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Tecnologias para o Cuidado em Saúde Ms. Manoela G. Grossi Laprano Docente da Universidade Cidade de São Paulo Enfermeira do Serviço de Educação Continuada Coordenadora do Núcleo de Enf. do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Cardiovascular Vice-coordenadora – Residência em Enf. Cardiovascular Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia Vive-se em uma época histórica de desenvolvimento tecnológico sem precedentes: sociedade do conhecimento e da tecnologia. É impensável viver sem recursos e instrumentos, como energia elétrica, automóvel, avião, computador, telefone móvel, televisão e internet. (Lorenzetti J. et al, 2012) Há mais de 300 anos A.C., Platão já refletia que o ser humano é o animal mais indefeso da terra e que, para sua sobrevivência e bem-estar, necessita de meios técnicos. (Abbagnano, 1992 apud Lorenzetti J. et al, 2012) Do mesmo modo, parece inconcebível garantir saúde sem os antibióticos, anestésicos, vacinas, próteses, órteses, marcapassos, respiradores, transplantes e exames de radiodiagnóstico. (Lorenzetti J. et al, 2012) Tecnologias para o Cuidado em Saúde Os temas tecnologia e inovação tecnológica estão em pauta nos meios de comunicação e nas agendas de governos, empresas, agências de fomento a pesquisas com forte influência no setor saúde. 2 Impactos da evolução tecnológica no desenvolvimento técnico-científico da humanidade Corrida tecnológica: guerras e lutas de dominação (Século XX) Degradação da natureza Desigualdades sociais Tecnologias para destruição e Melhora da qualidade de vida das pessoas Avanço da concepção crítica: sustentabilidade Proteção e recuperação ambiental (Lorenzetti J. et al, 2012) 3 O que é tecnologia? (Lorenzetti J. et al, 2012; Koerich MC, 2006) 4 Senso comum - máquinas, equipamentos. Na saúde – centros especializados, aparatos tecnológicos avançados. É sinônimo de técnica? Pode ser considerada ferramenta, instrumento? Também é entendida como processo, compreendendo certos saberes constituídos para a geração e utilização de produtos e para organizar as relações humanas. (Martins JJ, Nascimento ERP. 2005; Silva DC, Alvim NAT, Figueiredo PA, 2008) A tecnologia utiliza a base científica, pois consiste no uso de ciência para não só produzir máquinas e ferramentas físicas, mas também organiza e sistematiza as atividades. Tecnologias de Cuidado (Koerich MC, 2006) 5 Tecnologia é, também, “um conjunto de conhecimentos (científicos e empíricos) sistematizados, em constante processo de inovação, os quais são aplicados pelo profissional de enfermagem em seu processo de trabalho, para o alcance de um objetivo específico. Na saúde é permeada pela reflexão, interpretação e análise, e experiência profissional. Na enfermagem tem características peculiares: o cuidado do ser humano não permite generalizações de condutas e requer adaptação às mais diversas situações -> cuidado individual. Tecnologias do cuidado: envolve a multiplicidade de técnicas, procedimentos e conhecimentos que o enfermeiro utiliza em seu processo de trabalho de cuidar. Classificação das Tecnologias Dura: material concreto, tangível, equipamentos tecnológicos, máquinas, instalações físicas e estruturas organizacionais.5 Leve-dura: inclui os saberes bem estruturados que operam nas disciplinas que atuam na área de saúde: o saber do médico, a clínica do enfermeiro,... Normas, protocolos, conhecimentos. Leve: são as tecnologias de relações do tipo produção de vínculo, acolhimento, produção de comunicações, das relações. (Merhy EE, 2002; Nietsche EA et al, 2012; Pereira CDFD et al, 2010; Salvador PTCO et al, 2012) 6 Curiosidades da Evolução da ciência Médica Sessões torturantes por horas rodando os pacientes com cordas suspensas no teto por horas a fio e também na “Cadeira tranquilizante”. Benjamin Rush (1746-1813) Fonte da imagem: U.S. National Library of Medicine The Huffington Post (“Strange Medicine: A Shocking History of Real Medical Practices Through the Ages”) https://www.megacurioso.com.br/medicina-e-psicologia/37073-conheca-algumas-praticas-medicas-antigas-muito-duvidosas.htm Doença mental era causada pela má circulação de sangue no cérebro e, para curá-la, ele submetia os pacientes a sessões torturantes. Em uma delas, ele rodava os pacientes com cordas suspensas no teto por horas a fio. Ele também inventou a "cadeira tranquilizante”, em que o paciente ficava com mãos e pés amarrados e a cabeça coberta com uma caixa de madeira. Além do artifício nada confortável, Rush acreditava ainda que a dor e o sofrimento eram sentimentos curativos e, por isso, ele batia, abusava verbalmente de seus pacientes e os deixava com fome para alcançar o sucesso do tratamento. https://super.abril.com.br/mundo-estranho/11-tratamentos-bizarros-ja-propostos-pela-medicina/ Os babilônios de 2000 a.C. já acreditavam que o “excesso de sangue” nas veias podia causar doenças (hein?). Hipócrates, na Grécia antiga, corroborou a tese: a menstruação seria uma maneira de a mulher se livrar de “impurezas” e do “mau humor”. Resultado: na Idade Média, sangrias eram indicadas para sarar qualquer coisa, de febre a joelho ralado https://hypescience.com/dez-tratamentos-agonizantes-da-idade-media/ Os médicos da idade média achavam que praticamente todas as doenças eram causadas por excesso de líquido no corpo. Então a solução era tirar o sangue dos pacientes. Havia dois métodos “principais”. O primeiro usava sanguessugas para tirar o sangue. O bicho era colocado sobre o local e sugava uma boa quantidade do líquido. O outro era um tradicional corte na veia, normalmente no braço. https://www.megacurioso.com.br/medicina-e-psicologia/37073-conheca-algumas-praticas-medicas-antigas-muito-duvidosas.htm Considerada uma doença feminina na época, a chamada histeria era tratada com a aplicação de sanguessugas no órgão genital das mulheres, a fim também de aliviar problemas uterinos e excitação sexual — sim, eles tratavam dessa forma, mesmo sabendo que a “cura real” seria bem mais simples e agradável. De acordo com as pesquisas de Nathan Belofsky, os aristocratas britânicos submetiam as suas esposas ao tratamento com sanguessugas a cada duas semanas. Eletroconvulsoterapia http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672018001202743&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Revisitando a técnica de eletroconvulsoterapia no contexto da reforma psiquiátrica brasileira http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932008000200010 Eletroconvulsoterapia e estimulação magnética transcraniana: semelhanças e diferenças http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832004000500008 7 Evolução da ciência Médica http://www.ccms.saude.gov.br/memoria%20da%20loucura/Mostra/eletro.html http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2013/2057_2013.pdf 8 Sangrias e Sanguessugas Evolução da ciência Médica The Huffington Post (“Strange Medicine: A Shocking History of Real Medical Practices Through the Ages”) https://hypescience.com/dez-tratamentos-agonizantes-da-idade-media/ https://hypescience.com/dez-tratamentos-agonizantes-da-idade-media/ Os médicos da idade média achavam que praticamente todas as doenças eram causadas por excesso de líquido no corpo. Então a solução era tirar o sangue dos pacientes. Havia dois métodos “principais”. O primeiro usava sanguessugas para tirar o sangue. O bicho era colocado sobre o local e sugava uma boa quantidade do líquido. O outro era um tradicional corte na veia, normalmente no braço. Sangrias por flebotomia, ventosas sarjadas e sanguessugas: atribuições técnicas das enfermeiras brasileiras (1916-1942) http://here.abennacional.org.br/here/Flebotomia_HERE_2015.pdf 9 Evolução da ciência Médica Tratamento para hemorroidas Cirurgias velozes Cirurgiões famosos do século 19, como Robert Liston, poderiam amputar um membro em menos de um minuto. The Huffington Post(“Strange Medicine: A Shocking History of Real Medical Practices Through the Ages”) https://hypescience.com/dez-tratamentos-agonizantes-da-idade-media/ https://www.megacurioso.com.br/medicina-e-psicologia/37073-conheca-algumas-praticas-medicas-antigas-muito-duvidosas.htm https://hypescience.com/dez-tratamentos-agonizantes-da-idade-media/ Evolução da ciência Médica Teia de aranhas em ferimentos https://super.abril.com.br/mundo-estranho/11-tratamentos-bizarros-ja-propostos-pela-medicina/ https://super.abril.com.br/mundo-estranho/11-tratamentos-bizarros-ja-propostos-pela-medicina/ https://www.dw.com/pt-br/m%C3%A9dicos-empregam-teias-de-aranha-na-cirurgia-reconstrutiva/a-16454823-0 https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/cientistas-suecos-reproduzem-teia-de-aranha-em-laboratorio.ghtml https://www.dw.com/pt-br/teia-de-aranha-para-reconstruir-o-cora%C3%A7%C3%A3o/a-40208324-0 Evolução da ciência Médica Coalhada de soja embolorada em pústulas como antibióticos https://super.abril.com.br/mundo-estranho/11-tratamentos-bizarros-ja-propostos-pela-medicina/ https://super.abril.com.br/mundo-estranho/11-tratamentos-bizarros-ja-propostos-pela-medicina/ Evolução da ciência Médica www.ccms.saude.gov.br/revolta/pdf/M7.pdf Evolução da ciência Médica - Primeira vacina (contra a varíola) foi criada por Edward Jenner, em 1796. www.ccms.saude.gov.br/revolta/pdf/M7.pdf Albert Sabin, 1949 www.ccms.saude.gov.br/revolta/pdf/M7.pdf http://www.ccms.saude.gov.br/revolta/pdf/M7.pdf 15 Evolução da ciência Médica O advento da Anestesia: Propriedades sedativas do Óxido nitroso – 1799 Uso do Éter: 1946 Extração dentária pelo dentista William Thomas Green Morton, (Hospital Geral de Massachusetts, em Boston). Extração de tumor por um médico com aparelho inalador idealizado pelo dentista. o éter começou a ser substituído pelo clorofórmio, introduzido como anestésico na Inglaterra por James Simpson. INFORMATIVOS DO CREMESP: https://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Jornal&id=38 https://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Jornal&id=381 Evolução da ciência Médica A forma mais comum de anestesia era a máscara de Ombrédanne, um aparelho de inalação de vapores anestésicos. “O doente tinha uma sensação de asfixia terrível, mas acabava perdendo a consciência. Por essa razão, a cirurgia não podia ser demorada”. INFORMATIVOS DO CREMESP: https://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Jornal&id=38 Fonte da imagem: http://blogdoanestesiador.blogspot.com/2010/09/mascara-de-ombredane.html Fonte da imagem: google imagens No Brasil ... O Departamento de Ciência e Tecnologia (DECIT) é responsável pelo incentivo ao desenvolvimento de pesquisas em saúde no País, de modo a direcionar os investimentos realizados pelo Governo Federal às necessidades da saúde pública – 2000 Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SCTI), em 2003. Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PNCTIS) em 2004 Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde. Ministério da Saúde. 18 Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação para Saúde, 2018. 19 Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação para Saúde, 2018. Vamos praticar? Grupos: 1 – Telemedicina 2 - Inteligência Artificial 3 - Impressão em 3D e Biônica 4 – Robótica 5 - Internet das Coisas Pesquisar, escolher e apresentar uma inovação tecnológica sobre o tema, na saúde, explicando seu funcionamento e efeitos. Identificar e explicar 2 impactos negativos e 2 positivos da tecnologia para a enfermagem e a saúde. Objetivos: conhecer as inovações tecnológicas no campo da saúde ; compreender e refletir sobre a utilização das tecnologias e seu impacto na saúde e na profissão de enfermagem. Tempo total: 2 horas e 40 min Mínimo de 5 e máximo de 10 grupos: 10 grupos – tempo de atividade 1h 20 min pra construção e o mesmo para apresentação (8 min por grupo) 9 grupos - tempo de atividade 1h 30min pra construção e 1h 10 min para apresentação (8 min por grupo) 8 grupos - tempo de atividade 1h 20min pra construção e 1h20 min para apresentação (10 min por grupo) 7 grupos - tempo de atividade 1h 30min pra construção e 1h 10 min para apresentação (10 min por grupo) 6 grupos - tempo de atividade 1h 40 min pra construção e 1h min para apresentação (10 min por grupo) 5 grupos - tempo de atividade 2h pra construção e 40 min para apresentação (8 min por grupo) 21 Referências Lorenzetti J. et al. Tecnologia, inovação tecnológica e saúde: uma reflexão necessária. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2012 Abr-Jun; 21(2): 432-9. Abbagnano N. Dicionário de filosofia. São Paulo (SP): Mestre Jou; 1992. Koerich MC. Tecnologias de cuidado em saúde e enfermagem e suas perspectivas filosóficas. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2006; 15 (Esp): 178-85. Merhy EE. Saúde e cartografia do trabalho vivo. São Paulo (SP): Hucitec; 2002. Nietsche EA et al. Tecnologias inovadoras do cuidado em enfermagem. Rev Enferm UFSM 2012 Jan/Abr;2(1):182-189 Pereira CDFD et al. Tecnologias em enfermagem e o impacto na prática assistencial. Revista Brasileira de Inovação Tecnológica em Saúde, On-Line, Desde 2010. Salvador PTCO et al. Tecnologia e inovação para o cuidado em enfermagem. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2012 jan/mar; 20(1):111-7. Martins JJ, Nascimento ERP. A tecnologia e a organização do trabalho da enfermagem em UTI. Arquivos Catarinenses de Medicina [LILACS-Sistema Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde] 2005 [citado em 21 maio 2011]. 34:23-7. Disponível em: http://www.acm.org.br/revista/pdf/artigos/300.pdf. Silva DC, Alvim NAT, Figueiredo PA. Tecnologias leves em saúde e sua relação com o cuidado de Enfermagem hospitalar. Esc Anna Nery [BDENF-Banco de Dados em Enfermagem] 2008 [citado em 21 maio 2011]. 12:291-8. Disponível em: http://www.eean.ufrj.br/revista_enf/20082/16ARTIGO12.pdf. Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM nº 2.057 de 2013. http://www.ccms.saude.gov.br/memoria%20da%20loucura/Mostra/eletro.html http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2013/2057_2013.pdf https://super.abril.com.br/mundo-estranho/11-tratamentos-bizarros-ja-propostos-pela-medicina/ https://www.dw.com/pt-br/m%C3%A9dicos-empregam-teias-de-aranha-na-cirurgia-reconstrutiva/a-16454823-0 https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/cientistas-suecos-reproduzem-teia-de-aranha-em-laboratorio.ghtml https://www.dw.com/pt-br/teia-de-aranha-para-reconstruir-o-cora%C3%A7%C3%A3o/a-40208324-0 https://super.abril.com.br/mundo-estranho/11-tratamentos-bizarros-ja-propostos-pela-medicina/ www.ccms.saude.gov.br/revolta/pdf/M7.pdf INFORMATIVOS DO CREMESP: https://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Jornal&id=38 Ministério da Saúde. Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde. Sem data. Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação para Saúde. Brasília, DF: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 2018. Referências