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Saúde da criança e do adolescente II SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE II DISLIPIDEMIA INTRODUÇÃO Consiste em alterações no metabolismo dos lipídeos que podem ocasionar repercussões nos níveis séricos das lipoproteínas determinada por fatores genéticos e ambientais. Os lipídeos exercem funções fundamentais na absorção de nutrientes lipofílicos, como as vitaminas, além de atuarem no armazenamento e na produção de energia. No entanto, as excessivas são prejudiciais, visto qu aumento dos seus níveis séricos est associado à aterosclerose. METABOLISMO Lipídeos são substâncias insolúveis no aquoso, sendo representadas, principalmente, por triglicérides (TG), fosfolípides (FL) e colesterol. Seu transporte na circulação linfática e sanguínea é realizado pelas lipoproteínas (LP). Mais relevantes são os fosfolípides, o colesterol, os triglicérides (TG) e os ácidos graxos. Os fosfolipídeos formam a estrutura básica das membranas celulares. O colesterol é precursor dos hormônios esteroides, dos ácidos da vitamina D. O colesterol atua na fl membranas celulares e na ativação de enzimas aí situadas. Dislipidemia é a elevação de colesterol e triglicerídeos no plasma ou a diminuição dos níveis de HDL que contribuem para a aterosclerose. Saúde da criança e do adolescente II 6º Semestre alterações no metabolismo dos repercussões nos níveis séricos das lipoproteínas, sendo determinada por fatores genéticos e ambientais. mentais na , como as armazenamento No entanto, as taxas excessivas são prejudiciais, visto que o aumento dos seus níveis séricos está s são substâncias insolúveis no meio principalmente, fosfolípides (FL) e a circulação linfática e sanguínea é realizado pelas lipoproteínas são os fosfolípides, o colesterol, os triglicérides (TG) e os s formam a estrutura básica das membranas celulares. O colesterol é precursor dos hormônios esteroides, dos ácidos biliares e fluidez das na ativação de enzimas Três ciclos básicos de transporte de lipídeos no plasma: Ciclo exógeno, as gorduras são absorvidas no intestino e chegam ao plasma, sob a forma de quilomícrons, e, após degradação lipoproteica (LPL), ao fígado ou a tecidos periféricos; Ciclo endógeno, as gorduras do fígado se direcionam aos tecidos periféricos; a lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL) é secretada pelo fígado e, por ação transforma-se em lipoproteína de densidade intermediária e, posteriormente, em LDL, a qual carrega os lipídeos, principalmente o colesterol, para os tecidos periféricos; Transporte reverso do colesterol gorduras, principalmente o colesterol dos tecidos, retorna para o fígado; as HDL nascentes captam colesterol não esterifcado dos tecidos periféricos pela ação da colesterol aciltransferase (LCAT), formando as HDL maduras; por meio da proteína de transferência de CE (CETP), ocorre também a transferência de ésteres de colesterol da HDL para outras lipoproteínas, como as VLDL. AGL: ácidos graxos livres; HPL: lipase hepática. ATEROSCLEROSE Caracterizada por lesões na íntima chamadas ateromas (ou placas ateromatosas ou ateroscleróticas). As placas ateromatosas são elevação de colesterol e diminuição dos is de HDL que contribuem para a de transporte de lipídeos , as gorduras são absorvidas no chegam ao plasma, sob a forma de quilomícrons, e, após degradação pela lipase gado ou a tecidos , as gorduras do fígado se tecidos periféricos; a de densidade muito baixa (VLDL) é secretada pelo fígado e, por ação da LPL, proteína de densidade ária e, posteriormente, em LDL, a ga os lipídeos, principalmente o periféricos; Transporte reverso do colesterol, em que as gorduras, principalmente o colesterol dos a o fígado; as HDL captam colesterol não esterifcado dos tecidos periféricos pela ação da lecitina- (LCAT), formando as por meio da proteína de transferência de CE (CETP), ocorre também a teres de colesterol da HDL para outras lipoproteínas, como as VLDL. AGL: graxos livres; HPL: lipase hepática. ATEROSCLEROSE lesões na íntima chamadas (ou placas ateromatosas ou ateroscleróticas). As placas ateromatosas são Saúde da criança e do adolescente II 6º Semestre Victória Louise lesões elevadas compostas por centro mole e grumoso de lipídios (principalmente colesterol e ésteres de colesterol, com restos necróticos), recobertas por uma cápsula fbrosa. As placas ateroscleróticas podem obstruir mecanicamente o lúmen vascular e se romper, evoluindo para trombose catastrófca dos vasos. Essas também enfraquecem a média subjacente e levam à formação de aneurisma. CAUSAS Primária: Causas genéticas Secundária: Estilo de Vida Doenças Medicações DISLIPIDEMIA PRIMÁRIA HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR Homozigótica Heterozigótica Quando suspeitar: Colesterol total > 270 mg/dL ou LDL-c >200mg/dL; Parentes de primeiro grau com CT > 220mg/dL ou LDL-c >155mg/dL. DISLIPIDEMIAS SECUNDÁRIAS Estilo de vida Dieta, inatividade física, tabagismo, obesidade, anorexia. Uso rotineiro de medicamentos Corticosteróides; Ácido retinóico; Estrógenos exógenos; Drogas imunossupressoras; Contraceptivo oral; Esteróides anabólicos. Doenças Metabólicas: Diabete melito tipos 1 e 2, lipodistrofias; Distúrbios hormonais: hipotoroidismo, Síndrome de Cushing; Depósito: Gaucher, Niemann- Pick; Tratamento de neoplasias; Síndrome de Kawasaki; Lúpus sistêmico, artrite reumatoide; Cardiopatia Congênita: coarctação de aorta ; Hepáticas: Cirrose, atresia biliar congênita ; Renais: Insuficiência renal crônica. Triagem Idade Conduta Até 2 anos Sem triagem universal para perfil lipídico 2 a 8 anos Perfil lipídico completo, somente nas condições de risco cardiovascular 9 a 11 anos Triagem universal com dosagem de não HDLc. Se tiver aumentado (>145 mg/dL)- perfil lipídico completo 12 a 16 anos Perfil lipídico completo somente nas condições de risco cardiovascular 17 a 21 anos Triagem universal com dosagem de fração não HDLc. Se estiver alterado ( > 145 mg/dL) – perfil lipídico completo FATORES DE RISCO Saúde da criança e do adolescente II 6º Semestre Victória Louise Pais ou avós com história de DCV precoce; Diabete melito; Infecção pelo HIV; Síndrome nefrótica; Lúpus eritematoso sistêmica; História de pancreatite aguda; Presença de xantomas ou xantelasma ao exame físico; Hipertensão arterial sistêmica; Obesidade; Tabagismo; Dieta rica em gorduras saturadas e/ou trans. QUADRO CLÍNICO As hiperlipidemias, em geral, não apresentam manifestações clínicas. Nos casos mais severos, pode ocorrer a formação de xantomas. TRIAGEM Colesterol total + Fração não HDL colesterol Não obrigatório jejum; Colesterol total e fração não HDLc → não HDL colesterol= CT-HDLc Fração colesterol aterogênica → VLDLc + LDLc Vantagens: Risco aterogênico Detecção precoce dislipidemia primária e secundária Valores não HDL colesterol: < 123 mg/dL 123-143 mg/dL- limítrofe 144 mg/dL- alterado Valores de referência lipídica propostos para faixa etária de 2 a 19 anos pela Sociedade Brasileira de Cardiologia: Lipídios Desejáv eis (mg/dL) Límítrof es (mg/dL) Aumentad os (mg/dL) Colesterol total Inferior a 150 150 a 169 Igual ou superior a 170 LDLc Inferior a 100 100 a 129 Igual ou superior a 130 HDLc Igual ou superior a 45 - - Triglicerídi os Inferior a 100 100 a 129 Igual ou superior a 130 LDL: lipoproteína de baixa densidade; HDL: lipoproteína de alta densidade Fonte: Giuliano et al., 2005. Etapa 1 – Terapia não farmacológica Tratamento Nutrológico: Alteração dos hábitos alimentares; Evitar o consumo de produtos embutidos e de alimentosque contenham gordura trans, além de doces e bebidas açucaradas; Restringir o consumo de alimentos ultraprocessados, pré-prontos e congelados; Desencorajar fortemente o consumo de álcool; Fibras: quantidade = idade (anos) + 5 ( NÃO ultrapassar 25g/dia); Fitoesteroides: Consumo de até 2g/dia (óleos); Estímulo à atividade física. Tratamento Nutrológico: Dieta tipo I : Até 30% de calorias de gorduras, até 10% de gorduras saturadas, até 100mg/1000 cal de colesterol, no máximo 300 mg/dia; Saúde da criança e do adolescente II Dieta tipo II: Até 20% de calorias de gorduras, até 7% de gorduras saturadas, até 600 mg/1000 cal de colesterol, no máximo 200 mg/dia Etapa 2 – Terapia farmacológica O uso de medicamentos, deve ser indicado de imediato para pessoas consideradas de alto risco e para aquelas de risco moderado ou baixo após tentativa de mudança no vida por 3 ou 6 meses, respectivamente. Em se tratando de hipercolesterole- mia isolada, a opção preferencial é pelas estatin podem ser administradas em associação à ezetimiba, à colestiramina e, eventualmente, aos fibratos ou ao ácido nicotínico. No tratamento da hipertrigliceridemia i são prioritariamente indicados os fibratos e, em segundo lugar, o ácido nicotínico ou a associação de ambos. Pode-se ainda utilizar, nesta dislipidemia, os ácidos graxos isoladamente ou em associação com outros fármacos. Na hiperlipidemia mista, a taxa sérica deve orientar como o tratamento farmacológico será iniciado. Caso estas taxas estejam acima de 500 mg/dL, deve-se iniciar tratamento com um fibrato, adicionando-se, se necessário, ácido nicotínico e/ou ômega 3. Nesta situação, a meta prioritária é a redução do risco de pancreatite. Avaliação laboratorial e estraficação de risco 1. Perfil lipídico desejável= orientação de dieta saudável + repetição de perfil lipídico em 5 anos; 2. Perfil lipídico limítrofe = repetição de exames laboratoriais em 2 a 12 semanas. Saúde da criança e do adolescente II 6º Semestre Dieta tipo II: Até 20% de calorias de gorduras, até 7% de gorduras saturadas, até 600 mg/1000 cal de colesterol, no máximo 200 mg/dia. indicado de consideradas de alto aquelas de risco moderado ou baixo após tentativa de mudança no estilo de respectivamente. mia isolada, pelas estatinas, que podem ser administradas em associação à à colestiramina e, eventualmente, mia isolada dicados os fibratos e, em co ou a se ainda utilizar, ômega 3, ciação com outros Na hiperlipidemia mista, a taxa sérica de TG tamento farmacológico 500 mg/dL, se iniciar tratamento com um fibrato, necessário, ácido nicotínico e/ou ômega 3. Nesta situação, a meta prioritária Avaliação laboratorial e estraficação de risco 1. Perfil lipídico desejável= orientação de dieta saudável + repetição de perfil lipídico em 5 2. Perfil lipídico limítrofe = repetição de boratoriais em 2 a 12 semanas. Novo perfil lipídico é desejável= orientação de dieta e estilo de vida saudáveis; repe lipídico em 5 anos. Novo perfil lipídico é limítrofe= etapa 1 de tratamento; reavalia ção em 1 ano. Novo perfil lipídico é elevado= etapas 1 e 2 de tratamento. 3. Perfil lipídico elevado = repetir exames laboratoriais em 2 a 12 semanas. Novo perfil lipídico é elevado = etapas 1 e 2 tratamento. Se LDL-colesterol > 160 + história familiar prematura de DAC ou > 2 fatores de risco= etapa 2; Se LDL- colesterol > 190 = etapa 2 + avaliação da possibilidade de causas genéticas. desejável= orientação de dieta e estilo de vida saudáveis; repetir perfil Novo perfil lipídico é limítrofe= etapa 1 de amento; reavalia ção em 1 ano. Novo perfil lipídico é elevado= etapas 1 e 2 de vado = repetir exames boratoriais em 2 a 12 semanas. ado = etapas 1 e 2 colesterol > 160 + história familiar prematura de DAC ou > 2 fatores colesterol > 190 = etapa 2 + a possibilidade de causas
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