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Profa. Cláudia Álvarez Ramalheira E-mail: prof.claudia.alvarez@gmail.com CONSIDERAÇÕES GERAIS DO MÚSCULO CARDÍACO � Pericárdio, Miocárdio e Endocárdio CONSIDERAÇÕES GERAIS DO MÚSCULO CARDÍACO � As células miocárdicas são pequenas, ramificadas e interconectadas pelos denominados discos intercalados. Em verdade, esses discos nada mais são que membranas celulares que se fundem e formam uma “junção em fenda”, cuja resistência elétrica é bastante baixa em comparação com outras áreas da membrana celular das fibras. � Através dessas junções em fenda, os íons conseguem difundir-se prontamente, permitindo que os impulsos elétricos (potenciais de ação) possam dirigir-se longitudinalmente de uma fibra para outra. Já que todas as fibras do músculo cardíaco estão interconectadas, o coração age como se fosse uma única e grande fibra. CONSIDERAÇÕES GERAIS DO MÚSCULO CARDÍACO � A esse arranjo dá-se o nome de sincício funcional. CONSIDERAÇÕES GERAIS DO MÚSCULO CARDÍACO � Segundo [Guyton, A.C. et al., 1997], o coração é formado por dois sincícios: o sincício atrial, que forma a parede dos dois átrios; e o sincício ventricular, formando a parede dos dois ventrículos. � Os miocárdios (atrial e ventricular) são separados pelo esqueleto fibroso do coração. � Uma vez que os impulsos normalmente se originam nos átrios, o miocárdio atrial é excitado antes que o ventricular. Propriedades Cardíacas O desempenho de sua função depende de algumas propriedades: propriedades mecânicas e propriedades eletrofisiológicas. Propriedades eletrofisiológicas: são especialmente próprias do tecido excitocondutor do coração e incluem o automatismo, a condutibilidade e a excitabilidade. �O automatismo é a capacidade que tem o coração de gerar seu próprio estímulo elétrico, que promove a contração das células miocárdicas contráteis, o grau do automatismo que determina o ritmo cardíaco, ou a freqüência dos batimentos do coração, a qual varia normalmente de 60 a 100 vezes por minuto. Propriedades Cardíacas � A condutibilidade diz respeito à capacidade de condução do estímulo elétrico, gerado em um determinado local, ao longo de todo o órgão, para cada uma das suas células. � A excitabilidade refere-se à capacidade que cada célula do coração tem de se excitar em resposta a um estímulo elétrico, mecânico ou químico, gerando um impulso elétrico que pode se conduzir, no caso do tecido excitocondutor, ou gerando uma resposta contrátil, no caso do miocárdio. Tecidos Estimulantes do Coração � O tecido excitocondutor compreende um conjunto de quatro estruturas interligadas morfofuncionalmente: o nó sinoatrial (nó SA), nó atrioventricular (nó AV), fascículo atrioventricular (Feixe de His) e ramos subendocárdicos (Fibras de Purkinje). � Nó sinoatrial – é um aglomerado de células excitáveis especializadas, situado no extremo da região ântero- superior direita do coração, próximo à junção da veia cava superior com o átrio direito. � Nó atrioventricular – constitui-se num aglomerado celular excitável especializado, situado na junção entre os átrios e os ventrículos, na porção basal do septo intraventricular, na região mediana do coração. Tecidos Estimulantes do Coração � Fascículo atrioventricular (Feixe de His) - com suas subdivisões, que se localizam na intimidade da estrutura muscular miocárdica, partindo da base do septo intraventricular e dirigindo-se aos ventrículos direito e esquerdo, respectivamente. � Fibras de Purkinje - representa uma rede terminal de condução do impulso elétrico a cada célula miocárdica contrátil. Tecidos Estimulantes do Coração Tecidos Estimulantes do Coração Condução do Impulso � Para que o coração possa exercer sua função mecânica de bombeamento do sangue arterial para todo o organismo, por meio da contração, e da aspiração do sangue venoso que retorna de todos os órgão e tecidos, por meio do relaxamento, é necessário que as células miocárdicas sejam inicialmente ativadas por um estímulo elétrico que atua sobre a membrana celular. � Este estímulo elétrico, que comanda o funcionamento do coração, é automaticamente e ritmicamente gerado no nó sinoatrial, que é a estrutura cardíaca mais excitável e a que possui a maior capacidade de automatismo, em decorrência do que é chamada demarca-passo natural do coração. Condução do Impulso � Em situação de repouso ou de inatividade, a membrana celular de todas as células do coração encontra-se eletricamente polarizada, isto é, possui um potencial elétrico negativo de -60 mV a -80 mV no caso do tecido excito-condutor, e de -90 mV no caso do miocárdio comum, o que significa dizer que o interior da célula é negativo em relação ao seu exterior. � Este potencial elétrico de repouso é chamado potencial de membrana, ou potencial de repouso, e associa-se com maior concentração de íons potássio e cloro dentro da célula, e maior acúmulo de íons sódio e cálcio fora da célula. Condução do Impulso � Nas células do nodo sinusal e das demais estruturas do tecido condutor, por peculiaridades eletrofisiológicas da membrana celular, o potencial de repouso automaticamente se inverte, recuperando-se alguns milisegundos depois, de maneira cíclica e ritimada. � Este processo de despolarização da membrana celular é representado por novo potencial elétrico através das células, chamado potencial de ação, agora positivo em relação ao exterior da célula. Condução do Impulso O potencial de ação do coração constitui-se, de maneira geral, de três componentes: � Um componente inicial, de curtíssima duração, dependente principalmente da entrada intracelular de íons sódio, no caso do miocárdio comum (componente inicial rápido), ou de íons cálcio, no caso do tecido excito- condutor (componente inicial lento), que inverte o potencial de membrana, e é traduzido pela despolarização da membrana celular, do que resulta o início do fenômeno da contração sistólica do coração. Condução do Impulso � Um componente intermediário, de maior duração, que segue o anterior, e é dependente da manutenção da entrada intracelular de íons cálcio previamente iniciada, o qual é traduzido pela persistência da despolarização, dando ao potencial de ação a configuração de um plateau. A manutenção da despolarização constitui-se na base eletrofisiológica do prolongado processo de ativação ventricular do qual decorre a continuidade da contração sistólica. � Um componente final, dependente da saída extracelular de íons potássio, traduzido pela repolarização ou recuperação elétrica da membrana celular, que resulta no restabelecimento do potencial de membrana, do qual decorre o fenômeno mecânico do relaxamento diastólico do coração. Potencial de ação do nó sinoatrial � Quanto às diferenças entre o potencial de ação dos nodos sinoatrial e atrioventricular, e o potencial de ação do tecido condutor intraventricular e do miocárdio comum, as mesmas podem ser resumidas como segue: � No tecido nodal, o limiar de disparo da despolarização é mais baixo (o potencial de membrana é menos negativo), a despolarização inicial é mais lenta e dependente do íon cálcio, o plateau é acentuadamente mais curto, e existe peculiarmente o pré-potencial. � Estas são as características eletrofisiológicas do tecido nodal que lhe conferem a propriedade do automatismo e, em decorrência, a capacidade de comandar a atividade elétrica do coração. Condução do Impulso � Assim, o potencial de ação do coração, ou o seu estímulo elétrico, origina-se automaticamente no nó sinoatrial e, a partir desta estrutura, propaga-se pelo miocárdio atrial atingindo o nodo atrioventricular, de onde ganha o tecido especializado condutor dos ventrículos, representado pelo feixe de His e seus ramos e sub-ramos direito e esquerdo, terminando no sistema de Purkinje e ativando sequencialmente toda a musculatura ventricular numa direção e sentido bem definidos. Condução do Impulso Condução do Impulso � Condução do impulso – Os potenciais de ação do nó SA disseminam-se muito rápido (numa velocidade de 0,8 a 1 m/s) atravésdas células miocárdicas de ambos os átrios. � A seguir, a velocidade de condução diminui consideravelmente quando o impulso passa no nó AV (0,03 a 0,05 m/s). � Essa condução lenta dos impulsos através do nó AV é responsável por metade do retardo entre a excitação dos átrios e dos ventrículos. Condução do Impulso � Após os impulsos se disseminarem através do nó AV, a velocidade de condução aumenta enormemente no fascículo atrioventricular (feixe de His) e atinge valores muito altos (5 m/s) nas fibras de Purkinje. � Como consequência dessa rápida condução de impulsos, a contração ventricular começa 0,1 a 0,2 segundo após a contração dos átrios. ELETROCARDIOGRAMA ELETROCARDIOGRAMA � A atividade elétrica gerada no coração pode ser captada na superfície corporal por meio de eletrodos colocados em determinadas posições padronizadas, considerando que o corpo é um bom condutor de eletricidade. Uma vez que os líquidos teciduais possuem alta concentração de íons que se movem (criando uma corrente) em resposta às diferenças de potencial. � Essa atividade elétrica, representada pelas diferenças de potencial elétrico criado em cada ponto do coração, as quais nada mais são que o potencial de membrana e o potencial de ação alternando-se ciclicamente, expressa o eletrocardiograma que, assim, pode ser definido como o registro gráfico da atividade elétrica do coração captada ao longo do tempo na superfície corporal. ELETROCARDIOGRAMA � Diferentes ondas, intervalos e segmentos são observados no eletrocardiograma, e traduzem as atividades elétricas das diferentes regiões do coração nas distintas fases do seu funcionamento. � Assim, a onda "P", que é a primeira a surgir, representa a despolarização dos átrios; as ondas intermediárias "Q, R e S", que formam o complexo "QRS", representam a despolarização das diferentes partes dos ventrículos; e a onda "T", que é a última observada, traduz a repolarização dos ventrículos. � A repolarização atrial se dá durante a despolarização ventricular e é mascarada pelo complexo QRS. ELETROCARDIOGRAMA � Por meio da análise da morfologia, da amplitude, da duração e da polaridade dos diferentes acidentes eletrocardiográficos (ondas, intervalos e segmentos), dentre outros aspectos, é que se pode estabelecer o diagnóstico da condição de normalidade ou de diversas condições patológicas do coração. ELETROCARDIOGRAMA � O dispositivo de registro chama-se eletrocardiógrafo. � É clinicamente útil na investigaçao das arritmias cardíacas e da isquemia do miocárdio. � A Ideia básica é observar o coração em diferentes angulos, ou seja, cada derivação representado por um par de eletrodos registra uma vista diferente da mesma atividade cardíaca. � Existem dois tipos de eletrodos de registros ou derivações (conforme posicionamento): derivações bipolares e derivações unipolares. ELETROCARDIOGRAMA � As derivações bipolares registram a voltagem entre os eletrodos colocados nos punhos e o tornozelo esquerdo (com o tornozelo direito agindo como terra). � As derivações unipolares registram a voltagem entre um eletrodo colocado sobre a superfície corporal e um eletrodo que é mantido no potencial zero (terra). ELETROCARDIOGRAMA As três derivações bipolares padrão dos membros (periféricas) são designadas como: I, II, III. •Na derivação I, o terminal positivo do amplificador está ligado ao braço esquerdo e o terminal negativo ao braço direito. Com esse posicionamento registra-se o componente de excitação que está se movendo ao longo do eixo entre os lados direito e esquerdo do coração. •Na derivação II, o braço direito é o terminal negativo e a perna esquerda o terminal positivo, de modo que é registrado o componente da excitação que se move da parte superior do coração para a ponta dos ventrículos. As três derivações bipolares padrão dos membros (periféricas) são designadas como: I, II, III. •Na derivação III, a perna esquerda é o terminal positivo e o braço esquerdo o terminal negativo. Essa derivação registra o componente da excitação que se dissemina ao longo do eixo entre o átrio esquerdo e a ponta dos ventrículos. ELETROCARDIOGRAMA � Dois tipos de derivações unipolares são usados em eletrocardiografia: as derivações unipolares de membros e derivações unipolares torácicas (precordiais). � Quando o ECG é registrado com uso das derivações unipolares precordiais, usa-se eletrodo de referência, formado pela união das três derivações dos membros, enquanto o eletrodo explorador registra a partir de pontos específicos no tórax, no nível do coração. � O eletrodo explorador é, então, colocado em uma de seis posições no tórax. � Essas posições são designadas derivações V1 a V6. ELETROCARDIOGRAMA � A voltagem que pode ser registrada a partir dos dois braços e do tornozelo esquerdo com eletrodo explorador unipolar pode ser aumentada usando-se as derivações unipolares dos membros. � Nessa configuração, duas das derivações dos membros são usadas para reproduzir o eletrodo de referência. O sinal é, então, registrado como a diferença entre esses eletrodos e o eletrodo dos membros remanescentes. ELETROCARDIOGRAMA �Portanto, existe um total de doze derivações eletrocardiográficas padrões que “vêem” o padrão mutante da atividade elétrica do coração sob diferentes perspectivas. �Isso é importante porque certas anormalidades são mais bem observadas com determinadas derivações e podem não ser visíveis nas outras. ELETROCARDIOGRAMA ELETROCARDIOGRAMA ELETROCARDIOGRAMA � Cada ciclo cardíaco produz três ondas eletrocardiográficas distintas, designa das como P, QRS e T. Deve-se observar que essas ondas não são potenciais de ação. Elas representam alterações de potencial entre duas regiões da superfície do coração que são produzidas pelo efeito composto de potenciais de ação de numerosas células miocárdicas. � Por exemplo, a disseminação da despolarização através dos átrios produz uma diferença de potencial que é indicada por uma deflexão ascendente da linha do ECG. � Quando cerca de metade da massa dos átrios é despolarizada, essa deflexão ascendente atinge um valor máximo porque a diferença de potencial entre as porções despolarizadas e as não estimuladas dos átrios encontra-se no máximo. ELETROCARDIOGRAMA � Quando toda a massa dos átrios é despolarizada, o ECG retorna à linha de base porque todas as regiões dos átrios apresentam a mesma polaridade. A disseminação da despolarização cria a onda P. � Do mesmo modo, a condução do impulso nos ventrículos cria a diferença de potencial que resulta numa deflexão ascendente aguda da linha do ECG, a qual, a seguir, retorna à linha de base quando toda a massa dos ventrículos encontra-se despolarizada. � A disseminação da despolarização nos ventrículos é representado pelo complexo QRS. � A fase de platô dos potenciais de ação cardíacos está relacionada com o segmento S-T do ECG. � Finalmente, a repolarização dos ventrículos produz a onda T. Correlação entre o ECG e os Sons Cardíacos � A despolarização dos ventrículos, indicado pelo complexo QRS, estimula a contração ao promover a captação de Ca+ para o interior das regiões dos sarcômeros. Por essa razão, observa-se o complexo QRS no início da sístole. � A elevação da pressão intraventricular resultante faz com que as válvulas AV se fechem, de modo que o primeiro som cardíaco (S1 ou “tum”) seja produzido imediatamente após o complexo QRS. Correlação entre o ECG e os Sons Cardíacos � A repolarização dos ventrículos, indicada pela onda T, ocorre ao mesmo tempo em que os ventrículos relaxam no início da diástole. � A consequente queda da pressão intraventricular faz com que as válvulas da aorta e do tronco pulmonar se fechem, de modo que o segundo som cardíaco (S2 ou “tac”) é produzido logo após o início da onda T em um eletrocardiograma.
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