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1 Gabrielle Chaves, Isadora Scheer, Julia Legatti, Juliana Alves, Nathália Moreira – P4/2020 – MÓDULO 11 [||||||||||||||||||| Saúde da mulher ||||||||||||||||||||] 1. Diferenciar gestação de risco habitual e gestação de alto risco, identificando as situações em que elas ocorrem. Gestação de Risco Habitual Caderno de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco. Nº 32 1 Atenção à Saúde da Gestante. Critérios para estratificação de risco e acompanhamento da gestante. 2016 2 → 1 Idade entre 16 e 34 anos; → Gravidez planejada ou desejada; → Intervalo interpartal maior que um ano; → Ausência de intercorrências clínicas e/ou obstétricas na gravidez anterior e/ ou na atual; → 2 Pré-natal na UBS, parto em maternidade de risco habitual, com ausência de critérios que determinem a caracterização nos outros estratos de riscos gestacionais; Gestação de Alto Risco Gestação de Alto Risco. Manual Técnico. 5ª Edição- 2012 1 Caderno de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco. Nº 32 2 Atenção à Saúde da Gestante. Critérios para estratificação de risco e acompanhamento da gestante. 2016 3 → 1 É aquela gestação na qual a vida ou saúde da mãe ou feto ou RN têm maiores chances de serem atingidas que as da média da população considerada; → A ausência de controle pré-natal pode incrementar o risco para a gestante ou RN; → Há necessidade de reclassificar o risco a cada consulta e durante o trabalho de parto; → A presença de um ou mais fatores não significa necessidade imediata de recursos com tecnologia avançada, embora indiquem uma maior atenção da equipe de saúde: maior frequência de consultas e visitas; → Avaliação dinâmica: comunicação entre serviços para melhor acessibilidade ao serviço e continuidade do atendimento; → Acolhimento com avalição clínica, obstétrica, repercussões mútuas entres condições clínicas, parto e aspectos emocionais e psicossociais; ➢ Objetiva fornecer não um diagnóstico, mas uma prioridade clínica, que facilita a gestão e demanda espontânea do serviço; → Os fatores de risco são divididos em anteriormente à gestação e no decorrer da gestação: ▪ Anteriormente à Gestação ➢ Características individuais e condições sociodemográficas desfavoráveis → Obs: A adolescência em si não é um fator de risco, mas pode haver risco psicossocial→ atentar-se as peculiaridades dessa fase (imaturidade emocional) → não é indicativo de episiotomia ou cesárea; ➢ História reprodutiva anterior ➢ Condições clínicas preexistentes ▪ Decorrer da Gestação ➢ Exposição indevida ou acidental a fatores teratogênicos ➢ Doença obstétrica ➢ Intercorrências clínicas https://alunos.unipam.edu.br/PortalAluno/Home/EscolherCurso?codCur=65&idperlet=225#17868 2 Gabrielle Chaves, Isadora Scheer, Julia Legatti, Juliana Alves, Nathália Moreira – P4/2020 – MÓDULO 11 → 2 3 Encaminhamento para pré-natal de alto risco (10%) ▪ Relacionados às condições prévias ➢ Cardiopatias; penumopatias (asma); nefropatias (insuficiência); endocrinopatias (diabetes); doenças hematológicas (anemia falciforme); hipertensão arterial sistêmica; neurológicas (epilepsia); psiquiátricas graves; autoimunes (lúpus); alterações genéticas; antecedente de trombose ou embolia pulmonar; ginecopatias; portadoras de doenças infecciosas (sífilis, HIV, hepatites); hanseníase; tuberculose; dependência de álcool e drogas; agravos alimentares (obesidade grau III, anorexia); ▪ História reprodutiva anterior ➢ Morte intrauterina ou perinatal inexplicada; abortamento habitual; insuficiência cervical; isoimunização Rh; infertilidade; cesariana prévia; acretismo placentário; síndromes hipertensivas (interrupção prematura da gestação, morte fetal intrauterina, síndrome Hellp, eclâmpsia, internação da mãe em UTI); prematuridade; ▪ Gravidez atual ➢ Restrição do crescimento intrauterino; polidrâmnio ou oligoidrâmnio; gemelaridade; malformações fetais ou arritmia fetal; distúrbios hipertensivos da gestação (hipertensão crônica preexistente, hipertensão gestacional ou transitória). → Encaminhamento para urgência/emergência obstétrica ▪ Síndromes hemorrágicas; suspeita de pré-eclâmpsia; sinais premonitórios de eclampsia; eclampsia; crise hipertensiva; amniorrexe prematura; anemia grave; trabalho de parto prematuro; IG a partir de 41 semanas; hipertermia; suspeita/diagnóstico de abdome agudo em gestantes; suspeita/diagnóstico de pielonefrite, infecção ovular ou outra infecção que necessite de internação hospitalar; suspeita de trombose venosa profunda; investigação de prurido gestacional/icterícia; vômitos incoercíveis não responsivos ao tratamento; vômitos inexplicáveis no 3º trimestre; restrição de crescimento intrauterino; oligoidrâmnio; crises neurológicas; óbito fetal. → 3 Uso do serviço: 3 Gabrielle Chaves, Isadora Scheer, Julia Legatti, Juliana Alves, Nathália Moreira – P4/2020 – MÓDULO 11 2. Caracterizar o protocolo de assistência pré natal (normal e alto risco) preconizado pelo MS, indicando sua importância periodicidade e as diferenças entre eles. PROTOCOLO DE ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL 1 BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção ao pré-natal de baixo risco. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. (Cadernos de Atenção Básica, 32) → Avaliação pré-concepcional: ▪ Consulta antes da gravidez; ▪ “Planejamento familiar”: maioria das gravidezes não são planejadas; ▪ Objetivo: identificar os fatores de risco ou doenças; ▪ Instrumento para melhoria dos índices de morbimortalidade materna e infantil; ▪ Regulamentação do planejamento familiar no Brasil: Lei nº 9.263/96→ conjunto de ações de regulação da fecundidade; Atividades desenvolvidas: ▪ Anamnese, exame físico com exame ginecológico e exames laboratoriais; ➢ Exame físico: PA, peso e altura da mulher; ➢ Exame clinico das mamas e exame colpocitológico (seguindo recomendação do MS); ▪ Investigação dos problemas de saúde atuais e prévios; ▪ História obstétrica: registrar o nº de gestações anteriores e de partos pré-termos, intervalo entre partos, tipo de parto, peso ao nascimento e as complicações das gestações anteriores (abortamento, perdas fetais e malformações fetais); ▪ Verificar o uso de medicamentos, hábito de fumar e usar drogas ilícitas; ▪ História familiar: avaliação de doenças hereditárias, pré-eclâmpsia; hipertensão e diabetes; Importância do Planejamento Familiar: ▪ Diminui o nº de cesáreas e ligaduras tubáreas (falta de opção e de acesso a outros métodos anticoncepcionais); ▪ Aumento do intervalo entre as gestações (diminui frequência de bebes de baixo peso e que eles sejam adequadamente amamentados); ▪ Planejar gravidez em adolescentes ou mulheres com patologias crônicas descompensadas; Orientações quanto aos hábitos de vida: ▪ Nutricional: mãe e RN; adoção de práticas alimentares saudáveis; ▪ Riscos do tabagismo e uso de bebidas alcoólicas e outras drogas; ▪ Uso de medicamentos e efeitos no feto; ▪ Avaliação das condições de trabalho (risco de exposição a tóxicos); ▪ Administração preventiva de ácido fólico no período pré-gestacional; ▪ Registro sistemático das datas de menstruações; ▪ Estimulo para intervalo entre gestações ser de 2 anos; Prevenção e ações quanto a infecções e doenças crônicas: ▪ Rubéola e hepatite B: resultado negativo→ imunização previa à gestação; ▪ Toxoplasmose: teste no pré-natal; ▪ HIV: realização do teste e aconselhamento pré e pós teste; ➢ Resultado negativo→ orientação para prevenção; ➢ Resultado positivo→ tratamentos disponíveis e orientações quanto ao controle da infecção materna e redução da transmissão vertical do HIV→ encaminhamento para o serviço de referência especializado;▪ Sífilis: casos positivos→ tratar a mulher e seus parceiros, fazer o acompanhamento de cura e orientação sobre cuidados preventivos da sífilis congênita; ▪ Demais DSTs→ nos casos positivos, instruir diagnostico, tratamento no momento da consulta e orientação sobre prevenção; ▪ Paciente negra e/ou com antecedentes familiares de anemia falciforme ou histórico de anemia crônica→ realização de eletroforese de hemoglobina para diagnostico de anemia falciforme; Avaliação de doenças crônicas: ▪ Diabetes mellitus: controle estrito da glicemia, substituição do hipoglicemiante oral por insulina, acompanhamento nutricional e dietético; ▪ Hipertensão arterial crônica: adequação de drogas, acompanhamento nutricional e dietético e avaliação de comprometimento cardíaco e renal; ▪ Epilepsia: orientação conjunta com o neurologista para o uso de monoterapia e de droga com menor potencial teratogênico; 4 Gabrielle Chaves, Isadora Scheer, Julia Legatti, Juliana Alves, Nathália Moreira – P4/2020 – MÓDULO 11 → Pré-natal de risco habitual: ▪ Assegurar o desenvolvimento da gestação→ permite o parto de um RN saudável, sem impacto na saúde materna- abordagem de aspectos psicossociais, atividades educativas e preventivas; → Periodicidade: ▪ Podem ser realizadas na UBS ou durante a visita domiciliar; ▪ Calendário deve ser iniciado no 1º trimestre, sendo regular e garantindo que todas as avaliações propostas sejam realizadas; ➢ Cartão da gestante e ficha de pré-natal sejam preenchidas; ▪ Consultas devem ser intercaladas entre médico e enfermeiro; ▪ Maior nº de consultas no final da gestação: avaliação do risco perinatal e das intercorrências clínico- obstétricas (trabalho de parto prematuro, pré- eclâmpsia e eclâmpsia, amniorrexe prematura e óbito fetal); ▪ Acompanhamento se encerra após o 42º dia de puerpério; ▪ Nº de consultas risco habitual (OMS): igual ou superior a 6; ➢ Nº reduzido porém com maior ênfase em cada uma, em pacientes de baixo risco, não há aumento de resultados perinatais adversos; ▪ Nº de consultas alto risco (OMS): mensais até a 28º S, quinzenais entre 28º e 36º S e semanais após a 36º S; ➢ Não existe alto do pré-natal; ➢ Parto não ocorre até a 41º S: encaminhar gestante para avaliação do índice do líquido amniótico e monitoramento cardíaco fetal; → Passos para o pré-natal de qualidade na AB: ▪ 1° PASSO: Iniciar o pré-natal na APS até a 12ª semana de gestação (captação precoce); ▪ 2° PASSO: Garantir os recursos humanos, físicos, materiais e técnicos necessários à atenção pré-natal; ▪ 3° PASSO: Toda gestante deve ter assegurado a solicitação, realização e avaliação em termo oportuno do resultado dos exames preconizados no atendimento pré-natal; ▪ 4° PASSO: Promover a escuta ativa da gestante e de seus (suas) acompanhantes, considerando aspectos intelectuais, emocionais, sociais e culturais e não somente um cuidado biológico: "rodas de gestantes"; ▪ 5° PASSO: Garantir o transporte público gratuito da gestante para o atendimento pré-natal, quando necessário; ▪ 6° PASSO: É direito do(a) parceiro(a) ser cuidado (realização de consultas, exames e ter acesso a informações) antes, durante e depois da gestação: "pré-natal do(a) parceiro(a)"; ▪ 7° PASSO: Garantir o acesso à unidade de referência especializada, caso seja necessário; ▪ 8° PASSO: Estimular e informar sobre os benefícios do parto fisiológico, incluindo a elaboração do "Plano de Parto"; ▪ 9° PASSO: Toda gestante tem direito de conhecer e visitar previamente o serviço de saúde no qual irá dar à luz (vinculação); ▪ 10° PASSO: As mulheres devem conhecer e exercer os direitos garantidos por lei no período gravídico- puerperal. → Acolhimento: ▪ Responsabilização pela integridade do cuidado a partir da recepção da usuária com escuta qualificada e a partir do favorecimento do vínculo e da avaliação de vulnerabilidades, de acordo com seu contexto social; ▪ Profissional deve permitir que a gestante expresse suas preocupações e angustias, garantindo a atenção resolutiva e a articulação com os outros serviços de saúde; ▪ Acolhimento também do acompanhante da gestante→ Lei nº 11.108 (2005): acompanhante ser da família, amigo ou a doula; ▪ Manutenção de um diálogo franco: escuta aberta, sem julgamentos nem preconceitos; → Consultas Primeira Consulta (enfermeiro) ▪ Avaliação clínico-obstétrica – anamnese e exame fisco obstétrico. ▪ Cálculo inicial da DPP pela DUM. ▪ Estratificação do risco gestacional. ▪ Avaliação do calendário vacinal. ▪ Solicitação de exames complementares. ▪ Cadastramento no SIS Pré-Natal. ▪ Preenchimento e entrega do Cartão da Gestante. ▪ Vinculação à maternidade. ▪ Agendamento do retorno. Segunda Consulta (médico) ▪ Avaliação clínico-obstétrica. 5 Gabrielle Chaves, Isadora Scheer, Julia Legatti, Juliana Alves, Nathália Moreira – P4/2020 – MÓDULO 11 ▪ Confirmação da idade gestacional. ▪ Análise dos resultados de exames complementares. ▪ Definição do Plano de Cuidado. ▪ Prazo máximo: um mês após a primeira consulta. Consulta Odontológica ▪ Avaliação clínica odontológica e plano terapêutico (S/N). ▪ Prazo máximo: um mês após a primeira consulta. Consultas Subsequentes ▪ Reavaliação do Plano de Cuidado. ▪ Revisão da vinculação à maternidade, de acordo com a estratificação de risco. → Exames 1º trimestre: ▪ Solicitados na primeira consulta do pré-natal. ▪ Hemograma. ▪ Grupo sanguíneo e fator Rh. ▪ Coombs indireto: realizar para todas as gestantes Rh (-), repetir mensalmente. ▪ Teste rápido para sífilis (1ª escolha) ou VDRL (2ª escolha). ▪ Glicemia jejum. ▪ Urina-rotina. ▪ Urocultura c/ antibiograma. ▪ Teste rápido para HIV (1ª escolha) ou Anti -HIV (2ª escolha). ▪ Toxoplasmose IgM e IgG. ▪ Colpocitologia oncótica. ▪ Hepatite B (HBs Ag). ▪ Eletroforese de Hb. ▪ Proteinúria (de fita) e no caso de gestantes com alteração de níveis pressóricos - caso positivo, realizar proteinúria 24h. 2° trimestre: ▪ Toxoplasmose IgM e IgG, se susceptível. ▪ Glicemia jejum. ▪ Teste de tolerância à glicose (1h e 2h após 75g de dextrosol). ▪ Teste rápido para sífilis ou VDRL. 3° trimestre: ▪ Hemograma. ▪ Teste rápido para sífilis ou VDRL. ▪ Teste rápido para HIV ou Anti-HIV. ▪ Urina-rotina. ▪ Toxoplasmose IgM e IgG, se susceptível. ▪ Pesquisa Streptococcus B. Ultrassom: ▪ Situação ideal: US entre11 e 13 semanas para datação e entre 18 e 22 semanas de gestação para avaliação de morfologia fetal. ▪ Situação mínima: US entre 18 e 22 semanas para datação e avaliação de morfologia fetal. → Suplementos alimentares: ▪ Ferro e folato: 40 mg/dia de ferro (200 mg de sulfato ferroso); ▪ Ácido fólico no período pré-gestacional: 5 mg/dia durante 60 a 90 dias antes da concepção; → Vacinação: ▪ Gestante sem nenhuma dose registrada: iniciar o esquema vacinal o mais precocemente possível com 3 doses, com intervalo de 60 dias ou, no mínimo, 30 dias. ▪ Gestante com esquema vacinal incompleto (1 ou 2 doses): em qualquer período gestacional, deve-se completar o esquema de três doses o mais precocemente possível, com intervalo de 60 dias ou, no mínimo, 30 dias entre elas. ▪ Gestante com menos de 3 doses registradas: complete as 3 doses o mais precocemente possível, com intervalo de 60 dias ou, no mínimo, 30 dias. ▪ Gestante com esquema vacinal completo (3 doses ou mais) e última dose há menos de cinco anos: não é necessário vaciná-la. ▪ Gestante com esquema completo (3 doses ou mais) e última dose administrada há mais de cinco anos e menos de 10 anos: deve-se administrar uma dose de reforço tão logo seja possível, independentemente do período gestacional. ▪ Gestante com esquema vacinalcompleto (3 doses ou mais), sendo a última dose há mais de 10 anos: aplique uma dose de reforço. ▪ Vacina dupla do tipo adulto- dT (difteria e tétano) ➢ Mães não vacinadas: última dose administrada no mínimo 20 dias antes da DPP; ➢ Mães vacinadas: antecipar reforço para dose administrada a mais de 5 anos; 1º dose 2º dose 3º dose Precoce 30 a 60 dias após a 1º dose; 30 a 60 dias após a 2º dose; Precoce 60 dias após a 1º dose; 60 dias após a 2º dose; 6 Gabrielle Chaves, Isadora Scheer, Julia Legatti, Juliana Alves, Nathália Moreira – P4/2020 – MÓDULO 11 ▪ Vacina da gripe: recomendada para todas as gestantes em qualquer período gestacional; ▪ Vacina contra a hepatite B: após o 1º trimestre da gestação; ▪ Vacina contra a raiva humana: situações de pós exposição; ▪ Vacina contra a febre amarela: rotineiramente a gestante não deve receber essa vacina, só em casos de surto; DIFERENÇAS ENTRE RISCO HABITUAL E ALTO RISCO- ATENDIMENTO → Baixo risco: ▪ Atendimento pela equipe da área de abrangência. É ideal que haja consultas alternadas com médico e enfermeiro. ▪ Inclua o companheiro da gestante nas consultas. ▪ Monitore os retornos. ▪ Visitas domiciliares mensais pelos ACS e pela equipe, se necessário. ▪ Identifique o hospital de emergência de baixo risco para o parto. ▪ Agende consulta de puerpério (para a mãe e o RN) para a primeira semana pós-parto. → Alto risco: ▪ Garanta o atendimento no ambulatório de pré-natal de alto risco. ▪ Mantenha acompanhamento da equipe da área de abrangência. ▪ Monitore os retornos no ambulatório de alto risco. ▪ Visitas domiciliares mensais pelos ACS e pela equipe, se necessário. ▪ Identifique o hospital de referência de alto risco para o parto. ▪ Agende consulta de puerpério para a primeira semana pós-parto. 7 Gabrielle Chaves, Isadora Scheer, Julia Legatti, Juliana Alves, Nathália Moreira – P4/2020 – MÓDULO 11 3. Identificar as principais causas de mortalidade materno-fetal. Rezende 1 Datasus 2 Site saúde.pr.gov.br 3 Zugaib 4 Mortalidade Materna → 1 OMS define que é a morte da grávida ou após 42 dias da gravidez, qualquer que seja duração ou local da gestação, por causa relacionada ou agravada pela gravidez, ou por conduta relacionada com ela, excluindo- se fatores acidentais; ▪ Morte materna obstétrica direta é aquela resultante de complicações obstétricas da gravidez, parto e puerpério, intervenções, omissões, tratamento incorreto ou cadeia de eventos. Exemplo, a hipertensão e a hemorragia obstétricas, ou complicações da anestesia ou da cesárea; ▪ Morte materna obstétrica indireta é aquela resultante de doenças preexistentes ou que se desenvolvem durante a gravidez, embora agravadas pelas modificações fisiológicas da gestação. Exemplo, complicações de doenças cardíacas ou renais; → Nascido vivo (NV) é a expulsão ou a extração completa do feto, independentemente da duração da gravidez, que, depois da separação, respira ou apresenta quaisquer outros sinais de vida, tais como batimentos do coração, pulsação do cordão umbilical ou movimentos efetivos dos músculos de contração voluntária, estando ou não cortado o cordão umbilical ou desprendida a placenta; → Razão de mortalidade materna (RMM) é a quantidade de mortes maternas obstétricas (diretas e indiretas) para determinado período por 100.000 NV, representada pela fórmula: → A RMM em países em desenvolvimento é 15 vezes maior que nos desenvolvidos; → Os 2 alvos do ODM (Objetivos do Desenvolvimento do Milênio) 5 são reduzir a RMM em 3/4 entre os anos 1990 e 2015 e proporcionar acesso universal à saúde reprodutiva no ano de 2015; → Principal causa na África e Ásia é hemorragia, na América e Caribe é distúrbios hipertensivos seguido de hemorragia e nos países desenvolvidos também são hipertensão e hemorragia; → No Brasil, a principal causa é hipertensão, seguida de hemorragia e infecções; Mortalidade Fetal → 3 Definido por morte de um produto da concepção, antes de sua expulsão ou extração completa do organismo materno, independendo da duração da gravidez (OMS) ou após 20 ou 22 semanas (HC-FMUSP) ou com peso entre 350 a 1000 g (Rezende); ▪ Precoce: entre concepção e 20ª semana, com aproximadamente 500 g; ▪ Intermediária: entre a 20ª e a 28ª semana, com aproximadamente 500 a 1000g; ▪ Tardia: entre a 28ª semana e o parto, com aproximadamente mais de 1000 g; → 4 Durante a última década, tenham ocorrido 2,6 milhões de óbitos fetais acima de 28 semanas anualmente; - 2 Tipo causa obstétrica 15 a 19 anos 20 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos Total Morte materna obstétrica direta 5 40 41 10 96 Morte materna obstétrica indireta 1 15 16 4 36 Morte materna obstétrica não especificada - 1 2 - 3 Total 6 56 59 14 135 8 Gabrielle Chaves, Isadora Scheer, Julia Legatti, Juliana Alves, Nathália Moreira – P4/2020 – MÓDULO 11 → Tendência à redução ao longo do tempo; Ranking → 1° - Prematuridade. → 2° - Malformações congênitas. → 3° - Asfixia/ hipóxia. → 4° - Fatores maternos relacionados à gravidez. → 5° - Infecções específicas perinatais. 2 Óbito investigado Menos de 22 semanas 22 a 27 semanas 28 a 31 semanas 32 a 36 semanas 37 a 41 semanas 42 semanas e mais Ignorado Total Óbito investigado, com ficha síntese informada 165 640 383 559 546 4 184 2481 Óbito investigado, sem ficha síntese informada 3 5 1 4 4 - 4 21 Óbito não investigado 55 64 20 19 18 - 21 197 Total 223 709 404 582 568 4 209 2699 9 Gabrielle Chaves, Isadora Scheer, Julia Legatti, Juliana Alves, Nathália Moreira – P4/2020 – MÓDULO 11 4. Caracterizar as SHG quanto à: conceito, formas clinicas e critérios diagnósticos. Conceito Zugaib: → Conjunto de alterações pressóricas na gestação, incluindo a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia → Uma das complicações mais frequentes da gravidez, sendo uma importante causa de morbidade materna grave e mortalidade materna e perinatal → 14% dos óbitos maternos (OMS) → Situações graves associadas: Eclampsia, síndrome de HELLP, descolamento prematuro de placenta (DPP), coagulação intravascular disseminada (CIVD), hemorragia cerebral, edema pulmonar, insuficiência hepática e insuficiência renal aguda Rezende: → Costuma ocorrer na 2º metade da gestação, caracterizada classicamente por hipertensão e proteinúria → Na América Latina e no Caribe, os distúrbios hipertensivos (pré-eclâmpsia e hipertensão crônica) destacam-se como a principal causa de mortalidade materna (26%), e nos países desenvolvidos, a 2a mais importante (16%), segundo a OMS Formas clínicas Zugaib: Classificação das síndromes hipertensivas na gestação, segundo Hughes (1972) → Pré-eclâmpsia: e hipertensão arterial, com proteinúria significativa e/ou edema de mãos e face que ocorre após 20 semanas. → Eclâmpsia: aparecimento de convulsões em paciente com pré-eclâmpsia. ` → Hipertensão crônica: hipertensão arterial anterior à gravidez ou anterior a 20 semanas e que se mantém após o puerpério. → Pré-eclâmpsia ou eclâmpsia associada à hipertensão arterial crônica: aparecimento de pré-eclâmpsia ou eclâmpsia em paciente com antecedente de hipertensão arterial crônica. → Hipertensão transitória: elevação dos níveis pressóricos no final da gestação ou no início do puerpério (24 horas de pós-parto), sem proteinúria e que retorna aos valores normais em até 10 dias após o parto. → Doença hipertensiva não classificável: em que asinformações obtidas não são suficientes para a classificação. Classificação de Zugaib e Kahhale, modificada de Hughes: → Não se utiliza hipertensão transitória → corresponde a fase não proteinúrica da pré-eclâmpsia ou uma recorrência de hipertensão arterial que estava abrandada no período intermediário da gestação → normalmente classifica-se como hipertensas crônicas ▪ Proteinúria não é um fenômeno indispensável → muitas pacientes sem proteinúria passam a apresentá-la na evolução da doença e outras, com proteinúria significativa, deixam de apresentá-la com a estabilização da doença proporcionada pela internação e pelo tratamento. → Não há hipertensão não classificável → sempre se classifica → Considera-se pré-eclâmpsia sem proteinúria, quando há trombocitopenia, alterações de enzimas hepáticas, insuficiência renal, edema pulmonar ou sintomas visuais e cerebrais (cefaleia, amaurose, escotomas, fosfinas) 10 Gabrielle Chaves, Isadora Scheer, Julia Legatti, Juliana Alves, Nathália Moreira – P4/2020 – MÓDULO 11 Rezende: → Utiliza a classificação da Força-Tarefa sobre Hipertensão na Gravidez (American College of Obstetricians and Gynecologists [ACOG], 2013): ▪ Pré-Eclâmpsia/Eclâmpsia ▪ Hipertensão Crônica (de qualquer causa) ▪ Hipertensão Crônica com Pré-Eclâmpsia Superajuntada: hipertensão crônica associada à pré- eclâmpsia ▪ Hipertensão Gestacional: elevação da pressão sanguínea após 20 semanas de gestação, na ausência de proteinúria ou de alterações sistêmicas → A Força-Tarefa eliminou a dependência de proteinúria para o diagnóstico de pré-eclâmpsia, pode ser diagnosticada também por: ▪ Trombocitopenia (contagem de plaquetas < 100.000/mm3) ▪ Alteração na função hepática (elevação das enzimas transaminases de 2 vezes a concentração normal) ▪ Desenvolvimento de insuficiência renal (creatinina no soro > 1,1 mg/dℓ ou sua duplicação, inexistente outra doença renal) ▪ Edema de pulmão e distúrbios cerebrais ou visuais Critérios diagnósticos → Na maioria, as fases iniciais são assintomáticas → necessário dar ênfase na anamnese e exame físico para detectar precocemente → Manifestações clinicas geralmente são tardias, mas quando aparecem precocemente estão relacionadas a piores resultados maternos e perinatais → Exceção: doença trofoblástica gestacional → pode estar associada à DHEG no início da gestação. → Se a paciente estiver na primeira gestação e tiver histórico familiar de pré-eclâmpsia ou eclâmpsia, o diagnóstico clínico se torna mais fácil ▪ Se houver antecedentes de HAS, DIA ou colagenoses → solicitação de exames laboratoriais na primeira consulta para poder fazer comparações posteriormente → As que apresentarem risco de desenvolver DHEG devem ter consultas de pré-natal mais frequentes para apurar o ganho ponderal, medida da pressão arterial, pesquisa de proteinúria e dosagem sérica de ácido úrico e ureia/creatina Formas clínicas de modo geral: pré-eclâmpsia leve, pré-eclâmpsia grave, iminência de eclâmpsia, eclâmpsia, síndrome HELLP e hipertensão arterial crônica com ou sem DHEG sobreposta. ▪ A pré-eclâmpsia leve pode evoluir para fases mais graves sem apresentar todos os critérios de gravidade ▪ Cefaléia e distúrbios visuais são sintomas que podem antecipar o agravamento da hipertensão e o surgimento de convulsões ▪ Aproximação da eclâmpsia traz a tríade cefaleia, dor epigástrica e alterações visuais ▪ Síndrome HELLP: agravamento da pré- eclâmpsia, com hemólise, elevação de enzimas hepáticas e plaquetopenia ▪ Tanto a pré-eclâmpsia, quanto a eclâmpsia, quando a síndrome HELLP podem surgir em gestantes com hipertensão crônica. 11 Gabrielle Chaves, Isadora Scheer, Julia Legatti, Juliana Alves, Nathália Moreira – P4/2020 – MÓDULO 11 → Hipertensão arterial, edema e/ou proteinúria a partir de 20 semanas de gestação, em pacientes que eram normotensas ▪ Hipertensão: sistólica ≥ 140mmHg, diastólica ≥ 90mmHg → Elevação de 30 mmHg na sistólica e de 15 mmHg na diastólica não demonstra complicações → mas caso ocorra esse aumento + ↑ácido úrico + proteinúria patológica, merece atenção especial → HAS anterior ás 20 semanas de gestação → considera- se como crônica com DHEG sobreposta → A pressão sistólica é determinada ao primeiro som arterial audível; e a pressão diastólica, quando desaparece o último som arterial (fase V de Korotkoff). Em 15% das gestantes, o quinto som de Korotkoff está ausente ou próximo de zero. Nesses casos, utiliza-se o quarto som → Determinação da proteinúria: ≥ 300 mg/24 horas ▪ Relação proteína/ creatinina > 0,3 em amostra isolada de urina, ou ainda quando se observa a presença em fita indicadora (> 1+) ▪ A presença na fita indicadora não exclui a necessidade de confirmação em exame de urina ▪ Proteinúria patológica + hipertensão arterial → ↑ risco perinatal ➢ Se associada à pressão arterial diastólica ≥ 95 mmHg, aumenta em três vezes o risco de óbito fetal. → Edema: inchaço de mãos, face e membros inferiores ▪ De forma leve é comum na gravidez normal ▪ O aumento súbito de peso (> 1 kg/semana) é um sinal clínico importância na identificação do edema ▪ É considerado patológico aquele que é depressível e generalizado ▪ Deve ser valorizado quando está associado a hipertensão e quando não desaparece com o repouso → Ácido úrico: ▪ Elevado precocemente na DHEG, devido a ↓filtração glomerular ou alterações de reabsorção e excreção tubular ▪ Hiperuricemia está relacionada com o grau de hemoconcentração, gravidade da endoteliose glomerular, gravidade da doença hipertensiva e recém-nascidos de baixo peso ▪ Não é oficialmente considerado um critério diagnóstico para pré-eclâmpsia, mas valores >6mg/dL em gestantes que antes eram normais, é um grande indicativo de DHEG → Exames complementares: ▪ Hemograma: plaquetopenia (<100.000) é sugestiva de um quadro de DHEG mais grave e precoce principalmente quando está associado a ↑ de enzimas hepáticas e hemólise (síndrome HELLP) ➢ plaquetopenia isolada pode estar presente na gravidez normal ▪ Pesquisa de esquizócitos: anemia microangiopática → reticulocitose, hemoglobinemia e hemoglobinúria ➢ ↓ [ ] hemoglobina e alterações morfológicas nas hemácias (esquizocitose e equinocitose) ▪ Bilirrubinas e enzimas hepáticas: como sinais da hemólise, podem ocorrer icterícia (↑ bilirrubina) e ↑ de DHL (desidrogenase láctica) ▪ Ureia e creatinina estão ↑ devido à queda na filtração glomerular (>1,1mg/dL) ▪ Pesquisa de trombofilias e colagenoses: associadas a DHEG grave e precoce ▪ Nos casos de hipertensão grave e de difícil controle deve-se pensar em causas como a feocromocitoma e hipertensão renovascular ➢ Suspeitar de deteriorações renais e alterações anatômicas → US dos rins ▪ TC/ RM: indicado para os casos de eclâmpsia com convulsões recorrentes → identificar lesões cerebrais e hemorragias Gravidez normal: ↓resistência periférica → ↓PA 12 Gabrielle Chaves, Isadora Scheer, Julia Legatti, Juliana Alves, Nathália Moreira – P4/2020 – MÓDULO 11 5. Descrever as consequências para a mãe e para o feto decorrentes das SHG. Consequências da SHG para a mãe e para o feto Williams Obstetrícia 24ª edição 1 Rotinas em Obstetrícia 7ª edição 2 Rezende (2000) 3 Rev. De Enferm. Síndromes Hipertensivas e Resultados Perinatais (2017) 4 • 1 PARA A MÃE: → De Doenças Cardiovasculares e Neurovasculares: Há uma prevalência de cardiopatia isquêmica e acidente vascular encefálico→ em mulheres que haviam tido hipertensão durante a gravidez ou gestação anterior Incidência de Hipertensão Crônica: De 5,2x em mulheres com hipertensão gestacional De3,5x após pré-eclâmpsia branda De 6,4x após pré-eclâmpsia grave Depois de 2 gestações hipertensivas→ de 5,9x na incidência de hipertensão crônica Riscos em fases elevadas da vida: maiores para hipertensão, cardiopatia isquêmica, acidente vascular encefálico, tromboembolismo venoso e mortalidade Cofatores que aumentam os riscos de complicações: SM, diabetes, obesidade, dislipidemia e aterosclerose → Sequelas Renais: De 4x no risco de Insuficiência Renal Risco maior em mulheres com pré-eclâmpsia (15 a 20%) Da Resistência Vascular Renal→ Fluxo Sanguíneo Renal 2 O dano na membrana glomerular provoca disfunção renal→ diminuindo a taxa de filtração glomerular e o fluxo plasmático → 2 Edema Pulmonar: Está associado à hipertensão de difícil controle Ocorre com frequência após o parto→ infusão excessiva de líquidos É multifatorial: relacionado à diminuição da pressão coloidosmótica (que está ainda mais diminuída na diabetes gestacional), aumento da permeabilidade capilar e elevação na pressão hidrostática vascular→ extravasamento de fluidos → 2 Coagulopatias → Sequelas Neurológicas: Determinadas em grande parte pelas convulsões eclâmpticas→ provoca Leões na Substância Branca Cerebral (essas lesões podem ser observadas em mulheres com eclampsia sem convulsões) Há comprometimento do funcionamento cognitivo Mulheres com múltiplas convulsões apresentam a atenção sustentada (atenção por longo tempo) comprometida Da Visão • 3,4 PARA O FETO: → Risco de Hipertensão e Complicações Vasculares Cerebrais: infância e fase adulta → Predisposição à Obesidade → Prematuridade (< de 37 semanas) → Abortamento → 3Sofrimento Fetal Agudo ou Crônico Ocorre devido às alterações placentárias, resultando em um crescimento intra-uterino restrito → De 5,5x o risco de o feto ser PIG → De Baixo Índices de Apgar no 1º e 5º minutos de vida → Do Risco de Morte Fetal e Infantil 13 Gabrielle Chaves, Isadora Scheer, Julia Legatti, Juliana Alves, Nathália Moreira – P4/2020 – MÓDULO 11 6. Descrever a fisiopatologia das SGH, identificando os fatores de risco, a etiologia e as manifestações clinicas. FATORES DE RISCO 1 Zugaib obstetrícia, 4° ed. → Mulheres nulíparas: SGH ocorre em 75% dos casos.1 ➢ Obs: em multíparas é observado quando há hipertensão arterial pré-gravídica ou quando há troca de parceiro. 1 → Nível socioeconômico desfavorável: eclâmpsia e a síndrome HELLP são mais frequentes. 1 ➢ Falta de assistência pré-natal ou assistência precária → impedem o reconhecimento dos fatores de risco → evolução das formas leves para formas mais graves. 1 → Idade materna avançada: a hipertensão arterial essencial → mais frequente → favorece a instalação da DHEG. 1 ➢ Maior incidência de DHEG em multíparas com idade igual ou superior a 40 anos. 1 → História familiar de DHEG: predisposição hereditária. 1 ➢ Participação de polimorfismos de alguns genes → os resultados ainda permanecem inconsistentes.1 → Obesidade: IMC pré-gestacional, risco de DHEG. 1 ➢ Relacionado à presença de intolerância à glicose. 1 → Gestação múltipla: incidência de DHEG é de até 30%.1 ➢ Doença hipertensiva tende a ocorrer em idades gestacionais mais precoces → mais grave. 1 → Doença trofoblástica gestacional: surge em idades gestacionais ainda mais precoces. 1 ➢ Pode se manifestar em idades gestacionais inferiores a 20 semanas. 1 → DHEG em gestação pregressa: incidência total e formas graves da doença, é maior. 1 ➢ Gestantes com história prévia merecem atenção especial em nova gestação. 1 → Diabetes mellitus pré-gestacional: incidência é de cerca de 20%. ➢ Aumenta quanto a duração do diabetes e quanto o comprometimento vascular e/ou renal. → Doença renal. 1 → Doenças do colágeno. 1 → Trombofilias (síndrome dos anticorpos antifosfolípides): 50% das gestantes SAF desenvolveram DHEG e 25% dos casos eram de pré-eclâmpsia grave. 1 ➢ Obs: estudos demonstraram que mutação do gene da protrombina pode causar formas mais graves e precoces da doença → trombofilia seria um cofator na gênese da pré-eclâmpsia ou aceleraria a sua evolução. 1 SAF → doença autoimune → causa presença de anticorpos antifosfolípides circulantes (anticoagulante lúpico e anticardiolipina – anticorpos antibeta-2-glicoproteína I) → gera manifestações tromboembólicas venosas, arteriais e da microcirculação → podendo causar quadro de morbidade obstétrica (abortamentos de repetição, óbito fetal, pré- eclâmpsia grave e insuficiência placentária). 1 Etiologia → Teoria da deficiência da invasão trofoblástica: possível existência de um fator placentário → que é decorrente da isquemia trofoblástica → causaria a forma clínica de pré-eclâmpsia → chamado de “endotoxina placentária”. ▪ 1° trimestre → primeira onda de invasão do trofoblasto → atinge os vasos da decídua. 1 ▪ Placentação normal → invasão da camada muscular média das artérias espiraladas do endométrio pelo sinciciotrofoblasto → até o final da 20ª semana → a 14 Gabrielle Chaves, Isadora Scheer, Julia Legatti, Juliana Alves, Nathália Moreira – P4/2020 – MÓDULO 11 resistência vascular → o fluxo sanguíneo placentário → vira um órgão muito vascularizado → permite as trocas materno-fetais. 1 ▪ Esse processo vascular deriva de um balanço de fatores angiogênicos, antiangiogênicos, citocinas, metaloproteinases, moléculas do processo principal de histocompatibilidade, antígenos leucocitários e fatores de crescimento → que são implicados na fisiopatologia da doença. 1 ▪ Segunda onda de invasão do trofoblasto → é mais valorizada como causa. 1 1. Invasão inadequada do trofoblasto intravascular durante a segunda onda. 1 2. Impede mudanças fisiológicas normais das artérias espiraladas miometriais. 1 3. Com isso vai haver uma do diâmetro da camada muscular média e de sua resistência. 1 4. Podem surgir alterações ateromatosas na parede dos vasos. 1 5. Que o fluxo sanguíneo no espaço intervilosos. 1 6. do fluxo uteroplacentário. 1 7. da oxigenação fetal. 1 ▪ Alterações na perfusão placentária causar → aumento da permeabilidade capilar (edema, proteinúria e hemoconcentração) → ativação da coagulação (plaquetopenia) → ativação endotelial seguida de vasoespasmo (hipertensão arterial, oligúria e convulsões). 1 → Teoria dos fatores imunológicos: os mecanismos imunológicos que protegem o feto de uma possível rejeição são a causa da falta de tolerância entre os tecidos maternos e fetais. 1 1. Mecanismos com resposta inflamatória exacerbada. 1 ➢ Excesso de carga antigênica fetal. ➢ Ausência de anticorpos bloqueadores → falta do efeito protetor contra a imunidade celular materna. ➢ Ativação de polimorfonucleares e do complemento. ➢ Liberação de citocinas citotóxicas e interleucinas. ➢ Predomínio dos linfócitos Th2) em relação aos linfócitos Th1 → que produzem citocinas. 2. Impede a placentação adequada. 1 3. Favorecendo a instalação da DHEG. 1 → Teoria da lesão endotelial e alterações inflamatórias: a pré-eclâmpsia parece se originar na placenta, porém o tecido mais afetado na apresentação clínica da doença é o endotélio vascular. 1 ▪ Endotélio intacto impede a formação de trombos. 1 ▪ Lesão vascular (mecânica, química ou metabólica) → inicia uma cascata de coagulação e adesão de plaquetas → produção de substâncias vasodilatadoras (prostaciclina e o óxido nítrico). 1 ➢ Vasos de mulheres com pré-eclâmpsia e os do cordão umbilical de seus recém-nascidos → prostaciclina e NO. 1 ▪ da resistência placentária → liberação de citocinas e prostaglandinas pró-inflamatórias pela placenta → endotélio entra em estresseoxidativo → produção de ânion superóxido → na permeabilidade capilar e lesões ateromatosas vasculares. 1 ➢ na permeabilidade capilar → extravasamento de proteínas sanguíneas para o terceiro espaço (proteinúria) → da pressão coloidosmótica do capilar terminal → do retorno do líquido extravasado pela pressão hidrostática no início do capilar → perda de líquido para o terceiro espaço (edema) → hemoconcentração. 1 ➢ Lesão endotelial da pré-eclâmpsia possui semelhanças com a aterosclerose. 1 ▪ Com tudo isso a célula endotelial perde a capacidade das funções normais → passa a expressar novas funções → produz substâncias vasoconstritoras, como endotelina e fatores pró-coagulantes (fator ativador XII e fator tecidual). 1 15 Gabrielle Chaves, Isadora Scheer, Julia Legatti, Juliana Alves, Nathália Moreira – P4/2020 – MÓDULO 11 → Teoria da predisposição genética: filhas de mães com pré-eclâmpsia têm maior incidência da doença. 1 ▪ Mecanismo exato da herança ainda é desconhecido. ➢ Polimorfismos gênicos → envolvendo TNF, linfotoxina-alfa, interleucina-1 beta, variante do gene do angiotensinogênio (no alelo Thr174Met). 1 ▪ Amostras de placentas de mulheres com DHEG → foram detectados 58 genes com diversas funções que têm potencial para estarem relacionados a essa doença. 1 → Teoria dos fatores nutricionais: fatores ambientais podem aumentar a chance da instalação da DHEG. 1 ▪ Deficiência ou o excesso de alguns nutrientes. 1 ▪ Associação inversa entre o consumo de cálcio e o nível de pressão arterial. 1 ▪ Substâncias antioxidantes → poderiam evitar a instalação da DHEG → porém após estudos, essa possibilidade ser revelou improvável. 1 ➢ Suplementação de vitaminas C e E não confere proteção contra o aparecimento da DHEG. 1 → Teoria do estresse: risco relativo de DHEG é maior em situações de estresse. 1 ▪ Estresse → fator no aumento isolado da pressão arterial. 1 ➢ Quanto o nível de estresse, os níveis de pressão arterial. 1 ▪ Fatores emocionais → interferem no sistema imunológico → facilitam a deposição de imunocomplexos → dificultam a placentação normal → hipoxia placentária → surgimento de radicais livres → lesão do endotélio → atividade simpática vasoconstritora. 1 → Fatores ligados a angiogênese: mulheres com pré- eclâmpsia apresentam níveis mais elevados de sFlt1 e endoglina solúvel (s-Eng) e mais baixos de PlGF e VEGF. ▪ níveis de sFlt1 na placenta e no soro de pacientes estão relacionados com pré-eclâmpsia. 1 ➢ sFlt1 é uma proteína de atividade antiangiogênica → liga-se aos fatores angiogênicos VEGF e PlGF → impedindo sua atividade biológica. 1 ➢ Fatores angiogênicos (VEGF e PlGF) → potentes estimuladores da expansão vascular → ligam- se aos receptores Flt1 na membrana endotelial → permitem sinalização para o desenvolvimento da homeostase vascular → desenvolvimento da unidade uteroplacentária. ▪ Pacientes com pré-eclâmpsia → sFlt1 (atividade antiangiogênica) liga-se aos angiogênicos circulantes → não há sinalização a partir dos receptores de membrana. 1 ➢ Fatores antiangiogênicos → surgem a partir de um insulto inicial ao trofoblasto (genético, imunológico ou isquêmico) → de sua produção → fenômenos inflamatórios e oxidativos → surgimento das lesões sistêmicas características dessa doença. 1 ▪ Acredita-se que existem 2 estágios na fisiopatologia da pré-eclâmpsia: placentação inadequada e inflamação ligada à ativação do sistema endotelial. 1 ➢ O elo entre esses estágios seria o predomínio dos fatores antiangiogênicos sobre os angiogênicos. 1 16 Gabrielle Chaves, Isadora Scheer, Julia Legatti, Juliana Alves, Nathália Moreira – P4/2020 – MÓDULO 11 FISIOPATOLOGIA → A hipertensão arterial é a manifestação mais frequente da DHEG. 1 → Porém, o fator de importância primária não é o aumento da pressão arterial, mas a redução da perfusão tecidual. → Causando vasoespasmo arteriolar e lesão endotelial → que a resistência periférica total e a pressão arterial. 1 → Dessa maneira, na DHEG ocorrem alterações em todos os órgãos. 1 → Alterações cardiovasculares: Para lembrar! - Primeiramente, a pressão arterial é o resultado do débito cardíaco e da resistência periférica total. - Gravidez normal → débito cardíaco em aproximadamente 50% → pelo do volume plasmático → o nível da pressão arterial não se eleva → geralmente na primeira metade da gestação → ocorre pela da resistência periférica total → por causa do desvio do fluxo sanguíneo sistêmico para a placenta (shunt arteriovenoso) e ação de prostaciclina, prostaglandina E e óxido nítrico. 1 ▪ o volume plasmático em comparação com a gestação normal. 1 ▪ Com a lesão endotelial → permeabilidade capilar → extravasamento do plasma para o meio extravascular → causando edema e à hemoconcentração. 1 ▪ viscosidade sanguínea → surgem fenômenos trombóticos. 1 ▪ Estreitamento arteriolar → alterações no calibre das arteríolas da retina, vasos do leito ungueal e da conjuntiva. 1 ▪ Vasoespasmo generalizado → resistência periférica total → da pressão arterial e isquemia em todos os órgãos. 1 ▪ Débito cardíaco pode estar aumentado, normal ou diminuído. 1 ➢ Maioria dos estudos indica débito cardíaco normal ou pouco reduzido. 1 ➢ A disparidade reflete diferenças na gravidade, duração do quadro clínico e tratamento instituído. 1 ▪ Atuação de fatores humorais → resposta exacerbada a agentes vasopressores → causando vasoespasmo. ➢ Vasoconstritores endógenos → catecolaminas, a angiotensina II e a endotelina. 1 ➢ Participação mínima ou nenhuma das catecolaminas, nas concentrações da angiotensina II circulantes e valores plasmáticos de endotelina. 1 ▪ Gestante pré-eclâmptica perde refratariedade e é altamente sensível à angiotensina II. 1 ➢ Tornam-se progressivamente sensíveis ao efeito. 1 ➢ Começa a partir de 18 semanas → significância estatística a partir de 24 semanas → aproximavam dos valores não gravídicos a partir de 33 semanas → quando perdem a refratariedade própria da gravidez. 1 ➢ Nos casos entre 28 e 32 semanas em que a dose pressórica era a 8 ng/kg/min (teste da angiotensina positivo) → 90% das gestantes desenvolveram sinais clínicos de DHEG. 1 ➢ Deu origem ao teste pressórico de Gant ou roll-over test ou teste do rolamento. 1 ▪ Gestantes hipertensas crônicas → com teste da angiotensina positivo → chance de desenvolver DHEG. 1 → Alterações prostaglandinas: ▪ Desequilíbrio entre prostaglandinas vasodilatadoras (prostaciclinas) e vasoconstritoras (tromboxano A2 – TXA2). 1 ▪ Lesão endotelial → da prostaciclinas (vasodilatador e antiagregante plaquetário) → TXA2 (vasoconstritor e agregante plaquetário). 1 ➢ Relação TXA2/prostaciclinas → favorece o da sensibilidade a angiotensina II → vasoconstrição. 1 17 Gabrielle Chaves, Isadora Scheer, Julia Legatti, Juliana Alves, Nathália Moreira – P4/2020 – MÓDULO 11 → Alterações da coagulação: ▪ Coagulação intravascular disseminada pode ocorrer na DHEG. 1 ▪ Pode se manifestar na DHEG grave por meio do consumo de fibrinogênio e plaquetas → causar sangramentos. 1 ▪ Nas formas mais leves, as manifestações são subclínicas. 1 ➢ Indicadores mais sensíveis → plaquetopenia, dos produtos de degradação da fibrina e do fibrinogênio, de antitrombina III e da relação fração coagulante/fração antigênica do fator VIII. 1 ▪ Lesão vascular → secundária ao vasoespasmo → responsável pela coagulação intravascular disseminada. 1 ▪ Alterações vasculares no sítio de implantação → predispõem alterações da coagulação. 1 → Alterações renais: Para lembrar! Gestação normal → fluxo plasmático renal e a filtração glomerular → hemodiluição → níveis séricos de ureia, creatinina e ácido úrico.1 ▪ perfusão renal → no fluxo plasmático renal e na filtração glomerular → níveis de ureia e creatinina. ▪ ácido úrico → relacionado à gravidade da doença. 1 ▪ Hiperuricemia → em razão da do clearance de ácido úrico → relacionada à filtração glomerular ou à absorção tubular. 1 ▪ Vasoespasmo intenso → promove a lesão tubular. 1 ▪ Oligúria. 1 ▪ Alterações anatomopatológicas glomerulares, tubulares → + comum a lesão glomerular → da permeabilidade a proteínas → proteinúria. 1 ➢ Endoteliose glomerulocapilar: tumefação das células endoteliais do glomérulo → vacuolização e acúmulo de lipídios → oclusão do lúmen dos capilares → com deposição de material fibrinoide denso entre a lâmina basal e as células endoteliais. 1 ➢ É uma lesão reversível que desaparece após a gravidez. 1 → Alterações hepáticas: ▪ Lesões hepáticas → secundárias ao vasoespasmo intenso. 1 ▪ Hemorragias periportais. 1 ▪ Necrose hemorrágica periportal. 1 ▪ níveis séricos das transaminases → reflexo dessas lesões. 1 ▪ Sangramento intenso até a cápsula de Glisson → hematoma subcapsular → que pode evoluir com ruptura e hemorragia intraperitoneal → geralmente fatal. 1 ▪ Esteatose hepática aguda da gestação é muitas vezes confundida com formas graves de pré-eclâmpsia. 1 → Alterações pulmonares: ▪ Edema pulmonar e broncopneumonia aspirativa → insuficiência respiratória grave → responsável por 60% dos casos de óbito materno. 1 ▪ Vasoespamo → do território vascular. 1 ➢ do território vascular + infusão de soluções cristaloides ou coloides sem monitorização → congestão e edema pulmonar, com insuficiência respiratória. 1 ▪ Convulsões, uso indevido de drogas depressoras do SNC, obstruções de vias aéreas e a aspiração de secreções nasofaríngeas e gástricas → a ventilação pulmonar → agravam a hipoxia tecidual → propiciando a broncopneumonia aspirativa. 1 → Alterações cerebrais: ▪ Podem ser explicadas por duas teorias: 1 ➢ 1°: hipertensão grave → vasoconstrição reflexa → do fluxo cerebral → edema citotóxico e eventuais áreas de infarto cerebral. 1 ➢ 2°: eclâmpsia é uma forma de encefalopatia hipertensiva → elevações abruptas da pressão arterial → quebra dos mecanismos de autorregulação da circulação cerebral → causando hiperperfusão, disrupção dos capilares, extravasamento de plasma e eritrócitos, com edema vasogênico. 1 ▪ Encefalopatia hipertensiva → tipicamente observada nas porções posteriores do cérebro → “encefalopatia posterior reversível”. 1 ▪ Edema cerebral → raramente tem relação direta com a morte materna → + relacionado com o estado pós- convulsivo ou post mortem. 1 ▪ Hemorragia cerebral → secundária à ruptura de artérias pela gravidade da hipertensão arterial → responsável pela maioria das mortes. 1 ▪ Áreas de infarto cerebral → presentes em aproximadamente 25% das mulheres com eclâmpsia. 1 18 Gabrielle Chaves, Isadora Scheer, Julia Legatti, Juliana Alves, Nathália Moreira – P4/2020 – MÓDULO 11 → Alterações uteroplacentárias: ▪ fluxo uteroplacentário → quadro de insuficiência placentária → responsável pelos resultados perinatais adversos. 1 ▪ comprometimento da circulação uteroplacentária → da resistência. 1 ▪ Invasão trofoblástica deficiente nas artérias espiraladas → fluxo intervilosos. 1 ▪ Vasoconstrição das arteríolas vilosas → da resistência vascular fetoplacentária. 1 ➢ Repercute na Dopplervelocimetria umbilical → achado de resistência vascular aumentada, diástole zero ou reversa. 1 ▪ Hipercontratilidade, hipertonia uterina. 1 ▪ Descolamento prematuro de placenta. 1 Fisiopatologia especifica → Eclampsia: a pré-eclâmpsia e a eclampsia possuem processos fisiopatológicos comuns. 1 ▪ Manifestação do comprometimento do SNC da pré- eclâmpsia. 1 ▪ Participação do edema cerebral, da isquemia, da encefalopatia hipertensiva, do infarto cerebral e da hemorragia cerebral. 1 ▪ Papel de fatores circulantes (f. de crescimento, citocinas, f. pró-inflamatórios e antiangiogênicos) no endotélio dos vasos cerebrais → da permeabilidade capilar. 1 ▪ aquaporinas → dificultando a drenagem de líquido acumulado no cérebro. 1 → Síndrome HELLP: entidade clínica que pode ocorrer na pré-eclâmpsia ou na eclampsia. Conjunto de sinais e sintomas associados a hemólise microangiopática, elevação das enzimas hepáticas e plaquetopenia. 1 ▪ Hemólise: destruição de eritrócitos → causa hiperbilirrubinemia não conjugada → icterícia. 1 ➢ Icterícia só é observada quando o nível de bilirrubina ultrapassa 3 mg/dL. 1 ➢ da atividade da enzima DHL no soro. 1 ➢ Alterações eritrocitárias: nível de hemoglobina e presença de lesões vasculares, presença de esquizócitos e equinócitos. 1 ➢ Esquizócito → célula capacete ou fragmentada → secundária à passagem do sangue por pequenos vasos que possuem lesão da camada íntima e/ou deposição de fibrina. 1 ➢ Equinócioto → apresenta várias espículas em sua superfície. 1 ▪ Elevação de enzimas hepáticas: necrose das células hepáticas → enzimas TGO e TGP. 1 ➢ Comprometimento hepático → pode haver da DHL. 1 ▪ Plaquetopenia: número plaquetas (< 100.000/mm3) → em razão de sua destruição. 1 ➢ Plaquetas circulantes aderem ao colágeno vascular exposto pela lesão endotelial. 1 ➢ consumo de plaquetas pela coagulação intravascular disseminada → níveis de fibrinogênio e de antitrombina III, do tempo de protrombina e dos produtos de degradação da fibrina. 1 ➢ Causas imunológicas, medicamentosas e idiopáticas. 1 Manifestações clinicas → Eclampsia: ▪ Desenvolvimento de convulsões generalizadas → excluindo-se aquelas de causa neurológica, anestésica, farmacológica ou por complicações metabólicas. 1 ▪ Processo de instalação da eclâmpsia é geralmente gradual (em alguns casos é rápida e devastadora). 1 ▪ Inicia com a elevação da pressão arterial e ganho excessivo de peso (> 1.000 g/semana). 1 ▪ Edema generalizado. 1 ▪ Oligúria ou anúria. ▪ Cianose. ▪ Icterícia. ▪ Sangramentos. ▪ do tônus e da frequência das contrações uterinas. 1 ▪ da frequência dos batimentos cardíacos fetais. 1 19 Gabrielle Chaves, Isadora Scheer, Julia Legatti, Juliana Alves, Nathália Moreira – P4/2020 – MÓDULO 11 ➢ Essas alterações em geral acontecem durante as convulsões ou imediatamente depois delas → desaparecem após alguns minutos desde que a hipoxemia materna seja corrigida. 1 ▪ Complicações: hemorragia cerebral, edema agudo dos pulmões, insuficiência respiratória ou renal e coagulopatia. 1 ▪ A convulsão típica da eclampsia tem 4 fases: 1 ➢ Fase de invasão: silenciosa ou precedida de grito ou aura. Surgem fibrilações, principalmente em torno da boca e contrações em outras regiões faciais. A língua pode ser pode ser atingida e lesada. Membros superiores ficam em pronação, com o polegar sobre a mão fechada. Esta fase dura cerca de 30 segundos. ➢ Fase de contrações tônicas: tetanização de todo o corpo com opistótono cefálico. Os masseteres se contraem com força, fechando a boca. Rosto cianótico e pletórico, com os olhos voltados para cima e as pupilas dilatadas. ➢ Fase de contrações clônicas: inspiração profunda seguida de expiração estertorosa e saída de muco sanguinolento pela lesão da língua. Pode haver incontinência de fezes e urina. ➢ Fase de coma: surge diante de convulsões repetidas ou prolongadas em que há perda de consciência e ausência de reflexos com duração de alguns minutos até horas ou dias. O coma prolongado pode estar presente em outros quadros neurológicos, como o acidente vascular cerebral hemorrágico. → Síndrome HELLP: ▪ As manifestações clínicas são geralmente múltiplas e imprecisas e superpõem-se às da pré-eclâmpsia. 1 ▪ Cefaleia. ▪ Dor epigástrica e/ou no hipocôndrio direito. ▪ Perdade apetite. ▪ Náuseas e vômitos. ▪ Escotomas e níveis pressóricos elevados. ▪ Alteração do estado de consciência. ▪ Complicações: insuficiência renal aguda (38%) com desenvolvimento de oligúria e dos níveis de ureia e creatinina, descolamento prematuro de placenta (6%), derrames pleurais (6%) e ruptura hepática (3%).1 20 Gabrielle Chaves, Isadora Scheer, Julia Legatti, Juliana Alves, Nathália Moreira – P4/2020 – MÓDULO 11 7. Identificar as condutas clinicas (farmacológicas e não farmacológicas) para as SHG. Clínica Obstétrica do HC-FMUSP) Zugaib Prevenção → FIGO recomenda, pelo guia pragmático, rastreamento combinado de 1º trimestre (antecedentes maternos, pressão arterial, índice de pulsatilidade de artérias uterinas e dosagem de PIGF), utilizando AAS (100 a 150 mg) nos casos de alto risco até a 36ª semana. ➢ Em países de baixos índices socioeconômicos, recomenda-se pelo menos o rastreamento cm dados epidemiológicos e medida de pressão arterial, com postulação de AAS em pacientes com nefropatias, lúpus e outros doenças do colágeno em atividade; → Não é possível impedir a instalação da doença com prevenção primária → faz-se rastreamento; → Prevenção secundária com detecção precoce ainda assintomática → fatores de risco e marcadores laboratoriais → assistência mais intensa com suspeita clínica; → Prevenção terciária com cuidados clínicos que previnem complicações já com doença sintomática → tratamento e detecção precoce de outras complicações; Pré-eclâmpsia → Não farmacológicas ▪ Repouso em decúbito lateral esquerdo → promove aumento do fluxo plasmático renal, intensifica natriurese e diminui níveis de PA, melhorando fluxo uteroplacentário; ➢ Pelo menos 1 hora no período da manhã e da tarde ou 2 horas após o almoço → casos graves esse repouso é feito sob internação; ▪ Dieta hipossódica de 2 a 3 g de sal/dia evitando uso de saleira à mesa e consumo de industrializados → promove queda dos níveis séricos de sódio, diminuição da reatividade vascular e queda da PA; → Farmacológicas ▪ Sedação para diminuir oscilações pressóricas → casos leves com benzodiazepínicos (diazepam 5 a 10 mg via oral a cada 12 horas) e casos graves com levomepromazina 3 mg (3 gotas de solução oral a 4% a cada 8 horas); ▪ Hipotensores utilizados quando medidas sedativas forem insuficientes com intuito de reduzir níveis pressóricos em 20 a 30% das medidas iniciais; ➢ Primeira opção: metildopa 250 mg via oral a cada 12 horas → aumento de 250 a 500 mg/dia até controle pressórico adequado; ➢ Segunda opção: anlodipino (bloqueador dos canais de cálcio) 5 a 10 mg/dia via oral a cada 12 horas → posologia progressiva de 5 mg/dia /ou/ nifedipino 20 a 60 mg/dia via oral com liberação lenta em duas ou três tomadas no dia; ➢ Somente associa-se outra droga quando se chega à dose máxima das que já estão em uso → máximo de três drogas → a terceira droga pode ser de um betabloqueador (metoprolol ou carvediol) ou vasodilatador hidralazina via oral; Complicações Hipertensivas Agudas → Conduta Farmacológica ▪ A configuração de emergência hipertensiva está presente com níveis pressóricos elevados superiores a 110 mmHg de pressão diastólica, associados à cefaleia, distúrbios visuais, edema agudo de pulmões ou cianose ou sinais de insuficiência coronariana ou dissecção da aorta; ▪ Hidralazina 5mg a cada 15 minutos via intravenosa, com diluição da ampola (1ml = 20 mg) em 19 ml de água destilada = 1 mg/ml; ➢ Sem resposta após 30 mg de hidralazina, utiliza- se nitroprusseto de sódio (0,25 a 10 µg/kg/min), com 50 mg diluídos em 200 ml de soro glicosado a 5%, seguindo a fórmula: 21 Gabrielle Chaves, Isadora Scheer, Julia Legatti, Juliana Alves, Nathália Moreira – P4/2020 – MÓDULO 11 sendo que o início da ação se dá em 30 segundos, com pico em 2 minutos; aumentando-se 1 ml/hora a cada10 minutos até obtenção do efeito desejado, com dose máxima de 10 µg/kg/min); ▪ Infusão de nitroglicerina 5 a 100 µg/min em infusão intravenosa contínua; → Conduta Obstétrica ▪ Parto mais próximo possível do termo da gestação com bom controle do quadro clínico materno e do crescimento e vitalidade fetal. Pré-Eclâmpsia Leve ▪ Acompanhamento ambulatorial semanal para avaliação clínica, proteinúria de fita e vitalidade fetal; ▪ Vitalidade fetal realizada uma vez por semana a partir do diagnóstico de DHEG, aguardando o parto até no máximo a 40ª semana se estiver normal → se estiver comprometida, realiza-se parto terapêutico com interrupção da gestação; ➢ Controle com crescimento fetal (altura uterina e ultrassom mensal ou quinzenal); função placentária (dopplervelocimetria das artérias umbilicais e uterinas semanalmente); resposta hemodinâmica fetal (à hipóxia com avaliação da artéria cerebral média e do ducto venoso); e atividades biofísicas fetais (cardiotocografia, movimentos respiratórios, corporais e tônus muscular uma vez na semana); ▪ Internação indicada em necessidade de doses crescentes de anti-hipertensivos, suspeita de progressão da forma grave, restrição de crescimento fetal; Pré-Eclâmpsia Grave e hipertensão arterial crônica com doença hipertensiva específica da gestação (DHEG) sobreposta → Internação com seguimento da gravidez até que ocorra anormalidade ou atinja a 37ª semana; → Avaliação da vitalidade diariamente → três vezes na semana, até que se obtenha o controle da PA; → O término da gestação pode ser imediato ou mediato: ➢ Imediato: Iminência de eclampsia; mau controle pressórico (já em uso de três drogas hipotensoras em dose máxima); Diástole reversa nas artérias umbilicais; Índice de pulsatilidade para veias do ducto venoso ≥ 1,5; Perfil biofísico fetal ≤ 6 (se igual a 6, requer repetição do exame em 6 horas e, se mantido, está indicada a interrupção da gestação); Desacelerações tardias de repetição na cardiotocografia; Oligoâmnio grave (índice do líquido amniótico – ILA – < 3,0 cm); ➢ Mediato (após uso de corticosteroide antenatal): Índice de pulsatilidade para veias do ducto venoso > 1,0 e < 1,5; Oligoâmnio (ILA entre 3,0 e 5,0 cm); → Parto terapêutico com indução do trabalho de parto e administração de sulfato de magnésio (esquema de Pritchard) para profilaxia de convulsão no parto mantido até 24 horas após o parto; → Após o parto, a gestante é mantida sem drogas hipotensoras com PA diastólica <100 mmHg; ➢ Lembrar que após o parto ocorre queda dos níveis pressóricos nas primeiras 24 a 48 horas e posterior aumento a partir do 3º dia até o 7º dia (relacionado com aumento da reabsorção de líquido com aumento de volemia); 22 Gabrielle Chaves, Isadora Scheer, Julia Legatti, Juliana Alves, Nathália Moreira – P4/2020 – MÓDULO 11 Eclampsia → Conduta Farmacológica ▪ Visa manutenção da função cardiorrespiratória e oxigenação materna, controle da PA e correção da hipoxemia e acidose materna; ▪ Contraindicação de benzodiazepínicos, pois convulsão é autolimitada, além de favorecer a depressão respiratória e neurológica e promover a diminuição dos reflexos laríngeos, o que facilitaria a aspiração do conteúdo gástrico; ▪ Prevenção de novas convulsões com sulfato de magnésio (vasodilatador, bloqueador de excitação, promotor de transmissibilidade elétrica), sob esquema de Pritchard: ▪ Controle logo após dose de ataque, com volta da consciência entre 1 e 2 horas a partir da primeira administração; ▪ Esquema intravenoso de Sibai só é aplicado diante quadro de coagulopatia ou contagem de plaquetas < 70.000/mm3; ➢ Administração intravenosa aumenta o risco de toxicidade pelo magnésio: níveis de magnésio até 7 mEq/L não produzem toxicidade→ perda de reflexo patelar com concentrações de 7 a 10 mEq/L, comprometimento dos músculos da respiração com 15 mEq/L e parada cardíaca com 30 mEq/L; ➢ Deve ser usado gluconato de cálcio a 10% na dose de 10 ml, intravenoso em 3 minutos; ▪ Com persistência de convulsões, utiliza-se fenitoína 250 mg (1 ampola diluída em soro fisiológico, 250 ml intravenosa em 10 minutos), com repetição a cada 30 minutos até completar 750 mg, com manutenção de 100 mg intravenosa a cada 8 horas enquanto manter venoclise → e então 100 mg via oral a cada 8 horas; ▪ Tratamento hipotensor indicado sob PA diastólica > 110 mmHg, decorridos 30 minutos da administração do sulfato de magnésio, com hidralazina 5mg a cada 15 23 Gabrielle Chaves, Isadora Scheer, Julia Legatti, Juliana Alves, Nathália Moreira – P4/2020 – MÓDULO 11 minutos via intravenosa, com diluição da ampola (1ml = 20 mg) em 19 ml de água destilada = 1 mg/ml; → Conduta Obstétrica ▪ Monitorização fetal com bradicardias transitórias de 3 a 5 minutos normais após convulsões e taquicardia compensatória posterior com desaceleração transitória em até 30 minutos; ▪ Fetos vivos e inviáveis: internada, vigilância contínua até 34 semanas → interrupção antecipada em casos de evolução materna desfavorável ou sofrimento fetal; ▪ Fetos vivos e viáveis: parto após 3 horas da dose de ataque de sulfato de magnésio, com monitorização rigorosa; ➢ Anestesia peridural e raquidiana podem ser utilizadas em casos leves; ➢ Anestesia geral indicada nos distúrbios de hemostasia e complicações neurológicas, com proteção neurovegetativa adequada. Síndrome HELLP → Inicialmente com tratamento das formas graves de hipertensão, estabilização de condições clínicas, convulsões, terapias medicamentosas, avaliação de vitalidade fetal → conduzir à hospital terciário, com estrutura laboratorial, banco de sangue e equipe médica; → Com iminência de eclampsia ou eclampsia, utiliza-se o esquema intravenoso de Sibai; → Corticoesteroide para casos de interrupção da gestação por óbito fetal ou gravidade do quadro clínico com feto inviável → visando melhorar condições maternas com elevação da contagem de plaquetas → dexametasona 10 mg a cada 12 horas até o parto; → Tratamento Obstétrico ▪ A partir de 34 semanas ou feto viável com vitalidade alterada, interrompe-se a gestação; ▪ Com menos de 34 semanas (inviável) e vitalidade preservada, aguarda-se a 34ª semana com acompanhamento rigoroso → interrupção em casos de piora clínica da mãe ou sofrimento fetal; ▪ Melhor via é o parto vaginal por menor sangramento intraoperatório; ▪ Com impossibilidade de parto vaginal, existem cuidados a serem seguidos; ➢ A paciente deve ser cuidadosamente monitorizada e é necessário solicitar reserva de plaquetas ao banco de sangue; ➢ Deve ser administrada transfusão de plaquetas (se < 70.000 plaquetas/mm3) na indução anestésica, objetivando-se corrigir a contagem sérica para 100.000 plaquetas/mm3; ➢ A anestesia do tipo bloqueio pode ser realizada com mais de 70.000 plaquetas/mm3 e na ausência de coagulação intravascular disseminada. A anestesia geral está indicada para casos com coagulação intravascular disseminada ou plaquetopenia abaixo de 70.000 plaquetas/mm3; ➢ Laparotomia mediana infraumbilical nos casos com coagulação intravascular disseminada. Nos demais casos, preconiza-se a laparotomia transversa, podendo ser indicada a colocação de drenos subaponeuróticos, dependendo das condições cirúrgicas. A extração fetal deve ser feita sem a compressão do fundo uterino para evitar o risco de ruptura hepática. A hemostasia deve ser rigorosa, e o curativo, compressivo; ➢ No pós-parto, deve haver vigilância rigorosa em unidade de terapia intensiva para identificar e tratar possível falência de múltiplos órgãos: controle de pressão arterial; balanço hidroeletrolítico; controle de diurese; avaliação pulmonar; reavaliação dos exames laboratoriais a cada 12 horas até sua normalização e manutenção do sulfato de magnésio pelo período de 24 horas.
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