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Intervenção de Terceiro A Intervenção de Terceiro é um fato jurídico processual que implica modificação de processo já existente. Trata-se de um fenômeno processual pelo qual uma pessoa, física ou jurídica, autorizado por lei, ingressa em processo pendente, podendo se transformar em parte. Há intervenção espontânea (ex.: assistência e amicus curiae) e provocada (ex.: chamamento ao processo e denunciação da lide). Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la. Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se encontre. Considerações Fundamentais Parte: deve restringir-se àquele que participa do processo (ao menos potencialmente) com parcialidade, tendo interesse em determinado resultado do julgamento. Terceiro: “é terceiro quem não seja parte, quer nunca o tenha sido, quer haja deixado de sê-lo em momento anterior àquele que se profira a decisão” de acordo com Barbosa Moreira. Em regra, a Lei dos Juizados Especiais veta a intervenção de terceiros. Entretanto, o artigo 1.062 do CPC autoriza o incidente de desconsideração da personalidade jurídica. Terceiro interessado: Idêntico ao das partes Subordinado ao das partes Econômico Institucional Chamamento ao Processo O chamamento ao processo é uma modalidade de intervenção de terceiros na qual aquele que chama e o chamado irão compor um litisconsórcio e, além disso, uma relação de solidariedade. Isso porque, a finalidade do chamamento ao processo é trazer aquele que também é responsável pelo objeto da ação para a lide e assim todos ficam sujeitos à coisa julgada. O réu realiza o chamamento no momento de sua contestação e tal chamamento só é cabível no processo de conhecimento. Classificação do litisconsórcio: Passivo: porque é formado no polo passivo da demanda; Posterior: como já dito, é realizado no momento da contestação; Facultativo: o réu não tem por obrigação chamar o outro responsável caso não queira. Exemplo: temos três devedores solidários, Ana, Juliana e Camilla. No entanto, é citado como réu apenas Juliana, sendo assim, ele chama ao processo os codevedores (Ana e Camila). Caso as três sejam condenadas (talvez possa algum deles socorrer-se de defesa pessoal, que aos outros não assista), pode acontecer de a dívida ser paga não pelo chamante - Juliana, mas pela chamada Camila; que disporá, então, pela sentença e com o comprovante de pagamento, de título executivo contra Juliana, e também contra Camila, a fim de que receba das duas o quinhão respectivo. De olho na lei seca! Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu: I – do afiançado, na ação em que o fiador for réu; II – dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles; III – dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum. Art. 131. A citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio passivo será requerida pelo réu na contestação e deve ser promovida no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de ficar sem efeito o chamamento. Parágrafo único. Se o chamado residir em outra comarca, seção ou subseção judiciárias, ou em lugar incerto, o prazo será de 2 (dois) meses. Art. 132. A sentença de procedência valerá como título executivo em favor do réu que satisfizer a dívida, a fim de que possa exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou, de cada um dos codevedores, a sua quota, na proporção que lhes tocar. Assistência A assistência é uma intervenção de terceiro que consiste na ampliação subjetiva do processo, isso porque o terceiro interessado não vai se tornar parte, mas irá auxiliar uma das partes. Para isso, o terceiro peticiona ao juiz e expõe suas razões para assim justificar o seu interesse jurídico em relação à lide. Após isso, sendo o pedido procedente, as partes serão intimadas para manifestação. Caso seja negada a limiar, caberá agravo de instrumento. Características: espontânea; poderá acontecer em qualquer tempo, grau de jurisdição e procedimento; poderá haver o auxílio de ambos os polos. Modalidades Assistência simples: o terceiro interessado irá auxiliar o assistido com intuído de vencer a demanda já pensando nos reflexos da decisão, ou seja, a sentença atingirá diretamente na relação jurídica já existente entre o assistido e o assistente. O exemplo mais utilizado é o do sublocatário em ação de despejo contra o locatário, isso porque, se o locatário for despejado, ele também será. É importante salientar que o assistente simples é parte auxiliar, significa dizer que ele irá arcar com as despesas processuais além de se submeter aos deveres processuais da parte. Atenção: o assistente simples atua em nome próprio, ainda que defenda os direitos de outrem, é submisso à vontade do assistido. Sendo assim, se o assistido optar por não recorrer, o assistente não poderá fazer por espontânea vontade. Mas o que acontece em casos de revelia por parte do assistido? Bom, neste caso, a ação do assistente será eficaz (irá evitar os efeitos da revelia), embora ele não possa desistir da demanda ou ter maior autonomia porque fica submetido à vontade do assistido. Assistência litisconsorcial: nesta modalidade o assistente irá ingressar como parte, tornando assim um litisconsórcio unitário, facultativo e ulterior. Sendo assim, ambos possuem a mesma autonomia e deverão ser tratados da mesma forma. Exemplo: o herdeiro ingressa como assistente litisconsorcial do outro herdeiro na demanda em que este reivindica a herança de terceiro. Lembrando: por se tratar de um litisconsórcio unitário, todos os atos benéficos praticados por um, se estende aos demais, mas os atos maléficos praticados por um, serão ineficazes em relação a todos. De olho na lei seca! Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la. Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se encontre. Art. 120. Não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, o pedido do assistente será deferido, salvo se for caso de rejeição liminar. Parágrafo único. Se qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse jurídico para intervir, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo. Art. 121. O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido. Parágrafo único. Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente será considerado seu substituto processual. Art. 122. A assistência simples não obsta a que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre direitos controvertidos. Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que: I – pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido, foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença; II – desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu. Art. 124. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente sempre que a sentença influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido. Denunciação da lide Como o próprio nomejá nos propõe, a denunciação da lide nada mais é do que denunciar algo a alguém, que durante o processo poderá ser feita tanto pelo autor da demanda quanto pelo réu. É importante salientar que só há vínculo jurídico entre o denunciante e o denunciado, ou seja, aquele que é denunciado não terá vínculo jurídico com o outro polo do processo (seja ele ativo ou passivo). Características: 1) Facultativa: caso a parte interessada não realize a denunciação da lide, poderá ingressar em ação autônoma para exercer seu direito de regresso – embora não seja célere. 2) Incidental: acrescenta um novo pedido, ou seja, um principal e um incidental (caso o juiz não se manifeste sobre ambas, a sentença será citra petita.). 3) Regressiva: o denunciante deseja ser ressarcido pelo denunciado, afinal, esse é o principal interesse quando se faz a denuncia, responsabilizar quem deve ser responsabilizado e ressarcir eventuais prejuízos. 4) Eventual: para que exista a necessidade do denunciado ressarcir os prejuízos ao denunciante, o segundo precisa ter sentença desfavorável. Até porque se ele for vitorioso, a denunciação nem será analisada. 5) Antecipada: o denunciante traz o denunciado para a demanda antes mesmo de existir sentença. Atenção¹: admite-se uma denunciação sucessiva (A→B→C), mas nunca per saltum (A→B→D perceba que “B” deveria denunciar “C”, mas o pulou). Atenção²: a Denunciação da Lide não é permitida nos Juizados Especiais, mas isso não impede que haja o direito de regresso. O mesmo irá acontecer quando a Denunciação for comprometer a celeridade do processo. De olho na lei seca! Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes: I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam; II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo. § 1º O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida. § 2º Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por ação autônoma. Art. 126. A citação do denunciado será requerida na petição inicial, se o denunciante for autor, ou na contestação, se o denunciante for réu, devendo ser realizada na forma e nos prazos previstos no art. 131. Art. 127. Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá assumir a posição de litisconsorte do denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu. Art. 128. Feita a denunciação pelo réu: I - se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá tendo, na ação principal, em litisconsórcio, denunciante e denunciado; II - se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua defesa, eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva; III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal, o denunciante poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de regresso. Parágrafo único. Procedente o pedido da ação principal, pode o autor, se for o caso, requerer o cumprimento da sentença também contra o denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva. Art. 129. Se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz passará ao julgamento da denunciação da lide. Parágrafo único. Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá o seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado. Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica O incidente de desconsideração da personalidade jurídica é a possui a finalidade de prevenir o desvio de um ente empresarial, visando responsabilizar a má-fé dos sócios administradores. Em outras palavras, nada mais é do que assegurar que de uma maneira ou de outra, a empresa tenha condições financeiras de arcar com as eventuais custas de danos e/ou indenizações. O Ministério Público poderá intervir, no entanto, apenas se ocorrer alguma das hipóteses do artigo 178, CPC Características: 1) Não poderá ser determinada ex officio; 2) O pedido deverá ser feito na petição inicial, no entanto, é possível o pedido autônomo; 3) Há possibilidade de pedir antecipação, desde que cumpra os requisitos da tutela de urgência. De olho na lei seca! Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo. § 1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos previstos em lei. § 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica. Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial. § 1º A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao distribuidor para as anotações devidas. § 2º Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica. § 3º A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na hipótese do § 2º. § 4º O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais específicos para desconsideração da personalidade jurídica. Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias. Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por decisão interlocutória. Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno. Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havida em fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente. Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que envolvam: I - interesse público ou social; II - interesse de incapaz; III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana. Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura, por si só, hipótese de intervenção do Ministério Público. Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica; Art. 1.062. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica aplica-se ao processo de competência dos juizados especiais. Amicus Curiae O Amicus Curiae é a intervenção em que o terceiro é chamado a pedido da parte ou por provocação do órgão jurisdicional. Sua finalidade é intervir no processo para fornecer informações e conteúdo de qualidade com intuito de aprimorar a qualidade da decisão. É importante destacarmos que a decisão que admite ou solicita a intervenção do amicus é irrecorrível. Contudo, poderá interpor embargos de declaração e recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas. O AC pode ser uma pessoa natural, jurídica, órgão ou entidade especializada. No entanto, sua participação é limitada aos processos que se tratam de causas relevantes, um tema muitoespecífico ou, ainda, quando há repercussão social. Olho na lei seca! Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação. § 1º A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3º. § 2º Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes do amicus curiae § 3º O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas. Informativo nº 747 do STF.
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