Buscar

TCC_Corrigido completo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS – UNIMONTES
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DE SAÚDE - CCBS
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO – DEFD
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
MEMÓRIAS E EXPERIÊNCIAS DE FORMAÇÃO NA LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
HIGO VINÍCIUS BARBOSA DA SILVA
MONTES CLAROS-MG
2017
HIGO VINÍCIUS BARBOSA DA SILVA
MEMÓRIAS E EXPERIÊNCIAS DE FORMAÇÃO NA LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Monografia apresentada ao curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Estadual de Montes Claros como requisito parcial à obtenção do título de Licenciado em Educação Física.
Orientador: Prof. Dr. Carlos Rogério Ladislau
MONTES CLAROS-MG
2017
FOLHA DE APROVAÇÃO
Este exemplar corresponde à redação final da monografia de conclusão de curso intitulada “Memórias e experiências de formação na licenciatura em Educação Física” para obtenção do título de Graduado em Educação Física- Licenciatura do acadêmico Higo Vinícius Barbosa da Silva. Defendida em ____ de Setembro de 2017e aprovada pelos professores componentes da banca examinadora:
_________________________________________________
Prof. Dr. Carlos Rogério Ladislau
(Orientador)
__________________________________________________
Prof. Dr. Georgino Jorge Souza Neto
(Avaliador)
__________________________________________________
Prof. Jiulliano Carlos Lopes Mendes
 (Avaliador)
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, que sempre foram meus alicerces nessa caminhada, na qual me ensinaram a ser forte nos momentos de turbulência e a superar os obstáculos da vida.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pois através da fé tenho nele novos caminhos foram formados para alcançar meus objetivos.
Ao ilustríssimo professor Jiulliano, que foi minha referência em toda trajetória no curso, se tornou uma amigo particular, parceiro de todas as horas e como também me trouxe muitos ensinamentos para a vida e para o âmbito profissional. Ao professor Carlos Júnior, que sempre me apoiou e elevou minha moral enquanto atleta e acadêmico e sempre valorizou meu trabalho como estagiário no âmbito escolar.
Ao ilustre professor Dr. Gino, que me fez ver a Educação Física com outros olhares, mostrando a arte do que é ser professor e como fazer as reflexões acerca da profissão, muito obrigado.
Ao meu digníssimo orientador professor Dr. Carlos Rogério Ladislau, que se não fosse pela sua humildade em compartilhar seus conhecimentos, calma e atenção, esse trabalho não seria construído. Só tenho a agradecer pelo carinho recebido, meu ilustre, pois não há adjetivos que possam qualificar o ser que és, você é simplesmente inefável. Fica aqui meu muito obrigado.
Aos meus pais, Eunice e Walmir, que sabiam do enfrentamento que iria ter ao longo dos anos de formação, mas sempre me mostraram que o caminho para o sucesso seria assim com esforço e muita luta e que o conhecimento é algo que ninguém pode tomar de você. Obrigado por sempre me manter sustentado diante de tantos problemas que passamos juntos. Amo muito vocês.
A toda minha família, tios, tias, primos e irmãos( Hudson e Hiury) que sempre na ausência do suporte dos meus pais souberam de alguma forma me ajudar. Ao meu primo Roberto e minha Tia Wone, que me acolheram dois anos em suas residência, e que sempre foram receptivos e nunca me desampararam. Vocês moram em meu coração e sou grato eternamente por isso.
A professora supervisora do Pibid Oficinas do jogo, Rogéria, que colaborou grandemente em minha formação profissional. Muito obrigado.
Aos parceiros de resenhas e grupos de estudos, Paulo, Carla, Jefferson, Renato, PH Félix, João Antônio, Davidson, Vinícius e Moizés. Amigos que levarei por toda minha vida, obrigado.
A toda delegação da “Família Ordinária”, em que pude fazer vários amigos e saber o verdadeiro significado do esporte. A todos vocês, meu muito obrigado!
EPÍGRAFE
 (
v
)“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua produção ou a sua construção. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.”
Paulo Freire
RESUMO
	
A formação de professores enfrenta um significativo desprestígio por parte das instituições de ensino e também pela sociedade, o que pode ser constatado na baixa qualidade dos processos formativos, no sucateamento das estruturas disponíveis, nas questões salariais etc. Em seu retrospecto histórico recente, a qualificação e a capacitação dos profissionais da área escolar sofrem com lacunas em sua formação profissional. Entretanto, há também pontos positivos a serem destacados no processo. Diante desse panorama, o presente estudo objetiva identificar e analisar, a partir do relato dos acadêmicos, os fatores influenciadores na formação profissional dos futuros professores, enfocando assim as disciplinas que representam os “picos” e os “vales’ presentes em toda essa trajetória, ou seja, os destaques positivos e os destaques negativos presentes no processo de formação. Objetiva, ainda, apreender como os professores formadores responsáveis por tais disciplinas interpretam a sua atuação nesse processo, analisando balizadores da atuação docente tais como a infraestrutura disponível, o planejamento didático, a prática pedagógica, a relação professor-aluno e o suporte fornecido pelas instâncias de gestão pedagógica e administrativa da instituição. O estudo foi desenvolvido como uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa de corte transversal, e a coleta de dados se deu em três diferentes fases: aplicação de questionário aos acadêmicos do 8º período do curso para identificação das disciplinas de maior destaque positivo e negativo ao longo do processo de formação; análise dos aspectos balizadores a partir das memórias de formação do pesquisador; e aplicação de entrevista aos professores formadores responsáveis pelas disciplinas indicadas na primeira etapa. O universo desta pesquisa foi composto por acadêmicos do 8º período e professores do curso de Educação Física Licenciatura de uma universidade pública do norte de Minas Gerais. A análise dos resultados revela uma dinâmica complexa na constituição das experiências de formação dos licenciandos, marcada por graves carências estruturais e uma autonomia majorada por parte do professor, que administra o processo de formação sem diretrizes didático-pedagógicas claras e sem monitoramento efetivo por parte da gestão pedagógica e administrativa. Revela também que, em casos específicos, a gestão administrativa do curso foi responsável pela ocorrência de experiências negativas de formação ao inviabilizar o cumprimento efetivo da carga horária prevista no projeto político-pedagógico do curso. Por fim, o conjunto dos dados produzidos neste estudo revela o protagonismo decisivo dos docentes formadores na construção dos “picos” e dos “vales” durante o processo de formação dos futuros professores.
ABSTRACT
	
Teacher training faces significant discredit on the part of educational institutions and also by society, which can be seen in the poor quality of the training processes, in the scrapping of available structures, in salary issues, etc. In their recent historical review, the qualification and qualification of school professionals suffer from gaps in their professional training. However, there are also good points to highlight in the process. Given this panorama, the present study aims to identify and analyze, from the report of the academics, the factors influencing the professional formation of future teachers, focusing on the disciplines that represent the "peaks" and the "valleys" present throughout this trajectory, that is, the positive highlights and the negative highlights present in the training process. It also aims to learn how the teacher trainers responsible for these disciplines interpret their work in this process, analyzing teachers of the teaching activity such as available infrastructure, didactic planning, pedagogical practice, teacher-student relationship and the support provided by the instances pedagogical andadministrative management of the institution. The study was developed as a descriptive research with a qualitative cross-sectional approach, and the data collection took place in three different phases: questionnaire application to the students of the 8th period of the course to identify the most positive and negative subjects throughout the course training process; analysis of the beacon aspects from the researcher's training memories; and application of interview to the teacher trainers responsible for the disciplines indicated in the first stage. The universe of this research was composed by 8th period academics and professors of Physical Education Degree course of a public university in the north of Minas Gerais. The analysis of the results reveals a complex dynamic in the constitution of the experiences of the graduates, marked by serious structural deficiencies and an increased autonomy on the part of the teacher, who manages the formation process without clear didactic-pedagogical guidelines and without effective monitoring by the pedagogical and administrative management. It also reveals that, in specific cases, the administrative management of the course was responsible for the occurrence of negative training experiences, making it impossible to effectively fulfill the workload forecast in the course's political-pedagogical project. Finally, the set of data produced in this study reveals the decisive role of teacher educators in the construction of "spikes" and "valleys" during the training of future teachers.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................	10
1.1 A licenciatura e Formação de Professores...........................................	11
1.2 Formação atual em Educação Física – Licenciatura............................	12
2 JUSTIFICATIVA ............................................................................	15
3 OBJETIVOS ......................................................................................	15
3.1 Objetivo Geral.....................................................................................	15
3.2 Objetivo Específico.............................................................................	15
4 METODOLOGIA .........................................................................	16
5 APRESENTAÇÃO DOS DADOS....................................................	17
5.1 Primeira fase: Respostas das questionários...........................................	17
5.2 Segunda fase: Análise dos tópicos balizadores.....................................	18
5.3 Terceira fase: Respostas das entrevistas com os professores..................23
5.3.1 Entrevista com o professor da disciplina “Fisiologia Humana”..........23
5.3.2 Entrevista com o professor da disciplina “Cinesiologia”.....................25
5.3.3 Entrevista com o professor da disciplina “Metodologia da Pesquisa 
Científica......................................................................................................28
5.4 Entrevista com o professor da disciplina “Basquete”.............................31
6 DISCUSSÃO .....................................................................................	32
6.1 Infra- estrutura .......................................................................................33
6.2 Planejamento de Ensino .........................................................................35
6.3 Prática Pedagógica .................................................................................38
6.4 Relação professor-aluno..........................................................................40
6.5 Gestão Pedagógica e Administrativa .....................................................41
7 CONCLUSÃO......................................................................................43	
 REFERÊNCIAS...................................................................................	45
 APÊNDICE A ..................................................................................... 47
 ROTEIRO DE ENTREVISTA...........................................................50
 ANEXOS B...........................................................................................	51
 ANEXO C ............................................................................................54
1 INTRODUÇÃO 
O cenário da formação de professores em nosso país tem sido predominantemente baseado no conhecimento do objeto da aprendizagem,ou seja, no conhecimento que o próprio indivíduo tem acerca do conteúdo a partir da prática. Parece haver certa negligência no uso de teorias fundantes para a compreensão das práticas de ensino-aprendizagemque justificam o papel social do professor e, portanto, da sua formação. Ainda na década de 1990, Fenstermacher sistematizou a crítica dessa situação propondo a metodologia PCK’s (“PedagogicalContentKnowledge”) que objetiva fazer uma reflexão sobre aa construção do conhecimento do professor a respeito dos conteúdos e práticas de ensino a serem futuramente aplicados.FENSTERMACHER (1994).
Essa proposta remete à discussão de um caminho para aprimorar a formação do professor de maneira integral, propondo três parâmetros que devem balizar o processo para enriquecimento da prática pedagógica por meio da reflexão sistemática e da investigação. São eles o conhecimento da matéria, o conhecimento pedagógico e o conhecimento do contexto. Esses parâmetros podem ser abordados de forma integrativa, que parte do pressuposto de que a formulação do conhecimento e aplicação do mesmo deve ocorrer a partir da junção desses aspectos. Portanto, a materialização da proposta se daria pela “mistura” desses elementos de ensino, o que, segundo o autor, é de fácil realização em um processo simples. Há, ainda, uma forma de aplicação transformativa, que coloca como foco principal o conhecimento pedagógico do conteúdo. Essa alternativa mostra ter mais potência para a aplicação; entretanto também se mostra mais complexa para a compreensão de quem ensina e de quem é ensinado. Sua perspectiva de ensino se sustenta na mesma estrutura da forma integrativa; no entanto,sua abordagem diferente faz com que o aprendizado seja feito com ideias separadas, e que a construção do conhecimento tenha como produto final algo diferente do que foi ensinado.
As reflexões de Fenstermacher a partir do esquema dos PCKs coloca no horizonte a necessidade de sistematizações que permitam organizar e compreender todo o processo de formação de professores: os conhecimentos das estratégias que vão fazer com que o professor possa adaptar a forma de aplicação da aprendizagem; os conhecimentos curriculares do conteúdo, por meio do qual o professor vai saber organizar as diversas matérias existente da área de conhecimento; e os conhecimentos acerca dos alunos, que vão possibilitar ao professor analisar o que aqueles sabem em relação à disciplina, podendo assim antecipar algumas conteúdos, estratégias e tarefas de aprendizagem .
De um modo geral, cabe às instituições de ensino se flexibilizarem em seu processo de formação, mostrando que paralelo ao conhecimento específico que será adquirido na formação e para além das orientações metodológicas para a aplicação do mesmo, deve-se construir um conhecimento investigativo, de pesquisa, para que assim o acadêmico resultante desse processo obtenha uma formação que lhe assegure ser bem sucedido nas intervenções educativas futuras.
1.1 A licenciatura e a formação de professores 
	A formação de professores enfrenta um significativo desprestígio por parte das instituições de ensino e também pela sociedade, o que pode ser constatado na baixa qualidade dos processos formativos, no sucateamento das estruturas disponíveis, nas questões salariais etc. Em seu retrospecto histórico, a qualificação e capacitação desses profissionais da educação sofreram com lacunas dando espaço para ideias equivocadas e críticas como as realizadas na décadade 1970, na qual sociólogos diziam que ser professor era um dom e que, portanto, intervenção do professor não deveria sequer ser cobrada. Esse pensamento pode ter ranços históricos mais profundos, relacionados ao fato de que o ofício de professor surge atrelado à figura das serviçais que tomavam conta de crianças e tinham, entre suas atribuições, o papel de levá-las para escola e ensiná-las nas tarefas diárias escolares.
	 Apesar do grande valor social que os profissionais da educação têm na sociedade, existem fatores que tem ocasionado a desvalorização dos professores, dentre os quais podemos apontar a baixa origem social; o grande número desse coletivo de trabalhadores, que dificulta o aumento salarial; a feminização docente, já que as mulheres são um grupo socialmente discriminado; a baixa qualificação acadêmica, o que confere uma prática de baixo destaque; o status dos alunos, cujos extremos sociais, quer seja para cima ou para baixo, sempre alimenta tensões; e a relação não voluntária com os alunos, posto que, aos olhos dos educandos, a educação é um direito convertido em atividade compulsória.
	Tecnicamente, há também questões delicadas a serem enfrentadas no próprio processo de formação, como por exemplo quando se abordam as disciplinas que envolvem formação didática e pedagógica do futuro profissional da educação. Nesse sentido, o professor não deve ser encarado apenas como “transmissor” de conhecimentos, que deve dominar técnicas adequadas para “passar” para os alunos as informações que ele aprendeu sobre o seu conteúdo de ensino. Ao que parece, as instituições de ensino superior que oferecem cursos de licenciatura tem se preocupado principalmente com a formação instrumental do futuro professor, priorizando o fornecimento de conhecimento técnico específico para o acadêmico, sem promover a apropriação crítica de informações, sem fomentar a busca pelas explicações necessárias para a compreensão da própria prática e sem desenvolver a capacidade de construção do próprio conhecimento. 
Associando essas questões, parece mais simples compreender por que os cursos de licenciatura estão cada vez mais saindo do cenário de cursos concorridos nos processos seletivos de acesso às universidades. Como consequência desse processo, é notório que a busca pela licenciatura tem ficado restrita, cada vez mais,a indivíduos que vieram de contextos instrucionais empobrecidos, portanto uma bagagem cultural defasada, com lacunas em sua formação básica escolar, o que repercute de forma contundente no rendimento que conseguem ter no ensino superior. 
1.2 Formação atual em Educação física - Licenciatura
O cenário atual da formação em Educação Física enfrenta, seja pelo viés da licenciatura ou do bacharelado, os desafios impostos pelas necessidades sociais de uma nova concepção de qualificação profissional. Entretanto, como dito anteriormente, nossa realidade mostra que as licenciaturas perderam espaço para outras carreiras em vestibulares tradicionais em nosso país. Segundo estudos feitos por Gilson Cruz Silva, e divulgados em seu artigo “A juventude rumo à docência: considerações acerca da formação profissional em educação física”, há grande insatisfação dos jovens emrelação às suas perspectivas profissionais, sobretudo no que se refere à desvalorização financeira do magistério. Como consequência, eles passam a buscar cursos para os quais as projeções do mercado de trabalho são mais positivas quanto à remuneração. 
A licenciatura corresponde ao modelo de habilitação em nível superior que visa à formação de professores para atuar na educação básica. Desde 2002, por força de resoluções específicas do Conselho Nacional de Educação, essa modalidade de curso ganhou identidade própria, exclusiva, fato que impediu uma prática comum até então que era a formação conjunta para licenciatura e bacharelado, denominada “dupla habilitação”. 
Especificamente, com as novas resoluções CNE/CP nº1/2002, 2/2002, 2/2004, 1/2005 CNE/CS nº7/2004 e 4/2009,que definem uma nova proposta de ensino superior para a formação de professores para a educação básica, ocorreu a dissociação definitiva entre o bacharelado e a licenciatura, fazendo com que essa última se tornasse autônoma e criasse uma identidade própria. Essa determinação legal derrubou os modelos de formação superior em Educação Física até então vigentes e instituíram novas diretrizes que fragmentaram a profissão nesses dois campos de atuação. De acordo com o item 16 da nota técnica nº003/2010 do SESu/MEC, fica definido que “Com essa nova regulamentação o Licenciado em Educação Física está habilitado a atuar na docência em nível de Educação Básica e o Bacharel a atuar no ambiente não escolar”. 
O cotidiano das instituições de ensino, entretanto, tem revelado que essa separação radical é muito frágil na prática, pois embora as habilitações de licenciatura e bacharelado sejam oferecidas separadamente e tenham propostas curriculares distintas, os conteúdos das disciplinas que constam dos dois cursos são, em geral, os mesmos, agregando informações e metodologias semelhantes. Isso enfraquece o conceito da especificidade do curso, posto que na materialidade da sala de aula, muitos conteúdos são aplicados como se esses dois cursos fossem um só. 
Em muitas áreas do conhecimento, a licenciatura e o bacharelado têm prerrogativas bastante diferentes, construindo competências bem próprias em cada caso. No campo específico da Educação Física, entretanto, quer seja bacharel ou licenciado, o egresso sempre será professor e, portanto, responsável pelo ofício de ensinar. Contudo, as finalidades desse ensino mudam bastante de acordo com o contexto, pois enquanto ações dos bacharéis têm características mais instrumentais, as ações dos licenciados – levadas a cabo na escola – têm por objetivo promover o desenvolvimento educacional do aluno, ultrapassando os objetivos instrumentais da mera instrução corporal.Nesse sentido, existe nos cursos de Educação Física atualmente, um conjunto de conhecimentos e habilidades organizadas que obedecem a regulamentações formais para tentar definir o perfil do egresso, quer seja profissional de educação física (bacharel), quer seja professor da educação básica (licenciado).
O profissional egresso do curso de licenciatura desenvolve competências para serem aplicadas na sua prática pedagógica futura, repassando seus conhecimentos por meio de métodos adequados para que os alunos possam desenvolver sua aprendizagem. Nesse sentido, cabe ao docente ultrapassar os conhecimentos que integram as disciplinas específicas e atingir a formação mais ampla do educando, tomando por base o processo de investigação da realidade para obter novos saberes.
Fazendo uma análise a essa “sensibilidade” em termos de atuação da Educação Física, Bendrath (2013, p.) afirma que:
...pensar a formação do profissional de Educação Física licenciado, é abrir os horizontes para um modelo mais amplo com enfoque na formação social e diversidade cultural, e garantir ao mesmo tempo ao bacharel, o acesso básico a itens sócio-culturais em sua formação que lhe permita saber atuar dentro de contextos populacionais não convencionais e complexos.
No tocante às motivações que levam o jovem a optar pelo curso de Educação Física, isso se dá pelo fato de muitos terem uma relação particular com esse campo, ou seja,há influência dos valores e das experiências sociocorporais que antecedem a inserção do indivíduo no curso de formação, no processo de escolha da profissão. Dessa forma, na Educação Física, a identificação do sujeito com os conteúdos existentes na área (a dança, o esporte, as lutas e etc.) pode ser assinalado como elemento decisivo na predileção dos jovens por este curso (Figueiredo, 2001).
Assim, as instituições de ensino abarcadoras desses indivíduos na busca do conhecimento tentam mostrar os caminhos existentes para a prática docente futura. Desempenham o papel de lançar os conhecimentos da área para os acadêmicos, futuros professores, já colocando os mesmos para fazer as devidas reflexões em relação asáreas de atuação, seus principais objetivos e a relevância do seu papel social.
2 JUSTIFICATIVA
O relato informal dos acadêmicos do curso de Educação Física Licenciatura sobre as suas trajetórias de formação revela a existência de experiências que se destacam, algumas por ser bem sucedidas e outras por ser mal sucedidas. A compreensão minuciosa desse processo pode ser processada, entre outras formas, por meio da construção de um memorial analítico que permita interpretar cada uma dessas experiências, buscando compreender as razões para que o desenvolvimento de uma disciplina possa ser apontado, pelos alunos, como uma contribuição significativa para a sua formação ou como um prejuízo. Essa pesquisa se justifica pela necessidade de responder aos questionamentos e reflexões feitas pelo corpo discente do curso, na tentativa de elucidar quais os principais motivos e fatores influenciadores dessa situação.
3 OBJETIVO 
3.1 Objetivogeral
Analisar, por meio da construção de um memorial analítico, as experiências de formação mais significativas – positiva e negativamente – vivenciadas nas disciplinas do curso de licenciatura em Educação Física a partir da perspectiva dos acadêmicos.
3.2 Objetivos Específicos
Identificar, a partir da indicação dos acadêmicos, as experiências de formação mais bem sucedidas e mais mal sucedidas do curso de licenciatura em Educação Física;
Interpretar, por meio da análise de balizadores específicos, as razões da indicação de determinadas disciplinas como sendo uma experiência de sucesso ou de fracasso no processo de formação inicial;
Verificar, com base no relato dos professores das disciplinas citadas, a visão que eles têm acerca das suas ações de ensino e dos aspectos contextuais que as cercam;
	
4 METODOLOGIA
	O presente estudo se caracteriza como uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa dos dados. O universo foi composto por acadêmicos do 8º período e professores do curso de Educação Física Licenciatura de uma universidade pública do norte de Minas Gerais. A coleta de dados aconteceu em três etapas. Na primeira, foi aplicado um questionário contendo questões específicas para os acadêmicos acerca de quais disciplinas eles indicariam como sendo as experiências mais significativas (positiva e negativamente) dentre todas que tiveram ao longo do curso. Na segunda, para cada uma das seis disciplinas indicadas na primeira fase (três positivamente e três negativamente), foi feita a análise de balizadores específicos buscando compreender a dinâmica do seu desenvolvimento: infraestrutura disponível para a disciplina; planejamento didático; prática pedagógica do professor; relação professor-aluno; assistência da gestão didática do curso; e assistência da gestão administrativa. Na terceira fase, os professores das disciplinas indicadas foram entrevistados com base nos mesmos balizadores utilizados na segunda fase, tendo em vista o objetivo de compreender a visão que eles tinham acerca das suas próprias ações. A análise dos dados, de natureza qualitativa, foi feita a partir do cruzamento das informações obtidas nas três fases, de modo a construir uma análise conjunta pautada nos apontamentos dos acadêmicos, na análise dos balizadores e na fala dos professores responsáveis pelas disciplinas em questão. A pesquisa seguiu as diretrizes e normas determinadas pela Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) que regulamenta a realização de pesquisas envolvendo seres humanos e foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual de Montes Claros, sendo aprovado através do processo CAAE 67020717.6.0000.5146.
5 APRESENTAÇÃO DOS DADOS 
5.1 Primeira fase: Respostas dos questionários
A primeira fase da pesquisa consistiu na aplicação de um questionário aberto aos alunos do 8º período do curso, buscando identificar as experiências de aprendizagem que foram bem sucedidas (“picos”) e aquelas que não foram bem sucedidas (“vales”).
	A primeira disciplina apontada positivamente foi “Cinesiologia”, a qual foi indicada por mais da metade dos alunos. Os argumentos apresentados por eles para indicar essa disciplina referem-se em geral, aos seguintes aspectos: a metodologia aplicada pelo professor tinha característica ativa e promovia um aprendizado de boa qualidade; o professor demonstrava um excelente domínio do conteúdo; a aulas expositivas eram claras; o professor conseguia associar os conteúdos teóricos e práticos, evidenciando a aplicação dos conceitos da matéria.
	A segunda disciplina relatada pelos acadêmicos positivamente foi “Metodologia da Pesquisa Científica”, sendo indicada por metade da turma, que apresentou como justificativas o fato de os alunos terem obtido um grande aprendizado na disciplina. Quanto ao professor, os alunos relataram que ele teve um bom envolvimento com a turma; demonstrou ter um bom domínio do conteúdo; orientou os acadêmicos obre como realizar os procedimentos na elaboração de um projeto científico e de produção de monografia; mostrou ter ótima oratória, muita didática, riqueza de conteúdo e diversificação de atividades; demonstrou ter compromissado e ser responsável.
	A terceira disciplina apontada positivamente pelos alunos foi “Primeiros Socorros”, a qual foi indicada por pouco menos da metade da turma, relacionando os seguintes aspectos para justificar o porquê da escolha: clareza na passagem de informações do conteúdo teórico e sobre os procedimentos práticos; entusiasmo pelas aulas práticas; aulas com supervisão do professor e correção constante dos erros cometidos pelos acadêmicos. 
	Como informado anteriormente, além de identificar as disciplinas que colaboraram positivamente para o conhecimento dos acadêmicos, foram também abordadas aquelas que deixaram lacunas na formação dos mesmos.
	A primeira disciplina apontada negativamente pelos alunos foi “Basquete”, a qual foi apontada por mais da metade da turma em suas repostas aos questionários. Os alunos fizeram as seguintes considerações ao apontar tal disciplina: as aulas não ocorreram como deveria, tendo poucas aulas e de forma superficial; o professor deixou a desejar na execução das aulas; por causa da gestão do departamento, o desenvolvimento da disciplina ficou comprometido: o tempo da disciplina foi curto e o conteúdo previsto não foi integralmente trabalhado; o professor não sabia conduzir a disciplina, utilizando uma didática falha e com domínio fraco do conteúdo. Em geral, a disciplina não atendeu as necessidades dos acadêmicos.
	A segunda disciplina relatada negativamente foi “Fisiologia Humana”, sendo apontada por metade dos alunos, que assim relacionaram os fatores contribuintes para tal escolha: disciplina de conteúdo difícil; o professor não possui uma didática adequada e falta clareza nas informações que são transmitidas na aula; falta motivação em ministrar a aula, embora demonstre ter conhecimento do conteúdo. Em geral, os alunos afirmam não ter absorvido o conteúdo passado pelo professor, saindo da disciplina “sem saber nada”.
	A terceira disciplina negativamente apontada foi “Vôlei”, indicada por menos da metade da turma, que assim relatou as causas da sua insatisfação: a aula quase nunca ocorria por falta de assiduidade do professor, acometido por questões relacionadas à saúde. Além disso, o conteúdo foi passado muito rápido gerando prejuízo para o aprendizado.
5.2 Segunda fase: Análise dos Tópicos balizadores
A partir das disciplinas indicadas pelos alunos como sendo vale/pico na primeira fase da pesquisa, nesta segunda passamos a fazer a análise dos aspectos balizadores que dão corpo às referidas disciplinas, a fim de compreender detalhadamente todos os aspectos que levaram aquele processo a ocorrer da forma que ocorreu: a infraestrutura para as aulas; o planejamento de ensino; a prática pedagógica do professor; a relação professor-aluno; o acompanhamento da coordenação pedagógica; e os aspectos administrativos. 
Na disciplina “Cinesiologia”, a questão da infra-estrutura não foi um fator complicador para execução das aulas, mesmo a estruturanão oferecendo condições físicas e didáticas para um bom aprendizado: a sala era quente e muito pequena para comportar o número de alunos da disciplina, pois além dos alunos regulares, havia, ainda, muitos frequentando a matéria em regime de dependência. Nesse contexto, o professor utilizou de equipamentos particulares para ministrar suas aulas, tais como: projetor de imagem e réplica de ossos do corpo humano. No planejamento, o professor propôs em seus objetivos para desenvolver com a turma capacitar o aluno a analisar cinesiologicamente os movimentos corporais, baseados em princípios biomecânicos em atividades esportivas e vida diária, obtendo êxito com tudo planejado. A questão da prática pedagógica, em termos de metodologia de ensino, foi de total aprovação dos alunos, na qual o professor fez uso de uma metodologia ativa, fazendo com que os alunos esforçassem mais na matéria passada em sala de aula, ou seja, o acadêmico tinha que ir para campo pesquisar mais sobre o conteúdo e nas aulas ministradas tirarem as dúvidas. Assim, ele explicava parte do conteúdo para encaminhar os estudos em casa, para assim os alunos apresentassem o conteúdo em sala de aula através de apresentações, e aqueles que demonstrassem erro o mesmo parava a apresentação e corrigia e com também no final ele copilava todas a informações lançadas com a turma. A relação professor aluno foi altamente profissional, não sendo notado traços autoritários em todo desenvolver da disciplina, mostrando como um professor deve se postar diante de uma sala de aula e apresentando tratamento igualitário para ambos os sexos. Em se tratando de acompanhamento de gestão pedagógica, na percepção dos alunos, não foi possível notar nenhuma intervenção direta da Coordenação Didática no sentido de monitorar/otimizar as ações que foram desenvolvidas na disciplina. Também não ficou explícito que havia uma suporte efetivo da chefia imediata na condução/desenvolvimento da disciplina.
Dando continuidade, a disciplina “Primeiros socorros” contou com uma boa infraestrutura, uma vez que foi oferecido um laboratório da instituição com todos os componentes para um aprendizado teórico-prático com materiais para executar cada procedimento e aulas no hospital universitário para maior aprofundamento dos conhecimentos. Seus objetivos conforme seu planejamento foi de possibilitar ao corpo discente a compreensão e execução dos primeiros socorros pertinentes à prática da atividade física, bem como o motivo de tais procedimentos, sendo assim alcançado de forma satisfatória pela turma. Em relação a prática pedagógica, o professor soube ministrar aulas com uma boa didática e explicações de forma clara, fazendo uma boa relação entre a teoria juntamente com a prática obtendo uma metodologia de ensino satisfatória por parte dos alunos. Dessa forma, ele demonstrava e orientava o acadêmico como executar cada procedimento sempre com atenção a cada detalhe. A relação professor aluno ocorria de forma mais restrita, mostrando sempre seriedade e compromisso com a matéria, abria espaços para dúvidas, pouco flexível e tratavam todos da mesma forma, sem distinção. O acompanhamento das gestão pedagógica influenciou em partes na aplicação da disciplina, ao manter os alunos devidamente informados sobre o que estava acontecendo na universidade, pois tratava-se de período de greve em que as atividades ficaram paralisadas por cerca de 30 dias. Nessa disciplina, também não ficou explícito que havia uma suporte efetivo da chefia imediata na condução/desenvolvimento da mesma.
A disciplina “Metodologia da Pesquisa científica” sofreu com a questão da infraestrutura, uma vez que não possuía sala fixa para o professor ministrar suas aulas e como também não contava com recursos didáticos. No entanto, isso não influenciou no resultado final de aprendizagem dos alunos, na qual o professor utilizou também de recursos particulares para executar suas aulas e foi tida como significativa por parte dos alunos. Seu planejamento teve como base quatro objetivos à serem desenvolvidos, sendo: Compreender a noção de conhecimento científico e discutir o mesmo em diversas áreas... Discutir os processos qualitativos e quantitativos de investigação científica... Conhecer e aplicar procedimentos e técnicas de pesquisa a partir dos procedimentos metodológicos... Elaborar projetos e executar pesquisas científicas. Por ser mais de um objetivo, todos foram absorvidos pela turma em alto grau de aprendizado. Sua prática pedagógica contou com uma metodologia simples e objetiva, demonstrando ter domínio total do conteúdo, facilitando assim, o aprendizado ao acadêmico. A relação professor aluno ocorreu de forma amigável, na qual o professor dialogava muito com a turma, dando ao aluno oportunidade de questionar cada ponto do conteúdo passado, tratando sempre os acadêmicos em um mesmo patamar sem tons de superioridade. A associação da gestão pedagógica com a administrativa influenciou negativamente no desenvolvimento da aula uma vez que a disciplina não tinha uma sala de aula específica e o professor tinha a cada semana que agendar diferentes salas para poder dar aula.
Se tratando das disciplinas relatadas pelos alunos como experiência negativa, a primeira foi o “Basquete”. Esta disciplina não sofreu com questões infraestruturais, uma vez que para uso do professor tinha quadras disponíveis e bolas específicas da modalidade, sendo todas em bom estado de conservação. Quanto à sua prática pedagógica, embora não fosse específico da disciplina, o professor, demonstrou ter certo domínio do conteúdo repassando formas de iniciação ao basquete no âmbito escolar e como também para treinamento. Entretanto, a prática de ensino do professor sinalizou certa dificuldade na demonstração da gestualidade técnica específica da modalidade, sem que isso, entretanto, prejudicasse a qualidade do ensino. A relação professor aluno que o mesmo estabelecia ocorria de forma afetiva com os acadêmicos, na qual os tratavam como amigos sempre fazendo brincadeiras para quebrar o clima formal existente nas aulas. Em se tratando de acompanhamento de gestão pedagógica, na não foi possível notar nenhuma intervenção direta da Coordenação Didática com relação ao desenvolvimento da disciplina. Deve-se destacar, contudo, o prejuízo que foi gerado por questões administrativas, uma vez que a contratação do professor demorou para ser efetivada, acarretando perda significativa de carga horária e de conteúdos de ensino. Apesar dessa situação, não houve, por parte da Coordenação Didática, nenhuma ação explícita no sentido de resolver essa distorção. 
A disciplina “Fisiologia Humana” sofreu influências em relação a infraestrutura oferecida pela instituição, pois também não existia uma sala fixa para a aplicação das aulas e havia muitos problemas nos projetores de multimídia. Porém o professor também empregou recursos particulares para ministrar suas aulas, utilizando seu próprio data-show. Seu planejamento contou com quatro objetivos principais para executar com os alunos, sendo estes: adquirir conhecimentos sobre o funcionamento dos sistemas existentes no corpo humano;Citar as estruturas e características da membrana celular , órgãos, tecidos humanos; Descrever a fisiologia dos sistemas nervoso, muscular, cardiovascular, respiratório e endócrino; Descrever os mecanismos pelos quais os sistemas interagem. Entretanto, o conteúdo da disciplina não foi integralizado porque o professor não cumpriu integralmente a carga horária e, também, não concluiu o desenvolvimento dos conteúdos propostos no planejamento. Sua prática pedagógica pode ser altamente criticada, pois o professor não utilizava de uma metodologia de ensino objetiva, adotando a aplicação de métodos que “mandavam o aluno para campo”, para fazer resumos sobre o conteúdo da disciplina a partir de capítulos de livros e periódicos sem que nenhuma base teórica fosse oferecida em sala de aula. Além disso, ele quase nunca completava os horários de aula, que ficavam quase sempre pela metade. Quanto à exposição eà explicações da matéria, ele não tinha muito interesse em tirar as dúvidas dos acadêmicos. A relação professor aluno era forçosamente próxima, pois o professor debatia vários assuntos com os alunos que saíam completamente do contexto da disciplina. Nesse âmbito, foi notório que existia tratamento diferenciado em questão de gênero, com evidente beneficio do sexo feminino, inclusive na cordialidade, na simpatia e na atenção dispensada. Exemplo claro disso pôde ser visto nas situações em que às meninas era permitido adiar a apresentação de trabalhos em sala de aula sem prejuízo da nota, ao passo que essa prerrogativa era negada aos meninos, para os quais o adiamento da apresentação de trabalhos acarretava perda de pontos na nota. Dessa forma, aparentemente faltou (e falta, na dinâmica cotidiana do curso) um melhor acompanhamento pedagógico e administrativo, pois assim o professor seria “monitorado” em relação sua forma de ministrar aulas e à ética que adota na sua relação com os alunos. Haveria como acompanhar, também, a aprendizagem e a satisfação dos acadêmicos em relação à disciplina, 
Com relação à última disciplina analisada – “Vôlei” , não ocorreu problemas com a infraestrutura, pois a instituição oferecia bolas e redes para prática da modalidade e o espaço era adequado e confortável. Seu planejamento se estruturou em torno de objetivos bastante instrumentais ligados à compreensão do jogo, aos seus fundamentos técnicos e à aplicação das regras da modalidade. Entretanto, poucos desses objetivos foram alcançados por conta do pouco tempo de aula. Em sua prática pedagógica, o professor utilizou de um método de ensino de fácil absorção das informações, por meio do qual explicava com calma os gestos técnicos, e algumas regras da modalidade, ainda que se tratasse de iniciação ao esporte. No que diz respeito à movimentação em quadra, não houve uma exposição clara com relação aos esquemas de jogo: o professor mencionava a existência de esquemas como o 4x2 e o 5x1 mas não explicava, exatamente, como funcionava cada um desses esquemas. A relação professor aluno era de muito profissionalismo, sempre pautada numa boa postura e na atenção ao que era desenvolvido nas aulas. Eventualmente, o professor também utilizava de algumas brincadeiras para deixar a aula um pouco mais descontraída, e sempre tratou todos sem qualquer diferenciação. Aparentemente, não houve um acompanhamento adequado tanto da gestão pedagógica quanto da gestão administrativa do curso, pois o professor ministrou apenas um mês de aula por conta de problemas de saúde e se afastou do cargo, fazendo com que a turma ficasse um longo período sem nenhum professor e, por conseguinte, sem aulas da disciplina. Há, portanto, que se chamar a atenção para as limitações administrativas da universidade que, na situação de falta de um professor por questões de saúde, não tem agilidade suficiente para providenciar um outro professor para desenvolver a disciplina em questão. Além disso, a Coordenação Didática também não teve um trabalho efetivo, pois não providenciou uma reposição de aula a fim de garantir a integralização da carga horária e do conteúdo da disciplina.
5.3 Terceira fase: Respostas das entrevistas com os professores
 Após a análise dos tópicos balizadores a partir dos apontamentos feitos pelos acadêmicos, os professores das disciplinas citadas foram ouvidos na intenção de buscar uma compreensão mais ampla do processo. A exposição a seguir foi organizada a partir do relato de cada professor, tendo em vista assegurar a unidade da sua fala. 
5.3.1 Entrevista com o professor da disciplina “Fisiologia humana”
O primeiro professor a ser entrevistado foi o da disciplina “Fisiologia Humana”. No que tange as questões da infraestrutura, o professor disse que uma primeira observação da infraestrutura da universidade pode levar a uma conclusão equivocada, pois se tende a notar as quadras, os prédios, a piscinas,ignorando que existem outros fatores que não são devidamente atendidos, como por exemplo, carteiras em salas de aula, giz e até apagador. O espaço das salas de aula, no caso da disciplina “Fisiologia Humana”, é muito pequeno tendo em vista o fato de haver um número grande de alunos. Além disso, o sol irradia muito forte na sala atrapalhando assim o desenvolvimento das aulas e o aprendizado dos alunos. O professor destacou também que faltam aparelhos de data-show, pelo menos nas salas em que acontecem as aulas de Fisiologia, afirmando que às vezes faltam inclusive salas para ministrar as aulas. Nesse sentido, quanto aos recursos materiais, se não fosse os aparelhos dos professores, dificilmente haveria aula com data-show. Relatou, por fim, que o prédio do CCBS é velho e precisa de reformas, pois faltam bebedouros e são comuns problemas com energia elétrica. Às vezes, também falta água, entre outras coisas. O professor afirmou que, nesse sentido, as condições poderiam melhorar bastante, o que revela que ele não está satisfeito com suas condições estruturais de trabalho.
Em relação ao seu planejamento de ensino, o professor disse que quando pensamos em uma disciplina que sabemos que é básica, devemos fazer com que os alunos saibam que irão utilizar todo conhecimento da disciplina ao longo do processo de formação. No entanto, muitos alunos acham que a disciplina Fisiologia não vai fazer parte de uma aula de Educação Física, ignorando que ela é a base de todas a concepções biológicas. Diante desse explicação, o professor afirmou que buscou integralizar o conteúdo juntamente com o aluno dando exemplos mais práticos da vivência do dia-a-dia para que o aluno pudesse assimilar uma condição teórica mais complexa. Quanto à carga horária da disciplina, o professor relatou que avalia como suficiente. Entretanto, ele destacou que a educação básica dos alunos deixa a desejar, pois eles chegam à universidade com um conhecimento defasado sobre a biologia, sendo essa fundamental para a Fisiologia humana.
 	Sobre a sua prática pedagógica nessa disciplina, o professor informou que, apesar de ter uma experiência de dez anos, ele está sempre aprendendo, pois acha que cada turma o ensina alguma coisa. Ele relatou que percebe que cada turma é diferente, sendo que em algumas o conteúdo é desenvolvido de forma mais integral e em outras, “nem tanto”. O professor afirmou que, a partir da sua percepção, o importante na realidade não é cumprir todo o conteúdo, mas sim dar atenção para o quanto desse conteúdo que os alunos efetivamente aprendem. Segundo eles, muitos professores se preocupam apenas integralizar o conteúdo sem se importar com a questão da aprendizagem. O professor relatou que está sempre buscando melhorias do ponto de vista pedagógico, sem esquecer que ele é um ser humano e que, como tal, também é falho em suas ações e, por isso, busca sempre ouvir o que os alunos estão falando a respeito do que ele faz em sala de aula.
A relação professor aluno, para o professor, deve ocorrer pautada por respeito e amizade, pois para ele, se existir um distanciamento, não existirá o aprendizado, ainda mais se tratando de uma disciplina teórica com conteúdo relativamente difícil; se não tiver uma aproximação de ambas as partes, não haverá um processo de ensino adequado. Ele cita que, em questão de notas, faz uma atribuição de pontos de forma clara para todos. Quando ocorrem situações de faltar um ponto para um aluno e cinco para outro, ele busca explicar o porquê dos ajustes que ele faz para não dar espaço para interpretações equivocadas por parte dos alunos. 
Quanto ao suporte dado pela Coordenação Didática, o professor afirma entender que esse suporte é necessário mas reconhece que a coordenação fica de pés e mão atadas em função da falta de materiais e de funcionários, destacando que ele percebe que tudo que está ao alcance da mesma é feito. Segundo ele, outros aspectos que dependem da instituição de forma mais ampla deixam a desejar, pois a universidade falha muito nesse contexto de dar o apoio necessário para Coordenação, tanto no atendimento aos professores tanto aosalunos. Segundo o entrevistado, não se trata só de um apoio financeiro mas sim um apoio de forma geral: falta muita apoio pedagógico e psicológico, pois não basta haver os setores; é preciso que eles funcionem. Quanto à gestão do departamento, o professor relatou que no geral, ela funciona bem e que ele percebe que ela tenta se adequar dentro da realidade da instituição, uma vez que, além de a gestão universitária deixar a desejar, houve também movimentos de greve que se tornaram um fator que atrapalhou tanto os alunos quanto os professores, provocando também um distanciamento entre gestão da universidade entre corpo docente e discente. 
5.3.2 Entrevista com o professor da disciplina “Cinesiologia”
	O segundo professor entrevistado foi da disciplina “Cinesiologia”, indicada pelos acadêmicos com uma avaliação positiva. Seguindo a sequência prevista no roteiro da entrevista, a primeira pergunta foi em relação à infraeestrutura, diante da qual o professor disse que a instituição sofre com a escassez de laboratórios, fazendo com que ele trabalhasse com as turmas utilizando o laboratório do exercício, fragmentando as análises biomecânicas para fazer o aluno compreender o conhecimento na prática. Ele aponta que falta na instituição, entretanto, um incentivo à outros laboratórios que poderiam ter softwares para potencializar ainda mais o aprendizado dos alunos. Segundo ele, o espaço físico atendia as suas necessidades, oferecendo recurso de projeção multimídia; contudo, a parte prática deixou a desejar por conta da insuficiência dos laboratórios, o que fez com que diminuísse em partes a qualidade da aula, constituindo certas limitações que fogem do controle do professor. No que diz respeito à biblioteca, sempre houve um volume reduzido de livros sobre o contéudo da disciplina; entretanto, a disponibilidade da internet facilitou muito o acesso do professor para baixar livros em PDF para indica-los para os alunos. O professor destaca, porém, a negligência da universidade com relação ao material didático, aspecto no qual o professor tem que se desdobrar para poder chegar a uma qualidade de aula razoável. Segundo o entrevistado, isso ocorre por questões de cunho político na destinação de verbas e recursos. 
Em relação ao planejamento de ensino, o professor afirmou que, na medida do possível, ele conseguiu executá-lo, pois buscou trabalhar com o que tinha em relação á estrutura e assim traçou novas formas de trabalho para poder desenvolver a disciplina. Geralmente, por ter trabalhado mais na licenciatura do que bacharelado, além da análise cinesiológica que é desenvolvida em sala de aula, ele faz com que os acadêmicos tenham contato com os alunos da escola, trabalhando com workshops e treinamentos no que se refere a realização de avaliação postural em sala de aula com materiais recicláveis, tais como barbante para fazer o fio de prumo. A partir daí, o aluno aprende e vai pra campo para colocar em prática o aprendizado. O fato de não haver disponibilidade de aparelhos cinesiológicos específicos, tais como os que analisam sistematicamente o indivíduo em termos de pisada e de flexibilidade, atrapalha também o desenvolvimento do planejamento. Entretanto, de uma forma geral, o professor considera que conseguiu atingir os objetivos propostos em seu plano. Ele afirma que a carga horária da disciplina foi integralizada e também relata que não gosta de trabalhar com subgrupos, pois acredita que alcança um aprendizado melhor com a turma toda, conseguindo centralizar as atividades de maneira pontual inclusive pelo fato de não trabalhar pelo método tradicional de ensino [expositivo] e sim mandando os acadêmicos para campo [metodologia ativo-reflexiva]. O professor relata também que obteve sucesso em integralizar o conteúdo previsto, informando que gosta de trabalhar de maneira compassada, ou seja, sempre retomando a matéria. Ele aponta, por fim, que todo seu esforço é feito na busca do êxito, mesmo sabendo das dificuldades encontradas em algumas turmas. 
A prática pedagógica desse professor foi avaliada, por ele, como satisfatória, até pelo retorno que tem dos alunos, obtendo essa comprovação. Ele afirmou que, no início, quando começou a trabalhar com metodologia ativa na Unimontes, percebeu resistência dos acadêmicos por essa abordagem, porque muitos vêm acostumados com uma formação que utiliza metodologia tradicional, passiva. Depois que [o professor] conseguiu romper esse paradigma e que o aluno conseguiu notar que também é responsável pelo conhecimento que constrói, o processo caminha com mais fluência. O entrevistado afirmou que, nessa altura, ele promove uma discussão mais ampla a respeito da disciplina e assim, ao analisar várias turmas, tem percebido que os alunos conseguem materializar melhor as informações transmitidas, até porque se trata de uma disciplina muito técnica. Nesse sentido, o professor disse que, na maioria das suas turmas, os alunos obtém sucesso no aprendizado, pois eles passam a entender que devem existir momentos solitários de estudos. Por outro lado, há aqueles que não obtiveram sucesso, o que normalmente está vinculado ao fato de não estudarem, salvo as exceções no caso de alunos que trazem uma bagagem escolar mais restrita.
 	No que diz respeito à relação professor-aluno, o professor da disciplina cinesiologia disse que buscou constituir uma relação mais humana. Ele informou que, hoje em dia, essa relação é definidora. Informou, também, que crê que o professor deve ter um certo limite no que se refere à interação entre as questões didático-pedagógicas e as questões pessoais no trato da turma. Ele afirmou que atualmente se sente mais aberto na relação com os alunos, alcançando um nível melhor de diálogo e se aproximando mais. Observa que os onze anos de experiência no ensino superior o ajudaram bastante nesse sentido, pois no início era mais fechado com os acadêmicos. No entanto, ele destacou também que é necessário haver um certo distanciamento entre ambas as partes no que tange a condução da aula, pois questões como respeito e disciplina que são altamente necessárias no processo ensino-aprendizagem. Disse que ainda nota restrições de alguns alunos, pois tem como característica cobrar do acadêmico e muitos não estão preparados para essa cobrança, e assim, muitas vezes ele é considerado como “chato”. Ele afirma que teve um tratamento semelhante com todos em relação sua prática pedagógica, sendo notório que os alunos mais comunicativos se aproximam mais do professor.
 	Quanto ao suporte dado pela Coordenação didática, o professor lembra que ela é um órgão que está inserido no contexto da Unimontes e que é regido pela Pro-Reitoria de Ensino. Portanto, os reflexos da instituição acabam afetando as coordenações didáticas, sendo, nessa ótica, muito delicado julgar o coordenador como responsável por uma situação que é geral na instituição. Reconhece que as demandas da coordenação são muito volumosas para um professor somente, fato que resulta na atitude de alguns professores de evitar acionar a mesma. O professor disse que procura resolver os assuntos que dependeriam da Coordenação Didática da sua própria maneira para não levar a demanda para aquele órgão. Ele afirmou que, embora o posicionamento da Coordenação seja interessante muitas vezes, com frequência o professor cobra ações e fica sem resposta porque o órgão não consegue abranger toda a demanda. Ele lembrou que, para otimização da atuação do professor em sala, poderia haver capacitações e treinamentos oferecidos pela instituição, uma vez que a forma de ministrar aula da década de 80 é diferente dos anos 2000, destacando a existência de novas abordagens e tecnologias. Sua visão diante da gestão do Departamento é de que a chefia existe apenas como setor burocrático, que se restringe a lidar com as questões “políticas” do curso, mas não tem o devido cuidado com as disciplinas, com as estruturas físicas, técnicas e de matérias das disciplinas. Mais uma vez, ele aponta que, assim como a Coordenação, também vê a gestão sofrendo os reflexos domomento delicado da universidade. Ele afirmou que não se sentiu prejudicado por conta de falta de apoio da gestão, mas acha muito complexo o processo de seleção de professores que é aplicado na Universidade, uma vez que ocorre de muitos terem que ministrar disciplinas para a qual não tem o perfil e nem domínio de conteúdo.
5.3.3 Entrevista com o professor da disciplina “Metodologia da Pesquisa Científica”
	Dando prosseguimento às entrevistas, foi abordado o desenvolvimento da disciplina Metodologia da Pesquisa Científica, apontada pelos acadêmicos como positiva.
	No que tange a infraestrutura, o professor iniciou sua fala dizendo que devemos pensar em um contexto de infraestrutura de uma universidade estadual abrigada por um governo de Estado que não prioriza o ensino superior, o que obviamente gera um investimento muito baixo para poder prover os recursos materiais necessários. Com relação à sua disciplina especificamente, pelo fato de a aula ser exclusivamente teórica, é esperado como infraestrutura básica uma sala de aula que caiba os alunos, com cadeiras para que os mesmos se acomodem adequadamente, um quadro em condições de fazer as anotações, com giz ou apontador e apagador. O professor acrescentou que, pensando nos dias de hoje, é difícil organizar uma aula sem recursos de mídia e, portanto, o projetor de imagens acaba sendo algo muito importante. Avaliando esse contexto, o professor afirmou que, quando ministrou aula para a turma em questão, não teve disponível nenhum desses recursos, pois enfrentou uma situação da gestão pedagógica na distribuição das salas de aula para as disciplinas, não tendo assim uma sala fixa para a disciplina Metodologia Científica. Lembrou que toda semana tinha que fazer marcação de sala na Direção do CCBS e que, eventualmente, quando ia fazer a marcação jánão havia mais salas disponíveis. Nessas ocasiões, perdia muito tempo de aula, cerca de 30 a 40 minutos, o que, para a disciplina em questão, se tornava um fator complicador, por causa do conteúdo extenso. Afirmou que sempre utilizou do próprio aparelho de multimídia para não depender da infraestrutura da instituição. Diante desse contexto, ele fez uma avaliação não positiva dessa situação, compreendendo a infraestrutura como bastante deficitária e, de certa maneira, pondo em risco o desenvolvimento do conteúdo.
	Sobre a execução do seu planejamento de ensino, o professor iniciou sua fala dizendo que sempre tem uma briga consigo mesmo, uma vez que, como ele a desenvolve, a proposta da disciplina é audaciosa, pois ela cerca o maior universo que consegue pensar em termos de metodologia de pesquisa. Embora o conteúdo seja bastante extenso, o professor informou que ao longo dos anos vem dando conta de integraliza-lo, mesmo enfrentando, nas últimas aulas, uma certa “correria”. Entretanto, se na dinâmica do ensino, a integralização ocorre, na questão de aprendizagem há controvérsias, pois o processo não depende apenas dele. O professor afirmou que a carga horária é também integralizada, mesmo que às vezes tenha que marcar algumas aulas fora do horário.
	Sobre sua prática pedagógica, o professor afirmou que a avalia através do princípio profissional e ético de que professor tem que dar aula, pois é para isso que ele é pago, ou seja, para ministrar aulas, para organizar o conhecimento propiciando aos alunos o acesso aos meios para se apropriar desse conhecimento. O princípio de organização da escola e da própria universidade está pautado na idéia de que existe uma hierarquia entre os sujeitos envolvidos no processo, no qual existe um professor que, supostamente, detém o conhecimento e os alunos que ainda não, diferença que justifica existir a figura do professor. Nesse contexto, o entrevistado fez uma crítica às propostas que horizontalizam o processo, a partir das quais o professor apenas promove um diálogo nivelado com os alunos, sem tensioná-los no sentido da aprendizagem. Ele afirmou que vê essa situação de maneira crítica, pois acredita que, em termos de conhecimento específico do conteúdo, a relação deve ser verticalizada, pois há um lado que conhece mais e outro menos, professor e aluno respectivamente. Diante desse panorama, o professor relatou que tem uma prática pedagógica bem sucedida com relações as ações feitas no ensino. Com relação ao resultado dessas ações, o professor afirmou ter consigo algumas dúvidas, pois enfrentamos uma cultura na qual os alunos aprenderam a se esforçar muito pouco, o que limita muito a aprendizagem. Ele lembra que, infelizmente, embora se esforce para organizar o processo de ensino, às vezes o aluno não se esforça para se organizar no processo de aprendizagem. Portanto, existe um desenvolvimento de uma prática bem organizada cujo resultado não é tão efetivo. Como muito do que o aluno faz nesse processo e o próprio resultado não estão na mão do professor exclusivamente, fica difícil afirmar que a prática é eficiente. Entretanto, observadas essas ponderações, existem mais alunos que aprendem do que alunos que não aprendem. De modo geral, a prática não é vista pelo professor como totalmente satisfatória pelo fato de ele querer uma resposta mais efetiva dos discentes. 
	Quanto à relação professor-aluno, foi dito que, particularmente, o professor se reconhece como alguém bem intenso. Na maioria das vezes, ele tenta estabelecer uma relação sempre boa, cordial, mas que o contexto de adversidade que enfrentava acabou o desestabilizando e o deixando muito aborrecido em alguns momentos em sala de aula, principalmente quando era perdido 30 minutos para conseguir achar uma sala para começar a aula. Ele lembrou que ao ficar aborrecido para ministrar aula, a receptividade e a maneira como reage tende a ser um pouco mais dura, se tornando mais tenso e menos simpático, o que influencia assim a relação com os alunos. Mas em geral, até pelo trato que o mesmo adquire com os acadêmicos fora da sala de aula, o professor considera que tem uma boa relação professor-aluno, sendo bem produtiva. Ele destacou que os momentos de avaliação eram sempre tensos, nos quais, nessa turma especificamente, embora a maior parte dos alunos não tenham ido mal nas provas, houve alguns pontos de tensão, tendo alunos que foram reprovados ou ficaram de exame final, o que não era comum para alguns deles. Embora esse seja um fator que também interfere na relação, a avaliação geral foi muito positiva. O professor registrou também que, mesmo tendo relações pessoais mais afetuosas com uns do que com outros, em sala de aula todos os alunos foram tratados de forma semelhante, aplicando um tratamento padrão, sem beneficiar ou prejudicar quem quer que fosse. 
	A Coordenação Didática, na visão do professor, infelizmente é tomada por questões burocráticas, as quais amarram os processos fazendo com que haja pouco tempo para trabalhar com as questões didático-pedagógicas. Nesse caso, particularmente, por uma falha da gestão pedagógica, teve um grande problema que foi a não marcação da sala de aula, pois a disciplina não estava constando no quadro de salas, o que gerou um impacto bem ruim, constituindo o principal ponto a ser destacado. O professor considera que a gestão pedagógica deveria ter uma função mais presente no espaço da sala de aula, mas lembra que, como já foi coordenador do curso, sabe que é muito difícil fazer isso principalmente por duas questões: a burocracia do processo que não deixa “sobrar” tempo para essas ações e a falta de receptividade da intervenção da coordenação por parte do professor em sala de aula, pois quando um coordenador executa uma mediação dizendo como um professor precisa desenvolver uma ação ou se comportar de uma maneira específica, isso gera um efeito negativo como se apontasse deficiências individuais, fato que faz o professor se sentir ameaçado quando ocorre essa ação por parte da Coordenação Didática.
	A Gestão do Departamento foi avaliada pelo professor com uma visão de quem já foi Pró-reitor de Ensino na universidade e que sabe, portanto, que as demandas da instituição não estão no foco dasprioridades do Estado. Ele afirmou que percebe a Unimontes sendo tratada como um apêndice fora das preocupações do governo estadual. Assim, se temos um Estado que investe pouco numa universidade, a universidade também investe pouco nas questões estruturais que são necessárias para os processos de ensino-aprendizagem. Trabalhar em uma instituição em que não se tem salas de aula com condições adequadas, cujos alunos ficam trocando cadeira de sala em sala para assistir aula, em que há lousa, mas não tem giz nem apagador... etc. Nessa ótica, a displicência da gestão interfere diretamente na qualidade do que se pretende executar em sala de aula. Entretanto, tal fato que não pode ser utilizado para justificar nenhuma omissão por parte do professor, pois mesmo diante da deficiência da gestão em prover as condições ideais de trabalho, cabe a ele a condução imediata do processo ensino-aprendizagem em sala de aula levando em consideração as adversidades gerenciais da instituição.
5.3.4 Entrevista com o professor da disciplina “Basquete” 
A última entrevista realizada sobre os tópicos balizadores ocorreu com a professora da disciplina basquete. Embora tenha concordado em conceder a entrevista, essa professora não autorizou a gravação das falas. Os registros foram feitos, então, por meio de anotações, fato que, somado à objetividade das respostas por parte da professora, justifica o volume restrito de informações transcritas aqui.
	No que tange às questões de infraestrutura, a professora informou que encontrou certa dificuldade quando ministrou a disciplina para a turma, pois ela era novata no curso e não conhecia a dinâmica da universidade. Por causa disso, ocorreram situações em que, quando chegava para dar aula, não encontrava o almoxarifado aberto no horário, o que atrapalhou o desenvolvimento da disciplina. Quanto à questão da qualidade da infraestrutura, ela informou que a quadra era boa e os materiais também. 
	Em relação ao planejamento de ensino, a professora afirmou que o desenvolvimento da disciplina ocorreu de forma muito rápida , concentrada em apenas um mês, o que tornou impossível abordar todo conteúdo previsto. Isso aconteceu devido a um erro da gestão e do Estado que não efetivaram o contrato do professor a tempo. Como consequência, os alunos passaram boa parte do período sem ter as aulas da disciplina.
	Quanto à sua prática pedagógica, a professora relatou que considera a sua metodologia satisfatória mesmo sem ter conhecimento da visão dos alunos em relação a isso. Entretanto, ela reconhece que foram encontradas dificuldades para o desenvolvimento da disciplina.
	Sobre a relação professor-aluno, ela relatou que sempre manteve um tratamento de amizade com todos, tratando os alunos com carinho. Informou que ela procurou interagir também com aqueles que não possuem o gesto motor correto do movimento. Assim, pelo relatou que procura estabelecer uma relação afetuosa com os acadêmicos, pois acredita que este fator melhora o aprendizado dos mesmos. Observou, por fim, que muitos professores assumem uma postura de ser “carrasco”, o que ela acredita que inibe em partes o aluno. 
	Finalizando a entrevista, a professora respondeu sobre a atuação da Coordenação Didática juntamente com a gestão, informando que durante o período no qual ministrou a disciplina para a turma, sentiu-se bem recebida e obteve também todo o suporte para desenvolver, mesmo com pouco tempo, os conteúdos da disciplina.
6 DISCUSSÃO 
Após serem analisadas as falas dos professores acerca dos tópicos balizadores, partimos para a discussão das mesmas diante o que literatura diz sobre o assunto.
6.1 infraestrutura
	É indiscutível que para se desenvolver uma aula de boa qualidade, o professor deve ter acesso a uma infraestrutura adequada com recursos que ajudem nessa tarefa. Aparentemente, a partir dos dados coletados nesse estudo, a gestão do estado de Minas Gerais e a gestão da universidade não têm provido, de forma satisfatória, as necessidades da universidade com relação a esse aspecto, negligenciando a oferta de uma boa estrutura para o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem.Nesse contexto, existem vários fatores que influenciam efetivamente, tais como as salas de aula, as quais, como cita Wittich (2000), precisam ser tratadas com um aspecto ambiental importante para a aprendizagem, devendo ser caracterizadas por “controle de luz, de temperatura, e que incentive a atividade mental”. Convém lembrar que as condições inadequadas das salas de aula (ou mesmo sua inexistência) constituíram um fator citado pelos professores que foram entrevistados.
	Convém destacar que, nas falas dos professores entrevistados, todos (que tenham sido citados de forma positiva ou negativa) afirmaram que ao tomar conhecimento da realidade da universidade,buscaram construir alternativas para superar as limitações da instituição no que tange às questões estruturais, evidenciando, assim, a importância desse elemento para o sucesso (ou fracasso) do processo ensino-aprendizagem. 
	Particularmente, convém destacar que os professores citados por terem uma prática negativa enfatizaram a infraestrutura como um elemento prejudicial no desenvolvimento do seu conteúdo.
	Evidentemente, não se pode ignorar a importância de haver um local apropriado para o desenvolvimento das aulas. Entretanto, levando em consideração o contexto dessa pesquisa, esse aspecto não deveria ser utilizado como justificativa para a perda da qualidade da aula, uma vez que os outros professores citados pelos acadêmicos como possuidores de uma prática positiva também sofreram com o mesmo fator e nem por isso tiveram uma prática apontada como insatisfatória.
	Seguindo os itens tratados na coleta de dados, além do fator “sala de aula”, a instituição apresenta também dificuldades em prover recursos didáticos adequados para os processos de ensino-aprendizagem. Alguns professores mencionaram a ausência de tais recursos ao ministrarem aulas para a turma pesquisada, como por exemplo, os aparelhos audiovisuais.
	No que tange esse padrão, alguns autores apontam a influência de uma boa estrutura didática na qualidade de ensino fazendo um paralelo com outros países desenvolvidos em que a tal estrutura tem forte colaboração no aprendizado.Nesses países, os recursos estruturais estão distribuídos entre as instituições de ensino de forma equitativa. Tais achados não parecem ser ratificados em países subdesenvolvidos, onde a distribuição ocorre de forma não equitativa(Hattie, 2009). No Brasil, essa heterogeneidade pode ser facilmente observada, pois há instituições públicas de ensino com grande volume de recursos por um lado e outras com grande escassez, por outro. A instituição pesquisada insere-se nesse último grupo, enfrentando diversas limitações com relação à disponibilidade de aparelhos, equipamentos e materiais didáticos. 
Existe uma forte associação entre o fato da instituição não oferecer boa qualidade estrutural e a negligência em investimentos do Estado para com a mesma. Grasel (2000) ressalta que: 
a qualidade e a melhoria do Ensino Superior brasileiro estão intrinsecamente ligadas à identificação e atenção aos fatores que explicam o nível de qualidade das instituições: instalações, estrutura, serviços acadêmicos, suporte financeiro, política de avaliação institucional, planejamento institucional, jornada de trabalho, qualificação docente, qualificação técnico-administrativa, relação professor/aluno, processos metodológicos do ensino, oferta de vagas e expansão de cursos e programas de pós-graduação.
	Parece inegável que a atuação do professor fica prejudicada quando a instituição não oferece suporte estrutural adequado, causando lacunas no desenvolvimento educacional do aluno. Fazendo uma observação em alguns espaços escolares, nota-se que uma instituição que compõe satisfatoriamente os espaços e objetos escolares aumenta o atendimento do conjunto de saberes e de práticas que promovem a formação do educando. Na visão de Vidal (2005) e Viñao, Frago e Escolano (2001), os aspectos materiaisdos estabelecimentos de ensino colaboram de forma relevante na constituição de determinadas práticas que podem constranger ou estimular a disseminação de certos conhecimentos e habilidades escolares. 
	Em síntese, quanto à infraestrutura, a análise da fala dos professores e do contexto considerado neste estudo caminha por uma linha de pensamento que coloca em foco a realidade que a instituição pesquisada enfrenta. A falta de recursos didáticos e as deficiências estruturais para desenvolver as atividades de ensino-aprendizagem com os alunos parece prejudicar em partes o processo; todavia, foi observado que as condições enfrentadas pelos professores das disciplinas citadas como negativas foram as mesmas enfrentadas pelos professores das disciplinas citadas como positivas, o que põe em xeque o recurso de responsabilizar as carências de infraestrutura para não desenvolver uma prática de qualidade. 
6.2 Planejamento de Ensino
	Ao começar o seu dia, o homem já pensa nas ações que irá executar, esboçando o que irá fazer, como fazer, para que fazer, com o que fazer, etc. Isso é fundamental no seu cotidiano. Da mesma forma, no ato de planejar, cabe ao professor do ensino superior compreender a principal finalidade da docência para assim alcançar a profundidade científico-pedagógica necessária para capacitar aqueles que irão receber o conteúdo das suas ações de ensino. Nesse processo, ele (o professor) lida com questões fundamentais da universidade como instituição social desenvolvendo uma prática que implica estimular a formação de ideias e o exercício da reflexão e da crítica. 
	O planejamento é um processo que exige organização, sistematização, previsão, decisão e a definição de outros aspectos na pretensão de garantir a eficiência e eficácia de uma ação, quer seja em um nível micro, quer seja no nível macro. O processo de planejamento está inserido em vários setores da vida social: planejamento urbano, planejamento econômico, planejamento habitacional, planejamento familiar, entre outros. Do ponto de vista educacional, o planejamento é um ato político-pedagógico porque revela intenções e a intencionalidade, expõe o que se deseja realizar e o que se pretende atingir.(BARROS, 2005).
	A partir dos dados coletados, ficou evidente como o planejamento (ou a falta dele) interfere no trabalho do professor. Na ótica dos acadêmicos, a disciplina “Fisiologia Humana”,entre tantos argumentos, foi apontada como negativa porque não evidenciou uma sequência lógica de planejamento de ensino e aplicação da aula. Como parte integrante desse estudo, as observações feitas pelo pesquisador na sua trajetória de formação conduzem à mesma análise feita pelos acadêmicos, pois apesar de o professor dizer que tentou fazer um paralelo entre prática e teoria, não ficava claro uma linha de raciocínio compreensível do conteúdo. No que tange a questão de carga horária, embora o professor tenha dito em entrevista que ela era suficiente, na prática da sala de aula, o mesmo não integralizou as horas-aula que eram destinadas ao desenvolvimento da disciplina, ou seja, as atividades que deveriam ser desenvolvidas durante quatro horários eram executadas em apenas dois, tornado assim a fala do professor contraditória. O conjunto da atitudes desempenhadas por esse professor revela que sua prática não era sistematicamente planejada, pois o planejamento de ensino deve ocorrer em sincronia com o cotidiano da sala de aula, constituindo uma reflexão pautada nos objetivos, conteúdos e os procedimentos metodológicos e sempre acompanhado da avaliação constante dos alunos e do professor.
	Como revelado anteriormente no tópico que tratou das entrevistas com os professores, a professora da disciplina de “Basquete” informou que teve que executar o conteúdo de forma rápida em poucos dias, não sendo possível, para os alunos,acessarem todo conteúdo previsto no PPP. Também foi relatado o erro do da gestão da universidade e/ou do Estado em não proceder a contratação em tempo hábil, pois a disciplina passou grande parte do período letivo sem professor. Nesse contexto, a falta de eficiência desse setor ocasionou um prejuízo significativo em nossa formação por se tratar de uma disciplina que envolve uma modalidade esportiva e que para ser utilizada em âmbito escolar necessita de uma abordagem qualificada com necessidade de tempo para isso. Para muitos, foi frustrante este ocorrido, na qual entramos no curso com a mentalidade esportiva, mesmo depois sendo distorcida essa imagem e sabendo que a Educação Física vai muito além que executar apenas o “ quarteto fantástico” futsal, handebol, vôlei e basquete, sabemos da importância e utilizar dessas disciplinas de cunho esportivo com uma abordagem lúdica em meio escolar.
	Ao contrário do que aconteceu com essas duas disciplinas, no caso daquelas avaliadas como positivas, os professores foram claros na exposição de seus argumentos e conseguiram construir em seus planejamentos o que pretendiam alcançar em termos de conteúdo e aprendizagem com a turma. Contudo, associa-se a uma relação de um bom planejamento enquanto a prática do professor, na qual foi notório que os docentes que mostraram uma bom planejamento de ensino resultaram em melhores caminhos de aprendizagem aos acadêmicos participantes de toda essa trajetória. Em ambos os casos, trata-se de uma situação em que havia um vasto conteúdo para ser desenvolvido na disciplina, sendo que o ato de organizar o planejamento de ensino de forma adequada permitiu aos respectivos professores desenvolver de maneira bem sucedida o conteúdo, colocando em destaque, mais uma vez, a importância do planejamento de ensino. Dessa forma, esse tópico nos mostra que se os professores citados como significativo negativo, tivessem em seu plano de ensino uma melhor organização enquanto seus objetivos, impreterivelmente iriam colaborar com o aprendizado na formação docente dos alunos.
	Portanto, ao construir seu planejamento, o professor deve desdobrar-se para elaborar seus objetivos tendo em vista a realidade da instituição, não esquecendo que a elaboração do plano se relaciona com uma reflexão permanente de sua prática educativa. Barros (2005) afirma que para tanto, o planejamento de ensino tem características que são próprias, porque lida com sujeitos aprendentes, sujeitos em processo de formação humana. Para tal, o professor organiza passos que se implementam em sua prática pedagógica, estando sempre disposto a ultrapassar as prescrições formais e superar o rol de conhecimentos-padrão que caracterizam uma determinada disciplina. 
6.3 Prática Pedagógica 
	A prática pedagógica dos professores está alinhada com vários fatores interligados à uma metodologia adequada e satisfatória, na qual o professor antes de traçar formas de “passar” seus conteúdos, deve ter um conhecimento de gestão de uma aula, ou seja, saber lidar com todos fatores internos e externos que se relacionam com uma aula.Assim,Perrenoud (2000) utiliza os termos “organizar e dirigir situações de aprendizagem” para se referir à gestão de aula. Para o autor, de acordo com a visão tradicional de professor, a gestão de aula não é uma de suas maiores preocupações, ocorre espontaneamente e apenas serve para garantir a transmissão de conteúdo e possibilitar a realização dos exercícios decorrentes. Por meio dessa pedagogia “magistral”, os professores não dominarão as situações de aprendizagem proporcionadas aos seus alunos e usarão “meios disciplinares clássicos, para que todos os alunos escutem com atenção e envolvam-se ativamente, pelo menos em aparência, nas tarefas atribuídas” (PERRENOUD, 2000, p. 24).
Sabemos que cada professor adota uma metodologia para ministrar seus conteúdos em sala de aula, mas nem todos conseguem promover o aprendizado desejado de acordo a didática que utilizam. Em específico nessa turma, a questão da prática pedagógica foi um dos pontos cruciais na indicação das disciplinas como significativas, na qual nas respostas dos acadêmicos esse aspecto foi definidor para analisar se seu aprendizado foi satisfatório

Continue navegando