Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fernanda Mussalim Doutora e Mestre em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Graduada em Letras pela Unicamp. Docente da Uni- versidade Federal de Uberlândia, atua na graduação e na pós-graduação do Instituto de Letras e Linguística dessa universidade. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Os estudos linguísticos do século XIX: a gramática comparada e histórica Primeiras considerações O século XIX em Linguística caracterizou-se pelos estudos comparatistas e históricos da língua. Esses estudos desenvolveram um método de manipulação de dados linguísticos enquanto dados lin- guísticos e trataram, pela primeira vez, a linguagem em si mesma e por si mesma, sem abordá-la em função de outros projetos, ou seja, sem subordiná-la ao estudo da retórica, da lógica, da poética ou da filosofia. O início desses estudos do século XIX se deu a partir da descoberta da língua brahmi (sânscrito) por eruditos e tradutores ingleses, no final do século XVIII. William Jones (1746-1794), promotor inglês da Sociedade Asiática e juiz que exercia seu ofício na burocracia colonial em Calcutá, ao entrar em contato com o sânscrito (1786), percebeu que essa língua, o latim e o grego apresentavam muitas afi- nidades tanto nas raízes dos verbos quanto nas formas gramaticais. A partir dessas observações, Jones levantou a hipótese de que tantas e tão grandes semelhanças não poderiam ser atribuídas ao acaso: ao contrário, deveriam servir de evidência de que essas três línguas tinham uma origem comum. Esse evento acaba por desencadear na Europa um movimento de estudos comparativos e histó- ricos. Nesses estudos, essa mesma constatação a que chegou Jones foi recuperada por vários pesqui- sadores, dando origem a um grande desenvolvimento no conhecimento sobre a linguagem e sobre a formação das línguas. Esse trabalho investigativo também permitiu que fosse agrupada uma grande quantidade de dados linguísticos, além de possibilitar que se incorporassem aos estudos da linguagem, de modo definitivo, alguns princípios: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 28 | o de que é possível, por meio da comparação dos elementos gramaticais das línguas:::: 1, estabe- lecer as correspondências formais entre elas; o de que as línguas mudam no tempo;:::: o de que é possível relacionar grupos de línguas, por elas terem uma demonstrável origem :::: comum (a metáfora de famílias de línguas é formulada nesse contexto); o de que é possível reconstruir, por comparações e inferências, vários aspectos desses estágios :::: anteriores não documentados. O sucesso inicial desse empreendimento comparativo e histórico foi muito grande, mas o seu efeito foi ainda maior. As correspondências encontradas entre as línguas estudadas eram apresentadas em enunciados descritivos que tinham, conforme descreve Faraco (2004, p. 30), mais ou menos a se- guinte forma: “Dados os elementos a, b, c numa língua X e o contexto estrutural E, resultaram, na língua Y ou na subfamília W, as mudanças p, q, r.” Esse tipo de enunciado, definidor de bloco de correspondências entre as línguas e bem caracte- rístico dos estudos histórico-comparativos, “vai favorecer a construção da ideia da imanência, isto é, da ideia de que fatos linguísticos são condicionados só e apenas por fatos linguísticos” (FARACO, 2004, p. 31), o que será decisivo para a fundação da Linguística como um campo científico de estudos da lingua- gem, cujo marco simbólico é o trabalho de William Jones, em 17862. A construção da ideia de imanência pode ser observada na intuição, que perpassou todo o sécu- lo XIX, de que as línguas humanas são totalidades organizadas. Essa intuição teve uma formulação no trabalho de A. Schleicher (1821-1867), botânico de formação e adepto do pensamento evolucionista de sua época, que concebia a língua como um organismo vivo “com existência própria independente de seus falantes, sendo sua história vista como uma ‘história natural’, isto é, como um fluxo que se realiza por força de princípios invariáveis e idênticos às leis da natureza” (FARACO, 2004, p. 33). Essa concepção de língua de Schleicher é extremamente coerente com sua posição teórica frente à Linguística: para ele, a Linguística pertence às ciências naturais e sua cientificidade decorre disso. Uma outra formulação da intuição de que as línguas são totalidades organizadas aparece no tra- balho de W. D. Whitney (1827-1894). O linguista concebe que cada língua é uma instituição social, que funciona, portanto, de acordo com leis próprias. Ferdinand Saussure admirava muito essa formulação de Whitney a ponto de assumi-la no seu Curso de Linguística Geral, desenvolvendo-a e levando-a às últi- mas consequências – no interior de sua proposta teórica, obviamente. Na verdade, como analisa Faraco (2004), é Saussure que dará o arremate ao senso de sistema autônomo que atravessou o século XIX, elaborando a ideia de que a língua é um sistema de signos independente. Feitas essas considerações, apresentaremos, a seguir, um pouco do debate teórico do século XIX, a partir das formulações e reformulações em torno da problemática da mudança linguística. Para tanto, seguiremos Faraco (2004; 2005). 1 Por isso a denominação gramática comparada. 2 O marco simbólico da fundação da Linguística enquanto ciência é 1786 (século XVIII), com o trabalho de William Jones. O marco simbólico da fundação da Linguística moderna é 1916 (século XX), com a publicação do Curso de Linguística Geral, de Ferdinand Saussure. Os estudos linguísticos do século XIX: a gramática comparada e histórica Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 29| Um pouco do debate: formulações e reformulações em torno da problemática da mudança linguística De acordo com Faraco (2004), na sequência da apresentação dos resultados do trabalho de William Jones, houve uma verdadeira febre de estudos sânscritos: escreveram-se gramáticas e dicionários; :::: fundou-se, em 1795 em Paris, a Escola de Estudos Orientais, centro importante de investigação :::: histórico-comparativa; Friedrich Schlegel (1772-1829) e Franz Bopp (1791-1867), intelectuais que estudaram na Escola :::: de Estudos Orientais, desenvolveram a chamada gramática comparativa; F. Schlegel publicou, em 1808, seu texto :::: Sobre a língua e a sabedoria dos hindus, que é conside- rado o ponto de partida dos estudos comparativos germânicos; F. Bopp publicou, em 1816, seu livro :::: Sobre o Sistema de Conjugação da Língua Sânscrita em Comparação com o da Língua Grega, Latina, Persa e Germânica, em que, pela comparação detalhada da morfologia verbal de cada uma dessas línguas, demonstrou as correspon- dências sistemáticas que havia entre elas, fundamento para se revelar empiricamente seu efetivo parentesco. Todos esses estudos criaram o método comparativo, procedimento central nos estudos de linguística histórica. A partir do método comparativo, descreve-se uma língua (sua forma fonética, sua organização sintática etc.) não por meio de uma análise interna dela mesma, mas pela comparação com outras diferentes línguas. O estudo propriamente histórico, entretanto, estabeleceu-se apenas mais tarde, com Jacob Grimm (1785-1863), um dos irmãos que ficaram famosos como coletadores de histórias infantis tradicio- nais. Em seu livro Deutsche Grammatik, Grimm interpretou a existência de correspondências fonéticas sistemáticas entre as línguas como resultado de mutações regulares no tempo. O estudioso chegou a essa conclusão após analisar o grupo germânico das línguas indo-europeias, que tinha seus dados distribu- ídos em uma sequência de 14 séculos, o que possibilitou o estabelecimento da sucessão histórica das formas que estava comparando. A partir de seus estudos, ficou claro, afirma Faraco (2004, p. 33), “que a sistematicidade das correspondências entre as línguastinha a ver com o fluxo histórico e, mais especifi- camente, com a regularidade dos processos de mudança linguística”. Há, portanto, uma diferença importante entre o trabalho de Bopp, anteriormente citado, em que o linguista buscava estabelecer o parentesco entre as línguas a partir do estudo de textos de diferentes línguas, sem, entretanto, pretender seguir nenhuma cronologia entre eles, e o trabalho de Grimm, que, diferentemente, pretendia estabelecer a sucessão das formas que descrevia. Essa foi a primeira altera- ção substancial que ocorreu no direcionamento dos estudos linguísticos do século XIX. No último quarto desse século, ocorreu também uma nova alteração nesse direcionamento. Uma nova geração de linguistas relacionados com a Universidade de Leipzig propôs um novo programa de pesquisa questionando os pressupostos tradicionais da prática histórico-comparativa e estabelecendo uma orientação metodológica diferente, bem como um conjunto de postulados teóricos para a inter- pretação da mudança linguística. O ano de 1878 é considerado o marco inicial desse novo movimento teórico, que ficou conhecido como o movimento neogramático. Nesse ano, ocorreu a publicação do Os estudos linguísticos do século XIX: a gramática comparada e histórica Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 30 | primeiro número da revista fundada por Hermann Osthoff (1847-1909) e Karl Brugmann (1849-1919), intitulada Investigações morfológicas. O prefácio, assinado pelos dois autores, é tido como o manifesto neogramático. Conforme nos relata Faraco (2004), nesse prefácio Osthoff e Brugman criticaram a con- cepção de língua que a via como possuindo uma existência independente e postularam que, em vez disso, a língua deveria ser vista como ligada ao indivíduo falante, porque as mudanças linguísticas se originam nele. Esse postulado introduziu uma orientação psicológica subjetivista na interpretação dos fenômenos de mudança. Osthoff e Brugman também afirmavam que o objetivo principal do pesquisador não era chegar à língua original indo-europeia (uma criação hipotética), mas apreender a natureza da mudança, a partir do estudo de línguas vivas atuais. Isso porque o que lhes interessava era investigar os mecanismos da mudança e, a partir deles, desvendar os princípios gerais do movimento histórico das línguas e não apenas reconstruir estágios remotos das mesmas. Nesse sentido, avalia Faraco (2004, p. 35), o que se tem aqui é uma perspectiva diferente para os estudos históricos: “trata-se antes de criar uma teoria da mudança do que apenas arrolar correspondências sistemáticas entre línguas e, a partir delas, recons- truir o passado”. Para estabelecer seus postulados, portanto, os dois autores criticaram tanto o objetivo central, quanto o pressuposto de independência das línguas, formulados pela geração de linguistas anterior. Osthoff e Brugman criticavam ainda, em seus antecessores, o fato de eles facilmente interpretarem as irregularidades percebidas no processo da mudança linguística como exceções fortuitas e casuais. De acordo com os neogramáticos, interpretar as irregularidades dessa maneira significaria admitir que as línguas não são suscetíveis de estudo científico. Contrapondo-se a essa situação, eles estabelece- ram que “as mudanças sonoras se davam num processo de regularidade absoluta, isto é, as mudanças afetavam a mesma unidade fônica em todas as suas ocorrências, no mesmo ambiente, em todas as palavras, não admitindo exceções” (FARACO, 2004, p. 35). Se houvesse exceções, isso ocorreria por um dos dois motivos: o princípio efetivo ainda não tinha sido descoberto; :::: a regularidade da mudança tinha sido afetada pelo processo de :::: analogia. A hipótese de que, se houvesse exceções era porque o princípio da mudança ainda não tinha sido descoberto, foi inspirada, conforme Faraco (2005), pelo trabalho de Karl Verner (1846-1896). Explicaremos em que sentido. Jacob Grimm havia formulado um princípio sobre a mudança linguística que ficou conhecido como a lei de Grimm. O linguista postulou, para o germânico, uma mutação que adveio do período pré-histórico dessa língua. Essa mutação foi resumida por Lyons (apud PAVEAU; SARFATI, 2006, p. 13) da seguinte maneira: “As consoantes aspiradas indo-europeias (bh, dh, gh) tornaram-se não aspiradas (b, d, g); as con- soantes sonoras (b, d, g) tornaram-se surdas (p, t, k); e as consoantes surdas (p, t, k) tornaram-se aspiradas (f, th3, h).” Essa série de correspondências atesta um mecanismo de mutação de consoantes, o que permitiu que Grimm formulasse o pressuposto de que “a mudança fonética é uma tendência geral” (PAVEAU; SARFATI, 2006, p. 13), apesar de não ocorrer sempre que há condições para isso. Verner, por sua vez, es- 3 O símbolo /th/ é equivalente ao /θ/, que usaremos a seguir. Esse fonema representa o som do th no inglês (por exemplo, em think). Os estudos linguísticos do século XIX: a gramática comparada e histórica Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 31| tudando também a mutação das consoantes no ramo germânico das línguas indo-europeias, demons- trou que as exceções – isto é, os casos em que, para Grimm, supostamente não ocorre a mudança – eram apenas aparentes. Em um artigo de 1875, Verner mostrou que as consoantes do indo-europeu /p/ /t/ /k/ haviam se transformado em /f/ /θ/ /h/, no ramo germânico, somente quando, no indo-europeu, as consoantes não ocorriam depois de sílabas fracas. Se, entretanto, ocorressem antes de sílabas fracas, /p/ /t/ /k/ se transformariam em /b/ /d/ /g/. Desse modo, o linguista pôde demonstrar que [...] as mudanças não haviam afetado uniformemente aquelas três unidades tomadas em si (como estava na formulação de Grimm): na verdade, elas haviam passado por processos diferentes de mudança (mas ainda regulares) conforme sua ocorrência num ou noutro tipo de contexto linguístico. (FARACO, 2005, p. 142) Essa formulação, que introduzia o ambiente linguístico das unidades como condicionante do tipo de mudança que elas sofreriam, recebeu o nome de lei de Verner. Tal lei, além de reforçar a confiança dos linguistas no princípio da regularidade da mudança, também inspirou a hipótese dos neogramáticos, já referida anteriormente, de que a regularidade da mudança sonora era absoluta, pois estava subordinada a leis – chamadas leis fonéticas – que não admitiam exceções: as leis se aplicariam a todos os casos subme- tidos às mesmas condições. Isso fez com que os linguistas buscassem formulá-las com precisão ou, então, em último caso, fornecessem boas explicações para os casos das palavras que deveriam ter sido alteradas conforme determinadas leis fonéticas, mas não foram. A “boa explicação” que formularam para tais casos foi que a regularidade da mudança é, conforme já apontado, afetada pelo princípio de analogia. A mudança por analogia era entendida como a alteração na forma fonética de certos elementos de uma língua por interferência de seus paradigmas gramaticais regulares. Ou seja: quando uma mu- dança sonora ocorresse em um elemento e afetasse certos padrões gramaticais, era possível “retificar” isso, mudando a forma resultante da mudança, de maneira a colocá-la nos moldes dos padrões gra- maticais regulares da língua. Como exemplo, consideraremos a palavra latina honor e algumas de suas formas de declinação: honos – honosis, honosem honos – honoris, honorem De acordo com os estudos comparativistas, o s original, reconstruído do indo-europeu, manteve-se tanto em posição final quanto em posição inicial de palavra. Em posição intervocálica, no entanto, mudou para r. Desse modo, de uma fase anterior, em que ocorria somente s (honos – honosis, honoses), passou-se a uma fase em que o s só era encontrado em posição final de palavra. Nos demais contextos, s transformava- -se em r (honos – honoris, honorem). Essa é a lei fonética que explica essa mudança.Como explicar, então, que em latim não temos honos, mas honor? Como explicar essa irregula- ridade? Explica-se pelo princípio da analogia. A lei da mudança fonética, sempre aplicada a todos os casos, gera honos, mas, devido à pressão exercida pelo padrão morfológico da língua, em relação às pa- lavras terminadas em r (como cultor, cultoris; amor, amoris; labor, laboris), honos transforma-se em honor. Ou seja, a lei fonética é aplicada gerando honos (portanto não há exceções nem irregularidades no plano fônico) e, por analogia, é que se chega à forma honor. É por essa razão que, para os neogramáticos, as exceções às leis fonéticas eram apenas aparentes. Esse rigor metodológico dos neogramáticos no enfrentamento dos problemas da mudança lin- guística foi muito importante no desenvolvimento da linguística histórica, pois introduziu “o desafio de que os resíduos deviam receber uma análise completa, não aceitando que fossem vistos como meros Os estudos linguísticos do século XIX: a gramática comparada e histórica Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 32 | desvios ou ocorrências casuais, fortuitas” (FARACO, 2004, p. 37). Entretanto, os estudos empíricos vie- ram mostrar que a realidade da história das línguas é muito mais complexa e, por isso, soluções para fenômenos irregulares, por meio de conceitos como o da analogia, ou por meio de qualquer outro de caráter puramente interno, não auxiliam muito no real desvendamento dessa complexidade. É preciso, como apontaram as diversas críticas feitas aos neogramáticos, que se assuma um arcabouço teórico que também leve em conta, para a compreensão dos fenômenos da mudança linguística, as relações entre língua e sociedade, tal como têm considerado os estudos de sociolinguística. O imanentismo, para esclarecer fenômenos relacionados à história das línguas acaba por obscurecer a compreensão de tais fenômenos. Um outro ponto também bastante questionado na proposta dos neogramáticos diz respeito ao psicologismo e ao subjetivismo que estavam na base da concepção desses teóricos. A redução da lín- gua à psique individual (as mudanças linguísticas se originam nos falantes), explica Faraco (2004, p. 38), “simplifica as questões, ao desconsiderar as complexas questões que estão envolvidas na constituição e funcionamento da psique, em especial a tensão entre o social e o individual”. Texto complementar Características da mudança (FARACO, 2005, p. 44-51) [...] Vamos agora discutir algumas características dessa mudança, esclarecendo certos concei- tos que são hoje mais ou menos consensuais entre os linguistas e que, muitas vezes, colidem com tradicionais julgamentos do chamado senso comum, isto é, com as representações que se têm da realidade linguística em contextos não científicos. [...] A mudança é contínua A primeira característica é que a mudança se dá em todas as línguas. É próprio de todas elas – como, aliás, de qualquer outra realidade humana e até mesmo da natureza em geral, como nos mostram geólogos e biólogos – passar por transformações no correr do tempo, mutabilidade que se dá de forma contínua, ininterrupta. Assim, cada estado de língua, definível no presente e em qualquer ponto do passado, é sem- pre resultado de um longo e contínuo processo histórico; do mesmo modo que, em cada momento do tempo, as mudanças estão ocorrendo, ainda que imperceptíveis aos falantes. Dessa maneira, se o português do século XIII era diferente do português de hoje, o português do futuro será diferente do de hoje: entre eles há um ininterrupto processo de mudança. É óbvio que, se uma língua deixar de ser falada, ela não conhecerá mais, por isso mesmo, mudanças. O desaparecimento de uma língua é resultado do desaparecimento da própria so- Os estudos linguísticos do século XIX: a gramática comparada e histórica Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 33| ciedade que a fala, ou porque integralmente aniquilada, como no caso de muitas sociedades indígenas no Brasil desde 1500; ou porque progressiva e completamente assimilada por outra, como no caso da assimilação da sociedade etrusca pela romana no século III a.C. Nesses casos, o desaparecimento total da língua interrompe o fluxo histórico. Diferente é, porém, a situação de línguas como o latim. Nenhuma sociedade fala hoje o latim propriamente dito. Contudo, de certa maneira, ele continua sendo falado, embora de forma bastante alterada, pelas sociedades que falam as chamadas línguas românicas como o português, o espanhol, o francês, o italiano, o romeno, o sardo, o catalão. Nesse caso, embora se possa dizer que o latim está há muito extinto, o fluxo histórico nunca se interrompeu: houve um longo, complexo e, principalmente, ininterrupto processo histórico de transformações do latim que resultou nas diferentes línguas românicas. Da mesma forma, o latim era um estágio de uma história ininterrupta que recua às remotas e perdidas origens pré-históricas dos povos indo-europeus. O que era nesse longínquo ponto do tempo apenas um conjunto de variedades dialetais é hoje um emaranhado universo de línguas raramente compreensíveis entre si, resultado de milênios e milênios de ininterruptas mudanças e de contínua diferenciação. A mudança é lenta e gradual O que deve ficar claro, nessa altura, é que se, de um lado, a mudança linguística é contínua como estamos discutindo; ela é, por outro lado, lenta e gradual, isto é, a mudança nunca se dá abrup- tamente, do dia para a noite. Ao mesmo tempo, a mudança de uma língua para a outra, ou de um estágio de língua para outro, nunca ocorre de forma global e integral: as mudanças vão ocorrendo gradativamente, isto é, vão atingindo partes da língua e não o seu conjunto; e mais: a gradualidade do processo histórico se evidencia ainda pelo fato de que a substituição de uma forma (x) por outra (y) passa sempre por fases intermediárias. Há o momento (quase sempre longo) em que o x e y co- existem como variantes; depois há o momento (também normalmente longo) da luta entre o x e y seguida do desaparecimento de x e da implementação hegemônica de y. Daí se dizer, em linguística histórica, que a mudança não é discreta, ou seja, x não é trocado diretamente e de imediato por y; ao contrário, há sempre, no processo histórico, períodos de coexis- tência e concorrência das formas em variação até a vitória de uma sobre a outra. Por isso, nunca é possível dizer que num determinado momento o latim, por exemplo, deixou repentinamente de ser falado e foi integralmente substituído pelo português: as mudanças foram lenta, gradual e continuamente ocorrendo e resultaram, ao cabo de vários séculos, numa forma de falar que, identificada com o Estado que se formou no ocidente da Península Ibérica, terminou por receber o nome de português. Ou, dito de outra maneira e usando as palavras de Câmara Jr., [...] é inconcebível, por exemplo, que de súbito, no território lusitânico da Península Ibérica, uma forma latina como lupum pudesse ter passado imediatamente para lobo, sem a longa cadeia evolutiva que na realidade se verificou. (1972a, pp. 35-36) [...] Os estudos linguísticos do século XIX: a gramática comparada e histórica Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 34 | Costuma-se justificar a lentidão e a gradualidade da mudança linguística com fundamento na necessidade dos falantes de terem a intercomunicação permanentemente garantida. Nessa linha de raciocínio, mudanças abruptas e repentinas são impossíveis, pois se, ocorressem, destruiriam as próprias bases de interação socioverbal. Não há, nesse sentido, na história das línguas, momentos de transformações radicais, num ponto bem localizado do tempo, de uma estrutura linguística. O que há é um processo contínuo e ininterrupto, mas lento e gradual, de mudança. O que pode haver são períodos em que as mudanças parecemse intensificar. Exemplo disso são as muitas mudanças por que passou o inglês durante o século e meio posterior à conquista da Inglaterra pelos normandos de 1066, época em que a língua da administração e da classe dominante foi o francês. Mesmo aí, porém, o processo de mudanças, embora relativamente mais rápido, foi apenas gradual (atingiu partes da língua) e suficientemente lento, a ponto de nunca inviabilizar a interação socioverbal. [...] A mudança é (relativamente) regular Outro aspecto que caracteriza a mudança linguística é a sua regularidade. Isso quer dizer que, dadas as mesmas condições (isto é, no mesmo contexto linguístico, no mesmo período de tempo e na mesma língua ou variedade de uma língua), um elemento – quando em processo de mudança – é, progressiva e normalmente, alcançado em todas as suas ocorrências. Em outras palavras, observa-se que as mudanças linguísticas não são fortuitas, nem se dão a esmo, sem rumo. Desencadeada a mudança, há regularidade e generalidade no processo, atingindo de forma bastante sistemática o mesmo elemento, dadas as mesmas condições, em todas as suas ocorrências. Assim, por exemplo, os encontros consonantais /kl-/ e /pl-/ do latim se transmudaram regu- larmente, quando no início da palavra, na consoante / -/ em espanhol (grafada ll) e na consoante / -/ em português (grafada ch), como se pode observar pela seguinte listagem de correspondências: Latim Espanhol Português Clamare llamar chamar clave llave chave plenu lleno cheio plicare llegar chegar A regularidade observada na mudança linguística nos permite estabelecer correspondências sistemáticas entre duas ou mais línguas ou entre dois ou mais estágios da mesma língua, tornando assim possível a reconstituição da história. Foram justamente essas correspondências sistemáticas que forneceram a base inicial para a constituição da reflexão histórica em linguística. Foi a partir da percepção da sistematicidade Os estudos linguísticos do século XIX: a gramática comparada e histórica Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 35| de correspondências entre línguas diferentes que se chegou, no início do século XIX, ao chamado método comparativo [...], com o qual foi possível revelar cientificamente o efetivo parentesco en- tre línguas, reuni-las em grupos (metaforicamente chamados de famílias) e reconstituir aspectos de seus estágios anteriores comuns. Foi nesse mesmo processo – à medida que também se percebeu ser a sistematicidade dessas correspondências resultado de sucessivas mudanças no eixo do tempo – que se construíram os es- tudos propriamente históricos. [...] Deve ficar claro, nesse ponto, que, embora a regularidade seja uma característica da mudança linguística, ela nunca deve ser entendida como absoluta. Estudos linguísticos 1. Enumere os princípios incorporados aos estudos da linguagem a partir do trabalho investigativo comparativo e histórico. Os estudos linguísticos do século XIX: a gramática comparada e histórica Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 36 | 2. Qual a concepção de língua subjacente nos estudos realizados pelos neogramáticos? 3. A ideia de imanência atravessou todo o século XIX. Cite dois trabalhos que deram uma formulação para a intuição de que as línguas humanas são totalidades organizadas. Os estudos linguísticos do século XIX: a gramática comparada e histórica Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 37| 4. O procedimento central nos estudos de Linguística Histórica foi o método comparativo. O que se podia fazer a partir desse método? Os estudos linguísticos do século XIX: a gramática comparada e histórica Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 38 | Gabarito 1. A partir dos estudos comparativos e históricos, os seguintes princípios foram incorporados aos estudos da linguagem: o de que é possível, por meio da comparação dos elementos gramaticais das línguas, estabelecer as correspondências formais entre elas; o de que as línguas mudam no tempo; o de que é possível relacionar grupos de línguas, por elas terem uma demonstrável origem comum; e o de que é possível reconstruir, por comparações e inferências, vários aspectos desses estágios anteriores não documentados. 2. Os neogramáticos postulavam que a língua deveria ser vista como ligada ao indivíduo falante porque as mudanças linguísticas se originam nele. Esse postulado, diferentemente da orientação histórico-comparativa anterior, introduziu uma orientação psicológica subjetivista na interpreta- ção dos fenômenos de mudança. 3. A intuição de que as línguas são totalidades organizadas teve uma formulação no trabalho do botânico A. Schleicher, para quem a língua era como um organismo vivo com existência própria, independente de seus falantes, e outra no trabalho de W. D. Whitney, que concebia a língua como uma instituição social, cujo funcionamento é regido por leis próprias. 4. O método comparativo permitia a descrição de uma língua (sua forma fonética, sua organização sin- tática etc.) não por meio de uma análise interna dela mesma, mas pela comparação com diferentes línguas. Os estudos linguísticos do século XIX: a gramática comparada e histórica Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Referências ALTHUSSER, Louis. Ideologia e Aparelhos Ideológicos do Estado. 10. ed. Lisboa: Presença/Martins Fontes, 1974. (Data do original: 1970) ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires, Filosofando: introdução à filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2003. AUROUX, Sylvain. A Filosofia da Linguagem. Campinas: Unicamp, 1998. BAKHTIN, Mikhail M. Discourse in the novel. In: _____. The Dialogic Imagination: four essays by M. M. Bakhtin. Austin: University of Texas Press, 1981. (Data do original: 1934) _____. Problemas da Poética de Dostoiévski. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1981. (Data do original: 1929) _____. Toward a Philosophy of the Act. Austin: University of Texas Press, 1993. (Data do original: 1921) _____. Os gêneros do discurso. In: Estética da Criação Verbal. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. (Data do original: 1953) BENVENISTE, Émile. Os níveis de análise linguística. In: _____. Problemas de Linguística Geral I. 5. ed. Campinas: Pontes, 2005. (Data do original: 1966) _____. Comunicação animal e linguagem humana. In: _____. Problemas de Linguística Geral I. 5. ed. Campinas: Pontes, 2005. (Data do original: 1966) BERLINCK, Rosane; AUGUSTO, Marina R. A.; SCHER, Ana Paula. Sintaxe. In: MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Ana Christina (Orgs.). Introdução à Linguística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001. v. 1. BORGES NETO, José. De que trata a Linguística afinal? In: _____. Ensaios de Filosofia da Linguística. São Paulo: Parábola, 2004. _____. Reflexões preliminares sobre o estruturalismo em Linguística. In: _____. Ensaios de Filosofia da Linguística. São Paulo: Parábola, 2004. BOUQUET, Simon. Introdução à Leitura de Saussure. São Paulo: Cultrix, 1997. BRUNER, Jerome. The ontogenesis of speech acts. Journal of Child Language, n. 2, p. 1-19, 1975. BYBEE, Joan L. Morphology: a study of the relations between meaning and form. Amsterdam/Philadel- phia: Jonhs Benjamins Publishing Company, 1985. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br CÂMARA JR., Joaquim Mattoso. Dispersos de J. Mattoso Câmara JR. Seleção e Introdução por Eduardo Falcão Uchoa. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1972. _____. História da Linguística. 6. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1975. _____. Estrutura da Língua Portuguesa. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 1980. _____. História e Estrutura da Língua Portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro: Padrão, 1985. CHOMSKY, Noam. Novos Horizontesno Estudo da Linguagem e da Mente. São Paulo: Unesp, 2005. DE LEMOS, Claudia Thereza Guimarães. Los procesos metafóricos y metonímicos como mecanismos de cambio. Substratum, Barcelona, v. 1, n. 1, p. 121-135, 1992. _____. Língua e discurso na teorização sobre aquisição de linguagem. Letras de Hoje, Porto Alegre, 1995 v. 30, n. 4, p. 9-28. _____. A criança como ponto de interrogação. In: LAMPRECHT, Regina R. (Org.). Aquisição da Lingua- gem. Questões e análises. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1999. _____. Uma crítica (radical) à noção de desenvolvimento na Aquisição de Linguagem. In: LIER-DE-VITO, Maria Francisca; ARANTES, Lúcia (Orgs.). Aquisição, Patologias e Clínica da Linguagem. São Paulo: EDUC, FAPESP, 2006. _____. Inter-relações entre a linguística e outras ciências. Boletim Abralin, n. 22. Florianópolis: Abralin,1998. DIK, Simon. Function Grammar. Dordrecht/Cinnaminson: Foris, 1981. _____. The Theory of Functional Grammar. Part I. Dodrecht: Foris, 1989. _____. The Theory of Functional Grammar. Complex and derived constructions. Part II. Berlin/New York: Mouton de Gruyter, 1997. DUBOIS, Jean et al. Dicionário de Linguística. 11. reimp. São Paulo: Cultrix, 2006. DUCROT, Oswald. Estruturalismo e Linguística. São Paulo: Cultrix, 1970. FARACO, Carlos Alberto. Linguagem e Diálogo: as ideias linguísticas do Círculo de Bakhtin. Curitiba: Criar Edições, 2003. _____. Estudos pré-saussurianos. In: MUSSALIM, F.; BENTES, A. C. (Orgs.). Introdução à Linguística: fun- damentos epistemológicos. São Paulo: Cortez, 2004. v. 3. _____. Linguística Histórica: uma introdução ao estudo da história das línguas. Ed. ampliada. São Pau- lo: Parábola, 2005. FRISCH, Karl von. Bees, their Vision, Chemical Senses and Language. Ithaca, Cornell University Press, 1950. HARRIS, Zelig. Structural Linguistics. Chicago: The University of Chicago Press, 1960. (Data do original: 1951) ILARI, Rodolfo. O estruturalismo linguístico: alguns caminhos. In: MUSSALIM, Fernanda.; BENTES, Ana Cris- tina (Orgs.). Introdução à Linguística: fundamentos epistemológicos. São Paulo: Cortez, 2004. v. 3. KOVACCI, Ofelia. Tendencias Actuales de la Gramática. Buenos Aires: Marymar, 1977. Referências Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br LÄHTEENMÄKI, Mika. A crítica de Saussure por Voloshinov e Iakubinski. In: FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristovão.; CASTRO, Gilberto de (Orgs.). Vinte Ensaios sobre Mikhail Bakhtin. São Paulo: Vozes, 2006. LEMLE, Miriam. Conhecimento e biologia. Ciência Hoje, maio 2002 , v. 31, n. 182, p. 34-41. LEPSCHY, Giulio. A Linguística Estrutural. São Paulo: Perspectiva, 1975. (Data do original: 1966) LYONS, John. Linguagem e Linguística: uma introdução. Rio de Janeiro, LTC, 1987. MAINGUENEAU, Dominique. Análise do Discurso: a questão dos fundamentos. Cadernos de Estudos Linguísticos. Campinas: Unicamp-IEL, n. 19, jul./dez., 1990. _____. Novas Tendências em Análise do Discurso. 3. ed. Campinas: Pontes/Ed. da Unicamp, 1997. MALDIDIER, Denise. Elementos para uma história da Análise do Discurso na França. In: ORLANDI, Eni Puccinelli (Org.). Gestos de Leitura: da história no discurso. Campinas: Unicamp, 1994. MALMBERG, Bertil. As Novas Tendências da Linguística. São Paulo: Nacional/Edusp, 1971. (Data do original: 1966) MUSSALIM, Fernanda. Análise do Discurso. In: MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Ana Christina (Orgs.). In- trodução à Linguística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001. v. 2. NEVES, Maria Helena de Moura. Que Gramática Estudar na Escola? Norma e uso na Língua Portugue- sa. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2006. OLIVEIRA, Roberta Pires de. Formalismos na Linguística: uma reflexão crítica. In: MUSSALIM, Fernan- da; BENTES, Ana Christina (Orgs.). Introdução à Linguística: fundamentos epistemológicos. São Paulo: Cortez, 2004. v. 3. PAVEAU, Marie-Anne; SARFATI, Georges-Élia. As Grandes Teorias da Linguística: da gramática compa- rada à pragmática. São Carlos: Claraluz, 2006. PÊCHEUX, Michel. Semântica e Discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Campinas: Unicamp, 1988. (Data do original: 1975) _____. Análise automática do discurso (AAD-69). In: GADET, Françoise; HAK, Tony (Orgs.). Por uma Aná- lise Automática do Discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas: Unicamp, 1990. (Data do original: 1969) _____. O Discurso: estrutura ou acontecimento. Campinas: Pontes, 1990. (Data do original: 1983) PEZATTI, Erotilde G. A Ordem de Palavras no Português: aspectos tipológicos e funcionais. Araraqua- ra, 1992. Tese (Doutorado em Lingüística e Língua Portuguesa) – Faculdade de Ciências e Letras, Univer- sidade Estadual Paulista. _____. O funcionalismo em linguística. In: MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Ana Christina (Orgs.). Introdu- ção à Linguística: fundamentos epistemológicos. São Paulo: Cortez, 2004. v. 3. PEZATTI, Erotilde G.; CAMACHO, Roberto Gomes. Aspectos Funcionais da Ordem de Constituintes. DELTA. Documentação de Estudos em Linguística Teórica e Aplicada, São Paulo, ago. 1997, v. 13, n. 2, p. 191-214. PIAGET, Jean. O desenvolvimento mental da criança. In: _____. Seis Estudos de Psicologia. 20. ed. re- vista. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1994a. Referências Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br _____. A linguagem e o pensamento do ponto de vista genético. In: _____. Seis Estudos de Psicologia. 20. ed. revista. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1994b. _____. Gênese e estrutura na psicologia da inteligência. In: _____. Seis Estudos de Psicologia. 20. ed. revista. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1994c. PINKER, Steven. O Instinto da Linguagem: como a mente cria a linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2002. POSSENTI, Sírio. Os Humores da Língua: análises linguísticas de piadas. Campinas: Mercado de Letras, 1998. _____. Teoria do discurso: um caso de múltiplas rupturas. In: MUSSALIM, Fernanda.; BENTES, Ana Christina (Orgs.). Introdução à Linguística: fundamentos epistemológicos. São Paulo: Cortez, 2004. v. 3. SAUSSURE, Ferdinand. Curso de Linguística Geral. 27. ed. São Paulo: Cultrix, 2006. (Data do original: 1916) SCARPA, Ester Mirian. Aquisição da linguagem. In: MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Ana Christina (Orgs.). Introdução à Linguística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001. v. 2. TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramaticalização de Verbos. Rio de Janeiro, 2002. Relatório de pesquisa (Pós- Doutorado em Linguística) – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro. VOLOSHINOV, V. N. (BAKHTIN, M. M.). Marxismo e Filosofia da Linguagem. 12. ed. São Paulo: Hucitec, 2006. (Data do original: 1929) VYGOTSKY, Lev S. Pensamento e Linguagem. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005. WILHELM, KLAUS K. Tradições Selvagens. Mente e Cérebro, set. 2007, ano XV, n. 176. Referências Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
Compartilhar