Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
2 SUMÁRIO PROTOCOLO DA SÍNDROME HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GRAVIDEZ – ATENÇÃO HOSPITALAR ....................................... Hipertensão Arterial Aguda ................................................................................................................................................... Critérios para diagnóstico de Pré-eclâmpsia ......................................................................................................................... Pré-eclâmpsia Leve e Sobreposta a Hipertensão Prévia ........................................................................................................ Propedêutica Materna e Fetal na SHEG ................................................................................................................................ Crise Hipertensiva Aguda na Gravidez ................................................................................................................................... Pré-eclâmpsia Grave .............................................................................................................................................................. Iminência de Eclâmpsia/Eclâmpsia ........................................................................................................................................ PROTOCOLO DA SÍNDROME HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GRAVIDEZ – ATENÇÃO PRIMÁRIA DE SAÚDE ........................... PROTOCOLO DE HEMORRAGIA PÓS-PARTO (HPP) - ATENÇÃO HOSPITALAR DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA ......................... Tabela de Diagnóstico do Grau de Choque ............................................................................................................................ ANEXO 1 – ATUAÇÃO DA EQUIPE NO ATENDIMENTO NA HEMORRAGIA PÓS-PARTO ........................................................... ANEXO 2 – TÉCNICA DE COMPRESSÃO EXTERNA DA AORTA ABDOMINAL ............................................................................ ANEXO 3 – TÉCNICA DE AVALIAÇÃO DO ENCHIMENTO CAPILAR ............................................................................................ ANEXO 4 –FLUXOGRAMA DO MANEJO DA HEMORRAGIA PÓS-PARTO POR ATONIA UTERINA ............................................. ANEXO 5 – AVALIAÇÃO DA RESPOSTA À INFUSÃO DE 500 ML DE CRISTALÓIDE .................................................................... ANEXO 6 – ÍNDICE DE CHOQUE .............................................................................................................................................. CHECKLIST – SEQUENCIAMENTO DO ATENDIMENTO DA HEMORRAGIA PÓS-PARTO ............................................................ SUGESTÃO DE KIT DED EMERGÊNCIA PARA USO NO ATENDIMENTO NA HPP ...................................................................... BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................................................................... 3 3 4 4 5 5 7 8 13 15 16 17 17 17 18 19 19 20 21 22 3 PROTOCOLO DA SÍNDROME HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GRAVIDEZ (SHEG) ATENÇÃO HOSPITALAR – URGÊNCIA E EMERGÊNCIA HIPERTENSÃO ARTERIAL AGUDA É a presença de níveis pressóricos ≥ 140 x 90 mmHg, em duas tomadas, com intervalo de 4 horas, em repouso. No entanto, em mulheres que deveriam fisiologicamente se manter “hipotensas”, elevações aparentemente discretas (como p.ex. 140 x 90 mmHg) podem na verdade, representar um grave comprometimento cardiovascular, principalmente se a mulher nunca foi hipertensa. Baseado nesta possibilidade, quando é possível saber os níveis pressóricos pré-gestacional, pode-se considerar como hipertensão o aumento de 30 mmHg na PAS e/ou 15 mmHg na PAD, em relação aos níveis pressóricos anteriores. Pode-se caracterizar como urgência (na ausência de sintomas clínicos) ou emergência (presença de sintomas clínicos), sendo a última mais grave e danosa (pré-eclâmpsia grave ou eclâmpsia). A crise hipertensiva pode iniciar sem sintomas clínicos e posteriormente tornar-se sintomática. IMPORTANTE: a PA deve ser aferida com a paciente sentada ou em DLE, com o manguito do tensiômetro no braço direito, a altura do coração, após o mínimo de 15 min. de repouso. IDENTIFICAÇÃO DAS SINDROMES HIPERTENSIVAS TIPO CARACTERÍSTICA Hipertensão Arterial Crônica Hipertensão prévia a gestação, ou antes, de 20 semanas de gestação, sem proteinúria. Hipertensão Gestacional Transitória Hipertensão sem proteinúria, após 20 semanas de gestação, cujos níveis pressóricos retornam ao normal entre 6 a 12 semanas pós-parto. Pré-eclâmpsia Hipertensão com proteinúria após 20 semanas de gestação, sem critérios de gravidade. Pré-eclâmpsia Sobreposta Aparecimento de pré-eclâmpsia em gestante com hipertensão crônica. Pré-eclâmpsia grave Hipertensão com PA ≥ 160mmHg após 20 semanas de gestação, com proteinúria e/ou com algum critério de gravidade. Eclâmpsia Ocorrência de Convulsões motoras generalizadas em gestante com pré-eclâmpsia. Síndrome HELLP Hipertensão associada a: a) Hemólise: Esfregaço periférico anormal (esquistocitose, anisocitose, equinocitose). BT ˃ 1,2mg% LDH ˃ 600UI b) Elevação das enzimas hepáticas: TGO ˃70UI c) Plaquetopenia: ˂100.000mm³ Fonte: FEBRASGO, 2017 4 CRITÉRIOS PARA O DIAGNÓSTICO DE PRÉ-ECLÂMPSIA CRITÉTIOS DIAGNÓSTICO Níveis Pressóricos Leve PA ≥ 140 x 90mmHg, em duas tomadas, com intervalo de 15 min. Grave PA ≥ 160 x 110mmHg em duas tomadas com intervalo de 15 mim. Proteinúria ≥ 300mg/dl em 24 horas de coleta (˃ 2g/dl -0 critério de gravidade) Relação proteína/creatinina ≥ 0,3mg/dl (≥ 0,4mg/dl em gemelidade) Teste de fita 1+ em duas ocasiões (com intervalo de 4 a 6 horas), ou 2+ ou mais, em qualquer amostra isolada (qualitativo). OBS.: 3+ ou mais – critério de gravidade Na ausência de proteinúria e na presença de qualquer um dos critérios abaixo Trombocitopenia ≤ 100.000/mm³ Insuficiência Renal Creatinina ≥ 1,1mg/dl na aus. de nefropatia Oligúria: vol. urinário ˂ 500ml/24h Disfunção Hepática Transaminases mais que duas vezes o valor normal Dor Epigástrica ou QSD Não responsiva a medicação e sem outro diagnóstico Alterações Cerebrais ou Visuais Cefaléia, torpor, obnubilação, turvação visual, escotomas, amaurose, diplopia. Edema Pulmonar Fonte: FEBRASGO, 2017 PRÉ-ECLÂMPSIA LEVE E SOBREPOSTA A HIPERTENSÃO (Ver Protocolo de SHEG na APS - pág. 13) O acompanhamento e tratamento são ambulatoriais na APS, onde se deve: Avaliar sintomatologia Orientar dieta normossódica e hiperprotéica Orientar o acompanhamento da PA diário com mapa, repouso pós-prandial, sono regular de pelo menos 6 horas, exercícios físicos relaxantes (caminhadas curtas no inicio da manhã ou final da tarde). Associar anti-hipertensivos se PAD ˃ 80mmHg. Orientar a gestante a procurar a maternidade de alto risco (anotar na Caderneta da Gestante o nome e endereço da maternidade), nos casos de sangramento, dor abdominal, em QSD ou epigástrica, cefaléia, escotomas visuais, etc. Não prescrever diuréticos ou drogas supressoras do SNC (como diazepan ou similares). Não permitir queda acentuada da PA, evitando que a PAD atinja valores ˂ 90mmHg. 5 PROPEDÊUTICA MATERNA E FETAL IDADE GESTACIONAL PROPEDÊUTICA MATERNA E FETAL ≤ 34 SEMANAS • Controle semanal, com avaliação do mapa diário da PA da paciente. • Acelerar a maturidade pulmonar fetal • Repetir exames básicos 15/15 dias, ou de acordo com a gravidade do caso. • Orientar a gestante sobre os sinais e sintomas de gravidade, e a necessidade de procurar, com a máxima brevidade o hospital de referência, se ocorrer qualquer destes sinais e sintomas. Anotar na Caderneta da Gestanteo hospital ao qual ela deve se dirigir • Não inibir trabalho de parto. ˃ 34 semanas • Controle semanal, com avaliação do mapa diário da PA da paciente e exames laboratoriais básicos. • Orientar a gestante sobre os sinais e sintomas de gravidade, e a necessidade de procurar, com a máxima brevidade o hospital de referência, se ocorrer qualquer destes sinais e sintomas. Anotar na Caderneta da Gestante o hospital ao qual ela deve se dirigir. • Parto a partir de 37 semanas, com via obstétrica. CRISE HIPERTENSIVA AGUDA I. Conduta: A. Terapia anti-hipertensiva de ataque: − Internação − Monitorização dos sinais vitais materno e fetal contínuo (4/4h), até PAD atingir 90 a 100 mmHg. Manter esta monitorização por mais 24h após a estabilização dos níveis pressóricos. − Acesso venoso de grosso calibre: dois acessos, um em cada braço (jelco 16 ou 18). − Solicitar: coagulograma, uréia/creatinina, ALT/AST (TGP/TGO), BTF, DHL, proteinúria de 24 h (pode-se, segundo a literatura, coletar proteinúria de 12 h ou 6 h, e o resultado se multiplica por 2 ou 4 respectivamente, e se obterá o equivalente a 24 h)1, USG obstétrica com ILA e Doppler, CTG fetal (caso não seja possível realizar Doppler). − Terapia anti-hipertensiva: 1 Adelberg AM, Miller J, Doerzbacher M, Lambers DS. Correlation of quantitative protein measurements in 8-, 12-, and 24-hour urine samples for the diagnosis of preeclampsia. Am J Obstet Gynecol. 2001; 185:804-7. Costa RAA, Abbade JF, Martins AMVC, Magalhães CG, Rudge MVC, Peraçolli JC. The importance of 6 and 12-hour proteinuria measurements for the diagnosis of preeclampsia. Hypertens Pregnancy. 2006; 25(suppl1):227. 6 1ª escolha: − Hidralazina (Apresolina, Nepresol) 20 mg/ml - 1 amp. (1 ml = 20mg) diluída em 9 ml de AD ou SF 0,9%. Dose inicial 2,5 ml (5 mg) EV, podendo ser repetido a intervalos de 30 min., até uma dose cumulativa de 20 mg/24h (4 doses no máximo em 24h) Efeitos colaterais: rubor facial, cefaléia, taquipnéia. Efeito hipotensor: 2 a 6 horas. 2ª escolha: (primeira escolha se não houver possibilidade de acesso venoso de imediato) − Nifedipino (Adalat, Dilaflux, Oxcord, Cardalin) 10 mg - 1 comp. VO podendo ser repetido a cada 30 min. até a dose cumulativa de 30mg/24h. Efeitos colaterais: rubor facial, cefaléia, taquicardia. Efeito hipotensor: 3 a 5 horas. IMPORTANTE: • O uso sublingual é proscrito devido a efeito hipotensor severo com comprometimento materno e fetal. • Não deve ser usado concomitante com o Sulfato de Magnésio – exacerbam os efeitos colaterais do sulfato de magnésio, quais sejam: paradas respiratórias e cardíacas. • Atenção para o nível de consciência: administrar Nifedipino somente se paciente estivar bem acordada, sem dificuldades de deglutição. *Hipertensão refratária: considerada como aquela que não responde ao tratamento. Paciente neste caso deve ser transferida para UTI, a fim de iniciar terapia com Nitroprussiato de Sódio. B. Terapia anti-hipertensiva de manutenção: 1ª escolha: Metildopa (Aldomet, Metilpress) – comp. de 250 ou 500mg VO de 8/8h ou 6/6h - 750mg a 2g/dia. 2ª escolha: Nifedipino (Adalat, Dilaflux, Oxcord, Cardalin) comp. de 10 ou 20mg VO 8/8h ou comp. de 10 ou 20mg retard VO 12/12h – 20 a 60mg/dia. 3ª escolha: Hidralazina (Apresolina, Nepresol) comp. de 25 ou 50mg VO 8/8h ou 6/6h – 75 a 200mg/dia. 7 PRÉ-ECLÂMPSIA GRAVE 1. Conduta: - Internação - Monitorização dos sinais vitais materno e fetal contínuos - Acessos venosos calibrosos (dois acessos, um em cada braço). - Solicitar: hemograma, coagulograma, uréia/creatinina, TGP (ALT) / TGO (AST) / DHL / BTF. - Proteinúria de 24h. - USG obstétrica com ILA e Doppler - CTG fetal diariamente - Terapia anti-hipertensiva de ataque: idem Crise Hipertensiva Aguda - Corticóideterapia para amadurecimento pulmonar do feto: IG entre 24 a 36 semanas Ausência de contraindicações de parto em 24 a 48h Ausência de contraindicações à droga (tuberculose ativa, diabete descompensada, hipertensão grave, infecções viral como sarampo, varicela zoster; ou bacteriana grave) a. 1ª opção: Betametasona (Celestone soluspan) 6mg – 2 amp. IM, repetir após 24h. b. 2ª opção: Dexametasona (Decadron) 6mg - 12/12h por 48h. c. 3ª opção: Hidrocortisona (Flebocortid) - 2g dose única. ATENÇÃO: Cuidado ao associar glicocorticóide a betamiméticos (Terbutalina) devido ao risco aumentado de edema agudo de pulmão. Iniciar a terapia com corticóide, mesmo que não consiga completar o esquema. A. Com melhora: − Terapia anti-hipertensiva de manutenção − Controle em pré-natal de alto risco B. Sem melhora: antecipação do parto. OBS.: Parto vaginal quando apresentação cefálica, condições obstétricas favoráveis (colo apagado ou dilatado, ausência de cicatrizes), multiparidade ou trabalho de parto instalado e adiantado; sempre com monitorização rigorosa das condições materna e fetal. 8 IMINÊNCIA DE ECLÂMPSIA / ECLÂMPSIA − Iminência de eclâmpsia corresponde ao quadro de pré-eclâmpsia grave associado a sinais de encefalopatia hipertensiva (cefaléia, escotomas, visão turva ou borrada, amaurose), dor epigátrica ou em hipocôndrio D. − Eclâmpsia corresponde ao aparecimento de convulsões, seguidas ou não de coma em pacientes portadoras de pré-eclâmpsia. A presença de torpor, cianose, hipertermia (> 390C) = hemorragia do SNC. 1. Conduta: I. Internação II. Medidas gerais: − Manter decúbito elevado (em torno de 300), vias aéreas livres, com cabeça lateralizada. − Ambiente tranquilo e o mais silencioso possível − Oxigenação (cateter nasal ou máscara) com O2 úmido – 3 a 5L/min. − Cânula de Gedel (evitar trauma na língua), porém não forçar para não desencadear estímulo, reflexo ou vômito. − Acesso venoso calibroso − Cateterismo vesical (monitorar diurese) − Monitorização da FC e PA materna (cardioscópio) e fetal (cardiotocografia silenciosa). Se estiver em trabalho de parto, observar tônus uterino, contrações e sangramento (DPP, hiper ou taquissitolia). − Infusão venosa: Sol. Ringer simples ou lactato – 20 a 30gts/min. contínuo, para garantir débito urinário de 30 a 40 ml/h. − Solicitar: hemograma, coagulograma, aminotransferases (ALT/AST ou TGP/TGO) /DHL/BTF, uréia/creatinina, proteinúria de 24h. III. Terapia anti-hipertensiva: idem Crise Hipertensiva Aguda. IV. Terapia anticonvulsivante: A. Sulfato de magnésio: Esquema de Zuspar: − Ataque: (4g/20 min.) MgSO4 50% − 8 ml diluídos em 12 ml de SG5% EV correr em 20 min.: 1 ml/min. − Manutenção: (2g/h) MgSO4 50% − 2 amp. diluídas em 480 ml de SG5% ou MgSO4 10% − 10 amp. diluídas em 400 ml de SG 5% EV 60 ml/h em BIC. 9 Esquema de Pritchard: − Ataque: MgSO450% – 8 ml diluídos em 12 ml de SG5% EV correr em 20 min.: 1 ml/min, associado a MgSO4 50% − 10 ml (1 amp.) IM em cada glúteo profundamente, em leque. − Manutenção: MgSO4 50% − 10 ml (1 amp.) IM em cada glúteo 4/4h (aplicar profundamente, em leque). IMPORTANTE: − O esquema terapêutico anticonvulsivante preferencial deve ser o de ZUSPAR. − Manter esquema por 24 horas após a última crise, ou 24 horas após início de sua administração, na iminência de eclâmpsia. − Efeitos colaterais: apnéia, parada cardíaca. − Monitorar rigorosamente: Diurese: > 30 ml/h Freqüência respiratória:> 16mrpm Reflexo patelar presente Manter níveis de Mg sérico entre 4 a 8mg/dl 2 − Se algum dos parâmetros acima estiver alterado: Suspender sulfato de magnésio Administrar Gluconato de Cálcio 10% EV lento (em 3 min.) Oxigenioterapia: O2 5 L/min.(máscara) B. Fenitoína: utilizado somente se após 30 min. da dose de ataque de sulfato de magnésio, ocorrer nova crise convulsiva, ou crises subtrantes ou noscasos de hemorragia intracraniana. − Ataque: Fenitoína (Hidantal, Epelin, Unifelintoin) 50 mg/ml – 250mg/5 ml (1 amp) diluída em 250 ml de SG5% EV correr em 20 min. − Manutenção: Fenitoína 250mg (1 amp) diluída em 250 ml de SG5% EV correr em 4 horas – 20gts/min. Repetir 2ª dose após 12 horas, e manter 100mg VO 8/8h, até a alta. − Efeitos colaterais: arritmia cardíaca se infusão rápida. V. Conduta obstétrica: Interrupção da gravidez vai depender do estado materno/fetal e da IG. a. Se ocorrer agravamento clínico materno, sofrimento fetal, CIUR, trabalho de parto ou > 34 sem.: parto deve ocorrer em no máximo 24 horas, logo após a estabilização do 2 Níveis normais: 1,5 a 2,5 mg/dl – Níveis terapêuticos: 4 a 8mg/dl 10 quadro clínico, com a recuperação do sensório da gestante e controle da hipertensão. b. Se ausência dos fatores acima, entre 33 e 34 sem.: usar corticóide para amadurecimento pulmonar do feto, e parto em 48h. c. Se ausência dos fatores citados, e entre 28 e 32 sem.: usar corticóide, drogas anti- hipertensivas de manutenção, avaliação das condições materno/fetais e interromper entre 33 e 34 sem. Via de parto a. Parto vaginal: se mãe e feto sem comprometimento, apresentação cefálica, colo favorável (apagado/dilatado), sem cicatrizes uterinas, multípara ou em trabalho de parto, podendo-se infundir ocitocina, mantendo-se rigorosa monitorização das condições materna e fetal. b. Cesárea: método de eleição para os demais casos. VI. Conduta no puerpério: − Manter observação por 48h − Monitorização rigorosa dos sinais vitais − Controle laboratorial diário, até a normalização dos parâmetros laboratoriais. − Manter anti-hipertensivo ajustado − Ausculta pulmonar e cardíaca diária − Controle da diurese (volume) por 24h − Correção dos distúrbios hemodinâmicos e hidroeletrolíticos. SÍNDROME HELLP É uma complicação da paciente com pré-eclâmpsia, caracterizada por hemólise(H), elevação das enzimas hepáticas (EL= ”elevated liver funtion test”) e plaquetopenia (LP= ”low platelet count”), e está frequentemente associada à insuficiência renal aguda, edema agudo de pulmão, coagulação intravascular disseminada, rotura hepática e morte materna. I. Diagnóstico: I. Clínico: − Geralmente quadro de pré-eclâmpsia grave (quadro inicial) − Nos quadros mais avançados, surge alteração de comportamento, hematúria, gengivorragia, icterícia. − Dor à palpação abdominal em QSD e em epigástrio. 11 II. Laboratorial: − TGP/TGO acima de 70 − LDH acima de 600 − Coagulograma com plaquetas abaixo de 100.000 − Uréia /creatinina alteradas − USG obstétrica e abdominal (para avaliação hepática) − Proteinúria de 24h. *Teste de Wiener: tem como finalidade avaliar o fibrinogênio para iniciar tratamento adequado, enquanto coagulograma não chega. Consiste em colocar 10 ml de sangue em tubo de ensaio limpo e seco, e faz-se aquecimento manual, deixando-se a seguir 10 min. em repouso. Se coágulo firme: fibrinogênio acima de 100mg/dl. Se coágulo débil ou se dissolver, iniciar tratamento (reposição de hemoderivados) de imediato. III. Fundo de olho 2. Diagnóstico diferencial3 PARÂMETROS CLÍNICOS PARÂMETROS LABORATORIAIS Hemólise/ Anemia Bilirrubina aumentada Plaquetopenia Creatinina aumentada AST/ALT aumentado s CIVD Hipoglicemia PE HAS leve/grave Proteinúria Eclâmpsia iminente Convulsão Comum Geralmente leve Usualmente Leve Leve/Moderada Variável Leve/ Moderada Variável Leve/ Moderada Rara leve Ausente FGAG Náuseas e vômitos HA leve Insuf. hepática Comum Leve/ Moderada Comum Moderada Moderada/Grav e Comum Moderada/ Grave Comum Moderada Comum Grave ↓fibrinogênia Comum Moderada/ Grave PTT Hemólise grave Plaquetopenia Comprom. do SNC HA casual Comum Moderada/ Grave Variável Leve/ Moderada Comum Moderada/Grav e Variável Leve/ Moderada Raro Leve Rara Leve Ausente LES HAS Proteinúria Sintomas exuberantes de lúpus Ocasional Leve/ moderada Rara Variável Leve/Grave Comum Leve/ Moderada Raro Leve Rara Leve Ausente SHU HA casual Comum Moderada/ Grave Casual Grave Grave Raro Ausente Ausente PE: Pré-eclâmpsia/ FGAG: Fígado gorduroso agudo da gravidez/ PTT: Púrpura trombocitopênica/ LES: Lúpus eritematoso sistêmico/ SHU: Síndrome hemolítico-urêmica. 3 Manual de Gestação de Alto Risco FEBRASGO.2011, p27 12 3. Conduta I. Medidas gerais − Manter vias aéreas livres − Acesso venoso calibroso − Instalação de PVC − Cateterismo vesical de demora (Foley) − Monitorização dos sinais vitais continuamente − Monitorização fetal − Avaliar necessidade de UTI II. Terapia anti-hipertensiva: (Ver Crise Hipertensiva Aguda) de preferência Hidralazina. III. Terapia anticonvulsivante: de preferência EV pelo risco de hematoma em glúteo. Dexametasona (Duo-Decadron®) 10 mg/2 ml – 10 mg EV 12/12 h. Manter enquanto maturidade pulmonar fetal). IV. Hidratação venosa de volume: Sol. Ringer Lactato 2000 ml EV 40 gts/min. V. Plasma fresco congelado (PFC): para manter fibrinogênio acima de 100 mg/dl. Cada unidade de PFC aumenta 10mg/dl − Dose de ataque: 10 ml/kg − Manutenção: 10 a 30 ml/kg VI. Crioprecipitado: se fibrinogênio abaixo de 50mg/dl ou se TP ou TTPA não corrigir após a infusão de PFC. – 1U/7 a 10 kg/dia VII. Transfusão de plaquetas: se contagem de plaquetas for 20.000; ou 50.000 com sangramento; ou for submetida a procedimento cirúrgico ou parto vaginal urgente – 1U/10kg/1 a 2 xx/dia. Cada unidade aumenta 5.000 plaquetas. VIII. Hemotransfusão: manutenção do hematócrito em torno de 30%. A cada unidade de concentrado de hemácias, eleva-se 3% no hematócrito e 1,5 de hemoglobina. Para cada 5 unidades de concentrado de hemácias, deve-se transfundir 1 unidade de plasma fresco congelado. IX. Conduta obstétrica: é a antecipação do parto. Deve-se interromper a gravidez tão logo a paciente esteja estabilizada, com plaquetas acima de 75.000/mm3 e coagulograma normal. A incisão indicada para cesárea é infraumbilical mediana. 13 PROTOCOLO DA SÍNDROME HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GRAVIDEZ (SHEG) ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE (APS) 1. ACOLHIMENTO ANTECEDENTES PESSOAIS E OBSTÉTRICOS - HAS/SHEG/DPP - Fatores alimentares - Doença Renal - Fatores Sociais/ Vícios - Doença do colágeno/auto-imune - Biótipo - Doença de Chagas - Idade/ Paridade - Cardiopatias. ANTECEDENTES FAMILIARES - HAS/ Diabetes Melito - Cardiopatias 2. PREVENÇÃO - Tipo de dieta: Hiperprotéica/ Hipocalórica/ Hipossódica ou Normossódica - Exercícios físicos relaxantes (p.ex. caminhadas) - Repouso pós-prandial - Hidratação - Escalda pé (com sal grosso) no fim do dia - Chás caseiros (hortelã, erva cidreira, capim santo, etc.) - AAS 150 mg/dia, a partir de 14 semanas - Cálcio 2g/dia - Evitar estresse - Mapa diário da PA - Mobilograma a partir de 28 semanas de gestação - Visita domiciliar com ACS 2.1 EXAMES LABORATORIAIS Risco Habitual − Exames de rotina do pré-natal (hemograma, tipagem sanguínea e fator Rh, VDRL, glicemia de jejum/TOTG, pesquisa de IgG e IgM para Toxoplasma, citomegalovírus, Anti-Hbs Ag, Anti-HCV, Anti- HIV 1 e 2, EAS/urocultura com antibiograma): solicitação trimestral. − USG: solicitação trimestral. − PCCU: em qualquer idade gestacional. 14 Paciente com níveis pressóricos acima de 130 x 80 mmHg - Função hepática (Bilirrubinas totais e frações, TGO/TGP) - Função Renal: Creatinina, - Coagulograma - Proteinúria de 24h 3. TRATAMENTO TRATAMENTO POSOLOGIA HORÁRIO Metildopa 250mg ou 500mg (750 a 2g/dia) 8/8h ou 6/6h Nifedipino10 a 20 mg (20mg a 60mg/dia) 12/12h ou 8/8h Emergência: Nifedipino (se PAS ≥160mmHg ou PAD ≥110mmHg) 10mg VO - máx. 30mg/dia Intervalo de 30min. ATENÇÃO: Proscrito uso de Diazepam, Fenobarbital, Neozine, Clonazepam, ou qualquer outro depressor do Sistema Nervoso Central. 15 PROTOCOLO DE HEMORRAGIA PÓS-PARTO ATENÇÃO HOSPITALAR DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA AO ASSUMIR O PLANTÃO, DEFINIR STATUS DE ATUAÇÃO (CABEÇA, BRAÇO E ÚTERO Anexo ¹) E REVISAR A CAIXA DE HEMORRAGIA. AO DETECTAR HEMORRAGIA CHAMAR AJUDA. SE ESTIVER FORA DO CENTRO OBSTÉTRICO/CIRÚRGICO, INICIAR COMPRESSÃO EXTERNA Anexo ². 1. EQUIPE: Médico, Enfermeiro Obstetra, Enfermeiro (em caso de UBSs, SAMU ou UPAs), e dois Tec. de Enfermagem. 2. ATUAÇÃO DA EQUIPE DE SAÍDE NO ATENDIMENTO À HEMORRAGIA PÓS-PARTO – Pág 18 Médico/Enfermeiro Obstetra: “Útero” Médico/Enfermeiro/Téc. de Enfermagem 1: “Cabeça e Braço” Téc. de enfermagem 2: Circulante 2.1. CABEÇA: Vias aéreas (abrir vias aéreas e O2 em máscara não reinalante com reservatório:10L/min) Nível de consciência Check list do protocolo (Pág. 21) Controle do tempo Calcular Índice de Choque - IC (Frequência Cardíaca dividido pela PAS) Anexo 6, e avaliar o grau de choque (ver Tabela de Diagnóstico do Grau de Choque – pág. 17). 2.2. BRAÇO: Sinais vitais: Temperatura, pulso, pressão, saturação (tempo de enchimento capilar) - Anexo 3 De 5/5min - primeiros 30min. Se estabilizado: 10/10 min – por mais 1hora. Se estabilizado 30/30 min por mais 2 horas. Se estabilizado - 4/4 horas. Realizar dois acesso venoso de grosso calibre: jelco 14,16 (um acesso para LEV e hemoderivados, e outro para fármacos) Colher sangue para laboratório: Hemograma e Coagulograma; (e banco de sangue, se IC maior ou igual a 0,9) 16 Líquidos endovenosos (LEV) aquecido: SRS ou SF – 500 ml aquecido em micro-ondas (1 min. em potência máx.) - em acesso para LEV e hemoderivados. Iniciar Ác. Trenexâmico e uterotônicos (Anexo 4) (ocitocina, ergotrat ou meterghim, misoprostol). Reavaliar após 500 ml de LEV aquecido (Anexo 5) Iniciar hemotransfusão, se necessário ou em qualquer momento que se verificar a necessidade de hemotransfusão . Observar tabela de Índice de Choque (FC/PAS)(Anexo 6). 2.3. “ÚTERO”: somente médico ou enfermeiro obstetra Diagnosticar a causa da hemorragia (4 T’s) Controlar e tratar a hemorragia (execução ou solicitação de auxílio) TAN*³, balão, suturas de lacerações, drenagem de hematoma, curetagem uterina, laparotomia para sutura hemostática e histerectomia. Considerar e solicitar transferência, se necessário, para UTI ou unidade de alta complexidade. RECOMENDAÇÃO: leitura do manual de bolso Recomendações Assistenciais para Prevenção, Diagnóstico e Tratamento da Hemorragia Obstétrica – link: http://iris.paho.org/xmlui/handle/123456789/34879 TABELA PARA DIAGNÓSTICO DO GRAU DE CHOQUE Para o diagnóstico do grau de choque utiliza-se o pior parâmetro http://iris.paho.org/xmlui/handle/123456789/34879 17 ANEXO 1 ATUAÇÃO DA EQUIPE DE SAÚDE NO ATENDIMENTO À HEMORRAGIAM PÓS-PARTO ANEXO 2 TÉCNICA DE COMPRESSÃO EXTERNA DA AORTA ABDOMINAL 1. Paciente em posição supina. 2. Palpar pulso femural. 3. Com a mão oposta, cerrar o punho e pressionar na altura da cicatriz umbilical a artéria Aorta, até não sentir mais o pulso femural. 4. Manter a mesma pressão até chegada da equipe. ANEXO 3 AVALIAÇÃO DO TEMPO DE ENCHIMENTO CAPILAR 1. Comprimir polpa digital por 5 segundos 2. Soltar e avaliar o tempo de retorno venoso: Normal: até 2 seg. (levar em consideração temperatura ambiente). 18 ANEXO 4 FLUXOGRAMA DO MANEJO DA HEMORRAGIA PÓS-PARTO POR ATONIA UTERINA 19 ANEXO 5 AVALIAÇÃO DA RESPOSTA A INFUSÃO DE 500 ML DE CRISTALÓIDE ANEXO 6 ÍNDICE DE CHOQUE: Frequência Cardíaca dividida pela Pressão Arterial Sistólica 20 21 RECOMENDAÇÃO: leitura do manual de bolso Recomendações Assistenciais para Prevenção, Diagnóstico e Tratamento da Hemorragia Obstétrica – link: http://iris.paho.org/xmlui/handle/123456789/34879 http://iris.paho.org/xmlui/handle/123456789/34879 22 BIBLIOGRAFIA − ALSO Brasil (Advanced Life Support in Obstetrics) American Academy of Family Physicans. 4. ed. 2000. − Avila W. S., Alexandre E.R.G., Castro M. L., Lucena A. J. G., Marques-Santo C., Freire C. M.V., et. al. Posicionamento da Sociedade Brasileira de Cardiologia para Gravidez e Planejamento Familiar na Mulher Portadora de Cardiopatia – 2020. Arq Bras Cardiol. 2020; 114(5):849-942. − BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área Técnica de saúde da Mulher. Gestação de Alto Risco. Manual Técnico. 3. ed. Brasília, DF, 2000. − BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área Técnica de Saúde da Mulher. Urgências e Emergências Maternas: Guia para Diagnóstico e Conduta em Situações de Risco e Morte Materna. 2. ed. Brasília, DF, 2003. − FREIRE, S.; JÚNIOR, E. F. M. Tratamento da Convulsão Eclâmptica. PROAGO/SEMCAD, Porto Alegre: Artmed/Panamericana Editora, ciclo 1, módulo 1, p. 75 – 83, 2004. − GARCIA, C A O, PAIVA, J P. Corticóide e Prematuridade. Protocolo Clínico – Maternidade Assis Chateaubriand – Universidade Federal do Ceará. EBSERH. PRO.OBS.018. REV1, 11/09/2017. Disponível em:<http://www.ebserh.gov.br>. − JÚNIOR, R. P. Hemorragia Pós-Parto. PROAGO/SEMCAD, Porto Alegre: Artmed/Panamericana Editora, ciclo 1 módulo 2, p. 99 – 145, 2004. − MWANSA-KAMBAFWILW, J.; COUSENS,S.; HANSEN, T.; LAWN, J. E. Antenatal Steroids in Preterm Labour for the Prevention of Neonatal Death due to Complications of Preterm Birth. Disponível em: <http://www.ijue.oxfordjournals.org> Acesso em mai. 2010. − OSANAN G C, TAVARES A B, REIS M I, MUCIO B. Hemorragia Pós-Parto. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASAGO); 2018. (Protocolo FEBRASGO – Obstetrícia, nº 109/Comissão Nacional Especializada em Urgências Obstétricas). − ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE – OPAS/ ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE – OMS. Recomendações Assistenciais para Prevenção, Diagnóstico e http://www.ebserh.gov.br/ http://www.ijue.oxfordjournals.org/ 23 Tratamento da Hemorragia Obstétrica. Disponível em: ˂http://iris.paho.org/xmlui/handle/123456789/34879˃ Acesso em outubro. 2019. − PROTOCOLOS e POPs 2018 - Maternidade-Escola Assis Chateaubriand – MEAC. Universidade Federal do Ceará. EBSERH – Hospitais Universitários Federais. Disponível em: < http://www.ebserh.gov.br>web>meac-ufc > Acesso em nov. 2019. − SASS, N. Hipertensão Aguda na Gravidez: Uma Emergência Hipertensiva. PROAGO/SEMCAD, Porto Alegre: Artmed/Panamericana, Editora, ciclo 1, módulo 2, p. 231 – 241, 2004. − SILVA, J. L. P.; CARVALHO, E. C. C. Corticoterapia Antenatal. PROAGO/SEMCAD, Porto Alegre: Artmed/Panamericana Editora, ciclo 1, módulo 4, p. 55 – 81, 2004. − VASCONCELLOS, M. J. A. Tratamento da Hipertensão Arterial Crônica na Gestação. PROAGO/SEMCAD, Porto Alegre: Artmed/Panamericana editora, ciclo 1 módulo 3, p. 97 – 111, 2004. http://iris.paho.org/xmlui/handle/123456789/34879 24 Helder Zahluth Barbalho Governador do Estado do Pará Lúcio Vale Vice-Governador Alberto Beltrame Secretário de Estado de Saúde Pública do Pará Ivete Gadelha Vaz Secretária Adjunta de Gestão de Políticas de Saúde Peter Cassol Silveira Secretário Adjunto de Gestão Administrativa Sâmia Cristine Rabelo Borges Diretora de Políticas de Atenção Integral á Saúde Amiraldo Pinheiro Diretor de Vigilância em Saúde Breno Henry Oliveira dosSantos Diretor de Desenvolvimento e Auditoria dos Serviços de Saúde Cleidielma Ribeiro Diretor de Desenvolvimento das Redes Assistenciais Davi Souza Figueiredo Diretoria de Gestão de Trabalho e Educação na Saúde Elaboração Laíses Braga Vieira Coordenadora do Grupo do Pacto para a Redução da Mortalidade Materna no Estado do Pará Nicolli Patrícia Vieira Pereira Mendes Coordenação Estadual Saúde da Mulher Maria de Fátima Bastos da Costa Técnica da Coordenação Estadual Saúde da Mulher Contato: saudedamulher.sespa@gmail.com mailto:saudedamulher.sespa@gmail.com
Compartilhar