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Teoria da Comunicação 2

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Teorias da Comunicação
Aula 2: Ciência e paradigma
Apresentação
Quando você pensa em um cientista provavelmente logo imagina alguém com um jaleco branco, dentro de um laboratório,
certo? Mas, apesar de a imprensa e a mídia de maneira geral terem criado esse estereótipo, você sabia que um
comunicador também pode acabar se tornando um pesquisador?
Nesta aula, você compreenderá as características do conhecimento cientí�co, especialmente aplicado ao campo
comunicacional. Verá que há um modo de organizar a pesquisa, que o saber acadêmico é apenas mais um tipo de
conhecimento dentre os demais e que estruturar uma pesquisa não é algo assim tão complicado quanto aparenta.
Objetivos
Identi�car as características do conhecimento cientí�co;
Descrever a natureza do objeto cientí�co em uma pesquisa comunicacional;
De�nir o conceito de paradigma.
 (Fonte: agsandrew / Shutterstock)
O que é epistemologia?
Sempre que falamos sobre campo cientí�co também está em jogo uma epistemologia.
O que esse termo signi�ca? A epistemologia engloba o conhecimento fundamentado, sendo diferente da opinião, por exemplo.
Estuda a origem, a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento.
Ao compreendermos a epistemologia comunicacional, portanto, levamos em conta como produzimos o conhecimento
cientí�co na área atualmente:
Metodologias recomendadas para os estudos;
Conceitos e autores reconhecidos;
Estruturas diversas da produção cientí�ca (monogra�a, artigo, dissertações e teses).
Dessa maneira, buscamos nos aproximar do autorizado pelo campo cientí�co comunicacional.
Regras para fazer ciência
Existe regras para fazer ciência, que vão desde o modo de escrever, passando por autores e vertentes teóricas aceitas e pelas
regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas, a ABNT, até a maneira de organizar os estudos, só para citar alguns
exemplos.
O passo básico para uma pesquisa é ter um problema.
Após, há a formulação de uma hipótese. O trabalho ocorre
justamente para responder ao problema da pesquisa.
Deve-se testar a hipótese, sempre a partir de uma maneira escolhida previamente para conduzir a pesquisa, ou seja, uma
metodologia. Assim, é possível chegar a uma conclusão.
Exemplo
Talvez a partir de um exemplo �que mais fácil compreender isso.
Imagine um aluno de jornalismo que tem interesse em pesquisar sobre o Jornal O Globo.
Isso é muito amplo, certo? Como chegar ao problema que deve ser realmente considerado na pesquisa?
Vamos supor que o aluno se interesse pela área de cultura. Já avançamos, mas ainda é possível responder a muitas questões
de pesquisa envolvendo o jornal e a cultura, certo?
Então, já percebemos que a pesquisa precisa seguir alguns critérios que serão estudados a partir de agora.
Esquema clássico de uma pesquisa cientí�ca
Não se trata de nenhuma fórmula mágica ou receita de bolo, mas vamos conferir abaixo um exemplo de uma sequência básica
para a construção da pesquisa acadêmica.
Lembre-se de que, apesar de existir uma lógica na construção do conhecimento cientí�co, há a necessidade de embasamento
teórico e uma escolha metodológica.
É muito importante, também, a questão do bom senso do pesquisador para re�etir se seu percurso está condizente com seus
objetivos de pesquisa.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Atividade
1. Correlacione as colunas:
Enunciado de um problema Formulação de uma hipótese Testagem Conclusão 1 2 3 4
Gabarito
a) Compreender se, pelo fato do jornal se apresentar enquanto um programa religioso, há critérios de noticiabilidade que orientem a construção das notícias
e qual o espaço destinado na programação para notícias negativas.
b) No período da análise, das 37 notícias analisadas, apenas duas tinham um teor negativo e foi constatado o uso de critérios de noticiabilidade, com
destaque para o de personalização e referência a pessoas que integram a elite.
c) Analisar a programação ao longo de uma semana para investigar quais os critérios de noticiabilidade presentes, para entender, dessa forma, se há
espaço para notícias de cunho negativo na programação.
d) O programa de uma emissora religiosa divulga muito mais notícias boas do que ruins.
1 2 3 4
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1 2 3 4
 (Fonte: agsandrew / Shutterstock)
O campo cientí�co da Comunicação
Como em qualquer área, para chegarmos nesse panorama atual, a Comunicação precisou passar por um processo de
legitimação social, a �m de ser reconhecida enquanto campo cientí�co.
O século XIX inaugurou uma nova ordenação cientí�ca de mundo. As ciências humanas, como a Sociologia, a Antropologia, a
Psicologia, a Geogra�a e a História surgem nesse ínterim, bem como a noção de Homem.
Antes, a ideia de indivíduo não fazia tanto sentido, pois havia um senso coletivo muito forte, com comunidades coesas, vivendo
à luz de uma tradição transmitida dos mais velhos para os mais jovens.
Os grupos �cavam circunscritos a uma localidade geográ�ca bem restrita, já que os meios de transporte e as formas de
comunicação eram limitados.
Uma das grandes contribuições dos meios de comunicação massivos foi
exatamente essa possibilidade de redesenhar as fronteiras do tempo e do
espaço, impostas à humanidade por séculos.
A nova concepção territorial precisava levar em conta a emergência desse novo ser que sofre um processo de
desterritorialização.
Vimos, na aula anterior, que a palavra comunicação foi criada em um contexto medieval, para designar a nova prática de jantar
dos monges. No entanto, a Comunicação só começa a ser pronunciada à exaustão, não à toa, a partir da segunda metade do
século XX, por conta dos meios de comunicação de massa.
De forma paralela, surge um novo saber especializado, uma nova disciplina cientí�ca, cujo objeto seria os processos de
comunicação.
 Quando essa ciência começa e qual a de�nição de seu objeto de estudo?
 Clique no botão acima.
Quando essa ciência começa e qual a de�nição de seu objeto de estudo?
Existem pelo menos dois grandes desa�os quando pensamos nas teorias da comunicação.
O primeiro é a plurissigni�cação, que procuramos discutir introdutoriamente na aula anterior, a partir das variadas
semânticas dos verbetes nos dicionários.
O segundo desa�o seria a di�culdade de de�nir o campo de pesquisa e de atuação do pro�ssional da Comunicação.
Se a Comunicação é condição para a própria ação humana, como delimitar quando esse campo começa, o que
pertence ao exercício dos pro�ssionais e os objetos de estudo dessa ciência?
A prática comunicacional existe há séculos, com as Actas Diurnas, no Império Romano, e uma “publicidade arcaica”, a
partir dos pregoeiros da Antiguidade Clássica e dos egípcios.
No entanto, a construção do conhecimento cientí�co só começa a se tornar possível a partir de um processo de
desnaturalização da comunicação humana, que passa a ser encarada por uma ótica de intencionalidade e estratégia,
com o advento dos meios de comunicação e da Modernidade.
Por essa razão, o Jornalismo mercadológico costuma ser associado ao século XIX, bem como a Publicidade, que é o
setor emergente que possibilita justamente ao Jornalismo abandonar o caráter pan�etário para se tornar um
empreendimento comercial.
Isso signi�ca que a prática da comunicação é algo que foi desenvolvido em diferentes civilizações, pois o homem é um
ser social que organiza sua interação por meio da linguagem. No entanto, a prática da comunicação enquanto uma
atividade pro�ssional, com jornalistas e publicitários reconhecidos como uma comunidade pro�ssional, é algo que só
se concretiza de uma maneira mais sistemática a partir dos séculos XIX e XX.
E no Brasil? Como foi?
A estruturação dos campos pro�ssional e cientí�co da Comunicação podem ser explicados a partir das décadas de
1960 e 1970, no Brasil.
A era do milagre econômico e o aperfeiçoamento gradativo dos equipamentos inventados (rádio e TV) propiciaram a
integração e modernização das indústrias da Comunicação.
Qual o objeto da Comunicação?
A Comunicação é um tipo de saber no qual a marca da interdisciplinaridadese faz presente, com o diálogo entre distintas áreas
do saber. Isso é compreensível, pois vários campos se interessam pelas interações humanas.
"Esse trabalho de de�nição/conceituação sobre qual espaço a
Comunicação ocupa e onde reside sua materialidade é
fundamental, à medida que um objeto comunicacional pode
ser confundido com o objeto de outras ciências.
É importante compreendermos que essa confusão em torno
do objeto comunicacional se revela, sobretudo, pelo fato de
que os processos comunicativos atravessam praticamente
toda a extensão das Ciências Humanas."
(FRANÇA, 2015)
O objeto da Comunicação é o conjunto de objetos empíricos, bastando que nós observemos com atenção, para nos
depararmos com um programa de rádio e TV, um outdoor, campanhas políticas, revistas e jornais, conversas cotidianas etc.
Devemos lembrar que esses objetos não estão “prontos e acabados”, pois necessitam de um recorte, um determinado olhar
que deve ser aplicado a �m de que realmente se con�gurem como objetos da Comunicação, pois, segundo França (2015, p 42),
“o objeto da comunicação não são os objetivos comunicativos do mundo, mas uma forma de identi�cá-los, de falar deles — ou
de construídos conceitualmente”.
O objeto da Comunicação é uma leitura do social a partir dos meios de comunicação e/ou modalidades comunicativas. Dessa
forma, os meios de comunicação e a cultura de massa não se opõem e nem se reduzem um ao outro, mas exigem uma
relação de reciprocidade e complementação.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
"A emergência da nossa disciplina reside na compreensão
das condições de possibilidades históricas dos processos
comunicativos e das práticas que envolvem a utilização dos
meios de comunicação e o seu objeto de estudo."
(MARTINO, 2010)
Exemplo
Um sociólogo, por exemplo, ao re�etir sobre os discursos de um determinado jornal, em um dado contexto, talvez consiga, a
partir da análise das matérias, representar as condições históricas e sociais em jogo, algo que o trabalho de um comunicador
também deveria dar conta, talvez não com o mesmo nível de profundidade.
Contudo, o estudo do sociólogo não traria para o debate as condições da produção noticiosa, os critérios de noticiabilidade, a
seleção e a hierarquização da informação, tampouco as características da materialidade do jornal impresso, pois estas são
questões mais caras ao universo comunicacional, embora também tendam a ser tratadas tangencialmente e
super�cialmente por outros campos.
O mesmo se aplicaria a um sociólogo re�etindo sobre peças publicitárias. Talvez esse intelectual retratasse brilhantemente o
contexto social de origem das peças, mas di�cilmente seria hábil ao analisar as cores e elementos da peça de um modo mais
técnico/teórico, ou mesmo, re�etir sobre os arquétipos que cada peça sugere.
Não se trata apenas de:
"Um objeto que está à nossa frente disponível aos nossos
sentidos, materializado em objetos e práticas que podemos
ver, ouvir e tocar."
(FRANÇA, 2010)
O objeto da Comunicação pressupõe a apreensão e a conformação
dos estímulos na forma de um “objeto” recortado. O problema sentido
se transforma em problema formulado, a partir do qual se constrói um
objeto de conhecimento.
Comentário
Lembra do exemplo anterior com o jornal O Globo? Começou apenas com o apontamento de um grande jornal, para, após
vários recortes, chegarmos ao problema de investigar o espaço destinado à periferia no jornal ao longo de um mês e se as
notícias apresentariam a periferia de um modo estereotipado ou não.
 (Fonte: PopTika / Shutterstock)
Conhecimento cientí�co
Tendo compreendido o objeto da Comunicação, você entenderá melhor a própria questão do conhecimento cientí�co como
uma das formas de apreendermos o mundo a nossa volta.
O saber cientí�co, portanto, prima pela representação do conhecido a partir
de uma construção do sujeito por meio de modelos de apreensão. Por isso,
envolve método, ou seja, maneiras de estudarmos, perspectivas teóricas
que são acionadas.
Entender o processo de construção do conhecimento é importante para se estabelecer as relações que se formam entre os
saberes.
Há diferentes formas de compreendemos o mundo, como o conhecimento religioso ou místico. Há o conhecimento estético a
partir da fruição artística e, também, o que denominamos de senso comum .1
"O conhecimento da Comunicação começa como uma forma
básica da vida social e o aprendizado do homem se dá nos
primeiros momentos da vida. Somos inseridos nas formas
comunicacionais de nossa cultura e passamos a reconhecer
os modelos comunicativos com os quais somos defrontados
cotidianamente."
(FRANÇA, 2010)
https://estacio.webaula.com.br/cursos/go0156/aula2.html
É um conhecimento experimentado, espontâneo, vivo, intuitivo, que transita no dia a dia dos sujeitos. Por essa razão, muitas
vezes, várias pessoas se sentem autorizadas a falar sobre os meios de comunicação, embora geralmente falte o conhecimento
do perito.
Todo conhecimento apresenta limites, por meio de métodos e técnicas de pesquisa, categorias analíticas, ou seja, uma lógica
disciplinar. Portanto, o conhecimento cientí�co exige rigor e é menos imediatista do que o conhecimento do senso comum.
Isso não quer dizer que todo conhecimento cientí�co seja incontestável ou que tudo que se apresente como ciência
efetivamente seja.
Exemplo
Você sabia, por exemplo, que, no século XIX, Samuel Morton convenceu a comunidade cientí�ca de que os brancos eram
superiores aos negros, a partir da medição e análise dos crânios? Isso serviu, inclusive, como argumento que impulsionou a
suposta raça ariana, na Segunda Guerra Mundial.
Hoje, a teoria da superioridade do crânio dos caucasianos não é mais reconhecida, mas assumiu estatuto cientí�co na época.
Isso porque, naquele contexto, a partir do qual o Nazismo se erigiu, as condições históricas eram favoráveis a essas
prerrogativas, que hoje consideramos racistas e eugenistas, apesar de o racismo persistir, conforme abordado no trecho da
notícia abaixo.
"Ele angariou fama em seu país e na Europa no século XIX disseminando a teoria
de que a superioridade racial é corroborada pelo estudo dos crânios. Aqueles de
estrutura mais complexa e avançada, um sinal inegável de inteligência e maior
capacidade de raciocínio, seriam os de caucasianos. Seu argumento resistiu por
150 anos. Foi analisado por �guras como Charles Darwin, convenceu
abolicionistas e só foi de�nitivamente desmantelado na década de 1980, embora
as manifestações racistas persistam."
(GRANDELLE, 2014)
 O desejo de compreender o mundo
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O desejo de compreender o mundo
A ciência é criada pelo homem, a partir de propósitos políticos e ideológicos. Geralmente há a vontade de melhorar o
mundo e compreender melhor a natureza, o homem e a tecnologia. Contudo, o conhecimento cientí�co, por vezes, não
ultrapassa o senso comum e, desta maneira, pode ser atravessado pelo viés dos interesses de posições de poder.
A diferença, porém, reside na constante tentativa da objetividade, pela autocrítica de métodos e resultados, pela
constante validação.
Como principais objetivos da ciência podemos citar:
O desejo de compreender o mundo;
A vontade de facilitar a vida;
A prevenção de fenômenos;
A necessidade de controlar a natureza.
Cabe à teoria produzir re�exões sobre o mundo, portanto.
Esse movimento do conhecimento ajuda a entender por que os estudos da Comunicação são recentes, já que, como
vimos, ela só passa a ser vista como um problema a partir dos meios de comunicação de massa.
Atividade
2. Con�ra a notícia Estudo de crânios serviu como base à falha ciência do racismo publicada pelo Jornal O Globo e responda:
Qual o gancho utilizado pelo jornalista para abordar a teoria de Morton, do século XIX?
“Dinâmica invertida”
Uma primeira di�culdade no campo de estudo da Comunicação diz respeito ao protagonismo da prática em relação ao
desenvolvimento acadêmico da temática, ou a uma “dinâmica invertida”, um conceito da professora Vera França.
Issoindica que as re�exões teóricas ocorreram quando a prática já estava relativamente consolidada e que os pro�ssionais
começaram a desempenhar suas funções sem pensar, por exemplo, em questões éticas.
Exemplo
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Você sabia que alguns jornalistas no século XVIII e XIX inseriam o nome de marcas e pessoas no meio da notícia, sem uma
relação direta e lógica com o fato noticiado?
Era apenas para lucrar com essa inserção, que era negociada por fora. Essa preocupação ética e outras mais só começaram
depois que a prática já tinha se desenvolvido.
"Ao pensarmos a comunicação, portanto, devemos entender
que foi a partir do desenvolvimento das práticas e da
invenção dos meios de comunicação que foram alavancados
os estudos e as re�exões, indagações, questionamentos e
tensionamentos."
(HOHLFELDT, 2008)
 O estudo da Comunicação
 Clique no botão acima.
O estudo da Comunicação
Mesmo na Academia instaurou-se uma certa ordem pragmática de ativação do conhecimento objetivo, pese, por
exemplo, o estímulo a cursos pro�ssionalizantes na área de Comunicação, onde o Jornalismo foi o maior expoente.
Essas práticas antecederam as proposições teóricas, que chegaram depois, abrindo para a formação técnica a
dimensão humanística e social.
A consequência dessa ordem invertida pela prática, segundo França (2010), trouxe alguns inconvenientes e distorções,
pois o comunicador primeiro trabalhou e criou notícias, campanhas, �lmes. A re�exão só chegou depois que a prática
estava consolidada.
A relação exagerada com a prática provoca, no terreno da Comunicação, uma série de implicações, inclusive, o
desprezo pela empiria, que pode acarretar na perda do papel explicativo e de sua razão de ser.
Daí resulta também uma certa rivalidade entre comunicadores que se situam em uma esfera mercadológica e alguns
acadêmicos da Comunicação, quando estes deveriam estar em um diálogo construtivo.
A vivência dos pro�ssionais pode ajudar e trazer novos elementos para os teóricos re�etirem, bem como os
acadêmicos, ao promoverem e divulgarem seus estudos, podem contribuir para que os pro�ssionais compreendam
melhor questões centrais da comunicação e do próprio mercado. Ou seja, prática e teoria são igualmente importantes
e o comunicador completo entende a função de ambas, mesmo que aprecie mais uma forma à outra.
Outra di�culdade refere-se à extensão e diversidade da dimensão empírica que a comunicação recobre, bem como a
diversidade dos fatos e práticas que podem constituir seu objeto, como já vimos também na aula anterior.
A variação de atividades do campo comunicacional e os diversos veículos assumem aspectos e rotinas particulares,
tornando quase inviável construirmos esquemas conceituais que sejam capazes de dar conta de tamanha diversidade.
Não podemos esquecer que a mobilidade do objeto empírico da Comunicação dá-se no ritmo que supera a re�exão
acadêmica, ou seja, o tempo da prática é mais acelerado e dinâmico do que o tempo da re�exão, que exige rigor,
problematização, fundamentação teórica e testagem.
Alguns teóricos, como Martino (2010), consideram que:
O corpo das Teorias da Comunicação apresenta um quadro fragmentado, muito em função da falta de uma tradição
de estudo cientí�co na área. O campo da Comunicação ainda não constituiria, claramente, o seu objeto e metodologia,
pois encontra-se espalhado em outras áreas do saber. Por conta disso, pensamos a Comunicação enquanto domínio
ou espaço interdisciplinar, in�uenciado pela Filoso�a, Psicologia, Ciências da Informação, Ciências Sociais, entre
outras.
A ideia de paradigma
O esforço de conhecer a Comunicação faz surgir teorias, que podem ser consideradas como um sistema de enunciados sobre
a realidade ou sobre um aspecto da realidade. Por isso, não podemos pensar em uma Teoria da Comunicação, mas sim em
teorias, cada qual advinda de um contexto social especí�co, a partir de autores que compartilham certas premissas, ou seja,
que são orientados por um paradigma.
A ideia de paradigma foi criada por Thomas Kuhn (1970) e é oriunda do grego, signi�cando representar de maneira exemplar.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
As ciências evoluem através de paradigmas, que são modelos e
interpretações de mundo ou abordagens, enfoques. É como uma espécie de
paisagem mental que ajuda a orientar o olhar do cientista, tanto na maneira
como ele percebe e recorta o objeto, quanto na metodologia que emprega e
autores que aciona.
Para criar uma analogia, poderíamos a�rmar que cada ciência envolve uma grande cultura, premissas básicas que serão
compartilhadas por todos.
Exemplo
O publicitário, por exemplo, é tido como um grande criativo e tal característica do campo é tão forte que é experimentada pela
maior parte dos publicitários, mesmo que alguém de atendimento não tenha isso tão introjetado quanto um diretor de criação
(ou seja, temos aqui diferentes maneiras de perceber os fatos a partir da atividade em questão).
Mas a publicidade feita no Brasil é muito diferente da de outros países e mercados, o que mostra paradigmas diferenciados,
em diálogo com questões locais.
 Paradigma no âmbito das Teorias da Comunicação
 Clique no botão acima.
Paradigma no âmbito das Teorias da Comunicação
O mesmo ocorre com relação às teorias que buscam analisar os processos comunicacionais: você verá que nos
Estados Unidos, no início do século XX, alguns autores percebiam a comunicação de uma maneira bem diferenciada
da escola alemã. E, mesmo dentro de cada tradição teórica, embora possamos pensar em um paradigma que oriente
os autores, de maneira geral, não há total consenso.
Ao falarmos de paradigma no âmbito das Teorias da Comunicação, portanto, estamos supondo ordenação, método,
quadros de referência e uma determinada paisagem mental.
A prática cientí�ca ao formular leis, teorias, e explicações cria modelos que fomentam as tradições cientí�cas e
fornecem problemas e soluções para uma comunidade cientí�ca.
Entender as ciências é conhecer sua prática, seu funcionamento e seus mecanismos. É compreender o
comportamento do cientista, suas atitudes e suas decisões, pois os paradigmas moldam nossa visão de mundo e
comportamento, pressupondo, então, um viés ideológico e lógico.
Todo campo tem uma racionalidade própria e, à medida que você avança em um curso na Universidade, por exemplo,
vai identi�cando os principais modelos, esquemas lógicos e teorias, pois não entender a lógica do campo de atuação
pode signi�car exclusão da área, já que isso pode ser exigido em uma entrevista, em sua empresa e, especialmente, na
pesquisa e docência. Por meio da Educação, o jovem adquire os esquemas conceituais de sua atividade.
A ciência é uma tentativa de forçar a natureza (física e social) a esquemas conceituais fornecidos pela educação
pro�ssional, que permite a apreensão e internalização dos pressupostos de um determinado saber.
Fases do processo de conhecer
Segundo Kuhn (1970), há 3 fases envolvidas no processo de conhecer:
Clique nos botões para ver as informações.
Não há sistematização e nem método, mas a atitude de contemplação que pode levar a uma busca propriamente
cientí�ca.
Nesse ponto, há cientistas tentando fazer ciência, mas não há nenhum tipo de consenso.
É com o surgimento de paradigmas, como a mecânica de Aristóteles, a óptica de Newton e a Teoria da Eletricidade, que
algumas disciplinas puderam adentrar a fase cientí�ca.
Estágio pré-cientí�co 
O papel fundamental da ciência normal não é de mostrar novidades. Ela pretende explicar algum fato por paradigmas
existentes.
O conhecimento dado em escolas está nesse âmbito, bem como boa parte do próprio conhecimento universitário.
É o conhecimento aceito, legítimo.
Ciência normal 
Nada mais é do que a adoção de um outro paradigma, isto é, de visão de mundo. A partir de contradições que surgem
dentro da ciência normal, precedentes vão sendo criados para que alguns cientistas contestem o conhecimento já aceito.
Isso não ocorre sem que os representantes da ciência normal tentemao máximo fornecer explicações que refutem as
anomalias surgidas, esvaziando o movimento contestatório.
Uma vez que a proposta de explicação da ciência revolucionária passe a ser reconhecida pelo campo cientí�co, o
conhecimento deixa de ser revolucionário para se tornar ciência normal.
No entanto, o fato de uma explicação substituir a outra não necessariamente signi�ca que o paradigma “vencido” era
errôneo, pois há toda uma demanda das conjunturas históricas nas quais os cientistas estão inseridos.
Ciência extraordinária ou revolucionária 
Atividade
3. Qual a melhor de�nição de ciência?
a) Métodos de abstrações teóricas e exclusivos das ciências exatas e biomédicas.
b) Desenvolvimento de estudos, criação e testagem de protótipos, baseado em estudos prévios.
c) Conjunto de conhecimentos metodicamente adquiridos, sistematicamente organizados e suscetíveis de serem transmitidos.
d) Nenhuma das alternativas anteriores.
4. Sobre a relação entre ciência e comunicação é válido a�rmar que:
a) Comunicação não pode ser enquadrada enquanto ciência, pois seu objeto de estudo ainda carece de uma melhor definição.
b) Pode ser considerada uma ciência, já que dispõe de um problema que oscila entre os meios de comunicação e a cultura de massa,
sendo o estudo da comunicação uma leitura do social a partir dos dispositivos tecnológicos.
c) O fato de a comunicação ser um tema transversal que perpassa a antropologia, sociologia, psicologia, entre outras ciências, faz com
que os estudos de comunicação não tenham muita validade científica, já que é um problema analisado por vários campos do saber.
d) O foco da comunicação é a prática, e não a teoria, razão pela qual não faz muito sentido considerarmos a comunicação uma ciência, ou
batalharmos para que ela atinja esse patamar.
5. Que palavra abaixo melhor representaria a ideia de paradigma:
a) Modelos
b) Senso comum
c) Experimentos
d) Comunicação
e) Nenhuma acima
Notas
Senso comum 1
Senso comum é o tipo de saber que busca fornecer orientação ao homem e não o deixar repetir os erros do passado, tendo
relação com conhecimentos que são socialmente partilhados, por isso a palavra “comum”. É uma forma de saber também
válida, que ajuda a ancorar o indivíduo em seu cotidiano, mas não envolve método e sistematização, como o conhecimento
cientí�co.
Referências
FRANÇA, V. O objeto da comunicação/A comunicação como objeto. In: HOLFELDT, Antonio e outros (Orgs.). Teoria da
Comunicação: Conceitos, Escolas e Tendências. 9. ed. Petrópolis: Ed. Vozes, 2010. p.39-60.
GRANDELLE, R. Estudo de crânios serviu como base à falha ciência do racismo. O Globo. Rio de Janeiro, 03 maio 2014.
Disponível em: https://oglobo.globo.com/sociedade/historia/estudo-de-cranios-serviu-como-base-falha-ciencia-do-
racismo-12370323. Acesso em: 12 jul. 2019.
HOHLFELDT, A. Teoria da Comunicação: a recepção brasileira de das correntes do pensamento hegemônico. In: MELO, J. M.
(Org.) O campo da comunicação no Brasil, Petrópolis: Ed. Vozes, 2008. p.23-36.
KUHN, T. S. The Structure of Scienti�c Revolutions. 2. ed. enlarged. Chicago and London: University of Chicago Press, 1970.
MARTINO, L. C. De qual comunicação estamos falando? In: HOLFELDT, Antonio e outros (Orgs.). Teoria da Comunicação:
Conceitos, Escolas e Tendências. 9. ed. Petrópolis: Ed. Vozes, 2010. p.11-25.
MARTINO, L. C. Interdisciplinaridade. Objeto de estudo da comunicação. In: HOLFELDT, Antonio e outros (Orgs.). Teoria da
Comunicação: Conceitos, Escolas e Tendências. 9. ed. Petrópolis: Ed. Vozes, 2010. p.27-38.
MELO, J. M. Introdução: o campo da comunicação no Brasil. In: MELO, J.M (Org.). O campo da comunicação no Brasil.
Petrópolis: Ed. Vozes, 2008. p.11-20.
PEIRCE, C. S. Semiótica e �loso�a. São Paulo: Cultrix, 1972.
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Próxima aula
A Escola Norte Americana;
Tendências marginais;
Mass Communication Research.
Explore mais
No documentário da BBC, Racismo Cientí�co e Darwinismo Social você conseguirá compreender como a ciência, apesar de
ser um instrumento maravilho para melhorar a vida do homem, também pode servir a projetos nefastos.
Há congressos cientí�cos renomados no campo da comunicação, como a Intercom e a Compós. Você sabia, por exemplo, que
a Intercom permite que alunos já na graduação apresentem trabalhos, desde que orientandos por um professor?
Uma ótima maneira de compreender a abrangência do campo comunicacional é analisar as temáticas, recortes e
metodologias presentes nos artigos produzidos pelos pesquisadores.
Acesse o site desses congressos e procure pelos anais ─ que disponibilizam, nesses casos, os artigos gratuitamente na
íntegra, divididos pelos Grupos de Trabalho (GT) temáticos. Selecione os anais de algum ano que deseje explorar, escolha um
GT que te agrade e con�ra alguns artigos acerca dos tópicos que mais lhe interessam.
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