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Triagem neonatal

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Triagem neonatal
AMBULATÓRIO DE PEDIATRIA
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INTRODUÇÃO 
· A triagem neonatal já estabelecida no Brasil inclui testes e exames realizados nos recém-nascidos (RN) que previnem e detectam doenças precocemente, com o objetivo de evitar morbidade e mortalidade nessa população infantil. 
· As doenças detectadas, sejam elas congênitas ou genéticas, quando diagnosticadas na fase pré-sintomática nos RN, permite intervenções clínicas precoces e proporciona tratamento adequado. 
· A partir da criação da Política Nacional de Triagem Neonatal (PNTN) pelo Ministério da Saúde em 2001, aconteceu a oficialização desse processo com a triagem biológica (teste do pezinho), triagem auditiva e triagem ocular.
TRIAGEM AUDITIVA 
· Foi incorporada na triagem neonatal universal no âmbito do SUS em 2001 pelo PNTN, que embora implanta da ainda não tem cobertura para todos os RN em todos os municípios brasileiros.
· O conhecimento do desenvolvimento da área auditiva e possíveis fatores relacionados ao transtorno na sua formação definiram a política de triagem auditiva universal para todos os RN, orientando que seja realizado esse teste até os 3 meses de vida para detecção e intervenção precoce quando necessário.
· A TAN deve ser realizada, preferencialmente, nos primeiros dias de vida (24h a 48h) na maternidade, e, no máximo, durante o primeiro mês de vida, a não ser em casos quando a saúde da criança não permita a realização dos exames.
· fatores de risco potenciais para alterações auditivas em RN: 
· Asfixiados (APGAR < 6 no quinto minuto)
· História familiar de surdez congênita
· Infecções congênitas do grupo STORCH
· Hiperbilirrubinemia (> 15 no RN a termo e > 12 no prematuro)
· Septicemia neonatal/meningite
· Hemorragia intraventricular
· Convulsões ou outra doença de sistema nervoso central (SNC) em RN
· Anomalias craniofaciais
· Espinha bífida
· Defeitos cromossômicos
· Uso de drogas ototóxicas
· Peso de nascimento < 1.500 g
· Ventilação mecânica por mais de 5 dias
· É recomendado na alta hospitalar realizar a triagem auditiva universal por meio das emissões otoacústicas transientes (EOAT) e pesquisa do reflexo cócleo palpebral (RCP).
· Os RN com triagem auditiva normal e sem fatores de riscos para perda auditiva realizam esse teste 1 vez, porém aqueles com presença de quaisquer fatores de risco descritos, devem ser acompanhados por uma equipe multidisciplinar e realizar avaliações periódicas durante os dois primeiros anos de vida.
· Em caso de falha no primeiro teste de EOAT, o pediatra que acompanha a criança deve estar atento para a recomendação da realização da otoscopia e a curva timpanométria para verificar se a falha ocorreu por alteração condutiva. 
· Deve ser organizada em duas etapas (teste e reteste), no primeiro mês de vida. A presença ou ausência de indicadores de risco para a deficiência auditiva (Irda) deve orientar o protocolo a ser utilizado:
· Para os neonatos e lactentes sem indicador de risco, utiliza-se o exame de Emissões Otoacústicas Evocadas (EOAE). Caso não se obtenha resposta satisfatória (falha), repetir o teste de EOAE, ainda nesta etapa de teste. Caso a falha persista, realizar de imediato o Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (Peate- Automático ou em modo triagem). 
· Para os neonatos e lactentes com indicador de risco, utiliza-se o teste de Peate-automático ou em modo triagem.
· O registro das EOAE é recomendado na realização da TAN em crianças sem Irda, pois é um teste rápido, simples, não invasivo, com alta sensibilidade e especificidade, capaz de identificar a maioria das perdas auditivas cocleares em torno de 30-35 dB. O registro das EOAE não possibilita a identificação de perdas auditivas retrococleares, que, no entanto, são mais prevalentes na população com Irda. Para a realização do registro das EOAE é necessária a integridade anatômica da orelha externa e média. 
· O segundo teste, com Peate nos neonatos e lactentes com baixo risco, nos casos de falha em dois exames de EOAE, é indicado pois diminui os índices de falso-positivos devido às alterações de orelha média, ou presença de vérnix nos condutos auditivos. Consequentemente, há diminuição de encaminhamentos desnecessários para reteste e diagnóstico.
· Quando no prosseguimento dessa triagem for comprovado o comprometimento condutivo, o neonato é encaminhado para o exame otorrinolaringológico, sendo posteriormente submetido a um novo teste.
· Caso a falha não seja decorrente de algum comprometimento de orelha externa ou média, é realizada uma avaliação audiológica completa na criança, pois pode estar relacionada à perda auditiva neurossensorial. Se esta for confirmada, a intervenção (seleção e adaptação de prótese auditiva, orientação familiar e terapia fonoaudiológica) deve ser imediatamente realizada.
· A implantação de próteses antes dos 6 meses de vida irá permitir à criança um desenvolvimento de linguagem (receptiva ou expressiva), bem como seu desenvolvimento social, com paráveis aos das crianças normais da mesma faixa etária.
· Para os neonatos com fatores de risco para alteração retrococlear, recomenda-se a avaliação audiológica incluindo a pesquisa do efeito de supressão das EOAT e potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE).
· Nos casos dos neonatos e lactentes com Irda, justifica-se a realização do Peate como primeira escolha devido à maior prevalência de perdas auditivas retrococleares não identificáveis por meio do exame de EOAE. 
· Aqueles neonatos e lactentes com malformação de orelha, mesmo que em apenas uma delas, deverão ser encaminhados diretamente para diagnóstico otorrinolaringológico e audiológico.
FLUXOGRAMA (MANUAL MS)
· A TAN, o diagnóstico funcional e a reabilitação fazem parte de um processo contínuo e indissociável, para que se alcance o desfecho esperado em crianças com perdas auditivas permanentes. A TAN, sem as etapas subsequentes de diagnóstico funcional e reabilitação não será efetiva. Portanto, além da realização do teste e reteste, é necessário que se garanta o monitoramento e acompanhamento do desenvolvimento da audição e linguagem e, sempre que necessário, o diagnóstico e a reabilitação.
1. identificação dos riscos 
· A pesquisa e análise de risco deverão ser realizadas por meio de pesquisa nos registros dos prontuários da mãe e do recém-nascido, ou no resumo de alta, além de uma entrevista com a mãe e/ou responsáveis.
2. TESTE
· A etapa de realização do teste deve contemplar: 
a. Acolhimento aos pais.
b. Levantamento do histórico clínico e riscos. 
c. Verificação dos dados pesquisados no prontuário ou no resumo de alta. Sempre que possível as informações devem ser obtidas por meio do pediatra/ neonatologista responsável.
d. Realização do exame.
2.1. GRUPO SEM IRDA (BAIXO RISCO)
· Realização de Emissões Otoacústicas Evocadas (EOAE), antes da alta hospitalar. Caso não se obtenha resposta satisfatória, repetir o registro das EOAE. O registro das EOAE não deve ser realizado mais do que duas vezes (EOAE-1 e EOAE-2). Na persistência da falha, realizar o Peate-Automático (Peate-A) ou em modo triagem, em 35 dBnNA, antes da alta hospitalar (teste).
· Caso a resposta não seja satisfatória, o neonato deverá retornar (reteste) no período de 30 dias para nova avaliação com Peate-A em 35 dBnNA.
· As crianças que falharem no registro das EOAE, porém com resultados satisfatórios no registro do Peate-A, em 35 dBnNA devem ser monitoradas até os três meses de idade, pois há maior possibilidade de surgirem alterações de orelha média, ou perdas leves de audição. Outros monitoramentos devem ser realizados, pois estas crianças têm maior risco para alterações de orelha média, e/ou perdas auditivas leves permanentes.
2.2. GRUPO COM IRDA (ALTO RISCO) 
· O teste será realizado com Peate-A ou em modo triagem (teste), em 35 dBnNA. Caso a resposta não seja satisfatória, o neonato deverá retornar (reteste) no período de 30 dias para nova avaliação com Peate-A em 35 dBnNA.
· Os neonatos com malformação de orelha externa, mesmo que unilateral, deverão ser encaminhados imediatamente para avaliaçãootorrinolaringológica e audiológica, em centros de referência especializados.
3. reteste
· A realização da etapa de reteste deverá acontecer no período de até 30 dias após o teste. O reteste deve ser realizado em ambas as orelhas, mesmo que a falha no teste tenha ocorrido de forma unilateral. Deve contemplar: 
a. Acolhimento aos pais.
b. Realização do Peate-A ou em modo triagem, em 35 dBnNA.
c. Resultado e devolutiva aos pais.
· RESULTADOS:
· GRUPO SEM IRDA (BAIXO RISCO): Os pais/responsáveis dos neonatos e lactentes que apresentem respostas satisfatórias, em ambas as orelhas no registro das EOAE, e sem indicadores de risco para perda auditiva devem ser orientados sobre o desenvolvimento auditivo e linguístico da criança.
· Crianças do grupo sem Irda, com falha no registro das EOAE na etapa de teste, mas com resultados satisfatórios no Peate-A em 35 dBnNA deverão realizar monitoramento até os três meses de idade, com nova avaliação, e os pais/responsáveis devem ser orientados sobre a importância deste monitoramento, devido a possíveis alterações de orelha média, ou perdas auditivas leves permanentes.
· GRUPO COM IRDA (ALTO RISCO): Os pais/responsáveis dos neonatos e lactentes que apresentem respostas satisfatórias, em ambas as orelhas e com indicadores de risco para perda auditiva devem ser esclarecidos quanto ao desenvolvimento auditivo e linguístico da criança. Sugere-se utilizar como referência os marcos para acompanhamento do desenvolvimento de audição e linguagem e registrá-los na Caderneta de Saúde da Criança. Além disso, devem ser orientados quanto ao indicador de risco e à necessidade do monitoramento mensal nas consultas de puericultura na atenção básica e realização da avaliação audiológica entre 7 e 12 meses.
· No caso de falha no reteste, todos os neonatos e lactentes com ou sem indicadores de risco para deficiência auditiva devem ser encaminhados imediatamente para avaliação diagnóstica otorrinolaringológica e audiológica.
· No caso de suspeita de perda auditiva, dos pais e/ou responsáveis, pediatras, profissionais da Saúde e/ou da Educação, a criança com ou sem Irda deve ser imediatamente encaminhada para avaliação otorrinolaringológica e audiológica, mesmo que tenha obtido resultados satisfatórios na TAN.
· São capacitados para a realização da TAN, médicos e fonoaudiólogos, devidamente registrados nos conselhos profissionais de suas regiões.
4. MONITORAMENTO 
· Os neonatos e lactentes com indicadores de risco que obtiveram respostas satisfatórias na triagem devem realizar o monitoramento mensal do desenvolvimento da audição e da linguagem na atenção básica. Sugere-se utilizar como referência os marcos para acompanhamento do desenvolvimento de audição e linguagem e registrá-los na Caderneta de Saúde da Criança. É fundamental que esse monitoramento ocorra mensalmente durante todo o primeiro ano de vida da criança.
· A atenção básica deverá encaminhar para diagnóstico, qualquer criança que apresentar desenvolvimento aquém do esperado e em qualquer momento que os pais tenham uma suspeita de deficiência auditiva. Sugere-se perguntar nas consultas e visitas à família se a criança ouve bem. 
· A atenção básica deve encaminhar todas as crianças com indicadores de risco, mesmo aquelas com resultado satisfatório na triagem, para monitoramento auditivo com avaliação audiológica (audiometria de reforço visual (VRA) com fones de inserção e medidas de imitância acústica), entre 7 e 12 meses na atenção especializada. As crianças que apresentarem limiares piores que 20 dB no VRA, devem realizar também a pesquisa dos limiares por via óssea. No caso de perda auditiva neurossensorial, a criança deve ser encaminhada para diagnóstico e reabilitação. No caso de constatação de perda auditiva condutiva, a criança permanece em acompanhamento otorrinolaringológico e audiológico.
5. acompanhamento 
· Os neonatos e lactentes sem indicadores de risco que obtiveram respostas satisfatórias na triagem devem realizar o acompanhamento mensal do desenvolvimento da audição e da linguagem na atenção básica.
· A atenção básica deverá encaminhar para diagnóstico, qualquer criança que apresentar desenvolvimento aquém do esperado e em qualquer momento que os pais tenham uma suspeita de deficiência auditiva. Sugere-se perguntar nas consultas e visitas à família se a criança ouve bem.
6. diagnóstico 
· Todo neonato ou lactente que não apresentar respostas adequadas na triagem ou no monitoramento, ou ainda no acompanhamento, deverá ser referenciado e ter acesso ao diagnóstico funcional, nos Centros Especializados de Reabilitação (CER) com o Serviço de Reabilitação Auditiva e no Serviço de Atenção à Saúde Auditiva de Alta Complexidade habilitados pelo Ministério da Saúde.
7. indicação, seleção e adaptação de aparelho de amplificação sonora ou implante coclear
· Todas as ações desenvolvidas para adaptação de aparelho de amplificação sonora individual/Aasi ou implante coclear (IC) têm suas diretrizes definidas na Portaria MS/GM nº 835, de 25 de abril de 2012.
8. terapia fonoaudióloga 
· Todas as ações desenvolvidas para adaptação de aparelho de amplificação sonora individual/Aasi ou implante coclear (IC) suas diretrizes definidas na Portaria GM/MS nº 835, de 25 de abril de 2012.
9. OTORRINOLARINGOLOGISTA
· Os neonatos e lactentes, com ou sem Irda, com perda auditiva devem realizar avaliação otorrinolaringológica completa. Nos casos de perda auditiva condutiva, quando diagnosticada otite média secretora, tem-se a opção de tratamento clínico e/ou cirúrgico. Portanto, devem ser realizados o acompanhamento e a reavaliação clínica, até a normalização do aspecto otoscópico, e repetida a avaliação timpanométrica.
TRIAGEM VISUAL 
· O pediatra deve estar atento para a orientação e vigilância da realização do teste do olhinho (reflexo vermelho) em todos os recém-nascidos.
· Estudos demonstram que a triagem visual em RN é um método que pode identificar potenciais causas de anormalidades oculares tratáveis, considerando que em países em desenvolvimento 30 a 72% da cegueira infantil é evitável, 9 a 58% é prevenível e 14 a 31% é tratável.
· A nível mundial, as principais etiologias de cegueira tratável na infância são catarata, retinopatia da prematuridade e o glaucoma.
· Estudos nacionais destacam que a retinopatia da prematuridade e glaucoma lideram as causas de cegueira infantil preveníveis e tratáveis.
TESTE DO REFLEXO VERMELHO (OLHINHO)
· A Academia Americana de Pediatria recomenda que todo pediatra deve fazer a avaliação da criança do nascimento até os 3 anos com exame oftalmológico: história ocular, avaliação visual, inspeção externa do olho e pálpebra, avaliação da motilidade ocular, exame da pupila e reflexo vermelho.
· O reflexo vermelho é o exame de rastreamento (screening) para anormalidades oculares, desde a córnea até o segmento posterior. 
· Nesse exame, pode ser detectado as opacidades dos meios transparentes do globo ocular. 
· Várias doenças podem ser detectáveis: catarata congênita; retinopatia da prematuridade; retinoblastoma; glaucoma congênito; descolamento de retina; hemorragia vítrea.
· Segundo orientação do Grupo de Trabalho de Prevenção da Cegueira da SBP, o teste do reflexo vermelho deve ser realizado:
· Antes da alta da maternidade
· Na primeira consulta de puericultura
· 2 meses de vida (período ideal para a cirurgia de catarata)
· Com 6, 9 e 12 meses de vida
· Após 1º ano: duas vezes por ano
· É imprescindível conscientizar os pais e responsáveis de que o TRV não substitui o exame oftalmológico que todo o bebê deve ser submetido se não nos primeiros seis meses de vida, no máximo no primeiro ano.
TÉCNICA PARA REALIZAÇÃO DO TESTE DO OLHINHO
· O pediatra deve ser treinado para o manuseio adequado do oftalmoscópio. 
· O ambiente para a realização do exame deve ser escuro utilizar oftalmoscópio ou retinoscópio seguro próximo ao olho do examinador e aproximadamente 40 a 50 cm de distância. 
· O teste é considerado normal quando os dois olhos apresentam um reflexo vermelho brilhante.Pontos pretos, assimetria ou a presença de reflexo branco (leucocoria) indicam a necessidade de avaliação mais cuidadosa – realizada pelo oftalmologista.
· A observação do reflexo vermelho da retina indica que as estruturas oculares internas estão transparentes. 
· A opacidade desses meios pode causar leucocoria (pupila branca) ou perda do reflexo.
· A cor vermelha do reflexo ocorre devido à vasculatura da retina e coroide e do epitélio pigmentário. Dependendo da maior ou menor pigmentação, o reflexo pode se mostrar mais ou menos vermelho e até amarelo ou amarelo-alaranjado.
· No resultado do TRV consideram-se três respostas possíveis: reflexo presente, ausente ou duvidoso, este último quando há assimetria evidente ou suspeita do reflexo alterado em um e outro olho, sendo um resultado duvidoso até por não se saber qual é o reflexo do olho normal.
· Se o reflexo for ausente em um ou ambos os olhos ou duvidoso, a criança deverá ser encaminhada ao oftalmologista para ao exame oftalmológico completo (biomicroscopia, retinoscopia, e mapeamento de retina) para elucidar o diagnóstico e assegurar a conduta necessária.
· As principais causas de TRV alterado são a catarata congênita, glaucoma congênito, retinoblastoma, leucoma, inflamações intraoculares da retina e vítreo, retinopatia da prematuridade (ROP) no estágio 5, descolamento de retina, vascularização fetal persistente e hemorragia vítrea. Também podem alterar o reflexo vermelho produzindo uma assimetria entre os olhos a presença de estrabismo, anisometropia, altas ametropias, luxações de cristalino e malformações como o coloboma de polo posterior (disco e retina).
TESTE DO PEZINHO 
· tem como objetivo fazer o rastreamento de RN portadores de doenças que devem ser diagnosticadas e tratadas o mais precocemente possível a fim de evitar sequelas nas crianças. 
· As doenças triadas no primeiro padrão do teste do pezinho (teste do pezinho básico), foram o hipotireoidismo congênito (HC), a PKU, a anemia falciforme e a fibrose cística (FC).
· Fluxograma: 
1. Coleta correta e em tempo adequado da amostra sanguínea.
2. Rápido envio da amostra para o laboratório. 
3. Realização correta do exame pelo laboratório. 
4. Rápida comunicação dos resultados dos exames. 
5. Um centro de referência no qual exista(m) médico(s) treinado(s) para estabelecer o diagnóstico correto e onde o seguimento das crianças afetadas possa ser realizado. 
6. Avaliações periódicas do programa quanto ao seu controle de qualidade, com divulgação dos resultados dessas avaliações aos gestores responsáveis, a fim de orientar possíveis intervenções para melhorias nesse processo de atenção.
7. O teste do pezinho como triagem biológica do PNTN está divido em quatro fases:
· fase I: fenilcetonúria – hipotireoidismo congênito
· fase II: doença falciforme
· fase III: fibrose cística
· fase IV: hiperplasia adrenal congênita – deficiência de biotinidase
· A fase IV do teste do pezinho ampliou o teste, agora denominado teste do pezinho ampliado. 
· O pediatra deve estar informado sobre situações que interferem na coleta do exame para o teste do pezinho.
· Não há necessidade de jejum para a realização da coleta.
IDADE
· Deve ser colhido em todo RN com 3 a 5 dias de vida, de preferência no 3º dia. Garantir que o RN tenha recebido leite ou aminoácidos para evitar um resultado falso-negativo para PKU. 
· Evitar um resultado falso-positivo para HC: logo que a criança nasce existe uma liberação fisiológica de TSH no sangue (hormônio dosado no teste para diagnóstico de HC) com posterior diminuição das concentrações, atinge com 72 horas de vida valores séricos menores do que 10 µUI/mL (nível de corte para resultado alterado).
prematuridade e tranfusão 
· Prematuridade e transfusão são fatores restritivos na triagem da anemia falciforme e outras hemoglobinopatias. No caso de transfusão, repetir exame com 90 dias, porém coletar para as demais doenças dentro do tempo recomendado. No caso de prematuridade, deve coletar até o sétimo dia vida e repetir com 30 dias.
gemelaridade 
· Evitar trocas de exames.
USO DE MEDICAMENTOS
· Uso de medicamentos e presença de doenças não são fatores restritivos para coleta de amostras.
INTERNAÇÃO DE PACIENTES EM UTI NEONATAL 
· As alterações hemodinâmicas podem alterar os resultados, porém é ideal que esse período para coleta não ultrapasse 30 dias.
INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS
· PKU – FAL < 4 mg% → é um resultado considerado normal para crianças que tenham colhido o sangue após 48 horas de vida. FAL ≥ 4 mg% e < 10 mg% → são solicitadas mais 2 coletas de sangue em papel filtro com intervalo de 1 mês entre cada coleta. FAL ≥ 10 mg% → a criança já é chamada para uma consulta com o médico neuropediatra e coleta de sangue venoso para confirmação do diagnóstico. 
· TSH neo – TSH neo < 5 µUI/mL → é um resultado considera do normal para crianças que tenham colhido o sangue após 48 horas de vida. TSH neo ≥ 5 e < 10 µUI/mL → é um resulta do considerado limítrofe, nova coleta do teste do pezinho, imediatamente. Se mantiver resultado, RN será convocado para consulta com pediatra ou endocrinologista e faz coleta de sangue venoso para definir conduta. TSH neo ≥ 10 µUI/ mL → a criança é considerada suspeita de ser portadora de hipotireoidismo congênito. 
· Hemoglobinopatia – primeiro exame suspeito coletar segun da amostra. Padrão compatível com fibrose cística, também repetir e encaminhar para o especialista.
· Fibrose cística – IRT (tripsina imunorreativa) < 70 ng/mL → é um resultado considerado normal para crianças que tenham colhido o sangue entre 3 e 30 dias de vida. IRT1 ≥ 70 ng/mL → solicitar nova coleta do teste do pezinho, entre a 3a e 4a se mana de vida do RN (IRT2). Se IRT2 mantiver alterado (≥ 70 ng/mL), encaminhar urgente para o gastropediatra.
TESTE DO PEZINHO MASTER
· PKU e outras aminoacidopatias. 
· Hipotireoidismo. 
· Anemia falciforme e outras hemoglobinopatias. 
· Hiperplasia adrenal congênita. 
· Fibrose cística. 
· Galactosemia.
· Deficiência de biotinidase. 
· Toxoplasmose congênita.
· Deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase. 
· Sífilis congênita. 
· Citomegalovirose congênita. 
· Doença de Chagas congênita. 
· Rubéola congênita.
TESTE DO PEZINHO PLUS
· PKU e outras aminoacidopatias. 
· HC. 
· Anemia falciforme e outras hemoglobinopatias.
· Hiperplasia adrenal congênita. 
· FC. 
· Galactosemia. 
· Deficiência de biotinidase. 
· Toxoplasmose congênita.
TESTE DO CORAÇÃOZINHO
A DOENÇA E O DIAGNÓSTICO 
· Cerca de 1 a 2 de cada 1000 recém-nascidos vivos apresentam cardiopatia congênita crítica e que, 30% destes recém-nascidos recebem alta hospitalar sem o diagnóstico, podendo evoluir para choque, hipóxia ou óbito precoce, antes de receber tratamento adequado.
· São consideradas cardiopatias congênitas críticas aquelas onde a apresentação clínica decorre do fechamento ou restrição do canal arterial (cardiopatias canaldependentes), tais como: 
· Cardiopatias com fluxo pulmonar dependente do canal arterial: Atresia pulmonar e similares
· Cardiopatias com fluxo sistêmico dependente do canal arterial: Síndrome de hipoplasia do coração esquerdo, coartação de aorta crítica e similares
· Cardiopatias com circulação em paralelo: transposição das grandes artérias
· Na maioria das Unidades Neonatais, a alta hospitalar é realizada entre 36 e 48 horas de vida. Nesta fase, a manifestação clínica das cardiopatias críticas pode ainda não ter ocorrido principalmente nas cardiopatias com fluxo sistêmico dependente de canal arterial. Além disso, a ausculta cardíaca pode ser aparentemente normal nesta fase. 
· O diagnóstico precoce é fundamental, pois pode evitar choque, acidose, parada cardíaca ou agravo neurológico antes do tratamento da cardiopatia. Melhorar o diagnóstico destas cardiopatias poderá reduzir a taxa de mortalidade neonatal em nosso meio. 
· O método ideal para o diagnóstico de cardiopatia congênita é o ecocardiograma com mapeamento de fluxo em cores seja fetal ou pós-natal, porém a sua utilização como ferramenta de triagem é inviável. 
· No grupo das cardiopatias congênitascríticas, ocorre um mistura de sangue entre as circulações sistêmica e pulmonar, o que acarreta uma redução da saturação periférica de O2. Neste sentindo, a aferição da oximetria de pulso de forma rotineira em recém-nascidos aparentemente saudáveis com idade gestacional > 34 semanas, tem mostrado uma elevada sensibilidade e especificidade para detecção precoce destas cardiopatias.
REALIZAÇÃO DO TESTE
· Teste da oximetria: Realizar a aferição da oximetria de pulso, em todo recém-nascido aparentemente saudável com idade gestacional > 34 semanas, antes da alta da Unidade Neonatal. 
· Local de aferição: membro superior direito e em um dos membros inferiores. Para a adequada aferição, é necessário que o recém-nascido esteja com as extremidades aquecidas e o monitor evidencie uma onda de traçado homogêneo. 
· Momento da aferição: Entre 24 e 48 horas de vida, antes da alta hospitalar. 
· Resultado normal: Saturação periférica maior ou igual a 95% em ambas as medidas (membro superior direito e membro inferior) e diferença menor que 3% entre as medidas do membro superior direito e membro inferior. 
· Resultado anormal: Caso qualquer medida da SpO2 seja menor que 95% ou houver uma diferença igual ou maior que 3% entre as medidas do membro superior direito e membro inferior, uma nova aferição deverá ser realizada após 1 hora. Caso o resultado se confirme, um ecocardiograma deverá ser realizado dentro das 24 horas seguintes.
· Limitações: Este teste apresenta sensibilidade de 75% e especificidade de 99%. Sendo assim, algumas cardiopatias críticas podem não ser detectadas através dele, principalmente aquelas do tipo coartação de aorta. A realização deste teste não descarta a necessidade de realização de exame físico minucioso e detalhado em todo recém-nascido, antes da alta hospitalar.
TESTE DA LINGUINHA 
· A língua possui em sua face inferior uma pequena prega de membrana mucosa, denominada frênulo da língua, que a conecta ao assoalho da boca. Essa membrana pode limitar os movimentos da língua em graus variados, dependendo da porção de tecido residual que não sofreu apoptose durante o desenvolvimento embrionário. 
· O teste da linguinha é um exame padronizado que tem como objetivo diagnosticar e indicar o tratamento precoce das limitações dos movimentos da língua causadas pela anquiloglossia, popularmente conhecida como “língua presa”, que podem comprometer as funções de sugar, engolir, mastigar e falar.
· Quando não ocorre a apoptose completa do frênulo, durante o desenvolvimento embrionário, o tecido residual que permanece pode limitar os movimentos da língua, podendo levar à anquiloglossia.
· Anquiloglossia é uma anomalia oral congênita que ocorre quando uma pequena porção de tecido embrionário, que deveria ter sofrido apoptose durante o desenvolvimento, permanece na face ventral da língua. Espessura, elasticidade e local de inserção do frênulo podem variar amplamente. Assim a anquiloglossia pode ser classificada em leve ou parcial (condições mais comuns) e severa ou completa, condição rara em que língua está fundida ao assoalho da boca.
· Em bebês, a amamentação está diretamente relacionada com as funções de sucção e deglutição, coordenadas com a respiração. Qualquer restrição à livre movimentação da língua pode resultar em dificuldade para amamentar. Pode levar ao desmame precoce e/ou baixo ganho de peso, com introdução desnecessária da mamadeira.
· Em crianças, jovens e adultos pode ocorrer dificuldades na mastigação/deglutição e alterações na fala, afetando a comunicação, o relacionamento social e o desenvolvimento profissional.
· Triagem: Deve ser feita antes da alta hospitalar ( 24 a 48 horas de vida) pela equipe neonatal habilitada para realizar a avaliação da mamada e aplicação do protocolo. Caso a triagem não seja realizada na maternidade, profissionais da AB/ APS podem realizar o teste.
· Bristol Tongue Assessment Tool (BPAT)
· Na maternidade. Tem por objetivo a identificação de casos graves de anquiloglossia
· Protocolo fornece uma medida objetiva e de execução simples da severidade da anquiloglossia
· Nota Técnica do MS – 2016
· Protocolo de avaliação do frênulo lingual com escores para bebês. Martinelli et al (2014):
· Protocolo é dividido em: história clínica, avaliação anatomo‐funcional e avaliação da sucção não nutritiva e nutritiva.
· O protocolo tem pontuações independentes e pode ser aplicado por partes, até o 6º mês de vida.
· Para a triagem neonatal, nas primeiras 48 horas após o nascimento é realizada somente a avaliação anatomofuncional do bebê.
· Nos casos onde houver dúvida, ou não for possível visualizar o frênulo lingual, o bebê é encaminhado para reteste com 30 dias de vida, sendo que os pais devem ser orientados sobre possíveis dificuldades na amamentação, para que não ocorra o desmame precoce nesse período.
· No reteste é aplicado o protocolo completo. Para o reteste é necessário que o bebê esteja bem acordado e com fome, próximo à hora da mamada, para que possa ser realizada a avaliação da sucção nutritiva. Realizado na AB/APS!
· A cirurgia para liberação do frênulo lingual pode ser realizada por Odontólogos e Médicos. Os procedimentos utilizados podem ser a frenectomia, a frenuloplastia e a frenotomia. Na frenectomia, o cirurgião remove o frênulo lingual; na frenuloplastia, é feita uma reposição cirúrgica do frênulo; e na frenotomia, é realizado o corte e divulsão do frênulo lingual. A literatura refere que, em bebês, a frenotomia é o procedimento mais indicado.

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