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SUMÁRIO 1. Introdução ..................................................................... 3 2. Sistema nervoso autônomo ................................... 5 3. Transmissão adrenérgica ........................................ 9 4. Antagonistas de receptores α-adrenérgicos .....12 5. Antagonistas de receptores β-adrenérgicos .....18 Referências Bibliográficas ........................................27 3ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS 1. INTRODUÇÃO Os antagonistas adrenérgicos (também denominados bloqueadores adrenérgicos ou simpaticolíticos) li- gam-se aos adrenoceptores, mas não iniciam os usuais efeitos intracelula- res mediados pelos receptores. Esses fármacos atuam ligando-se reversível ou irreversivelmente aos adrenocep- tores, evitando, assim, sua ativação pelas catecolaminas endógenas. Os antagonistas adrenérgicos são classificados de acordo com suas afinidades relativas para os recepto- res α ou β no sistema nervoso sim- pático. Numerosos antagonistas adrenérgicos têm papéis importantes na clínica, principalmente para tratar doenças associadas com o sistema cardiovascular. 4ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS MAPA MENTAL: INTRODUÇÃO AOS ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS Não seletivos ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES ADRENÉRGICOS α1-seletivos α2-seletivos Não seletivos (1ª geração) β1-seletivos (2ª geração) Não seletivos (3ª geração) β1-seletivos (3ª geração) Fenoxibenzamina Fentolamina Prazosina Terazosina Doxazosina Alfuzosina Tansulosina Indoramina Urapidil Bunazosina Ioimbina Idazoxano Nadolol Pembutolol Pindolol Propranolol Timolol Sotalol Levobunolol Metipranolol Acebutolol Atenolol Bisoprolol Esmolol Metoprolol Carteolol Carvedilol* Bucindolol Labetalol* *Também bloqueiam α1 Betaxolol Celiprolol Nebivolol Antagonistas dos receptores β Antagonistas dos receptores α 5ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS 2. SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO O sistema nervoso autônomo (SNA) é composto por três divisões anatô- micas principais: a simpática, a pa- rassimpática e o sistema nervoso entérico. Os sistemas simpático e pa- rassimpático estabelecem um vínculo entre o sistema nervoso central e os órgãos periféricos. O sistema nervo- so entérico compreende os plexos nervosos intrínsecos do trato gas- trointestinal, que estão intimamen- te interconectados com os sistemas simpático e parassimpático. O sistema nervoso autônomo con- duz todas as informações provenien- tes do sistema nervoso central para o restante do organismo, exceto para a inervação motora dos músculos es- queléticos. Os principais processos que ele regula, em maior ou menor extensão, são: • A contração e o relaxamento da musculatura lisa de vasos e vísceras; • Todas as secreções exócrinas e al- gumas endócrinas; • Os batimentos cardíacos; • O metabolismo energético, parti- cularmente no fígado e nos mús- culos esqueléticos. A via eferente autônoma consiste em dois neurônios dispostos em série, que são conhecidos, respectivamen- te, como pré-ganglionar e pós-gan- glionar. No sistema nervoso simpá- tico, as sinapses estão localizadas em gânglios autônomos, que se lo- calizam fora do sistema nervoso cen- tral e contêm as terminações nervo- sas das fibras pré-ganglionares e os corpos celulares dos neurônios pós- -ganglionares. Nas vias parassim- páticas, as células pós-ganglionares são encontradas principalmente nos órgãos-alvo, e gânglios parassimpá- ticos isolados (ex: gânglio ciliar) são encontrados apenas na cabeça e no pescoço. HORA DA REVISÃO! Os corpos celulares dos neurônios simpáticos pré-ganglionares locali- zam-se no corno lateral da substância cinzenta dos seg- mentos torácicos e lombares da medula espinhal, e as fibras deixam a medu- la espinhal em nervos espinhais como emergência simpáticotoracolombar. As fibras pré-ganglionares fazem sinapse nas cadeias paravertebrais de gânglios simpáticos, localizadas em ambos os lados da coluna vertebral. Esses gân- glios contêm os corpos celulares dos neurônios simpáticos pós-gangliona- res, cujos axônios se reúnem no nervo espinhal. Muitas das fibras simpáticas pós-ganglionares alcançam seus desti- nos periféricos por meio de ramos dos nervos espinhais. Outras, cujos destinos são as vísceras abdominais e pélvicas, têm seus corpos celulares em um gru- po de gânglios pré-vertebrais despro- vidos de par e localizados na cavidade abdominal. A única exceção a essa es- trutura formada por dois neurônios é a 6ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS inervação da medular da glândula suprarrenal. As células secretoras de catecolaminas da medula suprarrenal são, na realidade, neurônios simpá- ticos pós-ganglionares modificados, e os nervos que inervam a glândula são equivalentes às fibras pré-ganglionares. Os nervos parassimpáticos emergem de duas regiões diferentes do sis- tema nervoso central. A emergência craniana consiste em fibras pré-gan- glionares de certos nervos cranianos, ou seja, do nervo oculomotor (que transporta fibras parassim- páticas destinadas aos olhos), dos nervos facial e glossofaríngeo (que transportam fibras para as glândulas salivares e para a nasofaringe) e do nervo vago (que transporta fibras para as vísceras torácicas e abdomi- nais). Os gânglios encontram-se espalhados e em íntima relação com os órgãos-alvo; os neurônios pós-ganglionares são muito curtos quando comparados aos do sistema simpático. As fibras parassimpáticas cujos destinos são as vísceras abdominais e pélvicas saem da medula espinhal como emergência sacral. Trata-se de um feixe de nervos conhecido como nervos eretores (porque sua estimulação provoca ereção genital – um fato de certa importância para os responsáveis pela inseminação artificial do gado). Essas fibras fazem sinapse em um grupo de gânglios pélvicos dis- persos, de onde as fibras pós-ganglionares curtas saem e rumam para te- cidos-alvo como a bexiga, o reto e os órgãos genitais. Os gânglios pélvicos transportam tanto fibras simpáticas quanto parassimpáticas, e as duas divisões não são anatomicamente distintas nessa região. Simpático Parassimpático Pré-ganglionares Pós-ganglionaresEferência segmentar Cadeia simpática paravertebral (bilateral) Nervos erigentes Gânglios pélvicos Gânglios pré-vertebrais (linha mediana) Estruturas da cabeça e pescoço: Olho Vasos sanguíneos Glândulas salivares etc. Coração Pulmões Medula suprarrenal Fígado Trato GI Bexiga Genitália Vasos sanguíneos Glândulas sudoríparas etc. Glândulas salivares Glândula lacrimal Olho Coração Pulmão Trato TGI superior Trato TGI inferior Bexiga Genitália M C T L S X IX III VII Figura 1. Esquema básico do sistema nervoso autônomo de mamíferos. C, cervical; GI, gastrointestinal; L, lombar; S, sacral; T, torácico. Fonte: Rang & Dale: Farmacologia, 2016 7ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS Em alguns locais (ex: no músculo liso visceral do intestino e da bexiga, e no coração), os sistemas simpático e pa- rassimpático produzem efeitos opos- tos; há, contudo, outros locais em que apenas uma divisão do sistema autô- nomo opera. As glândulas sudorípa- ras e a maioria dos vasos sanguíneos, por exemplo, têm apenas inervação simpática; ao passo que o músculo ci- liar do olho tem apenas inervação pa- rassimpática. Existem outros exem- plos, como as glândulas salivares, em que os dois sistemas produzem efei- tos semelhantes, e não opostos. SE LIGA! É um erro considerar os sis- temas simpático e parassimpático sim- plesmente como oponentes fisiológicos. Cada um cumpre sua própria função fisiológica e pode estar mais ou menos ativo em determinado órgão ou tecido de acordo com a necessidade do momento. Os dois principais neuro- transmissores que ope- ram no sistema autôno- mo são a acetilcolina e a norepinefrina. Algu- mas regras gerais são as seguintes: • Todas as fibras nervo- sas autonômicas que deixam o sistema ner- voso central liberam acetilcolina, que age nos receptores nicotínicos (embora, nos gânglios autônomos, uma pequena parte da estimulação seja resultante daati- vação de receptores muscarínicos); • Todas as fibras parassimpáticas pós-ganglionares liberam ace- tilcolina, que age nos receptores muscarínicos. • Todas as fibras simpáticas pós- -ganglionares (com uma exceção importante) liberam norepinefrina, que pode agir sobre receptores α ou β-adrenérgicos. A única exce- ção consiste na inervação simpá- tica das glândulas sudoríparas, em que a transmissão resulta da ação da acetilcolina sobre receptores muscarínicos. Parassimpático Receptor Ach nicotínico Somático Simpático suprarrenal Simpático [Nn] Receptor Ach nicotínico [Nn] Glândula suprarrenal Receptor Ach nicotínico [Nn] Receptor Ach muscarínico [M1M5] Órgão Órgão Receptor adrenérgico [α e β] Agonistas α e β na circulação [adrenalina/ noradrenalina liberadas] Músculo esquelético Receptor Ach nicotínico [NM] Figura 2. Fisiologia e farmacologia autônoma e somática: compartimentos neuroanatômicos. ACh, acetilcolina; NN, receptor nicotínico neuronal; NM, receptor nicotínico neuromuscular; M, receptor muscarínico (cinco subtipos); α/β, receptores adrenérgicos alfa e beta. Fonte: Kester et al., Farmacologia, 2008 8ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS antagonistas adrenérgicos e podem ser resumidas da seguinte forma: As ações do sistema nervoso autô- nomo são importantes para com- preensão dos efeitos dos fármacos ÓRGÃO OU SISTEMA TÔNUS DOMINANTE RESPOSTA COLINÉRGICA (RECEPTOR) RESPOSTA ADRENÉRGICA (RECEPTOR) Coração Parassimpático Diminuição da frequência (M2) Diminuição da força (M2) Aumento da frequência (β1) Aumento da força (β2) Vasos sanguíneos Simpático Dilatação Bifásico Constrição (α1): Tônus de repouso aumenta a PA Dilatação (β2): diminui a RVP total e a PA Árvore brônquica Parassimpático Broncoconstrição Broncodilatação Olho Íris, músculo radial Simpático - Contração (midríase; α1) Íris, músculo circular Parassimpático Contração (miose) - Músculo ciliar Parassimpático Contração (visão para perto) Relaxamento (β2) (visão para longe) Gastrointestinal Motilidade Parassimpático Aumento da motilidade Diminuição da motilidade (α1) Esfincteres Parassimpático Relaxamento Constrição (α1) Secreções Parassimpático Estímulo Diminuição (α1) Bexiga urinária Detrusor Parassimpático Contração Relaxamento (β2) Trígono e esfíncter Simpático Relaxamento Contração (α1) Glândulas sudoríparas e salivares Parassimpático Aumento da secreção Aumento da secreção (α1) Tabela 1. Resposta fisiológica à atividade nervosa autônoma. Fonte: Kester et al., Farmacologia, 2008 9ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS 3. TRANSMISSÃO ADRENÉRGICA Os neurônios noradrenérgicos na pe- riferia são neurônios pós-gangliona- res simpáticos, cujos corpos celulares encontram-se nos gânglios simpáti- cos. Eles geralmente têm axônios lon- gos que terminam em uma série de varicosidades inseridas ao longo da rede de ramos terminais. Essas vari- cosidades contêm numerosas vesí- culas sinápticas, que são os locais de síntese e liberação de norepinefrina e mediadores coliberados, tais como ATP e neuropeptídeo Y, que são ar- mazenadas em vesículas e liberadas por exocitose. Os receptores adrenérgicos consti- tuem uma família de proteínas estrei- tamente relacionadas, tanto estrutural quanto funcionalmente, aos recepto- res acoplados à proteína G (RAPG) de uma ampla variedade de outros hormônios e neurotransmissores. Eles incluem dois subtipos de recep- tores α (α1 e α2), cada um compre- endendo três subclasses (α1A, α1B, α1D e α2A, α2B, α2C) e três subtipos de receptor β (β1, β2 e β3) – ao todo, nove subtipos distintos. Cada um dos três principais subti- pos de receptores está associado a um sistema específico de segundos mensageiros. Assim, os receptores α1 estão acoplados à fosfolipase C e produzem seus efeitos principalmen- te pela liberação de Ca2+ intracelu- lar; os receptores α2 estão negativa- mente acoplados à adenilil ciclase e reduzem a formação de AMPc, assim como inibem canais de Ca2+ e ativam canais de K+; e todos os três tipos de receptores β agem por estimulação da adenilil ciclase. SI ST EM A N ER VO SO C EN TR AL ACh (nic) Sistema somático eferente Músculo esquelético ACh (nic) Medula suprarrenal ACh (nic) ACh (mus) Glândulas sudoríparas ACh (nic) NE (α, β) Vasos sanguíneos etc. Sistema simpático Sistema parassimpático ACh (nic) ACh (mus) Glândulas salivares etc. 10ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS α1 α2 β1 β2 β3 Segundos mensageiros e efetores Ativação da fosfo- lipase C ↑ Trifosfato de inositol ↑ Diacilglicerol ↑ Ca2+ ↓ AMPc ↓ Canais de cálcio ↑ Canais de potássio ↑ AMPc ↑ AMPc ↑ AMPc Ordem de potên- cia dos agonistas NE > E >> ISO E > NE >> ISO ISO > NE > E ISO > E > NE ISO > NE = E Agonistas seletivos Fenilefrina Methoxamina Clonidina Dobutamina Xamoterol Salbutamol Terbutalina Salmeterol Formoterol Clembuterol Mirabegron Antagonistas seletivos Prazosina Doxazocina Ioimbina Idazoxano Atenolol Metoprolol Butoxamina Tabela 2. Características dos adrenoceptores. E, epinefrina; ISO, isoprenalina; NE, norepinefrina. Fonte: Rang & Dale: Farmacologia, 2016 TECIDOS E EFEITOS α1 α2 β1 β2 β3 Músculo liso Vasos sanguíneos Constrição Constrição/ dilatação – Dilatação – Brônquios Constrição – – Dilatação – Trato gastrointestinal Relaxamento Relaxamento (efeito pré-sináptico) – Relaxamento – Esfíncteres gastrointestinais Contração – – – – Útero Contração – – Relaxamento – Detrusor da bexiga – – – Relaxamento Relaxamento Esfíncter da bexiga Contração – – – – Vias seminais Contração – – Relaxamento – Íris (músculo radial) Contração – – – – Músculo ciliar – – – Relaxamento – 11ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS TECIDOS E EFEITOS α1 α2 β1 β2 β3 Coração Frequência cardíaca – – Aumento Aumento* – Força de contração – – Aumento Aumento* – Outros tecidos/células Músculo esquelético – – – Tremor Aumento da massa muscular e da velocidade de contração Glicogenólise Termogênese Fígado (hepatócitos) Glicogenólise – – Glicogenólise – Gordura (adipócitos) – – – – Lipólise Ilhotas pancreáticas (células B) – Diminuição da secreção de insulina – – – Glândulas salivares Liberação de K+ – Secreção de amilase – – Plaquetas – Agregação – – – Mastócitos – – – Inibição da libera- ção de histamina – Tronco encefálico – Inibição do efluxo simpático – – – Terminações nervosas Adrenérgicas – Diminuição da liberação – Aumento da liberação – Colinérgicas – Diminuição da liberação – – – Tabela 3. Distribuição e efeitos dos receptores adrenérgicos. Fonte: Rang & Dale: Farmacologia, 2016 *Em geral, esse efeito é de importância menor, mas pode tornar-se significativo na insuficiência cardíaca. 12ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS SE LIGA! A distinção entre receptores β1 e β2 adre- nérgicos é importante, pois os receptores β1 são encontrados principalmente no coração, no qual são responsáveis pelos efeitos inotrópicos e cronotrópi- cos das catecolaminas. Por outro lado, os receptores β2 são responsáveis pelo relaxamento da musculatu- ra lisa em vários órgãos. 4. ANTAGONISTAS DE RECEPTORES α-ADRENÉRGICOS Fármacos que bloqueiam os adre- noceptores α afetam profundamente a pressão arterial. Como o controle MAPA MENTAL: TRANSMISSÃO ADRENÉRGICA α1 α2 β1 β2 β3 Vasoconstrição Inibição da liberação de transmissores Aumento da frequência e da força de contração cardíacas Broncodilatação Lipólise e termogênese Relaxamento da musculatura lisa gastrointestinal Inibição da agregação plaquetária Hipertrofia cardíaca tardia Vasodilatação Relaxamento do músculo detrusor da bexiga Secreção salivar Inibição da contração do músculo liso vascular Relaxamento da musculatura lisa visceral Glicogenólise hepática Inibição da liberação de insulina Glicogenólise hepática Tremores musculares simpático normal dos vasos ocorre em grande parte por ações agonis- tas nos receptores α-adrenérgicos, o 13ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOSbloqueio desses receptores reduz o tônus simpático dos vasos sanguíne- os, resultando em menor resistência vascular periférica. Isso induz a taqui- cardia reflexa resultante da redução da pressão arterial. A intensidade da resposta depende do tônus simpáti- co do indivíduo quando o fármaco é administrado. Os bloqueadores α-a- drenérgico têm aplicações clínicas limitadas. Os principais grupos de antagonistas de receptores α-adrenérgicos são: • Não seletivos entre os subtipos (ex: fenoxibenzamina, fentolamina) • α1 seletivos (ex: prazosina, doxa- zosina, terazosina). • α2 seletivos (ex: ioimbina, idazoxano). Antagonistas α-adrenérgicos não seletivos A fenoxibenzamina não é específi- ca para os receptores α, pois também antagoniza as ações da acetilcolina, histamina e 5-HT. Ela é de longa du- ração de ação porque se liga covalen- temente ao receptor. A fentolamina é mais seletiva, mas sua ligação ao receptor é reversível e seus efeitos são de curta duração. Fenoxibenzamina Ligação covalente Rápido Membrana da célula efetora Adrenoceptor α1 inativado covalentemente Figura 3. Inativação covalente do adrenoceptor α1 pela fenoxibenzamina. Fonte: Farmacologia ilustrada, 2016 Em humanos, esses fármacos cau- sam queda na pressão arterial (por causa do bloqueio da vasoconstrição mediada pelos receptores α) e hipo- tensão postural. O débito cardíaco e a frequência cardíaca são aumentados. Essa é uma resposta reflexa à queda da pressão arterial, mediada através dos receptores β. O bloqueio conco- mitante dos receptores α2 tende a aumentar a liberação de norepinefri- na, fato este que potencializa a taqui- cardia reflexa por efeito de qualquer agente redutor da pressão sanguínea. A fenoxibenzamina conserva um uso restrito (mas vital) no prepa- ro pré-cirúrgico de pacientes com 14ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS feocromocitoma; seu antagonismo ir- reversível e a depressão resultante no máximo da curva dose-resposta do agonista são desejáveis em situações em que a manipulação cirúrgica do tumor possa liberar um grande bólus de aminas pressoras na circulação. Catecolaminas Isoproterenol (mmHg) Epinefrina Norepinefrina 200 200 200 0 0 0 Controle não tratado Pré- tratamento com α- bloqueador Pré- tratamento com β- bloqueador Bloqueadores α-adrenérgicos não têm efeito nas ações do isoproterenol, que é um β-agonista puro Os bloqueadores α-adrenérgicos revertem a ação vasoconstritora da epinefrina Figura 4. Resumo dos efeitos dos bloqueadores adre- nérgicos nas alterações da pressão arterial produzidas por isoproterenol, epinefrina e norepinefrina. Fonte: Farmacologia ilustrada, 2016 HORA DA REVISÃO! O feocromocitoma é um tumor do te- cido cromafim secretante de catecola- minas que causa hipertensão grave e inicialmente episódica. A maneira mais efetiva de controlar a pressão arterial nesses casos é uma combinação de an- tagonistas α e β-adrenérgicos. O tumor pode ser removido cirurgicamente, sen- do essencial bloquear os receptores α e β antes do início da cirurgia, para evitar os efeitos de uma liberação súbita de catecolaminas quando o tumor é mani- pulado. Uma combinação de fenoxiben- zamina e atenolol mostra-se eficaz para esse objetivo. A fenoxibenzamina pode causar hi- potensão postural, congestão nasal, náuseas e êmese. Ela pode inibir a ejaculação. Também pode causar ta- quicardia reflexa, mediada pelo refle- xo barorreceptor. A fenoxibenzamina deve ser usada com cautela em pa- cientes com doença cerebrovascular ou cardiovascular. O labetalol e o carvedilol são fárma- cos mistos, que bloqueiam receptores α1 e β- adrenérgicos, embora clinica- mente ajam predominantemente nos receptores β. O carvedilol é usado principalmente no tratamento da hi- pertensão e da insuficiência cardía- ca; o labetalol é usado no tratamento da hipertensão durante a gravidez. A fentolamina também pode causar arritmias e dor anginosa, sendo con- traindicada em pacientes com doen- ça arterial coronariana. 15ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS Antagonistas α1 seletivos A prazosina foi o primeiro antago- nista α1 seletivo. Atualmente, são preferíveis fármacos similares com meias-vidas mais longas (p. ex., do- xazosina, terazosina), que têm a vantagem de tornar possível admi- nistração em dose diária única. Eles são altamente seletivos para recepto- res α1-adrenérgicos e causam vaso- dilatação e queda da pressão arterial, mas com menos taquicardia do que os antagonistas α não seletivos, pre- sumivelmente, porque não aumentam a liberação de norepinefrina pelas ter- minações nervosas simpáticas. Pode ocorrer hipotensão postural, mas é menos problemático do que com a utilização da prazosina, um fármaco de curta duração. Os antagonistas de receptores α1 causam relaxamento da musculatu- ra lisa do colo da bexiga e da cáp- sula prostática e inibem a hipertrofia desses tecidos; por isso, são úteis no tratamento da retenção urinária asso- ciada à hipertrofia prostática benigna. A tansulosina, um antagonista dos receptores α1A-adrenérgicos, mos- tra certa seletividade para a bexiga e causa menos hipotensão do que fár- macos como a prazosina, que agem sobre receptores α1B-adrenérgicos, importantes no controle do tônus vascular. Acredita-se que os receptores α1A participem da hipertrofia patológica não apenas na musculatura lisa vas- cular e prostática, mas também na hipertrofia cardíaca que ocorre na hi- pertensão e na insuficiência cardíaca. O uso de antagonistas seletivos α1A para tratar essas condições crônicas está sob investigação. Os α1-bloqueadores podem causar tontura, falta de energia, congestão nasal, cefaleia, sonolência e hipo- tensão ortostática (embora em me- nor intensidade do que observado com fenoxibenzamina e fentolamina). Ocorre efeito anti-hipertensivo adi- cional quando os α1-antagonistas são administrados com vasodilatado- res, como os nitratos ou inibidores da 5-fosfodiesterase (PDE-5) (ex: silde- nafila), necessitando cautelosa titu- lação da dose e uso da menor dose possível. Bloqueando os receptores α nos ductos ejaculatórios e impedindo a contração da musculatura lisa, os α1-antagonistas podem causar inibi- ção da ejaculação e ejaculação retró- grada. Esses fármacos podem causar síndrome da íris flácida, uma condi- ção na qual a íris ondula em resposta à cirurgia intraoperatória do olho. 16ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS Figura 5. A primeira dose do bloqueador do receptor α1 pode provocar hipotensão ortostática e resultar em síncope (desmaio). Fonte: Farmacologia ilustrada, 2016 Antagonistas α2 seletivos A ioimbina é um alcaloide de ocor- rência natural; vários análogos sinté- ticos foram produzidos, como o ida- zoxano. Esses fármacos são usados experimentalmente para análise de subtipos de receptores α, e a ioimbi- na, provavelmente em virtude de seu efeito vasodilatador, ganhou notorie- dade como afrodisíaca, mas nenhum deles é usado terapeuticamente. Ela é contraindicada em doença cardio- vascular, condições psiquiátricas e disfunções renais, pois pode agravar tais condições. SE LIGA! Usos clínicos dos antagonis- tas de receptores α-adrenérgicos: • Hipertensão grave: antagonistas se- letivos de receptores α1 (ex: doxa- zosina) em combinação com outros fármacos. • Hipertrofia prostática benigna (ex: tansulosina, um antagonista seletivo de receptores α1A). • Feocromocitoma: fenoxibenzamina (antagonista irreversível) no preparo pré-cirúrgico. 17ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS MAPA MENTAL: TRANSMISSÃO ADRENÉRGICA Fenoxibenzamina Fentolamina Prazosina Tansulosina Iombina Ação: Antagonista α (não seletivo, irreversível); Inibidor da recaptação Ação: Antagonista α (não seletivo), vasodilatador Ação: Antagonista α1A (“urosseletivo”) Ação: Antagonista α1 Ação: Antagonista α2 Uso: Feocromocitoma Uso: Raramente usado Uso: Hiperplasia da próstata Uso: Hipertensão Uso: Não é utilizado clinicamente, tido como afrodisíaco Efeitos adversos: Hipotensãopostural, taquicardia, congestão nasal, impotência Efeitos adversos: Hipotensão postural, taquicardia, congestão nasal, impotência Efeitos adversos: Dificuldade na ejaculação Efeitos adversos: Hipotensão postural, taquicardia, congestão nasal, impotência Efeitos adversos: Excitação, hipertensão Aspectos farmacocinéticos: Absorvido oralmente, t1/2 plasmático ~12h Aspectos farmacocinéticos: Geralmente administrado via IV, metabolizado pelo fígado, t1/2 plasmático ~2h Aspectos farmacocinéticos: Absorvido oralmente, t1/2 plasmático ~4h Aspectos farmacocinéticos: Absorvido oralmente, Metabolizado pelo fígado, t1/2 plasmático ~4h Aspectos farmacocinéticos: Absorvido oralmente, Metabolizado pelo fígado, t1/2 plasmático ~4h Antagonistas de receptores α-adrenérgicos 18ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS 5. ANTAGONISTAS DE RECEPTORES β-ADRENÉRGICOS Todos os β-bloqueadores disponí- veis para a clínica são antagonistas competitivos. Os β-bloqueadores não seletivos atuam em receptores β1 e β2, ao passo que os β-antagonistas cardiosseletivos bloqueiam principal- mente receptores β1. Não há β2-an- tagonistas clinicamente úteis. Esses fármacos também diferem na ativi- dade simpaticomimética intrínseca (ASI), nos efeitos no SNC, no bloqueio dos receptores simpáticos, na vasodi- latação e na farmacocinética. Embo- ra todos os β-bloqueadores reduzam a pressão arterial, eles não causam hipotensão postural, pois os adreno- ceptores α permanecem funcionais. Por isso, o controle simpático normal dos vasos é mantido. Os β-bloquea- dores são eficazes no tratamento de hipertensão, angina, arritmias cardía- cas, infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca, hipertireoidismo e glauco- ma. Também são usados na profilaxia das enxaquecas. Antagonistas β-adrenérgicos não seletivos O propranolol é o protótipo dos β-an- tagonistas adrenérgicos e bloqueia os receptores β1 e β2 com a mesma afinidade. O propranolol diminui o débito cardíaco, tendo efeitos crono- trópicos e inotrópicos negativos. Ele deprime diretamente a atividade dos nodos sinoatrial e atrioventricular. Em geral, a bradicardia limita a sua dosa- gem. Durante exercício ou estresse, quando o sistema nervoso simpático está ativado, os β-bloqueadores ate- nuam o esperado aumento da frequ- ência cardíaca. O débito cardíaco, o trabalho e o consumo de oxigênio di- minuem pelo bloqueio dos receptores β1, e esses efeitos são úteis no trata- mento da angina. Os β-bloqueadores são eficazes para atenuar as arritmias cardíacas supraventriculares, mas, em geral, não são eficazes contra as arritmias ventriculares (exceto as in- duzidas pelo exercício). O bloqueio não seletivo dos recep- tores β impede a vasodilatação nos músculos esqueléticos mediada pelos receptores β2 e aumenta a resistên- cia vascular periférica. A redução do débito cardíaco produzida por todos os β-bloqueadores leva à diminuição da pressão arterial, o que desenca- deia vasoconstrição periférica reflexa e se reflete na redução do fluxo de sangue na periferia. Em pacientes hi- pertensos, a resistência periférica to- tal retorna ao normal ou diminui com o uso prolongado de propranolol. Há uma redução gradual das pressões arteriais sistólica e diastólica nos pa- cientes hipertensos. O bloqueio dos receptores β2 nos pulmões dos pacientes suscetíveis causa contração da musculatura lisa bronquiolar. Isso pode precipitar 19ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS agravamento em pacientes com do- ença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou asma. Por isso, os β-blo- queadores, em particular os não sele- tivos, são contraindicados em pacien- tes com DPOC ou asma. O bloqueio β também diminui a glico- genólise e a secreção de glucagon. Por isso, se o propranolol é dado a um pa- ciente diabético sob tratamento com insulina, é essencial monitorar a gli- cemia cuidadosamente, porque pode ocorrer hipoglicemia acentuada após a injeção de insulina. Os β-bloquea- dores também atenuam a resposta fisiológica normal à hipoglicemia. Os β-bloqueadores não seletivos, incluindo o propranolol, têm ainda a capacidade de bloquear as ações do isoproterenol (β1 e β2-agonista) no sistema cardiovascular. Assim, na presença de um β-bloqueador, o iso- proterenol não produz estimulação cardíaca (mediada por β1) ou redu- ções na pressão arterial média e na pressão diastólica (mediada por β2). Na presença do β-bloqueador não seletivo, a epinefrina não diminui a pressão diastólica ou estimula o co- ração, mas sua ação vasoconstritora, mediada por receptores α, permane- ce ativa. As ações da norepinefrina no sistema cardiovascular são mediadas primariamente pelos receptores α e, portanto, não são afetadas. Vasocons trição periférica reflexa Maior retenção de sódio Bronco- constrição Menor frequência Débito cardíaco diminuído β1 β2 β2 Propanolol Propanolol Propanolol Propanolol Acebutolol Atenolol Metoprolol Nebivolol Figura 6. Ações do propranolol e de outros β-bloquea- dores. Fonte: Farmacologia ilustrada, 2016 20ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS Os efeitos adversos do propranolol incluem: • Broncoconstrição; • Arritmias; • Comprometimento sexual; • Distúrbios no metabolismo: pode ocorrer hipoglicemia de jejum, os pacientes que recebem β-bloque- adores não seletivos têm maior quantidade de LDL, aumento de triglicerídeos e redução de HDL. • Efeitos no SNC: incluem depressão, tonturas, letargia, fadiga, fraque- za, distúrbios visuais, alucinações, perda de memória de curta dura- ção, fragilidade emocional, sonhos intensos (incluindo pesadelos) e depressão. • Interações: os fármacos que in- terferem ou inibem a biotransfor- mação do propranolol, como ci- metidina, fluoxetina, paroxetina e ritonavir, podem potencializar seus efeitos anti-hipertensivos. Aque- les que, ao contrário, estimulam ou induzem a sua biotransforma- ção, como barbitúricos, fenitoína e rifampicina, podem reduzir seus efeitos. Fadiga Disfunção sexual Bronco- constrição Arritmias (após interrupção abrupta do uso) Figura 7. Efeitos adversos comumente observados em indivíduos tratados com propranolol. Fonte: Farmacologia ilustrada, 2016 O nadolol e o timolol também blo- queiam os adrenoceptores β1 e β2 e são mais potentes do que o propranolol. O nadolol tem uma dura- ção de ação muito longa. O timolol re- duz a produção de humor aquoso. Ele 21ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS menos efeitos na função pulmonar, na resistência periférica e no metabo- lismo de carboidratos. Apesar disso, os pacientes com asma tratados com esses fármacos devem ser monito- rados cuidadosamente, para garantir que a atividade respiratória não seja comprometida. Em adição à sua ação β-bloqueadora cardiosseletiva, o ne- bivolol libera óxido nítrico das células endoteliais e causa vasodilatação. Antagonistas com atividade agonista parcial Acebutolol (β1-antagonista seletivo) e pindolol (β-bloqueador não seletivo) não são antagonistas puros. Esses fármacos também têm a capacidade de estimular fracamente os recepto- res β1 e β2 por terem leve atividade simpaticomimética intrínseca (ASI). Esses agonistas parciais estimulam o receptor β ao qual se ligam, mas inibem a estimulação pelas cateco- laminas endógenas mais potentes, epinefrina e norepinefrina. O resulta- do dessas ações opostas é um efeito bem diminuído na frequência e no dé- bito cardíaco se comparado ao efeito de β-bloqueadores sem ASI. Os β-bloqueadores com ASI minimi- zam os distúrbios no metabolismo de carboidratos e lipídeos observa- dos com outros β-bloqueadores. Por exemplo, esses fármacos não dimi- nuem os níveis de HDL no plasma. é usado topicamente no tratamento do glaucoma de ângulo aberto crôni- co e, às vezes, no tratamento sistêmi- co de hipertensão. Outros β-bloqueadores de uso tópico, como betaxolol e carteolol, também são eficazes para diminuir a pressão intraglobular no glaucoma. Isso ocor- re por diminuição da secreção do hu- mor aquosopelo corpo ciliar. Antagonistas β1 seletivos Fármacos que bloqueiam preferen- cialmente os receptores β1 minimi- zam a indesejada broncoconstrição (efeito β2) observada com o uso do propranolol em pacientes asmáticos. Os β-bloqueadores cardiosseletivos, como acebutolol, atenolol e meto- prolol, antagonizam os receptores β1 em doses de 50 a 100 vezes menores do que as necessárias para bloquear os receptores β2. Essa cardiosseleti- vidade é mais pronunciada nas doses baixas e se perde nas doses elevadas. Esses fármacos reduzem a pressão arterial na hipertensão e aumentam a tolerância ao exercício na angina. O esmolol tem meia-vida muito cur- ta devido à biotransformação de uma ligação éster. Está disponível apenas para via intravenosa (IV) e é usado para controlar a pressão arterial ou o ritmo cardíaco durante procedimen- tos cirúrgicos ou diagnósticos. Em contraste com o propranolol, os β-blo- queadores cardioespecíficos têm 22ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS Figura 8. Comparação de agonistas, antagonistas e agonistas parciais dos adrenoceptores β. Fonte: Farma- cologia ilustrada, 2016 Antagonistas de adrenoceptores α e β O labetalol e o carvedilol são β-blo- queadores com ações α1-bloquea- doras concomitantes que produzem vasodilatação periférica, reduzindo a pressão arterial. Eles contrastam com outros β-bloqueadores que produ- zem vasoconstrição periférica inicial e, por isso, são úteis no tratamento de pacientes hipertensos para os quais o aumento da resistência vascular peri- férica é indesejável. O carvedilol tam- bém diminui a peroxidação lipídica e o engrossamento da parede vascular, efeitos benéficos na insuficiência car- díaca. Hipotensão ortostática e ton- turas são associadas com o bloqueio α1. A Propanolol BAgonistas (p. ex., epinefrina) Antagonistas (p. ex., propranolol) EFEITOS CELULARES Receptores β1 e β2 ativados Receptores β1 e β2 Propanolol Epinefrina Receptores β1 e β2 bloqueados, mas não ativados C Agonistas parciais (p. ex., pindolol e acebutolol) Receptores β1 e β2 parcialmente ativados, mas incapazes de responder às catecolaminas mais potentes EFEITOS CELULARES DIMINUÍDOS 23ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS SE LIGA! Usos clínicos dos antago- nistas de receptores β-adrenérgicos: Cardiovasculares: • Angina de peito; • Infarto agudo do miocárdio e infar- tos subsequentes; • Prevenção de arritmias recorren- tes (principalmente se induzidas por ativação simpática); • Insuficiência cardíaca (em pacien- tes bem compensados); • Hipertensão (não são mais de pri- meira escolha). Outros usos: • Glaucoma (ex: timolol em colírio); • Tireotoxicose, como adjuvan- te do tratamento definitivo (ex: pré-operatório); • Ansiedade, no controle dos sin- tomas somáticos (ex: palpitações, tremor); • Profilaxia da enxaqueca; • Tremor essencial benigno (distúr- bio familiar). Figura 9. Algumas aplicações clínicas dos β-bloqueadores. AV, atrioventricular. Fonte: Farmaco- logia ilustrada, 2016 Hipertensão Propranolol, metoprolol, timolol e outros β-bloqueadores diminuem o débito cardíaco e a secreção de renina Glaucoma Timolol e outros β-bloqueadores diminuem a secreção de humor aquoso Enxaqueca O propranolol apresenta um efeito profilático Tirotoxicose O propranolol diminui a frequência cardíaca e o potencial para arritmias Profilaxia de arritmias após infarto do miocárdio Propanolol e metoprolol diminuem o débito cardíaco e a secreção de renina Taquicardia supraventricular Propanolol e esmolol diminuem a velocidade de condução AV Angina pectoris Propanolol, nadolol e outros β- bloqueadores reduzem a frequência cardíaca e a força de contração cardíaca Alguns fármacos atuam no neurônio adrenérgico, interferindo na liberação do neurotransmissor das vesículas de armazenamento ou alterando a cap- tação do neurotransmissor para den- tro do neurônio adrenérgico. Contudo, devido ao advento de fármacos novos e mais potentes, com menos efeitos adversos, esses fármacos raramente são usados em terapêutica. A reser- pina é um dos remanescentes desta categoria. 24ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS MAPA MENTAL: ANTAGONISTAS DE RECEPTORES Β-ADRENÉRGICOS Propranolol Alprenolol Metoprolol Nebivolol Butoxamina Ação: Antagonista β (não seletivo) Ação: Antagonista β (não seletivo) (agonista parcial) Ação: Antagonista β1, Aumenta a síntese de NO Ação: Antagonista β1 Ação: Antagonista β2, Agonista α fraco Uso: Angina, hipertensão, arritmias, ansiedade, tremores, glaucoma Uso: Angina, hipertensão, arritmias, ansiedade, tremores, glaucoma Uso: Hipertensão Uso: Angina, hipertensão, arritmias Uso: Sem usos clínicos Efeitos adversos: Broncoconstrição, IC, extremidades frias, fadiga e depressão, hipoglicemia Efeitos adversos: Broncoconstrição, IC, extremidades frias, fadiga e depressão, hipoglicemia Efeitos adversos: Fadiga, dores de cabeça Efeitos adversos: IC, extremidades frias, fadiga e depressão, hipoglicemia, menor risco de broncoconstrição Aspectos farmacocinéticos: Absorvido oralmente, Extenso metabolismo pré- sistêmico, t1/2 plasmático ~4h Aspectos farmacocinéticos: Absorvido oralmente, Metabolizado pelo fígado, t1/2 plasmático ~4h Aspectos farmacocinéticos: Absorvido oralmente, t1/2 plasmático ~10h Aspectos farmacocinéticos: Absorvido oralmente, Metabolizado majoritariamente no fígado, t1/2 plasmático ~3h ANTAGONISTAS DE RECEPTORES Β-ADRENÉRGICOS 25ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS MAPA MENTAL: ANTAGONISTAS DE RECEPTORES α E β-ADRENÉRGICOS ANTAGONISTAS DE RECEPTORES Α E Β-ADRENÉRGICOS Labetalol Carvedilol Ação: Antagonista α/β Ação: Antagonista β/α1 Uso: Hipertensão na gravidez Uso: Insuficiência cardíaca Efeitos adversos: Hipotensão postural, broncoconstrição Efeitos adversos: Iguais aos restantes bloqueadores β, Agravamento inicial da IC, Insuficiência renal Aspectos farmacocinéticos: Absorvido oralmente, Conjugado no fígado, t1/2 plasmático ~4h Aspectos farmacocinéticos: Absorvido oralmente, t1/2 plasmático ~10h 26ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS MAPA MENTAL: ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS Não seletivos: propranolol, nadolol, timolol, betaxolol, carteolol Antagonistas adrenérgicos Antagonistas de receptores α adrenérgicos Não seletivos: fenoxibenzamina, fentolamina Antagonistas de receptores β adrenérgicos β1 seletivos: acebutolol, atenolol, metoprolol, esmolol, nebivolol Antagonistas com atividade agonista parcial: acebutolol, pindolol Antagonistas α e β: labetalol, carvedilol ↓ PA Efeito antianginoso Broncoconstrição Redução da FC e bloqueio cardíaco IC Hipoglicemia e diminuição da resposta simpática à hipoglicemia Extremidades frias Fadiga Angina pectoris IAM Prevenção de arritmias IC HAS Glaucoma Tireotoxicose Ansiedade Profilaxia de enxaqueca Tremor essencial benigno Grupos Efeitos farmacológicos Efeitos adversos Usos clínicos α1 seletivos: prazosina, doxazosina, terazosina α2 seletivos: ioimbina, idazoxano ↓ PA ↑ FC ↓ tônus da musculatura lisa no colo da bexiga Taquicardia Hipotensão postural Congestão nasal Impotência Hipertensão grave Hipertrofia prostática benigna Feocromocitoma Grupos Efeitos farmacológicos Efeitos adversos Usos clínicos 27ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Whalen, Karen. Finkel, Richard. Panaveli, Thomas A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. Rang H. P., et al. Rang & Dale: farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. Bruntos, Laurence L. Chabner, Bruce A. Knollmann, Bjorn C. As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman & Gilman. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. 28ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS
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