Relação entre Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Qualidade de Vida

Prévia do material em texto

1
A relação entre Responsabilidade Social, Sustentabilidade e
Qualidade de Vida
Amanda Fröhlich Borato (Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG – Campus Central)
nandaborato@yahoo.com.br
Resumo: Diante de um mundo cada vez mais globalizado nota-se a necessidade de
comportamentos éticos e morais por parte das empresas perante a sociedade, desta forma
assumindo claramente o papel da Responsabilidade Social Empresarial. Torna-se cada vez
mais importante e vital assumir esta atitude de empresa socialmente correta, visto que este
é até mesmo um diferencial competitivo e traz benefícios para todas as partes envolvidas
(stakehoders). Este artigo tem como objetivo principal realizar, através de estudos já
concluídos, uma análise bibliográfica sobre a interrelação dos termos Responsabilidade
Social, Sustentabilidade e Qualidade de Vida (ligada também a Qualidade de Vida no
Trabalho), mostrando de forma clara a sua interdependência diante do cenário atual a de
organizações de sucesso, citando como exemplo a empresa “O Boticário”. A principal
conclusão do trabalho é a importância que deve ser dada as empresas socialmente
responsáveis por se preocuparem com o bem-estar da sociedade.
Palavras chave: Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Qualidade de Vida.
The relationship between Social Responsibility, Sustainability and Quality of
Life
Abstract: Faced with an increasingly globalized world, one notices the necessity of ethical
and moral behavior from companies in relation to society, thus clearly assuming the role of
the Corporate (Business) Social Responsibility. It is becoming increasingly more important
and vital to take this attitude of a socially correct enterprise, since this is even a competitive
advantage for all parties involved (stakeholders). This article has as a main objective to carry
out, by means of already completed studies, a literature review concerning the
interrelationship of the concepts Social Responsibility, Sustainability and Quality of Life (also
linked to quality of life at work), showing clearly their interdependence on the current
scenario and successful organizations, mentioning as an example the company "O
Boticário". The main conclusion of this work (study, article) is the importance that should be
given to socially responsible companies for concerning themselves with the welfare of the
society.
Keywords: Social Responsibility, Sustainability and Quality of Life.
1. Introdução
No atual cenário organizacional é notável a preocupação com a maximização dos
lucros e a minimização dos custos. Entretanto torna-se cada vez mais necessário o
atendimento às novas necessidades do mercado competitivo, que por sua vez tem
2
como uma das principais exigências a gestão socialmente responsável. E esta
crescente preocupação por parte das empresas está estreitamente ligada com as
exigências do mercado e a mudança de atitude dos consumidores visto que
segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC, 2004, p.11): os
consumidores estão cada vez mais atentos a aspectos relacionados a
comportamentos das empresas, além de preço e qualidade, como o respeito aos
direitos humanos, trabalhistas e dos consumidores; à ética na publicidade e nas
práticas empresariais; a normas de preservação ambiental; a promoção de bem-
estar social.
Diante disso pode-se afirmar que uma organização ética ganha confiança do
mercado e, a reputação e confiança são grandes vantagens competitivas na
atualidade. Segundo Uras (1999, p.59) as organizações confiáveis atraem a
lealdade de clientes. Internamente uma organização ética e com Responsabilidade
Social possibilita a criação de um ambiente que suporta e estimula a criatividade e a
ausência de medo para assumir responsabilidades, podendo responder mais rápida
e eficientemente às demandas dos clientes.
Portanto, diante da importância da Responsabilidade Social no cenário atual; este
artigo tem como principal objetivo principal realizar, através de estudos já
concluídos, uma análise bibliográfica sobre os termos Sustentabilidade e Qualidade
de Vida (ligada também à Qualidade de Vida no Trabalho), mostrando de forma
clara e objetiva a sua interdependência diante do cenário atual a de organizações de
sucesso.
2. Relação entre os termos: Responsabilidade Social, Sustentabilidade e
Qualidade de Vida
A Responsabilidade Social de uma maneira geral é o compromisso que uma
organização deve assumir perante a sociedade que está inserida, expresso sob
posturas, ações e desempenho diante da comunidade, no sentido de contribuir para
a melhoria das condições de vida das pessoas que a integram.
Melo Neto e Froes (2001) acreditam que as ações socialmente responsáveis da
empresa aumentam internamente a produtividade no trabalho, criando maior
motivação, auto-estima e orgulho dentre os funcionários. Que se bem gerenciados
3
são fatores que aprimoram o ambiente de trabalho e determinam a melhoria
significativa da Qualidade de Vida no Trabalho e, portanto, na Qualidade de Vida
individual; trazendo benefícios para a sociedade como um todo. Segundo Ribeiro
(2003) é por meio da prática da ação social que uma organização garantirá a
credibilidade e lealdade por parte do consumidor e a satisfação por parte dos
colaboradores.
Tendo como panorama este cenário de exigências cada vez maiores em relação às
empresas e seus valores éticos e morais, as possibilidades de vantagens
competitivas no mercado, a importância de se gerar desenvolvimento com
Sustentabilidade, e ainda a busca pela maximização dos lucros, as organizações
têm procurado trabalhar com ações sociais de diversas áreas e formas.
Kreitlon (2004, p. 03; apud Banco Mundial) define Responsabilidade Social
Empresarial com embasamento nos demais fatores trabalhados nesta pesquisa
(sendo eles: Sustentabilidade e Qualidade de Vida):
Responsabilidade Social Empresarial é o compromisso
empresarial de contribuir para o desenvolvimento econômico
sustentável, trabalhando em conjunto com os empregados,
suas famílias, a comunidade local e a sociedade em geral para
melhorar sua Qualidade de Vida, de maneira que sejam boas
tanto para as empresas como para o desenvolvimento.
Mendonça (apud Carvalho) argumenta que:
Um impacto social é qualquer mudança na Qualidade de Vida,
nos meios de vida e na forma de organização dos empregados,
das pessoas, das comunidades ou populações, bem como de
outras organizações afetadas pelos aspectos sociais da
organização, que implicam em alterações, adversas ou
benéficas, na saúde, na segurança e no bem estar físico e
mental, no perfil das atividades sociais, econômicas e culturais,
nas estruturas, nas relações e nas formas de trabalho, nos
graus de escolaridade e de qualificação, os níveis de emprego
e no salário, dentre outros.
4
A partir disso, mais uma vez é notável a intima relação entre Responsabilidade
Social, Sustentabilidade e Qualidade de Vida, mostrando que todos os fatores
devem estar em equilíbrio para termos uma sociedade e dentro dela, empresas de
sucesso e pessoas satisfeitas.
É visto, então, que se torna cada vez mais complexo o sistema empresarial, tanto
que para Grajew (2000) a Responsabilidade Social deve ser tratada como uma
filosofia empresarial, que perpassa todos os setores da organização, pois deve se
preocupar com o grau de escolaridade de seus funcionários, as conseqüências que
seus produtos causam ao meio ambiente e toda a relação estabelecida entre a
empresa e seus públicos.
Portanto Responsabilidade Social no que diz respeito a uma empresa que se
preocupa com o meio e as pessoas que o integram, a Sustentabilidade vista de
maneira social, econômica e ambiental, e a Qualidade de Vida (individual e do
trabalho) interligadas a fatores de relacionamento social e satisfação profissional
são, atualmente, fatores vitais dentro de uma organização que busca a excelência.
2.1. Responsabilidade Social
O surgimento da Responsabilidade Social Empresarial aconteceu devido ao
aumento da complexidadenos negócios, que teve como principais fatores a
globalização, a velocidade de inovações, a eficiência das informações e a
competitividade no mercado.
Segundo o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social (2000),
Responsabilidade Social é uma maneira de conduzir os negócios da empresa de tal
forma que a torna co-responsável e parceira pelo desenvolvimento da sociedade, ou
seja, aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes
(acionistas, funcionários, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores,
comunidade governo e meio-ambiente) e conseguir incorporá-los no planejamento
de suas atividades, buscando atender às demandas de todos e não apenas dos
proprietários e acionistas.
O Instituto Ethos apresenta seis categorias ou grupos que incorporam a
Responsabilidade Social Empresarial, sendo eles: o público interno; o meio
ambiente; os fornecedores; os consumidores; a comunidade; o governo e a
5
sociedade, estes seriam os chamados stakeholders de uma organização. São várias
as ações que podem ser feitas em relação a cada uma destas categorias, sendo que
para estas serem socialmente responsáveis devem ter como princípios a
transparência e a ética.
Kreitlon (2004, p.10) expõem simplificadamente três características necessárias para
empresas que assumem o papel de ter Responsabilidade Social, são elas:
[...] a) reconhecer o impacto que causam suas atividades sobre
a sociedade na qual está inserida; b) gerenciar os impactos
econômicos, sociais e ambientais de suas operações, tanto a
nível local como global; c) realizar esses propósitos através do
diálogo permanente com suas partes interessadas, às vezes
através de parcerias com outros grupos e organizações.
Nota-se que a prática da Responsabilidade Social caminha lado a lado com a ética,
afinal ela deve ser compatível com os valores morais e éticos da empresa e da
sociedade, pois a empresa precisa seguir normas de conduta e valores prezadas por
seus stakeholders (partes interessadas). Portanto a ética e a Responsabilidade
Social caminham lado a lado.
Esta posição de responsabilidade perante o ambiente onde está inserida provém de
uma cultura ética nos negócios, pois não adianta uma empresa, por um lado pagar
mal seus funcionários, corromper a área de compras de seus clientes e, por outro,
desenvolver programas junto a entidades sociais da comunidade. Essa postura não
condiz com uma empresa com Responsabilidade Social. Deve haver coerência entre
ação e discurso. (Mendonça)
Oliveira (1984, p.205) define Responsabilidade Social como:
[...] a capacidade de a empresa colaborar com a sociedade,
considerando seus valores, normas e expectativas para o
alcance de seus objetivos. No entanto, o simples cumprimento
das obrigações legais, previamente determinados pela
sociedade, não será considerado como comportamento
socialmente responsável, mas como obrigação contratual
óbvia, aqui também denominada obrigação social.
6
De uma maneira mais objetiva, obrigação social é aquilo que a empresa faz pela
sociedade e que está previsto em lei. Já a ótica da Responsabilidade Social
pressupõe que a empresa vá além dos limites da legislação. (CORRÊA e
MEDEIROS, 2003)
É interessante também ressaltar a diferença entre Responsabilidade Social e
Filantropia, pois, segundo o Instituto Ethos; a primeira diz respeito a ação social
externa da empresa, sendo o beneficiário principal a comunidade em suas diversas
formas; já a segunda foca a cadeia de negócios da empresa e engloba
preocupações com um público, cujas demandas e necessidades a empresa deve
buscar entender e incorporar aos seus negócios, tratando assim diretamente dos
negócios da empresa e como ela os conduz.
A Responsabilidade Social envolve toda a área de influencia e funcionários de uma
empresa, trata-se de um modo de ser competitiva, conquistar e ampliar o mercado.
Isso porque, como já dito a Responsabilidade Social não é filantropia isolada,
motivada por um sentimento de culpa por causa da utilização dos recursos da
sociedade, ou por iniciativa de um empresário, mas, sim, alinhada aos objetivos da
empresa, contemplando a Responsabilidade Social. (ORCHIS et al., 2002)
Alguns benefícios da Responsabilidade Social podem ser traduzidos, segundo
Levek, et al. (2002, p. 19 apud Melo Neto e Froes), em vantagens como:
[...] o fortalecimento da marca e imagem da organização; a
diferenciação perante aos concorrentes; a geração de mídia
espontânea; a fidelização de clientes; a segurança patrimonial
e dos funcionários; a atração e retenção de talentos
profissionais a proteção contra ação negativa dos funcionários;
a menor ocorrência de controle e auditorias de órgãos
externos; a atração de investidores e deduções fiscais.
O Instituto Ethos (2000) acredita que para aquelas empresas que seguem a política
de Responsabilidade Social, alguns resultados podem ser notados, sendo alguns
destes fatores internos: a valorização da imagem institucional e da marca, maior
lealdade do consumidor, maior capacidade de recrutar e manter talentos,
flexibilidade e capacidade de adaptação e longevidade. Externamente gera retorno
7
social, institucional, tributário-fiscal, de mídia e econômico para a empresa,
aprimorando os relacionamentos com seus diversos públicos (stakeholders) e
promovendo o desenvolvimento sustentável do local e região.
2.2. Sustentabilidade
Responsabilidade Social, segundo a Norma Brasileira 16001 (2004, p.5):
[...] é a relação ética e transparente da organização com todas
as suas partes interessadas, visando o desenvolvimento
sustentável. O resultado do desenvolvimento sustentável é a
Sustentabilidade nas dimensões ambiental, econômica e
social.
As três dimensões também são expostas:
A dimensão ambiental da Sustentabilidade diz respeito aos
impactos da organização sobre sistemas naturais, vivos ou
não, incluindo ecossistemas terra, água e ar. A dimensão
econômica da Sustentabilidade diz respeito aos impactos da
organização sobre as circunstâncias econômicas das partes
interessadas e sobre os sistemas econômicos em níveis local,
regional, nacional e global. A dimensão social da
Sustentabilidade refere-se aos impactos da organização sobre
os sistemas sociais (incluindo-se as questões política, cultural,
institucional, espacial e espiritual, entre outras) nos quais
opera. (Norma Brasileira 16001; 2004, p.5)
Segundo Orchis et al. (2002), a prática da Responsabilidade Social por parte das
empresas pode melhorar seu desempenho e sua Sustentabilidade a médio e longo
prazos, gerando, entre outros fatores, valor agregado à imagem da empresa;
motivação interna; posição influente nas decisões de compras; vantagem
competitiva; influência positiva na cadeia produtiva e melhoria do clima
organizacional.
O termo “desenvolvimento sustentável” é muito abrangente, pois, como já citado,
engloba aspectos sociais, ambientais e econômicos, e foi expresso no Relatório
8
Brundtland como o “desenvolvimento que atende às necessidades do presente, sem
comprometer a capacidade de as futuras gerações atenderem às suas próprias
necessidades” (MOUSINHO, 2003, p. 348).
Nesse sentido, Penna (1999, p. 130) afirma que grande parte das questões
ambientais e sociais baseiam-se no equilíbrio abastecimento versus demanda, o
problema é a incerteza da precisão nos limites de abastecimento (que são
seguramente limitados), enquanto a demanda pode ser ilimitada, gerando assim um
desequilíbrio.
O Instituto Ethos afirma que as empresas socialmente responsáveis estão mais bem
preparadas para gerar Sustentabilidade nos negócios, por estarem interligados com
as novas dinâmicas que afetam a sociedade e o mundo empresarial.
O comportamento sustentável insere-se no contexto de legislações mais exigentes,
de práticas de consumo e de investimentos cada vez mais conscientes, do
desenvolvimento de políticas econômicas destinadas a estimular o desenvolvimento
sustentável e de uma crescente preocupação manifestadapelas partes interessadas
em relação às questões ambientais, econômicas e sociais. (NORMA BRASILEIRA -
16001, 2004)
As organizações têm praticado cada vez mais a ética e moral organizacional
gerando Responsabilidade Social para um melhor desenvolvimento social,
econômico e político na forma de melhorias para o crescimento sustentável da
sociedade como um todo.
2.3. Qualidade de Vida
Corrêa e Medeiros (2003) trazem como definição de Responsabilidade Social uma
visão de comprometimento permanente dos empresários, adotando um
comportamento ético e contribuindo para o desenvolvimento econômico,
melhorando, simultaneamente, a Qualidade de Vida de seus empregados e famílias,
da comunidade local e como consequência a da sociedade como um todo. Uma
visão mais ampla é proposta por Levek et al (2002 apud Ashley) que define
Responsabilidade Social como toda ação que possa contribuir de alguma forma para
a melhoria da Qualidade de Vida sociedade.
9
Para Corrêa e Medeiros (2003, p.4 apud Ashley) Responsabilidade Social
Trata-se de compromisso contínuo nos negócios pelo
comportamento ético que contribua para o desenvolvimento
econômico, social e ambiental, pressupondo a realização de
decisões empresariais que sejam resultado da reflexão sobre
seus impactos sobre a Qualidade de Vida atual e futura de
todos que sejam afetados pela operação da empresa.
Para Barros (1999, p.17), Qualidade de Vida designa aspectos relacionados às
condições de saúde, trabalho e moradia ou para questões mais subjetivas como
bem-estar, auto-estima e grau de satisfação. Concordando com estes aspectos,
Kitamura et al. (2005, p.49) afirma que: “O trabalho propriamente dito, o ambiente de
trabalho, e as condições em que são executadas as tarefas ou atividades do
trabalho podem interferir na Qualidade de Vida do Homem.”
Tomando-se a definição de Walton (1975, p.4) para a Qualidade de Vida no
Trabalho que é o “atendimento de necessidade e aspirações humanas, caçado na
idéia de humanização e Responsabilidade Social da empresa”, pode-se unir a
Responsabilidade Social Empresarial a Qualidade de Vida no Trabalho na medida
em que as empresas que agem com Responsabilidade Social devem programar
ações de gestão para o alcance da Qualidade de Vida no Trabalho.
A partir destas considerações, portanto, torna-se possível afirmar a correlação
existente entre os termos: Responsabilidade Social, Qualidade de Vida e Qualidade
de Vida no Trabalho; sendo estes interdependentes. Então, pode-se dizer que se a
organização está preocupada com a Responsabilidade Social ela estará
automaticamente preocupada com a Qualidade de Vida de seus trabalhadores,
dando condições plenas para a sua realização pessoal e profissional.
3. Exemplo de empresa com Responsabilidade Social
Um exemplo de empresa cujos resultados estão entrelaçados com a filosofia da
ética social é o “O Boticário”, referência no uso de ações de preservação a favor de
sua imagem de fabricante de perfumes e cosméticos. A ética e o respeito norteiam
os relacionamentos da organização, reforçando e tornando as parcerias ainda mais
duradouras.
10
A empresa está ciente que suas decisões e atitudes influenciam toda uma cadeia de
relacionamentos interdependentes, e por isso, com objetivo de mediar a interação
com seus diferentes públicos (colaboradores, fornecedores, franqueados, imprensa,
governo e entidades) cultivam canais de comunicação propícios ao diálogo
transparente, produtivo e indispensável à condução ética em uma gestão de
responsabilidade corporativa.
Sustentabilidade, segundo o Grupo Boticário, é a sua forma de fazer negócios, afinal
além de conciliarem viabilidade econômico-financeira, respeito à natureza e
promoção social, buscam usar seu poder de influência para sensibilizar todos os
públicos com os quais trabalham, disseminando os princípios de um modelo de
desenvolvimento mais equilibrado, duradouro e harmônico com a sociedade.
A promoção da Sustentabilidade é o propósito do Grupo, cujo ideal de
desenvolvimento está atrelado à racionalização do consumo e à preservação dos
recursos naturais. A empresa traz em seu planejamento estratégico, cada vez mais,
a previsão de minimização dos impactos ambientais do processo produtivo de toda a
cadeia de valor dos negócios. Procurando assim equilibrar todo o processo em
busca do alcance das metas já traçadas, influindo assim em toda cadeia de
produção, desde o desenvolvimento dos produtos (avaliação do ciclo de vida do
produto e embalagem: criação, produção, utilização e reutilização ou descarte) até
os consumidores finais.
“O Boticário” busca a utilização de insumos e matérias-primas renováveis e
sustentáveis no desenvolvimento de seus produtos; monitora emissões de gases do
efeito estufa; promove a diversidade; mantém fluxo e critérios transparentes para a
seleção de parceiros de negócio (contemplando questões sociais e ambientais, além
dos valores da empresa); faz um gerenciamento de riscos; conhece a origem de
seus insumos e produtos; oportuniza o engajamento de diferentes stakeholders nas
decisões, conhecendo assim diferentes públicos, suas expectativas e demandas;
incentiva a adoção de práticas sustentáveis na cadeia de valor; tem uma visão de
lucro responsável e crescimento sustentado com a distribuição de riquezas e
iniciativas de geração de renda e inclusão social.
O Grupo Boticário acredita que a gestão de pessoas tem grande importância para o
sucesso da empresa, pois para eles a expansão dos negócios é uma conseqüência
11
natural do desenvolvimento contínuo e integral de seus colaboradores. Assim
priorizam na empresa relacionamentos duradouros e desafiadores, nos quais cada
um é permanentemente estimulado a crescer – como pessoa, como profissional e
como cidadão.
De uma forma detalhada, portanto, podemos tomar como ponto de referência e
exemplo a empresa exemplificada por suas práticas de gestão sob o aspecto
Responsabilidade Social estreitamente atrelado a Sustentabilidade e Qualidade de
Vida das pessoas (com sua preocupação na gestão de pessoas).
4. Conclusão
Com o presente estudo pode-se concluir principalmente que as organizações que
desejarem praticar a Responsabilidade Social, terão de exercitar suas ações,
decisões e comportamentos por meio de conceitos e princípios éticos e morais
perante a empresa e a sociedade. É o dever da empresa assumir uma atitude
transparente, responsável e ética em suas relações com os diversos públicos-alvo
(stakeholders).
Tomando como exemplo o “O Boticário”, é possível analisar como uma empresa de
sucesso e mundialmente conhecida aplica os conhecimentos e diretrizes no
relacionamento com seus diversos públicos, obtendo a satisfação dentro e fora da
empresa, indicada pela satisfação de ambas as partes.
Enfim, com Responsabilidade Social é possível atingir positivamente os mais
diversos públicos, por exemplo: acionistas com lucros coerentes que respeitem o
ambiente de uma forma geral, os funcionários e prestadores de serviço com maior
motivação por trabalharem em uma empresa socialmente preocupada com o bem-
estar de todos (com políticas de melhoria das mais diversas formas), fornecedores,
consumidores que ao adquirirem um produto ou serviço poderão ter a certeza de
que parte do preço pago será revertido em ações para seu próprio bem, comunidade
que receberá os investimentos (não necessariamente materiais) da empresa,
governo que será auxiliado com as práticas sociais, e o meio-ambiente que será
preservado e, todos serão integrados ao conceito de Sustentabilidade, deixando um
ambiente melhor para futuras gerações.
12
Arbitra-se, portanto que como retas paralelas, caminhando juntas, Responsabilidade
Social, Sustentabilidade e Qualidade de Vida (aliada à Qualidade de Vida no
Trabalho) tendem a trilhar juntas, o caminho que pode conduzir as organizações na
busca e obtenção de diferenciais competitivos, minimizando impactos e
maximizando benefícios para a sociedade atual.
Referências
BARROS,M. V. G. Atividades físicas no lazer e outros comportamentos relacionados à saúde
dos trabalhadores da Indústria no Estado de Santa Catarina, Brasil. Florianópolis, 1999. 131f.
Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade Federal de Santa Catarina.
CORRÊA, F. T. B. S.; MEDEIROS, J. R. Responsabilidade Social corporativa para quem? In:
Responsabilidade Social nas Empresas: a contribuição das universidades. V. 2. São Paulo:
Peirópolis: Instituto Ethos, 2003.
GRAJEW, O. Somos todos responsáveis. Revista Exame – Guia de Boa Cidadania Corporativa,
Ed. 728. 2000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. Consumo sustentável: Manual de
educação. Brasília: Consumers International/MMA/MEC/IDEC, 2005. Guia de Responsabilidade
Social para o consumidor. São Paulo, IDEC, 2004.
INSTITUTO ETHOS. Responsabilidade Social Empresarial: perguntas e respostas. Disponível em:
<HTTP:// www.ethos.org.br/pri/princ/prespostas/index.asp> Acesso em: 30/07/2011 às 15h33min.
INSTITUTO ETHOS DE EMPRESAS E RESPONSABILIDADE SOCIAL. Indicadores Ethos de
Responsabilidade Social Empresarial. São Paulo, 2000. Disponível em: <HTTP://www.ethos.org.br>.
Acesso em: 01/08/2011 às 15h35min.
KITAMURA, S. (ORG.) GONÇALVES, A.; GUTIERREZ, G. L.; VILARTA, R. Gestão da Qualidade de
Vida na empresa. Campinas: Ipes, 2005.
KREITLON, M. P. A Ética nas Relações entre Empresas e Sociedade: Fundamentos Teóricos da
Responsabilidade Social Empresarial. XXVIII ENANPAD, Curitiba, 2004.
LEVEK, A. R. H. C..; BENAZZI, A. C. M.; ARNONE, J. R. F.; SEGUIN, J.; GERHARDT, T. M. A
Responsabilidade Social e sua interface com o marketing social. Rev. FAE, Curitiba, v.5, n.2,
p.23-25, maio/ago. 2002.
MANCINI, S.; SCALZARETTA, L.; QUINTELLA, L. C. M.; FANTINATO, O.; LIMONGI-FRANÇA, A. C.
Qualidade de vida no trabalho e responsabilidade social. II Encontro Anual: Associação Nacional
de Pós-Graduação e Pesquisa em Ambiente e Sociedade (II ANPPAS). Abr./2004.
MELO NETO, F. P.; FROES, C. Gestão da Responsabilidade Social Corporativa: o caso brasileiro.
Rio de Janeiro: Qualitymark Ed., 2001.
MENDONÇA, R. R. S. As dimensões da Responsabilidade Social: uma proposta de instrumento
para avaliação. Disponível em: <http://www.uniethos.org.br> Acesso em: 30/07/2010 às 17h52min.
MOUSINHO, P. Glossário. In: TRIGUEIRO, A. (coord.). Meio ambiente no século 21: 21
especialistas falam da questão ambiental nas suas áreas de conhecimento. Rio de Janeiro: Sextante,
2003.
NORMA BRASILEIRA ABNT NBR 16001. Responsabilidade Social - Sistema da gestão –
Requisitos. ABNT NBR 16001:2004. Rio de Janeiro – RJ. Disponível em: <HTTP://www.abnt.org.br>
Acesso em 30/07/2011 às 14h35min.
“O BOTICÁRIO”. Disponível em: <http://www.boticario.com.br>. Acesso em: 31/07/2011 ás
11h23min.
13
OLIVEIRA, J. A. Responsabilidade Social em pequenas e médias empresas. Revista de
Administração de Empresas. V.24, n. 4, p.203-210 out./dez. 1984. Disponível em: <http://rae.fgv.br >.
Acesso em 30/07/2011 às 17h56min.
ORCHIS, M. A. et al. Responsabilidade Social das empresas: a contribuição das universidades.
São Paulo: Petrópolis, 2002.
PENNA, C. G. O estado do planeta: sociedade de consumo e degradação ambiental. Rio de Janeiro:
Record, 1999.
RIBEIRO, M. S. A Responsabilidade Social como estratégia da atividade de relações públicas:
Caso Indústria de calçados Azaléia. INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares
da Comunicação. XXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – BH/MG. Set./2003.
URAS, F. P. A Responsabilidade Social é um bom negócio? “O Estado de São Paulo”, em
25/08/1999.
Área temática: Gestão (Responsabilidade Social).