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Direito Administrativo p/ PC-MA (Delegado) Com videoaulas - Pós-Edital
Professor: Erick Alves
Direito Administrativo para PC-MA 
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nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a 
legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. 
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 Olá pessoal! 
 O objetivo desta aula é apresentar alguns entendimentos recentes da 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior 
Tribunal de Justiça (STJ) acerca do conteúdo de Direito Administrativo 
que estudamos ao longo do curso. 
 Como vimos, as bancas têm explorado bastante a jurisprudência 
recente nos concursos de alto nível, de modo que, se ficarmos apenas na 
resolução de questões anteriores, poderemos perder algum assunto novo 
que ainda não tenha sido cobrado em prova. 
 No nosso curso já vimos diversos posicionamentos importantes dos 
Tribunais Superiores, os quais não podem ser ignorados. Mas a 
jurisprudência é dinâmica, de modo que a atualização constante é 
essencial. A ideia aqui, portanto, é atualiza-los. Apresentarei as decisões 
mais recentes do STF e do STJ que, a meu ver, são relevantes para as 
provas de Direito Administrativo. 
 A fonte que utilizei é a mesma que as bancas costumam utilizar 
quando cobram jurisprudência em prova: os Informativos de 
Jurisprudência divulgados pelos referidos Tribunais. 
 Outro ponto de apoio importante para a elaboração da aula foram os 
“Informativos Estratégicos” divulgados no site do Estratégia Concursos, 
assim como os “Informativos Esquematizados” divulgados no site Dizer o 
Direito, nos quais os referidos informativos são apresentados de uma 
forma bastante amigável e didática. 
 Enfim, deixa de papo e vamos ao que interessa. A aula está 
estruturada de acordo com o sumário a seguir. Para facilitar a consulta, os 
julgados estão separados por tema; dentro de cada tema foram inseridas 
decisões tanto do STF como do STJ. 
 
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Sumário 
Agentes Públicos .............................................................................................................................................. 4 
Organização da Administração Pública ...........................................................................................................42 
Entidades paraestatais e terceiro setor ...........................................................................................................45 
Princípios da Administração Pública ...............................................................................................................47 
Poderes da Administração Pública ..................................................................................................................52 
Atos administrativos .......................................................................................................................................53 
Serviços públicos.............................................................................................................................................54 
Responsabilidade civil do Estado ....................................................................................................................57 
Improbidade administrativa ...........................................................................................................................60 
Controle da Administração Pública .................................................................................................................69 
Bens públicos ..................................................................................................................................................77 
Intervenção na propriedade privada ...............................................................................................................80 
Licitações e contratos .....................................................................................................................................83 
 
 Aos estudos! 
 
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Agentes Públicos 
Quarentena para recontratação de servidores temporários 
No âmbito da administração pública federal, é vedada a contratação 
temporária do mesmo servidor antes de decorridos 24 meses do 
encerramento do contrato anterior. Tal regra está prevista no art. 9º, III, 
da Lei nº 8.745/93: 
Art. 9º O pessoal contratado nos termos desta Lei não poderá: 
III - ser novamente contratado, com fundamento nesta Lei, antes de 
decorridos 24 (vinte e quatro) meses do encerramento de seu contrato 
anterior, salvo nas hipóteses dos incisos I e IX do art. 2º desta Lei, 
mediante prévia autorização, conforme determina o art. 5º desta Lei. 
O STF, ao analisar um caso concreto envolvendo a contratação 
temporária de professores, decidiu que essa regra é constitucional e 
fixou a seguinte tese: 
“É compatível com a Constituição Federal a previsão legal que exija 
o transcurso de 24 (vinte e quatro) meses, contados do término do 
contrato, antes de nova admissão de professor temporário anteriormente 
contratado.” 
STF. Plenário. RE 635648/CE, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 14/6/2017 
(repercussão geral) (Info 869). 
Atuação do Poder Judiciário no controle de concursos públicos 
Nesta ação, o STJ promoveu o controle de legalidade de duas 
questões da prova dissertativa do concurso para o Cargo de Assessor - 
Área do Direito do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul. 
Na primeira questão, houve um grave erro jurídico no enunciado, 
já que a banca examinadora teria trocado os institutos da "saída 
temporária" por "permissão de saída", e exigido como resposta os efeitos 
de falta grave decorrentes do descumprimento da primeira. Vale salientar 
que tanto o Tribunal de origem quanto a banca examinadora 
reconheceram a existência de erro no enunciado da questão. 
Por essa razão, o STJ entendeu estar diante de evidente 
ilegalidade a permitir a atuação do Poder Judiciário, anulando a questão. 
Observa-se que não se busca do Poder Judiciário, no caso, o 
reexame do conteúdo da questão ou do critério de sua correção para 
concluir se a resposta dada pelo candidato se encontra adequada ou não 
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para o que solicitado pela banca examinadora. Se assim o fosse, tal 
medida encontraria óbice na jurisprudência, que proíbe o Poder 
Judiciário substituir a banca nos critérios de correção por ela 
adotados. 
Lembrando que o Supremo Tribunal Federal, em recurso 
extraordinário com repercussão geral reconhecida, analisando 
controvérsia sobre a possibilidade de o Poder Judiciário realizar o 
controle jurisdicional sobre o ato administrativo que profere 
avaliação de questões em concurso público, firmou a seguinte tese: 
"Não compete ao Poder Judiciário, no controle de legalidade, substituir 
banca examinadora para avaliar respostas dadas pelos candidatos e notas 
a elas atribuídas" (RE 632.853-CE, Rel. Min. GilmarMendes, publicado em 
29/6/2015). 
Ou seja, de acordo com a Corte Suprema, a regra é que o Poder 
Judiciário não pode reexaminar (i) o conteúdo das questões nem (ii) os 
critérios de correção, para fins de avaliar respostas dadas pelo candidato e 
as notas a eles atribuídas, exceto se diante de ilegalidade ou 
inconstitucionalidade. 
Na outra questão, o vício decorreria da inépcia do gabarito, pois, ao 
contrário das primeiras quatro questões, o recorrente afirma que os 
fundamentos jurídicos esperados do candidato avaliado não foram 
publicados, a tempo e modo. 
O STJ salientou que as informações constantes dos espelhos de 
provas subjetivas constituem a motivação do ato administrativo, 
consistente na atribuição de nota ao candidato, pelo que deve ser 
apresentada anteriormente ou concomitante à prática do ato 
administrativo, pois caso se permita a motivação posterior, dar-se-ia 
ensejo para que se fabriquem, forjem ou criem motivações para burlar 
eventual impugnação ao ato. 
No caso, contudo, o STJ entendeu que a motivação foi feita de 
forma correta, uma vez que a banca examinadora do certame não só 
disponibilizou a nota global do candidato, como também fez divulgar os 
critérios que adotara para fins de avaliação, o padrão de respostas e a 
nota atribuída a cada um desses critérios/padrões de respostas. 
STJ. RMS 49.896-RS, Rel. Min. Og Fernandes, por unanimidade, julgado em 20/4/2017, 
DJe 2/5/2017. (Info 603). 
Infrações administrativas praticadas de forma continuada 
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A controvérsia limita-se a definir se é possível a admissão da 
continuidade delitiva no processo administrativo disciplinar. 
É dizer, busca o servidor que as suas condutas sejam apuradas em 
um único processo administrativo disciplinar no qual se considere a 
segunda infração como uma extensão da primeira, esta, diga-se, já 
sancionada com a suspensão de 90 dias. 
Com isso, o servidor não receberia sanção específica para a segunda 
infração, uma vez que a primeira já foi sancionada com a máxima 
extensão da pena aplicável para uma única infração (no caso, a pena 
cabível era a suspensão que, nos termos da Lei 8.112/90, pode ser de no 
máximo 90 dias). 
Ao examinar o caso, o STJ entendeu que há fatos ilícitos 
administrativos que, se cometidos de forma continuada pelo servidor 
público, não se sujeitam à sanção com aumento do quantum 
sancionatório previsto no art. 71, caput, do CP, ou seja, se for benéfico ao 
servidor, tais ilícitos devem ser considerados como uma única infração, 
praticada de forma continuada, diminuindo assim, a sanção aplicada (ao 
invés de sofrer duas punições, o servidor sofre apenas uma, além de não 
configurar a reincidência). 
STJ. REsp 1.471.760-GO, Rel. Min. Benedito Gonçalves, por maioria, julgado em 
22/2/2017, DJe 17/4/2017 (Info 602). 
Constitucionalidade do sistema de cotas raciais em concursos públicos 
A Lei nº 12.990/2014 estabeleceu uma cota aos negros de 20% 
das vagas em concursos públicos realizados no âmbito da administração 
pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas 
públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União. 
O STF declarou que essa Lei é constitucional e fixou a seguinte tese 
de julgamento: 
"É constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos 
concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos 
públicos no âmbito da administração pública direta e indireta.” 
Segundo o art. 2º da Lei, poderão concorrer às vagas reservadas a 
candidatos negros aqueles que se autodeclararem pretos ou pardos no ato 
da inscrição no concurso público, conforme o quesito cor ou raça utilizado 
pelo IBGE. Trata-se do chamado critério da autodeclaração. 
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O STF afirmou que este critério é constitucional. Entretanto, é 
possível também que a Administração Pública adote um controle 
heterônomo, sobretudo quando existirem fundadas razões para acreditar 
que houve abuso na autodeclaração. 
Assim, é legítima a utilização de critérios subsidiários de 
heteroidentificação dos candidatos que se declararam pretos ou pardos. 
A finalidade é combater condutas fraudulentas e garantir que os 
objetivos da política de cotas sejam efetivamente alcançados. Vale 
ressaltar que tais critérios deverão respeitar a dignidade da pessoa 
humana e assegurar o contraditório e a ampla defesa. 
Exemplos desse controle heterônomo: exigência de autodeclaração 
presencial perante a comissão do concurso; exigência de apresentação de 
fotos pelos candidatos; formação de comissões com composição plural 
para entrevista dos candidatos em momento posterior à autodeclaração. 
Essa conclusão do STF foi resumida na seguinte tese de julgamento: 
"É legítima a utilização, além da autodeclaração, de critérios 
subsidiários de heteroidentificação, desde que respeitada a dignidade da 
pessoa humana e garantidos o contraditório e a ampla defesa". 
STF. Plenário. ADC 41/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/6/2017 (Info 868). 
Acumulação de cargo público e teto remuneratório 
O Supremo Tribunal Federal pacificou o entendimento acerca da 
necessidade de observância do teto remuneratório nas hipóteses de 
acumulação de cargos públicos previstas na CF. 
Em suma, o STF entendeu que o teto remuneratório constitucional 
deve ser aplicado de forma isolada para cada cargo público acumulado, 
nas formas autorizadas pela Constituição. 
O Plenário aprovou a seguinte tese para efeito de repercussão geral: 
“Nos casos autorizados, constitucionalmente, de acumulação de 
cargos, empregos e funções, a incidência do artigo 37, inciso XI, da 
Constituição Federal, pressupõe consideração de cada um dos vínculos 
formalizados, afastada a observância do teto remuneratório 
quanto ao somatório dos ganhos do agente público”. 
Como se nota, ao ver do STF, nas acumulações previstas no art. 37, 
XVI da CF (dois cargos de professor, um cargo de professor com outro 
técnico científico ou dois cargos/empregos de profissionais de saúde), o 
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respeito ao teto remuneratório deve ocorrer em cada cargo, considerado 
isoladamente, e não pela soma das respectivas remunerações. 
Assim, por exemplo, se um Auditor da Receita também for professor 
de Universidade Federal, a remuneração isolada de cada um desses 
dois cargos não poderá ultrapassar o teto constitucional (subsídio dos 
ministros do STF). 
Para o STF, o respeito ao teto não pode servir de desestímulo para o 
exercício dos cargos acumulados, na forma autorizada pela CF, uma vez 
que a Constituição permite a acumulação para o benefício da coletividade, 
e não do próprio servidor. 
Ademais, se fosse considerada a soma das remunerações, poderiam 
ocorrer situações contrárias ao princípio da isonomia, já que seria 
conferido tratamento desigual entre servidores públicos que exercem 
idênticas funções. O preceito concernente à acumulação preconiza que ela 
é remunerada, não admitindo a gratuidade, ainda que parcial, dos 
serviços prestados, observado o art. 1º da CF, no que evidencia, como 
fundamento da República, a proteção dos valores sociais do trabalho. 
STF. Plená rio. RE 612975/MT e RE 602043/MT, Rel. Min. Márco Aure lio, julgádos em 26 
e 27/4/2017 (repercussá o gerál) (Info 862). 
Gratificação de desempenho genérica deve ser estendida aos aposentados e 
pensionistas 
As vantagens remuneratórias legítimas e de caráter geral 
conferidas a determinada categoria, carreira ou, indistintamente, a 
servidores públicos, por serem vantagens genéricas, são extensíveis 
aos servidoresinativos e pensionistas. 
Nesses casos, a extensão alcança os servidores que tenham 
ingressado no serviço público antes da publicação da EC 20/1998 e da EC 
41/2003 e se aposentado ou adquirido o direito à aposentadoria antes da 
EC 41/2003. 
Com relação aos servidores que se aposentaram após a EC 41/2003, 
devem ser observados os requisitos estabelecidos na regra de transição 
contida em seu art. 7º, em virtude da extinção da paridade integral entre 
ativos e inativos contida no art. 40, § 8º, da CF, redação original, para os 
servidores que ingressaram no serviço público após a publicação da EC 
41/2003. 
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Com relação aos servidores que ingressaram no serviço público antes 
da EC 41/2003 e se aposentaram ou adquiriram o direito à aposentadoria 
após a sua edição, é necessário observar a incidência das regras de 
transição fixadas pela EC 47/2005, a qual estabeleceu efeitos retroativos 
à data de vigência da EC 41/2003. 
STF. Plenário. RE 596962/MT, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 21/8/2014 (Info 755). 
STJ. STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp 1.372.058-CE, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado 
em 4/2/2014 (Info 534). 
Licença para acompanhamento de cônjuge 
A Lei 8.112/90 prevê que poderá ser concedida licença ao servidor 
público federal para acompanhar seu cônjuge ou companheira que foi 
deslocado para outro ponto do território nacional, podendo ali exercer 
provisoriamente atividade compatível com seu cargo em órgão ou 
entidade da Administração Federal direta, autárquica ou fundacional. Tal 
licença remunerada está prevista no § 2º do art. 84. 
Contudo, o servidor não terá direito a essa licença remunerada 
se o cônjuge se mudou para outro Município para assumir um cargo 
público decorrente de concurso público para o qual foi aprovado. 
Em suma, a licença para o acompanhamento de cônjuge ou 
companheiro de que trata o § 2º do art. 84 da Lei 8.112/1990 não se 
aplica aos casos de provimento originário de cargo público. 
STF. 1ª Turma. MS 28620/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23/9/2014 (Info 760). 
Servidor público em inatividade não goza do adicional de férias 
É inconstitucional lei estadual que prevê que o servidor público, 
mesmo quando for para a inatividade, continuará tendo direito, todos 
os anos, ao adicional de férias (terço de férias). 
Essa lei viola o princípio da razoabilidade já que o servidor público em 
inatividade não pode gozar de férias, porquanto deixou de exercer cargo 
ou função pública, razão pela qual a ele não se estende adicional de férias 
concedido a servidores em atividade. 
STF. Plenário. ADI 1158/AM, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/8/2014 (Info 755). 
Aposentadoria por invalidez com proventos integrais 
A CF/88 prevê, em seu art. 40, § 1º, I, a possibilidade de os 
servidores públicos serem aposentados caso se tornem total e 
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permanentemente incapazes para o trabalho. Trata-se da chamada 
aposentadoria por invalidez. 
Em regra, a aposentadoria por invalidez será paga com proventos 
proporcionais ao tempo de contribuição. Excepcionalmente, ela será 
devida com proventos integrais se essa invalidez for decorrente de 
acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou 
incurável, especificada em lei. 
Assim, a concessão de aposentadoria por invalidez com proventos 
integrais exige que a doença incapacitante esteja prevista em rol taxativo 
da legislação de regência. 
O art. 41, § 1º, I, da CF/88 é bastante claro ao exigir que a lei defina 
as doenças e moléstias que ensejam aposentadoria por invalidez com 
proventos integrais. Logo, esse rol legal deve ser tido como exaustivo 
(taxativo). 
No âmbito federal, as doenças que são consideradas graves, 
contagiosas ou incuráveis para efeitos de aposentadoria por invalidez 
estão previstas no art. 186, §1º da Lei 8.112/1990. Frise-se que o rol 
previsto na lei é taxativo. 
STF. Plenário. RE 656860/MT, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 21/8/2014 (Info 
755). 
O STJ entende da mesma forma que o STF? 
NÃO. O STJ, ao contrário do STF, possui inúmeros precedentes 
afirmando que o rol das doenças, para fins de aposentadoria integral, não 
é taxativo, mas sim exemplificativo, tendo em vista a impossibilidade 
de a norma alcançar todas as doenças consideradas pela medicina como 
graves, contagiosas e incuráveis. 
Nesse sentido: STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1353152/AM, Rel. Min. 
Mauro Campbell Marques, julgado em 04/02/2014. 
Vale ressaltar, no entanto, que, como a decisão do STF foi proferida 
sob a sistemática da repercussão geral, a tendência é que o STJ acabe se 
curvando ao entendimento da Corte Suprema. Isso porque, apesar de os 
julgados proferidos em repercussão geral não terem efeitos vinculantes, 
na prática, eles acabam tendo uma enorme força e os Tribunais em geral 
têm seguido o que é decidido. 
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Sociedade de economia mista que contrata escritório de advocacia em vez de 
convocar advogados aprovados 
Se existem candidatos aprovados para advogado da sociedade de 
economia mista e esta, no entanto, em vez de convocá-los, contrata 
escritório de advocacia, tal contratação é ilegal, surgindo o direito 
subjetivo de que os aprovados sejam nomeados. 
Segundo entende o STF, a ocupação precária por terceirização para 
desempenho de atribuições idênticas às de cargo efetivo vago, para o qual 
há candidatos aprovados em concurso público vigente, configura ato 
equivalente à preterição da ordem de classificação no certame, ensejando 
o direito à nomeação. 
A competência para julgar essa ação é da Justiça do Trabalho. Isso 
porque essa Justiça laboral especializada é competente para julgar não 
apenas as demandas relacionadas com o contrato de trabalho já assinado, 
mas também para as questões que envolvam o período pré-contratual. 
STF. 2ª Turma. ARE 774137 AgR/BA, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 14/10/2014 
(Info 763). 
Aumento da remuneração de servidores públicos por meio de decisão 
judicial 
Súmula vinculante 37-STF: não cabe ao Poder Judiciário, que não tem 
função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o 
fundamento de isonomia. 
STF. Plenário. Aprovada em 16/10/2014. 
A conclusão exposta nesta SV 37 já era prevista expressamente em 
uma súmula “comum” do STF, a súmula 339 do STF (publicada em 
13/12/1963) e que tem exatamente a mesma redação. 
Desse modo, o objetivo do STF foi de reafirmar que o entendimento 
do enunciado 339 continua válido atualmente e, além disso, conferir efeito 
vinculante a ele, fazendo com que se torne obrigatório para todos os 
demais órgãos do Poder Judiciário e para a administração pública. 
Vamos entender a SV 37 do STF com um exemplo concreto: 
A Lei 2.377/1995, do Município do Rio de Janeiro, concedeu 
gratificação a servidores lotados e em exercício na Secretaria Municipal de 
Administração. João, servidor que estava lotado em outra Secretaria, 
ajuizou ação pedindo que fosse reconhecido seu direito de também 
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receber a referida gratificação, com base no princípio da isonomia. 
Afirmou que desempenhava exatamente as mesmas atribuições que os 
demais servidores e que, por isso, deveria também ser contemplado com 
a verba. 
Esse pedido de João, caso fosse deferido, violaria o princípio da 
reserva legal, previsto no art. 37, X, da CF/88 segundo o qual a 
remuneração dosservidores públicos somente pode ser fixada por lei 
específica. Desse modo, a CF/88 determina que o aumento dos 
vencimentos deve ser feito por meio de lei. O Poder Judiciário, mesmo se 
deparando com uma situação de desigualdade (violação da isonomia), 
como no exemplo proposto, não pode “corrigir” essa disparidade 
conferindo o aumento porque ele não tem “função legislativa”, não 
podendo, portanto, suprir a ausência da lei que é indispensável no caso. 
Foi o que decidiu o STF no caso do exemplo acima mencionado. 
STF. Plenário. RE 592317/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/8/2014 
(repercussão geral) (Info 756). 
 
Legitimidade da redução das remunerações acima do teto constitucional 
(art. 37, XI, da CF/88) 
O teto de retribuição fixado pela EC 41/2003 é de eficácia imediata 
e todas as verbas de natureza remuneratória recebidas pelos servidores 
públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
devem se submeter a ele, ainda que adquiridas de acordo com regime 
legal anterior. 
A aplicação imediata da EC 41/2003 e a redução das remunerações 
acima do teto não afrontou o princípio da irredutibilidade nem violou a 
garantia do direito adquirido. 
Em outras palavras, com a EC 41/2003, quem recebia acima do teto 
fixado teve a sua remuneração reduzida para respeitar o teto. Essa 
redução foi legítima. 
STF. Plenário. RE 609381/GO, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 2/10/2014 (Info 
761). 
A ampliação de jornada de trabalho sem alteração da remuneração do 
servidor viola a regra constitucional da irredutibilidade de vencimentos 
O STF possui entendimento consolidado no sentido de que o servidor 
público não tem direito adquirido de manter o regime jurídico 
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existente no momento em que ingressou no serviço público. No 
entanto, as mudanças no regime jurídico do servidor não podem reduzir 
a sua remuneração, considerando que o art. 37, XV, da CF/88, assegura 
o princípio da irredutibilidade dos vencimentos. 
No caso concreto, os servidores de determinado órgão público tinham 
jornada de trabalho de 20 horas semanais. Foi editada, então, uma lei 
aumentando a jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem, 
contudo, majorar a remuneração paga. 
O STF entendeu que a lei que alterou a jornada de trabalho não 
poderia ser aplicada aos servidores que, antes de sua edição, já 
estivessem legitimamente subordinados à carga horária inferior. Isso 
porque se fossem obrigados a trabalhar mais sem aumento da 
remuneração, haveria uma redução proporcional dos vencimentos 
recebidos. 
Perceba que, em princípio, não há ilegalidade no ato normativo que 
aumente a jornada de trabalho dos servidores (afinal, não há direito 
adquirido a regime jurídico). No entanto, as mudanças no regime jurídico 
do servidor não podem reduzir a sua remuneração. 
Assim, nas hipóteses em que houver aumento de carga horária 
dos servidores, essa só será válida se houver formal elevação 
proporcional da remuneração; caso contrário, a regra será 
inconstitucional, por violação da norma constitucional da irredutibilidade 
vencimental. 
STF. Plenário. ARE 660010/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 30/10/2014 
(repercussão geral) (Info 765). 
A iniciativa de leis que tratam sobre regime jurídico de servidores é do chefe 
do Poder Executivo 
O STF julgou inconstitucional lei estadual, de iniciativa parlamentar, 
que dispunha sobre a carga horária diária e semanal de cirurgiões-
dentistas nos centros odontológicos do referido Estado-membro. Houve 
inconstitucionalidade formal já que o projeto de lei, que trata sobre 
servidores públicos, foi iniciado por um Deputado Estadual (e não pelo 
Governador do Estado). 
O art. 61, § 1º, II, “c”, da CF/88 prevê que compete ao Chefe do 
Poder Executivo a iniciativa de lei que trate sobre os direitos e 
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deveres dos servidores públicos. Essa regra também é aplicada no 
âmbito estadual por força do princípio da simetria. 
O fato de o Governador do Estado ter sancionado o projeto de lei não 
faz com que o vício de iniciativa seja sanado (corrigido). 
STF. Plenário. ADI 3627/AP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 6/11/2014. (Info 766). 
A iniciativa de leis que disponham sobre criação de cargos públicos e 
estruturação de órgãos da Administração direta e autárquica 
É formalmente inconstitucional lei estadual, de iniciativa parlamentar, 
que trata sobre a criação de cargos e a estruturação de órgãos da 
Administração direta e autárquica. A iniciativa para essas matérias é 
reservada ao chefe do Poder Executivo (art. 61, § 1º, II, “a”, “c” e “e”, 
da CF/88). 
STF. Plenário. ADI 2940/ES, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/12/2014 (Info 771). 
Inconstitucionalidade de lei que preveja provimento derivado 
É materialmente inconstitucional lei estadual que possibilite o 
provimento derivado de servidores investidos em cargos de outras 
carreiras no cargo de auditor de saúde. Isso constitui provimento 
derivado, o que viola o art. 37, II, da CF/88, que exige a prévia aprovação 
em concurso para a investidura em cargo público (Súmula 685-STF). 
STF. Plenário. ADI 2940/ES, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/12/2014 (Info 771). 
Prazo da ação de revisão de aposentadoria no serviço público 
O prazo para que o servidor público proponha ação contra a 
Administração Pública pedindo a revisão do ato de sua 
aposentadoria é de 5 anos, com base no art. 1º do Decreto 
20.910/1932. Após esse período ocorre a prescrição do próprio fundo de 
direito. 
STJ. 1ª Seção. Pet 9.156-RJ, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 28/5/2014 (Info 
542). 
Termo inicial do prazo prescricional no caso de infração disciplinar 
No âmbito de ação disciplinar de servidor público federal, o prazo de 
prescrição da pretensão punitiva estatal começa a fluir na data em que 
a irregularidade praticada pelo servidor tornou-se conhecida por 
alguma autoridade do serviço público, e não, necessariamente, pela 
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autoridade competente para a instauração do processo administrativo 
disciplinar. 
Lembrando que, nos termos do art. 142 da Lei 8.112/1990, a ação 
disciplinar prescreverá: 
 em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação 
de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão; 
 em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; 
 em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência. 
STJ. 1ª Seção. MS 20.162-DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 12/2/2014 
(Info 543). 
Termo inicial do mandado de segurança envolvendo concurso público 
O termo inicial do prazo decadencial para a impetração de 
mandado de segurança no qual se discuta regra editalícia que tenha 
fundamentado eliminação em concurso público é a data em que o 
candidato toma ciência do ato administrativo que determina sua 
exclusão do certame, e não a da publicação do edital do certame. 
Por exemplo, imagine um candidato eliminado do concurso público 
por ter sido reprovado no exame psicotécnico e que, diante da 
reprovação, entra com mandado de segurança para contestar os critérios 
do exame previstos no edital do concurso. Nesse caso, o prazo 
decadencial de 120 dias para impetrar o MS começa a contar da data da 
publicação do resultado do exame psicotécnico, ou seja, da data em que o 
candidato toma ciência do ato administrativo que determina sua exclusão 
do certame, e não da data em que foi publicado o edital do concurso. 
STJ. Corte Especial. REsp 1.124.254-PI, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 1º/7/2014(Info 545). 
Pensão por morte da Lei 8.112/90 e surgimento de outro beneficiário 
A viúva do servidor público federal tem direito à pensão vitalícia 
por morte, nos termos do art. 217, I, “a”, da Lei 8.112/90. 
O filho menor de 21 anos do servidor falecido também tem direito à 
pensão temporária por morte (art. 217, II, “a”). 
Se o servidor deixou viúva e filho menor, o valor da pensão por morte 
será dividido entre eles. 
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No caso concreto, o servidor faleceu deixando viúva e, até então, 
nenhum filho conhecido. A esposa supérstite passou a receber a pensão 
quando foi surpreendida por uma citação a respeito de ação de 
investigação de paternidade na qual se alegava que seu marido tinha um 
filho não reconhecido. Após algum tempo, a ação é julgada procedente, 
reconhecendo-se que realmente o menor é filho do falecido. A partir daí, a 
viúva terá que dividir o valor da pensão por morte com o outro herdeiro. 
No entanto, a viúva, que vinha recebendo a totalidade do benefício, não 
terá que pagar ao filho posteriormente reconhecido a quota das parcelas 
recebidas antes da sentença de reconhecimento da paternidade. Os 
valores que ela já recebeu e que pertenciam ao filho reconhecido não 
poderão ser exigidas porque são verbas alimentares, recebidas de boa-
fé, sendo, portanto, irrepetíveis. 
STJ. 3ª Turma. REsp 990.549-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. para acórdão 
Min. João Otávio de Noronha, julgado em 5/6/2014 (Info 545). 
Impossibilidade de acumulação de cargos se a jornada semanal ultrapassar 
60h 
É vedada a acumulação de dois cargos públicos quando a soma da 
carga horária referente aos dois cargos ultrapassar o limite máximo de 
60 horas semanais. 
No caso concreto, a servidora acumulava dois cargos públicos 
privativos de profissionais de saúde e a soma da carga horária semanal de 
ambos era superior a 60 horas. A servidora foi notificada para optar por 
um dos dois cargos, tendo se mantido inerte. Diante disso, foi demitida de 
um deles por acumulação ilícita de cargos públicos. A servidora impetrou 
mandado de segurança, mas o STJ reconheceu que a demissão foi legal. 
Como se nota, o STJ entende que é vedada a acumulação de cargos 
públicos, ainda que lícita, quando a soma da carga horária referente 
aos dois cargos ultrapassar o limite máximo de 60 horas semanais. 
Isso porque o servidor precisa estar em boas condições físicas e 
mentais para bem exercer as suas atribuições, o que certamente depende 
de adequado descanso no intervalo entre o final de uma jornada de 
trabalho e o início da outra, sendo isso impossível em condições de 
sobrecarga de trabalho. Sendo assim, se a jornada semanal ficar acima de 
60 horas, a acumulação não seria permitida, considerando que o servidor 
estaria muito cansado e isso atrapalharia seu desempenho funcional, em 
prejuízo ao princípio constitucional da eficiência. 
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STJ. 1ª Seção. MS 19.336-DF, Rel. originária Min. Eliana Calmon, Rel. para acórdão Min. 
Mauro Campbell Marques, julgado em 26/2/2014 (Info 549). 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.565.429-SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 24/11/2015 
(Info 576). 
Restituição de valores recebidos 
I – Se o servidor público recebe valores por força de decisão 
administrativa posteriormente revogada: NÃO é devida a restituição ao 
erário dessa quantia. Há boa-fé do servidor (princípio da proteção à 
confiança). 
II – Se o servidor público recebe valores por força de decisão 
judicial posteriormente reformada: É devida a restituição ao erário 
dessa quantia. Não há boa-fé, considerando que o servidor sabia que 
poderia haver alteração da decisão que tinha caráter precário (provisório). 
III – Se o servidor público recebe valores por sentença judicial 
transitada em julgado. Posteriormente, esta sentença é desconstituída 
em ação rescisória: NÃO é devida a restituição da quantia. Há boa-fé, 
porque aqui o pagamento decorreu de sentença judicial definitiva, que só 
depois foi desconstituída em ação rescisória. 
STJ. 1ª Seção. EAREsp 58.820-AL, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 8/10/2014 
(Info 548) 
Inaplicabilidade do direito à recondução do art. 29, I, da Lei 8.112/90 a 
servidor público estadual 
Se a legislação estadual não prevê a recondução, é possível aplicar 
a Lei 8.112/90 por analogia? 
NÃO. Não é possível a aplicação, por analogia, do instituto da 
recondução previsto no art. 29, I, da Lei 8.112/1990 a servidor público 
estadual na hipótese em que o ordenamento jurídico do Estado for omisso 
acerca desse direito. 
Seria o caso, por exemplo, de um servidor do Tribunal de Justiça do 
Estado, já estável, que foi aprovado no concurso de Delegado da Polícia 
Federal e, após dois meses no cargo, percebeu que não tinha perfil para a 
função e requereu sua exoneração e a recondução para o antigo cargo no 
Tribunal de Justiça. Nessa situação hipotética, se a legislação estadual não 
prevê o instituto da recondução, o servidor não poderá retornar ao antigo 
cargo, nem mesmo aplicando a Lei 8.112/90 por analogia. 
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Segundo a jurisprudência do STJ, somente é possível aplicar, por 
analogia, a Lei 8.112/90, aos servidores públicos estaduais e municipais 
se houver omissão, na legislação estadual ou municipal, sobre direito de 
cunho constitucional e que seja autoaplicável e desde que tal situação não 
gere o aumento de gastos. Ex: aplicação, por analogia, das regras da Lei 
8.112/90 sobre licença para acompanhamento de cônjuge a determinado 
servidor estadual cuja legislação não prevê esse afastamento 
(RMS 34.630⁄AC, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, 
julgado em 18/10/2011). Nesse exemplo, o STJ reconheceu que a 
analogia se justificava para proteção da unidade família, valor protegido 
constitucionalmente (art. 226 da CF/88). 
No caso da recondução, contudo, não é possível a analogia 
porque esse direito não tem cunho constitucional. 
STJ. 2ª Turma. RMS 46.438-MG, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 16/12/2014 
(Info 553). 
Posse em cargo público por determinação judicial e dever de indenizar 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João foi aprovado em todas as provas teóricas do concurso, no 
entanto, foi eliminado no exame psicotécnico, fato ocorrido no ano de 
2010. O candidato ingressou com ação ordinária questionando os critérios 
utilizados no teste psicotécnico aplicado. A ação foi julgada procedente em 
todas as instâncias, mas a Fazenda Pública sempre recorria e João ainda 
não havia tomado posse, diferentemente de todos os demais candidatos 
aprovados. Somente em 2015, quando houve o trânsito em jugado, ele foi 
nomeado e empossado. Significa que, enquanto os demais candidatos 
foram nomeados e estavam trabalhando desde 2010, João, mesmo tendo 
direito, só conseguiu ingressar no serviço público 5 anos mais tarde. 
Inconformado com a situação, João propôs ação de indenização contra 
o Poder Público alegando que teria direito de receber, a título de 
reparação, o valor da remuneração do cargo referente ao período de 2010 
até 2015. 
O candidato que teve postergada a assunção em cargo por conta de 
ato ilegal da Administração tem direito a receber a remuneração 
retroativa? 
Regra: NÃO. Não cabe indenização a servidor empossado por 
decisão judicial sob o argumento de que houve demora na nomeação. Dito 
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de outro modo, a nomeaçãotardia a cargo público em decorrência de 
decisão judicial não gera direito à indenização. Isso porque o direito à 
remuneração é consequência do exercício de fato do cargo. Dessa forma, 
inexistindo o efetivo exercício, a pessoa não faz jus à percepção de 
qualquer importância, a título de ressarcimento material, sob pena de 
pena de enriquecimento sem causa. 
Exceção: será devida indenização se ficar demonstrado, no caso 
concreto, que o servidor não foi nomeado logo por conta de uma situação 
de arbitrariedade flagrante. 
Nas exatas palavras do STF: “Na hipótese de posse em cargo público 
determinada por decisão judicial, o servidor não faz jus à indenização, 
sob fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior, 
salvo situação de arbitrariedade flagrante.” 
STF. Plenário. RE 724347/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. 
Roberto Barroso, julgado em 26/2/2015 (repercussão geral) (Info 775). 
Posse tardia em cargo público por determinação judicial 
Como regra, não cabe indenização a servidor empossado por 
decisão judicial sob o argumento de que houve demora na nomeação. Dito 
de outro modo, a nomeação tardia a cargo público em decorrência de 
decisão judicial não gera direito à indenização. 
Isso porque a promoção ou a progressão funcional, a depender do 
caráter da movimentação, se vertical ou horizontal, não se resolve apenas 
mediante o cumprimento do requisito temporal. Pressupõe a aprovação 
em estágio probatório e a confirmação no cargo, bem como o 
preenchimento de outras condições indicadas na legislação ordinária. 
Como exceção à regra, a indenização será devida se ficar 
demonstrado, no caso concreto, que o servidor não foi nomeado logo por 
conta de uma situação de arbitrariedade flagrante. 
Nesse sentido, o STF fixou a seguinte tese de repercussão geral: 
“A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público, 
por meio de ato judicial, à qual atribuída eficácia retroativa, não gera 
direito às promoções ou progressões funcionais que alcançariam se 
houvesse ocorrido, a tempo e modo, a nomeação. 
STF. Plenário. RE 629392 RG/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/6/2017 
(repercussão geral) (Info 868). 
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Os titulares de serventias extrajudiciais não podem ser incluídos no regime 
próprio de Previdência Social 
Duas Leis estaduais incluíram no regime próprio de Previdência Social 
os titulares de serventias extrajudiciais (notários e registradores). 
Tais leis foram declaradas inconstitucionais. 
Os titulares de serventias notariais e registrais exercem atividade 
estatal, entretanto não são titulares de cargo público efetivo, tampouco 
ocupam cargo público. Não são servidores públicos. Logo, a eles não 
se aplica o regime próprio de Previdência Social previsto para os 
servidores públicos (art. 40 da CF/88). 
Desse modo, a lei estadual não poderia tê-los incluído no regime 
próprio de previdência social. As leis estaduais acima desviaram-se do 
modelo previsto na CF/88 e usurparam a competência da União para 
legislar sobre o tema. 
STF. Plenário. ADI 4639/GO e ADI 4641/SC, Rel. Min. Teori Zavascki, julgados em 
11/3/2015 (Info 777). 
Concurso Público 
Súmula vinculante 43-STF: É inconstitucional toda modalidade de 
provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em 
concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra 
a carreira na qual anteriormente investido. 
STF. Plenário. Aprovada em 08/04/2015 (Info 780). 
A conclusão exposta nesta SV 43 já era prevista em uma súmula 
“comum” do STF, a súmula 685 do STF (de 24/09/2003) e que tem a 
mesma redação. O que a SV 43 do STF proíbe é a chamada ascensão 
funcional (também conhecida como acesso ou transposição), ou seja, a 
progressão funcional do servidor público entre cargos de carreiras 
distintas (principalmente de nível médio para nível superior). 
Súmula vinculante 44-STF: Só por lei se pode sujeitar a exame 
psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público. 
STF. Plenário. Aprovada em 08/04/2015 (Info 780) 
A SV 44 também é oriunda da conversão de uma súmula “comum”. 
Em suma, o STF afirma que é admitida a realização de exame psicotécnico 
em concursos públicos, desde que a lei da carreira preveja expressamente 
esse teste como um dos requisitos para acesso ao cargo. 
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Remunerações acima do teto constitucional e base de cálculo para 
incidência do IR e da contribuição previdenciária 
Existem determinados servidores, especialmente aposentados, que, 
por terem vantagens pessoais incorporadas em seus vencimentos (ex: 
quintos), “no papel”, deveriam receber mais do que o teto. 
Ex: João, Desembargador aposentado, incorporou diversas 
gratificações pessoais ao longo de sua carreira. Assim, a remuneração 
bruta de João é de R$ 50 mil, mas ele só receberá, de fato, até o valor do 
teto, devendo ser ressaltado que a quantia que superar o limite 
constitucional não lhe será paga. O valor que, no momento do 
pagamento, é descontado da remuneração total do servidor por estar 
superando o teto constitucional é chamado de “abate-teto”. 
O servidor público, antes de receber sua remuneração líquida, é 
obrigado a pagar imposto de renda e contribuição previdenciária. Esse 
valor já é descontado na folha pela entidade pagadora. 
Assim, o Tribunal de Justiça, antes de pagar a remuneração de um 
Desembargador, já desconta os valores que ele deverá pagar de IR e 
contribuição previdenciária. As alíquotas do IR e da contribuição 
previdenciária incidem sobre o valor da remuneração do servidor público. 
Em termos tributários, podemos dizer que a base de cálculo do IR e da 
contribuição previdenciária é a remuneração do servidor. 
Se o servidor tem uma remuneração “no papel” superior ao teto, o 
imposto de renda e a contribuição previdenciária incidirão sobre essa 
remuneração total ou sobre a remuneração total menos o abate-teto? Em 
outras palavras, a remuneração de João é 50 mil; ocorre que o teto do 
funcionalismo é 33 mil; João pagará IR e CP sobre 50 mil ou sobre 33 mil? 
Sobre os 33 mil. A base de cálculo para se cobrar o IR e a 
contribuição previdenciária é o valor da remuneração do servidor depois 
de ser excluída a quantia que exceder o teto. 
Como o recurso extraordinário foi julgado sob a sistemática de 
repercussão geral, o STF definiu, em uma frase, a tese que será 
aplicada em todos os demais casos idênticos. A tese firmada foi a 
seguinte: “Subtraído o montante que exceder o teto e subteto previsto no 
artigo 37, inciso XI, da Constituição Federal, tem-se o valor que vale como 
base para o Imposto de Renda e para a contribuição previdenciária”. 
STF. Plenário. RE 675978/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 15/4/2015 
(repercussão geral) (Info 781). 
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PEC da Bengala e necessidade de nova sabatina 
No dia 08/05/2015, foi publicada a EC 88/2015, que ficou conhecida 
como “PEC da Bengala” em virtude de aumentar o limite de idade da 
aposentadoria compulsória dos Ministros de Tribunais Superiores. Esse 
aumento foi garantido pela inserção do art. 100 no ADCT, nos seguintes 
termos: 
Art. 100. Até que entre em vigor a lei complementar de que trata o inciso II 
do § 1º do art. 40 da Constituição Federal, os Ministros do Supremo 
Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União 
aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos de 
idade, nas condições do art. 52 da Constituição Federal. (Incluído pela 
Emenda Constitucionalnº 88, de 2015) 
O que quer dizer essa parte final? O objetivo dessa parte final do 
dispositivo foi o de exigir que o Ministro que complete 70 anos somente 
possa continuar no cargo se for submetido a nova arguição pública 
(“sabatina”) e votação no Senado Federal. Em outras palavras, o Ministro, 
quando completasse 70 anos, poderia continuar no cargo até os 75 anos, 
mas, para isso, seu nome precisaria ser novamente aprovado pelo 
Senado. 
Essa exigência é compatível com a CF/88? 
NÃO. Essa exigência é INCONSTITUCIONAL. O STF suspendeu a 
aplicação da expressão “nas condições do artigo 52 da Constituição 
Federal”, contida no final do art. 100 do ADCT. Essa exigência de nova 
sabatina acaba “por vulnerar as condições materiais necessárias ao 
exercício imparcial e independente da função jurisdicional, ultrajando a 
separação de Poderes, cláusula pétrea inscrita no artigo 60, parágrafo 4º, 
inciso III, da Constituição Federal”. 
Em simples palavras, o STF entendeu que há violação ao princípio da 
separação dos Poderes. Desse modo, os Ministros do STF, dos Tribunais 
Superiores (STJ, TST, TSE, STM) e do TCU possuem o direito de se 
aposentar compulsoriamente somente aos 75 anos e, para isso, não 
precisam passar por uma nova sabatina e aprovação do Senado Federal. 
É possível estender essa regra da aposentadoria compulsória aos 75 
anos para juízes e Desembargadores? 
O STF afirmou que o art. 100 do ADCT da CF/88 não pode ser 
estendido a outros agentes públicos até que seja editada a Lei 
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Complementar Nacional a que se refere o art. 40, § 1º, inciso II, da 
CF/88. 
Essa LC nacional ampliando a aposentadoria compulsória dos juízes e 
Desembargadores para 75 anos pode ser apresentada ao Congresso 
Nacional pelo Presidente da República ou por algum parlamentar? 
NÃO. Todas as leis que trazem regras gerais sobre a magistratura 
nacional devem ser iniciadas pelo STF, nos termos do art. 93 da CF/88. 
O que acontece com os mandados de segurança que haviam sido 
impetrados pelos Desembargadores que queriam prorrogar a 
aposentadoria compulsória para 75 anos? 
O STF declarou que fica sem produzir efeitos todo e qualquer 
pronunciamento judicial e administrativo que tenha interpretado que a EC 
88/2015 permitiria, mesmo sem LC, ampliar para 75 anos a idade da 
aposentadoria compulsória para outros agentes públicos que não 
sejam Ministros do STF, dos Tribunais Superiores e do TCU. Em 
outras palavras, o STF afirmou que nenhuma decisão judicial ou 
administrativa pode estender o limite de 75 anos da aposentadoria 
compulsória para outros agentes públicos. 
STF. Plenário. ADI 5316 MC/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21/5/2015 (Info 786). 
Norma que impede nepotismo no serviço público não alcança servidores de 
provimento efetivo 
A Constituição do Estado do Espírito Santo prevê, em seu art. 32, VI, 
que é “vedado ao servidor público servir sob a direção imediata de 
cônjuge ou parente até segundo grau civil”. 
Foi proposta uma ADI contra esta norma. 
O STF julgou a norma constitucional, mas decidiu dar interpretação 
conforme à Constituição, no sentido de o dispositivo ser válido somente 
quando incidir sobre os cargos de provimento em comissão, função 
gratificada, cargos de direção e assessoramento. Em outras 
palavras, o STF afirmou que essa vedação não pode alcançar os 
servidores admitidos mediante prévia aprovação em concurso público, 
ocupantes de cargo de provimento efetivo, haja vista que isso poderia 
inibir o próprio provimento desses cargos, violando, dessa forma, o art. 
37, I e II, da CF/88, que garante o livre acesso aos cargos, funções e 
empregos públicos aos aprovados em concurso público. 
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Em outras palavras, se a pessoa foi aprovada em concurso público e 
irá assumir um cargo efetivo, ela poderá assumi-lo mesmo que na 
direção imediata esteja seu cônjuge ou parente. Isso porque, neste caso, 
este cônjuge ou parente não teve influência na contratação, que se deu 
em virtude de aprovação em concurso público. 
STF. Plenário. ADI 524/ES, rel. orig. Min. Sepúlveda Pertence, red. p/ o acórdão Min. 
Ricardo Lewandowski, julgado em 20/5/2015 (Info 786). 
Momento para comprovação do limite de idade em concurso público 
O limite de idade, quando regularmente fixado em lei e no edital de 
determinado concurso público, há de ser comprovado no momento da 
inscrição no certame. 
 STF. 1ª Turma. ARE 840.592/CE, Min. Roberto Barroso, julgado em 23/6/2015 (Info 
791) 
Acumulação de aposentadoria de emprego público com remuneração de 
╉cargo╊ temporário 
Imagine a seguinte situação: Maria é empregada pública federal 
aposentada. Como se aposentou cedo e ainda está cheia de vitalidade, ela 
decide que deseja continuar trabalhando e, por isso, se inscreve no 
processo seletivo aberto pelo Ministério do Meio Ambiente para contratar 
servidores temporários. 
A empregada pública aposentada poderá ser contratada e receber, ao 
mesmo tempo, os proventos da aposentadoria e também a remuneração 
proveniente do serviço temporário? 
SIM. É possível a cumulação de proventos de aposentadoria de 
emprego público com remuneração proveniente de exercício de 
“cargo” temporário. 
O § 3º do art. 118 da Lei 8.112/90 proíbe apenas a acumulação de 
proventos de aposentadoria com remuneração de cargo ou emprego 
público efetivo. Os servidores temporários contratados sob o regime do 
art. 37, IX, não estão vinculados a um cargo ou emprego público, 
exercendo apenas uma função administrativa temporária (função 
autônoma, justamente por não estar vinculada a cargo ou emprego). 
Além disso, ainda que se considere que isso é um “cargo” público, não se 
trata de cargo público efetivo já que as pessoas são selecionas mediante 
processo seletivo simplificado e irão exercer essa função por um prazo 
determinado, não possuindo direito à estabilidade. 
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Em suma, não é cargo; mas mesmo que fosse, não seria cargo 
efetivo. 
Ademais, a aposentadoria da interessada se deu pelo Regime Geral 
de Previdência Social – RGPS (ela era empregada pública), não se lhe 
aplicando, portanto, o disposto no § 10 do art. 37 da CF/88, segundo o 
qual “É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria 
decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de 
cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na 
forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão 
declarados em lei de livre nomeação e exoneração”. Isso porque a 
aposentadoria dos empregados públicos, concedida no regime do RGPS, é 
disciplinada não pelo art. 40 da CF/88, mas sim pelo art. 201. Logo, não 
se pode atribuir interpretação extensiva em prejuízo do empregado 
público aposentado pelo RGPS. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.298.503-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/4/2015 
(Info 559). 
O art. 170 da Lei 8.112/1990 é inconstitucional 
O art. 170 da Lei 8.112/90 prevê que, mesmo estando prescrita a 
infração disciplinar, é possível que a prática dessa conduta fique 
registrada nos assentos funcionais do servidor. 
O STF e STJ entendem que esse art. 170 é inconstitucional por 
violar os princípios da presunção de inocência e da razoabilidade. 
STF. Plenário. MS 23262/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23/4/2014 (Info 743). 
STJ. 1ª Seção. MS 21.598-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10/6/2015 (Info 564). 
Férias gozadas em período coincidente com o da licença à gestante 
Imagine a seguinte situação hipotética: Maria, servidora pública, 
estavagrávida. A criança nasceu em março/2015. A partir daí, ela 
começou a usufruir a licença-maternidade (que é de 180 dias). Em 
setembro/2015, a servidora retornou ao trabalho. Quando voltou a 
trabalhar, Maria foi até o departamento de recursos humanos do órgão e 
explicou o seguinte para a diretora do setor: "minhas férias estavam 
marcadas para julho/2015. Ocorre que neste período eu estava de 
licença-maternidade. Logo, minhas férias foram interrompidas e eu quero 
agora remarcar esse período de férias referente a julho/2015 para 
dezembro/2015." 
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O pedido de Maria poderá ser aceito? NÃO. A Lei nº 8.112/90 não 
assegura à servidora pública o direito de usufruir, em momento posterior, 
os dias de férias já gozados em período coincidente com o da licença à 
gestante. Ao contrário do que afirma Maria, houve sim o gozo das férias, 
ainda que ao mesmo tempo em que ela fazia jus à licença-maternidade, 
visto que a referida licença não é causa interruptiva das férias. 
A Lei nº 8.112/90 elenca as hipóteses de interrupção das férias em 
seu art. 80 (calamidade pública, comoção interna, convocação para júri, 
serviço militar ou eleitoral ou necessidade do serviço), não havendo a 
previsão de interrupção pelo fato de a servidora estar no gozo da licença-
maternidade. 
Nesse sentido, aliás, o STJ já decidiu pela impossibilidade de 
aplicação extensiva do art. 80, caput, da Lei 8.112/1990: "Discute-se nos 
autos a possibilidade de alteração das férias, em decorrência de licença 
médica, após iniciado o período de gozo [...] Nos termos da legislação de 
regência, as hipóteses de interrupção de férias são taxativamente 
previstas no artigo 80 da Lei n. 8.112/90, dentre as quais não se insere o 
acometimento de doença e a respectiva licença para tratamento médico" 
(AgRg no REsp 1.438.415-SE, Segunda Turma, DJe 13/5/2014). 
STJ. 2ª Turma. AgRg no RMS 39.563-PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 
6/8/2015 (Info 566). 
Aprovado fora do número de vagas e desistência dos que estavam na sua 
frente 
Situação 1: o candidato aprovado fora do número de vagas 
previstas no edital de concurso público tem direito subjetivo à nomeação 
quando o candidato imediatamente anterior na ordem de classificação, 
aprovado dentro do número de vagas, for convocado e manifestar 
desistência. 
Ex: eram 10 vagas e João passou em 11º lugar; ocorre que o 10º 
colocado foi convocado e desistiu de assumir; João tem direito subjetivo 
de ser nomeado. Em suma, tem direito subjetivo à nomeação o 
candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital, mas que 
passe a figurar entre as vagas em decorrência da desistência de 
candidatos classificados em colocação superior. 
Situação 2: o candidato aprovado fora do número de vagas 
previstas no edital de concurso público tem direito subjetivo à nomeação 
quando o candidato imediatamente anterior na ordem de classificação, 
==d76ad==
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embora aprovado fora do número de vagas, for convocado para vaga 
surgida posteriormente e manifestar desistência. 
Ex: João fez um concurso público para o cargo de Procurador do 
Estado, cujo edital previa 10 vagas, tendo sido aprovado e, na 
classificação final, ficou em 12º lugar. Os 10 candidatos aprovados nas 
primeiras posições foram nomeados e empossados. Um ano depois, é 
aprovada uma lei criando uma nova vaga para o cargo de Procurador do 
Estado. Pedro, o candidato aprovado em 11º lugar no concurso, foi 
convocado para tomar posse no cargo, mas, por ter outros interesses, 
acabou desistindo de assumir. Nessa hipótese, João tem direito subjetivo 
de ser nomeado. 
Em regra, se o candidato foi aprovado fora do número de vagas (o 
concurso não previa cadastro de reserva), mas durante o prazo de 
validade do concurso foram criados novos cargos, ele não terá direito 
subjetivo à nomeação. O fato de terem sido criados novos cargos 
enquanto ainda vigente o concurso não obriga, por si só, a Administração 
a nomear o candidato aprovado fora do número de vagas. 
O aprovado fora das vagas somente terá direito subjetivo à 
nomeação se o candidato imediatamente anterior na ordem de 
classificação, embora aprovado fora do número de vagas, for convocado 
para vaga surgida posteriormente e manifestar desistência. Nessa 
hipótese, a Administração, por meio de ato formal, manifesta 
necessidade e interesse no preenchimento da vaga, de tal sorte que 
a convocação de candidato que, posteriormente, manifesta desinteresse, 
não gera somente expectativa de direito ao candidato posterior, mas 
direito subjetivo. 
STJ. 1ª Turma. AgRg no ROMS 48.266-TO, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 
18/8/2015 (Info 567). 
STJ. 1ª Turma. AgRg noRMS 41.031-PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 
18/8/2015 (Info 567). 
Teoria do fato consumado: inaplicabilidade em concurso público 
Imagine a seguinte situação hipotética: Maria prestou concurso e 
não foi aprovada na 1ª fase por conta de um ponto. A candidata ajuizou 
ação pedindo a anulação de uma questão e conseguiu liminar para 
participar da 2ª fase, tendo sido aprovada na prova discursiva, razão pela 
qual foi nomeada, tomou posse e passou a exercer o cargo. Ocorre que, 
depois de 15 anos no cargo, a ação foi julgada improcedente, com trânsito 
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em julgado, tendo a Administração Pública tornado sem efeito a sua 
nomeação. Diante disso, Maria impetrou mandado de segurança pedindo 
para que seja mantida no cargo com base na teoria do fato consumado, 
uma vez que já exercia a função há muitos anos. 
Ocorre que o pedido de Maria não foi aceito pelo STF. Para a 
Suprema Corte, o candidato que toma posse em concurso público por 
força de decisão judicial precária assume o risco de posterior reforma 
desse julgado que, em razão do efeito “ex tunc”, inviabiliza a aplicação da 
teoria do fato consumado em tais hipóteses. 
A posse ou o exercício em cargo público por força de decisão 
judicial de caráter provisório não implica a manutenção, em definitivo, 
do candidato que não atende a exigência de prévia aprovação em 
concurso público (art. 37, II, da CF/88), valor constitucional que 
prepondera sobre o interesse individual do candidato, que não pode 
invocar, na hipótese, o princípio da proteção da confiança legítima, pois 
conhece a precariedade da medida judicial. 
Com efeito, em situações envolvendo concurso público não faz 
sentido invocar-se o princípio da proteção da confiança legítima, haja vista 
que o candidato beneficiado com a decisão não desconhece que o 
provimento jurisdicional tem natureza provisória e que pode ser revogado 
a qualquer momento, acarretando automático efeito retroativo. Ademais, 
nesses casos, a nomeação e a posse no cargo ocorrem por provocação do 
próprio particular interessado e contra a vontade da Administração Pública 
que, inclusive, contesta o pedido feito na Justiça. Logo, não há que se 
falar em legítima confiança do administrado, já que não foi a 
Administração Pública quem praticou o ato nem reconheceu o direito. 
Em suma, não se aplica a teoria do fato consumado para candidatos 
que assumiram o cargo público por força de decisão judicial provisória 
posteriormente revista. 
STF. 1ª Turma. RMS 31538/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Marco 
Aurélio, julgado em 17/11/2015 (Info 808). 
STF. Plenário. RE 608482/RN, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 7/8/2014 
(repercussão geral) (Info 753). 
As vantagens pessoais do servidor também devem respeitar o teto, mesmo 
que sejam anteriores à EC 41/2003Alguns servidores continuavam tentando excluir do teto as vantagens 
pessoais que haviam adquirido antes da EC 41/2003 (que implementou, 
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na prática, o teto no funcionalismo). Argumentavam que a garantia da 
irredutibilidade de vencimentos, modalidade qualificada de direito 
adquirido, impediria que as vantagens percebidas antes da vigência da EC 
41/2003 fossem por ela alcançadas. 
O STF acolheu esse argumento? As vantagens pessoais anteriores à 
EC 41/2003 estão fora do teto? 
NÃO. Computam-se para efeito de observância do teto remuneratório 
do artigo 37, XI, da Constituição da República, também os valores 
percebidos anteriormente à vigência da EC 41/2003 a título de 
vantagens pessoais pelo servidor público, dispensada a restituição de 
valores eventualmente recebidos em excesso e de boa-fé até o dia 
18/11/2015. 
STF. Plenário. RE 606358/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 18/11/2015 
(repercussão geral) (Info 808). 
Concurso público: direito subjetivo à nomeação e surgimento de vagas 
O STF fixou a tese de que o surgimento de novas vagas ou a 
abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de 
validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à 
nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, 
ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por 
parte da Administração, caracterizada por comportamento tácito ou 
expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de 
nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser 
demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, o direito subjetivo à 
nomeação do candidato aprovado em concurso público, exsurge nas 
seguintes hipóteses: 
1 – Quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas 
previsto no edital; 
2 – Quando houver preterição na nomeação por não observância da 
ordem de classificação; 
3 – Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso 
durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de 
candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da administração 
nos termos acima. 
Note que não há direito automático à nomeação para o candidato 
aprovado fora das vagas do edital com o simples surgimento de novas 
vagas ou abertura de novo concurso. É necessário, de acordo com a tese 
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de repercussão geral, que ocorra simultaneamente a preterição de 
candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da 
Administração. Tal situação ficaria caracterizada, por exemplo, se a 
Administração convocasse, durante o prazo de validade do primeiro, os 
candidatos aprovados no certame seguinte. 
STF. RE 837311/PI, rel. Min. Luiz Fux, 9.12.2015 (repercussão geral) (Info 811). 
Vagas reservadas a pessoas com deficiência 
Súmula 552-STJ: O portador de surdez unilateral não se qualifica 
como pessoa com deficiência para o fim de disputar as vagas 
reservadas em concursos públicos. 
STJ. Corte Especial. Aprovada em 04/11/2015. 
O portador de surdez unilateral não pode ser considerado PNE porque 
o Decreto 3.298/99, que dispõe sobre a Política Nacional para Integração 
da Pessoa Portadora de Deficiência, define que deficiência auditiva é a 
perda bilateral da audição. 
Ressalte-se que este mesmo Decreto, ao definir deficiência visual, 
não exige que a cegueira seja nos dois olhos. Sendo assim, o portador de 
visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às 
vagas reservadas aos deficientes, diferentemente do portador de surdez 
unilateral. Há, inclusive, uma Súmula do STJ sobre o assunto: 
Súmula 377-STJ: O portador de visão monocular tem direito de 
concorrer, em concurso público, às vagas reservadas aos 
deficientes. 
Acumulação de cargo de tradutor de LIBRAS com de professor 
É possível a acumulação de um cargo público de professor com outro 
de intérprete e tradutor da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). 
Segundo o entendimento do STJ, a função de tradutor e intérprete de 
LIBRAS é um cargo "técnico" para fins de enquadramento na exceção 
constitucional que permite a acumulação de um cargo de professor com 
outro técnico ou científico (CF, art. 37, XVI, “b”), ainda que não exija 
curso superior. 
Com efeito, o conceito de "cargo técnico ou científico" não exige, 
necessariamente, que se trate de um cargo de nível superior. O STJ 
entende que cargo técnico ou científico, para fins de acumulação com o de 
professor, nos termos do art. 37, XVII, da CF/88, é aquele para cujo 
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exercício sejam exigidos conhecimentos técnicos específicos e habilitação 
legal, não necessariamente de nível superior. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.569.547-RN, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 15/12/2015 
(Info 575) 
Monitoramento de e-mail corporativo de servidor público 
As informações obtidas por monitoramento de e-mail corporativo 
de servidor público não configuram prova ilícita quando relacionadas 
com aspectos "não pessoais" e de interesse da Administração 
Pública e da própria coletividade, especialmente quando exista, nas 
disposições normativas acerca do seu uso, expressa menção da sua 
destinação somente para assuntos e matérias afetas ao serviço, bem 
como advertência sobre monitoramento e acesso ao conteúdo das 
comunicações dos usuários para cumprir disposições legais ou instruir 
procedimento administrativo. 
Nesse caso, não há violação à intimidade do servidor quando o e-mail 
corporativo é monitorado. A reserva da intimidade no âmbito de trabalho 
limita-se às informações familiares, da vida privada, política, religiosa e 
sindical. 
Assim, é possível que a comissão processante de processo 
administrativo disciplinar requisite do setor de informática do órgão 
público cópia do conteúdo das correspondências eletrônicas recebidas e 
enviadas pelo servidor em seu e-mail funcional. 
STJ. 2ª Turma. RMS 48.665-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 15/9/2015 (Info 
576). 
Proibição de tratamento diferenciado entre a licença-maternidade e a 
licença-adotante 
O art. 210 da Lei nº 8.112/90, assim como outras leis estaduais e 
municipais, prevê que o prazo para a servidora que adotar uma criança é 
inferior à licença que ela teria caso tivesse tido um filho biológico. De 
igual forma, este dispositivo estabelece que, se a criança adotada for 
maior que 1 ano de idade, o prazo será menor do que seria se ela tivesse 
até 1 ano. 
Segundo o STF, tal previsão é inconstitucional. Foi fixada, portanto, 
a seguinte tese: Os prazos da licença-adotante não podem ser 
inferiores ao prazo da licença-gestante, o mesmo valendo para as 
respectivas prorrogações. 
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Em relação à licença-adotante, não é possível fixar prazos diversos 
em função da idade da criança adotada. 
STF. Plenário. RE 778889/PE, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 10/3/2016 
(repercussão geral) (Info 817). 
Auxílio-alimentação para aposentados 
Súmula vinculante 55-STF: O direito ao auxílio-alimentação não se 
estende aos servidores inativos. 
STF. Plenário. Aprovada em 17/3/2016. 
A União e alguns Estados e Municípios possuem leis prevendo a 
concessão de auxílio-alimentação (também chamado de "vale 
alimentação") a seus servidores públicos. Segundo o STF, o direito ao 
auxílio-alimentação (vale-alimentação) não pode ser estendido aos 
servidores inativos com base no princípio da paridade. Isso porque esta 
verba tem naturezaindenizatória e é destinada apenas a cobrir os 
custos de refeição devida exclusivamente ao servidor que se encontrar no 
exercício de suas funções, não se incorporando à remuneração nem aos 
proventos de aposentadoria. 
É importante destacar que o servidor público tem direito de continuar 
recebendo o auxílio-alimentação mesmo durante o período em que estiver 
de férias ou licença. Isso porque o art. 102, incisos I e VIII da Lei nº 
8.112/90 prevê que o afastamento em virtude de férias ou licença deve 
ser considerado como tempo de efetivo exercício. Tal entendimento 
parece conflitante como o enunciado da SV 55, mas é o que prevalece. 
Jornada de trabalho diferenciada para servidores da União que trabalhem 
com substâncias radioativas 
Independentemente da categoria profissional, todos os servidores da 
União, civis e militares, e os empregados de entidades paraestatais de 
natureza autárquica que operam, de forma habitual, diretamente com 
raios X e substâncias radioativas, próximo às fontes de irradiação, têm 
o direito à redução da duração máxima da jornada de trabalho de 
40 para 24 horas semanais prevista no art. 1º da Lei nº 1.234/50. Vale 
ressaltar que a Lei nº 1.234/50 não foi revogada pela Lei nº 8.112/90, 
pois esta mesma excepciona as hipóteses estabelecidas em leis especiais. 
STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1.569.119-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 
7/4/2016 (Info 581). 
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Lei que prevê hipóteses genéricas de contratação temporária é 
inconstitucional 
A LC 22/2000, do Estado do Ceará, autoriza a contratação de 
professores, por tempo determinado, para atender necessidade 
temporária de excepcional interesse público nas escolas estaduais. 
O art. 3º da referida Lei prevê diversas hipóteses nas quais é possível 
a referida contratação. O STF afirmou que, em tese, é possível a 
contratação temporária por excepcional interesse público (art. 37, IX, da 
CF/88) mesmo para atividades permanentes da Administração 
(como é o caso de professores). No entanto, o legislador tem o ônus de 
especificar, em cada circunstância, os traços de emergencialidade que a 
justificam. 
As alíneas "a, b, c, d, e" preveem a contratação temporária caso o 
titular se afaste para gozar de licenças ou para fazer cursos de 
capacitação. O STF reputou que tais hipóteses são constitucionais já que 
elas descrevem situações que são alheias ao controle da 
Administração Pública, ou seja, hipóteses que estão fora do controle do 
Poder Público e que, se este não tomasse nenhuma atitude, poderia 
resultar em desaparelhamento transitório do corpo docente. Logo, para 
tais situações está demonstrada a emergencialidade. 
A alínea "f" previa que poderia haver a contratação temporária para 
suprir "outros afastamentos que repercutam em carência de natureza 
temporária". O STF entendeu que esta situação é extremamente 
genérica, de forma que não cumpre o art. 37, IX, da CF/88. 
O parágrafo único do art. 3º autoriza a contratação temporária para 
que a Administração Pública pudesse implementar "projetos educacionais, 
com vista à erradicação do analfabetismo, correção do fluxo escolar e 
qualificação da população cearense". O STF entendeu que esta previsão 
também é inconstitucional porque estes são objetivos corriqueiros 
(normais, ordinários) da política educacional. Desse modo, esse tipo 
de ação não pode ser implementado por meio de contratos episódicos 
(temporários), já que não constitui contingência especial a ser atendida. 
STF. Plenário. ADI 3721/CE, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 9/6/2016 (Info 829). 
STF. Plenário. ADI 3662/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 23/3/2017 (Info 858). 
 
 
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Novo PAD com a mesma comissão 
Respeitados todos os aspectos processuais relativos à suspeição e 
impedimento dos membros da Comissão Processante previstos pelas Leis 
8.112/90 e 9.784/99, não há qualquer impedimento ou prejuízo material 
na convocação dos mesmos servidores que anteriormente tenham 
integrado Comissão Processante, cujo relatório conclusivo foi 
posteriormente anulado (por cerceamento de defesa), para comporem a 
segunda Comissão de Inquérito. 
O art. 169 da Lei 8.112/90 preconiza o seguinte: 
Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a autoridade que 
determinou a instauração do processo ou outra de hierarquia superior 
declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, a 
constituição de outra comissão para instauração de novo processo. 
O STF e o STJ, ao interpretarem este dispositivo, entendem que, 
quando ele diz "constituição de outra comissão", não exige que nesta 
outra comissão os membros sejam diferentes daqueles que compuseram a 
primeira. Em outras palavras, se o motivo pelo qual o primeiro PAD foi 
anulado não está relacionado com a isenção da comissão, não existe 
impedimento legal para que os membros da primeira participem da 
comissão que irá conduzir o segundo processo. 
Assim, não há qualquer impeditivo legal de que a comissão de 
inquérito em processo administrativo disciplinar seja formada pelos 
mesmos membros de comissão anterior que havia sido anulada. 
STF. 1ª Turma. RMS 28774/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. 
Roberto Barroso, julgado em 9/8/2016 (Info 834). STJ. 1ª Seção. MS 16.192/DF, Rel. 
Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10/04/2013. 
Desnecessidade de intimação do servidor após o relatório final do PAD 
Não é obrigatória a intimação do interessado para apresentar 
alegações finais após o relatório final de processo administrativo 
disciplinar. 
Inexiste previsão na Lei nº 8.112/1990 de intimação do acusado após 
a elaboração do relatório final da comissão processante. 
STF. 1ª Turma. RMS 28774/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. 
Roberto Barroso, julgado em 9/8/2016 (Info 834). 
STJ. 1ª Seção. MS 18.090-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 8/5/2013 (Info 
523). 
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Empréstimo das interceptações telefônicas do processo criminal para o PAD 
A prova colhida mediante autorização judicial e para fins de 
investigação ou processo criminal pode ser utilizada para instruir 
procedimento administrativo punitivo. 
Assim, é possível que as provas provenientes de interceptações 
telefônicas autorizadas judicialmente em processo criminal sejam 
emprestadas para o processo administrativo disciplinar, mesmo que o 
processo penal ainda não tenha transitado em julgado e mesmo que a 
quebra do sigilo telefônico tenha sido determinada pelo órgão judicial 
especificamente para a investigação criminal ou a instrução processual 
penal. 
STF. 1ª Turma. RMS 28774/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. 
Roberto Barroso, julgado em 9/8/2016 (Info 834). 
Restrição a candidatos com tatuagem em concurso público 
Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a 
pessoas com tatuagem, salvo situações excepcionais em razão de 
conteúdo que viole valores constitucionais. 
O fato de o candidato possuir tatuagem não macula, por si só, sua 
honra pessoal, o profissionalismo, o respeito às Instituições e, muito 
menos, lhe diminui a competência. 
Segundo o entendimento do STF, qualquer obstáculo a acesso a 
cargo público deve estar relacionado unicamente ao exercício das funções 
como, por exemplo, idade ou altura que impossibilitem o exercício de 
funções específicas. A criação de barreiras arbitrárias para impedir o 
acesso de candidatos a cargos públicos fere os princípios constitucionais 
da isonomia e da razoabilidade.