Buscar

EstatutoARMAMENTO03

Prévia do material em texto

alfaconcursos.com.br 
 
MUDE SUA VIDA! 
1 
 
SUMÁRIO 
LEI Nº 10.826/2003 – ESTATUTO DO DESARMAMENTO ................................................................................... 2 
DOS CRIMES E DAS PENAS ............................................................................................................................. 2 
OBJETO MATERIAL ..................................................................................................................................... 2 
ARMA DE FOGO ......................................................................................................................................... 2 
ACESSÓRIO ................................................................................................................................................ 5 
MUNIÇÃO .................................................................................................................................................. 5 
BENS JURÍDICOS PROTEGIDOS .................................................................................................................. 6 
ELEMENTO SUBJETIVO .............................................................................................................................. 6 
AÇÃO PENAL .............................................................................................................................................. 6 
NATUREZA JURÍDICA DOS CRIMES DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO ................................................. 6 
 
 
alfaconcursos.com.br 
 
MUDE SUA VIDA! 
2 
 
 LEI Nº 10.826/2003 – ESTATUTO DO DESARMAMENTO 
DOS CRIMES E DAS PENAS 
OBJETO MATERIAL 
Em	regra,	os	crimes	do	Estatuto	do	Desarmamento	possuem	como	objeto	material:	
• Arma	de	Fogo	
• Acessório	
• Munição		
Há 2 crimes no Estatuto do Desarmamento que não possuem como objeto 
material a arma, acessório ou munição de forma alternativa. 
O crime de Omissão de Cautela (Art. 13, caput) tem como objeto material 
apenas a arma de fogo. 
O crime de Disparo de Arma de Fogo (Art. 15) possui como objeto material a 
arma de fogo e a munição, não incluindo o acessório. 
ARMA DE FOGO 
Uma	arma	de	 fogo	é	um	tipo	de	arma	capaz	de	disparar	um	ou	mais	projéteis	em	alta	
velocidade	por	meio	de	uma	ação	pneumática	provocada	pela	expansão	de	gases	resultantes	
da	queima	de	um	propelente	de	alta	velocidade	
O	aluno	deve	 ter	conhecimento	da	 jurisprudência	acerca	das	peculiaridades	existentes	
dos	objetos	materiais.	Tenham	bastante	atenção.	
Ø Arma	DESMUNICIADA	ou	DESMONTADA:		
Para	 a	 configuração	 dos	 crimes,	 é	 considerada	 objeto	 material	 a	 arma	 de	 fogo,	
independentemente	de	estar	carregada	ou	montada.	Assim,	até	mesmo	a	arma	desmontada	é	
considerada	objeto	material.		
Este Superior Tribunal de Justiça tem jurisprudência pacificada no sentido de que o 
porte ilegal de arma de fogo desmuniciada ou desmontada configura hipótese de 
perigo abstrato, bastando apenas a prática do ato de levar consigo para a 
consumação do delito. Dessa forma, eventual nulidade do laudo pericial, ou até 
mesmo a sua ausência, não impede o enquadramento da conduta. 
STF (HC 119154/BA) e STJ (HC 248580/2014) 
Ainda que a arma esteja desmuniciada e que não esteja gerando situação de perigo 
real no momento é CRIME, pois o crime é de perigo abstrato. 
STJ (1400337/2013) e STF(RHC 117566/2013) 
 
 
alfaconcursos.com.br 
 
MUDE SUA VIDA! 
3 
 
HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PENAL. ARTIGO 14 DA LEI 10.826/03. PORTE 
ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. ARMA DESMUNICIADA. 
TIPICIDADE DA CONDUTA. PRECEDENTES. ORDEM DENEGADA. 
O crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido é de mera conduta e de 
perigo abstrato, consumando-se independentemente da ocorrência de efetivo 
prejuízo para a sociedade, sendo que a probabilidade de vir a ocorrer algum dano é 
presumida pelo tipo penal. (...) É irrelevante para a tipificação do art. 14 da Lei 
10.826/03 o fato de estar a arma de fogo municiada (...). 
STF, HC 107.447/ES, 03.06.2011 
Ø Realização	de	PERÍCIA	na	arma:	
O	 exame	 pericial	 é	 DISPENSÁVEL	 e	 PRESCINDÍVEL	 para	 a	 comprovação	 do	 porte	 ou	
posse.	A	falta	do	exame	pericial	pode	ser	suprida	por	outros	meios	de	prova.	
Por	ser	um	crime	de	perigo	abstrato,	é	dispensável,	para	a	sua	configuração,	a	realização	
de	exame	pericial	a	fim	de	atestar	a	potencialidade	lesiva	da	arma	de	fogo	apreendida.	
O posicionamento perfilhado pelo Tribunal de origem coaduna-se com a 
jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, que é no sentido de que o crime 
previsto no art. 14 da Lei n. 10.826/2003 é de perigo abstrato, sendo 
desnecessário perquirir sobre a lesividade concreta da conduta, porquanto 
o objeto jurídico tutelado não é a incolumidade física, e sim a segurança 
pública e a paz social, colocadas em risco com a posse da arma de fogo, ainda 
que desprovida de munição, revelando-se despicienda a comprovação do potencial 
ofensivo do artefato através de laudo pericial. 
STJ, Quinta Turma, 23/10/2018 
Ø Laudo	pericial	REALIZADO:	
Fique	atento,	porém,	ao	detalhe:	mesmo	sendo	crime	de	perigo	abstrato,	 se	a	arma	de	
fogo	for	apreendida,	periciada,	e	se	for	constatada	a	sua	inaptidão	para	disparo,	então	o	fato	
será	ATÍPICO.	Deve	existir	o	vínculo	ao	laudo	pericial	quando	houver.	
DIREITO PENAL. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO E CONCEITO TÉCNICO DE 
ARMA DE FOGO. 
Não está caracterizado o crime de porte ilegal de arma de fogo quando o 
instrumento apreendido sequer pode ser enquadrado no conceito técnico 
de arma de fogo, por estar quebrado e, de acordo com laudo pericial, 
totalmente inapto para realizar disparos. 
Informativo 544/STJ: 
	
Demonstrada por laudo pericial a inaptidão da arma de fogo para o disparo, é 
atípica a conduta de portar ou de possuir arma de fogo, diante da ausência de 
afetação do bem jurídico incolumidade pública, tratando-se de crime impossível 
pela ineficácia absoluta do meio. 
Jurisprudência em teses/STJ n.º 108/18 
Apesar	 de	 ser	 dispensável,	 caso	 a	 perícia	 tenha	 sido	 realizada	 e	 o	 laudo	 pericial	
confeccionado	atestar	a	incapacidade	de	produzir	disparos	(arma	inapta),	ele	será	vinculado	e	
tornará	o	fato	atípico.		
alfaconcursos.com.br 
 
MUDE SUA VIDA! 
4 
 
Não está caracterizado o crime de porte ilegal de arma de fogo quando o 
instrumento apreendido sequer pode ser enquadrado no conceito técnico de arma 
de fogo, por estar quebrado e, de acordo com laudo pericial, totalmente inapto para 
realizar disparos. 
397.473/DF, 19.08.2014, Informativo 544 
STJ 15.09.2015, Informativo 570. 
Ø Arma	com	REGISTRO	VENCIDO	
Fato	atípico.	
INFORMATIVO 572 do STJ - Atipicidade da conduta de posse ilegal de arma de 
fogo de uso permitido com registro vencido. 
Ø Arma	de	brinquedo	
Atualmente,	portar	ou	possuir	arma	de	brinquedo	é	fato	atípico,	restringindo-se	à	seara	
de	infração	administrativa.	
Mesmo	assim,	o	Estatuto	veda	a	comercialização	de	armas	de	brinquedo	em	seu	Art.	26:	
Art.	 26.	 São	 vedadas	 a	 fabricação,	 a	 venda,	 a	 comercialização	 e	 a	
importação	de	brinquedos,	réplicas	e	simulacros	de	armas	de	fogo,	
que	com	estas	se	possam	confundir.	
Parágrafo	 único.	 Excetuam-se	 da	 proibição	 as	 réplicas	 e	 os	
simulacros	destinados	à	instrução,	ao	adestramento,	ou	à	coleção	de	
usuário	 autorizado,	 nas	 condições	 fixadas	 pelo	 Comando	 do	
Exército.	
São	 vedadas	 a	 fabricação,	 a	 venda,	 a	 comercialização	 e	 a	 importação	 de	 brinquedos,	
réplicas	 e	 simulacros	 de	 armas	 de	 fogo,	 que	 com	 estas	 se	 possam	 confundir	 (Art.	 26).	 Esta	
regra	tem	exceções,	quando	a	réplica	ou	simulacro	se	destina	a:	instrução,	adestramento,	ou	à	
coleção	de	usuário	autorizado.		
Ø Arma	de	Pressão	ou	“Chumbinho”	
Não	são	consideradas	armas	de	fogo	para	o	Estatuto	do	Desarmamento	e	não	são	objetos	
materiais.		
Não se esqueça, porém, de que o uso de simulacro de arma de fogo ou arma 
de brinquedo configura a elementar “ameaça”, caracterizadora do crime de roubo 
(Art.157,caput do CP), mas não uma causa de aumento de pena do Art.157, §2º. 
	
 
alfaconcursos.com.br 
 
MUDE SUA VIDA! 
5 
 
CONCEITOS COMPLEMENTARES 
DECRETO Nº 9.847, DE 25 DE JUNHO DE 2019 
Art. 2º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se: 
I - Arma de fogo de uso permitido 
as armas de fogo semiautomáticas ou de repetição que sejam: 
• a) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não 
atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a 1200 libras-pé ou 
1620 joules; 
• b) portáteis de alma lisa; ou 
• c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de 
munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a 
mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules. 
II -Arma de fogo de uso restrito 
Armas de fogo automáticas e as semiautomáticas ou de repetição que sejam: 
• não portáteis; 
• de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, 
na saída do cano de prova, energia cinética superior a 1200 libras-pé ou 1620 
joules; ou 
• portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição 
comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a 1200 libras-
pé ou 1620 joules. 
III - Arma de fogo de uso proibido: 
• As armas de fogo classificadas de uso proibido em acordos e tratados 
internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária; ou 
• As armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos. 
 
ACESSÓRIO 
São	quaisquer	objetos	que,	acoplados	à	arma:	
• Melhoram	 o	 seu	 funcionamento	 ou	 precisão	 (melhoram	 o	 desempenho)	 (ex:	
luneta,	mira	a	laser	etc.)		
• Modificam	o	efeito	secundário	do	tiro	(ex.:	silenciador)		
• Alteram	o	aspecto	visual	da	arma.	
Não são consideradas acessórias partes isoladas da arma (cano, cabo etc.), 
nem objetos que não alteram o funcionamento da arma (coldre, por exemplo). 
MUNIÇÃO 
Munição	é	o	projétil	a	ser	disparado	de	uma	arma	de	fogo,	 incluindo	o	cartucho,	que	é	
um	tubo	oco,	geralmente	de	metal,	 com	um	propelente	no	seu	 interior;	na	sua	parte	aberta	
fica	preso	o	projétil	e	na	sua	base	encontra-se	o	elemento	de	iniciação.	Em	casos	isolados,	os	
Tribunais	têm	admitido	a	aplicação	do	Princípio	da	Insignificância	em	casos	de	apreensão	de	
munição	desacompanhadas	da	arma	de	fogo.		
 
alfaconcursos.com.br 
 
MUDE SUA VIDA! 
6 
 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
Princípio da Insignificância 
A apreensão de ÍNFIMA QUANTIDADE de munição desacompanhada de arma de 
fogo, excepcionalmente, a depender da análise do caso concreto, pode levar ao 
reconhecimento de atipicidade da conduta, diante da ausência de exposição de 
risco ao bem jurídico tutelado pela norma. 
STF, 13/11/2017 ; STJ n.º 108/2018 
MUNIÇÃO USADA COMO CHAVEIRO OU COLAR 
Munição usada como chaveiro ou colar: 
A natureza do projétil é descaracterizada mediante a utilização em obra de 
arte ou para confecção de chaveiro, colar etc. 
STJ, 16/05/2017 
BENS JURÍDICOS PROTEGIDOS 
Ø Objeto	jurídico	imediato:	Segurança	Coletiva	(Segurança	Pública	e	incolumidade	
pública).	
Ø Objetos	jurídicos	mediatos/secundários:	vida,	saúde,	patrimônio,	incolumidade	
física.	
ELEMENTO SUBJETIVO 
Os	crimes	do	Estatuto	do	Desarmamento	são,	em	regra,	praticados	de	forma	dolosa.	
A	exceção	é	justamente	o	único	crime	culposo	do	Estatuto	do	Desarmamento	–	o	crime	
de	Omissão	de	Cautela	(Art.	13,	caput),	que	possui	como	elemento	subjetivo	a	culpa.		
AÇÃO PENAL 
Ação Penal Pública Incondicionada. 
NATUREZA JURÍDICA DOS CRIMES DO ESTATUTO DO 
DESARMAMENTO 
É	majoritário	o	entendimento	do	Supremo	Tribunal	Federal	e	do	Superior	Tribunal	de	
Justiça	 segundo	o	qual	os	 crimes	do	Estatuto	do	Desarmamento	são	de	perigo	abstrato	ou	
presumido,	significando	que	sua	ofensividade	já	está	presumida	na	própria	lei.	Ou	seja,	para	
que	exista	o	crime	não	há	necessidade	de	uma	situação	real	de	perigo	para	alguém.	
Assim,	todos	os	crimes	do	Estatuto	do	Desarmamento	são	de	perigo	abstrato.	
Os crimes previstos na Lei de Armas são crimes de perigo abstrato, em que 
se presume a potencialidade lesiva, razão pela qual é dispensável a análise a 
respeito da potencialidade lesiva da arma ou da munição apreendida, tampouco a 
demonstração de perigo concreto à sociedade. 
STJ, 07/08/2017. 
	
 
alfaconcursos.com.br 
 
MUDE SUA VIDA! 
7 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ANDREUCCI,	Ricardo	Antônio.	Legislação	Penal	Especial.	São	Paulo:	Saraiva,	2019.	
BRASILEIRO,	Renato.	Legislação	Criminal	Especial	Comentada.	Salvador:	Juspodivm,	2017.	
CAVALCANTE,	Márcio	André	Lopes.	Arma	de	fogo	encontrada	em	caminhão	configura	porte	de	arma	de	
fogo	(e	não	posse).	Buscador	Dizer	o	Direito,	Manaus.	Disponível	em:	
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/4e9cec1f583056459111d63e24f3b8ef>.	
Acesso	em:	23/02/2020.	
FOUREAUX,	Rodrigo.	A	Lei	13.491/17	e	a	ampliação	da	competência	da	Justiça	Militar.	Disponível	em:	
https://jus.com.br/artigos/61251/a-lei-13-491-17-e-a-ampliacao-da-competencia-da-justica-militar.	
GONÇALVES,	Victor;	Baltazar	Júnior,	José	Paulo.	Legislação	Penal	Especial	Esquematizada.	São	Paulo:	Saraiva,	
2019.	
LOPES	JR,	Aury.	Lei	13.491/2017	fez	muito	mais	do	que	retirar	os	militares	do	tribunal	do	júri.	Disponível	
em:	https://www.conjur.com.br/2017-out-20/limite-penal-lei-134912017-fez-retirar-militares-tribunal-juri.	
MASSON,	Cléber;	MARÇAL,	Vinicius.	Lei	de	Drogas:	Aspectos	penais	e	processuais	penais.	Ed.	Método,	2018.		
RENEE	DO	Ó	SOUZA,	ROGÉRIO	SANCHES	CUNHA	E	CAROLINE	DE	ASSIS	E	SILVA	HOLMES	LINS.	A	nova	figura	
do	agente	disfarçado	prevista	na	Lei	13.964/2019	em	27	de	dezembro	de	2019.	
Disponível	em:	https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/12/27/nova-figura-agente-disfarcado-
prevista-na-lei-13-9642019/.

Continue navegando