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ENFERMAGEM NA MONITORIZAÇÃO ELETROCARDIOGRÁFICA

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1 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 
2 ANATOMIA E FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR ...................................... 4 
3 Sistema de Condução ................................................................................. 9 
4 Eletrofisiologia celular ............................................................................... 12 
5 O eletrocardiógrafo ................................................................................... 18 
5.1 Para a interpretação do Eletrocardiograma deve conter .................... 25 
5.2 Atividades a serem desenvolvidas no Eletrocardiograma .................. 30 
6 Eletrocardiograma normal ......................................................................... 33 
7 Critérios Eletrocardiográficos para Caracterização das Arritmias ............. 43 
7.1 Arritmias ventriculares ........................................................................ 49 
7.2 Critérios Eletrocardiográficos para a Caracterização de Isquemia, 
Lesão e Área Eletricamente Inativa ....................................................................... 51 
7.3 Infarto do miocárdio ............................................................................ 52 
8 REFERÊNCIAS ........................................................................................ 54 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
2 ANATOMIA E FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR 
 
 Fonte: tareasfisiologialefuentes.com 
 
O sistema cardiovascular é formado pelos vasos sanguíneos, artérias, veias, 
capilares e pelo coração. É responsável pela circulação do sangue, isso é, transporta 
os nutrientes e oxigênio por todo o corpo, além de remover gás carbônico e 
metabólitos. As estruturas do corpo humano estão separadas em níveis: químico 
tecidual, celular, órgão, sistema e organismo. O coração é um órgão único, muscular, 
localizado na região mediastínica, levemente deslocado à esquerda do plano 
mediano, que possui como principal função propelir o sangue através dos vasos, 
fazendo-o chegar a todas as células do organismo. Além desta função bombeadora, 
também possui função endócrina (DUTRA et al). 
O coração é um órgão muscular, oco, tem forma de cone e funciona de modo 
similar a duas bombas, contrátil e propulsora. O órgão realiza dois movimentos 
básicos: sístole (contração) e diástole (relaxamento), de acordo com a despolarização 
e repolarização de suas cargas elétricas intra e extracelulares, estimuladas por íons 
como: sódio, potássio, magnésio, cálcio. São conduzidas por um sistema nervoso 
próprio, capaz de produzir automaticamente seus estímulos elétricos, iniciados por 
células especializadas que formam o nódulo sinoatrial, localizado na parede posterior 
do átrio direito (DUTRA et al). 
 
5 
 
 
 
 
Sua divisão é conhecida como ápice, base e mais três faces: esterno costal, 
diafragmática e pulmonar. A base é formada pelos átrios direito e esquerdo. As veias 
cavas superior e inferior e as veias pulmonares penetram no coração pela base. É 
também a porção posterior do coração em posição anatômica. O ápice é contralateral 
a base e tem formato arredondado, formada pela parte inferolateral do ventrículo 
esquerdo e onde ocorre o batimento apical (DUTRA et al). 
Quanto às cavidades do coração, são subdivididas em quatro câmaras: átrios 
e ventrículos localizados à direita e à esquerda. O átrio direito se comunica com o 
ventrículo direito por meio do óstio atrioventricular direito, no qual existe uma estrutura 
direcionadora do fluxo, a valva atrioventricular direita (tricúspide). O mesmo ocorre à 
esquerda, por meio do óstio atrioventricular esquerdo, cuja comunicação de fluxo é 
por meio da valva atrioventricular esquerda (mitral). As cavidades direitas são 
separadas das esquerdas pelos septos interatrial e interventricular (DUTRA et al). 
A câmara esquerda (ventrículo) proporciona a força necessária para o sangue 
circular por todos os tecidos do corpo. Sua função é vital porque, para sobreviver, os 
tecidos necessitam receber continuamente oxigênio e nutrientes. O coração adulto 
normalmente bombeia em torno de 5 litros de sangue por minuto durante toda vida, 
em média o órgão tem entre 13 e 15 cm altura, 9 cm de largura e 6 cm de espessura. 
Nos homens, pesa entre 280 e 340 g e nas mulheres entre 230 e 280 g (DUTRA et 
al). 
 O coração permanece apoiado sobre o diafragma, perto da linha média da 
cavidade torácica, região denominada mediastino e entre os revestimentos dos 
pulmões (pleuras). Cerca de 2/3 de massa cardíaca ficam à esquerda da linha média 
do corpo. Sendo que uma das extremidades do coração é o ápice, dirigida para frente, 
para baixo e a esquerda e, no nível do quinto espaço intercostal (DUTRA et al). 
A porção mais larga do coração, oposta ao ápice, é a base, dirigida para trás, 
para cima e para a direita. Fica próxima aos vasos mais largos e sua parte superior 
ao nível da segunda costela e está voltada para o pulmão direito e se estende da 
superfície inferior a base; a borda esquerda, também chamada borda pulmonar, fica 
voltada para o pulmão esquerdo, estendendo-se da base ao ápice. Como limite 
 
6 
 
 
 
 
superior se encontra os grandes vasos do coração e posteriormente a traqueia, o 
esôfago e a artéria aorta descendente (DUTRA et al). 
Sua função se dá pelo sangue que entra pelo átrio direito sem oxigênio, por 
meio da veia cava superior que recebe sangue da parte superior do coração e a cava 
inferior dos órgãos inferiores. Logo, o sangue sai do átrio direito e vai para o ventrículo 
direito que, imediatamente bombeia o sangue para o tronco pulmonar, ramifica em 
artérias pulmonares (direita e esquerda), até chegar aos vasos capilares que irrigam 
os pulmões. Após a oxigenação do sangue, o retorno ao átrio esquerdo ocorre pelas 
veias pulmonares, segue para o ventrículo esquerdo bombeando sangue rico em 
oxigênio para aorta ascendente e, consequentemente, para todo o organismo. Em 
repouso, o coração bate de 60 a 100 bpm (batimentos por minuto), em adultos e 
adolescentes sob condições fisiologicamente normais (DUTRA et al). 
 
 
 Fonte: tareasfisiologialefuentes.com 
O coração possui quatro cavidades: 
Átrio direito: nele desembocam a veia cava caudal, a veia cava cranial, e a 
veia ázigos, trazendo sangue dos tecidos para o coração. 
 Ventrículo direito: se comunica com o átrio direito, e dele parte o tronco 
pulmonar, que se dividirá em artérias pulmonar direita e esquerda, levando o sangue 
que chegou do átrio direito para os pulmões. 
Átrio esquerdo: as veias pulmonares (cujo número varia, dependendo da 
espécie, de quatro a oito) trazem a ele o sangue que foi oxigenado nos pulmões. 
 
7 
 
 
 
 
Ventrículo esquerdo:se comunica com o átrio esquerdo; propele o sangue 
para a artéria aorta, e daí ele se distribui a todo o organismo. 
Tecido cardíaco 
O pericárdio é uma membrana fibroserosa em forma de bolsa, que recobre e 
protege o coração e raízes dos grandes vasos. Possui duas membranas: uma 
composta por tecido fibroso, ou seja, pericárdio fibroso e a membrana interna, 
chamada de pericárdio seroso e formada por duas lâminas (parietal e visceral). Esta 
possui um líquido seroso que preenche o espaço entre as duas lâminas, lubrificando 
o coração e evitando o atrito em cada batimento. Assemelha-se a uma túnica, que 
repousa sobre o diafragma e se prende a ele (DUTRA et al). 
O miocárdio é a camada mais espessa do coração, sendo formado por fibras 
musculares e tecido conjuntivo fibroso, responsável pela sustentação da musculatura 
cardíaca. Esse tipo de músculo permite que o coração se contraia e, portanto, 
impulsione sangue ou o force para o interior dos vasos sanguíneos. A camada interna 
do coração é chamada de endocárdio, composta por tecido conjuntivo e epitelial, é 
responsável pela cobertura interna das paredes atriais e ventriculares. A superfície 
lisa e brilhante permite que o sangue corra facilmente sobre ela. O endocárdio também 
reveste as valvas e é contínuo com o revestimento dos vasos sanguíneos que entram 
e saem do coração (DUTRA et al). 
Ciclo cardíaco 
Denominado ciclo cardíaco, os eventos que ocorrem desde o início de um 
batimento cardíaco até o seguinte acontecem em duas fases: sístole e diástole, ou 
seja, contração e relaxamento. O ciclo cardíaco é dividido em 5 etapas, sendo elas: 
diástole atrial e ventricular, sístole atrial, contração ventricular isovolumétrica, ejeção 
ventricular e relaxamento ventricular. Na diástole atrial e ventricular, o ciclo cardíaco 
se inicia quando a bomba cardíaca (átrios e ventrículos) está relaxando (DUTRA et 
al). 
Na sequência, os átrios se enchem com sangue proveniente das veias cavas 
(tanto superior, quanto inferior), e, posteriormente, ocorre o enchimento dos 
ventrículos, gerando a contração. Quando os ventrículos relaxam, as válvulas 
atrioventriculares se abrem e o fluxo passa dos átrios para os ventrículos. Cerca de 
 
8 
 
 
 
 
80% do enchimento ventricular ocorre de forma passiva, durante o relaxamento 
ventricular. A sístole atrial, portanto, é responsável por apenas 20% do enchimento 
dos ventrículos (DUTRA et al). 
A contração ventricular isovolumétrica ocorre enquanto os átrios se contraem, 
a onda de despolarização se move lentamente por meio do nó AV até o ápice do 
coração. A sístole ventricular tem seu início no ápice e conduz o sangue na direção 
da base do coração. O fluxo sanguíneo propicia o fechamento das valvas 
atrioventriculares, que impedem o refluxo para os átrios. Nessa fase, as valvas 
atrioventriculares se encontram fechadas, o sangue fica represado; mesmo assim, os 
ventrículos continuam a se contrair (DUTRA et al). 
Enquanto os ventrículos iniciam a contração, os átrios repolarizam e relaxam. 
Com relação à ejeção ventricular, quando os ventrículos se contraem, eles geram 
pressão suficiente para abrir as valvas semilunares e o sangue é conduzido para as 
artérias. Ao final da contração ventricular, essas cavidades voltam a relaxar, a pressão 
ventricular diminui a níveis inferiores aos das artérias, e o sangue começa a refluir 
para o coração. Quando as valvas semilunares se fecham, os ventrículos tornam-se 
câmaras isoladas. As valvas AV permanecem fechadas à pressão ventricular, que, 
embora menor, ainda é superior à pressão dos átrios. Quando a pressão ventricular é 
menor que a dos átrios, as valvas AV se abrem (DUTRA et al). 
O volume sanguíneo varia entre 4 e 5 litros, cerca de 80% se encontra nas 
veias, no coração direito e nos vasos da pequena circulação. Devido à sua grande 
elasticidade e capacidade, o sistema de baixa pressão atua como reservatório de 
sangue, que pode ser usado mediante constrição das veias. Com funções cardíacas 
e pulmonares normais, a pressão venosa central (2 a 8 mmHg ou 3 a 11 cmH20) é 
uma boa variável para medir o volume sanguíneo (DUTRA et al). 
Débito cardíaco 
O débito cardíaco (DC) pode ser obtido por meio do cálculo de multiplicação da 
frequência cardíaca (bpm) pelo volume sistólico. Quando há o aumento da frequência 
e/ou do volume sistólico, haverá também a elevação do débito cardíaco. O débito 
cardíaco se distribui pelos órgãos dispostos paralelamente na circulação sistêmica. A 
perfusão das artérias coronárias do músculo cardíaco não deve cair, pois o distúrbio 
 
9 
 
 
 
 
da função cardíaca comprometerá toda a circulação sistêmica. Os rins recebem de 20 
a 25% do DC. Todo DC flui por meio da circulação pulmonar, pois se encontra em 
série com a circulação sistêmica (DUTRA et al). 
Por meio do tronco pulmonar e das duas artérias pulmonares, o sangue pobre 
em oxigênio alcança os pulmões, onde é oxigenado. A drenagem de todo o fluxo 
ocorre pelas veias pulmonares para retorno ao átrio esquerdo. A resistência na 
circulação pulmonar é apenas uma fração da resistência periférica total na circulação 
sistêmica, de modo que o coração direito precisa produzir uma pressão média bem 
menor do que o esquerdo. A maior resistência na circulação sistêmica é oferecida 
pelas pequenas artérias e arteríolas, por isso, são denominados vasos de resistência 
(DUTRA et al). 
3 SISTEMA DE CONDUÇÃO 
 
 Fonte: auladeanatomia.com/cardiovascular/coracao.htm 
 
O coração é um órgão do sistema cardiovascular e gera seus próprios impulsos 
elétricos que cursam um trajeto próprio, especialmente desenhado para ajudar na 
distribuição de um potencial de ação através do músculo cardíaco. Os nós e redes 
das células “especializadas” do coração constituem o sistema de condução cardíaca. 
Os componentes deste sistema são os nós sinoatrial e auriculoventricular, o feixe 
 
10 
 
 
 
 
auriculoventricular, com os seus ramos esquerdo e direito e o plexo subendocárdico 
das células de condução ventricular (fibras de Parking) (LOURENÇO, CHAVES, 
2020). 
O ritmo de pacemaker do coração é gerado ao nível deste sistema, sendo 
influenciado por nervos e transmitido especificamente das aurículas até aos 
ventrículos e, a partir daí a toda a musculatura. O sistema de condução do coração é 
composto de cinco elementos principais, que são mencionados aqui na ordem em que 
chegam os potenciais de ação (LOURENÇO, CHAVES, 2020). 
Nó sinoatrial 
O nó sinoatrial é o marca-passo do coração, e está localizado superior ao sulco 
terminal do átrio (aurícula) direito, próximo à abertura da veia cava superior. Esse feixe 
de tecido nervoso propaga os impulsos elétricos e, portanto, governa o ritmo sinusal 
de minuto a minuto. Se esse nó falhar, o nó atrioventricular (auriculoventricular) possui 
a capacidade de assumir o papel de marca-passo (LOURENÇO, CHAVES, 2020). 
Nó atrioventricular (auriculoventricular) 
O nó atrioventricular (auriculoventricular) também está localizado no átrio 
direito, em um nível que o dispõe póstero-inferiormente ao septo interatrial 
(interauricolar) e próximo à cúspide septal da valva (válvula) tricúspide. Ele recebe e 
continua os potenciais de ação produzidos pelo nó sinoatrial e em alguns casos pode 
mesmo propagar alguns potenciais de ação próprios. Essa área cobre os átrios 
(aurículas) do coração, assim como faz o nó sinoatrial (LOURENÇO, CHAVES, 2020). 
Feixe de His 
O feixe de His é uma coleção de fibras nervosas que se encontram no septo 
interatrial (interauricolar). Eles encaminham os impulsos elétricos do nó 
atrioventricular e os enviam para os ramos direito e esquerdo. Os ramos direito e 
esquerdo são um acúmulo contínuo de nervos que inervam os ventrículos e o septo 
interventricular do coração (LOURENÇO, CHAVES, 2020). 
O lado direito possui um único feixe que atinge o ápice do ventrículo direito 
antes de se curvar sobre si mesmo evoltar ao longo do lado direito do coração. O lado 
esquerdo possui uma divisão anterior e posterior. A divisão anterior cursa ao longo do 
ventrículo direito através de sua parede anterossuperior, enquanto a divisão posterior 
 
11 
 
 
 
 
se comporta da mesma forma que o ramo direito e circula ao redor do lado esquerdo 
do coração após atingir seu ápice (LOURENÇO, CHAVES, 2020). 
Fibras de Purkinje 
Os feixes terminais de tecido nervoso são conhecidos como fibras de Purkinje, 
e essas são responsáveis por garantir que cada pequeno grupo de células é atingido 
pelo estímulo elétrico, de forma que uma contração muscular máxima possa ocorrer 
(LOURENÇO, CHAVES, 2020). O coração tem dois tipos de células, as células 
miocárdicas, também denominadas células funcionais, que quando estimuladas 
eletricamente são capazes de se contrair, e as células marca-passo, responsáveis 
pela geração e condução dos estímulos elétricos. Os tecidos especializados que 
geram e conduzem impulsos elétricos através do coração, são o nó sinoatrial (nó SA), 
nó atrioventricular (nó AV), feixe de His e fibras de Purkinje (VAN DE GRAAF, 2003). 
O controle da atividade cardíaca é feito sistema nervoso simpático e 
parassimpático, que inervam de forma abundante o coração. O nó SA está localizado 
na parede posterior do átrio direito, onde a veia cava chega ao coração. O nó AV está 
na porção inferior do septo interatrial. O feixe de His está no topo do septo 
interventricular, esse feixe se divide no interior da parede dos ventrículos 
denominando-se fibras de Purkinje, causando a contração simultânea dos ventrículos. 
Sístole é a contração da câmara cardíaca para ejeção do sangue presente em seu 
interior. Diástole é o relaxamento da câmara cardíaca para um novo preenchimento 
de sangue em seu interior (GUYTON, HALL, 2006). 
A média de batimentos cardíacos em um adulto saudável fica em torno de 70 
batimentos por minuto, variando conforme as necessidades do corpo, como exercícios 
físicos, situações de estresse e repouso. A regulação da ritmicidade do coração ocorre 
no nó SA ou marca passo do coração. Esta ritmicidade ocorre porque as membranas 
das fibras do nó SA são muito permeáveis ao sódio, que passa para o interior das 
fibras, fazendo com que o potencial da membrana em repouso passe para o valor 
positivo até atingir seu limiar transformando em potencial de ação (VAN DE GRAAFF, 
2003). 
O impulso é propagado pelos átrios através do sistema de Purkinje provocando 
sua contração. Centésimos de segundos depois, o impulso atinge o nó AV, que retarda 
 
12 
 
 
 
 
o impulso para que os átrios forcem a passagem de sangue para os ventrículos. Após 
esse retardo, o impulso é propagado pelo sistema de Purkinje aos ventrículos 
contraindo-os (GUYTON, HALL, 2006). Os impulsos elétricos que passam pelo 
complexo estimulante do coração podem ser registrados pelo eletrocardiograma. 
Onda P é a despolarização das fibras atriais do nó SA, o complexo QRS é a 
despolarização dos ventrículos e a onda T é a repolarização dos ventrículos, iniciando 
assim um novo ciclo cardíaco (VAN DE GRAAFF, 2003). 
4 ELETROFISIOLOGIA CELULAR 
 
 Fonte: rjmatthewsmd.com 
 
Sendo o eletrocardiograma o registro da atividade elétrica global das fibras 
miocárdicas, é importante conhecer a eletrogênese da célula cardíaca, entendendo 
assim o funcionamento elétrico e mecânico do coração. A célula miocárdica como 
todas as outras células do organismo, tem, em repouso, o meio intracelular negativo 
(polarizado) em relação ao meio extracelular que é positivo. Quando as células 
cardíacas estão em repouso (meio intracelular negativo) produz um evento mecânico 
conhecido como diástole, que é o relaxamento das fibras miocárdicas (GRANDO, 
2010). 
 
 
13 
 
 
 
 
Em contrapartida, quando as células cardíacas estão despolarizadas (meio 
intracelular positivo) se tem a contração do músculo cardíaco, sendo chamado de 
sístole. Todos esses fenômenos elétricos têm como suporte os processos bioquímicos 
iônicos, principalmente as concentrações intra e extracelulares dos íons K+. Na+ e 
Cl+. Nas células em repouso, a concentração de K+ em seu meio intracelular é maior 
do que no meio extracelular, onde predomina a concentração de. Na+ (GRANDO, 
2010). 
Essa diferença de concentração de íons entre o meio intra e extracelular é 
garantida por mecanismos capazes de transferir. Na+ e K+. Este transporte é 
realizado por dois tipos de potenciais, sendo eles: Potencial Transmembrana de 
Repouso e Potencial Transmembrana da Ação. O Potencial de Repouso é 
consequência da distribuição iônica entre a célula e o meio que a circunda, e da 
permeabilidade relativa da membrana aos principais íons do sistema. Para que exista 
o potencial de repouso, dois fenômenos são básicos: transporte passivo de íons 
(difusão) e transporte ativo de íons (Bomba Na+/K+ATP-ase). Veja a imagem 
(GRANDO, 2010 
 
 Fonte: Prof. Enfermeira Msc. Simone Regina Grando 
 
 
 
14 
 
 
 
 
Transporte passivo de íons 
Sabe-se que uma célula em repouso possui uma maior concentração de 
Potássio no meio intracelular e sódio no meio extracelular. Desprezando-se a 
influência de outros íons, sabe-se que o potencial de repouso se deve a relação entre 
as permeabilidades da membrana ao sódio e ao Potássio. No repouso elétrico a 
permeabilidade de potássio é consideravelmente do que a permeabilidade do sódio, 
predominando assim a tendência da saída de Potássio para o meio extracelular 
carregando sua positividade e ocasionando uma negatividade no meio intracelular. 
Esse evento favorece a entrada de sódio dentro da célula equalizando o fluxo dos íons 
através da membrana. Esse fluxo será em consequência do acúmulo de cargas 
positivas no lado externo, estabilizando o potencial Transmembrana (GRANDO, 
2010). 
Transporte ativo de íons 
No caso de equivalência entre os fluxos passivos da saída de potássio e 
entrada de sódio, a manutenção das concentrações desses íons no meio intracelular 
é garantida pelo transporte ativo que é realizado através da bomba sódio potássio que 
leva o potássio novamente para dentro da célula e o sódio para fora, evento que 
carrega negativamente o interior da célula e positivamente o exterior da célula 
(GRANDO, 2010). 
Fases do estímulo elétrico da célula miocárdica 
Quando uma célula é estimulada elétrica, química ou mecanicamente, o seu 
potencial de repouso produz uma oscilação transitória, conhecido como potencial de 
ação. Esta produção de estímulo elétrico cardíaco se caracteriza por 5 fases, sendo 
elas (GRANDO, 2010): 
Fase 0 
Corresponde ao início da despolarização, que é caracterizada pela abertura 
rápida dos canais de sódio, ocasionando a entrada deste íon para dentro da célula 
(GRANDO, 2010). 
 
 
 
15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fase 1 
Corresponde ao lento funcionamento dos canais de sódio e início da saída de 
potássio, ocasionando a inversão das concentrações iniciais entre os compartimentos 
do líquido intracelular e líquido extracelular (GRANDO, 2010). 
 
 
Fase 2 
Caracterizada pela abertura dos canais de Cálcio sendo conhecido como 
período de Platô, ou seja, período máximo da despolarização (Sístole) (GRANDO, 
2010). 
 
 
 
16 
 
 
 
 
 
 
 
Fase 3 
Corresponde ao início da repolarização celular que é caracterizada pela grande 
saída de Potássio da célula e fechamento dos canais de sódio e cálcio resultando em 
uma positividade do líquido extracelular e negatividade do líquido intracelular, ainda 
com concentrações iônicas invertidas na tentativa de retornar ao repouso (GRANDO, 
2010). 
 
 
Fase 4 
Corresponde ao restabelecimento das cargas e concentrações iônicas, 
havendo uma saída com auxílio da Bomba sódio e potássio a saída de sódio e a 
entrada do potássio é igual a velocidade voltando as relações eletrolíticasexistentes 
antes da excitação sem alterar a carga da membrana (GRANDO, 2010). 
 
 
17 
 
 
 
 
 
 
Potencial de ação de resposta rápida e de resposta lenta 
As células cardíacas podem apresentar dois tipos distintos de potencial de 
ação, o de resposta rápida e o de resposta lenta. O potencial acima descrito (que 
possui as fases de 0 a 4) é o de resposta rápida, encontrado nas células contráteis e 
nos sistemas especializados de condução. O potencial de ação de resposta lenta é o 
encontrado principalmente no nó sinusal e no nó atrioventricular (AV). A principal 
diferença é a ausência dos canais rápidos de. Na+, sendo o influxo de Ca2+, através 
de canais especializados, o responsável pela despolarização. A repolarização ocorre 
de maneira semelhante, pelo influxo de K+ para dentro da célula após a interrupção 
do influxo de Ca2+ (REIS et al., 2013). 
Outra diferença relevante está no fato de que essas células não possuem 
potencial de repouso fixo, havendo despolarização de maneira gradual 
(despolarização diastólica), que atinge potenciais diastólicos máximos de –65 mV (nas 
células de resposta rápida é de –90 mV) (Figura 1.9). A despolarização nessas células 
ocorre quando os limiares em torno de –45 mV a –40 mV são alcançados (REIS et al., 
2013). 
 
 
 
 
18 
 
 
 
 
5 O ELETROCARDIÓGRAFO 
 
 Fonte: telemedicinamorsch.com.br 
 
O eletrocardiógrafo é um galvanômetro que amplia, filtra e registra a atividade 
elétrica do coração em um papel milimetrado especialmente determinado para esse 
fim. De maneira mais precisa, o registro é a diferença de potencial elétrico captada 
por eletrodos posicionados sobre a superfície corpórea de um indivíduo. O papel para 
registro do ECG é quadriculado, com a distância entre cada linha horizontal e vertical 
de 1 mm, formando um pequeno quadrado de 1 mm de lado. O eixo horizontal mede 
o tempo e o eixo vertical, a amplitude. A cada cinco quadrados menores há um traço 
ou linha mais forte tanto na direção vertical quanto na horizontal (NETTINA, 2011). 
A avaliação da atividade elétrica cardíaca é um importante indicador da 
funcionalidade deste órgão. Ela pode ser obtida mediante a utilização de um 
método seguro, rápido, de simples realização, de alta qualidade e de baixo 
custo, denominado eletrocardiograma (ECG), que se expressa em um 
traçado que representa graficamente a atividade elétrica que percorre o 
coração (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA 2003. Apud 
MOURA JÚNIOR, 2006). 
Ainda que tenha sido introduzido há mais de 100 anos, o ECG continua sendo 
o método mais direto e comumente utilizado para avaliar anormalidades do ritmo 
cardíaco (MIRVIS, GOLDBERGER, 2010). Com o avanço da tecnologia, foram criadas 
diversas variações do eletrocardiógrafo, porém ainda é padrão a utilização do modelo 
 
19 
 
 
 
 
standard com 12 derivações, que permite obter uma representação tridimensional da 
atividade elétrica cardíaca (NETTINA, 2011). 
Esse tipo de ECG é obtido aplicando-se dez eletrodos em posições 
padronizadas sobre a pele da parede torácica (seis eletrodos) e membros (quatro 
eletrodos), que são acoplados a cabos que, por sua vez, estarão conectados ao 
eletrocardiógrafo. Os eletrodos dos membros fornecerão as seis primeiras derivações 
– I, II, III, aVR, aVL e aVF, enquanto os torácicos, as derivações precordiais V1 a V6 
(BRUNNER, SUDDARTH, 2009). 
O ECG atualmente utilizado é resultante de uma série de avanços tecnológicos, 
sendo considerado padrão-ouro para o diagnóstico não invasivo das arritmias e 
distúrbios de condução. Pode identificar ainda quadros isquêmicos coronarianos, bem 
como alterações metabólicas, como hipercalemia e hipercalcemia, além de efeitos de 
alguns medicamentos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2003). 
Considerando que um grande número de fatores técnicos pode alterar a 
qualidade e a acurácia do registro eletrocardiográfico, dando margem à 
realização de falsos diagnósticos, a obtenção de um traçado satisfatório deve 
ser submetida a determinadas especificações: o paciente deverá estar em 
decúbito dorsal e imóvel; a pele onde serão aplicados os eletrodos deverá ser 
limpa; deve-se evitar o uso excessivo de pasta de contato e os eletrodos 
devem estar posicionados nos locais específicos padronizados (BRUNNER, 
SUDDARTH, 2009. Apud MIRVIS, GOLDBERGER, 2010). 
As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e as unidades cardiológicas (UCs), 
setores que prestam cuidados especiais aos pacientes críticos, são de extrema 
importância no contexto hospitalar. Por meio do atendimento oferecido nesses 
setores, pode-se avaliar a qualidade da assistência proporcionada por uma dada 
instituição, já que congrega tecnologias próprias e procedimentos específicos e 
sofisticados, necessitando de disponibilidade de pessoal habilitado a atuar nesses 
cenários (COSTA et al., 2005). 
 
 
 
 
 
20 
 
 
 
 
 
 Fonte: ventrix.com.br 
 
Nesse contexto, a enfermeira (o) tem diante de si uma grande 
responsabilidade: sua atuação na coordenação da equipe de enfermagem, gerência 
e assistência demanda ações de planejamento, organização, coordenação, execução, 
avaliação, treinamento de pessoal e prescrição de cuidados de enfermagem. A 
enfermeira (o) é a profissional responsável pelo cuidado contínuo ao paciente e isso 
exige que tenha conhecimento não só da técnica de realização do ECG, mas também 
a capacidade de identificar previamente danos à saúde do paciente. Dessa forma, 
poderá diminuir a incidência de complicações relacionadas a angina, arritmias, 
aumento do coração, além de distúrbios metabólicos, tóxicos e inflamatórios do 
coração. Para isso, faz-se necessário que tenha o conhecimento teórico-prático sobre 
as atividades e saiba como aplicá-lo (FERNANDES et al., 2015). 
 Técnica 
 Para realização do ECG é necessário: privacidade, expor tórax, punhos 
e tornozelos, antissepsia do local onde serão colocados os eletrodos, e 
em alguns casos tricotomia; 
 A adequada posição para realizar o ECG é decúbito dorsal; 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
 
 Para evitar alterações no registro é necessário que o paciente esteja 
deitado, quieto, sem conversar e/ ou tossir, e evitar o uso de pasta de 
contato em excesso; 
 No ECG de 12 derivações são usados: 6 eletrodos precordiais e 4 
eletrodos nos membros; 
 Posicionamento dos eletrodos dos membros. 
O ECG de 12 derivações propicia uma visão tridimensional do coração numa 
página inteira, permitindo, desta forma, uma análise completa do ritmo, frequência e 
atividade elétrica cardíaca. Mesmo com sua fácil realização, erros técnicos na prática 
do ECG podem levar a erros significantes na eletrocardiografia, resultando em falsos 
diagnósticos (MIRVIS, GOLDBERGER, 2010). 
Dentre os fatores que podem prejudicar a realização do exame, encontram-se 
a movimentação do paciente, conformação do tórax, uso excessivo de pasta de 
contato, calibração inadequada, interferências eletromagnéticas e posicionamento 
errôneo dos eletrodos. As trocas desses nos membros podem causar inversões das 
ondas; o seu posicionamento muito alto no tórax pode criar padrões que mimetizam o 
infarto do miocárdio; mau contato na pele ou tremores podem simular arritmias fatais; 
e o movimento excessivo do corpo, isquemia ou lesão do miocárdio (MIRVIS, 
GOLDBERGER, 2010). 
Para se obter um traçado eletrocardiográfico em condições técnicas 
satisfatórias, é necessário que o paciente esteja em decúbito dorsal horizontal, imóvel 
e em posição confortável, sem contato com as partes de metal da maca; não deve 
haver aparelhos elétricos próximos, como celulares; e, primordialmente, os eletrodos 
estejam fixados nos locais específicos padronizados (SOCIEDADE BRASILEIRA DE 
CARDIOLOGIA, 2003). 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
 
Os eletrodos usados para captar o campo elétrico cardíaco não são 
dispositivos passivos, que simplesmentedetectam o campo. Ao contrário, são 
sistemas intricados afetados pelas propriedades das camadas da pele, da 
pasta eletrolítica aplicada sobre ela, do próprio eletrodo e do contato 
mecânico entre o eletrodo e a pele. Cada um desses fatores modifica os 
potenciais cardíacos antes desses serem apresentados como uma 
eletrocardiografia (MIRVIS; GOLDBERGER, 2010. Apud HAMPTON, 2014). 
É essencial, portanto, que o contato elétrico entre os eletrodos e a pele seja 
adequado, para que não haja alterações sobre o traçado do ECG. Sendo assim, a 
pele deve estar limpa e seca, principalmente em pacientes dermatológicos, que fazem 
uso de cremes ou umectantes. Quanto aos pelos, por serem condutores fracos dos 
sinais elétricos e impedirem que os eletrodos se fixem à pele, torna-se preferível a 
realização da tricotomia em alguns casos. O alto índice de acerto relacionado os 
cuidados com a técnica para a realização do procedimento pode ser relacionado às 
vivências práticas desses profissionais ao longo dos anos depois de formados 
(HAMPTON, 2014). 
 
 
 Fonte: sorrimix.com.br 
 
 
No ECG padrão há o registro de 12 derivações, sendo seis – I, II, III, aVR, aVL 
e aVF – fornecidas pelos eletrodos dos membros, e seis precordiais – V1 a V6 –
obtidas por seis eletrodos colocados na face anterior do tórax (BRUNNER; 
SUDDARTH, 2009). As localizações dos focos precordiais são: os eletrodos V1 à 
 
23 
 
 
 
 
direita e V2 à esquerda do rebordo esternal no quarto espaço intercostal; V3 entre V2 
e V4 numa linha reta; V4 no quinto espaço intercostal na linha hemiclavicular; V5 no 
mesmo nível de V4, na linha axilar anterior e V6 no mesmo nível de V4, na linha axilar 
média (WOODROW, 2009). 
Tempo e voltagem 
O traçado do ECG se dá na forma de ondas que possuem características 
próprias como duração, amplitude e configuração. A velocidade-padrão com que o 
papel milimetrado se desloca sob a agulha do aparelho é de 25 mm/s. nessa 
velocidade de deslocamento do ECG define-se que um quadrado menor corresponde 
a 0,04 s e um quadrado maior, 0,2 s, sendo possível determinar a duração do evento 
registrado. Quanto à amplitude dos traçados eletrocardiográficos, cada linha vertical 
corresponde a 0,1 mV (WOODROW, 2009). 
 
 
 Fonte: memorangapp.com 
 
Teoria do dipolo 
Um conceito relevante para a compreensão básica do traçado 
eletrocardiográfico é a teoria física do dipolo; define-se dipolo, em eletricidade, o 
conjunto formado por duas cargas de mesmo módulo (valor numérico), porém, de 
sinais ou polaridades contrárias, separadas por uma determinada distância. Na 
transposição do cenário físico para o biológico, entende-se que a membrana da célula 
 
24 
 
 
 
 
em repouso possui em toda sua extensão cargas positivas sem diferença, portanto, 
ausência de dipolo (WOODROW, 2009). 
 No entanto quando ocorre a estimulação ou ativação da célula promovendo a 
despolarização, há um grande influxo de íons. Na+ para o seu interior, resultando em 
consequente inversão de cargas da membrana (negativas fora e positivas dentro) e 
formação do dipolo. A corrente iônica logo se extingue, no ponto inicial, mas estimula 
os pontos adjacentes gerando uma nova corrente sequencial, sendo esse processo 
repetido para formação de novos dipolos (WOODROW, 2009). 
O sentido do dipolo progride sempre de cargas negativas, ou sentido negativo 
(ponto de “fuga dos elétrons”), para o ponto positivo, como ocorre na despolarização. 
A repolarização se inicia no mesmo ponto da despolarização, fazendo com que o 
sentido do processo seja agora o oposto do dipolo (WOODROW, 2009). 
 
 
 Fonte: files.fisiologiaucs.webnode.com 
 
 
Os dipolos de despolarização ou repolarização podem ser representados como 
vetores, que terão características como intensidade (módulo), direção e sentido. 
 Intensidade (módulo): produto das cargas pela distância entre elas; 
 Direção: eixo do dipolo, a linha que une os dois polos; 
 Sentido: sempre do polo negativo para o positivo (HAMPTON, 2014). 
Dipolo, vetores e inscrições ou registros eletrocardiográficos 
 
25 
 
 
 
 
Os eletrodos do eletrocardiógrafo registram ondas positivas (para cima da linha 
de base) quando captam a extremidade de um vetor. A mesma lógica acontece 
quando é captada a origem do vetor, sendo registrada uma onda negativa (abaixo da 
linha de base) (HAMPTON, 2014). 
5.1 Para a interpretação do Eletrocardiograma deve conter 
Conceito: é o registro da atividade elétrica do coração em forma de ondas que 
mostram a despolarização (contração) e a repolarização (relaxamento) (IZAIAS, 
2014). 
Finalidade: Possibilitar a identificação de distúrbios do ritmo cardíaco, 
alterações da condução e desequilíbrios eletrolíticos. As informações são registradas 
a partir de 12 projeções cardíacas diferentes, por meio de eletrodos colocados nos 
membros e no tórax do cliente (IZAIAS, 2014). 
O Eletrocardiograma constitui-se basicamente em doze derivações de registro 
(IZAIAS, 2014): 
 Seis do plano elétrico frontal/derivações periféricas: (D1, D2, D3-
bipolares), (aVR, aVL e aVF- unipolares). 
 Seis do plano elétrico horizontal/derivações precordiais: (V1 a V6-
unipolares). 
 Em situações especiais podem-se acrescentar mais derivações, as 
cardíacas posteriores que exploram a parede posterior do VE (Ventrículo 
Esquerdo) V7 e V8. 
Derivações padrões dos membros: 
 DI- útil na monitoração dos ritmos atriais. 
 DII- útil para a identificação da onda P, detecção de arritmia do nódulo 
sinusal, arritmia atrial e monitoração da parede inferior do ventrículo 
esquerdo. 
 DIII- útil na monitoração de ritmos atriais e da parede inferior do 
ventrículo esquerdo. 
 
26 
 
 
 
 
 AVR- mostra alterações na parede inferior são bem mostradas (IZAIAS, 
2014). 
 
 
 Fonte: repositorio.ufsc.br 
 
 Derivações precordiais 
V1- Onda P, complexo QRS e segmento ST são bem mostrados, útil na 
monitoração de arritmias ventriculares, alterações do segmento ST e alterações da 
onda P. Também ajuda na diferenciação de taquicardias (ventriculares versus 
supraventriculares) e de bloqueios de ramo (IZAIAS, 2014). 
V2- Detecta o supra desnivelamento do segmento ST; 
V3- Detecta elevação do segmento ST; 
V4- Mostra alterações do segmento ST e na onda T; 
V5- Mostra alterações no segmento ST e na onda T. 
O ECG é composto por cinco formas de ondas identificadas com as letras 
PQRS e T que mostra se sua atividade está normal ou apresenta alguma alteração 
(IZAIAS, 2014). 
Passos para a avaliação do ECG (IZAIAS, 2014): 
1- Ritmo atrial- medir os intervalos P-P em vários ciclos Ritmo ventricular- 
medir os intervalos entre duas ondas R, consecutivas nos complexos QRS (IZAIAS, 
2014). 
 
27 
 
 
 
 
2- Frequência - Pode-se usar o método 1.500. Conte o número de quadrados 
pequenos entre pontos idênticos em duas ondas P- consecutivas. Dividir o número 
por 1.500 para obter a frequência atrial. Use o mesmo método com duas ondas R 
consecutivas para calcular a frequência ventricular (IZAIAS, 2014). 
3- Avaliar a onda P- Determinar se uma onda P está presente em cada 
complexo QRS. Avaliar se esta apresenta configuração, tamanho e formas normais. 
4- Determinar a duração do intervalo PR - Contar os quadrados pequenos 
entre o início da onda P e o início do complexo QRS. Multiplicar o número de 
quadrados por 0,045. Determinar se a duração é normal (0,12 a 0,0s ou 3 a 5 
quadrados menores e constantes (IZAIAS, 2014). 
5- Determinar a duração do complexo QR- Medir desde o início do complexo 
QRS até o final da onda S (não apenas o pico). Contar o número de quadrados 
pequenos entre o início e o fim do complexo QRS. Multiplicar esse número por 0,045. 
Determinar se a duração é normal (0,06 a 0,10s) se todos os complexos QRS 
apresentamo mesmo tamanho e a mesma forma, e se aparece um complexo após 
cada onda P (IZAIAS, 2014). 
6- Avaliar a onda T- Determinar se as ondas T estão presentes e se 
apresentam forma e amplitude normais e a mesma deflexão que os complexos QRS. 
Avaliar se uma onda P pode estar oculta em uma onda T (IZAIAS, 2014). 
7- Determinar a duração do intervalo QT- Conte os quadrados pequenos 
entre o início do complexo QRS e o final da onda T (onde a onda T retorna para a 
linha de base). Multiplique esse número por 0, 045. Determine se a duração é normal 
(0,36 a 0,44s) (IZAIAS, 2014). 
8- Avaliar outros componentes- Certifique-se que a forma de onda não é o 
problema com o monitor. Examine o segmento ST quanto à presença de alterações. 
Procure uma onda U. Classifique o traçado de ritmo de acordo com o local de origem 
e frequência (IZAIAS, 2014). 
Principais alterações encontradas no ECG: 
 
 
 
 
28 
 
 
 
 
Ritmo sinusal normal 
 
 Fonte: passeidireto.com 
 
 Ritmo regular; 
 Frequência de 60 a 100 bpm; 
 Onda P para cada complexo QRS; 
 Intervalo PR- dentro de limites normais; 
 Complexo QRS- dentro dos limites normais; 
 Onda T- forma normal; 
 Intervalo QT – dentro dos limites normais; 
 Outros: Ausência de batimentos ectópico (IZAIAS, 2014). 
 
Arritmia Sinusal 
 
 Fonte: cardioscience.com.mx 
 
 Ritmo irregular 
 Frequência de 60 a 100 bpm 
 Onda P- tamanho normal 
 Intervalo PR- pode variar discretamente 
 Complexo QRS dentro dos limites normais 
 Intervalo QT pode variar discretamente 
 
29 
 
 
 
 
 Onda T tamanho normal 
 Outros- desaceleração e aceleração fásica (IZAIAS, 2014). 
 
Bradicardia Sinusal 
 
 
 Fonte: pt.wikipedia.org 
 
 Ritmo regular; 
 Frequência Inferior a 60 bpm; 
 Onda P tamanho normal; 
 Intervalo PR dentro dos limites normais; 
 Complexo QRS configuração normal; 
 Onda T tamanho normal; 
 Intervalo QR dentro dos limites normais (IZAIAS, 2014). 
 
Taquicardia Sinusal 
 
 Fonte: hmritmo.com.br 
 
 Ritmo regular; 
 Frequência de >100 bpm; 
 Onda P tamanho normal, mas pode estar sobreposta na onda T; 
 
30 
 
 
 
 
 Intervalo PR dentro dos limites normais; 
 Complexo QRS configuração normal; 
 Onda T tamanho normal; 
 Intervalo QR dentro dos limites normais (IZAIAS, 2014). 
5.2 Atividades a serem desenvolvidas no Eletrocardiograma 
Material a ser utilizado 
 Aparelho de ECG; 
 Braçadeiras; 
 Luva de procedimento; 
 Álcool 70% (EBSERH, 2018). 
 
 
 Fonte: tnh1.com.br 
 
Ação (EBSERH, 2018) 
 Comunicar e explicar o procedimento ao paciente; 
 Posicionar o paciente no leito em decúbito dorsal, braços paralelos ao 
corpo e pernas em um ângulo de 30°; 
 Posicionar o aparelho de ECG; 
 
31 
 
 
 
 
 Umedecer a pele com álcool a 70% nas áreas de colocação dos 
braceletes; 
 Posicionar as braçadeiras superiores na face interna do MMSS no 1/3 
distal; 
 Posicionar as braçadeiras inferiores e 1/3 distal face interna dos MMII 
(trajeto do pulso pedial); 
 Posicionar as pêras conforme derivações torácicas; 
 Adaptar o cabo do ECG às braçadeiras e pêras; 
 Ativar o aparelho para registrar o ECG, até que as 12 derivações estejam 
registradas; 
 Registrar uma derivação D2 longa (acima de 10 ciclos cardíacos); 
 Desligar o aparelho, retirar as pêras, braçadeiras, cabos e fio “terra”; 
 Reposicionar o paciente no leito; 
 Identificar o ECG; 
 Anexar o ECG (EBSERH, 2018). 
Orientações e observações (EBSERH, 2018) 
 
 
 Fonte: leonardoconcon.com.br 
 
 Cabeceira a 0° a 45°, até em casos de dispneia. O paciente não 
deve encostar-se às grades do leito para evitar interferências; 
 
32 
 
 
 
 
 Ligar o aparelho na rede elétrica, colocando o fio “terra” do aparelho 
ao, “terra” do box (evitar torneiras e saídas de oxigênio); 
 Evitar usar o gel condutor, pois o seu excesso fica acumulado 
obstruindo a pêra após uso subsequente; 
 Colocar a placa sob o pulso arterial devido a melhor condução da 
artéria em relação às veias; 
 As braçadeiras devem ser posicionadas o mais distal possível, nos 
casos de pacientes amputados; 
 V1 – 4º espaço intercostal, linha para esternal D; 
 V2 – 4º espaço intercostal, linha para esternal; 
 V3 – Mediana entre V2 e V4; 
 V4 – 5º espaço intercostal, linha hemiclavicular; 
 V5 – 5º espaço intercostal, linha axilar anterior; 
 V6 – 5º espaço intercostal, linha axilar média. 
 Respeitar as instruções do fabricante em relação à colocação dos 
cabos; 
 Apertando a tecla START respeitando a modalidade manual ou 
automática. Caso a derivação D1 apresente um registro com 
deflexão negativa pare e analise (pelo RX), pois os cabos poderão 
estar trocados ou o paciente pode apresentar destro 
posicionamento; neste caso é indicada a continuação do ECG; 
 Caso esteja utilizando a modalidade automática, após o término do 
registro das 12 derivações, posicione o aparelho na posição manual 
e registre acima de 10 ciclos; 
 Realizando desinfecção das pêras e braçadeiras com álcool a 70%. 
 Mantendo-o numa posição confortável; 
 Com nome, registro, box, data, hora e assinatura; do enfermeiro; 
 Em impresso próprio ou na folha de evolução. 
 Evitar usar o gel condutor, pois o seu excesso fica acumulado 
obstruindo a pêra após uso subsequente; 
 
33 
 
 
 
 
 Cabeceira a 0° a 45°, até em casos de dispneia. O paciente não 
deve encostar-se às grades do leito para evitar interferências 
(EBSERH, 2018). 
6 ELETROCARDIOGRAMA NORMAL 
 
 Fonte: br.pinterest.com 
 
Willen Einthoven, em 1902, idealizou um aparelho para registrar as correntes 
elétricas que se originavam no coração. Surgia o eletrocardiógrafo e o 
eletrocardiograma. Nestes mais de cem anos, tanto os aparelhos quanto a própria 
metodologia de interpretação se modernizaram. Surgiram novas aplicações, fazendo 
com que o eletrocardiograma continue sendo um exame de extrema importância. É 
de fácil manuseio, reprodutível e de baixo custo operacional. O estudo minucioso e a 
análise metódica das ondas, dos intervalos e dos segmentos. Formam a base para a 
interpretação do eletrocardiograma normal, das patologias cardiocirculatórias e de 
condições extra cardíacas que modifiquem o traçado (FELDMAN, GOLDWASSER, 
2004). 
 
 
 
 
34 
 
 
 
 
Ativação elétrica do coração 
A análise dedutiva é a base fundamental na interpretação do ECG e requer o 
conhecimento do significado do processo de ativação do coração. Ativação ou 
despolarização cardíaca, em condições normais, tem origem no nódulo sinusal 
(nódulo de Keith-Flack), região do marca-passo cardíaco, localizado no átrio direito, 
sendo ela a primeira área do coração a se despolarizar. O estímulo alcança, em 
sequência, o átrio esquerdo, o nódulo atrioventricular (nódulo de Aschoff-Tawara), o 
feixe de His e seus ramos (esquerdo e direito), a rede de Purkinje, os ventrículos e, 
por fim, se extingue (FELDMAN, GOLDWASSER, 2004). 
Durante a atividade cardíaca desencadeada pelo processo de ativação do 
coração, fenômenos elétricos são originados na despolarização e repolarização, 
podendo ser registrados pelo eletrocardiógrafo. Ativação atrial inicia-se no átrio direito 
(AD) e se estende ao átrio esquerdo (AE), sendo representados por dois vetores do 
AD que se orientam para baixo e um pouco para frente, e do AE que se orientam para 
trás e mais para esquerda. O vetor resultante final, que determina o eixo elétrico, 
orienta-se para a esquerda, para baixo em paralelo ao plano frontal. A deflexão 
resultante é denominada ONDA P (FELDMAN, GOLDWASSER, 2004). 
 
 Fonte: marcapasso.com 
 
Ativação do nódulo atrioventricular edo feixe de His não produz ondas 
registráveis no ECG convencional. Ativação ventricular é representada por quatro 
vetores cardíacos: vetores 1 e 2 correspondem às despolarizações das regiões do 
 
35 
 
 
 
 
septo interventricular; vetores 3 e 4 correspondem às despolarizações das paredes 
dos ventrículos com amplo predomínio vetorial do ventrículo esquerdo. O vetor 
resultante final, que determina o eixo elétrico, orienta-se para a esquerda e algo para 
trás. A deflexão resultante é denominada COMPLEXO QRS (FELDMAN, 
GOLDWASSER, 2004). 
A repolarização ventricular inicia-se ao fim da ativação ventricular. Inicialmente 
as correntes elétricas desenvolvidas não são intensas e não causam deflexão, sendo 
inscrita uma linha isoelétrica. A seguir surgem potenciais mais intensos que 
determinam a inscrição da deflexão resultante, denominada ONDA T. A repolarização 
atrial (ONDA Ta) não é identificada no ECG normal (FELDMAN, GOLDWASSER, 
2004). 
Registro do Eletrocardiograma 
O eletrocardiograma constitui-se basicamente em doze derivações de registro, 
seis do plano elétrico frontal: as derivações periféricas D1, D2, D3 (bipolares ou 
standards), aVR, aVL e aVF (unipolares), e seis do plano elétrico horizontal: as 
derivações precordiais V1 a V6 (unipolares) (FELDMAN, GOLDWASSER, 2004). 
 Existe uma correlação entre a região ventricular 
 Esquerda estudada e as derivações: 
 Região lateral alta: D1-aVL, 
 Região inferior: D2-D3-aVF, 
 Região anterior extensa: V1 a V6, D1-aVL, 
 Região ântero-septal: V1 a V4, 
 Região anterolateral: V4 a V6, D1- aVL. 
Em situações especiais podem-se acrescentar mais derivações, as cardíacas 
direitas que exploram o VD, V3R a V6R, e as cardíacas posteriores que exploram a 
parede posterior do VE, V7 e V8. O papel de registro do ECG tem o desenho de 
pequenos quadrados de 1mm de lado. A abscissa marca o intervalo de tempo, onde 
cada 1mm corresponde a 40ms, considerando-se a velocidade padrão de 25mm/s; a 
ordenada marca a voltagem, em que 1mm corresponde a 0,1mV. No aparelho 
devidamente ajustado, a calibração corresponde a 10mm ou 1mV (FELDMAN, 
GOLDWASSER, 2004). 
 
36 
 
 
 
 
Propedêutica eletrocardiográfica 
A sistematização na interpretação do eletrocardiograma, cuja finalidade é 
facilitar o diagnóstico, deve seguir as seguintes etapas: 
1. Frequência cardíaca (FC) 
2. Ritmo cardíaco (RIT) 
3. Onda P (OP) 
4. Segmento PR (sPR) 
5. Intervalo PR (iPR) 
6. Complexo QRS 
7. Ponto J e segmento ST (sST) 
8. Onda T (OT) 
9. Intervalo QT (iQT) 
10. Onda U (OU). 
 
 
 Fonte: anatomia-papel-e-caneta.com 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
 
 
1. Frequência cardíaca - Calculada pela divisão de 1500 pelo número de 
quadrados pequenos entre dois complexos QRS ou duas OP contíguas. A FC normal 
situa-se entre 60bpm e 100bpm. Bradicardia e taquicardia sinusal são consideradas 
quando a FC está menor que 60bpm (ou 50bpm segundo alguns autores) ou maior 
que 100bpm, respectivamente, podendo ser encontradas nos indivíduos com ou sem 
doença cardíaca subjacente (FELDMAN, GOLDWASSER, 2004). 
Bradicardia é observada com mais frequência em: hipertonia vagal, nos atletas 
bem condicionados, uso de medicações como betabloqueadores, antagonistas dos 
canais de cálcio, digital, morfina, no hipotireoidismo e uremia, na hiperpotassemia, na 
hipertensão endocraniana, na disfunção do nódulo sinusal (comum no idoso) e infarto 
do miocárdio. A taquicardia ocorre: após exercícios físicos, ansiedade, estados 
hipercinéticos, hipertireoidismo, uso de álcool, cafeína, nicotina, substâncias 
adrenérgicas, vasodilatadores, atropina, na insuficiência cardíaca e no infarto do 
miocárdio (FELDMAN, GOLDWASSER, 2004). 
Nota prática: Bradicardia com FC menor que 40bpm e taquicardia com FC 
maior que 160bpm, ao repouso, requerem uma análise mais precisa para identificar 
outras arritmias. Observação: as causas citadas das alterações no ECG, em todas as 
etapas, são as mais frequentes e não a sua totalidade (FELDMAN, GOLDWASSER, 
2004). 
2. Ritmo cardíaco - Avaliado pela medida dos intervalos entre os ciclos 
cardíacos, mais facilmente aferidos entre as espículas dos QRS - os intervalos R-R. 
O ritmo cardíaco é regular quando estes intervalos são iguais ou constantes e irregular 
quando os intervalos são diferentes ou inconstantes. Pequenas variações podem 
estar presentes normalmente. Nota prática: na arritmia sinusal estes intervalos são 
diferentes entre si, com diferenças superiores a 160ms entre o maior e o menor 
intervalo R-R. Na criança geralmente é fisiológica, estando relacionada ao ciclo 
respiratório (arritmia fásica), sendo que a FC aumenta na inspiração e diminui a 
expiração. No idoso, está mais relacionada à disfunção do nódulo sinusal (não-fásica) 
(FELDMAN, GOLDWASSER, 2004). 
 
 
 
38 
 
 
 
 
 
3. Onda P - A primeira onda do ECG normal. Deve-se identificar a onda P em 
todos os ciclos cardíacos, observando a sua morfologia: onda arredondada, simétrica, 
de pequena amplitude - menor que 2,5mm e duração menor que 110ms. O ritmo 
normal do coração - ritmo sinusal, se traduz pela presença da onda P positiva nas 
derivações D1, D2, aVF, V2 a V6 e negativa em aVR. A orientação vetorial (SâP) situa-
se entre 0º e +90º, próximo de +60º. Nota prática: observar a relação da OP com o 
QRS. Toda onda P deve estar seguida do QRS, relação atrioventricular 1:1. Ausência 
da onda P constitui arritmias, como exemplos, os bloqueios atrioventriculares (BAV) 
do 2º e 3º graus, flutter ou fibrilação atrial e ritmo juncional (FELDMAN, 
GOLDWASSER, 2004). 
 Onda P alargada, entalhada ou bimodal, pode prenunciar o aparecimento de 
fibrilação atrial. Onda P com medida entre 2,5mm e 3,0mm e duração entre 100ms e 
120ms deve ser analisada no contexto do quadro clínico, pois pode corresponder a 
um crescimento atrial. Onda P de amplitude aumentada maior que 3mm e apiculada, 
correlaciona-se com o crescimento do AD e, de duração aumentada maior que 120ms 
e com entalhes, com o crescimento do AE (FELDMAN, GOLDWASSER, 2004). 
4. Segmento PR - Segmento de linha que conecta a onda P ao QRS. Deve 
estar ao nível da linha de base do traçado. Nota prática: desnivelamento do sPR pode 
ser observado na pericardite aguda ou infarto atrial. Para o diagnóstico de crescimento 
do átrio esquerdo, pode-se também utilizar o índice de Macruz, que estabelece uma 
relação entre as durações da onda P e do sPR, sendo positivo quando o resultado for 
maior que 1,7 na derivação D2 (FELDMAN, GOLDWASSER, 2004). 
5. Intervalo PR - Intervalo de tempo medido entre o início da OP e o início do 
QRS. Varia de 120ms a 200ms, mantendo-se constante. Dentro deste limite o iPR 
será maior na bradicardia e menor na taquicardia. IPR maior que 210ms (e constante) 
caracteriza o BAV do 1º grau, e menor que 120ms a síndrome de pré-excitação 
ventricular. Com fins práticos, utiliza-se a seguinte tabela de valores máximos normais 
do iPR (FELDMAN, GOLDWASSER, 2004). 
 
 
 
39 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: olharfisio.com 
 
6. Complexo QRS - A segunda onda do ECG normal. Deve-se identificar o 
complexo QRS em todos os ciclos cardíacos, observando a sua morfologia: deflexão 
espiculada, estreita, com duração entre 60ms e 100ms e amplitude variada. 
Denomina-se onda Q a primeira deflexão negativa; onda R a primeira deflexão 
positiva; e onda S a deflexão negativa que segue a R; onda R’ a deflexão positiva que 
segue a S; e S’ a deflexão negativa que segue a R’. Nas derivações D1 até aVF, 
existem diferenças nas morfologias dos QRS entre os indivíduos em razão das 
rotações cardíacas. O padrão aproximado em V1/V2 é rS (r minúsculo/S maiúsculo), 
em V3/V4, RS (R maiúsculo/S maiúsculo) e em V5/V6, qRs (q minúsculo/R 
maiúsculo/s minúsculo). A orientação vetorial (SâQRS), isto é, o eixo elétrico situa-se 
entre 0º e +90º (FELDMAN,GOLDWASSER, 2004). 
Onda Q anormal ou patológica tem a duração aumentada maior que 30ms, e 
amplitude aumentada maior que 3mm ou 25% do tamanho do QRS, correlacionando-
se com área eletricamente inativa (necrose) ventricular; QRS largo tem a duração igual 
ou maior que 120ms; QRS de baixa voltagem tem a amplitude menor que 5mm nas 
derivações standards e menor que 8mm nas precordiais e pode ser observada em 
obesos, enfisema pulmonar, miocardite, mixedema e derrame pericárdico; alterações 
morfológicas dos QRS permitem identificar as hipertrofias ventriculares e os bloqueios 
 
40 
 
 
 
 
de ramos; QRS de amplitude aumentada pode corresponder ao crescimento (ou 
hipertrofia) do VE e entre os índices para este diagnóstico, o mais frequentemente 
utilizado é de Sokolow-Lyon, calculado pela soma, em milímetros, das maiores 
amplitudes da onda S de V1 ou V2 com a onda R de V5 ou V6, sendo positivo quando 
o resultado for igual ou maior a 35mm (FELDMAN, GOLDWASSER, 2004). 
Nota prática: especialmente em D3, onda Q profunda pode não ser necrose. 
Para esta diferenciação, repete-se o D3 em inspiração. Se a onda Q diminui ou 
desaparece, não é patológica, devendo-se à rotação cardíaca normal (FELDMAN, 
GOLDWASSER, 2004). 
7. Ponto J e segmento ST - Ponto J é o ponto de junção entre o final do QRS 
e o início do segmento ST e situa-se ao nível da linha de base. Segmento ST é o 
segmento de linha que une QRS à onda T e corresponde à fase inicial da 
repolarização ventricular. A sua morfologia não é em linha reta, mas algo curvo, 
côncavo para cima. Deve estar também ao nível da linha de base do traçado, linha 
isoelétrica. Pequenos desnivelamentos do ponto J e sST, de até 1mm nas derivações 
periféricas ou até 2mm nas precordiais, com sST côncavo para cima, podem ser 
observados em indivíduos sem cardiopatias, simpaticotônicos ou vagotônicos, 
sugerindo repolarização ventricular precoce (FELDMAN, GOLDWASSER, 2004). 
Nota prática: observar cuidadosamente os desnivelamentos do sST, maiores 
que o citado, sejam por supra desnivelamento com aspecto convexo para cima ou 
infra desnivelamento com aspecto côncavo para cima, pois sugerem lesão miocárdica 
(FELDMAN, GOLDWASSER, 2004). 
8. Onda T - A terceira onda do ECG normal. Corresponde à repolarização 
ventricular em sua quase totalidade. Onda algo arredondada e assimétrica, com a fase 
ascendente mais lenta e a descendente mais rápida. Amplitude variável, menor que o 
QRS. Polaridade positiva em D1-D2- aVF-V2 a V6 e negativa em aVR. A orientação 
vetorial (SâT) situa-se entre 0º e +90º, próximo de +45º. Mudanças em sua forma e 
polaridade podem ser observadas numa série de situações: na criança e no 
adolescente pode estar negativa de V1 a V4, denominada de onda T infantil ou juvenil; 
no adulto obeso ou brevilíneo ou na mulher ou na raça negra, pode estar negativa em 
 
41 
 
 
 
 
V1 e V2; no atleta pode estar negativa em várias derivações (FELDMAN, 
GOLDWASSER, 2004). 
 
 Fonte: ecg7cabecas.wordpress.com 
 
No tabagista, ou após a ingestão de álcool ou hiperventilação, a onda T pode 
se tornar aplanada, de pequena amplitude ou mesmo pouco negativa, configurando 
as alterações inespecíficas da repolarização ventricular. Nota prática: alteração 
primária da repolarização ventricular refere-se à onda T pontiaguda e simétrica, 
sugestiva de isquemia miocárdica. Onda T apiculada, de base estreita e ampla, 
ultrapassando quase sempre o tamanho do QRS (onda em tenda) sugere 
hiperpotassemia (FELDMAN, GOLDWASSER, 2004). 
9. Intervalo QT - Intervalo de tempo medido entre o início do QRS ao final da 
OT. Corresponde à sístole elétrica total ventricular. Intervalo QT varia inversamente 
em relação à frequência cardíaca, sendo menor na FC mais rápida e maior na FC 
mais lenta. IQTC é o corrigido à frequência cardíaca (Tabela 2). Em geral, os limites 
do iQTC são de 300ms a 440ms (FELDMAN, GOLDWASSER, 2004). 
Nota prática: IQTC prolongado pode ter origem congênita ou ser adquirido. Este 
último pode ser causado pelo uso de drogas antiarrítmicas, principalmente dos grupos 
I e III, efeitos pró arrítmicos destas drogas, pelos antidepressivos tricíclicos e por 
distúrbios eletrolíticos. IQTC prolongado é fator de risco para arritmias ventriculares. 
A digital encurta o IQTC (FELDMAN, GOLDWASSER, 2004). 
 
42 
 
 
 
 
10.Onda U - Ocasionalmente pode ser identificada a onda U, quarta onda do 
ECG, vindo logo após a onda T: onda arredondada, de curta duração, de pequena 
amplitude e de mesma polaridade da onda T precedente. Nota prática: Onda U de 
duração e amplitude aumentadas é observada na Hipopotassemia e negativa na 
isquemia miocárdica (FELDMAN, GOLDWASSER, 2004). 
 
 
 Fonte: medicina.ribeirao.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
 
 
7 CRITÉRIOS ELETROCARDIOGRÁFICOS PARA CARACTERIZAÇÃO DAS 
ARRITMIAS 
 
 Fonte: telemedicinamorsch.com.br 
 
As arritmias cardíacas são distúrbios ocasionados por alterações na formação 
e/ou condução do impulso elétrico através do tecido do miocárdio, podendo, assim, 
modificar a origem e/ou a difusão fisiológica do estimulo elétrico do coração, motivo 
pelo qual têm no eletrocardiograma o método de escolha para seu estudo e 
diagnóstico. As alterações na velocidade da propagação do estimulo elétrico, 
isoladamente, levando a bloqueios dos fascículos ou ramos, não são consideradas 
arritmias cardíacas (NICOLAU et al., 2003). 
Ritmo sinusal e arritmias cardíacas 
1. Ritmo sinusal (RS) - É o ritmo fisiológico do coração, que se origina no átrio 
direito alto, e, por isso, é visualizado no ECG de superfície pela presença de ondas P 
positivas nas derivações inferiores, com orientação vetorial média de 60 graus. Pode 
variar entre –30 e +90 graus, sendo monofásico em DII, com duração inferior a 110 
ms e amplitude máxima de 3 mm. Podem ocorrer modificações em sua morfologia em 
função da frequência cardíaca (NICOLAU et al., 2003). 
 
 
 
44 
 
 
 
 
2. Taquicardia sinusal (TS) - Esta situação é definida quando a FC for superior 
a 100 bpm (NICOLAU et al., 2003). 
3. Bradicardia sinusal (BS) - Trata-se de situação definida quando a 
frequência cardíaca for inferior a 50 bpm (NICOLAU et al., 2003). 
4. Arritmia sinusal (AS) - Em tal situação, geralmente fisiológica, existe uma 
variação na frequência do ritmo sinusal, que pode ser fásica (relacionada à respiração) 
e não fásica (sem relação com a respiração). Os tônus do sistema nervoso autônomo 
têm grande importância na gênese dessa arritmia. No idoso com coronariopatia, pode 
ser secundária à isquemia miocárdica (NICOLAU et al., 2003). 
5. Parada sinusal (PS) - Corresponde a uma pausa na atividade sinusal 
superior a 1,5 vezes o ciclo PP básico. Começa a ter importância clínica quando maior 
de 2,0 seg. (NICOLAU et al., 2003). 
6. Bloqueio sinoatrial do segundo grau tipo I (BSAI) - Nesta situação, o ciclo 
PP diminui progressivamente até ocorrer um bloqueio de saída e, com isso, ausência 
de inscrição eletrocardiográfica de onda P no traçado (NICOLAU et al., 2003). 
7. Bloqueio sinoatrial do segundo grau tipo II (BSAII) - Nesse caso, o ciclo 
PP é constante, ocorrendo um bloqueio de saída perissinusal e, com isso, ausência 
de inscrição de onda P e um ciclo PP com valores de cerca de duas vezes o ciclo PP 
básico prévio (NICOLAU et al., 2003). 
Outras arritmias de origem supraventricular 
São consideradas arritmias de origem supraventricular aquelas que se originam 
acima da junção entre o nó AV e o feixe de His, ou seja, átrio e nó AV. Será utilizada 
a identificação do local de origem sempre que possível. Quando isso não for possível, 
será empregada a denominação genérica de supraventricular (NICOLAU et al., 2003). 
8. Ritmo atrial ectópico (RAE) - Trata-se de ritmo de origem atrial em 
localização diversa da região anatômica do nó sinusal (NICOLAUet al., 2003). 
9. Batimento (s) de escape atrial (BEA) - Este batimento (s) de origem atrial, 
origina (m) -se em região diversa do nó sinusal como consequente (s) à inibição 
temporária do nó sinusal; sendo gerado (s) para suprimir a ausência da atividade 
sinusal (NICOLAU et al., 2003). 
 
45 
 
 
 
 
10. Extra-sístole atrial (EA) - Tal batimento ectópico de origem atrial, precoce, 
pode reciclar o ciclo PP basal. Usasse a sigla EEAA para o plural e ESV para a 
supraventricular (NICOLAU et al., 2003). 
11. Extra-sístole atrial não conduzida (EANC) – O batimento ectópico de 
origem atrial não consegue ser conduzido ao ventrículo, não gerando, com isso, 
complexo QRS no eletrocardiograma. A não condução pode ser consequência de 
precocidade acentuada e, dessa forma encontrar o sistema de condução 
intraventricular em período refratário, ou da presença de doença no sistema de 
condução His-Purkinje (NICOLAU et al., 2003). 
 
 
 Fonte: telemedicinamorsch.com.br 
 
12.Taquicardia atrial multifocal. - São consideradas duas formas: a) Ritmo 
atrial multifocal (RAM): o ritmo é originado em focos atriais múltiplos, com frequência 
cardíaca inferior a 100 bpm, visível eletro cardiograficamente pela presença de, pelo 
menos, 3 morfologias de ondas P. Os intervalos PP e PR, frequentemente, são 
variáveis, podendo ocorrer ondas P bloqueadas; b) Taquicardia atrial multifocal (TAM): 
apresenta as mesmas características do RAM, exceto que a frequência atrial é 
superior a 100bpm (NICOLAU et al., 2003). 
13. Taquicardia atrial focal sustentada (TAFS) - Apresenta ritmo atrial 
originado em região diversa do nó sinusal, com frequência superior a 100 bpm e 
 
46 
 
 
 
 
duração maior que 30 segs. É visível eletro cardiograficamente, pela presença de P 
de morfologia distinta da P sinusal (NICOLAU et al., 2003). 
14. Taquicardia atrial focal não sustentada (TAFNS) -Este ritmo atrial 
origina-se em região diversa do nó sinusal, com frequência superior a 100 bpm e 
duração menor que 30 segs. É visível, eletro cardiograficamente, pela presença de P 
de morfologia distinta da P sinusal (NICOLAU et al., 2003). 
15. Fibrilação atrial (FA) - Trata-se de ritmo secundário à ausência de 
atividade elétrica atrial organizada, visível eletro cardiograficamente por uma linha de 
base que pode se apresentar isoelétrica, com irregularidades finas, grosseiras ou por 
um misto dessas alterações. A atividade elétrica atrial desorganizada leva a 
frequências cardíacas irregulares e, com isso, a ciclos RR não constantes. A atividade 
elétrica atrial na fibrilação atrial é vista eletro cardiograficamente, através das ondas 
“F”, que possuem frequência entre 450 e 700 ciclos por minuto (NICOLAU et al., 2003). 
16. Flutter atrial comum - típico ou tipo I - (FluAC) - O ritmo secundário à 
atividade elétrica organizada forma um macro circuito reentrante, que se propaga ao 
longo das paredes do átrio direito. O circuito pode apresentar duas direções de 
ativação: a) sentido anti-horário: é a forma mais comum (90% casos), em que a frente 
de onda desce pela parede anterior e lateral e pela parede posterior e septal do AD, 
com frequência entre 240 e 340 bpm. O ECG apresenta um padrão característico de 
ondas “F”, com aspecto de dentes de serrote, negativas nas derivações inferiores e, 
geralmente, positivas em V1 (ocasionalmente, podendo ser bifásica ou negativa). 
Caracteristicamente, as ondas “F” nas derivações DI e aVL são de baixa voltagem 
(NICOLAU et al., 2003). 
A presença de resposta ventricular elevada (condução 1:1 ou 2:1) pode 
dificultar a visualização eletrocardiográfica das ondas “F”. Graus variados de bloqueio 
AV podem ocorrer no traçado, sendo que bloqueios superiores a 3:1 facilitam a 
visualização eletrocardiográfica das ondas “F”. b) sentido horário ou reverso: ocorre 
em 10% casos. A frente de ativação atrial se faz em sentido inverso ao do anterior. É 
também denominado flutter atrial típico, porque o circuito é o mesmo, muito embora o 
sentido seja reverso. O ECG apresenta ondas “F” alargadas e positivas nas 
derivações inferiores e negativa em V1 (sinal mais específico) (NICOLAU et al., 2003). 
 
47 
 
 
 
 
17. Flutter atrial incomum - atípico ou tipo II - (FluAI) - Esta forma apresenta 
o padrão característico ondulado do flutter, mas sem preencher os critérios 
diagnósticos da forma comum. O ritmo é, geralmente, instável, podendo reverter para 
a forma comum ou degenerar em fibrilação atrial. A frequência do flutter é maior, entre 
350 e 450 bpm. A manobra de massagem do seio carotídeo pode aumentar o grau de 
bloqueio e facilitar a visualização eletrocardiográfica das ondas “F” (NICOLAU et al., 
2003). 
 
 
 Fonte: telemedicinamorsch.com.br 
 
18. Ritmo juncional de escape (RJE). - Trata-se de ritmo de suplência 
originado na junção AV, com frequência inferior a 50 bpm (NICOLAU et al., 2003). 
19. Ritmo juncional ativo (RJA) - Este ritmo de suplência origina-se na junção 
AV, com frequência superior a 50 bpm (NICOLAU et al., 2003). 
20. Extra-sístole (s) juncional (is) (EJ) - Apresenta (m) -se como batimento 
(s) ectópico (s) originado (s) na junção AV, diferenciado (s) de batimentos de escape 
pela sua precocidade, pois não é ritmo de suplência. É visível eletro 
cardiograficamente pela ausência de atividade atrial pregressa e QRS de morfologia 
similar ao do ritmo basal com condução AV (NICOLAU et al., 2003). 
21. Ritmo juncional (RJ) - O ritmo de suplência ou de substituição origina-se 
na junção AV com QRS de mesma morfologia do ritmo basal com condução AV 
(NICOLAU et al., 2003). 
 
48 
 
 
 
 
22. Taquicardia por reentrada nodal típica (TRN) - Esta taquicardia é 
originada no nó sinusal, secundária à reentrada nodal, com circuito utilizando a via 
rápida no sentido ascendente e a via lenta no sentido descendente. Se o QRS basal 
for normal, durante a taquicardia, poderemos notar ondas “s” em parede inferior e “r” 
primo em V1, que refletem a ativação atrial no sentido nó AV/nó sinusal. Essa ativação 
retrógrada atrial deve ocorrer em até 100 ms após o início do QRS, muitas vezes 
dentro do QRS e, dessa forma, não visualizada no ECG (NICOLAU et al., 2003). 
23. Taquicardia por reentrada nodal atípica (TRNA) - O local de origem e o 
circuito são similares à TRN típica, mas o sentido de ativação é inverso, motivo pelo 
qual a ativação atrial retrógrada se faz temporalmente mais tarde, sendo visualizada 
após 100 ms (NICOLAU et al., 2003). 
24. Taquicardia por reentrada atrioventricular ortodrômica (TRAVO) - Esta 
taquicardia por reentrada utiliza o sistema de condução no sentido anterógrado e a 
via acessória no sentido retrógrado, com isso, o QRS da taquicardia é igual ao do 
ECG basal do paciente. Poderemos ter uma morfologia diversa da onda P retrógrada 
na dependência da localização da via acessória (NICOLAU et al., 2003). 
25. Taquicardia por reentrada atrioventricular antidrômica (TRAVA) - A 
taquicardia por reentrada utiliza a via acessória no sentido anterógrado e o sistema 
de condução no sentido retrógrado, com isso, o QRS é aberrante e diverso do ECG 
basal do paciente. O diagnóstico diferencial deve ser feito com taquicardia ventricular. 
A visualização da despolarização atrial retrógrada 1:1 é importante para o diagnóstico 
de via acessória, e a dissociação AV, para o de taquicardia ventricular (NICOLAU et 
al., 2003). 
26. Taquicardia bidirecional (TB) - Trata-se de taquicardia de origem 
supraventricular que, ao conduzir-se para o ventrículo, apresenta um sistema de 
condução com o ramo direito bloqueado constantemente e as divisões anterior e 
posterior do ramo esquerdo com bloqueios alternantes, batimento a batimento. Eletro 
cardiograficamente, um batimento com QRS positivo e outro com QRS negativo se 
alternam sucessivamente, dando o aspecto bidirecional. Esta arritmia se relaciona a 
quadros de intoxicaçãodigitálica e também pode ter uma origem exclusiva ventricular 
(NICOLAU et al., 2003). 
 
49 
 
 
 
 
7.1 Arritmias ventriculares 
 
 Fonte: ventrix.com.br 
 
27. Parassístole ventricular (PV) - Corresponde a batimento originado no 
ventrículo em foco que compete com o ritmo fisiológico do coração (marcapasso 
paralelo que possui bloqueio de entrada e de saída), sendo visível eletro 
cardiograficamente por apresentar frequência própria, batimentos de fusão e períodos 
de acoplamento variáveis (NICOLAU et al., 2003). 
28. Ritmo idioventricular de escape (RIV) - Este ritmo originado no ventrículo 
(QRS alargado) tem FC inferior a 40 bpm., ocorrendo em substituição a ritmos 
anatomicamente mais altos que foram inibidos temporariamente (NICOLAU et al., 
2003). 
29. Batimento (s) de escape ventricular (es) (BEV) – O (s) batimento (s) de 
origem ventricular (es), tardio (s) por ser (em) de suplência, surge (m) em 
consequência da inibição temporária de ritmos anatomicamente mais altos (NICOLAU 
et al., 2003). 
30. Ritmo idioventricular acelerado (RIVA) – Este ritmo origina-se no 
ventrículo (QRS alargado), tendo FC superior a 40 bpm, em consequência de 
automatismo aumentado. Compete com o ritmo basal do coração, não é ritmo de 
suplência, é autolimitado e costuma estar relacionado à isquemia miocárdica 
(NICOLAU et al., 2003). 
 
50 
 
 
 
 
31. Extra-sístole ventricular (EV) - Apresenta-se como batimento originado 
no ventrículo, precocemente, com pausa pós-extra-sistólica, quando recicla o intervalo 
RR. Caso não ocorra modificação no intervalo RR, é chamada de extra-sístole 
interpolada. Se possuidora da mesma forma eletrocardiográfica, deve ser denominada 
de monomórfica e, se tiver formas diversas, de polimórfica. De acordo com sua 
frequência, pode ser classificada em isolada, pareada, em salva, bigeminada, 
trigeminada, quadrigeminada, etc. Deve ser abreviada com a sigla EV e, no plural, 
EEVV (NICOLAU et al., 2003). 
32. Batimento (s) de fusão (BF) – Corresponde (m) a batimento (s) originado 
(s) no ventrículo, tardio, que se funde (m) com o batimento do ritmo fisiológico do 
coração. Eletro cardiograficamente, possui (em) onda P, seguida de QRS alargado, 
que é a soma elétrica do batimento supraventricular com a extra-sístole ventricular 
(NICOLAU et al., 2003). 
33. Captura de batimento (s) supraventricular (es) durante ritmo 
ventricular. - Trata-se de batimento (s) originado (s) no átrio que consegue (m) 
ultrapassar bloqueio de condução (anatômico ou funcional) existente na junção AV e 
despolarizar o ventrículo (NICOLAU et al., 2003). 
34. Taquicardia ventricular sustentada monomórfica (TVSM) - O ritmo 
ventricular tem morfologia uniforme, frequência superior a 100 bpm e duração maior 
de 30s (NICOLAU et al., 2003). 
35. Taquicardia ventricular sustentada polimórfica (TVSP) - Mostra ritmo 
ventricular com QRS de morfologia variável, frequência superior a 100 bpm e duração 
superior a 30s (NICOLAU et al., 2003). 
36. Taquicardia ventricular não sustentada (TVNS) - Apresenta ritmo 
ventricular repetitivo, com 3 ou mais batimentos consecutivos, autolimitado, com 
duração inferior a 30s e FC superior a 100 bpm (NICOLAU et al., 2003). 
37. Taquicardia ventricular tipo tosardes de pointes (TdP) - Trata-se de 
taquicardia com QRS largo, polimórfica, autolimitada, com QRS “girando” em torno da 
linha de base. Geralmente, é precedida por ciclos: longo-curto (extra-sístole -
batimento sinusal- extra-sístole) e QT longo, que pode ser congênito ou secundário a 
fármacos (NICOLAU et al., 2003). 
 
51 
 
 
 
 
38. Fibrilação ventricular (FV) - Eletro cardiograficamente, caracteriza-se por 
ondas bizarras, caóticas, de amplitude e frequência variáveis. Este ritmo pode ser 
precedido de taquicardia ventricular ou tosardes de pointes, que degeneraram em 
fibrilação ventricular. Clinicamente, corresponde à parada cardiorrespiratória 
(NICOLAU et al., 2003). 
7.2 Critérios Eletrocardiográficos para a Caracterização de Isquemia, Lesão e 
Área Eletricamente Inativa 
 
 Fonte: medium.com 
 
1. Isquemia subepicárdica - Alterações (primárias) da repolarização 
ventricular sugestivas de isquemia subepicárdica (onda T negativa, pontiaguda e 
simétrica) na área (localizada pela correlação com as derivações correspondentes aos 
eletrodos que exploram a isquemia, subdividida em parede anterior, inferior e dorsal): 
a) Anterior: a1) ânteroseptal (V1, V2, V3, V4); a2) anterolateral (V4, V5, V6, D1 e aVL); 
a3) lateral alta (D1 e aVL); a4) anterior extensa (V1 a V6 e em D1 e aVL); b) Inferior: 
(D2, D3 e aVF); c) Dorsal: (V7 e V8 com imagem recíproca em V1, V2 e V3) (NICOLAU 
et al., 2003). 
Diagnóstico diferencial - Alterações secundárias da repolarização ventricular 
em SVE ou bloqueios de ramos (aspecto assimétrico da onda T). Onda T cerebral 
(acompanhada de brade arritmias e/ou BAV) (NICOLAU et al., 2003). 
 
52 
 
 
 
 
2. Isquemia subendocárdica - Alterações (primárias) da repolarização 
ventricular sugestivas de isquemia subendocárdica (onda T positiva, pontiaguda e 
simétrica), na área ântero-septal (V1, V2, V3 eV4) ou anterolateral (V4, V5, V6, D1 e 
aVL) ou em outras regiões anteriormente citadas (NICOLAU et al., 2003). 
1. Lesão subepicárdica - Alterações (supra desnivelamento do ponto J e do 
segmento ST, com convexidade superior deste segmento nas derivações que 
exploram a lesão) sugestivas de lesão subepicárdica, na área ântero-septal (V1, V2, 
V3 e V4) ou anterolateral (V4, V5, V6, D1 e aVL) ou em outras regiões anteriormente 
citadas (NICOLAU et al., 2003). 
2. Lesão subendocárdica - Alterações (infra desnivelamento do ponto J e do 
segmento ST, com concavidade superior deste segmento nas derivações que 
exploram a lesão) sugestivas de lesão subendocárdica, na área ânteroseptal (V1, V2, 
V3 e V4) ou anterolateral (V4, V5, V6, D1 e aVL) ou em outras regiões anteriormente 
citadas (NICOLAU et al., 2003). 
7.3 Infarto do miocárdio 
 
 Fonte: telemedicinamorsch.com.br 
 
 
 
 
 
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1. Infarto agudo do miocárdio - Alterações eletrocardiográficas (presença de 
importante supra desnivelamento do ponto J e do segmento ST, com convexidade 
superior, nas derivações que exploram a área do infarto) sugestivas de infarto agudo 
do miocárdio, na área ântero-septal (V1, V2, V3 e V4) ou anterolateral (V4, V5, V6, D1 
e aVL) ou em outras regiões anteriormente citadas. 
Obs.: É preferível usar a terminologia eletrocardiográfica “lesão subepicárdica na 
área...” a “infarto agudo do miocárdio na área...” (NICOLAU et al., 2003). 
Diagnóstico diferencial do infarto do miocárdio 
Síndrome da repolarização precoce - supra desnivelamento do segmento ST, 
a partir do início da fase descendente da onda R, com concavidade superior, 
preferencialmente nas derivações precordiais, acompanhadas de bradicardia sinusal. 
Pericardite: supra desnivelamento do segmento ST, que se inicia na porção 
média da fase descendente da onda R (e ausência da onda Q). E. Infartos de 
localização especial (NICOLAU et al., 2003). 
1. Infarto do miocárdio de ventrículo direito - Supra desnivelamento do 
segmento ST em derivações precordiais direitas (V1, V3R, V4R, V5R e V6R), 
particularmente com elevação do segmento ST superior a 1mm em V4R. Geralmente, 
este infarto associa-se ao infarto da parede inferior do ventrículo esquerdo (NICOLAU 
et al., 2003). 
2. Infarto atrial - Presença de arritmias atriais e desnivelamentos superiores 
do intervalo PR. Alteração do intervalo englobado pela onda P e pela repolarização 
atrial (segmento Pta), especialmente elevação do segmento Pta maior que 0,5mm nas 
derivações V3 a V6 (com depressão recíproca em V1 e V2) ou em D1 (com depressão 
recíproca em D2 e D3) (NICOLAU et al., 2003). 
 
 
 
 
 
 
 
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8 REFERÊNCIAS 
BARRETT, K.E.

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