Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Niteroi - RJ 2018 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE SERVIÇO SOCIAL MARIANA SOUZA DE ALBUQUERQUE RODRIGUES A INSERÇÃO DOS DEFICIENTES AUDITIVOS NO ÂMBITO ESCOLAR: O Papel do Serviço Social Frente à Essa Demanda Niteroi- RJ 2018 A INSERÇÃO DOS DEFICIENTES AUDITIVOS NO ÂMBITO ESCOLAR: O Papel do Serviço Social Frente à Essa Demanda Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado a faculdade de Serviço Social da Faculdade Estácio, para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social. Orientador: Profª. ADRIANA APARECIDA FERREIRA MARIANA SOUZA DE ALBUQUERQUE RODRIGUES UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ Curso de Serviço Social MARIANA SOUZA DE ALBUQUERQUE RODRIGUES A INSERÇÃO DOS DEFICIENTES AUDITIVOS NO ÂMBITO ESCOLAR: O Papel do Serviço Social Frente à Essa Demanda Trabalho apresentado à Universidade Estácio de Sá, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social. Banca Examinadora: _______________________________ Prof.ª Mestre ADRIANA APARECIDA FERREIRA Professora Orientadora _______________________________ Prof.ª Mestre TACIANA LOPES BERTHOLINO Professor (a) 2º membro da banca _______________________________ Prof.ª Drª VÂNIA C. S. CARAN Professor (a) 3º membro da banca Niteroi-RJ 2018 DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho a todos que direta ou indiretamente me ajudaram nessa caminhada e na minha formação AGRADECIMENTOS A Deus primeiramente, por estar ao meu lado me dado saúde e forças para não desistir nos obstáculos que iam surgindo nessa longa caminhada e por ter me permitido chegar até o final a Ele a minha gratidão. Ao meu esposo, pelo amor e apoio incondicional, que me permitiu chegar até aqui não me deixando desistir desse meu objetivo. Obrigada por acreditar na minha capacidade. A minha mãe, por estar sempre ao meu lado, me apoiando e orando por minha vida. Obrigada por ter acreditado na minha capacidade. A Edilene, minha professora de Libras, por ter me ajudado com essa etapa final, me aconselhando e orientando e por ter me feito apaixonar cada vez mais por essa língua que é a LIBRAS. A minha família e amigos que mesmo de longe me apoiaram com palavras de conforto e animo. A minha supervisora de campo, Luciene Fraga, te agradeço pela paciência, e por ter compartilhado a sua sabedoria nesse período de estágio e a todos os profissionais da equipe, que de certa forma me ajudaram também. Aos meus colegas de estágio, que dividiram suas angustias e vitórias nessa caminhada. Aos meus colegas da turma que estavam sempre dispostos a ajudar, obrigada pela paciência. Nessa caminhada tive pessoas que foram essenciais na minha formação, pessoas que me acrescentaram, não só na vida profissional como na vida pessoal. A todos que me ajudaram nessa caminhada, deixo a minha gratidão e agradecimento, pelo conforto e incentivo e por acreditar em mim. O momento em que vivemos é um momento de plenos desafios. Mais do que nunca é preciso ter coragem, é preciso ter esperança para enfrentar o presente. É preciso resistir e sonhar. É necessário alimentar os sonhos e concretizá-los dia-a-dia no horizonte de novos tempos mais humanos, mais justos, mais solidários. Iamamoto RODRIGUES. Mariana Souza de Albuquerque. A INSERÇÃO DOS DEFICIENTES AUDITIVOS NO ÂMBITO ESCOLAR: O Papel do Serviço Social Frente à Essa Demanda. 39. Trabalho de Conclusão de Curso Bacharel em Serviço Social – Universidade Estácio de Sá, 2018. RESUMO Introdução: A importância de a criança ser introduzida à cultura surda e ter acesso à língua de sinais logo na primeira infância, assim como uma criança ouvinte é introduzida de forma natural a sua língua faz toda a diferença no seu desenvolvimento cognitivo, na sua comunicação com os seus pais e familiares e na sua compreensão do mundo. Objetivo: O presente trabalho tem como objetivo demonstrar que uma criança com deficiência auditiva é capaz de se desenvolver da mesma forma que uma criança considerada normal, desde que seja estimulada da forma correta. Metodologia: A metodologia adotada nesse trabalho terá por base instrumentos e técnicas de investigação de caráter qualitativa, por meio de revisões bibliográficas da história do povo surdo, da cultura surda, das línguas de sinais e da educação especial. Resultados: No Brasil existe cerca de 5,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva e cerca de 95% dos surdos a estrutura familiar é formada por surdos filhos de pais ouvintes. A importância da conscientização de que a criança surda se desenvolve da mesma forma que um ouvinte é importante e possibilita o avanço dessa família. Conclusão: Está análise leva em consideração o projeto ético-político do Serviço Social materializado no Código de Ética do Profissional e demais Leis demostrando que são as barreiras encontradas na sociedade ouvinte que faz com que os surdos tenham atrasos no seu desenvolvimento. Palavras-chave: Surdez. Inclusão. Língua Brasileira de Sinais. RODRIGUES. Mariana Souza de Albuquerque. The INTEGRATION of HEARING IMPAIRED WITHIN SCHOOL: the role of Social Service in front of this demand. 39. Work of Conclusion of Bachelor's degree Course in Social work – Universidade Estácio de Sá, 2018. ABSTRACT Introduction: the importance of the child be introduced to deaf culture and have access to soon sign language in early childhood, as well as a child listener is introduced naturally to your tongue makes all the difference in your cognitive development, on your communication with your parents and family and in your understanding of the world. Objective: this study aims to demonstrate that a child with hearing loss is able to develop in the same way that a child considered normal as long as it is stimulated in the right way. Methodology: the methodology adopted in this work will be based on tools and techniques of qualitative investigation, through bibliographical revision of the history of the deaf, deaf culture, sign language and special education. Results: In Brazil there is about of 5.7 million people with hearing impairments and about 95% of respondents the family structure is formed by deaf children of hearing parents. Awareness of the child's awareness is in the same way that listening is important and enables the advancement of the family. Conclusion: The ethical-political project of Socialized Service in Professional Code of Ethics and other demonstration laws are being developed in series that are like those that refer to the society that causes children to be delayed in their development. Keywords: Deafness. Inclusion. Brazilian sign language LISTA DE ABREVIATURAS OU SIGLAS ABNT CRAS NASF MDS ECA Associação Brasileira de Normas Técnicas Centro de Referencia de Assistência Social Núcleo de Apoio à Saúde da Família Ministério de Desenvolvimento Social Estatuto da Criança e do Adolescente SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11 1 OBJETIVOS ..................................................................................................... 13 2 PERCURSO METODOLÓGICO ....................................................................... 14 3 RESULTADOS ESPERADOS ..........................................................................15 4 LIMITES E DESAFIOS IMPOSTOS AOS DEFICIENTES AUDITIVOS............ 16 4.1 Língua de sinais ................................................................................................ 19 4.2 Cultura Surda .................................................................................................... 20 4.3 A criança surda ................................................................................................. 21 4.4 Educação .......................................................................................................... 24 5 PROCESSO HISTÓRICO DO SERVIÇO SOCIAL: Breves Reflexões Sobre a Atuação do Assistente Social no Contexto da Educação Especial .................. 266 5.1 PROCESSO HISTÓRICO DO SERVIÇO SOCIAL ......................................... 266 5.2 QUESTÃO SOCIAL, POLÍTICA SOCIAL E DIREITOS ................................... 299 5.3 A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL.......................................................................................................... 311 6 CONCLUSÃO ................................................................................................. 377 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 399 ANEXOS ................................................................................................................. 411 11 INTRODUÇÃO Segundo Vygotsky (2007), é a partir das relações sociais que o homem se constitui, ou seja, ele se forma mediante a interação com os outros e essa é a mediada pela linguagem. É por meio dos processos interativos que o aprendizado flui com a maior facilidade e a criança surda se desenvolve em todos os âmbitos como o psicológico, o emocional, o cognitivo e o social. As crianças surdas, assim como as ouvintes, aprendem por meio de brincar, das curiosidades, do contato social, com a família; a aprendizagem também depende da interação delas com o meio e com as pessoas. Nesse sentido Góes (p. 37, 2002) afirma que “o desenvolvimento da criança surda deve ser compreendido como processo social, e suas experiências de linguagem concebidas como instâncias de significação e de mediação nas suas relações como a cultura, nas interações com o outro”. (Silvestre, 2013). A importância da criança filha de pais ouvintes ser integrada à comunidade surda e ter acesso à língua de sinais logo na primeira infância, assim como uma criança ouvinte é introduzida de forma natural, faz toda a diferença no seu desenvolvimento. Se imersa desde pequena na comunidade surda essa criança adquire a língua materna, que no Brasil é a Libras de forma natural e terá facilidade de se integrar a comunidade e cultura do ouvinte, e saberá que também pertence a comunidade e cultura surda. (Silvestre, p. 163, 2013) Fernando Cesar Capovilla, afirma e comprova que a metodologia adequada no processo ensino-aprendizado de um surdo, deve iniciar-se com a LIBRAS. A libras é a língua natural do surdo, reconhecida pela Lei 10.436, de 24 de abril de 2002, e regulamentada pelo decreto 5.626, de 22 de dezembro de 2005, sendo assim um meio de comunicação e expressão dos surdos. Os profissionais envolvidos devem ter a sensibilidade nesse momento de descoberta da deficiência de seu filho. Os profissionais devem acompanha-los até que os mesmos estejam fortalecidos e confiantes para compartilhar do processo educacional e terapêutico. É necessário calma e paciência nas informações fornecidas a eles pois excesso de informações pode gerar confusão. Sabendo da importância dos profissionais em trabalhar com a família do deficiente auditivo, torna-se necessário esclarecer dois procedimentos distintos: 12 orientação e aconselhamento. (Oliveira 2011 p.32) A escolha desse tema surgiu na experiência que tive como estagiaria no Reame, uma organização sem fins lucrativos localizada em SG, onde uma família que era atendida na instituição foi observado que a mãe da criança não participava das atividades elaboradas na instituição e o motivo era pelo fato dessa mãe ser surda e a instituição não ter um intérprete de Libras, que foi solucionado depois com um profissional de intérprete para atende-la. Alguns pontos foram chamando a minha atenção, em uma visita técnica com a intérprete de Libras foi detectado que essa mãe não era alfabetizada em Libras e nem no português escrito e a Língua de sinais que ela utilizava com a filha e sua família na verdade eram sinais criados por eles, pois na entrevista a intérprete ia fazendo os sinais e a filha ia traduzindo pra mãe com os seus próprios sinais. Outra observação é que a mãe era muito dependente da filha, que é ouvinte. Nas atividades de geração de renda que era oferecido para os pais das crianças que eram atendidas no projeto, a filha faltava aula para dá suporte a mãe, pois mesmo com a intérprete a mãe não se sentia segura e era a filha que sempre fazia a leitura e respondia os questionários. Segundo IBGE no senso 2000, o Brasil possui 5,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva ou surdez, sendo que dentre esse número, 4,6 milhões possuem deficiência auditiva e 1,1 milhão são surdas. Outro dado interessante é que quase 1 milhão são crianças e jovens de até 19 anos. Cerca de 95% da estrutura familiar do surdo é formada por surdos filhos de pais ouvintes, o que dificulta essa criança na aquisição da linguagem. Acarretando assim, problemas sociais, emocionais e cognitivos como consequência. (GOLDFELD, 2002 p.45). 13 1 OBJETIVOS Analisar a importância da introdução da Língua Brasileira de Sinais logo na primeira infância com a educação bilíngue visando à garantia do pleno acesso à comunicação, à informação e à educação. A escola deve ser inclusiva e não segregada, deve incluir os surdos e os ouvintes, fazendo com que assim a comunicação entre eles seja de forma natural. Identificar a importância no desenvolvimento da criança quando introduzida desde pequena na sua cultura e nas Línguas de Sinais e a importância do Assistente Social na educação especial 14 2 PERCURSO METODOLÓGICO A análise desse trabalho é baseada na abordagem histórico-dialética, terá por base instrumentos e técnicas de investigação qualitativa de caráter descritiva, por meio de revisão bibliográfica de artigos, reportagens de revistas e jornais online, como também em livros, que apresentam reflexões sobre o tema. Ao iniciar uma pesquisa, pressupõe existir um problema a ser explorado como fonte de informação que contempla o objeto em análise. Para Minayo (2010, p. 18): “Toda investigação se inicia por um problema com uma questão, com uma dúvida ou com uma pergunta, articuladas a conhecimentos anteriores, mas que também podem demandar a criação de novos referenciais” De acordo com Minayo (2001, p. 13): “o objeto das Ciências Sociais é histórico. Isto significa que as sociedades humanas existem num determinado espaço cuja formação social e configuração são específicas”. Segundo ela o presente é marcado pelas ações do passado, que seguramente é projetado para o futuro. Ao se investigar um fato social são coletados dados que aparentemente dão sentido à pesquisa ao se observar comportamentos sociais aparentemente incomuns. Ao ir atrás das informações que fundamentam a pesquisa percebe-se que o fato existe, ou já existia, e a partir dos registros tornar-se-á dados estatísticos e fará parte da história social daquele lugar. Não é apenas o investigador que dá sentido a seu trabalho intelectual, mas os seres humanos, os grupos e as sociedades dão significado e intencionalidade a suas ações e a suas construções, na medida em que as estruturas sociais nada mais são que ações objetivadas. O nível de consciência histórica das. CiênciasSociais está referenciado ao nível de consciência histórica social. (MINAYO, 2001, p. 14) Os diversos sujeitos envolvidos dão sentido a historia e nos permite confrontar ou confirmar fatos e dados do processo histórico. 15 3 RESULTADOS ESPERADOS O resultado principal dessa pesquisa é mostrar, a importância da introdução das Libras na educação infantil ainda na primeira infância dessa criança com deficiência auditiva, com o ensino bilíngue mostrando assim que essa criança é capaz de se desenvolver como qualquer outra criança dita “normal” para a sociedade. Oferecer uma maior visibilidade aos deficientes auditivos, mostrando que é possível levar uma vida normal, com suas adaptações, evidenciando a igualdade de seus direitos e oportunidades educacionais para todos. 16 4 LIMITES E DESAFIOS IMPOSTOS AOS DEFICIENTES AUDITIVOS Um surdo não tem como adquirir a língua falada de forma natural assim como uma criança ouvinte, esse processo é feito através da oralização, com um trabalho sistemático e formal. O oralismo requer muito empenho não só do profissional como também do surdo e mesmo com muito esforço de ambas as partes o surdo não falará como um ouvinte, de modo que só os que convivem como ele conseguirá entendê-lo bem. Não sendo então uma experiência que apresenta um resultado satisfatório. (Quadros, 2008, p. 22). Sacks expressa isso muito bem: “O oralismo e a supressão do Sinal resultaram numa deterioração dramática das conquistas educacionais das crianças surdas e no grau de instrução do surdo em geral. Muitos dos surdos hoje em dia são iletrados funcionais. Um estudo realizado pelo Colégio Gallaudet em 1972 revelou que o nível médio de leitura dos graduados surdos de dezoito anos em escolas secundárias nos Estados Unidos era equivalente apenas à quarta série; outro estudo, efetuado pelo psicólogo britânico R. Conrad, indica uma situação similar na Inglaterra, como os estudantes surdos, por ocasião da graduação, lendo em nível de criança de nove anos (...). (Quadros apud Sacks, 1990, p. 45) Devido às proibições do uso da língua de sinais, através do Congresso Internacional de Educadores Surdos ocorrido em Milão, na Itália, em 1880 as crianças eram deixadas pelos pais em asilos, em regimes de internato e só eram devolvidas para o convívio familiar quando estivesse oralizados, o que geralmente só ocorria no início da fase adulta. No Brasil não é muito diferente, a FENEIS realizou uma pesquisa por profissionais da PUC do Paraná em convênio com o CENESP (Centro Nacional de Educação Especial) publicada em 1986 em Curitiba, constatou- se que o surdo apresenta muitas dificuldades em relação aos pré-requisitos quanto à escolaridade, e 74% não chega a concluir o 1º grau. Segundo FENEIS, o Brasil tem aproximadamente 5% da população surda estudando em universidades e a maioria é incapaz de lidar com o português escrito.” (Apud Quadros, FENEIS, 1995 p. 07) Surge então o bimodalismo, que tem como objetivo ensinar a língua oral para criança surda com o uso da língua de sinais. O ensino bimodal é o português sinalizado que passa a ser a melhor alternativa para o ensino de surdos utilizando simultaneamente a fala e os sinais. (Quadros, 2008, p. 24). Ferreira Brito (1993) “critica o uso do português sinalizado observando a 17 impossibilidade de preservar as estruturas das duas línguas ao mesmo tempo”. (Apud Quadros, 2008, p.25) Essas propostas de ensino prejudicaram muito as comunidades surdas, que ainda hoje no Brasil são utilizadas em algumas escolas. Porém a comunidade surda está despertando e vendo a importância do bilinguismo, do ensino das Libras e o valor que essa língua tem. (Quadros, 2008, p.26) O bilinguismo tem sido apontado como o modelo mais eficiente na educação dos surdos. É oferecida a criança duas línguas, a língua de sinais (LIBRAS) como sua língua materna (L1) e a língua portuguesa como sua segunda língua (L2) em sua forma escrita. (Quadros, 2008, p.27) Segundo Quadros, a língua de sinais é a língua natural adquirida de forma espontânea pela pessoa surda em contato com pessoas que utilizam essa língua e se a língua oral é adquirida de forma sistematizada, então essas pessoas surdas têm o direito de ser ensinadas na língua de sinais. A proposta bilíngue busca captar esse direito. (Quadros, p. 27) A criança nunca irá adquirir o português falado de forma natural e espontânea por falta de audição, para adquirir será necessário um trabalho com profissionais adequados para aquisição dessa língua. Todo ser humano tem um dispositivo de aquisição da linguagem – LAD que precisa ser acionado mediante a experiência linguística, na criança surda brasileira para que esse dispositivo seja acionado ela deve ter acesso o quanto antes a LIBRAS, que será de forma natural e espontânea. A língua de sinais será o meio mais importante de aquisição de conhecimento dessa criança e é a língua que ela deverá usar para se comunicar com outras pessoas em sua comunidade surda. (Quadros, 2008, p.27) Skutnabb-Kangas (1994, p. 152) afirma que: “O nível ótimo de bilinguismo deve ser o objetivo educacional para todas as crianças surdas”. Suas razões para afirmar isso provêm de análises sobre os direitos humanos linguísticos. Tais direitos devem garantir: Que todos os seres humanos têm direito de identificarem-se com uma língua materna(s) e de serem aceitos respeitados por isso; a) Que todos têm o direito de aprender a língua materna(s) completamente, nas suas formas oral (quando fisiologicamente possível) e escrita (pressupondo que a minoria linguística seja educada na sua língua materna); b) Que todos têm o direito de usar sua língua materna em todas as situações oficiais (inclusive na escola); 18 c) Que qualquer mudança que ocorra na língua materna seja voluntária e nunca imposta. (SKUTNABB-KANGAS,1994, P. 152, APUD QUADROS, P 28) Assim como a comunidade ouvinte tem a sua própria cultura, a comunidade surda também tem então uma proposta exclusivamente bilíngue não é viável visto que entre essas duas comunidades têm culturas diferentes. Uma proposta educacional eficiente tem que ser também culturalmente bilíngue, para a criança ter acesso tanto à cultura ouvinista quanto a cultura surda e assim se reconhecer na sua comunidade surda. (Quadros, 2008, p.28) (...) respeitar a pessoa surda e sua condição sociolinguística implica considerar seu desenvolvimento pleno como ser bicultural a fim de que possa dar-se em um processo psicolinguístico normal. (Skliar et al., 1995, p. 16, apud Quadros, p 28) A maioria das crianças surdas são filhas de pais ouvintes e isso as deixa em desvantagens, pois não tem um ambiente que a favoreça no desenvolvimento de sua primeira língua, que seria a LIBRAS no Brasil. Esse é um dos maiores obstáculos para o desenvolvimento psicossocial da criança, pois muita das vezes essa criança não tem contato nem mesmo com um adulto surdo que é importante para o aprendizado de sua língua natural e criação de sua identidade. A criança surda precisa se identificar com um adulto surdo. Quando essa criança só convive com adultos ouvintes ela não tem chances de questionar e obter respostar sobre suas teorias de mundo. Por isso a escola precisa dá essa convivência com adultos surdos a essas crianças. (Quadros, 2008, p.30) Quando essa criança surda vai para escola, elas precisam de um ambiente e de profissionais adequados para a sua realidade e seu desenvolvimento, é de suma importância que essa escola esteja preparada não só para receberem a criança mais também os seus pais. Pois esses pais muitas das vezes estão desesperados por não terem uma criança “saudável” e se veem diante de uma tragédia, quando na verdade eles só precisam entender que uma criança surda é igual a qualquer outra criança, só que vai aprender a se comunicar de uma formadiferente do que a convencional, que é a linguagem visual-espacial. Essa língua, a LIBRAS irá da à oportunidade dessa criança se desenvolver e conhecer o mundo a sua volta como qualquer criança ouvinte. (Quadros, 2008, p.32) É importante que os pais estejam dispostos a aprender sobre a comunidade 19 surda e a Língua de Sinais, para que a comunicação entre pai e filho seja efetiva, adequada e que a interação entre eles seja eficiente. (Quadros, 2008, p.37) A escola deve levar em conta um currículo bilíngue, com conteúdos de uma escola regular, porém especial para o atendimento de uma criança surda. Os conteúdos devem ser trabalhados na língua nativa das crianças, no caso de criança surda brasileira, em Libras e para o português escrito existem duas formas básicas de ensino, que pode ser ensinado somente depois da aquisição da L1 ou pode ser a L2 junto com a L1. Essa escola deve garantir ao aluno surdo tudo que é oferecido ao aluno ouvinte, devem ser passados os mesmos conteúdos. (Quadros, 2008, p.41) 4.1 LÍNGUA DE SINAIS No Brasil há poucos relatos sobre a educação bilíngue. Há algumas publicações brasileiras que merecem ser mencionadas e que abordam o bilinguismo. Ferreira Brito (1993, p. 45-52) apresenta “o bilinguismo como uma abordagem educacional para a integração social”. A autora propõe um bilinguismo diglóssico para surdos, justificando tal proposta através das diferentes situações em que as duas línguas (língua portuguesa e língua de sinais) são usada. Ferreira Brito salienta que a língua de sinais apresenta um papel central no processo educacional, pois essa será usada constantemente durante as aulas. A língua portuguesa será ensinada com ênfase na escrita, considerando que o canal de aprendizagem do surdo é visual. (Apud Quadros, p. 37) Segundo Quadros a língua de sinais apresenta-se numa modalidade diferente da língua oral; são línguas espaço-visuais, ou seja, a realização dessa língua não é estabelecida através do canal oral-auditivo, mas através da visão e da utilização do espaço. A diferença na modalidade determina o uso de mecanismos sintáticos especialmente diferentes dos utilizados nas línguas orais. As línguas de sinais são sistemas linguísticos independentes dos sistemas das línguas orais, desmistificando a concepção “e”. São línguas naturais que se desenvolvem no meio em que vive a comunidade surda. Tal língua é natural, pois surgiu da mesma forma que a língua oral – da necessidade específica e natural dos seres humanos de usarem um sistema linguístico para expressarem ideias, sentimentos e ações. (Quadros, 2008, p. 47) A língua de sinais não é universal, assim como em cada país tem a sua língua oral. No Brasil é a LIBRAS nos Estados Unidos é a ASL. A LIBRAS tem suas variações regionais, assim como na língua oral temos os sotaques na Libras 20 também. (Quadros, 2008, p.47) 4.2 CULTURA SURDA Segundo Karin Strobel (2009 p.21) a humanidade, ao longo do tempo, adquire conhecimentos através da língua, crenças, hábitos, costumes normas de comportamento dentre outras manifestações. Partindo do suposto que cultura é a herança que o grupo social transmite a seus membros através de aprendizagem e de convivência, percebe-se que cada geração e sujeito também contribuem para ampliá-la e modificá-la. A cultura não vem pronta, daí porque ela sempre se modifica e se atualiza, expressando claramente que não surge com o homem sozinho e sim das produções coletivas que decorrem do desenvolvimento cultural experimentado por suas gerações passadas. As pessoas se espantam e se perguntam se os surdos tem cultura, se eles dançam em uma festa, se vivem isolados do mundo, Lane (1992, p. 26) explica que é comum as pessoas deduzirem que os surdos vivem isolados e que para se integrar é preciso adquirir a cultura ouvinte isto é, para viver “normal”, segundo a sociedade é preciso ouvir e falar: Ao imaginar como é a surdez, eu imagino o meu mundo sem som – um pensamento aterrorizador e que se ajusta razoavelmente ao estereotipo que projetamos para os membros da comunidade surda. Apud Karin Strobel. Os surdos só vivem de uma maneira diferente dos ouvintes, mais eles são capazes de fazer tudo que um ouvinte faz, a forma de se comunicar é outra, eles se adaptam ao mundo e levam a vida igual a qualquer outro. A pesquisadora surda Perlin descreve: [...] As identidades surdas são construídas dentro das representações possíveis da cultura surda, elas moldam-se de acordo com o maior ou menor receptividade cultural assumida pelo sujeito. E dentro dessa receptividade cultural, também surge àquela luta política ou consciência oposicional pela qual o indivíduo representa a si mesmo, se defende da homogeneização, dos aspectos que o tornam corpo menos habitável, da sensação de invalidez, de inclusão entre os deficientes, de menos valia social. (KARIN STROBEL APUD PERLIN, 2004, P.77-78) Existem grandes diversidades nas comunidades surdas e cada grupo é diferente de acordo com seus interesses, como religião, profissão, raça e etc. Para os autores americanos, Padden e Humphries (2000, p.5), ‘uma 21 comunidade surda é um grupo de pessoas que vivem num determinado local, partilham os objetivos comuns dos seus membros, e que por diversos meios trabalham no sentido de alcançarem estes objetivos”. Uma comunidade surda pode incluir pessoas que não são elas próprias Surdas, mas que apoiam ativamente os objetivos da comunidade e trabalham em conjunto com as pessoas Surdas para alcançar. (Apud Karin Strobel, 2008, p. 30). O “povo” surdo é alegre. Talvez porque tenha havido muito sofrimento em sua infância. Eles têm prazer em se comunicar e se alegram sempre. Em um pátio de recreação ou em um restaurante, um grupo de surdos que falam é algo incrivelmente vivo. Falamos, falamos, exprimimo-nos às vezes durante horas. Como se tivéssemos uma sede inesgotável de dizer as coisas, das mais superficiais às mais sérias. Os surdos teriam me chamado de “Flor que chora”, caso eu não tivesse tido acesso à sua comunidade linguística. A partir dos sete anos tornei-me falando e luminosa. A língua de sinais era minha luz, meu sol, não pararia mais de me exprimir, aquilo saía, saía, como uma grande abertura em direção à luz. Não conseguia mais parar de falar com as pessoas. Tornei-me “O sol que vem do coração”. Era um belo sinal. (LABORIT, 1994, pg. 54). 4.3 A CRIANÇA SURDA O nascimento de uma criança surda é um acontecimento alegre na existência para a maioria das famílias surdas, pois é uma ocorrência naturalmente benquista pelo povo surdo que não vêem esta criança um “problema social” como ocorre com as maiorias das famílias ouvintes. (KARIN STROBEL, 2008, p. 49). A criança surda quando só tem contato com pessoas ouvintes e não tem acesso às informações criado pela barreira da linguagem criam muitas dúvidas a respeito do seu futuro. Essa criança precisa ter acesso a adultos e a uma comunidade surda, pois somente assim, vendo um adulto surdo ela cria uma referência e suas dúvidas são sanadas, como por exemplo, de que vai morrer ainda criança pelo fato de não conhecer nenhum adulto surdo para que possa se identificar. (KARIN STROBEL, 2008, p. 40). Segundo Wallis, um sueco linguista surdo diz que: Se os surdos têm contato com a língua de sinais desde cedo; assim a criança surda poderia sentir como as outras crianças, fazer perguntas e obter as respostas, ou seja, a curiosidade da criança surda será satisfeita muitas vezes e terá maior acesso as informações. (APUD KARIN STROBEL, 2008, p. 40). É fundamental essa ligação com a comunidade surda e outras pessoas 22 surdas para essa criança ter acesso à informação e construir a sua identidade. A língua portuguesa não será a língua que acionará naturalmente o dispositivo devido, à falta de audição da criança. Essa criança até poderá vir a adquirir essa língua,mas nunca de forma natural e espontânea, como ocorre com a LIBRAS (QUADROS 2008, p. 27). Quando um bebê nasce surdo, a princípio ele desenvolve as mesmas fases de linguagem de um bebê ouvinte, porém com o tempo quando começa os balbucios ele começa a se desenvolver de forma diferente porque não ouve os sons ambientes. Uma criança ouvinte se desenvolve porque o ambiente é favorável pra ela, ela escuta e por isso emite os sons, com a criança surda esse estímulo não acontece. A não ser que essa criança seja filho de pais também surdos porque eles conseguem se comunicar entre si, e com isso não tem defasagem de linguagem e de seus conhecimentos, a criança consegue se desenvolver igual a uma criança ouvinte. Quando a criança é surda e os pais ouvintes, essas crianças apresentam atrasos no seu desenvolvimento e na sua aquisição de linguagem. (Ministério da Educação 2006, p,56) Os sujeitos surdos que têm acesso à língua de sinais e participação da comunidade surda têm maior segurança, autoestima e identidade sadia. Por isso é importante que as crianças surdas convivam com pessoas surdas adultas em quem se identificarem e ter acesso às informações e conhecimentos no seu cotidiano. (KARIN STROBEL, 2008, p.45) Segundo Moura, Lodi e Harrison (apud LACERDA; Karin Strobel): [...] a criança (no contato com modelos surdos adultos) não apenas terá assegurado a aquisição e desenvolvimento de linguagem, como (também) a integração de um autoconhecimento positivo. Ela terá a possibilidade de desenvolver sua identidade como uma representação de integridade, não como a de falta ou de deficiência [...] podendo se perceber como capaz e passível de vir a ser. Ela não terá de ir atrás de uma identidade que ela nunca consegue alcançar: a de ouvinte. (apud LACERDA; Karin Strobel, 2000, p. 68). Está situação abaixo é de uma família com todos os membros surdos que moram em São Paulo, a filha depõe a sua experiência sobre o fato de achar que crianças ouvintes que é deficiente: Quando criança achava que o mundo era deficiente, em oposição à sua 23 própria casa, onde todos eram normais. Sendo a Libras a sua língua materna, na rua, ficava com dó das outras crianças, pois elas não falavam com as mãos. Os pais lhe diziam: não falam com as mãos porque ouvem (apontavam para o ouvido), mas Sueli achava que (como é comum criança com surdez profunda) que ouvido não tinha função a não ser a de pendurar o brinco, pois o surdo profundo não entende o conceito de som, sendo que apenas sente vibrações. Ensinava às amigas o alfabeto de sinais, para poderem se entender. Assim aprendeu que todas as coisas têm nome (para os surdos, todas as coisas têm um sinal, ou nome gestual). (SUELI RAMALHO, 2008) Apud Karin Strobel p. 54 Em famílias ouvintes, as crianças surdas observam as conversas e discussões que não são direcionadas a elas. Igualmente, Léo Jacobs descreve na sua autobiografia, detalhadamente, o sentimento cometido neste isolamento das crianças surdas com famílias ouvintes, dentro da sua própria casa, devido às barreiras de comunicação: Você é deixado de fora nas conversas à mesa de jantar. Isso é chamado de isolamento mental. Enquanto todo mundo conversa e ri, você está tão longe quanto um árabe solitário no deserto que se estende por todo o horizonte. [...] Você anseia por conexão. Sufoca por dentro, mas não consegue falar a ninguém sobre esse sentimento horrível. Não sabe como fazê-lo. Tem a impressão de que ninguém compreende ou se importa. [...] Não lhe é concedida nem ao menos a ilusão de participação. [...] (SACKS, 1989, p. 102) A autora surda Laboritt (1994, p. 42) também expressa esse sentimento: Os adultos que ouvem e que privam os filhos da língua gestual nunca conseguirão compreender o que se passa na cabeça de uma criança surda. Há a solidão e a resistência, a sede de se comunicar e por vezes a irá. A exclusão da família, em casa, onde toda a gente fala sem se preocupar com conosco. Porque é preciso perguntar todo o tempo, puxar alguém pela manga ou pelo vestido para saber um pouco, um bocadinho do que se passa à nossa volta. Senão, a vida, é mais do que um filme mudo, sem legendas. Por isso a importância da família dessa criança se inteirar sobre a condição do seu filho e procurar aprender se informar e se aprofundar sobre a comunidade surda para assim passar toda a informação necessária para essa criança. Isso também pode acontecer nos casos em que a maioria dos membros da família são surdos e nasce um ouvinte. Vejamos o exemplo em um trecho de uma reportagem sobre uma família toda surda com um membro ouvinte: [...] Sueli 24 Ramalho Segala, 43 anos. Surda, ela não sofreu com o preconceito na gravidez. Seus conflitos começaram quando Felipe nasceu. Toda a sua família é surda e ele foi o primeiro ouvinte depois de três gerações. Apesar de o pai não ser deficiente, durante o pré-natal o médico afirmou que a chance de o bebe nascer surdo era de 95%. “Foi uma surpresa quando percebemos que ele escutava. Perguntei a minha mãe como eu cuidaria dele”, conta. Quando o garoto fez 2 anos, o casal se separou. Sueli e Felipe foram morar com os pais e o irmão dela. Assim, o menino cresceu em meio a Língua Brasileira de Sinais e a cultura surda. “A primeira palavra que falou foi em sinais: mamadeira. Em português falado, ele chamou o pai. Compreendeu desde pequeno como era a nossa comunicação.” [...] Felipe faz bicos como intérprete da Libras unindo dois mundos com línguas e culturas diferentes. (PERRI, acesso em: 29 jan. 2008) apud Karin Strobel p. 52 4.4 EDUCAÇÃO Na Constituição da República Federativa do Brasil de 1998 diz, A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, Constituição Federal de 1988). O papel do assistente social é garantir que todas tenham acesso à educação independente de suas limitações, pois a educação é direito de todos. Na declaração de Salamanca (1994) diz que: “as escolas regulares com orientação para a educação inclusiva são o meio mais eficaz no combate às atitudes discriminatórias, propiciando condições para o desenvolvimento de comunidades integradas, base da construção da sociedade inclusiva e obtenção de uma real educação para todos”. A declaração de Salamanca é considerada um dos principais documentos mundiais que visam a inclusão social. No decreto 5626 de 22 de dezembro de 2005 no capítulo VI, art. 22 inciso I e II, diz que: As instituições federais de ensino responsáveis pela educação básica devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva, por meio da organização de: 25 I – escolas e classes de educação bilíngue, abertas a alunos surdos e ouvintes, com professores bilíngues, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental; II – Escolas bilíngues ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas a alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino médio ou educação profissional, com docentes das diferentes áreas de conhecimento, cientes da singularidade linguística dos alunos, bem como a presença de tradutores e intérpretes de Libras – Língua Portuguesa. Segundo Sassaki (1999), inclusão é o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir em seu contexto as pessoas com necessidades especiais, na educação, as escolas comuns devem adaptar-se à diversidade dos seus alunos. 26 5 PROCESSO HISTÓRICO DO SERVIÇO SOCIAL: BREVES REFLEXÕES SOBRE A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL 5.1 PROCESSO HISTÓRICO DO SERVIÇO SOCIAL Ao falarmos sobre o processo histórico de formação do Serviço Social deve-se voltar a atenção parao contexto político e econômico em que o país vivencia. A partir da emergência do processo de industrialização, a partir da década de 1930, aqui no Brasil, destacam - se, elementos importantes que foram determinantes no curso da História, tendo por base a política econômica e social. (IAMAMOTO, 2011; NETTO, 2011) Em meio à uma sociedade urbano – industrial, da década de 1930, é que emerge a profissão do Serviço Social, no interior do desenvolvimento do modo de produção capitalista, marcado por conflitos de classes , pelo aumento do migração do trabalhadores em busca de melhores condições de vida, onde se intensifica as lutas sociais contra o massivo processo de exploração do trabalho e em defesa da cidadania. (IAMAMOTO, 2011; NETTO, 2011) Como aponta Martinelli (1997, p. 29) “o capital é uma relação social e o capitalismo um determinado modo de produção, marcado não apenas pela troca monetária, mas essencialmente pela dominação do processo de produção pelo capital.” Esse processo de expansão do capital e exploração do trabalho são “determinantes do aparecimento de uma nova classe constituída pelos que nada tinham, exceto a força de trabalho”, ou seja, que possui apenas sua força de trabalho para venda que para sua subsistência. Assim, Iamamoto e Carvalho relatam apontam que: A implantação do Serviço Social não é [...] um processo isolado. Relaciona- se diretamente às profundas transformações econômicas e sociais [...]. Seu surgimento se dá no seio do bloco católico, que manterá por um período relativamente longo um quase monopólio de formação dos agentes sociais especializados, tanto a partir de sua própria base social, como de sua doutrina e ideologia. O Serviço Social não só se origina do interior do bloco católico, como se desenvolve no momento em que a igreja se mobiliza para a recuperação e defesa de seus interesses e privilégios corporativos, e para a reafirmação de sua influência normativa na sociedade. [...].O Serviço Social começa a surgir como um “departamento” especializado da Ação 27 Social e da Ação Católica, num momento extremamente importante para a definição do papel da Igreja dentro das novas características que progressivamente vai assumindo a sociedade brasileira. (IAMAMOTO, 1998, p. 213) Vale ressaltar que a Igreja Católica teve grande influência na formação do Serviço Social, marcando a configuração e o caráter conservador da atuação dos primeiros Assistentes Sociais. A implementação do Serviço Social está relacionada às transformações econômicas e sociais pelas quais a sociedade brasileira é atravessada. Seu surgimento se dá através da igreja católica, que terá o monopólio da formação de agentes sociais especializados por um bom tempo. (IAMAMOTO E CARVALHO 2009 p. 213) Segundo Iamamoto (2004) A partir das grandes mobilizações da classe operária nas duas primeiras décadas do século, o debate sobre a “questão social” atravessa toda a sociedade e obriga o Estado, as frações dominantes e a Igreja a se posicionarem diante dela. (IAMAMOTO 2009 p. 18) O Serviço Social como profissão se implementa a partir do decorrer desse processo histórico. Possui em seu inicio uma base social bem delimitada e fontes de recrutamento e formação de agentes sociais informados por uma ideologia igualmente determinada. (IAMAMOTO E CARVALHO 2009 p. 27) O Serviço Social no Brasil surgiu nas décadas de 1930 e 1940. Foram dois processos relacionados que geraram as condições sócio-históricas necessárias para que a profissão iniciasse seu percurso histórico. O primeiro processo é o redimensionamento do Estado brasileiro, onde Netto (2009) concorda com o entendimento de que o Estado intervém no processo econômico desde a ascensão da burguesia, mas, é no capitalismo monopolista, que essa intervenção muda estrutural e funcionalmente. Para o autor “[...] no capitalismo monopolista, as funções políticas do Estado imbricam-se organicamente com as suas funções econômicas” (NETTO, 2009, p. 25). Apud 4 simpósio brasileiro, p. 3 O segundo processo está vinculado à busca pela recuperação da hegemonia ideológica da Igreja Católica, através do fortalecimento da Ação Católica Brasileira (ACB). (4 simpósio brasileiro, p. 3) Como profissão inscrita na divisão do trabalho, o Serviço Social surge como parte de um movimento social mais amplo, de bases confessionais, articulado à necessidade de formação doutrinária e social do laicato, para 28 uma presença mais ativa da Igreja Católica no ‘mundo temporal’, nos inícios da década de 30. Na tentativa de recuperar áreas de influências e privilégios perdidos, em face da crescente secularização da sociedade e das tensões presentes nas relações entre Igreja e Estado, a Igreja procura superar a postura contemplativa (IAMAMOTO, 2004, p. 18). Temos como destaque o surgimento de duas instituições assistências uma que surgiu em 1920 no Rio de Janeiro, a Associação das Senhoras Brasileiras e outra em São Paulo em 1923, que foi a Liga das Senhoras Católicas. Essas instituições visam atender demandas do processo de desenvolvimento capitalista e essas ações podem ser consideradas como o nascimento do Serviço Social que a partir da década seguinte permitirão a expansão da Ação Social e o surgimento das primeiras escolas de Serviço Social. (4 simpósio brasileiro, p. 4). Em 1940 é introduzido na Escola de enfermagem Ana Nery um curso de preparação em Trabalho Social, este curso que dará origem à Escola de Serviço Social da Universidade do Brasil. (IAMAMOTO E CARVALHO 2009 p. 185) Em São Paulo surgiu o CEAS, que foi a partir de um grupo de estudos de moças religiosas de Santo Agostinho, em 1932 o CEAS enviou para a Bélgica duas das fundadoras com o objetivo de que elas estudassem a organização e ensino do Serviço Social. Deste modo em 1936 foi fundada a primeira escola do país, a escola de Serviço Social em São Paulo que se voltaria mais para o operariado, família e preparação da mulher para o trabalho feminino e em 1937 no Rio de Janeiro foi fundado o Instituto Social que denotam uma influência mais marcadamente francesa é voltado para o trabalho junto a família, prevenção e saúde, apesar de ambas as escolas terem por preocupação central a formação moral de seu Corpo Discente. Essas experiências foram fundamentais para o desenvolvimento do Serviço Social brasileiro e influenciar o surgimento de outras escolas por todo o país. (IAMAMOTO E CARVALHO 2009 p. 227) Diante do clima repressivo e autoritário, os Assistentes Sociais refugiam-se, cada vez mais, em uma discussão dos elementos que supostamente conferem um perfil peculiar à profissão: objeto, objetivos, métodos e procedimentos de intervenção, enfatizando a metodologia profissional. (Iamamoto, 2004, p. 33) Em meados dos anos 60 do século XX, surge o Movimento de Reconceituação na América Latina, que é considerado “um marco decisivo do processo de revisão crítica do Serviço Social no continente”. (4 simpósio brasileiro,2008 p. 8) 29 A partir do golpe de 64 o Serviço Social passa por um processo de renovação apresentando três direções profissionais. São elas: a perspectiva modernizadora, reatualização do conservadorismo – ou fenomenologia – e a intenção de ruptura. A renovação do Serviço Social é, portanto, fruto de um processo histórico que possibilita o pluralismo no seio do Serviço Social, ao encontrarmos a diversidade no que diz respeito às maneiras de enfrentar a realidade social, de compreender a questão social e o próprio Serviço Social. Diversidade teórico-metodológica, ético- política e técnico-operativa na profissão: do modo de pensar, fazer e escolher (CARDOSO, 2013, p. 135) apud (4 simpósio brasileiro, 2008 p. 9). A primeira expressão que é a modernizadora se configura em agrupar novas bases técnicas e científicas ao fazer profissional, sem, no entanto,romper com as bases do surgimento da profissão. (4 simpósio brasileiro, p. 9) O Conservadorismo é aquele que recupera os elementos mais tradicionais da profissão, retomando a vinculação com a doutrina social da Igreja e a ênfase numa intervenção profissional microscópica, com ênfase na centralidade da pessoa e na ação por meio da ajuda psicossocial. (4 simpósio brasileiro, p. 9) A última que é a intenção de ruptura que está vinculada a uma “crítica sistemática do desempenho ‘tradicional’ e aos seus suportes teóricos, metodológicos e ideológicos.” (NETTO, 2010). Comprometido com uma proposta alternativa ao projeto hegemônico capitalista, o Serviço Social, na sua vertente critica, associa-se a grupos sociais e partidos políticos que partilham do mesmo desejo de transformação societária. A profissão adota como dimensão teórico-metodológica, o marxismo, e se coloca eticamente favorável à ideia de emancipação humana. (4 simpósio brasileiro, 2008 p. 10) A década de 1980 é marcada com um período de maioridade intelectual do Serviço Social, com uma perspectiva ontológica original de Marx. Assim, o Serviço Social rompe – ou se propõe a romper – com o conservadorismo tradicional e elabora um aparato jurídico, normativo e político alinhado a esta nova fase profissional. (4 simpósio brasileiro,2008 p. 11) 5.2 QUESTÃO SOCIAL, POLÍTICA SOCIAL E DIREITOS O serviço Social pode contribuir com a inclusão da pessoa com deficiência na escola, primeiro por ser competência deste profissional, elaborar, implementar, 30 executar e avaliar as políticas sociais, encaminhar providências e prestar orientação social a indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento a defesa de seus direitos (Art. 4º da Lei de Regulamentação da Profissão, nº 8662/93) apud (A educação inclusiva como objeto de intervenção do assistente social). Na Constituição Federal de 1988 diz que a educação é direito de todos e dever do Estado. Está Constituição garante também garante às pessoas com deficiência, o direito a igualdade sem discriminações; o direito ao trabalho; o direito à assistência social, à saúde, independente de contribuição à Previdência Social; o direito à integração na vida comunitária; o direito a um benéfico mensal para a pessoa que comprove não possuir meios para sua manutenção; o direito ao atendimento educacional especializado. A Declaração de Salamanca (1994) onde reafirmam o compromisso para uma Educação para Todos abordando princípios, políticas e práticas na área das necessidades de Educação Especial. O direito de cada criança a educação é proclamado na Declaração Universal de Direitos Humanos e foi fortemente reconfirmado pela Declaração Mundial sobre Educação para Todos. Qualquer pessoa portadora de deficiência tem o direito de expressar seus desejos com relação à sua educação, tanto quanto estes possam ser realizados. Pais possuem o direito inerente de serem consultados sobre a forma de educação mais apropriada às necessidades, circunstâncias e aspirações de suas crianças. (SALAMANCA, 1994 P. 34) A educação especial só é reconhecida como política de educação com a Lei de Diretrizes e Bases (Lei nº 9394/96) onde passa a ser de responsabilidade dos estabelecimentos regulares de educação promover a inclusão das pessoas com deficiência. As escolas de redes públicas devem promover condições necessárias para receber esses alunos para a educação especial. Em 2003, o Ministério da Educação cria o Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade, visando transformar os sistemas de ensino em sistemas educacionais inclusivos, que promovam um amplo processo de formação de gestores e educadores nos municípios brasileiros para a garantia do direito ao acesso de todos à escolarização, à organização do atendimento educacional especializado e à promoção da acessibilidade. (A educação inclusiva como objeto de intervenção do assistente social). 31 Dessa forma, a educação inclusiva propõe que pessoas com deficiência se efetivem enquanto ser de direitos e deveres, assim como todos nesse cotidiano escolar regular. (ALMEIDA, 2000. P. 45) O Assistente Social pode desenvolver vários projetos de acordo com a necessidade especifica do local e de um determinado grupo, por exemplo, projetos para portadores de necessidades educativas especiais, onde algum dele precisa de um transporte especial, prótese, cadeira de rodas, intérprete de Libras dentre outros serviços da rede de assistência. (LIMA, M.T; GOMES, A. K. S. 2006 p. 32) Nessa instância, o Serviço Social poderá trabalhar diretamente com as organizações existentes, tais como Programas Sociais de Apoio a Famílias, Programas de Educação Complementar e Conselhos Tutelares, conforme indicado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. (CFESS). 5.3 A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL Falar da relação do Assistente Social com a educação especial é caminhar pela via de garantia de direitos, do compromisso deste com a democratização do acesso aos direitos, promovendo a articulação entre o Estado e a sociedade civil. Nesse contexto de viabilização de direitos e articulação entre a sociedade e Ente Estatal o profissional de Serviço Social necessita externalizar um olhar crítico como investigativo tendo em mente que a realidade social é dialética, visando fugir do determinismo da demanda emergencial já posta pelo cotidiano, e ao mesmo tempo tornando-se também um profissional propositivo. Apoiada nas reflexões de Iamamoto (2001) um profissional propositivo é um profissional que deve estar em constante processo de aprendizagem, comprometido com a sua atualização conectado as mudanças que ocorrem no campo social contemporâneo. Vale ressaltar que a ação profissional deve estar pautada em estratégias teórico - práticas no âmbito das políticas assistenciais que traz rebatimento direto ao processo organizativo das camadas populares (SPOSATI, 2003). O papel do Serviço Social inserido na educação visa subsidiar ações que aponte para a promoção da educação, no processo de inclusão social tendo por base a cidadania e emancipação dos sujeitos sociais, promovendo a possibilidade da emergência de cidadãos conscientes e sujeitos de direitos, protagonistas de sua 32 própria historia. O profissional de Serviço Social que está na educação busca promover a educação com atitudes que objetivem a inclusão social, garantindo assim a cidadania e emancipação dos sujeitos sociais.( Serviço social na educação inclusiva 2014 p. 1) . A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional diz que em seu Art. 3º que o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX - garantia de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extra-escolar; XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. XII - consideração com a diversidade étnico-racial. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida. (Incluído pela Lei nº 13.632, de 2018) Em seu Art. 58, a LDB apresenta a definição de educação especial a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, paraeducandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. § 3º A oferta de educação especial, nos termos do caput deste artigo, tem http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13632.htm#art1 33 início na educação infantil e estende-se ao longo da vida, observados o inciso III do art. 4º e o parágrafo único do art. 60 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.632, de 2018) Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. A contribuição do Serviço Social consiste em identificar os fatores sociais, culturais e econômicos que determinam os processos que mais afligem o campo educacional no atual contexto, tais como: evasão escolar, o baixo rendimento escolar, atitudes e comportamentos agressivos, de risco, etc. (CFESS, 2001, p. 12) O Assistente Social tem como propósito possibilitar os encaminhamentos necessários aos serviços sociais e assistenciais, contribuindo assim para a permanência do direita a educação e inclusão. (Serviço social na educação inclusiva 2014 p. 5). A educação de pessoas com deficiência na educação geral no Brasil vem sendo implementada há pouco tempo. http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13632.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13632.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 34 A ideia de integração surgiu para derrubar a prática da exclusão social a que foram submetidas as pessoas deficientes por vários séculos. A exclusão ocorria em seu sentido total, ou seja, as pessoas portadoras de deficiência eram excluídas da sociedade para qualquer atividade porque antigamente elas eram consideradas inválidas, sem utilidade para a sociedade e incapazes para trabalhar, características estas atribuídas indistintamente a todos que tivesses alguma deficiência. (SASSAKI, 1999 p.29 ) Ney Luiz Teixeira de Almeida observa e destaca a importância do Serviço Social na Educação, por ser tratar de uma profissão que tem em seu projeto ético- político-profissional princípios fundamentais e intransigentes a defesa dos direitos humanos, em destaque para as minorias, e aí estão inseridas as pessoas com deficiência. (LIMA, M.T; GOMES, A. K. S. 1998 P. 21) Eleni de Melo Silva Lopes afirma que a atuação interdisciplinar dos assistentes sociais pode contribuir com a resolução de problemas socioeducacionais, além de atuar na escola como articulador de diversas políticas, e nessa perspectiva atuaria com as políticas que estão relacionadas as pessoas com deficiência. (LIMA, M.T; GOMES, A. K. S. 1998 p. 21) O Serviço Social no âmbito educacional tem a possibilidade de contribuir com a realização de diagnósticos sociais, as causas dos problemas sociais indicando possíveis alterações à problemática social vivida por muitas crianças e adolescentes, o que refletirá na melhoria das suas condições de enfrentamento da vida escolar de forma a saná-la ou atenuá-las. (CFESS 2009 p. 65) Outra contribuição do Assistente Social na escola está no devido encaminhamento dos alunos que apresentam alguma dificuldade financeira ou de cuidados especiais, para os serviços assistenciais e sociais para que esse aluno tenha garantido o seu direito à educação. Atuando assim, no processo de inclusão social dessas crianças e adolescentes. (LIMA, M.T; GOMES, A. K. S. 1998 p 32) A escola só se tornará uma escola inclusiva quando garantir a universalidade e a qualidade de seu atendimento. A escola enquanto equipamento social precisa estar atenta para as mais diferentes formas de manifestação de exclusão que possa estar ocorrendo, desde questões como a violência, atitudes discriminatórias (de etnia, de gênero, de sexo, de classe social, etc.). (CFESS, 2009 p. 43) O Assistente Social tem o efeito de minimizar as desigualdades sociais nas escolas, tendo nesse ambiente inúmeras atuações na questão social. Cabe ao Serviço Social Escolar desenvolver atividades técnicas profissionais, 35 através de profissionais assistentes sociais habilitados ao exercício da profissão, desempenhando dentre outros as seguintes funções: - Pesquisa de natureza sócio-econômica e familiar para caracterização da população escolar; - Elaboração e execução de programas de orientação sócio-familiar, visando prevenir evasão escolar e melhorar o desempenho e rendimento do aluno e sua formação para o exercício a cidadania; - Participação, em equipe multidisciplinar, na elaboração de programas que visem prevenir a violência, o uso de drogas e o alcoolismo, bem como que visem prestar esclarecimentos e informações sobre doenças infecto-contagiosas e demais questões de saúde publica; - Articulação com instituições públicas, privadas, assistenciais e organizações comunitárias locais, com vistas ao encaminhamento de pais e alunos para atendimento de suas necessidades; - Realização de visitas sociais com o objetivo de ampliar o conhecimento acerca da realidade sócio-familiar do aluno, de forma a possibilitar assisti-lo e encaminha-lo adequadamente; - Elaboração desenvolvimento de programas específicos nas escolas onde existam classes especiais; - Empreender e executar as demais atividades pertinentes ao Serviço Social, previstas pelos artigos 4º e 5º da Lei 8662/93, não especificadas acima. (CFESS 2009 p 32) Universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados. (BRASIL, 2014, p. 24). Nesse sentido, quando paramos para analisar inserção do Assistente Social em âmbito escolar, faz-se necessário compreender que esses profissionais em articulação com os demais educadores, tornam - se sujeitos que compartilham de limites e desafios semelhantes, o torna a escola um espaço de enfrentamentos das demandas emergentes. (AMARO, 1997)De acordo com CFESS (2001) faz-se necessário o debate no que tange a 36 inserção do Serviço Social na educação. Isso significa uma contribuição para a garantia dos direitos, incidindo sobre a realidade social dos alunos, visando a busca de alternativas as contradições sociais que emergem no âmbito escolar. A contribuição do Serviço Social consiste em identificar os fatores sociais, culturais e econômicos que determinam os processos que mais afligem o campo educacional no atual contexto, tais como: evasão escolar, o baixo rendimento escolar, atitudes e comportamentos agressivos, de risco, etc. Estas constituem-se em questões de grande complexidade e que precisam necessariamente de intervenção conjunta, seja por diferentes profissionais (Educadores, Assistente Sociais, Psicólogos, dentre outros), pela família e dirigentes governamentais, possibilitando consequentemente uma ação mais efetiva. (CFESS, 2001, p. 12). Nesse contexto desenhado até então, entende-se por educação inclusiva o envolvimento dos alunos, educadores e demais profissionais, propondo alternativas que visem à socialização da pessoa com deficiência, visando a produção de autonomia. (MARGAREZI, 2012). Assim, Nessa perspectiva, ampliar-se-ia o conceito de educação inclusiva, de modo que todo aluno seria considerado capaz de aprender, por meio de seu tempo de aprendizagem, suas particularidades seriam levadas em consideração na elaboração do programa de aula. (MARGAREZI, 2012, p. 18). Aponta-se que o ambiente escolar tem um papel fundamental no processo de “aceitação social” desses alunos, tendo por base a superação do preconceito, da discriminação que destinado às pessoas com deficiência em geral. 37 6 CONCLUSÃO O presente trabalho retrata da importância da criança surda a ter acesso a Língua de Sinais Brasileira logo na primeira infância, o estudo foi baseado em autores renomados tanto ouvintes quanto autores surdos, que mostram que o bilinguismo é a melhor opção, foi dado ênfase que se a criança surda recebe os estímulos corretos e é introduzida na cultura surda ela terá o mesmo desenvolvimento que uma criança ouvinte. O trabalho mostra que uma criança surda que nasce em uma família de ouvintes acaba não tenho um desenvolvimento adequado porque os pais tentam “curar” ou “corrigir” o problema e acaba não oferecendo ao filho outra forma de se comunicar que no caso é com as mãos utilizando as Libras, que é tão eficiente quanto os que utilizam a forma oral de se comunicar. O Assistente Social atua nas diversas formas da expressão da questão social. A importância desse profissional de conhecer as particularidades desses usuários surdos para que assim possa intervir de forma eficiente na garantia de direitos para que chegue até essa criança um ensino de qualidade e com as adaptações necessárias é fundamental. Informar aos pais sobre os direitos do filho e encaminha- lo para profissionais que os ajudem na interação e criação de vínculos faz a diferença nessa família, não é fácil para nenhuma das partes, nem para a criança que acaba tendo os seus direitos e deveres obstruídos pelo fato dos pais muitas das vezes não conhecerem uma outra forma de comunicação e para os pais é difícil pois muitos acabam tendo os seus sonhos “frustrados” por não ter tido uma criança “perfeita”. É necessário um trabalho da família e dos profissionais envolvidos para passar por essa fase de adaptação da melhor maneira possível. Esse trabalho tem por objetivo mostrar que, o povo surdo possui força e coragem para enfrentar os desafios que lhe são postos, mas precisam que o povo ouvinte o respeite. Qualquer que seja o nível linguístico de um surdo/a, seu grau de escolaridade ou sua profissão, antes de tudo, eles/as são humanos, são cidadãos/ãs brasileiros/as com direitos e deveres iguais a todos/as. E, aqueles/as que se encontrem em situação de desrespeito aos seus direitos e/ou de vulnerabilidade social devem encontrar, nos serviços que buscarem, assistentes sociais capacitados/as técnica, ética e politicamente para atendê-los com respeito, dignidade e qualidade. (BARROS, J; HORA, M p. 98). 38 Diante de todas as argumentações tecidas aponta-se que houve um avanço considerável no tratamento a pessoa com deficiência, embora a discriminação e a divulgação de um estereótipo, um modelo padrão que se apresenta como limitação ao avanço dos direitos da pessoa com deficiência. Alvo de violência esses indivíduos em articulação com as famílias buscam seus direitos, seu espaço na sociedade, nas relações sociais cotidiana. Embora o avanço tecnológico tenha trazido maior ênfase nas discussões acerca da pessoa com deficiência, temos muito que avançar em direção da efetiva garantia de direitos. Diante desses desafios, limites e questionamentos está o Serviço Social, profissão interventiva, lutando frente às demandas da classe trabalhadora, buscando representatividade e autonomia do público em questão. A inserção do Assistente Social no âmbito da educação ainda se apresenta como desafio, o que propicia a limitação para que as pessoas com deficiência tenha acesso pleno aos seus direitos. Sabemos que nem todas as escolas dispõe de um profissional em sua equipe técnica o que faz emergir a precariedade do acesso aos direitos, à informação. Vale ressaltar que esses desafios, fragilidade não afeta apenas as instituições, como também os familiares que em muitos casos não sabem como lidar com as demandas diversas que cercam a pessoa com deficiência. O processo de inclusão ainda se apresenta como excludente. Nos relatos das famílias pode-se apontar tanto os pais como os professores que as escolas regulares de ensino não estão preparadas para lidarem com a pessoa com deficiência, nesse caso com ênfase a questão da surdez. Todo esse contexto desenhado aponta para a necessidade de ações, políticas públicas que visem maior integração desses indivíduos na sociedade em geral, buscando a produção de autonomia e emancipação humana. Sabemos que toda essa articulação não é uma tarefa fácil, porém realizável. 39 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Paulo Nunes. Educação lúdica, técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola, 2000. BARROS, J; HORA, M. Pessoas Surdas: Direitos, Políticas Sociais e Serviço Social. Universidade Federal de Pernambuco. Recife 2009. BRASIL. Ministério da Educação. Planejando a Próxima Década: Conhecendo as 20 Metas do Plano Nacional de Educação. 2014. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. BRASIL. Lei nº 9394/96 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. BRASIL. Lei 10.436, 24 de abril de 2002. Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. Brasília, abril de 2002. CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL - CFESS – Serviço Social na Educação. Brasília, DF, setembro de 2001. DECLARAÇÃO DE SALAMANCA Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. Brasília, 1994. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf IBGE. Desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 27 de abril de 2018. IAMAMOTO, Marilda, V. Renovação e Conservadorismo No Serviço Social Ensaios Críticos. 7 ed. – São Paulo: Cortez, 2004. IAMAMOTO, Marilda V. O Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 3 ed. São Paulo: Cortez 2000. IAMAMOTO M.; CARVALHO, R. De. Relaçõessociais e Serviço Social no Brasil: esboço uma interpretação histórico-metodológica. 19. ed. São Paulo/Lima: Cortez/ Celats, 2006. LABORIT, Emmanuelle. O grito da gaivota. 2ª ed. Lisboa: Caminha, SA, 2000 LIMA, M.T; GOMES, A. K. S. A EDUCAÇÃO INCLUSIVA COMO OBJETO DE INTERVENÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL. Universidade Federal Rural do Semi- Árido. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.394-1996?OpenDocument http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf 40 MAIA, S. R. . Deficiência Auditiva / Surdez. 2007. (Curso de curta duração ministrado/Outra). http://www.ginead.com.br/area/20/inclusao-social MINAYO, Maria. C. S. Ciência, técnica e arte: o desafio da pesquisa social. In: MINAYO, Maria. C. S (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL. Saberes e Práticas da Inclusão. Brasília: 2006 QUADROS, Ronice. M. de. Educação de Surdos: A aquisição da linguagem. Porto Alegre: Artmed, 2008. SACKS, Oliver. Vendo Vozes: Uma viagem ao mundo dos Surdos. Ed. Schwarcz LTDA, 2009. SASSAKI, Romeu, K. Inclusão Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1999. SILVESTRE, C.O (Jan/Abri de 2013). A interação entre crianças surdas no contexto de uma escola de Educação Infantil. Acesso em 17 de setembro de 2018, disponível em Revista Educação Especial: www.ufsm.br/revistaeducacaoespecial SILVA, A; SILVA, D; JUNIOR, L. O Serviço Social no Brasil: Das Origens à Renovação ou “fim” do “início”. In: 4º SIMPÓSIO MINEIRO DE ASSISTENTES SOCIAIS STROBEL, Karin. As Imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2008. http://www.ginead.com.br/area/20/inclusao-social http://www.ufsm.br/revistaeducacaoespecial 41 7 ANEXOS ROTEIRO DE PARECER PARA BANCA EXAMINADORA UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ Curso de Serviço Social NOME COMPLETO DO DISCENTE: MARIANA SOUZA DE ALBUQUERQUE RODRIGUES TÍTULO DO TRABALHO AVALIADO: A INSERÇÃO DOS DEFICIENTES AUDITIVOS NO ÂMBITO ESCOLAR: O Papel do Serviço Social Frente à Essa Demanda NOME DO MEMBRO DA BANCA EXAMINADORA: Professoras: Adriana Aparecida Ferreira, Dra. Vânia C. S. Caran e Taciana Lopes Bertholino. Apresentação Escrita: 1. Possui resumo ( ) Sim ( ) Não 2. Introdução possui : Objeto ( ) Sim ( ) Não Objetivos ( ) Sim ( ) Não Justificativa ( ) Sim ( ) Não Metodologia ( ) Sim ( )Não Apresentação dos Capítulos ( ) Sim ( ) Não 3. Desenvolvimento Relevância do estudo ( )Sim ( ) Não ( ) Parcial Apropriação dos autores ( )Sim ( ) Não ( ) Parcial Coerência com o objeto ( )Sim ( )Não ( ) Parcial Utilização das referências ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcial Pertinência com as referências bibliográficas ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcial Originalidade na escrita ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcial ABNT ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcial 4.Considerações Finais Atingiu os objetivos: ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcial Resultado: A Banca Examinadora, após o exame da Defesa da Monografia e arguição do aluno(a), decidiu por ( ) Trabalho REPROVADO, com parecer em anexo. ( ) Trabalho APROVADO, atribuindo grau ________ . Assinatura do membro da banca examinadora _____________________________________ 42 43 agradecimentos LISTA DE ABREVIATURAS OU SIGLAS SUMÁRIO INTRODUÇÃO 1 OBJETIVOS 2 PERCURSO METODOLÓGICO 3 RESULTADOS ESPERADOS 4 LIMITES E DESAFIOS IMPOSTOS AOS DEFICIENTES AUDITIVOS 4.1 Língua de sinais 4.2 Cultura Surda 4.3 A criança surda 4.4 Educação 5 PROCESSO HISTÓRICO DO SERVIÇO SOCIAL: breves reflexões sobre a atuação do assistente social no contexto da educação especial 5.1 Processo Histórico do Serviço social 5.2 Questão social, política social e direitos 5.3 A atuação do assistente social no contexto da educação especial 6 CONCLUSÃO REFERÊNCIAS 7 ANEXOS
Compartilhar