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autora FLAVIA PORTO PELA 1ª edição SESES rio de janeiro 2015 HISTOLOGIA E EMBRIOLOGIA Conselho editorial sergio augusto cabral; roberto paes; gladis linhares. Autora do original flavia porto pela Projeto editorial roberto paes Coordenação de produção gladis linhares Projeto gráfico paulo vitor bastos Diagramação bfs media Revisão linguística marina constantino cantero e aline zaramelo Revisão de conteúdo mildred ferreira medeiros Imagem de capa alexei zatsepin | dreamstime.com Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) P839h Porto, Flavia Histologia e Embriologia / Flavia Porto. Rio de Janeiro : SESES, 2015. 184 p. : il. isbn: 978-85-5548-159-8 1. Reproduçao humana. 2. Desenvolvimento embrionário. 3. Histologia dos tecidos. I. SESES. II. Estácio cdd 611 Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063 Sumário 1. Sistema Reprodutor Humano 7 1.1 Introdução 8 1.2 Noções do Aparelho Reprodutor Masculino 9 1.2.1 Componentes e suas funções 9 1.2.2 Testículos 10 1.2.3 Epidídimo 11 1.2.4 Ductos deferentes 12 1.2.5 Vesículas seminais 12 1.2.6 Próstata 13 1.2.7 Glândulas bulbouretrais 13 1.2.8 Pênis 14 1.3 Gametogênese Masculina ou Espermatogênese 15 1.4 Os hormônios do sistema reprodutor masculino 19 1.5 Noções do Sistema Reprodutor Feminino 21 1.5.1 Componentes e suas funções 21 1.5.1.1 Vulva 22 1.5.1.2 Vagina 23 1.5.1.3 Útero 24 1.5.1.4 Tubas uterinas 24 1.5.1.5 Ovários 25 1.5.1.6 Gametogênese Feminina ou ovogênese 26 1.5.1.7 Os hormônios do sistema reprodutor feminino 29 1.5.1.8 Ciclo menstrual 31 1.5.1.9 Ciclo Ovariano 31 1.5.1.10 Métodos Contraceptivos 33 2. Desenvolvimento embrionário – 1o a 4o semanas 39 2.1 1ª Semana do Desenvolvimento Embrionário 41 2.1.1 Fertilização 41 2.1.2 Clivagem do zigoto 45 2.1.3 Mórula 46 2.1.4 Blastocisto 47 2.1.5 Nidação ou Implantação 48 2.2 2ª semana do desenvolvimento embrionário 50 2.2.1 Disco embrionário bidérmico ou bilaminar 51 2.2.2 Cavidade Amniótica 51 2.2.3 Saco vitelino 52 2.2.4 Mesoderma extra embrionário 54 2.2.5 Celoma extra-embrionário 55 2.2.6 Pedículo do embrião 56 2.3 3ª semana do desenvolvimento embrionário 56 2.3.1 Gastrulação: Formação da linha primitiva 56 2.3.1.1 Formação das camadas de células embrionárias do embrião 58 2.3.1.2 Notocorda e neurulação 59 2.3.1.3 Formação dos somitos 61 2.3.1.4 Formação do celoma intra-embrionário 63 3. Desenvolvimento Embrionário 4o -8o e o Período Fetal – 9o semana do Desenvolvimento ao Nascimento 65 3.1 4ª a 8ª semana do desenvolvimento embrionário. 67 3.1.1 Dobramento ou fechamento do embrião. 67 3.1.2 Dobramento do embrião no plano mediano 68 3.1.2.1 Prega cefálica 68 3.1.2.2 Prega caudal 70 3.1.3 Dobramento do embrião no plano horizontal 72 3.2 Derivados das camadas germinativas do embrião. 72 3.3 Noções gerais sobre os principais eventos da 4ª a 8ª semana do desenvolvimento embrionário. 74 3.3.1 Quarta semana 74 3.3.2 Quinta semana 76 3.3.3 Sexta semana 76 3.3.4 Sétima semana 78 3.3.5 Oitava semana 79 3.4 Período fetal – 9° semana do desenvolvimento ao nascimento 81 3.4.1 Noções gerais sobre os principais eventos do período fetal 82 3.4.1.1 Da nona à décima segunda semana 82 3.4.1.2 Da décima terceira à décima sexta semana 83 3.4.1.3 Da décima sétima à vigésima semana 84 3.4.1.4 Da vigésima primeira a vigésima quinta semana 86 3.4.1.5 Da vigésima sexta à vigésima nona semana 87 3.4.1.6 Da trigésima a trigésima quarta semana 87 3.4.1.7 Da trigésima quinta à trigésima oitava semana 88 3.4.1.8 Data provável do parto (DPP) 89 4. Introdução à Histologia e Tecidos Epiteliais 91 4.1 Noções gerais sobre os métodos de análise das células e tecidos 94 4.1.1 Preparação de tecidos para exame microscópio 94 4.1.1.1 Fixação 94 4.1.1.2 Inclusão 95 4.1.1.3 Coloração 96 4.1.2 Microscopia de Luz 96 4.1.3 Microscopia de contraste de fase 97 4.1.4 Microscopia de Polarização 98 4.1.5 Microscopia Confocal 99 4.1.6 Microscopia de Fluorescência 101 4.1.7 Microscopia Eletrônica 102 4.2 Tecido Epitelial 104 4.2.1 Características gerais e especificações 104 4.2.2 Classificação dos epitélios 108 4.2.3 Tecido epitelial de revestimento 108 4.2.4 Tecido epitelial glandular 111 5. Tecidos Conjuntivos 115 5.1 Tecidos Conjuntivos 116 5.1.1 Células, fibras e substância fundamental amorfa 116 5.1.2 Funções gerais 124 5.1.3 Classificação e estudo dos tipos de tecido conjuntivo 124 5.1.3.1 Tecidos Conjuntivos propriamente ditos 125 5.1.3.2 Tecidos conjuntivos especializados 126 5.1.3.2.1 Tecido Adiposo 126 5.1.3.2.2 Funções 126 5.1.3.2.3 Classificação 127 5.1.3.2.4 Tecido Cartilaginoso 127 5.1.3.2.5 Funções 128 5.1.3.2.6 Tipos celulares e matriz extracelular 128 5.1.3.2.7 Classificação 130 5.1.3.2.8 Tipos de crescimento 130 5.1.3.2.9 Tecido Ósseo 131 5.1.3.2.10 Funções 132 5.1.3.2.11 Tipos celulares e matriz extracelular 132 5.1.3.2.12 Classificação histológica do tecido ósseo 133 5.1.3.2.13 Tipos de ossificação 134 5.1.3.2.14 Tecido Sanguíneo 135 5.1.3.2.15 Funções 135 5.1.3.2.16 Tipos celulares 135 5.1.3.2.17 Plasma sanguíneo 136 6. Tecido Muscular e Tecido Nervoso 139 6.1 Tecido Muscular 140 6.1.1 Características gerais 140 6.1.2 Funções gerais 140 6.1.3 Classificação e estudos dos diferentes tipos de tecido muscular 140 6.1.3.1 Tecido Muscular Estriado Esquelético 142 6.1.3.2 Tecido Muscular Estriado Cardíaco 146 6.1.3.3 Tecido Muscular Liso 149 6.2 Tecido Nervoso 151 6.2.1 Tipos celulares 153 6.2.1.1 Neurônios 154 6.2.1.2 Células da glia ou neuroglia 157 6.2.2 Sinapses 159 6.2.3 Substância branca e cinzenta 162 Sistema Reprodutor Humano 1 8 • capítulo 1 1.1 Introdução A reprodução humana remete à ação de perpetuação da espécie em decorrência da fusão dos gametas ou células germinativas masculinas e femininas oriun- dos de seus respectivos sistemas reprodutivos. Por meio do ato sexual, o ho- mem introduz no corpo da mulher através da ejaculação milhares de gametas masculinos denominados espermatozoides ou espermas, dos quais, em geral, um esperma irá penetrar, em geral, um único gameta feminino denominado de óvulo. Esse processo de fusão dos gametas é definido como fertilização o qual irá originar o zigoto. A fisiologia do sistema reprodutor feminino irá dispor ao zigoto um ambiente propício para o seu desenvolvimento intrauterino até o es- tágio final do embriogênese. O sistema reprodutor humano pode ser classificado por órgãos principais e acessórios, ou ainda, por órgãos internos e externos. Conforme a classificação por órgãos principais e acessórios, denominamos como órgão principal as gônadas responsáveis, tanto no sistema masculino quanto no sistema feminino, pela produção dos gametas e de hormônios sexu- ais relevantes para o desenvolvimento das características sexuais secundárias masculinas ou femininas e, em específico, nas mulheres, na regulação do ciclo reprodutivo. Os órgãos acessórios apresentam a função de proteger, transpor- tar e nutrir os gametas após terem deixado as gônadas. No sistema reprodutor masculino esses órgãos são os epidídimos, ductos deferentes, vesículas semi- nais, próstata, glândulas bulbouretrais, escroto e o pênis. No sistema reprodu- tor feminino esses órgãos são as tubas uterinas, útero, vagina e a vulva. Quanto à classificação por órgãos internos e externos, o sistema reprodutivo masculino é composto, na região externa, por escroto e pênis e, na região interna, por gônadas, epidídimo, ducto deferente, ducto ejaculatório, vesículas seminais, próstata e as glândulas bulbouretrais. O sistema reprodutivo femi- ninoé composto, na região externa, pela vulva e, na região interna, por vagina, útero, tubas uterinas e os ovários. Neste capítulo iremos descrever o sistema reprodutor humano masculino e feminino apresentando seus componentes, descrevendo suas funções, espe- cificando o processo de formação dos gametas e a regulação hormonal no pro- cesso reprodutivo. capítulo 1 • 9 1.2 Noções do Aparelho Reprodutor Masculino 1.2.1 Componentes e suas funções O sistema reprodutor masculino é composto por gônadas, epidídimos, ductos deferentes, vesículas seminais, próstata, glândulas bulbouretrais, escroto e o pênis, os quais podem ser classificados em órgãos essenciais ou acessórios e, ainda, por órgãos externos e internos. Pela classificação em órgãos essenciais ou acessórios, temos como órgão essencial: as gônadas ou testículos e, como órgãos acessórios ou secundários os epidídimos, ductos deferentes, vesículas seminais, próstata, glândulas bul- bouretrais, escroto e o pênis. Conforme a classificação em órgãos externos e internos, tem como órgãos externos, escroto e pênis e, como órgãos internos, gônadas, epidídimo, duc- to deferente, ducto ejaculatório, vesículas seminais, próstata e as glândulas bulbouretrais. © P E TE R JU N A ID Y | D R E A M S TIM E .C O M Figura 1.1 – Sistema Reprodutor Masculino. Perspectiva transversal dos orgãos. 10 • capítulo 1 Próstata Ureter Vesícula seminal Ducto deferente ou vaso deferente Corpos eréteis Orifício uro-genital Testículo Uretra Glande Escroto © FA B IO C O N C E TTA | D R E A M S TIM E .C O M Figura 1.2 – Sistema Reprodutor Masculino. Perspectiva frontal dos órgãos. 1.2.2 Testículos As gônadas masculinas ou testículos são as glândulas internas masculinas, pre- sente em par (testículo direito e esquerdo), com cerca de 5cm de comprimento, localizadas, até 32o semana do feto na cavidade abdominal e, posteriormente, no interior de uma bolsa músculo-cutânea denominada de escroto, região an- terior do períneo, suspensos pelos funículos espermáticos, cuja função está re- lacionada à produção dos espermatozoides e do hormônio sexual masculino. Cada testículo está envolto por espessa camada de tecido conjuntivo denso denominado de túnica, que se subdivide em túnica vaginal, túnica albugínea e túnica vascular. A túnica vaginal é responsável por envolver o testículo, o epidídimo e a pri- meira porção do ducto deferente. A túnica albugínea é responsável pela formação dos septos e, consequente- mente, dos lóbulos testiculares. São nos lóbulos testiculares que são encontra- dos os túbulos seminíferos responsáveis pela formação dos espermatozoides. Por fim, a túnica vascular é composta por uma rede de vasos sanguíneos responsáveis pela vascularização no interior dos testículos. capítulo 1 • 11 Ainda nos testículos há as células de Sertoli que apresentam a função de nutrir e manter os espermatozoides até o momento da ejaculação e, as células intersticiais de Leydig responsáveis pela produção de andrógenos (hormônios masculinos), distribuídos entre os túbulos, com função de características sexu- ais secundárias ao homem. 1.2.3 Epidídimo O epidídimo está localizado na porção superior dos testículos, como podemos observar na figura 1.2, sendo envolvidos pela túnica albugínea e pela túnica vagi- nal, ambas presentes nos testículos. Medem cerca de 7cm de comprimento em sua forma enovelada, atingindo até 5m de duto se fosse esticado. Anatomica- mente, cada epidídimo pode ser dividido em três regiões: cabeça, corpo e cauda. A cabeça e o corpo possuem como principal função a maturação dos esperma- tozoides, processo que ocorre ao longo de 4 a 12 dias, enquanto a cauda é res- ponsável pelo armazenamento até o momento da ejaculação dos gametas. Esse órgão é dependente de andrógeno para que sua atividade funcional ocorra. O epitélio do epidídimo é pseudoestratificado colunar com estereocílios com ação de absorver o fluído oriundo dos testículos. Apresenta, em sua composição, células com complexo de Golgi hipertrófico, evidenciando intensa atividade de síntese de glicoproteínas que serão inseridas nas superfícies dos espermatozoi- des, conferindo a estes gametas os componentes químicos importantes para garantir a cada espermatozoide a motilidade necessária para fecundar o oócito. Ainda, na composição pseudoestratificada do epitélio, é comum encontrar linfó- citos aptos atuarem como barreira imunológica a esse órgão. O transporte dos espermatozoides é dependente das contrações de miofibroblastos dispostos em torno do duto localizado na porção subjacente ao epitélio cuja musculatura lisa favorece o peristaltismo espontâneo, enquanto, a contração do músculo da cauda do epidídimo é desencadeada pelo estímulo sexual, provocando a ejaculação. Desta forma, os espermatozoides são liberados para o exterior, passando rapidamente pelos canais deferentes e pela uretra. 12 • capítulo 1 1.2.4 Ductos deferentes Os ductos deferentes são subjacentes à porção caudal do epidídimo, apre- sentando maior calibre e menor enovelamento do tecido, tendo em torno de 35 cm de comprimento. São revestidos pelo epitélio pseudoestratificado colunar com estereocílios e, subjacente ao epitélio, há delgado tecido conjuntivo frou- xo com fibras elásticas e espessa musculatura lisa, cujo conjunto histológico será responsável por transportar os espermatozoides durante a ejaculação. Ducto deferente, vesícula seminal e ducto ejaculatório Vesícula seminal Ducto deferente Ducto ejaculatório Utrículo prostatico Abertura do ducto ejaculatório Porção prostática da uretra Figua 1.3 – Anatomia do A) Ducto Deferente, B) Vesícula Seminal e C) Ducto Ejaculatorio. Os ductos deferentes atravessam o canal inguinal (passagem na parede ab- dominal anterior) até o anel inguinal do abdome, entram na região denomina- da cavidade pélvica curvando-se lateralmente e para baixo da superfície dor- sal da bexiga urinária. É nesta porção terminal dos canais deferentes que há formação das ampolas, dado a composição muscular mais delgada e dilatada dessa região. Posteriormente as ampolas, se encontram as vesículas seminais as quais, na base da próstata, fundem-se ao ducto excretor formando assim o ducto ejaculatório (figura 1.3A). 1.2.5 Vesículas seminais As vesículas seminais são compostas por duas bolsas membranosas lobuladas, com 7,5 cm de comprimento, localizadas entre o fundo da bexiga e o reto, possuem como função a elaboração do líquido constituinte do sêmen (figura 1.3B). capítulo 1 • 13 O ducto ejaculatório está situado atrás da bexiga e, como descrito anterior- mente, é formado pela fusão das vesículas seminais aos ductos deferentes. É denominado como região de transporte dos espermatozoides dos ductos para a base da próstata (figura 1.3C). 1.2.6 Próstata A próstata está localizada na cavidade pélvica circundando a porção superior da uretra, é constituída por porção glandular e outra muscular, sendo responsável por secretar fluído leitoso, sutilmente ácido, contendo nutrientes e enzima as quais contribuem para a viabilidade e mobilidade dos espermatozoides (figura 1.4A). Ureter Bexiga urinária Próstata Pênis Trígono Orifício externo da uretra Uretra postática Uretra membranosa Uretra cavernosa Glândulo bulboretral Figura 1.4 – Anatomia da A) Próstata, B) Glândulas bulboretral e C) Uretra. 1.2.7 Glândulas bulbouretrais As glândulas bulbouretrais também conhecidas por glândulas de Cowper situ- am-se na parte posterior do bulbo do pênis, possuem diâmetro de 1 cm, cuja função é liberar, antes do orgasmo, fluido ligeiramente mucoso capaz de lubri- ficar a uretra (figura 1.4B). A uretra é o canal terminal do sistema reprodutor masculino, apresentan- do epitélio de transição, podendo ser dividida em uretra prostática, uretra 14 • capítulo 1 membranosa e uretra peniana (figura 1.4C). Tem como função o controle da passagemde urina e do sêmen. O escroto se localiza na porção posterior ao pênis, sendo uma continuação da parede abdominal que forma uma bolsa dividida por um septo em dois sacos, cada qual contendo um testículo e o epidídimo. No tecido subcutâneo do escro- to há fibras musculares lisas denominadas como camada dartos cuja função é manter a temperatura dos testículos e epidídimo compatível com a viabilidade necessária à sobrevivência e à produção dos espermatozoides (figura 1.5). Fáscia espermática interna Lâmina parietal da túnica vaginal Epidídimo Testículo (recoberto por lâmina visceral da túnica vaginal Fáscia superficial do escroto (dartos) Fáscia expermatica externa Músculos e fáscias cremastéricos Pele do escroto Figura 1.5 – Anatomia do escroto em secção transversal. 1.2.8 Pênis O pênis é o órgão masculino externo responsável pela cópula e pela eliminação da urina para o meio externo. É constituído por dois corpos cavernosos e por um corpo esponjoso que em sua porção terminal distal expande-se para formar a glande do pênis e por onde a uretra passa. Cada qual dos corpos penianos é formado por espaços preenchidos por sangue, cujo preenchimento dos espaços por maior ou menor volume sanguíneo é responsável pela ereção masculina. O pênis é revestido internamente por epitélio estratificado pavimentoso pou- co queratinizado, enquanto a glande é revestida por epitélio estratificado pavi- mentoso, não queratinizado. O tecido conjuntivo da pele, com características frouxas e ricas em fibras elásticas contribui para o processo de ereção do pênis e a exposição da glande. O pênis é um órgão com muitas terminações nervosas capítulo 1 • 15 e receptores sensoriais o que promove ao indivíduo maior associação ao prazer sexual (figura 1.6). Pele Veia dorsal profunda Túnica albugínea Corpos cavernosos: Artéria Septo Corpo esponjoso Uretra Trabéculas Espaços cavernosos Figura 1.6 – Anatomia do pênis em secção transversal. 1.3 Gametogênese Masculina ou Espermatogênese A gametogênese masculina define-se como período de produção de gametas masculinos, os espermatozoides, ao longo da vida reprodutiva do homem. Este processo de produção de gametas ocorre em quatro fases: fase de proliferação ou multiplicação, fase de crescimento, fase de maturação e a espermiogênese. Tanto a gametogênese masculina quanto a feminina se iniciam no embrião ainda durante sua vida intra uterina, fase de proliferação ou multiplicação ce- lular, em que as células germinativas das gônadas embrionárias são submeti- das a uma série de divisões mitóticas de modo que se aumentem em número. Quando ocorre o nascimento do menino, os testículos, possuem apenas células germinativas imaturas, ou seja, não prosseguirão à etapa de mitose. Após o nas- cimento, as gônadas se tornam quiescentes até a puberdade, período em que se inicia o amadurecimento daquelas. Na puberdade, a espermatogênese ocorre nos túbulos seminíferos testicu- lares como resposta ao estímulo realizado pelos hormônios gonadotróficos da 16 • capítulo 1 glândula hipófise anterior. Desta forma, a mitose das células germinativas é retomada e suas células resultantes podem permanecer em processo mitótico mantendo a linhagem de células germinativas, as espermatogonias, ou iniciarem o processo de divisão meiótico se tornando então espermatócitos primários. Para a formação dos espermatócitos primários, as espermatogonias au- mentam seu volume citoplasmático e migram entre as células de Sertoli em direção ao lúmen central dos tubos seminíferos, fase de crescimento. Sendo assim, dá-se início ao processo mitótico, cuja descrição será realizada em duas etapas: a primeira divisão meiótica e a segunda divisão meiótica. Todo processo de divisão celular meiótico, fase de maturação, se inicia com a etapa de interfase, período no qual ocorre intensa atividade metabólica (Fase G0) em que a célula concentra sua atividade à manutenção vital, seguindo para a etapa em que ocorre síntese de proteínas (Fase G1), síntese de DNA (Fase S) e a duplicação dos centríolos (Fase G2), o que acarreta para célula o aumento do volume, do tamanho e do número de organelas promovendo condições para a realização das etapas de divisão celular. A primeira divisão meiótica, também denominada reducional, promoverá a formação de células com a metade do número de cromossomos da célula-mãe, ou seja, no final dessa etapa as células são consideradas haploides. A primeira etapa, prófase I, ocorre com a condensação dos cromossomos duplicados na fase de interfase, o emparelhamento dos mesmos aos seus pares homólogos seguido de um possível processo de crossing-over entre as cromátides homó- logas, sutil separação dos cromossomos homólogos promovendo a termina- lização dos quiasmas e, por fim, o envoltório nuclear é desfeito. A prófase I é considerada a fase mais longa do período de divisão meiótica. Seguindo para a metáfase I, com o envoltório nuclear já desfeito, há a formação do fuso acro- mático no qual os cromossomos irão se ligar, se dispondo no meio da célula. Durante a anáfase I ocorre a separação dos cromossomos homólogos por meio do deslocamento dos mesmos para as extremidades do citoplasma. Por fim, na telófase, os cromossomos são separados nos polos das células, são sutilmente descondensados e ocorre a citocinese. Desta forma, cada gameta primário ou espermatócito primário se divide em dois gametas secundários, os espermatócitos secundários. Cada esperma- tócito secundário recebe 46 cromossomos do corpo, os quais permanecem como cromátides-irmãs emparelhadas. capítulo 1 • 17 A segunda divisão meiótica, também denominada equacional, se inicia com a prófase II, com os processos de condensação dos cromossomos, o de- saparecimento dos nucléolos, a migração dos centríolos para polos opostos da célula e a desintegração da carioteca. Durante a metáfase II, os cromossomos se organizam no polo equatorial da célula, seguindo, com a separação das cro- mátides irmãs, a denominada anáfase II. Por fim, na telófase II, as cromátides se condensam, os nucléolos reaparecem e a carioteca se reintegra, resultando então em quatro células filhas. A conclusão da meiose II se dá com as cromátides-irmãs se separando re- sultando em 4 espermátides haploides contendo 23 cromossomos simples, as quais ao amadurecerem formarão os espermatozoides. Túbulo seminífero Mitose Espermetogônia tipo A Espermetogônia tipo A Espermetogônia tipo B Espermatócito primário Espermatócito secundário Meiose I Meiose II Espermátides (Estágio 2 da diferenciação) Espermiogênese Espermatozoide © A LILA 0 7 | D R E A M S TIM E .C O M Figura 1.7 – Processo de produção de gametas masculinos, os espermatozoides, nos túbulos seminiferos presentes nos testículos. Após o término da meiose II, as espermátides ali formadas ainda não apre- sentam as características estruturais típicas dos espermatozoides. Para que 18 • capítulo 1 isto ocorra, inica-se a última fase obrigatória da gametogênese masculina A espermiogênese, última fase para a formação dos espermatozoides, remete ao processo de amadurecimento das espermátides haploides que irão perder volu- me citoplasmático, as vesículas do complexo de Golgi se fundem para formar o acrossomo, responsável por conter enzimas aptas a perfurarem as membranas do óvulo para a ocorrência da fecundação; os centríolos migram para a porção posterior ao núcleo da espermátides de modo a formar o flagelo, responsável por realizar a movimentação dos espermatozoides; e as mitocôndrias irão se posicionar na porção intermediária do espermatozoide de forma a realizar a respiração celular e produzir ATP para manter a energia da célula. Desta forma, os espermatozoides estarão maduros (figura 1.8). Núcleo espermático Centríolos Mitocôndria Microtubos Flagelo Acrossoma Núcleos Excesso de citoplasma Corpo Cabeça Rabo Vesícula acrossomalAparelho de Golgi 1 2 3 4 5 6 7 Figura 1.8 – Espermatogênese. Representação do processo de amadurecimento das esper- mátides haploides em espermatozoides. capítulo 1 • 19 1.4 Os hormônios do sistema reprodutor masculino As principais fontes de hormô- nios masculinos são a glândula adrenal e o testículo. O início da produção dos hormônios gona- dotróficos ocorre na puberdade quando os testículos da criança, ainda inativos, começam a ser estimulados pelos hormônios oriundos do sistema nervoso central (SNC), o hipotálamo e a hipófise. O hipotálamo realiza a produ- ção dos hormônios liberadores de gonadotrofina (GnRH – gona- dotropin releasing hormone) os quais irão atuar sobre a hipófise estimulando, consequentemen- te, a produção dos hormônios luteinizante (LH) e do folículo es- timulante (FSH). O FSH, por sua vez, estimula o crescimento testicular durante a puberdade e aumenta a produ- ção de uma proteína ligadora de androgênios (ABP) pelas células de Sertoli, a qual é responsável por manter o nível de testoste- rona local elevado favorecendo assim o processo de espermato- gênese e, ainda, favorece a pro- dução de estradiol por meio da enzima aromatase presente nas células de Sertoli. Figura 1.9 – Representação esquemática da síntese de testosterona a partir da conversão da testosterona e, a conversão da testosterona em diidrotestosterona (DHT) e estradiol. CH C BA HO Colesterol Pregnenolona Progesterona Corticosterona Esteróides adrenais Esteróides adrenais 17-OH-Progesterona Androstenedione D R CH2 CH2 C HO CH2 O C O CH2 O C O CH2 O OH C O O O Estrona O HO Estradiol OH HO Estrona O HO CH2OH O 20 • capítulo 1 O LH promove a secreção de testosterona ao estimular as células de Leydig. A produção de testosterona é dependente da mobilização do colesterol que sob ação de enzimas redutoras irão transformá-lo em testosterona (figura 1.9). O aumento da testosterona irá promover a inibição do GnRH produzido pelo hipotálamo e, também, inibirá o LH produzido pela hipófise. O processo inibitó- rio da secreção do FSH ocorre apenas com altas concentrações de testosterona ou pela produção de inibina B pelas células de Sertoli, ação esta que irá realizar a retroalimentação negativa da secreção hormonal pela hipófise (figura 1.10). Ação do FSH Ação do LH Retroalimentação negativa Retroalimentação positiva Hipotálamo GnRH Glândula pituitária anterior Testículos FSH LH Espermatogônia Células de Leydig Testosterona Retroalimentação negativa Retroalimentação negativa Proteína de ligação ao andrógeno (ABP) ligação Células de Sertoli Inibição Figura 1.10 – Diagrama representativo do eixo hipotálamo-hipófise-testículo. Um homem adulto produz em média de 5 a 9mg/dia de testosterona, a qual circula no sangue associada à proteína ligadora de hormônios sexuais (SHBG) e à albumina. Apenas 2% da testosterona estão presentes em sua forma livre no organismo sendo captadas por suas células alvo e, ainda, apenas 1% é transfor- mado em estradiol pela enzima aromatase presente tanto nas células de Leydig quanto nas células de Sertoli. Contudo, o principal derivado da testosterona é o diidrotestosterona (DHT) o qual é resultado da conversão da testosterona pela enzima 5 α-redutase. Os efeitos fisiológicos dos hormônios masculinos são: • Testosterona: • Diferenciação sexual; • Promover e manter a espermatogênese; capítulo 1 • 21 • Inibir o desenvolvimento de glândulas mamárias; • Efeito anabólico sobre os músculos; • Efeito anabólico sobre a medula óssea atuando sobre a eritropoese; • Agravamento da voz, crescimento da laringe e alongamento das cordas vocais; • Atuação sobre a libido; • Regulação de hormônios gonadotróficos e GnRH; • Indução enzimática e regulação da síntese proteica hepática. • DHT: • Diferenciação sexual: masculinização da genitália externa; • Maturação sexual na puberdade; • Desenvolvimento embrionário da próstata e crescimento e atividade no adulto; • Atividade das glândulas sebáceas; • Desenvolvimento de pelos corporais; • Indução enzimática e regulação da síntese proteica hepática. • Efeitos sobre a libido. • Estradiol: • Desenvolvimento embrionário da próstata e crescimento e atividade no adulto; • Regulação da secreção de gonadotrofinas e GnRH; • Efeitos sobre a libido. 1.5 Noções do Sistema Reprodutor Feminino 1.5.1 Componentes e suas funções O sistema reprodutor feminino é composto pelas seguintes estruturas vulva, vagina, útero, tubas uterinas e os ovários, os quais podem ser classificados em órgãos essenciais ou acessórios e, ainda, por órgãos externos e internos. Pela classificação em órgãos essenciais ou acessórios temos como órgãos essenciais os ovários e, como órgãos acessórios ou secundários têm as tubas uterinas, útero, vagina e a vulva. 22 • capítulo 1 Pela classificação feita pela localização destas estruturas, pode-se dizer que o sistema reprodutor feminino é composto internamente á pelve por vagina, útero, tubas uterinas e ovários e, externamente pela vulva. Ampola da tuba uterina (trompa de falópio) Fíbria da tuba Istmo da tuba Bexiga Uretra Clitóris Meato uretral Pequenos lábios Grandes lábios Ureter Ovário Fundo do útero Útero (matriz) Colo do útero Orifício externo do útero Vagina Reto Ânus Vestíbulo da vagina Períneo Trompa de falópio Útero Ovário Cólo do útero Orifício interno Orifício externo Vagina Lábios menores A B Figura 1.11 – Sistema Reprodutivo Feminino. A) Perspectiva Frontal dos Órgãos e B) Pers- pectiva Transversal dos Órgãos. 1.5.1.1 Vulva A vulva ou pudendo é a região externa do órgão genital feminino e, é constituída pelo monte púbico, os lábios maiores, os lábios menores, o clitóris e o bulbo do vestíbulo (figura 1.12). O monte púbico é uma elevação arredondada de tecido adiposo recoberto por pelos pubianos os quais promovem proteção contra choques. Na periferia do órgão sexual feminino estão os lábios maiores de constituição tecidual adi- posa e de mesma origem embrionária do escroto do órgão sexual masculino, possui glândulas sudoríparas e sebáceas em sua face interna e, a presença de pelos na face externa. Os lábios maiores se fundem por uma conexão cutânea definida por comissura posterior dos lábios. Internamente e paralelos aos gran- des lábios há os lábios menores, de mesma origem embrionária do corpo pe- niano do órgão sexual masculino e possui prevalência das glândulas sebáceas. Suas pregas, na porção superior, passa acima do clitóris formando o prepúcio do clitóris, enquanto, na porção inferior, há a formação do frênulo do clitóris. O clitóris é constituído por dois corpos cavernosos de tecido erétil inseridos em capítulo 1 • 23 uma membrana fibrosa densa, sendo que cada corpo é ligado aos ramos da pú- bis e do ísquio, é uma região rica em nervos. Por fim, o vestíbulo da vagina que é formado pelo hímen, o óstio vaginal, o óstio externo da uretra e as aberturas dos ductos das glândulas vestibulares maiores com função de secretar muco responsável por promover a lubrificação durante o ato sexual. Monte púbico Clitóris Abertura uretral Grande lábio da vagina Pequeno lábio da vagina Entrada da vagina Vulva Períneo Ânus Figura 1.12 – Representação da anatomia da Vulva constituída por monte púbico, os lábios maiores, os lábios menores, o clitóris e o bulbo do vestíbulo. 1.5.1.2 Vagina A vagina é um tubo com cerca de 8 a 10 cm de comprimento, cuja composição é de músculo-membranáceo mediano o qual na superfície superior se insere a porção média da cervix do útero e, na porção inferior, atravessa o diafragma urogenital para se abrir no pudendo feminino. O músculo-membranáceo mediano constitui-se em uma túnica mucosa e por uma túnica muscular, separadas por uma camada de tecido erétil. A túnica mucosa é formada pele epitélio estratificado planocontendo papilas de tecido conjuntivo e células epiteliais contendo grânulos de queratohialina. A túnica muscular é com- posta por músculo liso o que permite a dilatação do mesmo durante o ato sexual ou do nascimento do feto. Atua como receptáculo para o pênis durante a cópula, é a passagem do feto bem como do ciclo menstrual (figura 1.13). 24 • capítulo 1 1.5.1.3 Útero O útero está localizado sobre a vagina, entre a bexiga urinária e o reto, em es- pecífico, no plano mediano da cavidade pélvica. Possui o formato de uma pera invertida, é oco, sendo constituído em sua morfologia por colo, corpo e o istmo do útero. O colo do útero está localizado acima da porção superior da cavidade vaginal (figura 1.13A.) representando a região onde o istmo do útero encontra a vagina (figura 1.13B). O corpo do útero define-se pelos dois terços superiores do órgão (figura 1.13C) e, em cuja lateral, se conecta às tubas uterinas. Sua prin- cipal função é favorecer o desenvolvimento dos embriões que se implantam no endométrio. Corpo do útero Istmo do útero Colo do útero Vagina Visão frontal do colo do útero Figura 1.13 – Representação do Útero. A imagem evidencia morfologia uterina dividida em: A) colo do útero, B) istmo do útero e C) corpo do útero. Ainda, uma visão frontal do colo do útero. O útero é um órgão fibromuscular dividido em uma porção mais espessa cons- tituída por fibras musculares lisas, tecido conjuntivo e glândulas endometriais, definida por endométrio; uma porção interna revestida por mucosa, caracteri- zada por miométrio; e, por fim, uma porção externa, serosa, mais delgada cons- tituída por tecido conjuntivo, denominada perimétrio. 1.5.1.4 Tubas uterinas As tubas uterinas são tubos de aproximadamente 10 cm constituídos por istmo, ampola e infundíbulo, localizadas nas laterais da porção superior do corpo do útero, com função de capturar, por meio das fímbrias, o ovócito e, transportar, por meio da ampola e do istmo, o ovócito ou o zigoto para o útero. Tais funções capítulo 1 • 25 são possíveis devido a composição tecidual destas tubas: uma camada inter- na ou mucosa constituída por epitélio colunar simples, composto por células ciliadas e por células secretoras, e, por tecido conjuntivo frouxo; uma camada média ou muscular constituída por músculo esquelético liso cujo peristaltismo favorece o transporte do óvulo ou do zigoto; e, por fim, uma camada externa ou serosa com constituição peritoneal (figura 1.14). Tuba uterina Fundo do útero Istmo Ampola Infundíbulo Pavilhão tubário Ovário Corpo do útero Canal vaginal Figura 1.14 – Tubas Uterinas. Em A) Representação esquemática. 1.5.1.5 Ovários Os ovários estão em par no aparelho reprodutor feminino, situados na cavidade pélvica, em formato elíptico com cerca de 4 cm de comprimento, 2 cm de lar- gura e 8mm de espessura, pesando cerca de 2 a 3,5g, se divide em três regiões distintas: córtex, medula e o hilo. Na mulher sexualmente madura, a histologia do córtex define-se por estru- turas sólidas contendo estroma de suporte de tecido conjuntivo, que se asse- melham aos fibroblastos com matriz intercelular e colágeno, podendo conter gotículas de lipídeos. Sua porção superficial é mais fibrosa do que o córtex pro- fundo frequentemente chamado de túnica albugínea. É pouco vascularizado e contem os folículos primordiais e os folículos pós-ovulatórios. Os folículos primordiais contem em cada qual, a célula germinativa, o ovócito também co- nhecido por óvulo, responsável pela função reprodutiva representada pela ovo- gênese e, os folículos pós-ovulatórios os quais podem ser os corpos lúteos com função de produzir os hormônios estrogênio e progesterona, os corpos lúteos 26 • capítulo 1 antigos e degenerados denominados como corpo albicans e os corpos degene- rados denominados atrésicos. A região medular é constituída por um tecido frouxo com fibroblastos. E, por fim, a região hílica com abundância de elemen- tos vasculares denominados ramos helicinos e nervos (figura 1.15). Ovário Ovário Figura 1.15 – Ovário. Representação esquemática dos ovários no sistema reprodutor feminino. 1.5.1.6 Gametogênese Feminina ou ovogênese Durante o desenvolvimento embrionário, em cerca da 5o - 6o semana de gesta- ção, as ovogônias, células germinativas primordiais, migram do saco vitelino para a crista genital, onde o ovário será desenvolvido. Pelo processo mitótico, as ovogônias realizam a multiplicação celular até a 20o - 24o semana de gestação. Concomitantemente, parte dessas ovogônias iniciam, na 8o – 9o semana de ges- tação, a primeira divisão meiótica até a etapa de prófase I na subfase de dipló- teno, etapa em que os ovócitos primários ficam inibidos pela ação de um fator inibidor de maturação de oócito (OMI) bem como pela ação do dímero proteico fator promotor da maturação (MPF) constituído por duas subunidades deno- minadas Cdc e a ciclina que atuam conforme o padrão cíclico de acúmulo e de- gradação da ciclina. Esse processo cíclico da MPF atuará a etapa de metáfase II que é outra etapa em que a meiose se estabelecerá estacionada. A permanência do oócito primário à etapa de prófase I ocorrerá até a mulher atingir a puberda- de quando por meio dos estímulos dos hormônios gonadotrofinas da hipófise finalizar o processo meiótico (figura 1.16). capítulo 1 • 27 Diploteno MPF Estimulação hormonal Metáfase II (estacionada) Citocinese Metáfase I Metáfase II Figura 1.16 – Variação do complexo proteico durante o processo de maturação dos ovócitos. Simultaneamente ao processo de multiplicação dos ovócitos há um processo de degeneração denominado de atresia, o qual é responsável por reduzir 1-2 mi- lhões de ovócitos no momento do nascimento para cerca de 300 a 400.000 ovócitos presentes na puberdade. A atrésia é causada por apoptose decorrente da degrada- ção de DNA por ação das enzimas endonucleases e pelo aumento da produção de radicais livres. Como visto, o numero de células reprodutoras femininas diminui continuamente até atingir a menopausa, ao contrário, do número de células re- produtoras masculinas que se mantém ao longo da vida fértil do homem. No momento em que o ovócito entra no processo meiótico, uma camada de células fusiformes oriundas do estroma ovariano o circunda. Essas células fusiformes são os folículos ováricos e tem sua formação iniciada na 12o – 16o semana de gestação. Os folículos ováricos na 20o – 30o semana de gestação são transformados em células cuboides e, são denominadas folículos primários. A partir do folículo primário é formado o folículo secundário seguido do folículo pré-antral dado a multiplicação das células da granulosa, as quais são envolvi- das pelas células da teca, interna e externa e, irão constituir diversas camadas em torno do ovócito. Ainda, células da granulosa secretam líquido intersticial constituído por hormônios esteroides como oxitocina, activina, inibina, FSH, 28 • capítulo 1 LH, vasopressina e, glicosaminoglicanos, eletrólitos, mucopolissacarídeos e proteínas o plasma, os quais irão compor o antro, responsável por nutrir as cé- lulas da granulosa e o ovócito. A formação do antro define o folículo maduro, folículo antral ou folículo de Graaf. Concomitantemente ao desenvolvimento do folículo, o ovócito primário completa a primeira divisão da meiose, tonando-se assim o ovócito secundário e primeiro corpo polar que irás e fragmentar e desaparecer. O ovócito secundá- rio inicia a segunda etapa da divisão meiótica até a fase de metáfase II onde por ação de fatores de inibição da meiose irá estacionar o processo meiótico até a ocorrência da fertilização. O ovócito secundário está contido no folículo de Graaf. As células da gra- nulosa deste folículo formam um anel à volta do ovócito designado por corona radiata e, um pedículo que o suporta, designado por cumulus oophorus. Entre o ovócito secundário e a corona radiata mantem-se a zona pelúcidaa qual tem função de barreira física à penetração dos espermatozoides (figura 1.20). Em cerca do 5o – 7o dia do ciclo, após o 1o dia da menstruação, há a seleção do folículo maduro, também denominado, folículo dominante e, concomitan- temente, ocorre atrésia aos demais folículos secundários. O folículo dominante crescerá até 48 horas anteriores à ovulação, atingindo 20mm de diâmetro. A porção basal das células da granulosa sofre, então, ação enzimática proteolítica promovendo assim a liberação do ovócito secundário. Este ovócito secundário poderá se degenerar em 12-24 horas caso não seja fecundado, ou, completará a segunda divisão meiótica caso a fecundação se realize. A segunda divisão mei- ótica ocorrerá com a divisão do ovócito de maneira desigual em que a maior porção do citoplasma permanecerá no zigoto, o ovo fertilizado, e, o restante irá para o segundo corpo polar que será degenerado. O folículo dominante que sofreu ação enzimática proteolítica começa a ser preenchido de sangue formando o corpus hemorrhagicum. As células da granulosa e as células da teca que compunham o folículo dominante iniciam a multiplicação celular e o sangue coagulado é substituído pelo corpo amarelo, que é uma estrutura endócrina composta por células da granulosa, células da teca, capilares e fibroblastos (figura 1.17). capítulo 1 • 29 Folículo Pré-ovulatório Início da formação do Antro Células foliculares Primeiro corpúsculo polar Oócito secundário Ovulação Corpo lúteo Corpo lúteo degenerado Antro Figura 1.17 – Processo de maturação folicular. O estágio inicial ocorre com a formação do folículo primordial até o folículo pré-ovulatório. Em seguida, inicia-se a ovulação com a libera- ção do ovócito secundário e formação do corpo lúteo. Caso não haja a fecundação o corpo lúteo inicia seu processo de degeneração. O processo de luteinização é iniciado nas células da granulosa em que há o aumento da secreção de esteroides, o corpo amarelo inicia a secreção de estro- gênios e progesterona e, caso haja fertilização o nível destes hormônios serão mantidos, caso contrário, há a formação do corpus albicans por processo de necrose realizado pela ação dos leucócitos, macrófagos e fibroblastos. 1.5.1.7 Os hormônios do sistema reprodutor feminino Os hormônios do sistema reprodutor feminino denominam o eixo hipotála- mo – hipófise – ovário responsáveis por promoverem a maturação das células germinativas. 30 • capítulo 1 O desencadeamento da maturação das células germinativas femininas se inicia na puberdade quando o hormônio libertadora das gonadotrofinas (GnRH) o qual já é secretado de modo contínuo no organismo feminino mas não consegue despertar a secreção de gonadotrofinas pela hipófise, é modu- lado pela maturação do sistema límbico, inicialmente, para ser secretado de modo pulsátil restringindo-se a fase REM do sono e, posteriormente, generali- zando-se para as 24 horas. O mecanismo de ativação da secreção do GnRH se dá pelo estímulo termi- nal dos hormônios noradrenérgicos por terminações glutamatérgicas que li- beram o glutamato. O glutamato irá atuar nos receptores NMDA presentes no neurônio noradrenérgico. A noradrenalina por sua vez secretada atua através de receptores α1 atua sobre os neurônios NOérgicos, produzindo assim o NO. O NO será difundido para os neurônios produtores de GnRH localizados entre os neurônios NOérgicos estimulado a secreção de GnRH. A GnRH atinge a adeno-hipófise, hipófise anterior, e liga-se à membrana plasmática dos gonadotrofos, os quais promoverão estímulos os grânulos de gonadotrofinas por exocitose. A secreção do hormônio luteinizante (LH) é estimulada pela GnRH na hipó- fise e, sua principal característica é a variação cíclica mensal, o ciclo menstrual. O ciclo menstrual é consequência de rede de interações estabelecidas no eixo hipotálamo-hipofisiário e suas alterações na secreção de esteroides pelo ovário. A secreção do hormônio folículo estimulante (FSH) também é estimulado pela GnRH na hipófise mas, em menor quantidade quando comparado ao nível do LH, sendo responsável pelo crescimento e maturação dos folículos ovaria- nos durante a ovogênese. Tanto o LH quanto o FSH são glicoproteínas cuja função é regular o cres- cimento, maturação, processos reprodutivos e secreção de esteroides sexuais pelas gônadas. Os níveis hormonais de LH e FSH são regulados pelos produtos de secreção ovárica, ou seja, um aumento dos esteroides, estrógeno e progesterona, supri- mem a secreção de LH e FSH, esse mecanismo é denominado de retro controle negativo. Ainda, o FSH pode ser inibido pela inibina produzida pelo corpo ama- relo (inibina A) e pelas células da granulosa (inibina B) por meio da inibição da subunidade β da FSH, a exocitose de FSH e, possivelmente, a secreção de GnRH. Os estrogênios são o 17-β-estradiol (E2), a estroma e o estriol, produzidos pela teca interna e granulosa dos folículos ovarianos, pelo corpo amarelo e capítulo 1 • 31 placenta e, em menores quantidades, pelo córtex da suprarrenal e pelo tes- tículo. O processo de síntese dos estrogênios é semelhante ao que ocorre no homem, como já descrito no tópico 2.3. Suas funções estão associadas a nível membranar, em se ligar a receptores clássicos e não-clássicos e em canais iô- nicos dependentes de diferença de voltagem; a nível citoplasmático ativam as quinases e induzem a enzima NO sintase endotelial a aumentarem a síntese de NO; e, por fim, a nível nuclear, o complexo estrogênio-receptor irá modular a expressão genica e a síntese proteica. A progesterona é produzida pelo corpo amarelo e pela placenta, sen- do responsável pelo desenvolvimento de glândulas uterinas e o acumulo de glicogênio. 1.5.1.8 Ciclo menstrual O ciclo menstrual está baseado nas variações cíclicas na secreção de gonadotro- finas na base do ovário. Este ciclo compreende, em geral, em 28 dias podendo variar entre 21 e 35 dias. 1.5.1.9 Ciclo Ovariano O ciclo ovariano define-se pelas variações cíclicas na secreção de estradiol e progesterona. Este ciclo pode ser dividido em três etapas fisiologicamente distintas: • Fase folicular tem início com a hemorragia menstrual e a decorre ao lon- go dos demais 15 dias do ciclo. Nesse período ocorre o crescimento de alguns folículos primários, desenvolvimento de vesículas e a transformação em folícu- los secundários. O FSH tem a concentração diminuída ao longo da fase folicular até o 12o dia do ciclo quando então atinge seu pico máximo. Esta alteração de níveis de con- centração hormonal ocorre em função do hormônio de promover hiperplasia e hipertofia das células da granulosa dos folículos primários induzindo nestas a síntese de seus receptores FSH-R, da produção da enzima aromatase responsá- vel pela conversão dos androgênios em estrogênios, de IGF-1 e IGF-2 responsá- veis pela proliferação folicular, fator de crescimento epidérmico (EGF) e fator de transformação de crescimento α. 32 • capítulo 1 Ao modo que há o crescimento dos folículos o nível hormonal de estradiol secretado aumenta, atingindo sua concentração máxima no 12o dia do ciclo. Este aumento de estradiol nas células da granulosa induz a síntese de FSH-R, de receptores próprios e receptores para LH nas células tecais. A concentração hormonal de LH inicia seu aumento antes do descamamen- to do endométrio. O LH por sua vez atua estimulando as células da teca a pro- duzirem os androgênios, que por difusão permeando a lamina basal para as cé- lulas da granulosa, servirão de substrato para a síntese de estradiol. Ainda, nas células da granulosa o LH atuará promovendo a síntese de progesterona, que poderá por meio da lamina basal difundir para as células da teca e ser substrato à síntese de androgênios. Esse processo envolvendo as funções dos hormônios do LH e FSH é denominado Teoria das Duas Células – Duas Gonadotrofinas. No 12o dia do ciclo, o aumento da síntese de estradiol pelo folículodomi- nante permite que em dois dias seja atingido o máximo de concentração plas- mática do hormônio. Neste contexto, há a nível do hipotálamo, o aumento da frequência de secreção do GnRH e, há, nível da adenohipófise, a secreção de re- servas de LH acumuladas. Como consequência da secreção do GnRH, há tam- bém o pico de FSH no fim da fase folicular. • Fase ovulatória tem duração de 1 a 3 dias, podendo ocorrer no período do 13o ao 15o dia do ciclo, o qual culminará na ovulação. Com a ocorrência da ma- turação folicular por ações dos hormônios FSH, LH, estradiol e fatores de cres- cimento. A alta concentração do LH irá bloquear a expressão genica de IGF-1 o qual controla a proliferação da granulosa, do receptor da FSH (FSHr), receptor β dos estrogênios e ciclina D2 e, irá induzir a expressão de genes cujas proteínas irão atuar, nas células da granulosa, com a indução de cicloxigenase-2 (COX-2) responsável pela síntese de prostaglandinas que irão atuar na sinalização ce- lular e na reação pseudoinflamatória local; nas células da teca há a indução de síntese do receptor de progesterona (PR) o qual irá regular funções nos órgãos reprodutores como útero, glândula mamária e ovário; nas células do cumulus oophorus há a indução da sintese do ácido hialuronico que irá sintetizar proteoglicano o qual atuará na expansão da matriz extra-celular do cumulus. • Fase luteinica possui duração de 13 dias, finalizando o ciclo com a he- morragia menstrual. Com a liberação do ovócito secundário, o folículo vazio é transformado no corpo lúteo responsável por produzir estradiol e progesterona e, ainda, inibina. O aumento da concentração de progesterona associado ao au- mento do estradiol promove a inibição da secreção de LH e FSH por processo de capítulo 1 • 33 feedback negativo, concomitantemente, o ação da inibina irá suprimir a secre- ção de FSH e, consequentemente, inibir o desenvolvimento de novos folículos. Com a queda dos níveis hormonais de LH e FSH e a secreção de luteolisina pelo útero, há atrésia do corpo lúteo e, consequentemente, a redução das con- centrações de estrogênios e progesterona para níveis mais baixos. Se houver a fertilização, os hormônios gonadotrofina coriônica (HCG) e prolactina são se- cretados mantendo o funcionamento do corpo lúteo. H is to lo gi a O va ri an a O vu la çã o H is to lo gi a E n d om et ri al H or m ôn io s Folículo Temperatura corporal Fase folicular 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Dia do Ciclo Menstrual (Valores médios. As durações e valores podem variar entre mulheres e ciclos diferentes.) 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 Fase lútea Menstruação 37 oC 36 oC Ovulação Corpo lúteo C. lúteo degenerado Maturação do folículo Hormônio luteinizante (LH)Estradiol ProgesteronaHormônio folículo-estimulante (FHS) Figura 2.12 – Ciclo de maturação das células germinativas do sistema reprodutor feminino e os hormônios envolvidos. 1.5.1.10 Métodos Contraceptivos Os métodos contraceptivos possuem como função prevenir a gravidez e, em alguns métodos, prevenir concomitantemente a transmissão de doenças se- 34 • capítulo 1 xuais. São diversos os métodos disponíveis no mercado tais como camisinha, DIU, anticoncepcional, coito interrompido, anel vaginal, vasectomia, ligadura de trompas, diafragma, dentre outros. A escolha do melhor método é algo pes- soal e a orientação média é imprescindível. A camisinha é o método contraceptivo do tipo barreira, com alta taxa de eficiência, utilizado por homens ou mulheres, apta a proteger de gravidez indesejada bem como de doenças sexualmente transmissíveis tais como HIV e HPV. A. Retire a camisinha da embalagem somente na hora do uso, evitando o uso de objetos que possam perfurá-la. B. Flexione o anel de modo que possa ser introduzido na vagina. C. Com os dedos indicador e médio, empurrar o máximo que puder, de modo que fique sobrando um pouco para fora, o que deve permanecer assim durante a relação. D. Retirar logo após a ejaculação, rosqueando o anel para que não escorra o líquido seminal para dentro da vagina. E. Descartae o material adequadamente. Abra a embalagem com cuidado, nunca com os dentes para não furar a camisinha. Coloque a camisinha somente quando o pênis estiver ereto. Desenrole a camisinha até a base do pênis, mas antes aperte a ponta para retirar o ar. Só use lubrificantes à base de água, evite vaselina e outros lubrificantes à base de óleo. Após a ejaculação, retire a camisinha com o pênis ainda duro, fechando com a mão a abertura para evitar que o esperma vaze da camisinha. Dê um no no meio da camisinha e jogue-a no lixo. Nunca use a camisinha mais de uma vez. Usar a camisinha duas vezes não previne contra doenças e gravidez. Como usar a camisinha feminina: Como usar a camisinha masculina: A. B. D. E. C. O dispositivo intrauterino (DIU) de cobre e o sistema DIU hormonal são dispositivos inseridos por médicos dentro do útero com a finalidade de impedir a penetração e passagem dos espermatozoides, inviabilizando assim, a fecundação do óvulo. O DIU de metal é composto por cobre enquanto, o DIU hormonal secre- ta hormônio dentro do útero o que o faz atuar também no fluxo menstrual. Sua eficácia pode durar de 5 a 10 anos conforme o produto (figura 1.13). capítulo 1 • 35 DIU de Cobre DIU hormonal A. B. Figura 1.13 – Representação esquemática do método contraceptivo DIU. A) Posicionamento do DIU dentro do organismo reprodutor feminino, no útero. B) Ação espermicida do dispo- sitivo A pílula anticoncepcional oral é um comprimido constituído pela combina- ção de estrógeno e progesterona sintéticos ou bioidênticos os quais irão atuar inibindo a ovulação. Em conjunto com a camisinha representam os principais métodos contraceptivos utilizados no mundo. Sua eficiência atinge 99,9%. As pílulas podem ser: • Monofásicas em que a dosagem de estrógeno e de progesterona são equivalentes. • Multifásicas em que as dosagens dos hormônios se adequam conforme a fase do ciclo reprodutivo. • Minipílula em que há a ausência de estrogênio na composição. É indi- cada para mulheres em período de amamentação e querem evitar uma nova gravidez. O coito interrompido é tido como o método contraceptivo mais antigo, pos- sui baixa eficácia, e define-se pela retirada do pênis de dentro da vagina para que a ejaculação ocorre em meio externo ao órgão feminino. Dentre os fatores que aumentam o risco de gravidez estão à falta de controle da ejaculação e a secreção do fluído pré-ejaculatório no inicio da relação sexual. O anel vaginal é, como o próprio nome diz, um anel, composto por hormô- nios etonogestrel e etinilestradiol que serão responsáveis por liberar estróge- no e progesterona, via corrente sanguínea, aptos a atuarem no ciclo ovariano inibindo a ovulação. Este anel vaginal deve ser posto no 5odia da menstruação 36 • capítulo 1 na vagina e usado ao longo do ciclo. Finalizado os 21 dias, há a retirada do anel e deve ser feita uma pausa de 7 dias. Sua eficácia é de aproximadamente 99%, semelhante á pílula anticoncepcional oral (figura 1.14). A. B. Anel vaginal Libertação de hormônios Útero Figura 1.14 – Representação esquemática do método contraceptivo anel vaginal. A) Modo como introduzir o anel vaginal na vagina. B) Modo de liberação dos hormônios estrógeno e progesterona na corrente sanguínea A vasectomia é denominada por ser uma pequena cirurgia realizada nos canais deferentes para romper parte do canal, inviabilizando a passagem dos espermatozoides dos testículos para o pênis. Após a vasectomia, a ejaculação permanece, no entanto, na ausência de espermetozóides, isso é possível, pois o fluido pré-ejaculatório é secretado pelas glândulas bulbouretrais (figura 1.15). Gândula seminal Ducto deferente Uretra Próstata Testículos Figura 1.15 – Representação esquemática do método contraceptivo vasectomia. capítulo 1 •37 A ligadura de tubas uterinas remete ao procedimento cirúrgico para a este- rilização voluntária, em que as trompas da mulher serão cortadas, cauterizadas ou amarradas de modo a inviabilizar a fecundação do óvulo pelo espermatozoi- de. O rompimento pode ser realizado por colpotomia ou por histeroscopia. A colpotomia se dá com a incisão do fundo de saco posterior da vagina, represen- ta maior risco de infecção à paciente. A histeroscopia acessa as tubas uterinas via cavidade endometrial. A laqueadura não altera o ciclo menstrual bem como os níveis hormonais femininos. Cauterizado AtadoAmarrado e cortado Figura 1.16 – Representação esquemática do método contraceptivo ligadura das Tubas Ute- rinas. O diafragma é um anel flexível que deve ser colocado dentro da vagina cer- ca de 30 minutos antes da relação sexual e retirado 12 horas após o término da mesma, em que sua função será impedir a entrada dos espermatozoides no útero. A eficiência do método é baixa, apresentando aproximadamente cerca de 10% de falhas. Para inicio do uso do diafragma é recomendado avaliação mé- dica para adequação do diâmetro do diafragma a vagina (figura 1.17). Tuba uterina Útero Ovário Vagina Diafragma Colo do útero Figura 1.17 – Representação esquemática do método contraceptivo diafragma. 38 • capítulo 1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARLSON, B. M. Human Embryology and Developmental Biology. 5.ed. Philadelphia: Elsevier Saunders, 2014. p.37-472 EYNARD, Aldo R; VALENTICH, Mirta A; ROVASIO, Roberto A. Histologia e embriologia humanas: bases celulares e moleculares. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. JUNQUEIRA, L. C. V.; ZAGO, D. Embriologia médica e comparada. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1982, 291p. MOORE, K. L.; PERSAUD, T. V. N. Embriologia clínica. 6 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 609 p. ROHEN JW, LUTJEN-DRECOLL E. Embriologia funcional: o desenvolvimento dos sistemas funcionais do organismo humano. 2a ed. Rio de Janeiro (RJ): Guanabara Koogan; 2005. SANDLER, TW. LANGMAN – Embriologia Médica, 11a edição, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. Desenvolvimento embrionário – 1o a 4o semanas 2 40 • capítulo 2 A embriologia é o estudo que visa à compreensão das etapas do desenvolvimen- to embrionário, o qual compreende o período pré-natal de embriões e fetos durante todos os estágios para a formação do organismo. Grupos de estudos em embriologia classificaram este período do desenvolvimento pré-natal como sendo a anatomia do desenvolvimento embrionário. O desenvolvimento embrionário, portanto, compreende o período desde a fertilização até a 40ª semana após a formação do zigoto, portanto é o período em que o zigoto passa por rápidas transformações morfológicas e desenvolvi- mento para formação de todas as estruturas do seu organismo. É importante destacar que a ocorrência de alterações em qualquer etapa deste desenvolvi- mento pode causar a morte do feto ainda na vida intrauterina ou pós natal, ou pode afetar definitivamente a vida pós-natal, quando a intercorrência causa malformações que prejudicam o funcionamento saudável do organismo. Desta forma, os estudos em embriologia permitem a compreensão sobre cada etapa do desenvolvimento embrionário e a integração deste conhecimen- to com demais ciências e áreas da medicina, permitindo assim o planejamen- to das orientações a serem dadas á mulher e conduzidas pelos profissionais de saúde visando a redução de riscos no período gestacional. Esta integração auxilia também na compreensão das diferentes causas das alterações do de- senvolvimento intreuterino humano e, mais recentemente, na possibilidade do uso das células embrionárias, denominadas de células tronco totipotentes e plutipotentes, em terapias celulares, sendo potencialmente úteis na cura de doenças cardiovasculares, neurodegenerativas, autoimunes como o diabetes mellitus tipo 1, acidentes vasculares cerebrais, doenças hematológicas, trau- mas na medula espinhal e nefropatias. Neste capítulo serão abordadas as principais etapas do desenvolvimento embrionário ocorridas entre a 1ª e 8ª semanas de gestação. OBJETIVOS Após o estudo deste capítulo você será capaz de: • Compreender a estruturação das contas contábeis; • Aprender a aplicabilidade e a utilidade de cada conta contábil e dos grupos de contas; • Conhecer as principais modificações da legislação brasileira pertinentes à Contabilidade brasileira na atualidade. capítulo 2 • 41 2.1 1ª Semana do Desenvolvimento Embrionário O estudo do desenvolvimento embriionário é realizado em uma escala de tem- po dividida a cada sete dias consecutivos e ininterruptos, formando portanto cada semana de desenvolvimento desde a fertilização. Após a fertilizaçao, es- tuda-se o seu desenvolvimento baseando-se em três grandes eventos gerais: proliferação celular (para foramr novas células através de divisões mitóticas), diferenciação celular (quando as células embrionárias se especializam geneti- camente para realizar funções específicas e diferentes umas das outras; orga- nização celular (com interação entre células semelhantes, formando tecidos e órgãos). Inicia-se o estudo sobre a primeira semana do desenvolvimento embrioná- rio humano a partir da fertilização – processo em que há a formação do zigoto unicelular devido a união do espermatozoide (gameta masculino) com o ovó- cito (gameta feminino) considerado como o marco inicial do desenvolvimento embrionário. Apesar da fertilização ser o marco do desenvolvimento embrioná- rio, na clínica médica é usual a utilização do último período menstrual normal da mãe (UPMN) o qual corresponde a cerca de 14 dias antes da ocorrência da concepção dado a maior facilidade em estabelecer parâmetros quanto ao início do desenvolvimento embrionário, para realizar a contagem da gestação. É comum a confusão entre os termos fecundação e fertilização. Sendo as- sim, necessário o esclarecimento: a fecundação remete simplesmente às eta- pas que irão promover a fusão do gameta masculino ao gameta feminino, en- quanto, a fertilização remete a capacidade do ovócito em gerar uma vida após a ocorrência da fecundação. No entanto, é comum o uso dos dois termos como si- nônimos para descrever o encontro do gameta feminino ao gameta masculino. 2.1.1 Fertilização A fertilização, em geral, ocorre na luz da ampola da tuba uterina, em específico, em sua porção maior e mais dilatada, mas, é possível verificar ocorrências me- nos frequentes da fertilização em outras regiões da tuba uterina. A ocorrência da fertilização do ovócito ocorre pelo espermatozoide o qual capacitado à qui- miotaxia é direcionado por sinais químicos atrativos até o gameta feminino. 42 • capítulo 2 A fertilização se delineia por complexas etapas que compreendem desde o contato direto entre ovócito e espermatozoide até a etapa de mistura de cro- mossomos, maternos e paternos, na metáfase da primeira divisão mitótica do zigoto, que ocorrem em um intervalo de 24horas. Intercorrências em alguma destas etapas podem gerar a morte do zigoto. O conjunto de etapas sucessivas que compreendem o processo de fertiliza- ção é composto por: 1ª Passagem do espermatozoide através da corona radiata: ocorre pelo me- canismo de ação enzimática da hialuronidase secretada pela porção acrossô- mica do espermatozoide em associação com o movimento caudal do mesmo, os quais promovem a separação e dispersão das células foliculares da corana radiata. A função da hialuronidase é digerir o ácido hialurônico componente da matriz celular das células da granulosa que envolvem o oócito. Ainda, há evidências de que células da mucosa tubária também secretam enzimas que favorecem esta dispersão da corona radiata. Núcleo do espermatozoide contendo cromossomos Acrossoma contendo enzimas Membrana plasmática do espermatozoide Perfurações na superfície do acrossoma Enzimas dissolvem a zona pelúcida Espermatozoide nocitoplasma do ovócito sem sua membrana plasmática Figura 2.1 – Processos de passagem do espermatozoide através da corona radiata (1 e 2) e penetração pela zona pelúcida do espermatozoide ao ovócito (3 e 4). 2ª Penetração do espermatozoide na zona pelúcida: ocorre, inicialmente uma reação acrossômica no espermatozoide a qual irá promover a fusão da membrana plasmática e da membrana acrossomal em decorrência do aumen- to intracelular de Ca+2 (figura 2.2). Após a ligação do espermatozoide com a capítulo 2 • 43 zona pelúcida há a liberação das enzimas esterases, acrosina e neuraminidase pelo gameta masculino com função de promover a penetração deste no ovócito. Membrana da célula de esperma Membrana acrossomal Núcleo Centríolo Fusão entre membrana da célula de esperma e membrana acrossomal adjacente Figura 2.2 – Reação acrossômica. Podemos destacar a acrosina, enzima proteolítica capaz de digerir a zona pelúcida do oócito; O contato entre as membranas plasmáticas do espermatozoide e ovóci- toinduz, inicialmente no ovócito, o influxo de cálcio que irá despolarizar sua membrana plasmática, essa reação é denominada de bloqueio rápido a polies- permia (fertilização de um ovócito por mais de um espermatozoide). E, poste- riormente, ocorrerá a reação cortical do ovócito, o que corresponde a exocitose das enzimas contidas nos grânulos corticais localizados na periferia do ovócito. As enzimas liberadas durante a reação cortical provocam modificações na zona pelúcida, promovendo seu endurecimento e inativação dos receptores, que denominam a reação zonal, responsável pelo bloqueio lento a poliespermia. A entrada do primeiro espermatozoide na zona pelúcida promove assim al- terações químicas na membrana plasmática tornando-a impermeável aos de- mais espermatozoides (figura 2.1 numeração 3 e 4). 3ª Fusão das membranas plasmáticas do ovócito e espermatozoide: Esta etapa ocorre através da interação de moléculas de superfície presentes na cabe- ça do espermatozoide, no caso, o heterodímero de fertilina α/β com complexo proteico formado pelas moléculas tetraspanina CD9 e as integrina α3β1, α5β1 e α6β1 no ovócito (figura 2.3). 44 • capítulo 2 Heterodímero de fertilina α/β α3β1 α5β1 α6β1 Cabeça do espermatozoide Espaço perivitelino CD9 Integrina Ovócito Cabeça do espermatozoide Fusão das membranas Ovócito Figura 2.3 – Fusão das membranas plasmáticas do ovócito e espermatozoide. 4ª Término da segunda divisão meiótica e formação do pronúcleo femini- no: A penetração do espermatozoide no ovócito estimula esse a realizar a se- gunda divisão meiótica que irá gerar o ovócito maduro e o segundo corpo polar. Os cromossomos maternos se descondensam e o núcleo do ovócito maduro gera o pronúcleo feminino. 5ª Formação do pronúcleo masculino: ocorre com o aumento do núcleo do espermatozoide no meio citoplasmático do ovócito, seguindo, com a degeneração da cauda do espermatozoide. Morfologicamente, os pronúcleos são idênticos. O ovócito contendo dois pronúcleos haploides é chamado de oótide (figura 2.4). Pronúcleos Zona pelúcida Corpúsculos polares Cauda do espermatozoide degenerado Fusão dos pronúcleos Figura 2.4 – Formação dos pronúcleos, masculino e feminino, seguindo com a fusão dos mesmo, gerando a oótide. capítulo 2 • 45 6ª Formação do zigoto: ocorre a lise das membranas pronucleares que irá favorecer a fusão dos pronúcleos, seguido, da agregação dos cromossomos, for- mando assim o zigoto. O zigoto, geneticamente, representa a base da herança biparental e da variabilidade gênica presente na espécie humana (figura 2.5). Com o desfecho normal da fecundação, é possível afirmar que houve o su- cesso da fertilização. A B Zigoto na metáfase da 1a mitose Zigoto na Anáfase da 1a mitose Figura 2.5 – Formação do zigoto a partir da fusão dos pronúcleos. A) Zigoto na metáfase da 1° divisão mitótica; B) Zigoto na anáfase da 1° divisão mitótica. O zigoto é classificado como sendo uma célula totipotente, ou seja, é uma célula indiferenciada que apresenta a capacidade de se especializar em qual- quer tipo celular do nosso organismo, altamente especializada funcionalmen- te. O núcleo celular do zigoto por cromossomos e genes oriundos das informa- ções genéticas da mãe e do pai. O zigoto unicelular atinge a estrutura do humano multicelular por meio das etapas de divisão, migração, crescimento e diferenciação das células. 2.1.2 Clivagem do zigoto A clivagem do zigoto é caracterizada pela ocorrência de sucessivas divisões mitó- ticas, responsável pelo aumento de número de células, em progressão aritméti- ca, que compõem o zigoto, cujo início se dá após 30 horas da fertilização e, com o deslocamento desse para a tuba uterina em direção ao útero (figura 2.6 A). As células embrionárias em formação pela divisão mitótica são denomina- das de blastômeros. A cada nova divisão, os blastômeros vão progressivamente se tornando menores devido ao espaço delimitado pela permanência da zona pelúcida, impedindo o aumento do volume citoplasmático de cada blastômero foramdo após cada mitose por falta de espaço. Quando a mórula apreenta a 46 • capítulo 2 partir de 9 células, inicia-sea o processo de compactação dos blastômeros, o que corresponde à aglomeração do conjunto celular mediado por glicoprote- ínas de adesão de superfície celular. A compactação permite, assim, o maior contato célula-célula e é um pré-requisito para formação da massa celular in- terna do blastocisto (figura 2.6B e C). Corpo polar Zona pelúcida Blastômero A. Estágio de 2 células B. Estágio de 4 células B. Estágio de 8 células Figura 2.6 – Etapas de clivagem do zigoto até o estágio de formação de 8 blastômeros. 2.1.3 Mórula A mórula corresponde ao aglomerado de células composto de 12 a 32 bastôme- ros, cujo conjunto promove a formação da massa celular interna as quais estão circundadas por uma camada de massa celular externa. Sua formação ocorre cerca de três dias após a fertilização e, é este aglomerado atinge a porção porção uterina entre 3 a 4 dias após da fertilização (figura 2.7). Zona pelúcida D. Mônula Figura 2.7 – Formação da mórula, aglomerado composto de 12 a 32 blastômeros. capítulo 2 • 47 2.1.4 Blastocisto A mórula, ao atingir o útero, inicia o processo de dissolução da zona pelúcida, o que permitirá o aumento de tamanho do conjunto celular. Nesta fase, observa- se a secreção de fluidos pelos blastômeros para o interior da mórula, formando assim a cavidade blastocística ou blastocele, fato este, que promoverá a separa- ção dos blastômeros em embrioblasto e trofoblasto. Com a ocorrência destas transformações citadas, o concepto passa a se chamar de blastocisto e, o processo de desenvolvimento embrionário citado é denominado de blastogênese. Toda a blastogênese ocorre no útero e, o blastocisto, neste mo- mento, se encontra livre e suspenso nas secreções uterinas por cerca de dois dias. O embrioblasto é definido como sendo um grupo de blastômeros localiza- dos na porção central responsável por dar origem ao embrião. Enquanto, o tro- foblasto é definido por uma camada celular externa responsável por formar a placenta. O destino diferencial em embrioblasto ou trofoblasto é dependente da posição da célula na mórula: os blastômeros externos diferenciam-se no tro- foblasto, enquanto os blastômeros internos formam a massa celular interna (fi- gura 2.8E). Se uma célula interna for retirada e transplantada para a superfície de outro embrião, tornar-se-á trofoblasto, e algumas células externas, quando implantadas no interior do embrião, podem compor a massa celular interna (figura 2.8F). Massa celular interna ou embrioblasto Zona pelúcida em degeneração Cavidade do blastocisto Trofoblasto E. Blastocisto inicial F. Blastocisto tardio Figura 2.8 – Formação do blastocisto. E) A formação do blastocisto inicial, seguindo para o F) blastocisto tardio. 48 • capítulo 2 2.1.5 Nidação ou ImplantaçãoCerca de seis dias após a fertilização ocorre adesão do blastocisto ao epitélio en- dometrial, em geral, adjacente ao polo embrionário. Esta aposição e adesão são promovidas em função da interdigitação presente nos microvilos do trofoblas- to e do epitélio uterino, pela formação de complexos juncionais e interações envolvendo receptores do trofoblasto, tais como, o fator inibidor da leucemia (LIF), citocinas presente na superfície endometrial, e as integrinas que se ligam aos componentes da matriz extracelular do endométrio. As células epiteliais sofrem apoptose e, esta lesão tecidual uterina estimula a síntese de prostaglan- dinas, que aumentam a permeabilidade vascular e, em consequência, há ede- ma do estroma, recrutamento de leucócitos e produção de citocinas. A ocorrência da adesão promove a proliferação rápida e gradual do trofoblas- to o qual se diferencia em duas camadas celulares, citotrofoblasto e o sinciciotro- foblasto, por meio da modulação de. fatores intrínsecos e da matriz extracelular. O citotrofoblasto é composto por células internas que permanecem uninu- cleadas. Enquanto, o sinciciotrofoblasto corresponde a uma massa celular ex- terna multinucleada cujos prolongamentos digitiformes se estenderam para o epitélio endometrial invadindo o tecido conjuntivo a partir da secreção de enzi- mas as quais possibilitam a implantação do blastocisto dentro do endométrio. Durante a invasão, o trofoblasto produz proteinases, como a gelatinase B ou metaloproteinase-9 da matriz extracelular as quais degradam a matriz extrace- lular; ocorre o aumento do nível de expressão das integrinas como integrina α6β4, receptor para a laminina da lâmina basal do epitélio uterino, integri- na α5β1, receptor para a fibronectina do tecido conjuntivo e, integrina α1β1, receptor para a laminina e para o colágeno do tipo IV da lâmina basal dos vasos sanguíneos as quais irão favorecer a adesão ao endométrio. Ainda, o citotrofoblasto e o sinciciotrofoblasto secretam hormônio gonado- trofina coriônica (hCG) responsável pela manutenção do corpo lúteo e de favo- recer o processo de nidação e diferenciação do trofoblasto. É neste período do desenvolvimento embrionário ser possível realizar os exames de gravidez dado o elevado nível de hCG presente no sangue e urina da gestante. capítulo 2 • 49 A figura 2.8 representa de modo ilustrativo as etapas do processo de implan- tação do blastocisto ao útero. Dia 5 Dia 6 Camada funciona do endométrio Lúmen do útero Dia 7 Dia 8 Dia 9 Blastocisto Trofoblasto Embrioblasto Hipoblasto Epiblasto Disco germinal bilaminar Disco germinal bilaminar Saco vitelino Hiploblasto Epiblasto Cavidade Aminiótica ÂmnionGlândula uterina Sinciciofoblasto Sinciciofoblasto Citotrofoblasto Citotrofoblasto Sinciciofoblasto Citotrofoblasto Trofoblasto Embrioblasto Figura 2.8 – Representação das etapas do processo de implantação do blastocisto ao útero. Dias 6 a 9 - visão do blastocisto em corte transversal. Com a implantação, o endométrio sofre a reação decidual. Os fibroblastos diferenciam-se nas células deciduais. Tornam-se poliploides, com grande ca- pacidade de síntese e acumulam glicogênio e lipídios os quais serão utilizados pelas células do embrioblasto principalmente como fonte energética para dar continudade á formação de novas células por mitose. 50 • capítulo 2 A figura 2.9. esquematicamente representa o resumo da primeira semana. de desenvolvimento embrionário humano. 2 células 4 células 8 células Divisões Zigoto Fertilização Ovócito secundário Fusão do óvulo e pronúcleo do ovócito secundário Blastocisto Mórula Blastocisto implantado Figura 2.9 – Representação esquemática da fecundação do gameta masculino até o estágio de implantação do blastocisto no útero, período correspondente à primeira semana do de- senvolvimento embrionário. 2.2 2ª semana do desenvolvimento embrionário A segunda semana do desenvolvimento embrionário é marcada com o contínuo processo e finalização da implantação do blastocisto, início das modificações morfológicas do blastocisto com a decorrente formação do disco embrionário, esse responsável pela formação de todos os tecidos e órgãos do embrião e, a formação das estruturas extra-embrionárias como cavidade amniótica, saco vi- telino, pedículo de conexão e o saco coriônico. capítulo 2 • 51 2.2.1 Disco embrionário bidérmico ou bilaminar Enquanto há a implantação do blastocisto pelas células do trofoblasto, conco- mitantemente, ocorre do 7° ao 9o dia do desenvolvimento embrionário a dife- renciação da massa interna celular ou embrioblasto em duas camadas celula- res distintas, uma delas é formada por células cilíndricas que compõem uma camada espessa denominada de epiblasto e, a outra por células cuboides pe- quenas adjacentes que compõem uma camada denominada de hipoblasto (Fi- gura 2.10). Como nesta fase o concepto em desenvolvimento assume a forma de um disco, este é denominado de disco embrionário didérmico ou bilaminar. Espaço celômico extra-embrionário Epiblasto Hipoblasto Trofoblasto Cavidade amniótic Figura 2.10 – Modificação do embrioblasto em duas camadas celulares, o epiblasto e o hi- poblasto, denominado de disco germinativo bidérmico. 2.2.2 Cavidade Amniótica No oitavo dia do desenvolvimento embrionário inicia-se o acúmulo de fluídos entre as células do embrioblasto que promoverá a formação da cavidade amni- ótica, sendo as células do epiblasto formadoras da base (ou “chão”) da cavidade amniótica. Células amniogênicas denominadas também de amnioblastos se separam do epiblasto e se organizam formando uma delgada camada de células, o âm- nio, que reveste internamente a cavidade amniótica. O líquido amniótico, inicialmente, é derivado do soro do sangue materno. No entanto, esta composição será alterada conforme o desenvolvimento do concepto, com contribuição do transudado do cordão umbilical, da pele não 52 • capítulo 2 queratinizada, do trato respiratório e do sistema digestório, sendo composto por 98 a 99% de água e 1 a 2% de solutos, como proteínas, enzimas, carboidra- tos, lipídios, hormônios, vitaminas e eletrólitos. O líquido amniótico tem a função de proteger o feto do dessecamento, de choques mecânicos e de infecções, permite a sua movimentação, evita a ade- rência da pele e auxilia no controle da temperatura corpórea. A figura 2.11 é representação ilustrativa do corte frontal do endométrio evi- denciando a formação da cavidade amniótica. Endométrio do útero Glândula endometrial Disco embrionário bilaminar: Hipoblasto Citotrofoblasto Sinciciotrofoblasto Âmnio Cavidade amniótica Vaso sanguíneo Epiblasto Cavidade do blastocisto Formação da membrana exocelômica Figura 2.11 – Representação ilustrativa do corte frontal do endométrio do útero no 8° dia do desenvolvimento embrionário, evidência da formação da cavidade amniótica. 2.2.3 Saco vitelino No oitavo dia do desenvolvimento embrionário o acúmulo de fluídos que dará origem à cavidade amniótica promove também a migração das células do hi- poblasto o que permite o revestimento do blastocele. O revestimento do blasto- cele dará origem a membrana de Heuser, também conhecida por endoderma extraembrionário, a qual é responsável pela formação do saco vitelino primiti- vo em conjunto com a cavidade amniótica. Por volta do décimo segundo dia do desenvolvimento embrionário, as cé- lulas endodérmicas começam a revestir internamente a membrana de Heuser, formando uma nova cavidade denominada saco vitelino secundário ou defini- tivo. Este saco vitelino secundário é menor e, situa-se entre o âmnio e o córion na cavidade celômica extraembrionária, e permanece unido ao embrião pelo pedículo vitelino a nível da alça intestinal média (figura 2.12). capítulo 2 • 53 Disco bilaminar Saco vitelíneo Mesoderma extra-embrionário Figura 2.12 – Representação ilustrativa do saco vitelino, disco embrionário bidérmico e me- soderma
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