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DARLAN BARROSO Mestre em Direito. Especialista em Direito Processual Civil pela PUC-SP. Professor de Processo Civil e Direito Internacional e Coordenador Pedagógico dos cursos preparatórios para o Exame de Ordem no Complexo Educacional Damásio de Jesus. Autor de várias obras. Advogado. JULIANA FRANCISCA LETTIÈRE Mestre em Direito Civil pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. Especialista em Direito Processual Civil. Graduada pela PUC-SP. Professora convidada no curso de Direito de Família e Sucessões do COGEAE‑PUC- SP. Professora de Direito Processual Civil e Prática Processual Civil e Administrativa na Faculdade de Direito Damásio de Jesus e Professora na área de Concursos Jurídicos. Autora de diversas obras jurídicas. Foi professora na Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP, no Curso de Graduação em Direito e de Pós- -Graduação Lato Sensu, em Direito Civil da Universidade Presbiteriana Mackenzie, e também no Curso de Pós-Graduação Lato Sensu, em Direito Processual Civil na Universidade Municipal de São Caetano do Sul. Advogada. AGRADECIMENTOS Apesar de Leda não estar mais conosco fisicamente, parece que ela nunca se foi... Foram muitos os ensinamentos, tantos os exemplos, carinhos e demonstração de sabedoria que sua presença ficará marcada pelo resto de minha vida. Foi pela Leda que conheci a Juliana, amiga que tenho o prazer de compartilhar esse trabalho e outros que ainda virão. Ao amigo Roberto B. Dias da Silva, devo um agradecimento especial, pois foi de nosso convívio na advocacia, que aprendi a prática jurídica civil. Devo ao Roberto os ensinamentos de como escrever com simplicidade e correção técnica e gramatical. À Sandra, pela amizade sincera de sempre. Ao meu filho Pedro, já que, por muitas vezes, ficamos privados da convivência, para poder escrever, advogar, ser professor e dirigir cursos preparatórios. Aos nossos alunos e ex-alunos, com o carinho que guardo por todos, agradeço o estímulo e a troca de experiências. É um grande estímulo receber mensagens como “professor quando sairá a nova edição?”. É isso que nos motiva a escrever. Nessa edição, registro meu agradecimento especial à professora Ana Carolina Victalino por todo auxílio na atualização e contribuições nos estudos sobre o novo Código de Processo Civil. A contribuição dessa jovem processualista nos trouxe o desafio de repensar muitos institutos do processo civil que antes eram interpretados com base em uma Constituição e Código revogados. Quando paramos para escrever algo, surge a ansiedade de ver a reação de nossos leitores, a quem não podemos (autores) deixar de agradecer pela confiança, carinho e respeito de sempre com nossos trabalhos. DARLAN BARROSO À eterna mestra e amiga Leda Pereira da Mota (in memorian). Houve toda uma geração de alunos – muitos dos quais hoje professores ou profissionais atuantes do direito – que tiveram a grata honra de ter a Dra. Leda Mota como professora, seja na PUC-SP, seja na UNIP, seja no Curso Robortella ou em alguns dos inúmeros cursos e palestras por ela ministrados, e com muita felicidade fiz parte deste seleto grupo. Ter sido aluna da Leda não foi uma mera oportunidade de aprender Direito Constitucional, mas a possibilidade de aprender o direito como uma ciência em constante evolução, entender sua beleza, sua lógica e quão apaixonante seria atuar utilizando-o. Falar daquela que seria a professora paradigma de Paulo Freire, que a todos seduziu com seu amor e carinho pelo magistério, é lembrar da amiga de todas as horas, exemplo de profissional e apoio constante diante das decisões. À Prof. Betina Rizzato Lara. Somente os profundos conhecedores de uma matéria podem efetivamente inovar ou ousar, e aqui se enquadra a Prof. Betina, que inovou sem desnaturar, sem agredir o processo civil, sempre tendo em vista as raízes dos institutos processuais. Fui aluna da Betina durante a graduação e graças à sua paixão pelo direito processual civil consegui enxergar a beleza e a lógica dessa matéria, sem jamais esquecer de sua importância. Mais que isso, Betina possui o condão de traduzir a complexidade do processo, seus conceitos e fundamentos de forma extremamente clara, característica esta aliada à constante instigação ao raciocínio processual em temas polêmicos e atuais. É graças a esta lição, jamais esquecida, que procurei aperfeiçoar meus conhecimentos, o que culminou no magistério em seara tão encantadora. Em cada aula ministrada, em cada linha aqui escrita busquei tributar minha gratidão à Leda e à Betina, ao retransmitir aos alunos que tive, tenho e terei e aos leitores deste livro a lição recebida. Ao amigo Darlan, pois não basta o conhecimento jurídico, se não tivermos um grande amigo a nos incentivar e ajudar. Ao Prof. Carlos Eduardo de Abreu Boucault pela amizade e pelas oportunidades. À Fernanda Rocha Lourenço Levy, cujo profissionalismo e vasto conhecimento encantam. Agradeço a oportunidade oferecida pela vida, de ter sido sua aluna no mestrado e ante o convívio profissional. Graças a ela tive a oportunidade de vivenciar uma realidade jurídica completamente nova em minha atuação e seu profundo e sólido saber – mas acima de tudo inovador, atual e moderno – possibilitou a experiência e a crença em novas realidades jurídicas. À Nilcea Silveira Duarte e à Lilian Mitie Higashinaka, pela ajuda inestimável na pesquisa. Sob a batuta da Profa. Fernanda fiz parte do Núcleo de Prática Jurídica da Uninove, tanto como professora, como orientadora no Serviço de Assistência Jurídica gratuita, tendo como companheiros de trabalho profissionais competentes: Sandra Regina Garcia Olivan Bayer, Cíntia Regina Béo, Marcelo de Almeida e Daniel Alberto Casagrande. A todos agradeço a oportunidade de aprendizado, pois só se aprende com quem realmente sabe e em especial à Sandra que desenvolveu um maravilhoso trabalho de mediação e conciliação, trabalho este que só foi possível pelo fato de ela e de Fernanda conhecerem como ninguém o exercício da advocacia e por terem conhecimento em psicologia suficiente para tal mister. Em razão da atuação delas, naquele momento, foi possível ver e viver o real sentido do Acesso à Justiça. Aos meus alunos, que sempre foram e serão fonte de aprendizado e inspiração. À Linda, ao Gi, ao Ângelo e a todos, por tudo, sempre. JULIANA FRANCISCA LETTIÈRE NOTA DOS AUTORES À 7.ª EDIÇÃO A sétima edição do livro Prática Processual no Novo CPC foi totalmente revista para conter as atualizações trazidas pelo novo Código de Processo Civil, com inclusão de novas petições relevantes. A edição também ganhou um nome novo. Preferimos agora incluir no nome a referência à prática processual, pois o livro se funda muito no Processo Civil, bem como incluir o “Novo CPC” (até a 6.ª edição a obra era chamada de “Prática Jurídica Civil”). O livro ganhou novo capítulo sobre as tutelas provisórias e as petições que surgiram com a sistemática introduzida pelo NCPC. Também foi totalmente reorganizado em conformidade com a nova lógica e estrutura do Código, com a revisão de todo o processo de conhecimento de rito comum, as novidades dos ritos especiais, o cumprimento de sentença e a ação de execução. As petições antigas foram atualizadas e inseridos os novos modelos. A obra conta com mais de 110 modelos (petições, requerimentos, contrato, procuração etc.). Nosso principal objetivo foi abordar a prática do Novo CPC com uma visão técnica da ciência processual civil e com enfoque no dia-a-dia dos profissionais do direito na prática civil, também com conteúdo destinado aqueles que se preparam para o Exame de Ordem e concursos públicos com exigência de peças processuais. Esperamos que a 7.ª edição – que conta com toda a tradição da Editora Revista dos Tribunais – possa auxiliar acadêmicos, estudantes que se preparam para o Exame de Ordem e concursos para a advocacia pública, e, especialmente, aos profissionais do direito, com material atualizado e de consulta didática na prática processual civil. PREFÁCIO À 1.ª EDIÇÃO Fiquei imensamente feliz e orgulhosa com o convite feito pelos autores para a apresentação deste trabalho. Juliana foi minha aluna na graduação e Darlan no curso de especialização, ambos na PUC-SP, na área de processo civil, e é muito gratificante como professora ver os alunos trilhando o caminho do magistério e da literatura jurídica. No exercício de anos da advocacia e hoje, como juíza de direito, posso afirmar que, apesar das dificuldades peculiares de cada atividade, a advocacia apresenta desafios maiores, a se iniciar pela escolha da ação correta a ser ajuizada a partir do problema que é trazido pelo cliente ao advogado. Após, a função de convencimento do magistrado, seja para obtenção da tutela jurisdicional pleiteada como para o acolhimento de argumentos da defesa. E para ajudar na realização dessa difícil tarefa os autores conseguiram realizar uma obra dotada de qualidade ímpar, na medida em que de forma simples, acessível e didática foram conjugadas breves lições teóricas com modelos e exemplos práticos. Na introdução são abordados alguns aspectos acerca da redação jurídica, com orientações básicas para a elaboração de uma petição, inclusive no tocante à sua formatação. Se a finalidade é sempre o convencimento, contribui muito para um resultado positivo a apresentação de uma petição de agradável leitura e fácil compreensão pelo magistrado. Após, os autores passam a analisar questões práticas e prévias ao ajuizamento de uma ação, como o contrato de honorários advocatícios, o instrumento de mandato e regras de competência. É feita, ainda, uma abordagem teórica sobre as tutelas de urgência, com destaque para as principais diferenças entre a tutela antecipada, cautelares e liminares, tema este de vital importância pela possibilidade de se evitar, com referidas tutelas, os efeitos danosos do trâmite normalmente longo de um processo. A obra segue com a análise das petições no processo de conhecimento, processo de execução, processo cautelar, nos procedimentos especiais, nas ações constitucionais e nas ações de direito de família, com destaque sobre os principais pontos acerca de cada tema, acompanhados dos modelos das petições. Conclui-se, após a leitura deste trabalho que, se sua finalidade precípua é auxiliar aqueles que iniciam o exercício da advocacia, as orientações nele contidas devem ser seguidas por todos os operadores do direito ao longo de sua vida profissional. BETINA RIZZATO LARA 1. REDAÇÃO JURÍDICA 1.1 O que é petição? O termo petição pode receber inúmeros significados, mas o que mais reflete a realidade da prática jurídica é que a petição representa o instrumento de comunicação do advogado com o processo. Como regra, é por meio de petições que são praticados os atos processuais das partes com o objetivo de obter um provimento jurisdicional favorável a quem peticiona. No processo civil comum, não obstante a doutrina clássica invocar a existência do princípio da oralidade, a regra é no sentido de que os atos processuais sejam praticados pelos advogados na forma escrita. Na verdade, a oralidade ficou mitigada aos atos praticados em audiência (que acabam sendo reduzidos a termo – incluídos no termo de audiência), nos juizados especiais e na jurisdição trabalhista, nos quais é admitida a propositura de ação por meio oral (reduzida a termo pelo serventuário competente). Até mesmo nos processos eletrônicos, a petição mantém a mesma importância do antigo processo físico de papel, a única diferença é que a peça processual do advogado é remetida por upload no formato digital (normalmente em PDF) no sistema fornecido pelos tribunais. Assim, a petição é o principal meio para a prática de atos processuais pelas partes no processo. Com efeito, não podemos deixar de ter em mente que as petições são instrumentos de comunicação. A redação do texto deve ter a preocupação com a finalidade de levar uma mensagem a um destinatário, esperando e confiando em uma resposta. Nesse caso, o advogado leva uma pretensão (mensagem) ao Estado-juiz (destinatário) para que possa ser oferecido um provimento jurisdicional. As petições visam a influenciar na convicção do magistrado. O advogado se vale desse poderoso instrumento para convencer o juiz de que seu cliente tem determinado direito assegurado no ordenamento jurídico. Não se trata de mera narrativa de fatos e de direitos, mas de texto articulado para atuar na inteligência do magistrado. O termo petição deriva do latim petitio (do verbo petere), que significa o ato de reclamar, invocar uma providência, solicitar ou expor alguma pretensão diante de alguma autoridade. Dessa forma, considerando a importância da petição para a prática jurídica da advocacia, inclusive sua exigência em concursos públicos e exames da Ordem dos Advogados do Brasil, nos próximos capítulos teceremos algumas regras gerais para a redação jurídica, passando, em seguida, ao estudo dos modelos das petições nas diversas modalidades de processos e procedimentos do Processo Civil. 1.2 Questão de estilo ou de técnica? Logo de início, devemos traçar as diferenças entre aquilo que é denominado de estilo e a técnica. Os profissionais do direito, comumente, têm incorrido em verdadeiras aberrações jurídicas ao confundir o estilo com a técnica. O estilo compreende a maneira ou traço pessoal de agir, ou ainda as características do comportamento individual da pessoa: o modo de falar, escrever, vestir-se etc. O estilo decorre das preferências pessoais e, portanto, cada indivíduo tem a liberdade de criar suas características próprias. Por outro lado, a técnica não é pessoal, não está disposta segundo a vontade de cada pessoa. A técnica decorre de preceitos ou normas estabelecidos pela ciência, no nosso caso, das regras estabelecidas pelo direito. TÉCNICA – encontra fundamento na ciência (o erro pode caracterizar prejuízo na prática ou mesmo em provas e concursos). ESTILO – traço pessoal de redação (sem prejuízo formal quando o interlocutor utiliza estilo diverso dos demais). Ao confundir técnica com estilo, o profissional do direito incorre em erro ou vício que denota o despreparo e o desconhecimento das regras de sua profissão. Por exemplo, ao redigir o preâmbulo de uma petição, temos visto as seguintes formas: ( NOME DO AUTOR), já qualificado nos autos da AÇÃO PELO PROCEDIMENTO COMUM, de número em epígrafe, que move em face de ( NOME DO RÉU), vem, por seu procurador, com fundamento no art. 319 do CPC/2015, expor e requerer a Vossa Excelência o seguinte. ( NOME DO AUTOR), nos autos da AÇÃO PELO PROCEDIMENTO COMUM proposta por ( NOME DO RÉU), vem, nos termos do art. 319 do CPC, à presença de Vossa Excelência, expor e requerer o seguinte. Ambos os preâmbulos estão corretos tecnicamente. No entanto, cada advogado optou por empregar o seu estilo (traço Ambos os preâmbulos estão corretos tecnicamente. No entanto, cada advogado optou por empregar o seu estilo (traço pessoal) na redação e no modo de posicionar os elementos do preâmbulo. Não houve alteração da técnica. Agora, vejamos os próximos exemplos: Em um preâmbulo de petição inicial: ( NOME DO AUTOR), (qualificação), vem, por seu advogado, impetrar AÇÃO PELO PROCEDIMENTO COMUM em face de ( NOME DO RÉU), (qualificação), pelos motivos a seguir expostos. Em um endereçamento da petição inicial: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO FÓRUM JOÃO MENDES JÚNIOR 1 EM SÃO PAULO No primeiro caso, o redator usou equivocadamente o verbo impetrar, pois a técnica determina que tal expressão seja utilizada apenas nas ações mandamentais. O correto, como será mencionado posteriormente, seria o uso do verbo propor, como trataremos adiante. Já no segundo exemplo, o erro está no mau uso do termo fórum e da indicação do nome do prédio em que está instalado o Poder Judiciário. A técnica determina o uso da palavra foro para a indicação de competência territorial, bem como estabelece a denominação da divisão territorial da jurisdição, sendo que o correto seria: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA CAPITAL DE SÃO PAULO. Assim, tome cuidado para não dar seu estilo pessoal àquilo que contém regra técnica no direito, isso apenas demonstra que o profissional desconhece a ciência da qual se propôs estudar. Note-se que no processo civil vige o princípio da instrumentalidade das formas, afastando um rigorismo exacerbado e visando à finalidade essencial a que se destinam os atos praticados (art. 188 do CPC/2015). Contudo, isso não autoriza uma distorção interpretativa para que o profissional seja desleixado. 1.3 Orientações gerais para redação jurídica 1.3.1 Clareza, lógica e objetividade As ideias – fatos, fundamentos jurídicos e pedido – devem ser expressas sem obscuridade. A redação deverá ser simples e direta, para que o destinatário da petição a compreenda sem dificuldade. Lembre-se sempre que o objetivo da peça é convencer o magistrado de que o cliente esteve envolvido em determinado fato que desencadeou consequências jurídicas passíveis da outorga de um provimento jurisdicional favorável ao pedido para solucionar uma lide. Muitas vezes, a falta de clareza e o rebuscamento do texto – com o uso de palavras inúteis ao contexto – criam um óbice no diálogo entre advogado e juiz, o que, consequentemente, frustra a pretensão do cliente. Importante: A petição é o instrumento para o advogado atuar na convicção do magistrado de que seu cliente tem algum direito em relação ao fato narrado. A técnica argumentativa deve estar disposta em uma ordem lógica que permita a compreensão da tese. Escreva para convicção e não apenas para demonstrar conhecimento de vocabulário rico. Indique sempre a premissa maior e depois a premissa menor. Além disso, para a obtenção da clareza, o advogado deverá ter preocupação com a lógica, ou seja, deverá ordenar as ideias de modo a permitir a compreensão coerente. Para isso: a) ordene os fatos na ordem cronológica; b) separe a petição em “Dos fatos”, “Do direito” e “Do pedido”, especialmente quando o texto for longo, isso ajuda a estabelecer a lógica no discurso jurídico; c) para cada parágrafo use apenas uma ideia ou fato; d) narre apenas os fatos relevantes para a solução do conflito ou incidente processual; e) os parágrafos devem estar atrelados ou conexos, por exemplo: Caio e Tício celebraram contrato de compra e venda pelo qual este se obrigou à entrega de 40 (quarenta) sacas de café... No entanto, Tício não cumpriu a obrigação no prazo determinado, apresentando a alegação de que a plantação não atingiu o resultado esperado. No entanto, Tício não cumpriu a obrigação no prazo determinado, apresentando a alegação de que a plantação não atingiu o resultado esperado. f) ao redigir a tese (do direito) o raciocínio jurídico sempre se desenvolve em um círculo vicioso (para cada tese autônoma): 1.º) Indicação do tema a ser tratado; 2.º) Citação dos fundamentos jurídicos (legislação, jurisprudência e doutrina); 3.º) Relação do direito (fundamento jurídicos) com o fato apresentado; 4.º) Conclusão da ideia com a apresentação do objetivo da peça. Vejamos: Formação do raciocínio jurídico Redação da tese Tema (relação jurídica) => A ação versa sobre responsabilidade civil (indicar o tema central que será objeto de discussão). Fundamentos jurídicos => Nesse sentido, o art. ... do CC/2002 estabelece que: (Transcrição ou paráfrase da legislação pertinente). Na mesma linha, a Súmula “x” do STJ consolidou o entendimento que... Vinculação fática => No caso concreto, o Autor foi vítima de ato praticado pelo réu e, portanto, estamos diante de situação que evidencia a presença dos requisitos da responsabilidade subjetiva... conforme estabelece o artigo anteriormente citado, bem como a interpretação da jurisprudência. (Não basta citar o fundamento jurídico. É importante que o advogado faça a vinculação do fato com o direito alegado). Conclusão => Portanto, estão presentes os requisitos para a condenação do réu ao dever de indenizar o Autor pelos danos experimentados... (Fechamento da ideia). A cada nova tese autônoma, o profissional poderá abrir um novo sub-tópico dentro do “Do direito” e reiniciar o ciclo do raciocínio jurídico. Importante: Os parágrafos e capítulos da petição devem estar dispostos de forma harmônica. O redator deve partir da narrativa de um fato, com a apresentação da problemática. Depois deverá expor o raciocínio jurídico e, por fim, dar a conclusão do que se espera do órgão jurisdicional. Por exemplo: ocorreu um acidente... (fato); a parte culpada tem o dever legal de indenizar a vítima pelos danos sofridos... (argumentos jurídicos); logo, requer a condenação ao pagamento... (conclusão). Evite parágrafos longos e a perda do sujeito dentro do texto. Além disso, o advogado deve abster-se do uso frequente da linguagem indireta. Vejamos os exemplos: Não é outro o entendimento da doutrina... Melhor seria: O entendimento predominante... Ou ainda: O entendimento da doutrina é no sentido... O uso da linguagem indireta, muitas vezes, dificulta a compreensão pelo leitor (magistrado ou parte adversa) e viola a clareza e a objetividade necessárias aos textos jurídicos. O advogado deve se preocupar em escrever um texto que seja de agradável leitura e fácil compreensão, caso contrário, não atingirá o objetivo a que se presta: o convencimento do magistrado. 1.3.2 Uso correto da língua portuguesa O profissional do direito deve escrever corretamente, com precisão gramatical e o emprego da linguagem culta, demonstrando conhecimento e riqueza no vocabulário. João Guimarães Rosa afirma que “não é possível dialogar com pessoas que manifestam por escrito a sua incompetência”. 2 De fato, o jurista deve escrever de forma correta e culta. No entanto, a linguagem culta não deve conter exageros capazes de tornar o texto incompreensível ou de difícil leitura. O texto deve ser claro, de fácil compreensão e sem rebuscamento. Por outro lado, também devemos advertir que o uso da linguagem culta se opõe à linguagem popular. É inadmissível que o profissional do direito se comunique no processo da mesma forma que a parte. É comum ouvirmos de alguns clientes: Quero colocar fulano no pau, quando, na realidade, eles querem expressar o desejo de propor uma ação em face de alguém. Ou ainda: Fulano catou meu imóvel, quando o cliente tem o objetivo de informar que alguém tomou posse de um determinado bem. A boa técnica repudia a adoção de gírias ou da linguagem popular, ao menos que isso seja absolutamente necessário para o caso, por exemplo, em transcrições de depoimentos ou em referência à fala de outrem, mas nunca como linguagem própria do advogado. 1.3.3 Independência e não subordinação Ao elaborar suas petições, o advogado deve ter cuidado para não dar ao texto caráter de subordinação entre advogado e magistrado ou membros do Ministério Público. Devemos lembrar que o Estatuto da Advocacia, Lei federal 8.906/1994, determina em seu art. 6.º que não há hierarquia ou subordinação entre advogados, magistrados ou membros do Ministério Público. Evidentemente, o advogado deverá se manifestar no processo com respeito e urbanidade em relação aos demais sujeitos da relação, mas nunca atribuir ao texto jurídico ou atuação oral tom de submissão que conduza à uma posição profissional de inferioridade em relação às demais carreiras. Por essa razão, é necessário repelir, por exemplo, o uso exagerado ou constante das seguintes expressões: Ora, Excelência, com todo respeito e acatamento... Vem, respeitosamente... ou, ainda , mui respeitosamente... Data maxima venia..., data venia (com licença ou respeito) Vem o Suplicante... Se digne Vossa Excelência... r. sentença ou respeitável sentença... v. acórdão ou venerando acórdão... Muitas vezes, tais expressões acabam sendo hipócritas e exageradas. Nota-se que o advogado está recorrendo e sustenta em suas razões recursais que o ato merece ser reformado, mas acaba rebuscando o texto com falsos elogios ao ato judicial recorrido. Assim, por que chamar de r. sentença? Na verdade, tais adjetivos abreviados são desnecessários. Repita-se que não se trata de tolerar a arrogância ou falta de educação do advogado. O advogado deve ser respeitoso, educado, mas, para isso, não precisa se colocar em situação de inferior em relação ao magistrado ou membro do Ministério Público. O advogado deve redigir suas petições com prevalência da independência e urbanidade próprias da essência de sua profissão. 1.4 Expressões ou linguagem não recomendadas Instrumento de procuração. O correto seria instrumento de mandato, uma vez que a procuração é o instrumento do negócio jurídico denominado de “mandato”. Procedência da ação. O correto é o uso da expressão procedência do pedido, já que o magistrado ao prolatar a sentença não julga a ação (que é o direito subjetivo de provocar a jurisdição), mas sim o pedido formulado na ação. Tanto o art. 487, I, 3 quanto o art. 490 do CPC/2015 4 adotaram tal terminologia. Juiz federal do trabalho. Não existe juiz federal do trabalho. A carreira de juiz do trabalho está prevista no art. 111, III, da CF/1988 e recebeu a denominação de juiz do trabalho. Por outro lado, os arts. 106 e 109 da CF/1988 tratam da Justiça Federal, que é composta de juízes federais, esses sim denominados pela Constituição de juízes federais. Na verdade, tal confusão se dá pelo fato de os magistrados da Justiça do Trabalho pertencerem ao Poder Judiciário da União, como ocorre também com a Justiça Federal. Ou seja, essas Justiças estão vinculadas à União, e não aos Estados, mas são órgãos dotados de denominações diferenciadas. A definição é da Constituição, e não da prática, vejamos: Art. 106. São órgãos da Justiça Federal: I – os Tribunais Regionais Federais; II – os Juízes Federais (destacamos). Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho: I – o Tribunal Superior do Trabalho; II – os Tribunais Regionais do Trabalho; III – Juízes do Trabalho (destacamos). Através. Tício celebrou contrato através de seu procurador... O correto seria: celebrou contrato por meio de seu procurador. O termo através representa de lado a lado, atravessadamente ou por entre, sendo usado, portanto, em construções como: Vejo o sol através da janela. Modismos (idiotismo de linguagem). Devem ser evitadas as expressões: bem de ver; a nível de; vou estar assinando a petição... O correto seria: assinarei a petição. Atualmente, diante de uma onda de gerundismo, com o emprego do verbo estar antes do verbo principal, são usados dois verbos para expressar a mesma coisa – Vou estar falando –, quando, na realidade, bastaria o verbo falarei. Em função de. Deve ser usado apenas quando expressar dependência (por exemplo: Tício vive em função do trabalho), e não para substituir em razão de. Assim, em vez de dizer os prazos foram suspensos em função da greve, o correto seria: os prazos foram suspensos em razão da greve. É quando. Temos constatado o uso comum do termo é quando para atribuir respostas ou significados, por exemplo: o agravo de instrumento é quando ocorrer decisão interlocutória. No entanto, tal uso está errado. Quando é uma conjunção subordinativa indicativa de circunstância temporal (em que época, ocasião, momento). Cuidado com o pleonasmo! O pleonasmo é a redundância de termos com o mesmo significado. Em casos excepcionais poderá ser admitido para dar ênfase à expressão. De modo geral, no entanto, devem ser evitadas expressões como: Há muito tempo atrás... Bastaria há muito tempo. Acordo amigável... Todo acordo decorre de concessões recíprocas, portanto, é amigável ou consensual, sendo desnecessária a repetição. Meios de prova. Nos requerimentos de provas é comum o uso da seguinte frase: “Requer, provar o alegado por todos os meios de prova em Direito...”. É redundância! Basta dizer provas ou meios. O mesmo, como prenome. Caio traiu sua mulher, pois o mesmo foi visto saindo de um motel com a amante. Não se deve usar o mesmo para substituir prenome. Preferir este, esse ou aquele, ela, ele etc. Uso de ditados ou expressões populares. Nas petições (ou qualquer outro tipo de escrito jurídico) não é recomendável o uso de ditados populares, como: a decisão caiu como uma luva, cada macaco no seu galho etc. 1.5 Expressões que exigem cuidado no uso Mandato e mandado. Mandato representa negócio jurídico pelo qual alguém outorga a outrem poderes de representação (o mandato tem por instrumento a procuração). Por outro lado, mandado equivale à ordem judicial (advém de mandar, mandatum). Foro, fórum e juízo ou vara. Foro representa competência territorial. 5 A palavra foro sempre estará relacionada a um local. Por exemplo: Foro da Comarca de Santos, Foro da Comarca da Capital de São Paulo. Fórum é o prédio no qual está instalado o órgão jurisdicional, tem conotação de estrutura física (edifício). Por exemplo: Fórum João Mendes Júnior, Fórum Pedro Lessa etc. A palavra fórum não está relacionada com competência jurisdicional, portanto, não deve ser usada no endereçamento das petições. Juízo ou vara são termos que refletem competência funcional (em razão da matéria, hierarquia ou pessoa da ação) do órgão jurisdicional. Por exemplo: Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da Vara Cível... Propor, interpor, opor, apresentar e impetrar. Ao elaborar o preâmbulo da petição, tome cuidado com o uso do verbo adequado para cada espécie de petição. Vejamos: Propor é o verbo utilizado para ação (petição inicial). Por exemplo: NOME DO AUTOR FULANO DE TAL vem propor ação pelo rito... O verbo propor sempre estará relacionado com o ato de apresentar a petição inicial (exercício do direito de ação). Apresentar (ou oferecer) é utilizado para as petições comuns ou incidentais, como contestação (vem apresentar contestação...), exceções (que também poderão receber o termo arguir). Interpor (opor sobre) apenas será utilizado para recursos. Por exemplo: NOME DO AUTOR FULANO DE TAL vem, nos termos do art. 1.009 do CPC/2015, interpor recurso de apelação... O termo interpor denota a existência de duplo grau de jurisdição: como regra, o recurso é julgado por um órgão hierarquicamente superior àquele que proferiu o julgado. Opor será usado para apresentação de embargos, nos quais não há mudança de hierarquia do grau de jurisdição. Impetrar é verbo exclusivo para referência à propositura de ações mandamentais: habeas corpus, habeas data, mandado de segurança e mandado de injunção. Resumidamente: Verbo Uso adequado Petições Propor Para todas as petições que tiverem natureza de Todas as petições iniciais Propor Para todas as petições que tiverem natureza de ação Todas as petições iniciais Arguir Para as questões de ordem pública ou exceções Incidente de suspeição e impedimento. Preliminares em contestação Interpor Recursos (sujeitos ao duplo grau de jurisdição – hierarquia) Apelação Agravos Recurso especial Recurso extraordinário Recurso ordinário Opor Recursos que não geram duplo grau (julgamento pelo mesmo órgão) Embargos de declaração Embargos de divergência Impetrar Apenas para as ações mandamentais Mandado de segurança Habeas corpus Mandado de injunção Habeas data Apresentar ou oferecer Demais peças processuais Contestação Rol de testemunhas, quesitos dos assistentes técnicos, memoriais, contrarrazões etc. Vem, vêm e veem. Vem e vêm são relativos ao verbo vir, que, no contexto jurídico, revelam o ato de apresentar-se, comparecer em juízo. Vem (sem acento) é usado no singular e vêm (com acento), no plural, quando fizer referência a mais de uma pessoa. Por exemplo: ( NOME DO AUTOR), por seu advogado, vem propor ação pelo rito... ( NOME DO AUTOR E SUA MULHER), representados por seu advogado, vêm propor... Por outro lado, veem é relativo ao verbo ver, perceber com a visão (conjugação de eles veem – terceira pessoa do presente do indicativo). Portanto, veem não deve ser utilizado no preâmbulo das petições. Residente à rua ou residente na rua? O correto é o uso da preposição na (em + a), que dá noção de lugar. Face a, em face de ou contra? O autor promove a ação face ao réu, em face do réu ou contra o réu? Na verdade a expressão mais adequada seria em face de, pelo fato de que, tecnicamente, a ação é movida contra o Estado (direito de ação é o direito de movimentar a máquina judiciária) e este desenvolve sua atividade em face do réu. No entanto, não é errado o uso da expressão contra, já que, em muitos momentos, o próprio Código de Processo Civil se valeu dela. Por exemplo: execução de quantia certa contra devedor solvente. Repetição de palavras em início de parágrafo. Cuidado com a repetição exagerada dos termos destarte, com efeito, depreende-se, infere-se, outrossim, em outras palavras etc. Muitas vezes, essas expressões são desnecessárias e podem ser suprimidas sem prejuízo à compreensão do texto. Nossa melhor doutrina... A mais acertada jurisprudência... O juiz não agiu com o seu costumeiro acerto... A jurisprudência bem está a demonstrar... O douto magistrado... Não é outro o entendimento... São expressões inúteis e que reduzem a objetividade do texto, o melhor seria: A esse respeito, o Tribunal (nome) proferiu acórdão com a seguinte ementa: ou ainda, Nesse sentido Fulano de Tal... Justiça! (Não...!) É comum encontrarmos como encerramento das petições um brado por Justiça!: requer que o pedido seja acolhido por medida de lídima Justiça! (muitas vezes até com certo exagero e ênfase na exclamação “!!!!!”). O encerramento da petição com a invocação de lídima Justiça! é equivocado e demonstra o desconhecimento do real significado da palavra, além de banalizar toda discussão filosófica a respeito da conceituação. Na verdade, o que se espera do Poder Judiciário não é a aplicação da justiça, mas sim a definição do direito, ou seja, daquilo que está previsto na lei. O conceito de justiça não é universal ou absoluto, tampouco reflete na dinâmica do processo obrigatoriamente a aplicação da lei. Devemos lembrar que, em muitos casos, a aplicação da lei não é justa. A esse respeito, ao iniciar o discurso O que é Justiça?, Hans Kelsen adverte: 6 Quando Jesus de Nazaré, no julgamento perante o pretor romano, admitiu ser rei, disse ele: “Nasci e vim a este mundo para dar testemunho da verdade”. Ao que Pilatos perguntou: “O que é a verdade?”. Cético, o romano obviamente não esperava resposta a essa pergunta, e o Santo também não a deu. Dar testemunho da verdade não era o essencial em sua missão como rei messiânico. Ele nascera para dar testemunho da justiça, aquela justiça que Ele desejava concretizar no reino de Deus. E, por essa justiça, morreu na cruz. Dessa forma, emerge da pergunta de Pilatos – o que é verdade? –, através do sangue do crucificado, uma outra questão, bem mais veemente, a eterna questão da humanidade: o que é justiça? Nenhuma outra questão foi tão passionalmente discutida; por nenhuma outra foram derramadas tantas lágrimas amargas, tanto sangue precioso; nenhuma outra, ainda, as mentes mais ilustres – de Platão a Kant – meditaram tão profundamente. E, no entanto, ela continua até hoje sem resposta. Talvez por se tratar de uma dessas questões para as quais vale o resignado saber de que o homem nunca encontrará uma resposta definitiva; deverá apenas tentar perguntar melhor (destacamos). Vocabulários plurissignificantes. Algumas palavras possuem significados equívocos, ou seja, mais de um sentido. No direito, tal fenômeno é comum, sendo necessário ao jurista cuidado especial para não realizar a troca de conceitos. Palavras em latim. O latim apenas deve ser usado quando a expressão for essencial para a argumentação; não se deve rebuscar o texto com expressões ou frases inteiras em latim apenas para tentar embelezá-lo. Algumas expressões como periculum in mora, fumus boni juris, a quo, ad quem etc. podem ser empregadas nas petições, pois são de uso comum no cotidiano forense. No entanto, se é possível falar coisa julgada, não rebusque o texto com res judicata, e assim por diante. 1.6 Entonação das palavras O texto jurídico destina-se ao convencimento, pois aquele que escreve deseja levar o magistrado a aceitar a tese exposta na petição. Assim, cuidado com a entonação das palavras. Quando estiver se referindo às alegações da parte contrária, sempre use expressões de descrédito, que deixem em dúvida as afirmações: sustenta o réu, alega o réu, em relação à alegação de suposta violação dos deveres do casamento etc. Ou seja, “ele diz...” – não que eu concorde (ou confesse). Por outro lado, ao referir-se às suas alegações, use expressões de certeza (e não de dúvida). O réu atravessou o semáforo vermelho, e não: Parece que o réu atravessou o semáforo. 1.7 Nomenclatura das partes As partes são denominadas no processo civil de modo diverso da nomenclatura utilizada pelo direito material e, portanto, nas petições podem ser utilizadas as seguintes formas: Processo Nomenclatura Conhecimento Autor / Réu Intervenção de terceiros Assistente / Assistido Denunciante / Denunciado Reconvenção (mesmo na contestação pelo CPC/2015) Réu reconvinte Autor reconvindo Recursos Recorrente / Recorrido Apelante / Apelado Agravante / Agravado Embargante / Embargado Execução (inclusive cumprimento de sentença) Exequente / Executado (Credor/Devedor = nomenclatura do direito material) Procedimentos de jurisdição voluntária Requerente / Requerido Interessados Mandado de segurança Impetrante / Impetrado Em relação à nomenclatura das partes na petição, é importante destacar que deve ser evitada a identificação repetida das partes pela terminologia atribuída pelo direito material. Na petição inicial, resposta ou recursos, o advogado deverá fazer, logo em seu início, a relação entre a nomenclatura processual e aquela dada pelo direito material (locador, locatário; comodatário, contratante, donatário etc.) para, depois, apenas referir-se às partes pelo nome processual. Por exemplo: O Autor, na qualidade de locatário. Posteriormente, as partes não serão denominadas na petição de locador e locatário, mas sim de Autor e Réu. Além disso, cumpre ressaltar que é correto usar letra maiúscula para Autor e Réu todas as vezes em que se estiver fazendo referência a uma pessoa determinada, já que o nome processual está substituindo um nome próprio (por exemplo: em vez de reiteradamente usar o nome Tício na petição, o redator deverá se utilizar do nome processual Autor ou Réu). 1.8 Regras de formatação e padrões da prática Em primeiro lugar, não podemos deixar de lembrar que toda e qualquer petição deve ser limpa, bem redigida e agradar ao leitor. A leitura é um ato que passa pelo sentido humano da visão, portanto, a estética e formatação devem convergir para o estímulo a ela. Ao escrever uma petição, o advogado deve ter em mente que tal texto deve ser completamente lido pelo juiz e compreendido, para que, ao final, seja assegurado ao cliente determinado provimento. É por meio da linguagem escrita que o advogado convence o magistrado de que seu cliente tem razão em determinada pendenga. Portanto, o juiz deve ter interesse por ler o texto. A redação deve ser agradável aos olhos do magistrado a ponto de instigá-lo a ler e compreender a petição inteiramente. Assim, influenciam na capacidade e vontade de leitura os seguintes aspectos: a) tamanho, espécie de fonte ou tipo de letra (a letra e seu tamanho devem ser agradáveis para a leitura); b) adequada organização do texto (o texto deve estar disposto de maneira que o leitor entenda a lógica do raciocínio proposto); c) coesão na exposição das ideias e fatos; d) papel branco; e) impressão apenas na parte frontal; f) inexistência de rasuras ou borrões; g) sobriedade no uso de cores; h) adequação das margens; i) adequação nas transcrições e indicação da fonte; j) não utilização de cores, logotipos 7 e desenhos desnecessários ou exagerados; k) o texto deve conter parágrafos e estar justificado; l) evitar o uso de abreviaturas, ao menos que sejam comuns ou oficiais (por exemplo, RE, REsp, INSS, IPC, INPI, ONU etc.); m) para petições e documentos digitalizados para processos eletrônicos é fundamental que o advogado certifique-se de que o arquivo está intacto e com leitura compatível. 1.8.1 Formatação: papel, letra e margens para processo físico Não existe norma ou previsão legal para definição das margens, espécie de papel ou tipo de letra. No entanto, a prática firmou regras de bom senso. Antes de tudo, devemos lembrar que o advogado, pelas normas do Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil – EAOAB e do Código de Ética e Disciplina, deve ter conduta discreta e agir conforme a dignidade da profissão. Assim, sugerimos o uso apenas da frente da folha de papel branco de boa qualidade e em formato A4 (21 x 29,7 cm). Tipo de letra usual Times New Roman – com tamanho de 12 a 14 (usar letra como modelo) Arial – com tamanho de 12 a 14 Já para as margens, impera outra regra de bom senso. É necessário lembrar que a petição será furada para ser juntada aos autos; assim, a margem esquerda do papel deverá ser maior. Por outro lado, conhecendo os magníficos recursos da informática, não mais se admite a existência de petições sem a devida justificação das margens (texto blocado em ambas as margens), com rasuras e borrões, e sem recuo para cada novo parágrafo. Para os processos eletrônicos, o comum é a remessa da petição por meio de download do arquivo em formato PDF e, portanto, poderão ser utilizadas as mesmas características da petição protocolizada na forma impressa. 1.8.2 Comunicação impressa Nas petições o advogado poderá incluir como cabeçalho o seu nome ou o nome da sociedade da qual faz parte, com menção Nas petições o advogado poderá incluir como cabeçalho o seu nome ou o nome da sociedade da qual faz parte, com menção do número de inscrição da sociedade na OAB. O art. 44 do Novo Código de Ética Profissional impõe as diretrizes para a comunicação do advogado (cartões e materiais de escritório), sendo relevante destacar: a) Deverá fazer constar o nome do advogado ou da sociedade, com os respectivos números de inscrições; b) Poderão ser referidos títulos acadêmicos do advogado e as distinções honoríficas relacionadas à vida profissional; c) Poderá haver referência às instituições jurídicas da qual o advogado faça parte e indicação de especialidades; d) É possível a indicação de endereço, e-mail, site, página eletrônica, QR-code, logotipo e fotografia do escritório, o horário de atendimento e os idiomas em que o cliente poderá ser atendido; e) Não é permitida a utilização de fotografias pessoais ou de terceiros em cartões de visita dos advogados, bem como a menção a qualquer emprego, cargo ou função ocupada, atual ou pretérita, em qualquer órgão ou instituição, salvo a de professor universitário. 1.8.3 Devo usar artigos nos preâmbulos das petições? Na maioria das vezes, as petições encontram fundamento na legislação processual e, neste caso, é recomendada a indicação do artigo que fundamenta a peça e seu nome logo no preâmbulo, inclusive como justificativa de sua utilização. Por exemplo: ( NOME DO AUTOR) Fulano de tal, (qualificação), vem, por seu advogado, nos termos do art. 700 do CPC/2015 propor AÇÃO MONITÓRIA em face de... O cabimento da ação monitória, como foi utilizado no exemplo anterior, tem fundamento no dispositivo legal mencionado, justificando sua utilização logo no início do discurso. Na verdade, podemos afirmar que no preâmbulo das peças apenas se sugere o uso dos artigos que fundamentem a petição, e nunca aqueles relativos ao direito material, que devem ser citados quando da argumentação jurídica (no recheio da peça), como consequência dos fatos que foram narrados. 1.8.4 Transcrições e citações Para a fundamentação jurídica das petições é recomendável o uso de transcrições ou citações de textos da doutrina, da jurisprudência ou mesmo da legislação, como forma de realçar a aplicação do dispositivo legal cabível ao caso. Sabemos que a parte, por meio de seu advogado, expõe um fato ao magistrado e, simultaneamente, lhe apresenta o direito que entende aplicável ao caso, reforçando a argumentação com referências ao entendimento já aplicado pelos tribunais e as lições doutrinárias. Essa lógica é muito relevante para atuar na convicção do magistrado e fazer com que o pedido seja acolhido. Como regra, o magistrado é conhecedor do direito e, portanto, não seria necessário, em tese, levar os artigos de lei para as petições. No entanto, não estamos falando de pretender ensinar direito ao juiz, mas sim realizar citações e transcrições com a finalidade interpretativa – aplicação do direito a um caso concreto. No que se refere à legislação, não se pode esquecer que “a parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o juiz” (art. 376 do CPC/2015). As citações poderão ser realizadas por meio de paráfrase ou por transcrições literais. Na paráfrase, o redator, com suas palavras, expõe a ideia de outrem, mas sem alterar o significado original. Por exemplo: Em relação à petição inicial, o Prof. Humberto Theodoro Júnior ensina 8 que constitui ela o veículo de manifestação formal da demanda, instrumento pelo qual o autor revela ao juiz a pretensão que espera em face do réu com a finalidade de encerrar a lide. No entanto, em se tratando de transcrição, a cópia seria fiel ao original, como se vê: “O veículo de manifestação formal da demanda é a petição inicial, que revela ao juiz a lide e contém o pedido da providência jurisdicional, frente ao réu, que o autor julga necessária para compor o litígio”. Em ambos os casos o autor da petição deverá indicar a fonte da transcrição ou paráfrase, com a seguinte fórmula: Autor. Título da Obra. Edição. Local: Editora, ano da publicação. volume, número da página (p. ou pp.). Veja o exemplo: Humberto Theodoro Júnior. Curso de direito processual civil. 39. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. vol. 1, p. 319. Além disso, na hipótese de transcrição, o texto copiado deverá estar “entre aspas” e, preferencialmente, com margens diferenciadas do texto da petição. diferenciadas do texto da petição. Caso deseje negritar ou destacar (sublinhado) parte relevante do texto transcrito, ao final deverá ser feita menção a tal alteração: O negrito não consta do original, O original não ostenta os negritos e sublinhados, Negritamos, Destaques não constam no original etc. A indicação da fonte é obrigatória para presentar os direitos do titular do texto ou a origem fidedigna. A fonte poderá ser indicada entre parênteses, dentro do próprio texto, ou por meio de notas de rodapé, aquilo que preferir o autor do texto em razão de estilo. Modelos de transcrições e citações: a) Jurisprudência Em se tratando de transcrição de jurisprudência, sugerimos a seguinte forma: Em relação à necessidade de provas do estado de pobreza para a concessão da assistência judiciária gratuita, o STJ tem se manifestado da seguinte forma: “Processual civil. Assistência judiciária gratuita. Comprovação da hipossuficiência. Desnecessidade. Lei 1.060/1950, arts. 4.º e 7.º. (...) Esta Corte, interpretando tais dispositivos, consolidou o entendimento de que a simples afirmação da necessidade da Justiça Gratuita é suficiente para o deferimento do benefício, visto que o mencionado art. 4.º foi recepcionado pela Constituição Federal” (STJ, 5.ª T., REsp 200390/SP, rel. Min. Edson Vidigal, j. 24.10.2000, v.u.). (O original não ostenta os negritos). Na indicação da fonte da jurisprudência é utilizada a seguinte formatação: (STJ, 5.ª T., REsp 200390/SP, rel. Min. Edson Vidigal, j. 24.10.2000, v.u.) Ordem: Tribunal, órgão interno do tribunal, espécie de recurso e número, magistrado relator, data do julgamento ou publicação no diário oficial e indicação da espécie de votação (v.u. = unânime, p.m. = por maioria) Cuidado! Inventar ou alterar julgado ou texto de doutrina constitui litigância de má-fé, nos termos dos art. 80 do CPC/2015, além de caracterizar infração disciplinar nos termos do Estatuto da OAB, nos seguintes termos: “Art. 34. Constitui infração disciplinar: (...) XIV – deturpar o teor de dispositivo de lei, de citação doutrinária ou de julgado, bem como de depoimentos, documentos e alegações da parte contrária, para confundir o adversário ou iludir o juiz da causa”. b) Legislação A citação da lei poderá ser por transcrição literal ou por uso de paráfrase, vejamos os exemplos: O Código de Processo Civil autoriza a concessão de tutela de urgência, nos seguintes termos: “Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. § 1.º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la. (...) § 3.º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão” (original não ostenta os grifos). Importante sobre a transcrição: 1) O texto deve estar entre “aspas” ou em itálico, especialmente para indicar que a autoria é de terceiro ou pública (como no caso da legislação). 2) O texto transcrito deve estar com recuo de paragrafação diferenciado do texto comum. 3) A transcrição poderá ser parcial. O autor do texto não precisa transcrever todos os incisos ou alíneas. No entanto, quando houver supressão, deverá indicar de forma expressa com (...) ou omissis. 4) Eventuais negritos ou sublinhados devem ser indicados com referência no final: (original não ostenta os grifos), ou (grifo nosso), ou (grifamos), etc. Ou ainda, é possível a citação por meio de paráfrase (sem alteração da paragrafação): O art. 300 do CPC/2015 autoriza o juiz a conceder tutela de urgência quando houver evidência de probabilidade do direito e perigo de dano, bem como o risco de resultado inútil do processo. No primeiro exemplo, a transcrição foi literal e, assim, com tabulação diferente e entre aspas (ou itálico), o texto legislativo foi transcrito ipsis litteris. No segundo caso, na paráfrase, o texto legislativo foi incluído dentro do discurso do autor da peça processual, indicando, contudo, que a ideia tem origem na lei. Em ambos os casos, não poderá o escritor adulterar o texto ou o processual, indicando, contudo, que a ideia tem origem na lei. Em ambos os casos, não poderá o escritor adulterar o texto ou o sentido, sob pena de caracterizar a má-fé processual. A indicação da legislação deve ser feita da seguinte forma: Indicação de lei: Lei 12.016/2009 ou Lei 12.016, de 07 de agosto de 2009. Indicação de artigos (cuidado com as vírgulas): “O art. 102, I, a, da CF/1988, determina que:” c) Doutrina A doutrina também poderá ser citada com transcrição ou paráfrases. Em citação de doutrina, a boa técnica recomenda que a fonte seja descrita com nome da obra (em itálico), edição, local da publicação, dois pontos: nome da editora, ano da publicação e p. ou pp. para a numeração das páginas. 1.8.5 Encerramento das petições Após a conclusão, com o pedido ou requerimento, as petições poderão ser encerradas da seguinte forma: Por todo o exposto, requer à Vossa Excelência a condenação do Réu ao pagamento do valor de ... Termos em que, pede deferimento. Local e data. Advogado... (nome e assinatura) OAB... No lugar de “Termos em que,” também é correta a expressão “Nesses termos,”. No local de indicação da assinatura do advogado, é muito comum na prática encontrarmos profissionais que incluem a expressão p.p. (abreviatura de por procuração), como se estivessem subscrevendo a petição por procuração de seu cliente. Contudo, a inclusão de p.p. antes da assinatura do advogado é errada. O advogado assina uma petição por capacidade postulatória que lhe é própria, nos termos da Constituição da República, do Código de Processo Civil e do Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil. A capacidade de assinar petição é do advogado; portanto, ele não pratica esse ato por procuração de seu cliente. Evidentemente o advogado está em juízo em mandato outorgado por seu cliente; no entanto, tal representação é para falar em nome dele. Lembre-se: o ato de assinar petições é prerrogativa do advogado, que não cumpre esse ato por procuração. 1.9 Orientações para concursos e exames práticos da OAB Nos exames de segunda fase da Ordem dos Advogados do Brasil ou nos concursos para cargos de advocacia pública (procuradoria dos Estados, dos Municípios, Advocacia-Geral da União), o candidato é submetido à elaboração de uma peça prática e deverá tomar o cuidado de não criar dados que o identifiquem como candidato. Ele deverá tão somente se valer dos dados e informações constantes dos problemas, sem a criação de fatos não previstos no exame, sob pena de ter a prova anulada. Assim, sugerimos que as peças sejam elaboradas na forma abstrata, sem criação de dado. Ressalte-se que o candidato deverá se valer apenas dos dados do problema. Normalmente, incluem nome e cidade de domicílio, mas não a qualificação completa. Além disso, deve o candidato evitar colocar seu nome ou número de seus documentos nas peças, em especial quando do encerramento da petição, pois, certamente, terá a prova anulada. Assim, sugerimos que a petição seja abstrata, por exemplo: nome, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do documento de identidade R.G. n.º (número) etc. Normalmente, a instrução contida no caderno de prova orienta o candidato como mencionar no texto os dados fáticos sem que isso gere identificação. No Exame de Ordem, por exemplo, a orientação é para o uso de reticências (...) para as lacunas. 2. MANDATO, HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E GRATUIDADE DA JUSTIÇA A atividade do advogado tem início no momento em que atende seu cliente e estabelece com ele uma relação jurídica de prestação de serviço. O cliente contrata o advogado para atividade de assessoria/consultas ou para atuação em juízo, lhe confiando poderes para falar em seu nome (por meio de típico contrato de mandato), com a contraprestação do pagamento de honorários advocatícios. Portanto, ambos os temas são de grande importância na prática profissional e demandam a formalização correta de toda a relação. 2.1 Mandato O Código Civil prevê que o mandato é modalidade de contrato ou negócio jurídico pelo qual alguém outorga a outrem poderes de representação, conforme previsão do art. 653 do referido diploma legal. O mandato poderá ser outorgado para a prática geral de atos da vida civil (ad negotia – mandato civil) ou para a representação em juízo (mandato judicial – art. 692 do CC/2002). Na prática judiciária, o mandato assume relevante importância, uma vez que o advogado age em juízo em nome de seu cliente, na qualidade de mandatário ou procurador, como determinam os arts. 103 do CPC/2015 e 5.º do Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil, ou seja, é condição para o exercício da prática forense que o advogado esteja agindo em mandato, salvo quando peticionar em causa própria (situação em que constará isso logo no preâmbulo da peça processual, por exemplo. Fulano de Tal, qualificação, advogado em causa própria, vem (...)). O art. 103 do CPC/2015 fez questão de deixar expresso que a parte será representada em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, ressalvando as situações legais em que a parte poderá atuar em causa própria quando a lei atribuir tal faculdade. 2.1.1 Momento e forma de exibição da procuração A regra é no sentido de que o advogado deverá exibir o instrumento de mandato no momento de seu ingresso nos autos, ou seja, o advogado apenas poderá praticar os atos processuais em nome de seu cliente se fizer prova do mandato (por meio da procuração). O art. 104 do CPC/2015 afirma que o advogado não será admitido em juízo sem procuração, salvo: a) atuação para evitar preclusão, decadência ou prescrição; e b) prática de ato que considere urgente. No mesmo sentido, está a autorização do art. 5.º, § 1.º, do Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil, pelos quais, alegando urgência, o advogado poderá praticar o ato processual sem a exibição da procuração, mas comprometendo-se em juntar tal contrato no prazo de 15 dias, que podem ser prorrogados por mais 15 dias mediante decisão judicial. O ato praticado sob o protesto de futura juntada de procuração recebeu a denominação de mandato de caução de rato. O advogado atua sem procuração, mas a ratificação de seus atos dependerá da exibição do instrumento de mandato. O ato não ratificado será considerado ineficaz, respondendo o advogado pelas despesas e eventuais perdas e danos (art. 104, § 2.º, do CPC/2015). A procuração é apresentada,1 como regra, pelo autor na petição inicial e pelo réu na contestação, mas, nada obsta que seja juntada no curso do processo por meio de mera petição. Em caso de procuração apresentada em audiência, fica dispensada a petição de juntada, uma vez que a procuração será juntada mediante autorização no termo da audiência. Em alguns Estados, a juntada de procuração poderá impor o recolhimento de custas processuais, o que não se aplica nas situações em que a parte é beneficiária da gratuidade processual (na prática, verificar as regras de cada tribunal). 2.1.2 Postulação em causa própria O art. 106 do CPC/2015 dispõe expressamente sobre a atuação do advogado em causa própria (o que não há nenhuma vedação legal ou ética). Será fundamental observar: a) Declaração na petição inicial ou contestação de que a atuação está sendo em causa própria, por exemplo: FULANO DE TAL, brasileiro, solteiro, advogado regularmente inscrito na OAB sob o n..., vem, em causa própria (art. 106, I, do CPC), propor... b) Comunicar ao juízo o endereço profissional e eventuais mudanças, especialmente para permitir intimações e atos de comunicação. 2.1.3 O instrumento do mandato A procuração é o instrumento2 do mandato, ou seja, celebrado o contrato (negócio jurídico) para a representação e administração de interesses de outrem, a parte outorgante assina a procuração ao outorgado, como meio de fazer prova do mandato, conforme estabelece o art. 653 do CC/2002. No processo civil, os instrumentos são documentos elaborados com a finalidade de fazer prova de um ato ou negócio jurídico. De fato, a procuração faz prova do mandato. Evidentemente, por ser o mandato um negócio jurídico, deverá ele estar revestido dos requisitos gerais estabelecidos no Código Civil, como capacidade, legitimidade, objeto lícito e forma legal. 2.2 Cláusulas e poderes A regra é no sentido de que a procuração com cláusula ad judicia habilita o advogado para defesa geral do cliente no processo. A cláusula geral dá capacidade postulatória ao advogado para o exercício de todos os atos ordinários do processo, como, por exemplo: promover a ação, contestar, apresentar petições incidentais, defesas em audiências, interpor recursos, promover a execução da sentença etc. (art. 5.º, § 2.º, do EAOAB). No entanto, alguns atos dependem de poderes especiais: •• Procuração ad judicia et extra – autoriza o advogado atuar em juízo ou fora dele. Os poderes gerais habilitam o advogado, inclusive, para substabelecer (o que não demanda poderes especiais). •• Poderes especiais – necessitam de poderes especiais (que devem ser previsto nas procurações caso seja do interesse do cliente e do advogado) os atos de (art. 105 do CPC/2015): a) Receber citação – a citação é ato que deve ser realizado na pessoa do réu, no entanto, o advogado pode receber poderes especiais da parte para subscrever o ato (poder que exige cautela no uso); b) Confessar – a confissão é a manifestação da parte em afirmar fato contrário à sua pretensão. Esse é o poder que mais exige cautela em ser incluído em uma procuração. Evidentemente, o advogado não tem o interesse comum em falar em juízo fatos contrários ao seu cliente, portanto, recomendamos que seja incluído na procuração apenas quando houver pedido expresso do cliente em tal sentido; c) Reconhecer a procedência do pedido – também é poder de cuidado extremo. O réu poderá em juízo aceitar aquilo que o autor demandar contra ele, mas isso não é comum. Portanto, o advogado apenas deverá ter tal poder quando o próprio cliente lhe demandar que reconheça o pedido do autor (tal pedido gerará a prolação de sentença, com resolução de mérito e coisa julgada material); d) Transigir – poder para fazer acordo; e) Desistir – poder para que a ação seja extinta sem resolução de mérito (com a prolação de sentença, sem resolução de mérito); f) Renunciar o direito sobre o qual se funda a ação – trata-se de situação muito diversa da desistência. A renúncia ao direito equivale ao ato de disponibilização do direito material do cliente; g) Receber e dar quitação – receber quantias e declarar a satisfação do crédito; h) Firmar compromisso – estipulação de cláusula compromissória de arbitragem; i) Assinar declaração de hipossuficiência econômica – tal previsão foi inovação trazida pelo novo Código de Processo Civil, especialmente no sentido de firmar o comando de que o próprio advogado poderá fazer a declaração de pobreza, desde que seja detentor de poderes especiais para tanto. Os poderes gerais estão implícitos na procuração ad judicia, no entanto, os poderes especiais deverão ser indicados expressamente quando necessários. Em relação aos poderes especiais, sugerimos aos profissionais que tomem cuidado ao inserilos indiscriminadamente nas procurações, pois, a inclusão leviana poderá gerar prejuízos ao cliente (como ocorre com a confissão, renúncia do direito etc.). 2.2.1 Formalidade da procuração3 2.2.1.1 Mandato judicial O mandato para atuação em juízo poderá ser por instrumento público ou particular, sem que exista exigência legal de um ou de outro. O Código Civil estabelece no art. 692 que a formalidade das procurações ad judicia observará a previsão contida na lei processual e no Estatuto da Advocacia. A lei processual, por sua vez, no art. 105 do CPC/2015, afirma que a procuração pode ser conferida por instrumento público, realizado perante oficial de cartório, ou mesmo por meio de instrumento particular, elaborado e assinado pelos próprios interessados. Assim, surgem as seguintes indagações: é necessário o reconhecimento da assinatura do outorgante por oficial público (firma conhecida)? Por se tratar de um ato jurídico, deve a procuração ser subscrita por testemunhas? As respostas devem ser negativas. Em primeiro lugar, pelo fato de a procuração ad judicia tratar-se de uma espécie diferenciada de mandato, prevista basicamente no Código de Processo Civil, não há previsão de obrigatoriedade do reconhecimento de firma ou assinatura de testemunhas.4 O novo Código de Processo Civil trouxe expressamente os requisitos para a procuração, quais sejam: a) Pode ser assinada na forma digital, em conformidade com a lei; b) Deverá conter nome do advogado, a inscrição na OAB e o endereço completo; c) Se o outorgado integrar sociedade de advogados, a procuração também deverá conter o nome dessa, com seu respectivo número de inscrição na OAB e o endereço completo; d) Referência à extensão dos poderes em relação às fases do processo, caso seja apenas para a fase de conhecimento. Na ausência de referência, a procuração é eficaz para todas as fases do processo, inclusive para cumprimento de sentença. 2.2.1.2 Mandato comum O mandato para a prática de atos civis (sem a finalidade de apresentação em juízo) como regra poderá ser por instrumento particular, salvo se houver previsão legal em sentido contrário.5 O instrumento público (procuração lavrada em cartório) apenas será exigido quando o ato a ser praticado pelo mandatário também exigir documento de natureza pública (art. 657 do CC/2002).6 A forma de um instrumento particular é simples, observando apenas os requisitos do art. 654 do CC/2002, quais sejam: a) assinatura do outorgante; b) a indicação da data e do lugar onde foi passado; c) qualificação do outorgante e do outorgado; e d) objetivo da outorga e a extensão dos poderes conferidos. Importante mencionar que o terceiro para o qual o mandatário exibirá o instrumento poderá exigir que a procuração contenha firma reconhecida, conforme estabelece o § 2.º do art. 654 do CC/2002. 2.2.2 Modelos de procurações Apresentamos três modelos de procurações que, em razão da natureza da pessoa e capacidade, podem conter diferentes conteúdos. Além disso, estão dispostos em formatações distintas que demonstram os diversos estilos de procuração. Modelo 1 – Pessoa física PROCURAÇÃO AD JUDICIA NOME DO OUTORGANTE, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador do documento de identidade RG. n. (número do documento) e inscrito no CPF sob o n. (número do documento), domiciliado na Capital de São Paulo, onde reside na rua (endereço completo), neste ato nomeia e constitui como seu bastante procurador o advogado NOME DO ADVOGADO, (nacionalidade), (estado civil), inscrito na OAB/Seccional sob o n. (número de inscrição na OAB), com escritório na Capital de São Paulo, na rua (endereço), integrante da Sociedade de Advogados “Nome”, inscrita na OAB sob o n..., com sede em ...., outorgandolhe os poderes gerais da cláusula ad judicia, especificamente para que proponha ação em face de (NOME DO RÉU), podendo, ainda, exercer poderes especiais para receber, dar quitação, transigir [outros poderes em conformidade com o caso], tudo para o bom e fiel cumprimento do mandato. Local e data. NOME E ASSINATURA DO OUTORGANTE Modelo 2 –– Formulário –– Pessoa jurídica PROCURAÇÃO AD JUDICIA OUTORGANTE: NOME DA EMPRESA, sociedade inscrita no CNPJ (MF) sob o n. (n. do CNPJ), com sede na avenida (endereço completo), neste ato representada por seu sócio-gerente, Sr. (NOME DO REPRESENTANTE), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador do documento de identidade RG. n. (n. do documento) e inscrito no CPF sob o n. (n. do documento), domiciliado e residente na rua (endereço completo). OUTORGADOS: NOME DO ADVOGADO, (nacionalidade), (estado civil), inscrito na OAB/Seccional sob o n. (n. de inscrição na OAB); NOME DO ADVOGADO e qualificação, ambos com escritório na Capital de São Paulo, na rua (endereço), ambos pertencentes à Sociedade de Advogados “Nome”, com inscrição na OAB sob o n. ..., com sede em ... PODERES: neste ato o OUTORGANTE constitui os OUTORGADOS como seus advogados, conferindo-lhes os poderes da cláusula ad judicia, especificamente para que defendam seus interesses em ação que lhe move (NOME DO AUTOR), podendo, ainda, exercer poderes especiais para receber, dar quitação, transigir [outros poderes em conformidade com o caso], tudo para o bom e fiel cumprimento do mandato. Local e data. NOME E ASSINATURA DO OUTORGANTE Modelo 3 –– Procuração a rogo PROCURAÇÃO AD JUDICIA A ROGO Eu, NOME, (qualificação), nomeio e constituo meus procuradores os advogados, o que faço a rogo, NOMES ADVOGADOS e qualificação, a quem confiro amplos poderes para o foro em geral, com a cláusula ad judicia, podendo representarme em qualquer juízo, instância ou Tribunal, podendo propor contra quem de direito as ações competentes e defender-me nas contrárias,7 até final decisão, usando os recursos legais e acompanhando-os; conferindo-lhes, ainda, poderes especiais para confessar, desistir, transigir, firmar compromissos ou acordos, receber e dar quitação, prestar declarações, bem como retificá- las, agindo em conjunto ou separadamente, e podendo, ainda, substabelecer esta para outrem, com ou sem reservas de iguais poderes, dando tudo por firme e valioso e, com poderes especiais para requerer, podendo praticar todo e qualquer ato necessário ao bom e fiel desempenho deste mandato. Eu, NOME, (qualificação), assino a ROGO de NOME DO OUTORGANTE, acima qualificada pela presente procuração na presença de duas testemunhas que subscrevem este instrumento. Local e data. Assinatura do outorgante Testemunhas: Assinatura testemunha 1 Assinatura testemunha 2 2.3 Substabelecimento O substabelecimento é o instrumento de transferência de poderes recebidos em mandato. O substabelecimento poderá se dar: a) com reservas de poderes, situação em que aquele que substabelece conserva para si os poderes que recebeu, continuando a atuar no processo. Essa modalidade de substabelecimento pode ser conferida em favor de estagiários para que possam praticar os atos previstos no Estatuto (fazer carga, despachar petições com o juiz, assinar petições de juntadas, assinar as demais petições em conjunto com o advogado etc.). b) sem reservas de poderes, nesta modalidade, o advogado que substabelece transfere todos os poderes que recebeu sem reservar nada para si, ou seja, equivale à renúncia do mandato (o advogado que substabelecer sem reservas de poderes não poderá praticar mais atos no processo). Em caso de substabelecimento sem reservas de poderes, o advogado que substabelecer deverá comunicar o seu cliente, uma vez que está deixando o processo (equivalente à renúncia do mandato). Em caso de substabelecimento sem reservas, o Código de Ética e Disciplina determina no art. 26, § 1.º, que “o substabelecimento do mandato sem reservas de poderes exige o prévio e inequívoco conhecimento do cliente”. 2.3.1 Modelo de substabelecimento Modelo de Substabelecimento Substabeleço, com reservas (ou sem reservas), os poderes que me foram conferidos por NOME DO OUTORGANTE DO MANDATO, nos autos da ação de procedimento (nome do procedimento), em trâmite perante a (n.) Vara Cível do Foro, processo autuado sob o n. (dados do processo), a NOMES DOS ADVOGADOS OU ESTAGIÁRIOS SUBSTABELECIDOS, (qualificação), advogado ou estagiário inscrito na OAB sob o n. (n. de inscrição), com escritório na rua (endereço completo). Local e data. NOME E ASSINATURA DO ADVOGADO Número de inscrição na OAB 2.4 Contrato de honorários advocatícios A estipulação de mandato por particular para o exercício da capacidade postulatória confere ao advogado o direito de perceber honorários advocatícios. No atual sistema do Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil – EAOAB, os honorários advocatícios poderão ser: a) convencionados: são aqueles estabelecidos contratualmente entre cliente e advogado; b) fixados por arbitramento judicial: os honorários serão arbitrados pelo juiz quando não houver contrato ou acordo entre o advogado e seu cliente (art. 22, § 2.º, do EAOAB); c) de sucumbência: os honorários de sucumbência são aqueles devidos pela parte vencida no processo, em conformidade com o disposto no art. 85 do CPC/2015, ou seja, o juiz deverá na sentença, condenar a parte vencida ao pagamento de honorários ao advogado da parte vencedora. Por sua vez, o art. 23 do referido Estatuto e agora também o art. 85 do CPC/2015 determinam que os honorários de sucumbência pertencem ao advogado da parte vencedora. No caso de execução e ação monitória, os honorários são fixados no início, após o juízo de admissibilidade positivo da petição inicial (arts. 827, caput e § 2.º, e 701 do CPC/2015). O art. 48 do Código de Ética Profissional determina que a prestação de serviços profissionais por advogado, individualmente ou integrado em sociedades, será contratada, preferencialmente, por escrito. O novo regramento do Código de Ética, estabelece: a) o contrato não exige forma especial; b) deve ser claro e preciso em relação à extensão dos atos que serão praticados pelo advogado (atuação total ou parcial no processo, ou mesmo grau de jurisdição); c) previsão de valores em caso de transação ou acordo; d) eventual compensação de créditos e as questões relativas às custas e despesas processuais (lembramos que o advogado apenas poderá realizar compensação de créditos caso tenha previsão expressa no contrato nesse sentido); e) poderá prever a contratação de profissionais para serviços auxiliares; f) o valor dos honorários, com observância dos valores mínimos estabelecidos em “Tabela de Honorários” instituída por cada Conselho Seccional da OAB, sob pena de caracterizar aviltamento de honorários. A regra imposta pelo Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil e pelo Código de Ética e Disciplina é que os honorários devem ser pagos sempre em pecúnia. Entretanto, se eventualmente, por necessidade do cliente, o advogado tiver que receber honorários com a participação nos bens do cliente, admite-se a hipótese de cláusula quota litis. A cláusula quota litis, para que seja admitida sob o aspecto ético, deve cumprir alguns requisitos, que são citados pelo professor Marco Antonio Araujo Jr.:8 a) que o pagamento dos honorários seja feito sempre em pecúnia, entretanto, se não for pago em pecúnia, em razão de falta de condições financeiras do cliente, o que se admite em caráter de exceção, que conste no contrato escrito tal cláusula, informando a dificuldade financeira do cliente; b) que fique expressa no contrato a quota litis, com o percentual previamente combinado entre as partes; c) que mesmo quando acrescido dos honorários de sucumbência, a vantagem do advogado não seja maior do que a vantagem do cliente; d) que o advogado assuma o custeio integral da demanda, em razão do pacto que entabulou com o cliente. 2.4.1 Honorários advocatícios no novo CPC A advocacia, com a participação e forte atuação do Conselho Federal na elaboração do novo Código de Processo Civil, obteve grandes conquistas processuais, inclusive em relação aos honorários advocatícios, que acabou tendo nova regulamentação, com os seguintes destaques do art. 85: a) A sentença condenará o vencido ao pagamento de honorários ao advogado do vencedor; b) Os honorários de sucumbência são devidos na reconvenção, no cumprimento de sentença (provisório ou definitivo, resistida ou não) e nos recursos interpostos. O final do § 1.º, utiliza a expressão “cumulativamente”, ou seja, em conjunto com a condenação da sucumbência principal da ação; c) Fixação entre de 10 e 20% sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizada da causa, com observância dos critérios estabelecidos nos incisos do § 2.º; d) Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação de honorários observará a tabela prevista no § 3.º; e) Na ação de indenização por ato ilícito contra pessoa, o percentual de honorários incidirá sobre a soma das prestações vencidas acrescidas de 12 (doze) prestações incendas (§ 9.º); f) Havendo perda do objeto da causa, os honorários serão devidos por quem deu causa ao processo (§ 10); g) Os tribunais deverão majorar os honorários em recursos, levando em consideração o trabalho exercido pelo profissional em razão do recurso, respeitando o limite máximo de 20% e para Fazenda o limite estabelecido na tabela prevista no § 3.º; h) A verba de sucumbência fixada em embargos à execução rejeitados ou julgados improcedentes (sucumbência do executado, portanto), serão acrescidos no valor principal da execução, para todos os efeitos legais (§ 13); i) Os honorários constituem direito do advogado, com natureza alimentar, sendo assegurado o privilégio dos créditos trabalhistas, vedada a compensação em caso de sucumbência parcial (§ 14); j) O advogado poderá requerer que o pagamento dos honorários seja efetuado em favor da sociedade de advogados que este integra na qualidade de sócio (§ 15 – com a manutenção das garantias do § 14); k) Os juros moratórios incidirão a partir da data do trânsito em julgado quando a sentença fixar em quantia certa (§ 16); l) Os honorários de sucumbência são devidos mesmo quando o advogado atuar em causa própria (§ 17); m) Os advogados públicos receberão honorários de sucumbência nos termos da lei (§ 19); O novo Código de Processo Civil trouxe ainda a previsão no sentido de que os honorários de sucumbência poderão ser objeto de ação autônoma para sua definição e cobrança, especialmente quando a sentença transitou em julgado omissa em tal sentido (§ 18). Na verdade, o referido parágrafo torna sem eficácia a Súmula 453 do STJ que dispunha em sentido absolutamente inverso. Ainda no tocante aos honorários, válido mencionar que o novo Código de Processo Civil prevê expressamente a incidência de honorários de 10% no cumprimento de sentença se não ocorrer o pagamento voluntário nos termos do art. 523, § 1.º, do CPC/2015, com exceção no cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública, em que não serão devidos honorários que enseje expedição de precatório, desde que não tenha sido impugnada (art. 85, § 7.º, do CPC/2015), e, por fim, na ação monitória, mesmo que haja o cumprimento da ordem no prazo de 15 dias, o réu deverá pagar os honorários de 5%, ficando isento apenas das custas processuais (art. 701, caput e § 1.º, do CPC/2015). 2.4.2 Modelo de contrato de honorários advocatícios O contrato de honorários advocatícios não necessita da assinatura de testemunhas, sendo certo que o Estatuto da Advocacia não incluiu tal formalidade como condição de executoriedade do documento particular específico. “Honorários de advogado. Contrato. Título executivo. Lei 8.906/1994. 1. O art. 24 da Lei 8.906/1994 não exige a assinatura de duas testemunhas para que o contrato de honorários seja considerado título executivo. 2. Recurso especial não conhecido” (STJ, REsp 226.998/DF, 3.ª T., j. 03.12.1999, v.u., rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito). O documento assinado pelo advogado e seu cliente, por mero instrumento particular, é título executivo extrajudicial (art. 24, caput, do EAOAB). Vejamos o modelo: CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS E DE HONORÁRIOS As partes, de um lado (NOME DO CONTRATANTE), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador da cédula de identidade RG n. (número do documento), domiciliado na Capital de São Paulo, na rua (endereço completo), doravante denominado simplesmente CONTRATANTE, e, de outro lado, NOME DA SOCIEDADE DE ADVOGADOS OU DO ADVOGADO, sociedade inscrita no CNPJ sob o n. (número); sediada na avenida (endereço completo), doravante denominado
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