoridades consulares (prazo de 180 dias, a contar 
da volta para o Brasil, para fazer o registro do casamento, que deverá ser feito no 
domicílio do casal ou no 1.º Ofício de Registro Civil da Capital do Estado (Art. 1.544, 
CC) – prova direta. 
Inexistindo o registro: prova indireta – admitida qualquer outra espécie de 
prova (Art. 1.543, § único, CC) → ação judicial (ação declaratória ou justificação 
judicial) que visa declarar o estado de casado. 
EXEMPLO: Carteira de Identidade onde conste o estado civil de casado. 
Também pode ser feita a prova do estado de casado por testemunhas. No caso da 
ação declaratória, sua sentença deve ser inscrita no registro civil, que produzirá seus 
efeitos quanto aos cônjuges e quanto a seus filhos, desde a data do casamento (Art. 
1.546, CC). 
 
POSSE DO ESTADO DE CASADOS 
Aquelas pessoas que não possam manifestar vontade (por morte ou outra 
circunstância – doença mental, por exemplo) e que vivam na posse do estado de 
casadas – como se casadas fossem – poderão ter o reconhecimento do casamento, 
sendo a posse do estado de casadas um início de prova. 
Requisitos: a) nomen: a mulher usa o nome do marido ou vice-versa; b) 
tractatus: ambos tratam-se, ostensivamente, como marido e mulher; c) fama: a 
sociedade dever reconhecer esta condição dos cônjuges. 
 
2.9 Impedimentos para o Casamento 
Impedimento é a falta de condições impostas por lei para que o casamento 
seja celebrado sem vícios passíveis de nulidade ou sem penalidade para os 
nubentes, o oficial do registro e o juiz. 
 
24 
 
Art. 1.521. Não podem casar. Se realizado o matrimônio = casamento nulo. 
 
 
 
 
 
 
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou 
civil – O parentesco em linha reta consanguínea persiste ao infinito, independente 
do grau. Visa impedir o incesto e, também, problemas congênitos. Avô e neta,... 
II - os afins em linha reta – Afinidade – parentesco advindo do casamento ou 
união estável. Limita-se a linha reta em primeiro grau, pois afinidade não gera 
afinidade. Assim, só são parentes em linha reta que tem impedimento para casar: 
sogro e nora, sogra e genro, padrasto e enteada, madrasta e enteado. Este 
impedimento, contudo, não ocorre na linha colateral, de maneira que os cunhados 
não estão impedidos de casar. 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem 
o foi do adotante; 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o 
terceiro grau inclusive – Não podem se casar os irmãos (unilaterais ou bilaterais). 
Os impedimentos relativos a linha colateral vão até o terceiro grau, ou seja, tios e 
sobrinhos, hipótese que está autorizada mediante parecer médico (art. 2.º, Decreto-
lei n.º 3.200/41 , CC) que ateste não existir inconveniente do ponto de vista da saúde 
dos cônjuges e da prole (este casamento chama-se AVUNCULAR). 
 
 
 
 
 
V - o adotado com o filho do adotante – filho adotivo se iguala ao biológico, 
de maneira que também surgem os impedimentos, iguais aos da consanguinidade. 
O impedimento só surge se houver adoção regularizada. 
 
25 
 
VI - as pessoas casadas – Aqueles que já são casados não podem se casar 
outra vez, o que configuraria a bigamia (crime previsto no art. 235 do Código Penal). 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou 
tentativa de homicídio contra o seu consorte – Deve haver sentença penal 
condenatória transitada em julgado e o crime não deve estar prescrito para que 
configure a nulidade. Esse impedimento vale para homicídio doloso, não para o 
culposo. 
Matrimônio realizado com inobservância de impedimento: NULO (art. 
1.548, II, CC). Interessados ou MP poderão, a qualquer tempo, buscar a 
nulidade (art. 1.549, CC). 
 
2.10 Causas suspensivas do Casamento 
As causas suspensivas visam impedir a realização do casamento. NÃO 
DEVEM CASAR (art. 1.523, CC). Se realizado, o matrimônio é válido, impondo a lei 
apenas sanções de natureza econômica (o regime de bens será obrigatoriamente o 
da separação – arts. 1.550 + 1.641, I, CC). 
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não 
fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros – visa evitar a 
confusão de patrimônios. A existência de casamento entre essas pessoas poderia 
causar dificuldades para a identificação do patrimônio das distintas proles por 
dificuldade na identificação. Poderá ser solicitado ao juiz que não aplique a causa 
suspensiva se comprovado que não houvera prejuízo aos herdeiros,como no caso 
de não haver patrimônio a ser partilhado. 
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter 
sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da 
sociedade conjugal – evitar a confusão sanguínea, de maneira que possa nascer 
um filho nesse período e, caso a mulher tenha casado novamente, não se saiba qual 
é o pai. Na verdade, nascendo um filho nesse período, presume-se seja do primeiro 
marido. Ver art. 1.597 e 1.598, CC. 
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a 
partilha dos bens do casal – evitar a confusão patrimonial. 
 
26 
 
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, 
cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não 
cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas –
evitar que o incapaz case para isentar o administrador de seus bens da prestação de 
contas. 
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes 
sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste 
artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o 
herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do 
inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de 
gravidez, na fluência do prazo. 
 
 
 
 
 
 Momento da 
oposição 
Legitimados 
Oposição (em 
declaração escrita, 
assinada e com 
provas) – 1.529 
Impedimentos No processo de 
habilitação e até o 
momento da 
celebração 
Juiz e oficial do 
registro (de ofício), 
Ministério Público e 
qualquer interessado 
(1.522) 
Causas suspensivas Só no processo de 
habilitação, até 15 dias 
após os proclamas 
Parentes em linha reta 
e colateral até 2.º grau 
(consanguíneos ou 
afins) (1.524) 
 
 
 
 
 
2.11 Existência do Casamento e casamento inexistente 
Negócio jurídico → dois planos = plano da existência e plano da validade. 
Existência = cumprimento dos requisitos mínimos. Validade = quando é 
considerado perfeito e produz efeitos. 
 
27 
 
Considera-se inexistente o casamento “quando lhe faltam um ou mais 
elementos essenciais, como o consentimento, ou o congraçamento de duas 
pessoas, ou a união de seres humanos de sexo diferente” 3F4. 
No ato inexistente há, quando muito, aparência de ato jurídico. Não é um ato 
jurídico, pois não possui os pressupostos para tanto. No caso do casamento, há uma 
mera aparência de matrimônio, pois não possui qualquer conteúdo jurídico, de 
maneira que o ato não se formou para o Direito. Os atos inexistentes são um nada 
jurídico, não devem gerar qualquer efeito. NÃO HÁ A PRODUÇÃO DE EFEITOS! 
Requisitos de existência do casamento – Art. 1.514, CC – CUIDADO com 
a questão de pessoas de sexos diferentes (não se pode mais considerar este 
requisito, pois é permitido o casamento entre pessoas de mesmo sexo – Resolução 
175 CNJ); Manifestação da vontade – consentimento de ambas as partes (Art. 
1.535, CC) – o consentimento, a concordância, o “sim” é da essência do ato, 
integrando a solenidade de celebração. Celebração perante autoridade 
legalmente investida de poderes para tanto (Art. 1.533, CC) – falta de celebração 
ou celebração feita sem o juiz de paz. No caso da celebração ser feita por juiz de 
paz incompetente (de outra circunscrição, p. ex.), por um equívoco, não será caso 
de inexistência, mas sim, causa de anulabilidade (Art. 1.550, VI, CC). 
 
 
 
 
 
Para a existência do casamento são necessários os requisitos. Não se 
confunde com o casamento nulo ou anulável, pois o ato nunca existiu. Foi uma 
materialidade de fato, mas sem qualquer significação jurídica. 
Declaração de inexistência: pode ser declarada de ofício. Simplesmente 
averba-se a inexistência do ato. Em havendo ação judicial, esta será declaratória 
(declara a inexistência do matrimônio) e os efeitos práticos serão os mesmos da 
nulidade (a seguir veremos). 
 
4 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família: lei n.º 10.406, de 10.01.2002. Rio de Janeiro: Forense, 
2006, p. 104. 
 
28 
 
2.12 Casamento nulo e anulável 
Os planos da validade e da eficácia do casamento não podem ser 
confundidos. A validade depende da manifestação da vontade das partes e da 
declaração, pelo juiz de paz, de que os nubentes estão casados. A eficácia depende 
do registro público do casamento 4F5. 
Tanto a nulidade, quanto a anulação do casamento dependem de declaração 
judicial. Enquanto não declaradas por sentença, o casamento produz efeitos – arts. 
1.561 e 1.563, CC. 
O matrimônio, quando celebrado com inobservância a um impedimento de 
ordem pública, DEVE ser desconstituído, não havendo prazos para a declaração de 
nulidade (imprescritível). Quando celebrado com inobservância de uma norma de 
interesse individual, PODE ser desconstituído, desde que dentro dos prazos 
estabelecidos (prazos prescricionais exíguos). A nulidade não se convalida 5F6. 
Uma vez que seja declarado nulo ou anulado o matrimônio, os efeitos são 
retroativos à data da celebração. O casamento é considerado putativo (reputa-se 
verdadeiro mas não é), produzindo todos os efeitos para aquele que estiver de boa-
fé e para os filhos (art. 1.561, CC). 
 
2.12.1 Casamento nulo 
O casamento que for celebrado com a violação dos impedimentos previstos 
no art. 1.521, CC será eivado de nulidade. Nesse sentido, o art. 1.548, CC traz as 
causas de nulidade do casamento: violação dos impedimentos. 
 
 
 
 
Quando os nubentes não forem capazes de manifestar de modo inequívoco 
sua vontade/consentimento, trata-se de casamento anulável (art. 1.550, IV, CC). 
 
5 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 11.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 
2016, 189. 
6 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 11.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 
2016, 189. 
 
29 
 
Revela-se nulo o casamento: contraído com inobservância a impedimento 
(art. 1.521) 
No caso de o casamento ser celebrado por alguém que não esteja investido 
na função de juiz de casamento e, embora com essa falta de investidura, 
desempenha publicamente tal função, efetuando o registro do casamento, embora, a 
rigor o ato fosse nulo, a lei sobreleva a nulidade, nos termos do Art. 1.554, CC. 
 
2.12.2 Ação de nulidade do casamento 
Para a declaração de nulidade do casamento é necessária ação judicial para 
tanto, proposta pelo interessado (Art. 1.549, CC) ou o Ministério Público poderão 
ingressar com a ação de nulidade. 
A ação é IMPRESCRITÍVEL. 
Legitimados = MP, primeiro cônjuge, cônjuge bígamo, colaterais sucessíveis e 
credores dos cônjuges. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
AÇÃO DE NULIDADE DE CASAMENTO 
ATENÇAO: a peça estruturada abaixo é um modelo básico de ação de nulidade de casamento. 
Destaca-se que cada ação deve ser estruturada de acordo com o caso apresentado e os dados devem ser 
adaptados ao enunciado fornecido pela banca examinadora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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34 
 
2.12.3 Casamento anulável 
O casamento é anulável quando celebrado em ferimento apenas do interesse 
de pessoas que o legislador quer proteger por considerá-las hipossuficientes. A lei 
não quer o matrimônio e, se foi contraído, autoriza a dissolução. O silêncio das 
partes permite que um ato jurídico defeituoso convalesça, o que equivale a uma 
ratificação tácita, ou melhor, a uma ratificaçãopresumida. Art. 1.550, CC. É anulável 
o casamento: 
I - de quem não completou a idade mínima para casar – casos dos 
menores de 16 anos. Não se anulará, todavia o casamento, por motivo de idade, se 
dele resultou gravidez (Art. 1.551, CC). O menor poderá confirmar seu casamento 
quando alcançar os 16 anos, com a autorização de seus representantes legais ou 
com suprimento judicial (Art. 1.553, CC). É uma ratificação do ato, que ocorre com 
um termo, constando a assinatura do ratificante, duas testemunhas e os 
representantes legais, perante o Oficial do Registro Civil e o juiz de paz, sem 
necessidade da convalidação judicial. Esse ato não importa em nova celebração do 
casamento. Mesmo que não tenha sido ratificado o ato, quando atingida a 
maioridade, o ato segue gerando seus efeitos, pois trata-se de ato anulável. 
Também poderá ser confirmado o matrimônio quando atingida a maioridade. 
Para que haja a anulação do casamento de menores de 16 anos o 
requerimento deve partir do próprio cônjuge, por seus representantes legais ou por 
seus ascendentes (Art. 1.552, CC). 
 
 
 
 
 
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu 
representante legal – entre 16 e 18 anos deve haver anuência de seus 
responsáveis (pais) para poderem casar. Se o menor tiver sido emancipado não é 
necessário tal consentimento. PRAZO = 180 dias, por iniciativa do incapaz, ao deixar 
de sê-lo, de seus representantes legais, a partir do casamento, ou de seus herdeiros 
necessários, a partir da morte do incapaz. Não poderá haver anulação se os 
 
35 
 
representantes legais do incapaz tiverem assistido ao ato de celebração do 
casamento ou manifestado, de qualquer modo, sua concordância (Art. 1.555, CC). 
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558 – Sem o 
consentimento o casamento inexiste, pois é requisito essencial. Mas é necessário 
que o ato seja livre e espontâneo, não viciado, a fim de que tenha eficácia. 
Art. 1.556, CC – Erro essencial quanto a pessoa do outro: falta de 
conhecimento da identidade ou de uma qualidade essencial do outro cônjuge. Ao ser 
dado o consentimento, um dos cônjuges o faz imbuído por falso conceito, ou uma 
idéia equivocada em relação à pessoa com quem se casou (art. 1.557, CC). 
• Identidade, honra e boa fama: pensava ser uma pessoa e era outra. 
Ex.: nome e identidade falsos; transexual; pessoa que se descobre depois do 
casamento ser de conduta devassa, com envolvimento com traficantes de drogas, 
etc. IMPORTANTE (JÁ CAIU NO EXAME DA OAB): esse fato deve ser conhecido 
após o matrimônio, tornando insuportável a vida em comum. 
• Ignorância de crime: são requisitos: a) a prática de crime; b) que seja 
anterior ao casamento; c) que seja fato ignorado pelo outro cônjuge ao casar-se; d) 
que torne insuportável a vida em comum. Ex.: cometimento de estupro anterior ao 
casamento. 
• Ignorância de defeito físico irremediável: O Estatuto da Pessoa com 
Deficiência introduziu esse inciso, não sendo cabível a anulação do casamento em 
caso de pessoas com deficiência. Como forma de erro essencial, capaz de levar à 
anulação do matrimônio, encontram-se, então: defeitos irremediáveis como 
hermadroditismo; deformações genitais; ulcerações no pênis e impotência coeundi 
(para o ato sexual) 6F7 ou instrumental (não é esterilidade, é impotência). 
Com relação às moléstias graves e transmissíveis, tais devem ser 
transmissíveis por contágio ou herança, capaz de colocar em risco a saúde do outro 
cônjuge e sua prole. A moléstia deve ser anterior ao casamento e não desconhecida 
do outro cônjuge. EXEMPLO: AIDS, hepatite, sífilis, epilepsia, hemofilia, etc. Não é 
discriminação. O portador de HIV, por exemplo, merece proteção e respeito e tem 
todo o direito de constituir família, mas seu futuro cônjuge deve saber da situação. 
 
7 TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando. Direito civil: direito de família. 11.ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2016, p. 95. 
 
36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 1.558, CC – Coação: a coação é a pressão física ou moral, ou o 
constrangimento que sofre uma pessoa, com o fim de ser obrigada a realizar um ato 
ou negócio. Ocorre no momento da celebração do casamento. Somente o cônjuge 
que sofreu a coação pode demandar a anulação de casamento, mas a coabitação, 
havendo ciência do vício, valida o ato. A coação, para viciar a declaração de 
vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e 
considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens ou temor de morte. 
PRAZO: 4 anos a contar da celebração do ato (art. 1.560, IV, CC). 
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o 
consentimento – Em razão do Estatuto da pessoa portadora de deficiência, a 
previsão do inciso IV incide apenas sobre os alcoólatras e viciados em tóxicos (art. 
4.º, II, CC). As pessoas com capacidade reduzida podem contrair matrimônio, 
manifestando sua vontade pessoalmente ou por responsável (art. 1.550, §2.º, CC). 
O prazo para revogação é de 180 dias a contar da celebração do casamento 
(Art. 1.560, I, CC). 
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente 
soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os 
cônjuges – Uma vez ocorrendo a coabitação, naturalmente se depreende a 
renúncia da revogação do mandato, porquanto o mandante, indo coabitar com o 
outro cônjuge, naturalmente aceitou o casamento, além de lhe competir a 
comunicação ao outro cônjuge da revogação do mandato. Cabe ao mandante tomar 
todas as providencias necessárias para cientificar o mandatário ou o outro 
contraente da revogação da procuração. No caso disso não ocorrer, o mandante 
 
37 
 
responde por perdas e danos. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato 
judicialmente decretada (Art. 1.550, § único, CC). PRAZO = 180 dias a contar da 
ciência pelo mandante da celebração do casamento (Art. 1.560, § 2.º, CC). 
VI - por incompetência da autoridade celebrante – Tal infração refere-se a 
incompetência relativa ou em razão do lugar do juiz de casamentos. 
Só tem validade, em princípio, o casamento realizado pelo juiz do distrito 
onde se processou a habilitação para o casamento. Contudo o Art. 1.554, CC 
protege o estado de aparência, quando o casamento é celebrado pro quem, sem 
possuir a competência exigida na lei, exercer publicamente as funções de juiz de 
paz e, nessa qualidade, tiver registrado o ato no Registro Civil. Mas só na hipótese 
de juiz de paz incompetente o casamento se convalida. Se for outra pessoa 
(delegado, ministro, prefeito...) o casamento é inexistente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANULAÇÃO X DIVÓRCIO – efeitos são diferentes – o objetivo na anulação é 
voltar ao status quo, ou seja, voltar a ser solteiro, com o aproveitamento dos efeitos 
no caso da boa-fé (art. 1.561, CC). No divórcio, o estado civil passa a ser divorciado 
(não volta a ser solteiro). O enunciado deixará claro se será caso de anulação ou 
divórcio. Para ser situação de anulação, o fato que conduz a invalidade deve ter 
ocorrido antes do casamento, ser descoberto após o casamento e, ainda ter 
tornado insuportável a vida em comum. 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.12.4 Ação de anulação de casamento 
A maioria das ações de anulação de casamento têm como fundamento o erro 
essencial quanto a pessoa do outro (art. 1.557, CC). Com a anulação do matrimônio, 
o indivíduo volta ao estado civil que detinha antes do casamento. Os prazos para a 
propositura da ação estão nos arts. 1.555 e 1.560, CC. 
A ação obedece ao procedimento comum (art. 318 e seguintes, CPC/2015). O 
foro competente para a propositura da ação é o previsto no art. 53, I, CPC: a) de 
domicílio do guardião de filho incapaz; b) do último domicílio do casal, caso não haja 
filho incapaz; ou c) de domicílio do réu, se nenhuma das partesresidir no antigo 
domicílio do casal. 
Valor da causa: havendo questões patrimoniais, é o valor desses bens. Em 
não havendo, caberá a parte definir o valor. 
 
 
 
39 
 
AÇÃO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO 
ATENÇAO: a peça estruturada abaixo é um modelo básico de ação de anulação de matrimônio. 
Destaca-se que cada ação deve ser estruturada de acordo com o caso apresentado e os dados devem ser 
adaptados ao enunciado fornecido pela banca examinadora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2.12.5 Consequências da nulidade ou da anulação do casamento 
Até a nulidade/anulação: produz todos os efeitos se contraído de boa-fé 
(Art. 1.561, CC). 
Depois da nulidade/anulação: considera-se o casamento como inexistente 
(volta ao status quo ante). Se for o caso, perde o cônjuge o estado de casado e de 
capaz, tornando à menoridade. O pacto antenupcial também desaparece. 
Efeitos: Os efeitos da sentença transitada em julgado retroagem a data do 
casamento, como se ele nunca tivesse existido. Contudo, os direitos de terceiros de 
boa-fé são preservados, ou seja, as vendas feitas a terceiros permanecem 
inalteradas. Aos filhos os efeitos aproveitam sempre. Havendo patrimônio – 
obedecer ao regime de bens. Quando a nulidade/anulabilidade decorrer de culpa de 
um dos cônjuges, o culpado deverá devolver ao outro todas as vantagens e 
benefícios que deste recebeu (art. 1.564, I, CC). Também fica obrigado o cônjuge 
culpado a cumprir com as promessas feitas no contrato antenupcial, de maneira que 
se fez promessa de fazer uma doação, a anulação não lhe retira o dever de cumprir 
com tal obrigação. 
 
EXAME OAB 2010.3 - QUESTÃO 1 
José iniciou o relacionamento afetivo com Tânia em agosto de 2009, casando-se cinco meses depois. 
No primeiro mês de casados, desconfiado do comportamento de sua esposa, José busca 
informações sobre seu passado. Toma conhecimento de que Tânia havia cumprido pena privativa de 
liberdade pela prática de crime de estelionado. José, por ser funcionário de instituição bancária há 
quinze anos e por ter conduta ilibada, teme que seu cônjuge aplique golpes financeiros valendo-se de 
sua condição profissional. 
José, sentindo-se enganado, decide romper a sociedade conjugal, mas Tânia, para provocar José, 
inicial a alienação do patrimônio do casal. 
Considerando que você é o advogado de José, responde aos itens a seguir, empregando os 
argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
A) Na hipótese, existe alguma medida para reverter o estado de casado? (Valor: 0,5) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA: 
A) José descobriu, após o casamento, que Tânia praticou crime que, por sua natureza, tornará 
insuportável a relação do casal. Cuida-se de erro essencial sobre o cônjuge, podendo José propor 
ação judicial a fim de que o casamento seja anulado. Cabe, portanto, Ação Anulatória de Casamento, 
fundada no art. 1.557, II, c/c art. 1.556 do Código Civil. 
 
43 
 
 
REGIME DE BENS 
 
Maneira pela qual se estabelece, no casamento, as formas de contribuição e 
cada um para o lar, a titularidade e administração dos bens comuns e particulares e 
em que medida esses bens respondem por obrigações de terceiros. É uma das 
consequências jurídicas do casamento. Assim, o casamento não subsiste sem um 
regime de bens, de maneira que se os cônjuges não se manifestarem, a lei supre 
sua omissão, disciplinando o regime de bens de seu casamento. 
 
 
 
 
Regra: liberdade dos pactos e escolha do regime de bens – art. 1.639, CC. 
Início do regime de bens: data do casamento – momento do “sim” (art. 
1.639, § 1.º, CC). 
Fim do regime de bens: separação de fato. 
Possibilidade de mesclar diversos regimes de bens, ou seja, adotarem um 
regime e, com referência, a certos bens, elegerem outro. Ex.: adotar o regime da 
separação total de bens, estipulando que com relação ao bem X vigorará o regime 
da comunhão de bens. 
 
3.1 Princípios 
1. Variedade do regime de bens: a lei oferece uma multiplicidade de regimes 
de bens: 4 diferentes regimes de bens para que os consortes possam optar pelo que 
03 
 
44 
 
mais lhes convier: comunhão universal, comunhão parcial, separação e participação 
final dos aquestos. 
2. Liberdade dos pactos antenupciais: é decorrência do primeiro. É a 
liberdade de escolha dentre os vários regimes de bens existentes, podendo ainda, 
criar um regime novo, mesclando partes de um regime e elementos de outro (art. 
1.639, CC). O Estado não pode, salvo havendo motivo relevante e norma específica, 
intervir demasiadamente e coativamente na relação matrimonial, de forma a impor o 
regime de bens. 
 
 
 
 
 
 
Existem, contudo, casos em que a liberdade de escolha dos nubentes é 
relativizada (ou podada!), ou seja, existem casos em que a lei determina um regime 
obrigatório – o da separação de bens – seja por precaução ou para punir os 
nubentes. Nesses casos, se eles regularem diferentemente, via pacto antenupcial, 
seus interesses econômicos, as cláusulas serão nulas, prevalecendo a 
determinação legal (art. 1.655, CC). 
3. Mutabilidade do regime de bens: o art. 1.639, § 2.º, CC (+ art. 734, 
CPC/2015) veio admitir a mutabilidade do regime matrimonial adotado, desde que 
haja, em jurisdição voluntária, autorização judicial, atendendo a um pedido motivado 
de ambos os cônjuges, após a verificação da procedência das razões por eles 
invocadas e da certeza de que tal modificação não causará qualquer gravame a 
direitos de terceiros. 
4. Imediata vigência do regime de bens: a vigência do regime de bens é 
imediata a celebração do ato nupcial. 
5. Comunicabilidade: a partir do momento em que é celebrado o casamento, 
passa a viger o princípio da comunicabilidade do patrimônio que for amealhado após 
as núpcias. 
 
 
45 
 
3.2 Pacto antenupcial 
Quando o regime não for o legal dispositivo (CPB), a escolha do regime de 
bens é feita através de um negócio jurídico solene: o pacto antenupcial, realizado 
mediante escritura pública, no Tabelionato de Notas (art. 1.653, CC). 
CPB 7F8 – regra: sem pacto, contudo, havendo alteração deve haver pacto; 
CUB – sempre com pacto; 
PFA – sempre com pacto; 
SOB – sempre sem pacto – imposição legal; 
SCB (SAB) – sempre com pacto. Separação consensual = absoluta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Pode ser por procuração pública, com poderes especiais; 
- Menores de idade = o representante legal deverá assistir no ato de lavratura 
do pacto antenupcial, salvo no caso do regime obrigatório de bens (art. 1.654, CC). 
 
8 CPB – Comunhão parcial de bens; CUB – Comunhão universal de bens; PFA – Participação final nos aquestos; 
SOB – Separação obrigatória de bens; SCB – Separação convencional de bens (também conhecido como SAB – 
separação absoluta de bens). 
 
46 
 
- MOMENTO DE ELABORAÇÃO = antes da habilitação, pois tal escritura 
pública deve ser anexada na documentação exigida para habilitação do casamento. 
- Não pode haver qualquer cláusula que ofenda os bons costumes e a ordem 
pública. Ex.: é proibido cláusula no pacto antenupcial que altere a ordem de vocação 
hereditária ou que ajuste a comunhão de bens, quando o casamento só podia 
realizar-se pelo regime da separação total. Em havendo cláusulas nesse sentido, 
serão nulas (art. 1.655, CC). 
- Após a celebração do casamento o pacto antenupcial deverá ser registrado 
no Cartório de Registro de Imóveis, em livro especial, para ter validade contra 
terceiros (art. 1.657, CC; art. 167, I, n.12 e II, n.1, Lei 6.015/73). Se o nubente for 
empresário, o pacto deverá ser arquivado e averbado no Registro

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