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ESPÍRITO SANTO ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL DA PESSOA IDOSA CURSO DE CAPACITAÇÃO FAVENI - FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE SUMÁRIO 1. ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL ................................................................................ 2 2. CUIDADOS NA COMPRA DOS ALIMENTOS ...................................................... 3 3. CUIDADOS NO ARMAZENAMENTO DOS ALIMENTOS ..................................... 5 4. CUIDADOS COM A HIGIENE PESSOAL E DURANTE O MANUSEIO DE ALIMENTOS ................................................................................................................ 7 4.1 PROCEDIMENTOS DE ROTINA ................................................................. 7 4.2 CUIDADOS NO PREPARO DAS REFEIÇÕES ............................................ 8 5. MEDIDAS ASSOCIADAS AO CONSUMO DAS REFEIÇÕES .............................. 9 6. FAZER AS REFEIÇÕES EM LOCAL AGRADÁVEL ............................................. 9 7. INCENTIVAR A HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS ANTES DAS REFEIÇÕES .......... 10 8. DISTRIBUIR A ALIMENTAÇÃO DIÁRIA EM CINCO OU SEIS REFEIÇÕES ..... 11 9. ESTIMULAR O ENTROSAMENTO SOCIAL NOS HORÁRIOS DAS REFEIÇÕES .............................................................................................................................11 10. DESESTIMULAR O USO DE SAL E AÇÚCAR À MESA .................................. 12 11. ORIENTAR A PESSOA IDOSA A COMER DEVAGAR, MASTIGANDO BEM OS ALIMENTOS .............................................................................................................. 13 12. CUIDAR BEM DA SAÚDE BUCAL, FAVORECENDO O PRAZER À MESA .... 13 13. ESTIMULAR A BUSCA E O CONSUMO DA ÁGUA ENTRE AS REFEIÇÕES 14 14. ESTAR ATENTO À TEMPERATURA DE CONSUMO DOS ALIMENTOS ....... 15 15. SABOREAR REFEIÇÕES SAUDÁVEIs ........................................................... 16 16. ORIENTAÇÕES ESPECIAIS PARA AUXILIAR A AUTONOMIA DA PESSOA IDOSA ....................................................................................................................... 16 17. SIMPLIFICAR A COLOCAÇÃO DA MESA PARA AS REFEIÇÕES: PROMOVER O CONTRASTE DE COR ENTRE A TOALHA DE MESA E OS UTENSÍLIOS ......... 17 1 18. SELECIONAR OS UTENSÍLIOS MAIS ADEQUADOS ..................................... 18 19. DEZ PASSOS PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL PARA PESSOAS IDOSAS ..................................................................................................................... 19 20. PORÇÕES DE ALIMENTOS E MEDIDAS CASEIRAS CORRESPONDENTES .............................................................................................................................25 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 29 2 1. ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL Fonte: nadafragil.com.br Com o passar dos anos, o corpo começa a apresentar naturalmente algumas mudanças, que muitas vezes as pessoas demoram a perceber, mas que podem interferir na sua alimentação. Tornar o ambiente da cozinha e o local de refeições mais adequado e agradável para conferir maior conforto, segurança e autonomia no dia-a-dia das pessoas idosas é uma medida que tem impacto positivo na autoestima, no preparo das refeições e no estabelecimento do prazer à mesa. Não se tem aqui a pretensão de esgotar esse assunto, mas de tratá-lo de uma maneira mais prática, com ênfase nas medidas associadas ao preparo e ao consumo das refeições diárias. Alterações naturais nos mecanismos de defesa do organismo ou dificuldades no processo de mastigação e deglutição podem tornar a pessoa idosa mais suscetível a complicações decorrentes do consumo de alimentos, o que reforça a necessidade de cuidados diários para preparar refeições seguras. Planejar as refeições e utilizar medidas corretas durante o preparo dos alimentos pode contribuir para a satisfação com a alimentação, evitando riscos de acidentes e danos à saúde, principalmente para quem já se encontra em idade mais avançada, e, ao mesmo tempo, permite atender aos princípios de uma alimentação saudável. http://nadafragil.com.br/dicas-para-uma-alimentacao-saudavel/ 3 Assegurar a participação da pessoa idosa no planejamento da alimentação diária e no preparo das refeições possibilita o maior envolvimento com a alimentação. Assim, cria-se uma condição propícia para discutir a necessidade de eventuais mudanças nos procedimentos associados à compra, ao armazenamento, à higiene pessoal e ao preparo dos alimentos a fim de facilitar o seu dia-a-dia e favorecer uma alimentação segura. 2. CUIDADOS NA COMPRA DOS ALIMENTOS Fonte: www.infosaj.com.br Os cuidados com a aquisição dos alimentos iniciam-se com a elaboração da Lista de Compras. No momento da compra, ao observar os produtos, deve-se escolher aqueles: De procedência segura; Que apresentem características próprias nos aspectos de aparência, cor, cheiro e textura; Que estejam dentro do prazo de validade; Com embalagens não danificadas; Sem sinais de degelo, como cristais de gelo ou água dentro da embalagem (para produtos congelados); Que estejam armazenados em temperaturas adequadas: entre 0°C e 5°C para alimentos refrigerados e inferior a -18°C para os congelados. 4 Estar atento às outras informações do rótulo do alimento é também um procedimento indicado para: Identificar produtos específicos para este grupo populacional; Conhecer melhor a composição nutricional dos produtos; Identificar os seus ingredientes; Obter informação quanto à forma de conservação; Preparar o alimento adequadamente; Aprender novas receitas; Utilizar os serviços de atendimento ao consumidor – SAC; Comparar produtos similares, de diferentes marcas; Fazer a melhor escolha de acordo com orçamento disponível. Fonte: euprecisoemagrecer.com.br A consulta aos rótulos de alimentos deve ser feita como rotina pelas pessoas para selecionar alimentos mais saudáveis. Uma leitura atenta permite verificar se há, entre os ingredientes, sal (sódio), açúcar, gorduras, glúten, fenilalanina, bem como a quantidade de calorias e nutrientes presentes em cada porção, a composição nutricional de produtos diet e light, entre outras informações. A partir de 2006, tornou-se obrigatório no Brasil que todas as indústrias de alimentos declarem em seus produtos a quantidade de energia e os teores de carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans, fibra http://euprecisoemagrecer.com.br/rotulos-dos-alimentos/ 5 alimentar e sódio. Outras oportunidades para esclarecimentos podem surgir, por exemplo, em um diálogo com outras pessoas no local de compra; ao entrar em contato com o fabricante por meio do serviço de atendimento ao consumidor – SAC; pela busca de um veículo confiável de informação, como o Disque Saúde (0800 61 1997, serviço de tele atendimento gratuito do Ministério da Saúde) ou em uma consulta com o nutricionista. 3. CUIDADOS NO ARMAZENAMENTO DOS ALIMENTOS Fonte: consultoradealimentos.com.br Guardar cada alimento em local que ajude a manter a integridade dos produtos, a temperatura adequada para a sua conservação, a limpeza e a organização, para facilitar o armazenamento dos produtos adquiridos e a retirada daqueles que serão utilizados no preparo das refeições e para consumo. Usar primeiro alimentos que estejam com as datas de validade mais próximas do vencimento. No local de armazenamento é recomendado manter um espaço entre os alimentos guardados, o que permite uma melhor circulação do ar, contribuindo para conservar melhor os produtos. Os alimentos não devem ser armazenados diretamente no piso, para garantir a segurança sanitária dos produtos. Esse cuidado favorece a conservação dos alimentos, evitando umidadee facilitando a limpeza do piso. 6 A colocação dos produtos em prateleiras afastadas da parede e do piso, a preservação das embalagens sem danificação ou a manutenção dos alimentos em recipientes bem tampados e, ainda, o uso de telas nas janelas da despensa são outros cuidados que contribuem para a segurança sanitária, pois dificultam o contato de animais (insetos, roedores, animais domésticos) e outras sujidades com os alimentos. As embalagens e os recipientes que envolvem os alimentos funcionam como barreiras, afastando-os também do contato com outras sujidades (poeira, fragmentos de vidros, de pedra e outros). Antes de abrir qualquer embalagem, é importante limpá-la bem para evitar que o alimento seja contaminado. Fonte: trofitic.com/blog/ Os alimentos devem ser guardados e organizados em locais de fácil acesso, que não exijam esforço físico exagerado da pessoa idosa ou apresentem risco de quedas (abaixar-se ou usar escadas para alcançá-los, por exemplo). Recomenda- se que as embalagens e os recipientes sejam etiquetados para facilitar a identificação dos alimentos pelos idosos. Na identificação, devem-se usar etiquetas com letras em cor e tamanho que facilitem a leitura pela pessoa idosa. Os locais onde há alimentos armazenados não são apropriados para guardar materiais de limpeza, para evitar o risco de contaminação dos alimentos. Reserve outro local para guardar produtos de limpeza, os quais deverão estar em recipientes devidamente rotulados. http://trofitic.com/blog/como-armazenar-os-alimentos-com-seguranca/ 7 4. CUIDADOS COM A HIGIENE PESSOAL E DURANTE O MANUSEIO DE ALIMENTOS O responsável pelo preparo da refeição deve adotar cuidados rigorosos tanto na higiene pessoal quanto no manuseio dos alimentos para prevenir contaminação e preservar as características próprias dos alimentos. Isso ajuda a evitar muitas doenças transmitidas por alimentos (DTA). 4.1 Procedimentos de rotina Fonte: www.janela-aberta-familia.org Utilizar proteção para os cabelos, como boné ou touca, além de avental e de sapatos fechados e não escorregadios, pode ajudar a prevenir acidentes e contaminação dos alimentos durante seu preparo. O ato de lavar as mãos frequentemente é essencial para proteger os alimentos que serão consumidos. A higienização frequente de utensílios e equipamentos usados durante o preparo dos diversos alimentos que compõem as refeições também é fundamental para prevenir a contaminação. Para maior segurança, higienizar bem os alimentos, especialmente os que serão ingeridos crus ou refogados. O cozimento adequado dos alimentos também pode evitar o risco para a saúde e a perda de nutrientes. 8 4.2 Cuidados no preparo das refeições O ambiente onde as refeições são preparadas precisa estar limpo, incluindo a superfície de trabalho, os utensílios que serão utilizados e os equipamentos. A área de preparo deve estar livre de objetos desnecessários, como os decorativos. A organização, nesse momento, pode garantir espaço adequado para o manuseio dos alimentos, diminuir esforço físico e mental e evitar acidentes. Outro cuidado é quanto à qualidade da água usada tanto para beber quanto para higienizar e preparar os alimentos, que deve ser tratada, fervida ou filtrada. Ao preparar as refeições, algumas medidas especiais são necessárias para atender aos princípios de uma alimentação saudável: Dar preferência a alimentos menos gordurosos, optar por leite e derivados com menor teor de gordura, remover as gorduras visíveis das carnes e usar óleos vegetais para cozinhar os alimentos; Não abusar da adição de açúcar, sal e pimenta, nem do uso de enlatados, embutidos e doces; Variar os alimentos que compõem o cardápio, incluindo alimentos regionais e de safra, e a forma de prepará-los (cozinhar, assar e grelhar, usar diferentes cortes para frutas, legumes, verduras e carnes). É importante também não acrescentar muita água ao cozimento e evitar que os alimentos permaneçam cozinhando por muito tempo, o que poderia levar à perda de nutrientes; Incentivar preparações com cereais integrais ou o uso de produtos feitos com farinha integral (pães, bolos, etc.). Outros alimentos ricos em fibras (frutas, legumes e verduras) devem ser utilizados no cardápio; Utilizar receitas que favoreçam o consumo de frutas, legumes e verduras, combinando esses itens, por exemplo, nas saladas; Planejar as refeições do dia de modo a favorecer o fornecimento adequado de nutrientes ao corpo, manter o peso saudável, por meio de uma alimentação acessível e segura. O nutricionista pode auxiliar neste planejamento. Quando a pessoa idosa apresentar limitações para mastigar e engolir, a forma de preparo, a consistência, a textura, o tamanho dos alimentos e a quantidade que é 9 levada à boca devem ser adaptados ao grau de limitação apresentado. Nesses casos, moer, ralar, picar em pedaços menores podem ser alternativas viáveis para facilitar o planejamento das refeições e o consumo, evitando a recusa da refeição e complicações como engasgo, aspiração ou asfixia durante a ingestão dos alimentos. 5. MEDIDAS ASSOCIADAS AO CONSUMO DAS REFEIÇÕES A atenção a essas medidas visa deixar a pessoa idosa mais disposta para alimentar-se com prazer. A maioria dessas medidas não requer investimento financeiro, depende mais da disposição das pessoas em realizar algumas mudanças que podem fazer a diferença para toda a família ou para os moradores de uma instituição de longa permanência. Por exemplo: otimizar os recursos existentes como móveis, utensílios de mesa e de cozinha, elementos de decoração, dentro de um planejamento adequado da alimentação para a pessoa idosa. Quando algum investimento é necessário, deve-se avaliar os benefícios para as pessoas idosas, estabelecendo prioridades e considerando também o tempo e a disponibilidade financeira. É importante envolver a pessoa idosa nessas decisões. 6. FAZER AS REFEIÇÕES EM LOCAL AGRADÁVEL Fonte: www.sempremaisestetica.com.br/ 10 O ambiente onde a refeição é consumida deve: Estar limpo; Ser arejado; Apresentar boa luminosidade; Ter mobiliário resistente e adequado: mesa com cantos arredondados, de preferência, cadeira com dois braços, sendo a altura da mesa compatível com a altura das cadeiras e da pessoa idosa; Ter espaço livre para a circulação das pessoas. Usar tonalidades de cores que favoreçam boa reflexão de luz para o local de refeições, visto que o declínio visual é comum nas pessoas idosas. Para tornar esse ambiente ainda mais atrativo, usar elementos de decoração é uma opção viável, mas deve haver moderação para não desviar a atenção da pessoa idosa da alimentação. 7. INCENTIVAR A HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS ANTES DAS REFEIÇÕES Fonte: eanmelhoridade.blogspot.com.br/ Esta é uma medida importante para evitar a contaminação dos alimentos por sujidades presentes nas mãos. A orientação sobre o correto procedimento de higienização das mãos e cuidados com as unhas, que devem ser mantidas curtas e limpas, pode garantir bons resultados, quando essa prática é realizada com atenção. Em caso de necessidade a pessoa idosa deve ser auxiliada durante esse procedimento. http://eanmelhoridade.blogspot.com.br/ 11 8. DISTRIBUIR A ALIMENTAÇÃO DIÁRIA EM CINCO OU SEIS REFEIÇÕES Durante o dia, três refeições básicas devem ser feitas: desjejum, almoço e jantar, intercaladas com dois ou três pequenos lanches: colação (lanche leve pela manhã), lanche da tarde e ceia (lanche noturno leve). Esta distribuição estimula o funcionamento do intestino e evita que se coma fora de hora. É importante estabelecer horários regulares para as refeições, com intervalos para atender às peculiaridades da fisiologia digestiva da pessoa idosa, considerando que sua digestão é mais lenta. O ajuste dos horários de refeição contribuipara garantir o fornecimento de nutrientes e energia, maior conforto e apetite para a pessoa idosa. 9. ESTIMULAR O ENTROSAMENTO SOCIAL NOS HORÁRIOS DAS REFEIÇÕES Fonte: http://2.bp.blogspot.com/ É importante que a pessoa idosa possa ter companhia nas refeições. Sentar confortavelmente à mesa em companhia de outras pessoas, sejam elas da família, amigos ou o próprio cuidador, proporciona mais prazer com a alimentação e favorece o apetite. A falta de companhia na alimentação acaba contribuindo para que a pessoa idosa tenha menos preocupação com o tipo de alimento consumido e a tendência, http://2.bp.blogspot.com/ 12 nessa situação, é alimentar-se de maneira inadequada tanto do ponto de vista da qualidade, como da quantidade. Na prática, nem todas as famílias conseguem manter o vínculo em todas as refeições do dia, por causa das atribuições de trabalho ou de outras atividades executadas. O mais importante é a família eleger a refeição do dia em que todos ou quase todos estarão presentes e sentados à mesa e, nos finais de semana, o convívio social à mesa pode ser maior. Se o cuidador mora com a pessoa idosa, ele poderá fazer-lhe companhia em uma ou outra refeição do dia. Nas instituições de longa permanência para pessoas idosas é preciso estimular os moradores a frequentarem o salão de refeições. Para isso, uma alternativa é tornar esse salão de refeições atrativo e agradável. Por exemplo, a pintura da parede deve ser de uma cor que é diferente daquela usada nos quartos das pessoas idosas para combater a monotonia visual, proporcionando, ao mesmo tempo, um ambiente agradável e garantindo a luminosidade adequada para maior segurança durante o deslocamento das pessoas e no consumo da refeição. 10. DESESTIMULAR O USO DE SAL E AÇÚCAR À MESA Fonte: www.comidascomoencasa.com.uy Com o passar dos anos, ocorrem mudanças naturais na intensidade de percepção do sabor, portanto a tendência da pessoa idosa é adicionar mais açúcar, 13 sal e outros condimentos para temperar os alimentos até alcançar um sabor que agrada ao paladar, o que pode acabar representando um abuso na quantidade. A orientação para evitar o uso desses alimentos à mesa contribui para o controle do consumo de sal e de açúcar. Uma mastigação adequada dos alimentos associada aos cuidados frequentes com a higiene da boca, incluindo a escovação da língua, ajuda a perceber melhor o sabor dos alimentos, evitando o exagero no uso dos temperos. A adição de outros temperos como cheiro verde, alho, cebola e ervas, pode ajudar a diminuir a utilização de sal no preparo dos alimentos, contribuindo para a redução do seu consumo. As pessoas acabam por se acostumar ao sabor dos alimentos preparados com pouco sal, mas isso leva algum tempo. Essa informação deve ser discutida com a pessoa idosa para ajudá-la na redução do consumo de sal. 11. ORIENTAR A PESSOA IDOSA A COMER DEVAGAR, MASTIGANDO BEM OS ALIMENTOS A digestão inicia na boca. Mastigar adequadamente os alimentos estimula a produção de saliva e mantém os alimentos em contato com a superfície da língua por mais tempo, favorecendo a percepção do sabor. Facilita tanto a digestão mecânica, feita pelos dentes ou pela prótese dentária, como a enzimática, pelo contato e atuação da saliva nos alimentos. A mastigação adequada também contribui para diminuir a sensação de fome, no caso de pessoas idosas que precisam reduzir a quantidade de alimentos ingeridos. 12. CUIDAR BEM DA SAÚDE BUCAL, FAVORECENDO O PRAZER À MESA As condições de saúde bucal influenciam na auto-estima, na fala, na percepção do paladar, na digestão e na deglutição. A higiene correta da boca, após as refeições, é uma conduta que precisa ser reforçada com a pessoa idosa para favorecer a saúde bucal. 14 O cuidado com a saúde bucal auxilia na preservação da capacidade mastigatória, evitando que as refeições sejam restritas a alimentos facilmente mastigáveis. A capacidade mastigatória da pessoa idosa interfere na seleção dos alimentos e na maneira de prepará-los. Assim, a preservação da saúde bucal permite maior flexibilidade no planejamento das refeições e mais prazer com a alimentação. Manter o hábito de visitar regularmente o dentista permite que sejam verificadas as condições da boca, bem como a funcionalidade das próteses dentárias (sua vida útil) e a conduta mais adequada, visando à preservação da capacidade mastigatória e da saúde bucal. 13. ESTIMULAR A BUSCA E O CONSUMO DA ÁGUA ENTRE AS REFEIÇÕES A ingestão de líquidos pelas pessoas idosas precisa ser incentivada, pois são frequentes os casos de desidratação. O baixo consumo de água pelas pessoas idosas muitas vezes é justificado com base nas argumentações “não sinto sede”; “não gosto de água”; “água não tem gosto de nada”; “bebo chás e café no lugar da água”; “a posição do filtro me dificulta buscar a água, pois é muito alto para mim”. A busca da água deve ser garantida, mesmo quando não houver manifestação de sede. Portanto, a primeira estratégia é despertar a pessoa idosa para os benefícios que a água traz para a saúde (o intestino funciona melhor, mantém a boca mais úmida, mantém a hidratação do corpo, entre outras vantagens). Para incentivar a ingestão de água, é essencial que o ambiente facilite o acesso da pessoa idosa aos utensílios (caneca ou copo ou xícara) e ao filtro, estando tudo a uma altura adequada à desta pessoa. É importante incentivar o consumo da água em pequenas quantidades, várias vezes ao dia, entre as refeições. Entretanto, em casos cuja recomendação médica restringe a ingestão de líquidos, a quantidade diária de água para a pessoa idosa deve ser calculada e sua ingestão monitorada. 15 14. ESTAR ATENTO À TEMPERATURA DE CONSUMO DOS ALIMENTOS A temperatura em que os alimentos são consumidos é importante, especialmente na terceira idade. Temperaturas muito quentes ou muito frias devem ser evitadas porque pode haver mais sensibilidade térmica, em função de mudanças que ocorrem nos tecidos da boca com o passar dos anos. a. Alimentos consumidos quentes Devem estar numa temperatura suportável para a pessoa idosa, não sendo excessivamente quentes, para evitar que queimem a boca. b. Alimentos consumidos frios Não se deve deixar o alimento resfriando por muito tempo antes de consumir para evitar que ocorram condições favoráveis para o crescimento de bactérias ou produção de toxinas que provocam doenças. Para a pessoa idosa, alimentos como sorvetes ou tortas geladas devem ser retirados da geladeira um pouco antes do momento do consumo. Para uma conservação adequada dos alimentos mantidos na geladeira ou no freezer, é importante saber utilizar esses equipamentos, de forma a garantir o bom funcionamento para que a temperatura dos alimentos seja preservada. Embora a temperatura fria ajude a conservar os alimentos por mais tempo, durante o armazenamento prolongado nessas condições, os produtos estão sujeitos a sofrer alterações que os tornam impróprios para consumo. Por isso, deve-se estar atento também à data de validade dos produtos mantidos sob refrigeração ou congelamento. 16 15. SABOREAR REFEIÇÕES SAUDÁVEIS Fonte:areadetreino.com.br/ No momento do consumo, as preparações selecionadas para compor o cardápio da pessoa idosa, além de atender aos princípios da alimentação saudável, devem ser apresentadas de forma atrativa à mesa. A proposta é despertar o desejo de saborear refeições saudáveis e que gerem satisfação ao serem consumidas, pois o ato de se alimentar deve conferir prazer. Estimular a variação da disposição dos alimentos nas travessas que serão levadas à mesa, assegurando a combinação de diferentes cores, texturas, tipos de cortes e de sabor, é uma das formas de evitar a monotonia alimentar. Alimentar-se com prazer está associado ao aproveitamento da diversidade de alimentos, respeitando a acessibilidadee a cultura regional, a busca de novas receitas ou adaptação das disponíveis para adequar-se às peculiaridades de cada pessoa idosa, preservando as características sensoriais que motivam o consumo de uma refeição. 16. ORIENTAÇÕES ESPECIAIS PARA AUXILIAR A AUTONOMIA DA PESSOA IDOSA Na montagem da mesa da refeição deve-se evitar o excesso de estímulo visual para não desviar a orientação e a percepção visual da pessoa idosa de sua http://areadetreino.com.br/7-ingredientes-que-deixam-suas-refeicoes-mais-saudaveis/ 17 alimentação, facilitando a sua participação ativa no ato de alimentar-se. Essa montagem deve ser adaptada na medida em que forem detectadas limitações que dificultam a autonomia da pessoa idosa, de forma a incentivar o seu convívio à mesa. 17. SIMPLIFICAR A COLOCAÇÃO DA MESA PARA AS REFEIÇÕES: PROMOVER O CONTRASTE DE COR ENTRE A TOALHA DE MESA E OS UTENSÍLIOS A composição da mesa de refeição deve ser simplificada em detrimento das regras de etiqueta. Fonte: www.remedio-caseiro.com Quando há contraste de cor entre talheres, prato e toalha de mesa, a pessoa idosa terá mais facilidade para identificar esses utensílios, conferindo-lhe maior autonomia no ato de comer. É indicada, principalmente, para quem já apresenta declínio de visão ou da capacidade mental ou limitação na coordenação motora. As toalhas de mesa devem ser preferencialmente com uma única tonalidade de cor, sem estampas ou bordados. 18 18. SELECIONAR OS UTENSÍLIOS MAIS ADEQUADOS Os utensílios que a pessoa idosa com limitações deve usar para comer ou beber apresentam características especiais para a sua segurança. A confecção dos utensílios deve ser com material inquebrável e de fácil higienização. É necessário ainda ter atenção com a questão da empunhadura, o que significa que é preciso verificar se a pessoa idosa tem facilidade para pegar o utensílio e levá-lo à boca. Alguns utensílios disponíveis no mercado facilitam esse processo: Canecas ou xícaras com uma alça maior em substituição ao copo; Canecas ou xícaras com duas alças grandes o suficiente para permitir o encaixe de três ou quatro dedos; Prato fundo deve ser escolhido, preferencialmente, em relação ao prato raso; Prato fundo com ventosas de borracha que permitem a fixação desse utensílio à superfície é indicado em casos de maior limitação na coordenação motora. Aparador para prato é um recurso usado para aumentar a independência de quem tem maior limitação na coordenação motora. O aparador para pratos é adaptado na borda externa desse utensílio para aumentar a sua altura. Com isso, evita o derramamento do alimento que está sendo colocado no talher durante a refeição. Suporte antiderrapante é similar a um pequeno forro de bandeja, que pode ser usado sobre mesas ou bandejas para ajudar a aumentar a fixação de canecas e pratos, evitando que esses deslizem na superfície onde forem colocados, proporcionando mais segurança à pessoa idosa. Talheres com cabos mais grossos. A maior espessura do cabo dos talheres (faca, garfo e colher) pode facilitar o manuseio desses utensílios durante a refeição, quando a limitação motora compromete esta atividade. Usar apenas uma colher com cabo mais grosso é uma das opções quando a atividade motora limita o uso dos outros talheres. 19 Em síntese, devem ser usados utensílios resistentes e que sejam fáceis de segurar. Os utensílios utilizados frequentemente pela pessoa idosa precisam estar dispostos em local de fácil acesso para garantir maior autonomia e participação dessas pessoas nas diversas refeições do dia. 19. DEZ PASSOS PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL PARA PESSOAS IDOSAS Fonte: nutrixesaude.blogspot.com.br Vamos apresentar para você os DEZ PASSOS PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL PARA PESSOAS IDOSAS, que são orientações práticas sobre alimentação saudável. Algumas orientações falam de porções de alimentos. Ao final do texto dos Dez Passos, você encontrará tabelas com os diferentes grupos de alimentos e o tamanho das porções recomendadas para o consumo diário. 1º PASSO: FAÇA PELO MENOS TRÊS REFEIÇÕES (CAFÉ DA MANHÃ, ALMOÇO E JANTAR) E DOIS LANCHES SAUDÁVEIS POR DIA. NÃO PULE AS REFEIÇÕES! Aprecie a sua refeição, sente confortavelmente à mesa, de preferência em companhia de outras pessoas. Coma devagar, mastigando bem os alimentos. Saboreie refeições variadas dando preferência a alimentos saudáveis típicos da sua região e disponíveis na sua comunidade. http://nutrixesaude.blogspot.com.br/p/idoso.html 20 Caso você tenha dificuldade de mastigar, os alimentos sólidos, como carnes, frutas, verduras e legumes, podem ser picados, ralados, amassados, desfiados, moídos ou batidos no liquidificador. Não deixe de comer esses alimentos. Escolha os alimentos mais saudáveis, conforme as orientações a seguir, lendo as informações e a composição nutricional nos rótulos. Caso tenha dificuldade na leitura ou para entender a informação, peça ajuda. 2º PASSO: INCLUA DIARIAMENTE SEIS PORÇÕES DO GRUPO DOS CEREAIS (ARROZ, MILHO, TRIGO, PÃES E MASSAS), TUBÉRCULOS COMO A BATATA, RAÍZES COMO MANDIOCA/ MACAXEIRA/ AIPIM, NAS REFEIÇÕES. DÊ PREFERÊNCIA AOS GRÃOS INTEGRAIS E AOS ALIMENTOS NA SUA FORMA MAIS NATURAL. Alimentos como cereais (arroz, milho, trigo, pães e massas), de preferência integrais; tubérculos como as batatas, e raízes como a mandioca/macaxeira/aipim, são as mais importantes fontes de energia e devem ser o principal componente da maioria das refeições, pois são ricos em carboidratos. Distribua as seis porções desses alimentos nas principais refeições diárias (café da manhã, almoço e jantar) e nos lanches entre elas. Nas refeições principais, preencha metade do seu prato com esses alimentos. Se utilizar biscoitos para os lanches, leia os rótulos: escolha os tipos e as marcas com menores quantidades de gordura total, gordura saturada, gordura trans e sódio. Esses ingredientes, se consumidos em excesso, são prejudiciais à sua saúde. 3º PASSO: COMA DIARIAMENTE PELO MENOS TRÊS PORÇÕES DE LEGUMES E VERDURAS COMO PARTE DAS REFEIÇÕES E TRÊS PORÇÕES OU MAIS DE FRUTAS NAS SOBREMESAS E LANCHES. Frutas, legumes e verduras são ricos em vitaminas, minerais e fibras, e devem estar presentes diariamente em todas as refeições e lanches, pois evitam a prisão de ventre, contribuem para proteger a saúde e diminuir o risco de várias doenças. E qual a diferença entre eles? 21 FRUTAS são as partes polposas que rodeiam a semente da planta. Possuem aroma característico, são ricas em suco e têm sabor adocicado. Acerola, laranja, tangerina, banana e maçã são exemplos de frutas. LEGUMES são os frutos ou sementes comestíveis da planta ou partes que se desenvolvem na terra. São eles a cenoura, a beterraba, a abobrinha, a abóbora, o pepino, a cebola, etc. VERDURAS são folhas comestíveis, flores, botões ou hastes tais como: acelga, agrião, aipo, alface, almeirão, etc. Fonte: www.paramim.com.pt Varie os tipos de frutas, legumes e verduras consumidos durante a semana. Compre os alimentos da época (estação) e esteja atento para a qualidade e o estado de conservação deles. Procure combinar verduras e legumes de maneira que o prato fique colorido, garantindo, assim, diferentes nutrientes. Sucos naturais de fruta feitos na hora são os melhores; a polpa congelada perde alguns nutrientes, mas ainda é uma opção melhor que os sucos artificiais, em pó ou em caixinha. 4º PASSO: COMA FEIJÃO COM ARROZ TODOS OS DIAS OU, PELO MENOS, CINCO VEZES POR SEMANA. ESSE PRATO BRASILEIRO É UMA COMBINAÇÃO COMPLETA DE PROTEÍNAS E BOM PARA A SAÚDE. 22 Coloque no prato uma parte de feijão para duas partes de arroz cozidos. Varie os tipos de feijões usados – preto, da colônia, manteiguinha, carioquinha, verde, de corda, branco e outros – e as formas de preparo. Use também outros tipos de leguminosas– soja, grão de bico, ervilha seca, lentilha, fava. As sementes – de abóbora, de girassol, gergelim e outras – e as castanhas – do Brasil, de caju, amendoim, nozes, nozes-pecan, amêndoas e outras – são fontes de proteínas e de gorduras de boa qualidade. 5º PASSO: CONSUMA DIARIAMENTE TRÊS PORÇÕES DE LEITE E DERIVADOS E UMA PORÇÃO DE CARNES, AVES, PEIXES OU OVOS. RETIRAR A GORDURA APARENTE DAS CARNES E A PELE DAS AVES ANTES DA PREPARAÇÃO TORNA ESSES ALIMENTOS MAIS SAUDÁVEIS! Leite e derivados são as principais fontes de cálcio na alimentação e você pode escolher os desnatados ou semidesnatados. Carnes, aves, peixes e ovos também fazem parte de uma alimentação nutritiva e contribuem para a saúde. Todos são fontes de proteínas, vitaminas e minerais. Procure comer peixe fresco pelo menos duas vezes por semana; tanto os de água doce como salgada são saudáveis. Coma pelo menos uma vez por semana vísceras e miúdos, como o fígado bovino, moela, coração de galinha, entre outros. 6º PASSO: CONSUMA, NO MÁXIMO, UMA PORÇÃO POR DIA DE ÓLEOS VEGETAIS, AZEITE, MANTEIGA OU MARGARINA. Reduza o consumo de alimentos gordurosos, como carnes com gordura aparente, embutidos – salsicha, linguiça, salame, presunto e mortadela –, queijos amarelos, frituras e salgadinhos, para, no máximo, uma vez por semana. Use pequenas quantidades de óleo vegetal quando cozinhar – canola, girassol, milho, algodão e soja. Uma lata de óleo por mês é suficiente para uma família de quatro pessoas. Use azeite de oliva para temperar saladas, sem exagerar na quantidade. 23 Prepare os alimentos de forma a usar pouca quantidade de óleo, como assados, cozidos, ensopados e grelhados. Evite cozinhar com margarina, gordura vegetal ou manteiga. Na hora da compra, dê preferência a margarinas sem gorduras trans (tipo de gordura que faz mal à saúde) ou marcas com menor quantidade desse ingrediente (procure no rótulo essa informação). 7º PASSO: EVITE REFRIGERANTES E SUCOS INDUSTRIALIZADOS, BOLOS, BISCOITOS DOCES E RECHEADOS, SOBREMESAS DOCES E OUTRAS GULOSEIMAS COMO REGRA DA ALIMENTAÇÃO. COMA-OS, NO MÁXIMO, DUAS VEZES POR SEMANA. Consuma no máximo uma porção do grupo dos açúcares e doces por dia. Valorize o sabor natural dos alimentos e das bebidas evitando ou reduzindo o açúcar adicionado a eles. Diminua o consumo de refrigerantes e de sucos industrializados. Prefira bolos, pães e biscoitos doces preparados em casa, com pouca quantidade de gordura e açúcar, sem cobertura ou recheio. 8º PASSO: DIMINUA A QUANTIDADE DE SAL NA COMIDA E RETIRE O SALEIRO DA MESA. A quantidade de sal utilizada deve ser de, no máximo, uma colher de chá rasa por pessoa, distribuída em todas as refeições do dia. Use somente sal iodado. Não use sal para consumo de animais, que é prejudicial à saúde humana. Evite consumir alimentos industrializados com muito sal (sódio) como hambúrguer, presunto, charque e embutidos (salsicha, linguiça, salame, mortadela), salgadinhos industrializados, conservas de vegetais, sopas, molhos e temperos prontos. Leia o rótulo dos alimentos e prefira aqueles com menor quantidade de sódio. Para temperar e valorizar o sabor natural dos alimentos utilize temperos como cheiro verde, alho, cebola e ervas frescas e secas ou suco de frutas, como limão. 24 9º PASSO: BEBA PELO MENOS DOIS LITROS (SEIS A OITO COPOS) DE ÁGUA POR DIA. DÊ PREFERÊNCIA AO CONSUMO DE ÁGUA NOS INTERVALOS DAS REFEIÇÕES. A água é muito importante para o bom funcionamento do organismo. O intestino funciona melhor, a boca se mantém mais úmida e o corpo mais hidratado. Use água tratada, fervida ou filtrada para beber e preparar refeições e sucos. Bebidas açucaradas como refrigerantes e sucos industrializados não devem substituir a água. 10º PASSO: TORNE SUA VIDA MAIS SAUDÁVEL. PRATIQUE PELO MENOS 30 MINUTOS DE ATIVIDADE FÍSICA TODOS OS DIAS E EVITE AS BEBIDAS ALCOÓLICAS E O FUMO. Além da alimentação saudável, a atividade física é importante para manter um peso saudável. Movimente-se! Descubra um tipo de atividade física agradável! O prazer é também fundamental para a saúde. Caminhe, dance, brinque com crianças, faça alguns exercícios leves. Aproveite o espaço doméstico e os espaços públicos próximos a sua casa para movimentar-se. Convide os vizinhos e amigos para acompanhá-lo. Evitar o fumo e o consumo frequente de bebida alcoólica também ajuda a diminuir o risco de doenças graves, como câncer e cirrose, e pode contribuir para melhorar a qualidade de vida. Mantenha o seu peso dentro de limites saudáveis. Veja no quadro a seguir o seu IMC (Índice de Massa Corporal), que mostra se o peso está adequado para a altura. Para calcular, divida o seu peso, em quilogramas, pela sua altura em metros, elevada ao quadrado [P/A2]. Se o seu IMC estiver indicando baixo peso ou sobrepeso, procure a equipe de saúde para receber orientações. 25 20. PORÇÕES DE ALIMENTOS E MEDIDAS CASEIRAS CORRESPONDENTES Fonte: blogsaudenoprato.blogspot.com.br Cada um dos grupos de alimentos trabalhados nos “Dez Passos para uma Alimentação Saudável para Pessoas Idosas” tem recomendações quantificadas, ou seja, um determinado número de porções a serem consumidas por dia. As tabelas que seguem apresentam, para cada grupo, o valor calórico médio de uma porção, exemplos de alimentos e o tamanho de cada porção em medidas caseiras. 26 27 28 29 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecendo e saúde da pessoa idosa. Brasília, 2007 (Caderno de Atenção Básica). ______. Ministério da Saúde. Vigilância alimentar e nutricional - Sisvan: orientações básicas para a coleta, processamento, análise de dados e informação em serviços de saúde. Brasília, 2004. ______. Ministério da Saúde. Viver Mais e Melhor: um guia completo para você melhorar sua saúde e qualidade de vida. 2. ed. Brasília, 2000. 23 p. CAMPOS, M. T. F. S.; COELHO, A. I. M. Alimentação saudável na terceira idade: estratégias úteis. 2. ed. Viçosa: Editora UFV, 2005. 90 p. (Série Soluções). CAMPOS, M. T. F. S. et al. Prática de higiene e manipulação de alimentos. Viçosa: UFV, 1999. 47p. (Boletim de Extensão, n. 41). COELHO, A. I. M. Segurança alimentar em serviços de alimentação. In: MENDONÇA, R. C. S. et al. Microbiologia de alimentos: qualidade e segurança na produção e consumo. Viçosa, MG: Tribuna Editora Gráfica, 2003. p. 9-19. FORSYTHE, S. J. Microbiologia da segurança alimentar. Tradução Maria Carolina Minardi Guimarães e Cristina Leonhardt. Porto Alegre: Artmed, 2002. 424 p. HAYFLICK, L. Como e por que envelhecemos. Tradução Ana Beatriz Rodrigues e Priscilla Martins Celeste. Rio de Janeiro: Campus, 1996. 366 p. Título original: How and why we age. LINGSTRÖM, P. ; MOYNIHAN, P. Nutrition, saliva, and oral health. Nutrition, [S.l.], v. 19, n. 6, p. 567-69, 2003. 30 SHEIHAM, A. et al. The impact of oral health on stated ability to eat certain foods: fi ndings from the national diet and nutrition survey of older people in Great Britain. Gerondontology, [S.l.], v. 16, n. 1, p. 11-20, 2000. DISPONÍVEL EM: http://www.scielo.br/pdf/rbgg/v13n2/a11v13n2.pdf Acesso em: 02/02/2017 Alimentação saudável na experiência de idosos Alimentação saudável na experiência de idosos Débora Martins dos Santos Carina Loureiro Targueta Shirley Donizete Prado Resumo: Procuramos, neste artigo, identificar o que significa alimentação saudável para pessoas idosas e dificuldades encontradas no cotidiano para a incorporação desse conjunto de preceitos. Entrevistamos 202 idosos com mais de 60 anos, a maioria do sexo feminino (93,1%) e frequentadores atuais ou pregressos de atividades da Universidade Aberta da Terceira Idade daUniversidade do Estado do Rio de Janeiro (70,8%). As respostas indicam um ideário que apresenta estreita vinculação à preocupação com a saúde, no sentido de prevenir ou tratar as doenças crônico- degenerativas, com caráter biologicista e medicalizador do ato de comer distanciado do mundo dos desejos e da subjetividade. Dificuldades relativas a poder aquisitivo, vida em família ou na solidão, questões biológicas impostas pelo processo de envelhecimento aparecem como limitantes para a prática regular da alimentação saudável. Acreditamos que, a partir de reflexões sobre essas questões, seja possível enriquecer a noção de alimentação saudável, incluindo efetivamente em seu interior tanto a saúde, quanto a doença, considerando a importância de um diálogo que tenha http://www.scielo.br/pdf/rbgg/v13n2/a11v13n2.pdf 31 especialistas, profissionais de saúde e também idosos como sujeitos, incluídos aí aspectos técnicos e subjetivos na construção de projetos de vida, de projetos de felicidade. QUALIDADE DE VIDA, PROMOÇÃO DA SAÚDE E ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NA VELHICE O aumento do tempo de vida é um fenômeno de grande alcance no mundo todo, caracterizado pelo incremento da ordem de 30 anos na esperança de vida de muitos povos nas décadas recentes. Uma verdadeira revolução envolvendo desafios políticos, econômicos, sociais, demográficos e, de modo especial, nos campos da saúde e da alimentação. No Brasil, peculiaridades devem ser consideradas, uma vez que este nosso país é, historicamente, marcado por fortes desigualdades sociais, por direitos fundamentais (habitação, educação, alimentação, saúde, segurança) ainda longe de serem atendidos, por problemas profundos e complexos com a vasta população jovem, ainda não satisfatoriamente encaminhados. Neste cenário e, em especial, a partir dos anos 1980, discussões importantes passam a ser travadas no Brasil a partir de pesquisas que denunciam a perda do valor social dos velhos, de sua dimensão humana em consequência do desenvolvimento do modelo econômico que reduz o homem à produção e ao consumo puros. A valorização da cidadania em sua plenitude passa a ocupar a agenda de vários pesquisadores que tomam o envelhecimento como tema de suas investigações. Estudos de maior abrangência no campo da Saúde Coletiva enfatizam preocupações com a qualidade de vida dos idosos, tanto no que se refere aos seus aspectos subjetivos (bem-estar, felicidade, amor, prazer, realização pessoal), quanto às suas necessidades básicas mais objetivas da vida. Qualidade de vida definida, nas palavras de Minayo, Hartz e Buss como: uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e à própria estética existencial. Pressupõe a capacidade de efetuar uma síntese cultural de todos os elementos que determinada sociedade considera seu padrão de conforto e bem-estar. O termo abrange muitos significados, que refletem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e coletividades que a ele se 32 reportam em variadas épocas, espaços e histórias diferentes, sendo portanto uma construção social com a marca da relatividade cultural. Interessa-nos a noção de qualidade de vida que, em sua polossemia, admite discussões, para além das predominantes perspectivas funcionais e medicalizadas da velhice, expressas nas perspectivas muito presentes na ideia de qualidade de vida em saúde. Estudo realizado por Vecchia, Ruiz e Bocchi sobre o conceito de qualidade de vida entre idosos brasileiros mostra resultados semelhantes a pesquisas internacionais, onde está presente a valorização do bom relacionamento com a família, com amigos e da participação em organizações sociais; da saúde; de hábitos saudáveis; bem-estar, alegria e amor; de condição financeira estável; do trabalho; da espiritualidade; de praticar trabalhos voluntários e de poder aprender mais. O olhar de velhos brasileiros, sua própria concepção de qualidade de vida se nos mostram também mais afins a essas perspectivas ampliadas: Foram identificados três perfis de idosos no município de Botucatu – SP, segundo a definição que eles deram sobre o que era qualidade de vida: o primeiro mencionou situações referentes a relacionamentos interpessoais, equilíbrio emocional e boa saúde, ou seja, é o idoso que prioriza a questão afetiva e a família; o segundo grupo mencionou hábitos saudáveis, lazer e bens materiais, ou seja, é o idoso que prioriza o prazer e o conforto; e o terceiro grupo, que mencionou espiritualidade, trabalho, retidão e caridade, conhecimento e ambientes favoráveis, poderia ser sintetizado como o idoso que identifica como qualidade de vida conseguir colocar em prática o seu ideário de vida. Também, a ideia de promoção da saúde e prevenção de doenças tem estado bastante presente em pesquisas mais recentes dentro da perspectiva de investimentos nas possibilidades de realização humana na velhice. Promoção da saúde é aqui entendida como o processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo, o que envolve, necessariamente, políticas públicas saudáveis, criação de ambientes favoráveis à saúde, reforço da ação comunitária, desenvolvimento de habilidades pessoais e reorientação do sistema e dos serviços de saúde. Trata-se, então, de uma concepção também mais abrangente de saúde, 33 bastante além da tônica estrita da prevenção e da cura de doenças no espaço ambulatorial e hospitalar, acentuadamente caracterizada pelo uso intensivo de tecnologias de diagnóstico e de intervenção médica que identificam as concepções e práticas voltadas para idoso no mundo moderno. Devemos aqui considerar as reflexões de Ayres, cuidando para não enveredar pelos caminhos da polarização entre saúde e doença, mas tomando os como conceitos diferentes e ao, mesmo tempo, indissociáveis. Nas palavras do autor O que o enfoque hermenêutico da saúde aqui defendido propõe para a reconstrução humanizadora das práticas de saúde é que profissionais, serviços, programas e políticas de saúde estejam mais sensíveis e responsivos ao sucesso prático de suas ações, isto é, que orientem a busca de êxito técnico de suas intervenções na direção apontada pelos projetos de felicidade dos destinatários de suas ações. O campo da Alimentação é rico em possibilidades de realização humana quando tomado como lugar em que se estabelecem relações entre seres humanos mediadas pelo alimento, pela comida. Espaço de interação com a Nutrição – que enfatiza as correspondências entre nutrientes e o corpo biológico normal ou patológico – e com as Ciências dos Alimentos – em seus estudos sobre a composição química dos alimentos, qualidade sanitária e processos de produção. A Alimentação comporta abordagens que vão desde os aspectos relativos a políticas de uso terra e produção, distribuição e comercialização dos alimentos até a escolha coletiva e/ou individual do quê, com quem, onde, como comer, preferências, rejeições, atitudes, práticas alimentares, habitus, comportamentos plenos de representações, significados, simbolismos.17 Comemorações, rituais, desejos, prazeres, cuidados com a saúde, dietas, ideais de beleza corporal, lembranças, finitude; alegrias e tristezas fazem parte, de alguma forma, do universo da Alimentação, que corresponde à noção ampla e potencialmente capaz de abarcar componentes de felicidade, de bem-estar e de segurança presentes no cotidiano de pessoas de todas as idades. Alimentação, importante campo científico, entretanto, vem sendo pouco trabalhado no mundo da ciência positiva, dada a ênfase histórica – e hegemônica mesmo – da Nutrição em sua identidade com o modelo biomédico de conceber 34 processos de saúde-doença-cuidado. Aqui, a tônica é dada pelo estabelecimento dos limitesdaquilo que se pode ou não comer em função de patologias comuns a vida moderna, em especial aos velhos, o que fica bem marcado na noção de alimentação saudável veiculada nos anos recentes. Em maio de 2004, a 57ª Assembleia Mundial da Saúde aprovou a Estratégia Global da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde.18 O discurso enunciado pela OMS no documento oficial que lança a “Estratégia Global” considera o crescente peso que representam as doenças não transmissíveis – principalmente as cardiovasculares, o diabetes tipo 2 e determinados tipos de câncer – o perfil de morbi-mortalidade mundial e a ideia de que a prevenção dessas doenças constitui um desafio muito importante para a saúde pública mundial. Os fatores de risco mais significativos para essas patologias são, segundo a OMS, a hipertensão arterial, a hipercolesterolemia, a insuficiente ingestão de frutas, verduras e legumes, a falta de atividade física e o consumo do tabaco – cinco desses fatores de risco estão estreitamente associados à alimentação pouco saudável e à falta de atividade física. Um enfoque integrado das causas da má alimentação e da diminuição da atividade física contribuiria para reduzir a intensidade dessas doenças no futuro. Garcia discute essa abordagem sobre o conceito de alimentação saudável destacando sua forte associação à visão biológica/metabólica, pautado nas recomendações científicas sobre ingestão de nutrientes necessários à vida e saúde. A Organização Mundial de Saúde recomenda que os países adotem estratégias que visem a alcançar ingestão de nutrientes “dentro dos limites aconselhados”. As recomendações incluem (p.9): • lograr un equilibrio energético y un peso normal; • limitar la ingesta energética procedente de las grasas, sustituir las grasas saturadas por grasas in-saturadas y tratar de eliminar los ácidos grasos trans; • aumentar el consumo de frutas y hortalizas, así como de legumbres, cereales integrales y frutos secos; • limitar la ingesta de azúcares libres; 35 • limitar la ingesta de sal (sodio) de toda procedencia y consumir sal yodada. Nas palavras da autora, “dieta é o termo que melhor traduz o enfoque atual de Alimentação saudável” (p.14) – ou seja, a associação da alimentação com a prevenção de doenças crônico-degenerativas confere ao ato de comer um caráter de medicalização. Isso fica bem expresso quando a alimentação é identificada como causadora das doenças e a sua composição química é hipervalorizada, como nos diz Lifschitz: O rótulo do alimento, indicando sua composição, transforma-se, assim, no equivalente a uma bula (“indicações de uso e contra-indicações”), e o alimento, desagregado em componentes e funções, em medicamento, e, enquanto tal, sujeito à fórmula “serve para...”. São abordagens centradas em premissas biologicistas, tecnicistas, intervencionistas que ignoram – ou, quando muito, mencionam sem efetivamente valorizar – os aspectos sociais e culturais tão fortemente presentes na Alimentação. Parece que se fala de Nutrição e não de Alimentação. Retomando as perspectivas de Ayres14 sobre saúde e doença, devemos aqui cuidar também para não investir na polarização entre Alimentação e Nutrição – menos ainda com se fora um saúde e outro doença – e, sim, buscando as trajetórias que consideram suas diferenças e indissociabilidade na vida cotidiana. Não nos interessa enveredar pela dicotomia que hoje parece se colocar nos debates sobre alimentação saudável tomada como o lugar do confronto entre o ponto de vista biológico, de caráter normativo e disciplinador e as perspectivas mais situadas no campo da cultura, das subjetividades, de caráter simbólico e social. Está no nosso foco buscar rumos que nos orientem para os lugares em que as tentativas de êxitos técnicos da razão instrumental que caracteriza profissionais de saúde e especialistas possam estar em encontro dialógico com os movimentos no sentido de sucessos práticos que identificam os idosos em suas ações cotidianas de construção de projetos de felicidade no que se refere à Alimentação, à Nutrição e aos Alimentos. Procuramos, neste artigo, identificar o que significa alimentação saudável para pessoas idosas e as dificuldades encontradas no cotidiano para a incorporação desse conjunto de preceitos. Talvez, a partir de reflexões sobre essas questões, seja 36 possível enriquecer a noção de alimentação saudável, incluindo efetivamente em seu interior tanto a saúde, quanto a doença, considerando a importância de um diálogo que tenha especialistas, profissionais de saúde e também idosos como sujeitos de seus projetos de vida, incluídos aí aspectos técnicos e subjetivos na construção de projetos de vida, de projetos de felicidade. PERCURSO TEÓRICO-METODOLÓGICO A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) realiza anualmente um evento aberto a toda a comunidade com vistas a divulgar suas atividades denominado UERJ SEM MUROS. Nos anos de 1999 a 2001 entrevistamos todos os idosos que procuraram espontaneamente o stand do nosso Projeto de Extensão Nutrição e Terceira Idade (PNTI) no evento. Adotamos um questionário padronizado com alguns itens fechados – abordando sexo, idade, escolaridade e moradia – e outros mais abertos – sobre significados de alimentação saudável e eventuais dificuldades para manter esse padrão alimentar. Os entrevistadores, alunos do Curso de Graduação em Nutrição, bolsistas do PNTI e estagiários, foram treinados previamente para possibilitar ao entrevistado liberdade de expressão e para transcrever as respostas. Consideramos, para este estudo, a utilização de entrevistas entendidas como “conversa com finalidade”, possibilitando ao entrevistado espaço mais aberto para suas considerações sobre o tema abordado. Tomamos a análise temática como caminho principal para discutir significados presentes nas falas dos idosos entrevistados. Participaram 202 idosos com mais de 60 anos, a maioria do sexo feminino (93,1%) e frequentadores atuais ou pregressos de atividades da UnATI (70,8%). A pesquisa foi conduzida dentro de padrões éticos exigidos pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde em conformidade com o disposto na Resolução CONEP nº 196/96 e encontra- se amparada pelo parecer número 0293/ 2005 do Comitê de Ética da UERJ. ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL: sobre normas instrumentais e projetos de vida e de felicidade Entre os participantes 69,8% referiram o recebimento anterior de orientação nutricional. São, portanto, pessoas que trazem certa bagagem de 37 informações nutricionais e que as expressaram de modo bastante enfático em várias passagens das entrevistas. A noção de alimentação saudável estrutura-se, para os idosos entrevistados, na polarização entre alimentos “bons” e “maus” para a saúde. Entre os primeiros encontram-se as “frutas”, “verduras”, “legumes” e “carnes brancas”. Foram utilizados termos como “rica em”, “máximo de”, “com muito” para se referir a esses alimentos – são expressões que evidenciam a ênfase dada a estes alimentos. Os entrevistados valorizaram as vitaminas, minerais, proteínas e fibras. Algumas falas dos entrevistados que demonstram tal representação: “Legumes de montão!” ( E 7) “Toda enriquecida com bastante verduras e legumes” (E55) “Mais frutas, verduras, legumes, carne branca” (E13) “Valorizar saladas e vegetais” (E16). Por outro lado, termos como evitar, não entra, sem, pouco, o mínimo de, pobre em, foram associados ao consumo de “frituras”, “carnes vermelhas”, “doces”, “massas” e “sal”. Calorias, óleos, gorduras e carboidratos, açúcar e sal apresentaram- se como verdadeiros “vilões” quando se pretende viver com sem doenças ou tendo- as controladas. Algumas falas ilustram essa perspectiva: “Sem gordura e fritura” (E10) “Aquela que não entra gordura” (E51) “Poucocarboidrato, evitar açúcar” (E12) Esses dados coincidem com os encontrados por Garcia. Em seu estudo, com indivíduos adultos funcionários públicos, nos diz a autora. No que diz respeito à qualificação da dieta, as gorduras, indistintamente saturadas e insaturadas e o colesterol são considerados os principais vilões da Alimentação prejudicial à saúde. Considera-se como prática alimentar “saudável” comer mais vegetais e frutas. O arroz e feijão aparecem como base da dieta, mas não entram como parte do discurso do que seria “saudável”, aparecem muito vagamente com caráter negativo, quando sob a égide da saúde. Também foram evidenciadas nas entrevistas falas que incorporaram o “comer de tudo com moderação”, “reúne todos os nutrientes”, “tem que ser balanceada”. 38 Uma leitura poderia nos dizer de regras gerais rígidas, inflexíveis, onde não deve haver lugar para alimentos maus que levam a doenças e somente os bons, ou seja, os que não causam doenças, devem ser ingeridos. Aqui podemos trazer à baila as muito usadas listas de alimentos proibidos e permitidos tão presentes nos consultórios médicos e de nutricionistas, como em palestras, matérias educativos distribuídos em eventos associados a prevenção de doenças ou, ainda, em revistas e programas de rádio e televisão quando lidam com a temática aqui em questão. Trata-se de um ideário que apresenta estreita vinculação à preocupação com a saúde, no sentido de prevenir ou tratar as doenças crônicodegenerativas, com caráter biologicista e medicalizador do ato de comer. O simbolismo mais presente é a restrição e o inatingível. Como afirma Garcia “... o que norteia a concepção de Alimentação saudável atual é aquilo que ela pode eventualmente evitar.” Tal premissa se sustenta nas recomendações científicas e na competência do profissional, que define o que é certo ou errado. Como pode ser observado nos trechos a seguir: A educação nutricional visa à melhoria da saúde pela promoção de hábitos adequados, eliminação de práticas dietéticas insatisfatórias, introdução de melhores práticas higiênicas e uso mais eficiente dos recursos alimentares. A educação nutricional, por sua vez, incentiva o consumo de alimentos naturais, frutas, hortaliças e recomenda evitar as guloseimas, as gorduras saturadas e os alimentos artificiais. Sob a égide nutricional dos proibidos e permitidos, a alimentação fica restrita a um mundo de erros e acertos, perdendo em perspectivas de viabilidade social e de sua riqueza cultural, além de distanciada do mundo dos desejos e da subjetividade. Resulta, ao significar prevenção ou tratamento de doença, em sentido controlador de riscos inexoráveis de incapacidade, dependência e morte. Errar aqui é, nos termos colocados pelo modelo nutricional biomédico, reduzir o tempo de vida independente. O mundo idealizado da racionalidade nutricional encontra-se largamente disseminado entre idosos que frequentam serviços de saúde, um dos lugares onde entram em contato com as informações sobre alimentação saudável concebidas a partir desse paradigma biomédico. A se tomar por base as falas dos idosos 39 entrevistados neste estudo, alimentação saudável corresponderia a comer diariamente peixe ou frango magros cozidos, grelhados ou assados acompanhados de legumes cozidos em água (e tudo com pouco ou nenhum sal), verduras e frutas. O modelo nutricional idealizado, onde as dificuldades para manter a alimentação saudável em suas regras de alimentos bons e maus fazem com que o número de anos de vida sem doença apareça distanciado da visão ampliada da saúde, que incorpora a garantia de prazer e felicidade ao alimentar-se. Tentando ir um além do ideal da nutrição balanceada ou equilibrada construída sobre o pilar da moderação na ingestão dos alimentos permitidos – uma vez que os proibidos não encontram lugar nesse terreno árido – procuramos explorar percepções de idosos perguntando sobre eventuais dificuldades que encontrariam para a prática de uma alimentação saudável.Na esfera socioeconômica aparecem os recursos financeiros, ilustrado nas falas a seguir: “Comprar os alimentos... a família é grande” ( E 7) “Dinheiro, porque às vezes o dinheiro não dá para comprar o que é saudável” (E24) E também a estrutura familiar é relatada como um fator importante. De um lado, viver com filhos, netos e marido envolve lidar e administrar diferentes necessidades e gostos; de outro, a desmotivação do comer só: “Problemas familiares, gostos distintos” (E84) “Moro sozinha, que tira a motivação para fazer comida” (E91) Também em relação a este aspecto houve vários relatos que apontam para a estrutura social e a nova organização da alimentação: o comer na rua, nas festas, na casa de parentes. As “preferências” e “gostos” também devem ser considerados como uma dificuldade. Garcia entende que as práticas são marcadas pela ambiguidade e conflito entre a preocupação com a saúde e o atendimento ao desejo/paladar individual (1997). Pode-se observar nas falas a seguir: “Como o que eu tenho vontade” (E16) “Não gosto de couve, brócolis, couve-flor” ( E 3) “Gosto mais de massas, frituras” (E61) 40 Um último tópico, e não menos importante, refere-se às limitações biológicas impostas pelo processo de envelhecimento. Dificuldades de locomoção, interferindo diretamente na compra dos alimentos, redução de paladar e alterações digestivas foram citadas. Esse conjunto de dificuldades para manter o ideal nutricional ancorado no paradigma biomédico e apresentado pelos idosos como “alimentação saudável” nos coloca mais próximos das suas experiências de vida e, talvez, de uma ampla parcela da população. Longe de se mostrarem obstáculos, para nós, correspondem a nortes importantes que podem nos auxiliar nas reflexões sobre qualidade de vida, promoção da saúde e projetos de viver bem. Essas dificuldades nos dizem da necessidade de identificar novos modos de operar no cotidiano do cuidado, enfatizando que, quando se trata de idosos, alguma(s) doença(s) geralmente está(ão) presente(s). Falam da necessidade de entender o indivíduo nas suas relações, na sua vida, seus diferentes rituais alimentares e mudanças nas práticas proporcionadas pela sua inserção em diferentes grupos. E ainda a tradição, a infância, a história vivida, as quais deixam marcas importantes na nossa memória alimentar. Tudo isso em meio a hipertensões, diabetes, cardiopatias, obesidades, medo de ficar dependendo de familiares, medo de comer alimentos contaminados por agrotóxicos, cheios de hormônios, corantes, prazos de validade duvidoso... Medo de morrer já que, entre idosos, a finitude é questão cada vez mais presente com o passar do tempo. Quais seriam os projetos de vida e de felicidade de pessoas idosas e como o comer participa desse devir? Como pensar uma alimentação que considere os conhecimentos instrumentais presentes nos parâmetros nutricionais e que ao mesmo tempo venha a dar conta de planos de bem viver, aos projetos de felicidade aos 63, 87, 94 ou 105 anos? Como encaminhar ações em que questões alimentares e nutricionais devam ser tratadas buscando-se compreender sua complexidade no cotidiano dos idosos, sem perder vista a busca por qualidade de vida, promoção da saúde, tratamento de doenças e os projetos de boa vida e de felicidade desses sujeitos e dos profissionais de saúde e especialistas? 41 Questões complexas para as quais, seguindo os caminhos indicados em Ayres, nos aventuramos a apresentar algumas proposições. Um eixo central para desenhos nesse campo corresponde ao diálogo. Nas palavras do autor: Evidentemente não nos referimos aqui ao diálogo como mero recurso para obtenção de informações requeridas pelo manejo instrumental do adoecimento, forma de produzir uma narrativa estruturada segundo esse interesse, que é o modelo típico da anamnese clássica. O sentido forte de diálogona perspectiva hermenêutica é o de fusão de horizontes (GADAMER, 2004), isto é, de produção de compartilhamentos, de familiarização e apropriação mútua do que até então nos era desconhecido no outro, ou apenas supostamente conhecido. Não basta, nesse caso, apenas fazer o outro falar sobre aquilo que eu, profissional de saúde, sei que é relevante saber. É preciso também ouvir o que o outro, que demanda o cuidado, mostra ser indispensável que ambos saibamos para que possamos colocar os recursos técnicos existentes a serviço dos sucessos práticos almejados (Grifo do autor, p. 58). Por esse caminho, podemos considerar a possibilidade de perguntar ao idoso, por exemplo: “O que acha de sua alimentação nessa etapa de vida e diante de sua condição de saúde?” ou “O que pensa que posso fazer para ajudá-lo em sua alimentação?”. Ao proceder dessa forma mais aberta, mais disponível a ouvir e a trocar, o profissional pode estar operando de modo a possibilitar a fusão entre racionalidade instrumental e perspectivas práticas, num movimento de superação das dificuldades enfrentadas, ali colocadas e recolocadas a nu, a cada encontro, para ambos, como um desafio, um projeto em permanente re-elaboração. Nesse processo, olhares atentos, gestos que acolhem, ações que denotam respeito e consideração são absolutamente inovadores, posturas que demonstram conhecimento técnico e, ao mesmo tempo, disponibilidade para adaptações a culturas diferentes, desejos, limitações identificadas podem propiciar o encontro de subjetividades e o delineamento de projetos de vida e de felicidade para ambas as partes envolvidas, além de outras partes com cuidadores que devem ter lugar assegurado, tanto quanto profissionais ou usuários idosos de serviços de saúde. 42 Com outras características mais pertinentes, o mesmo pode ser pensado para ações que envolvem populações de idosos que vivem em instituições asilares ou que se destinem a grupos populacionais outros. REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES Camarano AA, organizador. Muito além dos 60: os novos idosos brasileiros. Rio de Janeiro: IPEA; 1999. Veras RP, Caldas PC. Promovendo a saúde e a cidadania do idoso: o movimento das universidades da terceira idade. 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