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15 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

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DIREITO PENAL 
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
 
 
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Sumário 
1 FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL ........................................................................................................ 4 
2 FURTO ................................................................................................................................................ 4 
2.1 ESTRUTURA DO TIPO ................................................................................................................... 4 
2.2 OBJETIVIDADE JURÍDICA .............................................................................................................. 7 
2.3 OBJETO MATERIAL ....................................................................................................................... 8 
2.3.1 “Coisa” ............................................................................................................................................. 8 
2.3.2 “Alheia” ........................................................................................................................................... 9 
2.3.3 “Móvel” ......................................................................................................................................... 10 
2.4 NÚCLEO DO TIPO ........................................................................................................................ 14 
2.5 SUJEITO ATIVO ........................................................................................................................... 15 
2.6 SUJEITO PASSIVO ........................................................................................................................ 16 
2.7 ELEMENTO SUBJETIVO ................................................................................................................ 16 
2.8 CONSUMAÇÃO ........................................................................................................................... 17 
2.9 FURTO NOTURNO ....................................................................................................................... 22 
2.10 FURTO PRIVILEGIADO – FURTO DE PEQUENO VALOR – FURTO MÍNIMO ....................................... 24 
2.11 FURTO QUALIFICADO .................................................................................................................. 27 
2.11.1 Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; .......................................... 28 
2.11.2 Com abuso de confiança – SUBJETIVA – NÃO SE COMUNICA ...................................................... 30 
2.11.3 Mediante fraude ........................................................................................................................... 32 
2.11.4 Mediante escalada ........................................................................................................................ 35 
2.11.5 Destreza ........................................................................................................................................ 36 
2.11.6 Com emprego de chave falsa; ....................................................................................................... 36 
2.12 MEDIANTE CONCURSO DE DUAS OU MAIS PESSOAS .................................................................... 39 
3 ROUBO .............................................................................................................................................. 40 
3.1 ESTRUTURA DO TIPO .................................................................................................................. 40 
3.2 ROUBO SIMPLES PRÓPRIO .......................................................................................................... 43 
3.2.1 Introdução ..................................................................................................................................... 43 
3.2.2 Objetividade jurídica ..................................................................................................................... 43 
3.2.3 Objeto material ............................................................................................................................. 43 
3.2.4 Núcleo do tipo ............................................................................................................................... 44 
3.2.5 Sujeito ativo .................................................................................................................................. 45 
3.2.6 Sujeito passivo ............................................................................................................................... 45 
3.2.7 Elemento subjetivo ....................................................................................................................... 47 
3.2.8 Consumação .................................................................................................................................. 47 
3.2.9 Tentativa ....................................................................................................................................... 49 
3.2.10 Ação penal ..................................................................................................................................... 49 
3.3 ROUBO SIMPLES IMPRÓPRIO ...................................................................................................... 49 
3.3.1 Consumação .................................................................................................................................. 51 
3.3.2 Tentativa ....................................................................................................................................... 51 
3.4 CAUSAS DE AUMENTO DE PENA / ROUBO CIRCUNSTANCIADO .................................................... 52 
3.4.1 Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma: ...................................................... 52 
3.4.2 Se há o concurso de duas ou mais pessoas................................................................................... 61 
3.4.3 Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. ...... 62 
3 
 
3.4.4 Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro estado ou 
para o exterior............................................................................................................................................... 62 
3.4.5 Restrição da liberdade (art. 157, §2º, V, do CP): .......................................................................... 63 
3.5 QUALIFICADORAS: ...................................................................................................................... 65 
3.5.1 Latrocínio ...................................................................................................................................... 68 
4 ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS:................................................................................................................... 73 
5 INFORMAÇÕES EXTRAS: ..................................................................................................................... 73 
6 DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO ....................................................................................... 75 
7 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA ................................................................................................................... 75 
 
 
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ATUALIZADO EM 02/06/20191 
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
1 FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL 
 
Art. 5º, caput ao garantir o direito à propriedade. O Código Penal de 1940 fala em crimes contra o 
patrimônio, o Código Penal Republicano de 1890 falava em crimes contra a propriedade. O Código Penal atual 
abandonou a terminologia “crimes contra a propriedade” e acertou na escolha, visto que tal diploma não 
protege apenas a propriedade, mas também a posse lícita dos bens. 
Nelson Hungria - Patrimônioé o complexo de bens ou interesses de valor econômico em relação de 
pertinência com uma pessoa. No conceito de patrimônio também entram os bens de valor sentimental 
(exemplo: furtar uma foto com valor sentimental). 
Nos crimes contra o patrimônio, o Código Penal adota o critério do interesse predominante 
(exemplo: o agente matou para roubar, no latrocínio; privou a vítima de liberdade para conseguir o resgate, na 
extorsão mediante sequestro). Se o interesse é patrimonial vai ser tratado como crime contra o patrimônio. 
2 FURTO 
 
#JÁCAIUEMPROVA #DEFENSORIA #FCC - A banca FCC, na prova da DPE-BA, em 2016, considerou correta a 
seguinte alternativa: “No crime de furto, no caso de a vítima, com 19 anos, ser separada judicialmente do 
autor do delito, a ação penal depende de representação da ofendida”. O fundamento legal é o art. 182, inciso 
I, CP. 
2.1 ESTRUTURA DO TIPO 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: tipo simples. 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. Furto agravado ou 
circunstanciado – furto noturno. 
 
 
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 As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de 
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, 
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do 
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas 
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos 
eventos anteriormente citados. 
5 
 
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão 
pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. Furto privilegiado ou 
mínimo 
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Norma penal 
explicativa 
Furto qualificado 
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: 
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
III - com emprego de chave falsa; 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de 
artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)* 
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser 
transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de 
produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 
2016) 
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas 
ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. 
(Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)* 
 
*2#ATUALIZAÇÃOLEGISLATIVA: A Lei nº 13.654 de 23 de abril de 2018 altera do Código Penal para dispor 
sobre os crimes de furto qualificado e de roubo quando envolvam explosivos e do crime de roubo praticado 
com emprego de arma de fogo ou do qual resulte lesão corporal grave. 
“Art. 155. (...) 
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de 
artefato análogo que cause perigo comum. 
(...) 
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas 
ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.” (NR). 
 
 
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 Para melhor compreensão das alterações, sugerimos a leitura dos comentários do professor Márcio: 
http://www.dizerodireito.com.br/2018/04/comentarios-lei-136542018-furto-e-roubo.html 
 
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#ATUALIZAÇÃOLEGISLATIVA: Lei nº 13.330, de 2 de agosto de 2016. Altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 (Código Penal), para tipificar, de forma mais gravosa, os crimes de furto e de receptação de 
semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes. 
Art. 1o Esta Lei altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para tipificar, de 
forma mais gravosa, os crimes de furto e de receptação de semovente domesticável de produção, ainda que 
abatido ou dividido em partes. 
Art. 2o O art. 155 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar acrescido 
do seguinte § 6o: 
Art. 155. (...) §6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente 
domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (NR) 
Art. 3o O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar acrescido do 
seguinte art. 180-A: 
Receptação de animal 
Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de 
produção ou de comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em 
partes, que deve saber ser produto de crime: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
 
 Comentários – Art. 155, §6o: não houve a criminalização da conduta de “subtrair semovente domesticável 
de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração”. Essa conduta já era considerada 
crime, genericamente, adequando-se ao caput do art. 155. O que a nova Lei fez foi estabelecer uma pena mais 
dura para o furto desses animais. Não é qualquer furto de semovente (animal) que irá se adequar à nova 
previsão legislativa, mas apenas o furto de semovente domesticável de produção (ainda que abatido ou 
dividido em partes no local da subtração), ou seja, apenas o furto de animais especificamente destinados à 
produção pecuária. A conduta passou a constituir forma qualificada do delito de furto, ou seja, a Lei 
estabeleceu novos patamares de pena (mínimo e máximo). Assim, não se trata de mera causa de aumento de 
pena, mas verdadeira qualificadora. 
- Se o agente praticar tal delito (art. 155, §6º) mas, ao mesmo tempo, incidir em alguma das qualificadoras do 
§4º do art. 155, o crime será qualificado em razão do §6º, e as circunstâncias previstas no §4º serão 
consideradas como circunstâncias judiciais desfavoráveis (seguindo a mesma lógica adotada pela Doutrina em 
relação ao crime do art. 155, §5º). 
 
 Comentários Art. 180-A: o tipo penal traz sete condutas típicas: Adquirir; Receber; Transportar; Conduzir; 
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Ocultar; Ter em depósito; Vender. Trata-se, portanto, de tipo misto alternativo (a prática de qualquer das 
condutas já configura o delito, em sua forma consumada). Entretanto, a prática de mais de uma conduta, no 
mesmo contexto criminoso, configura crime único. 
- Quanto ao elemento subjetivo, o tipo penal previu apenas a forma dolosa, mas com duas nuances 
importantes: 
(a) Em relação à finalidade da prática delituosa (conduta propriamente dita), o tipo penal exigiu o chamado 
“especial fim de agir” (também chamado de dolo específico), que consiste na intenção de produzir ou 
comercializar o objeto do delito. Assim, se a finalidade do agente ao praticar a conduta é outra (consumo 
próprio, por exemplo), não estará caracterizado este delito, podendo configurar outra modalidade de 
receptação (ou, até mesmo, favorecimento real,na forma do art. 349 do CP). 
(b) Em relação à procedência do semovente, o tipo não exigiu que o agente saiba que se trata de produto de 
crime, exigindo apenas que o agente “deva saber”. O que isso significa? Significa a previsão de uma espécie de 
“dolo eventual”, ou seja, o agente será punido mesmo que não saiba, efetivamente, que se trata de produto 
de crime, mas desde que haja, no caso concreto, elementos suficientes para indicar que ele “deveria saber” 
que era produto de crime (ex.: preço muito abaixo do valor de mercado, ausência de nota fiscal, etc.). 
- Como a pena mínima é superior a 01 ano de privação da liberdade, não será cabível a suspensão condicional 
do processo, nos termos do art. 89 da Lei 9.099/95. 
2.2 OBJETIVIDADE JURÍDICA 
É crime contra o patrimônio. Protege a propriedade e a posse legítima. A propriedade, em regra, é 
protegida pelo direito civil, mas quando ele não resolve há a incidência do direito penal (princípio da 
fragmentariedade). 
Não protege a detenção. Quem tem a detenção do bem usa esse bem em nome de terceiro. Ex. 
manobrista. (Delmanto discorda), visto que a detenção não integra o patrimônio das pessoas. A detenção não 
é transferida para outras pessoas por ato inter vivos ou causa mortis. 
O patrimônio é um bem jurídico disponível. Por essa razão, o consentimento do ofendido 
manifestado antes ou durante a subtração do bem, exclui o crime. O consentimento do ofendido após a 
subtração é irrelevante, não exclui o crime, já que estamos tratando de hipótese de ação pública 
incondicionada. Ex. me furtaram e eu disse que não tinha problema. 
O furto é crime de ação pública incondicionada. O entendimento é de que todos os crimes 
patrimoniais sem violência ou grave ameaça deveriam ser de ação penal pública condicionada, pois o bem 
jurídico é disponível e não há interesse público nesse caso. 
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1A CORRENTE 
NELSON HUNGRIA 
2A CORRENTE 
NORONHA E GRECCO 
3A CORRENTE 
MAJORITÁRIA 
Tutela somente a propriedade Protege a propriedade e a possa 
Protege a propriedade, posse e a 
detenção legítima. 
 
2.3 OBJETO MATERIAL 
É a coisa alheia móvel. 
2.3.1 “Coisa” 
O ser humano pode ser furtado? Não. Pode ser objeto do crime de extorsão mediante sequestro, 
cárcere privado, subtração de incapazes. Art. 249, 148. 
Mas é possível furtar partes do corpo humano. Ex. subtração de cabelo, dente. 
#OBS.: órgãos vitais – o crime será de lesão corporal grave – debilidade permanente - ou gravíssima – perda ou 
inutilização do membro. Pode até mesmo configurar o crime de homicídio ex. subtrair meu coração. Aplica-se 
o art. 14 da Lei nº 9.434/97 quando a conduta de remoção é praticada para fins de transplante (princípio da 
especialidade). Aplica-se somente essa lei e não o CP. 
É possível a subtração de objetos ou instrumentos ligados ao corpo humano. Ex. uma prótese 
dentária. 
Se o cadáver for subtraído poderá tipificar o art. 211, CP (crime contra o respeito aos mortos). Se for 
cadáver sem dono o crime será do art. 211 (destruição, subtração ou ocultação de cadáver), se for cadáver 
com dono, dotado de valor econômico (exemplo: pertencente à faculdade de Medicina) vai caracterizar o 
furto. 
 
#OBS.: CADÁVER PODE SER OBJETO DE FURTO? 
REGRA GERAL: NÃO. Será Destruição, subtração ou ocultação de cadáver. 
EXCEÇÕES: SALVO SE O CADÁVER ESTIVER DESTACADO PARA UMA ATIVIDADE ESPECÍFICA DE INTERESSE 
ECONÔMICO. Ex: servindo alunos de medicina em uma faculdade. Neste caso o cadáver passa a ser “coisa”, 
inclusive com valores econômicos. 
 
Destruição, subtração ou ocultação de cadáver 
Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele: 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
 
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Animais de estimação podem ser objeto de furto. Contudo, pode ser tipificado o crime de extorsão. B 
pede 30 mil para devolver o cachorro. É extorsão do 158 e não do 159 – mediante sequestro. O cachorro não 
pode ser ‘alguém’. 
*#OUSABER #MUDANÇADEENTENDIMENTO: Cheque em branco pode ser objeto de furto/receptação? 
A jurisprudência do STJ, a partir do julgamento do REsp 150.908/SP, firmou o entendimento de que folhas de 
cheque e cartões bancários não podem ser objeto material dos crimes de receptação e furto, uma vez que 
desprovidas de valor econômico, indispensável para a caracterização dos delitos patrimoniais. Contudo, ao 
examinar o CC 112.108/SP, a 3ª Seção desta Corte Superior de Justiça modificou tal posição, consignando que 
o talonário de cheque possui valor econômico, aferível pela provável utilização das cártulas para obtenção de 
vantagem ilícita por parte de seus detentores. Assim, talonário de cheque pode ser objeto dos crimes de furto 
e receptação. (AgRg no HC 410.154/RS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 03/10/2017, 
DJe 11/10/2017). 
 
2.3.2 “Alheia” 
Elemento normativo do tipo = exige juízo de valor. 
É tudo aquilo que não é próprio. É possível o furto de coisa própria? Não. Há aqui crime impossível, 
por impropriedade absoluta do objeto. 
 Res nullius – coisa de ninguém – não há furto. 
 Res derelicta – coisa abandonada – não há furto. 
Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa 
ocupação defesa por lei. 
O ouro da arcada dentária do cadáver? O entendimento dominante é de que a subtração do ouro da 
arcada dentária é crime de furto. A vítima são os herdeiros. Princípio da saisine – com a morte abre-se 
imediatamente a sucessão. Eles se tornam proprietários. 
Coisas de uso comum do povo podem ser furtadas? NÃO. Todos são proprietários. Contudo, se a 
coisa de uso comum é explorada, destacada por alguém, caracterizará furto. 
A coisa perdida (res desperdicta) caracteriza o art. 169, parágrafo único, II, CP (crime de apropriação 
de coisa achada). Uma coisa só é considerada perdida quando ela se encontra em lugar público ou de uso 
público. ex. estava andando na rua e a carteira caiu do meu bolso. Alguém pegou – apropriação de coisa 
achada. Se a coisa foi esquecida em local privado, por exemplo, o crime é de furto. Ela aqui não é considerada 
penalmente perdida. #VAICAIR. 
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*#OUSESABER: O Código Penal dispõe que: "quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou 
parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, 
dentro do prazo de 15 (quinze dias)" comete o crime de apropriação de coisa achada. Portanto, aquele que se 
apropriar de coisa achada estará praticando uma conduta típica, e não um irrelevante penal. No entanto, 
vale ressaltar que se a pessoa se apropriar de coisa abandonada ou de coisa que nunca teve proprietário ou 
possuidor, não cometerá crime (RJDTACRIM 11/45). 
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza 
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. 
2.3.3 “Móvel” 
Todo e qualquer bem suscetível de apreensão e de transporte. Os bens imóveis não podem ser 
objeto material de furto, por expressa previsão legal. 
Quando o CP fala em coisa móvel, ele dá às coisas móveis um sentido real, ou seja, não se trata de 
um sentido meramente jurídico. Existe no Direito Civil uma ficção jurídica para os bens imóveis por 
equiparação (exemplo: árvore, navios, aeronaves). Isso não existe no Direito Penal. Aqui preenchendo a 
definição dada será móvel. 
É possível, ainda, o furto de terra ou areia pela extração clandestina em imóvel alheio, bem como de 
árvores, desde que o fato não constitua crime contra o meio ambiente. 
#OBS.: Abigeato é o furto de animais e semoventes, quando eles têm proprietário (#JÁCAIU no MPDFT em 
2016). 
*#ATENÇÃO: Boa parte da doutrina utiliza os termos como sinônimos, para descrever a conduta do furto de 
gado, embora os termos também abranjam o furto de equinos, suínos etc. Em que pese sejam utilizados como 
sinônimospor boa parte da doutrina, há quem diferencie os termos, afirmando que o crime de ABIGEATO 
refere-se ao FURTO de gado, enquanto o crime de ABACTO, consiste no ROUBO de bovinos, é dizer, na 
subtração mediante violência. Sobre o tema, recentemente, foi acrescentado ao crime de furto (Art. 155, CP) 
o §6°, estabelecendo uma nova qualificadora para quem pratica o ABIGEATO. Esclarece, por fim, que essa 
qualificadora vai incidir não apenas no furto de gado, mas também no furto de outros animais 
domesticáveis, como suínos, caprinos etc (@direitodiretoblog). 
Energia elétrica. O legislador acrescentou o §3º, considerando furto a subtração de energia elétrica 
ou qualquer outra energia dotada de valor econômico. Ex. eólica, térmica, radioativa, genética (sêmens de 
garanhão – cavalo de raça). 
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Na subtração de energia elétrica o furto será crime permanente. 
Captação de sinal telefônico: participa da consumação do furto consistente na subtração de energia 
elétrica aquele que se utiliza de telefone clandestino ligado àquela energia elétrica e à linha de outro aparelho, 
acarretando prejuízo a seu proprietário. 
#OBS.: sinal de TV a cabo – gatonet: STF HC 97.261 – Informativo 623 – não é furto. Ele fala em razões de 
política criminal. Afinal, o que é política criminal? É aquilo que a sociedade espera do Direito Penal. 
 
#NÃOCONFUNDIR - Não confundir furto de energia elétrica com estelionato para ocultar consumo. 
FURTO DE ENERGIA ELÉTRICA 
“GATO” 
ESTELIONATO PARA O CONSUMO 
FRAUDE NO MEDIDOR 
Agente não está autorizado a consumir a coisa. 
Ligação clandestina. 
O agente está autorizado a consumir a coisa, mas se 
vale do artifício para provocar consumo fictício. 
A ligação é legítima – a adulteração é do medidor. 
 
*#DIZERODIREITO #JURISPRUDENCIA #STJ: O pagamento do débito oriundo de furto de energia elétrica (art. 
155, § 3º do CP) antes do oferecimento da denúncia é causa de extinção da punibilidade, nos termos do art. 9º 
da Lei nº 10.684/2003? 
*#IMPORTANTE!!! No caso de furto de energia elétrica mediante fraude, o adimplemento do débito antes do 
recebimento da denúncia não extingue a punibilidade. O furto de energia elétrica não pode receber o mesmo 
tratamento dado ao inadimplemento tributário, de modo que o pagamento do débito antes do recebimento 
da denúncia não configura causa extintiva de punibilidade, mas causa de redução de pena relativa ao 
arrependimento posterior (art. 16 do CP). Isso porque nos crimes contra a ordem tributária, o legislador (Leis 
nº 9.249/1995 e nº 10.684/2003), ao consagrar a possibilidade da extinção da punibilidade pelo pagamento do 
débito, adota política que visa a garantir a higidez do patrimônio público, somente. A sanção penal é invocada 
pela norma tributária como forma de fortalecer a ideia de cumprimento da obrigação fiscal. Já nos crimes 
patrimoniais, como o furto de energia elétrica, existe previsão legal específica de causa de diminuição da pena 
para os casos de pagamento da “dívida” antes do recebimento da denúncia. Em tais hipóteses, o Código Penal, 
em seu art. 16, prevê o instituto do arrependimento posterior, que em nada afeta a pretensão punitiva, 
apenas constitui causa de diminuição da pena. Outrossim, a jurisprudência se consolidou no sentido de que a 
natureza jurídica da remuneração pela prestação de serviço público, no caso de fornecimento de energia 
elétrica, prestado por concessionária, é de tarifa ou preço público, não possuindo caráter tributário. Não há 
como se atribuir o efeito pretendido aos diversos institutos legais, considerando que o disposto no art. 34 da 
Lei nº 9.249/1995 e no art. 9º da Lei nº 10.684/2003 fazem referência expressa e, por isso, taxativa, aos 
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tributos e contribuições sociais, não dizendo respeito às tarifas ou preços públicos. STJ. 3ª Seção. RHC 101.299-
RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. Acd. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 13/03/2019 (Info 645) 
 
#OBS.: furto de coisas sentimentais. Também é possível o furto de objetos de estimação, pois o patrimônio 
engloba tanto os bens de valor econômico quando os bens de valor sentimental –aqui não há incidência do 
princípio da insignificância, em razão do valor da coisa para a vítima. 
É cabível o princípio da insignificância no crime de furto. 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: CRIME DE FURTO: PEQUENO VALOR X BAGATELA - quando o bem é 
de PEQUENO VALOR, o § 2º DO ART. 155 DO CP possibilita a SUBSTITUIÇÃO DA PENA (RECLUSÃO POR 
DETENÇÃO), a SUA DIMINUIÇÃO ou a APLICAÇÃO, TÃO SOMENTE, DA MULTA. 
5ª TURMA DO STJ – não é possível a aplicação do PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA para o crime de 
FURTO DE PEQUENO VALOR. Seria necessário diferenciar PEQUENO VALOR (HIPÓTESE DO ART. 155, § 2º, CP) 
de VALOR INSIGNIFICANTE (HIPÓTESE DE APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA). [Resp 746.854] 
OFURTO DE PEQUENO VALOR possibilita a aplicação de PENA MAIS BRANDA, mas não permite a EXTINÇÃO DO 
PROCESSO. 
Em uma dada situação concreta o Supremo não reconheceu a aplicação do princípio da 
insignificância (concurso material – 2 furtos), mas entendeu ser hipótese do furto privilegiado do art. 155, § 2º, 
CP (Informativo n. 549 – STF). O informativo n. 557 – STF traz uma situação, ainda em discussão, em que, dada 
as circunstâncias do caso concreto, foi reconhecida a insignificância com o consequente afastamento da 
tipicidade da conduta, ou seja, foi afastada a caracterização do furto privilegiado. 
Para os Tribunais, tem que se analisar o desvalor da conduta e o desvalor do resultado. No exemplo, 
somente considera-se o desvalor do resultado, mas a conduta não pode ser desconsiderada. 
 MÍNIMA OFENSIVIDADE DA CONDUTA DO AGENTE. 
 NENHUMA PERICULOSIDADE SOCIAL DA AÇÃO. 
 REDUZIDO GRAU DE REPROVABILIDADE DO COMPORTAMENTO. 
 INEXPRESSIVIDADE DA LESÃO JURÍDICA PROVOCADA. 
#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA. Nega o benefício em situações de furto qualificado. STF. Plenário. HC 
123108/MG, HC 123533/SP e HC 123734/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 3/8/2015 (Info 793). 
#OBS.: Furto famélico. Comida, bebida ou medicamentos compõem o objeto material. O furto é cometido 
para preservar a vida de alguém. Não há crime. Estamos diante de caso de estado de necessidade. Não 
13 
 
confundir com o estado de precisão – dificuldade financeira enfrentada pela maioria da população. Requisitos: 
que o fato seja praticado para mitigar a fome; que seja o único e derradeiro recurso do agente (inevitabilidade 
do comportamento lesivo); que haja subtração de coisa capaz de diretamente contornar a emergência; que a 
insuficiência dos recursos adquiridos pelo agente, ou impossibilidade de trabalho. 
O furto de título de crédito em geral constitui um crime-meio para a prática de outro crime, restando 
por este absorvido. É o que ocorre, por exemplo, quando o agente subtrai folha de cheque e se passa pelo 
correntista para efetuar compra em um mercado, hipótese configuradora de estelionato, porque o agente 
obteve vantagem ilícita no valor da compra ao enganar o vendedor. 
Quando se trata, contudo, de cheques em branco, há duas correntes na jurisprudência, pois alguns 
entendem que, enquanto não preenchidos, não têm valor econômico, não configurando o furto, ao passo que 
outros reconhecem referido valor e a existência do crime. 
É de se ver que, não tendo o cheque sido utilizado em alguma compra, e não restando prejuízo à 
vítima (além do valor em si da folha em branco ou do talonário), a tendência é o reconhecimento da 
atipicidade da conduta, na medida em que, atualmente, o STF e o STJ têm aceitado com certa elasticidade o 
princípio da insignificância no furto. 
#ALTERAÇÃOLEGISLATIVA #DPE #DPU #MP #TJ: 
 
A Lei nº 13.228/2015 alterou o Código Penal para estabelecer causa de aumento de pena para o caso de 
estelionato cometido contra idoso. O art. 171 do CP dispõe sobre o crime de ESTELIONATO: Art. 171. Obter, 
para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindoou mantendo alguém em erro, 
mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de 
quinhentos mil réis a dez contos de réis. 
 
A Lei nº 13.228/2015 acrescenta um parágrafo ao art. 171, com a seguinte redação: 
 
Estelionato contra idoso 
§ 4º Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso. 
Quem é idoso 
Idoso é a pessoa com idade igual ou superior a 60 anos (art. 1º da Lei nº 10.741/2003). 
Natureza do § 4º 
Consiste em causa de aumento de pena (é aplicada na 3ª fase da dosimetria da pena). 
Com esse novo § 4º fica vedado o sursis processual no caso de estelionato contra idoso 
14 
 
A suspensão condicional do processo é um benefício previsto para a pessoa acusada por crime cuja pena 
mínima seja igual ou inferior a 1 ano (art. 89 da Lei nº 9.099/95). 
Em virtude disso, é cabível suspensão condicional do processo para o acusado por estelionato simples (art. 
171, caput do CP), já que a pena mínima é de 1 ano. 
Agora, depois da Lei nº 13.228/2015, quem comete estelionato contra idoso não terá direito à suspensão 
condicional do processo. Isso porque a pena mínima para o caso de estelionato contra idoso passa a ser de 2 
anos em razão do § 4º do art. 171. 
Causa de aumento tanto para o caput como para o § 2º 
A majorante do § 4º é aplicável não apenas para a modalidade fundamental do estelionato (caput) como 
também para as figuras equiparadas do § 2º do art. 171. 
Dolo 
Para que incida essa causa de aumento, é indispensável que o agente saiba que a vítima é idosa. Se o agente 
desconhecer essa circunstância, ele responderá por estelionato na modalidade fundamental (art. 171, caput). 
Importante esclarecer que o agente não precisa conhecer formalmente a condição de idosa da vítima, 
incidindo a causa de aumento quando isso for evidente. Assim, se o aspecto físico da vítima indicar claramente 
que se trata de pessoa idosa, não será admissível que o autor do delito alegue que não sabia dessa condição. 
Cuidado para não confundir com o crime do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003) 
Se o agente induz pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar procuração para fins de 
administração de bens ou deles dispor livremente, neste caso ele comete o crime do art. 106 do Estatuto do 
Idoso (e não o estelionato). Veja: 
Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar procuração para fins de 
administração de bens ou deles dispor livremente: 
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. 
Vigência 
A Lei nº 13.228/2015 não possui vacatio legis e, portanto, já se encontra em vigor. 
Vale ressaltar, no entanto, que, como se trata de norma penal incriminadora, o novo § 4º do art. 171 não se 
aplica para situações ocorridas antes da sua vigência. Assim, esta causa de aumento só vale para quem praticar 
estelionato contra idoso a partir de 29/12/2015. 
2.4 NÚCLEO DO TIPO 
O verbo é subtrair, significando inverter a posse do bem. Há duas hipóteses de inversão da posse: 
1. O bem é retirado da vítima, na sua presença ou ausência. Só será roubo se praticado com 
violência ou grave ameaça (art. 157, CP). 
2. A vítima entrega o bem ao agente, e ele deste se apodera. No furto, o agente recebeu a posse 
vigiada do bem; na apropriação indébita o agente recebe a posse desvigiada do bem. Tem de 
15 
 
saber se a posse estava na esfera de vigilância da vítima. Ex. DVD em locadora – apropriação 
indébita. 
O bem deve ser tirado da esfera de vigilância do dono. Se a própria vítima entrega ao agente, mas 
não autoriza que ele deixe o local em sua posse, porém ele, sorrateiramente ou mediante fuga, tira o bem dali, 
também é crime de furto. 
Para a posse ser considerada vigiada, basta que o agente tenha recebido o bem em determinado 
local e que não tenha obtido autorização para dali sair com ele, pois, nesses casos, o agente, para se 
locupletar, tem que tirar o bem dali, e é exatamente isso que faz o crime de furto de estabelecer. Para que a 
posse seja considerada vigiada, não é necessário que a vítima esteja olhando para o agente, basta que não o 
tenha autorizado a deixar o local na posse do bem. 
Apenas nas hipóteses em que a posse é desvigiada – e o agente não restitui o bem – é que se 
configura o crime de apropriação indébita. Doutrinadores realçam a quebra de confiança como característica 
da apropriação, na medida em que a vítima, além de entregar o bem ao agente, autoriza que ele deixe o local 
em sua posse, acreditando em sua boa fé, porém, vê-se despojada pela falta de restituição. 
A única distinção entre posse vigiada e desvigiada é a existência ou não de autorização para deixar o 
local na posse do bem. Assim, o motoboy que recebe um pacote no interior da empresa para entrega-lo em 
determinado endereço e que no trajeto se apossa do bem, comete apropriação indébita. Quem recebe um 
carro emprestado de um amigo para fazer uma viagem e depois não o devolve comete apropriação indébita; 
quem aluga um carro e depois não o restitui também comete apropriação. 
O furto é crime de forma livre, admite qualquer meio de execução. Posso furtar um bem me 
utilizando de um objeto ou um animal. 
2.5 SUJEITO ATIVO 
Pode ser praticado por qualquer pessoa, menos pelo proprietário do bem. 
#OBS.: o furto admite o concurso de pessoas, tanto a coautoria como a participação. Se praticado em 
concurso se pessoas surge uma qualificadora. O furto é, portanto, acidentalmente ou eventualmente coletivo - 
a pluralidade de agentes faz surgir uma modalidade mais grave do delito, seja uma qualificadora seja uma 
causa de aumento da pena. Ex. furto qualificado, roubo majorado – causa de aumento da pena. 
 Na qualificadora do abuso de confiança, o furto é crime próprio, só podendo ser praticado por 
pessoa em quem a vítima depositava a confiança. 
Fâmulo da posse é a detenção. Famulato é o furto doméstico, praticado por empregados. 
16 
 
Ladrão que furta ladrão comete furto, mas a vítima é o proprietário legítimo do bem. 
O relógio está com terceiro como garantia, mas ele não é o dono. Quem subtrai coisa própria 
empenhada em favor de terceiro não comete furto e sim o art. 346, CP (defraudação de penhor). A não paga e 
subtrai a sua coisa empenhada com B. Não é caso de furto de coisa própria. 
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por 
determinação judicial ou convenção: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
 
Não confundir com o crime de peculato furto ou peculato impróprio. Se o funcionário público subtrai 
o bem prevalecendo-se das facilidades proporcionadas pelo cargo praticará o peculato furto. Se, mesmo sendo 
funcionário, não se vale de nenhuma facilidade, o furto é normal. 
2.6 SUJEITO PASSIVO 
 Proprietário 
 Possuidor legítimo 
 Detentor – para Delmanto 
 
Pode ser uma pessoa física ou jurídica. 
É possível crime de furto com vítima não identificada? Sim, pode existir mesmo quando a vítima não 
foi identificada. Ex. câmera flagrou o furto, mas não conseguiu identificar a vítima. O furto é crime de ação 
publica incondicionada. Não precisa da vítima. 
2.7 ELEMENTO SUBJETIVO 
Dolo. Animus furandi, consistente na vontade de subtrair, de inverter a posse do bem. No crime de 
furto não basta o dolo, também se reclama um elemento subjetivo específico, contido na expressão “para si 
ou para outrem” (animus rem sbihabendi), revelando o ânimo de assenhoramento definitivo. 
Se faltar esse ânimo, estará caracterizado o furto de uso, que não é crime. O furto de uso depende 
de dois requisitos: subjetivo e objetivo. 
 Subjetivo: intenção de restituir rapidamente a coisa 
 Objetivo: restituição integral do bem. 
17 
 
Animus lucriand. Será que para o furto se exige a intenção de lucro (animus lucriand)? Não. Ela 
normalmente existe, mas não é elemento do tipo. O furto pode acontecer por vingança, por superstição, por 
fanatismo religioso,por questões amorosas etc. 
Credor que subtrai bem do devedor para ser ressarcido não comete furto, pratica o crime de 
exercício arbitrário das próprias razões. 
Exercício arbitrário das próprias razões 
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o 
permite: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. 
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa. 
2.8 CONSUMAÇÃO 
Teorias Clássicas: 
 Concretatio: o furto se consuma no momento em que o agente toca o bem; 
 Apprehensio: o furto se consuma no momento em que o agente segura o bem 
 Amotio: idealizada por Francesco Carrara, o furto se consuma com o deslocamento do bem (STJ HC 
178.018 – na verdade, o STJ entende que tem que segurar e deslocar. Mistura as duas ultimas). STF - 
HC 113.563. 
 Ablatio: idealizada por Pessina, o furto ocorre quando o agente leva o bem para o lugar desejado 
pelo agente. Ex. queria levar na casa dele. Só se consuma quando chega na casa dele. 
 Teoria da posse mansa e pacífica: o furto só se consuma quando o agente tem a posse mansa e 
pacífica do bem. 
 Teoria da inversão da posse: - A inversão da posse é necessária para caracterização do furto. A 
consumação reclama três momentos distintos: o agente se apodera do bem, retira o bem da esfera 
de vigilância da vítima (até aqui é a amotio) e tem a disponibilidade do bem. Se houver perseguição o 
furto não se consuma, pois, o agente não teve a disponibilidade do bem, ainda que por breve 
período. Nesse caso, estar-se diante da tentativa. 
 
#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA #ATENÇÃO: Os julgados citados são divergentes. O STF, em 2013, afirmou como 
sendo necessária a saída do bem, ainda que de forma breve, da esfera de vigilância da vítima. Contudo, 
invocou precedente da Corte do ano de 2007 que, concordando com o entendimento do STJ, considera o 
critério da saída do bem da esfera de vigilância da vítima como dispensável, bastando que o agente tenha tido 
a posse do bem, ainda que retomada, em seguida, por perseguição imediata. 
18 
 
 Na leitura do inteiro teor do HC 113.563 do STF, verifica-se que, na verdade, a Ministra Relatora Rosa 
Weber, invocou precedentes em harmonia com a jurisprudência do STJ (não sendo necessária, portanto, a 
saída do bem da esfera de vigilância da vítima). Acredito que tenha havido erro quando o acórdão foi 
ementado. 
“Prevalece no Superior Tribunal de Justiça a orientação de que o crime de roubo se consuma no momento em 
que o agente se torna possuidor da res furtiva, mediante violência ou grave ameaça, ainda que haja imediata 
perseguição e prisão, sendo prescindível que o objeto subtraído saia da esfera de vigilância da vítima (....) Com 
efeito, o relator assentou haver o acórdão estadual contrariado a jurisprudência consolidada do STJ, segundo a 
qual o delito de roubo se consuma no momento em que o agente se torna possuidor da res furtiva, mediante 
violência ou grave ameaça, ainda que haja imediata perseguição e prisão, sendo prescindível que o objeto 
subtraído saia da esfera de vigilância da vítima, porque o Tribunal de Justiça de São Paulo reconheceu a 
tentativa por não terem os acusados tido a posse dos objetos subtraídos de forma mansa e pacífica (fl. 4). 
Desse modo, uma vez embasada a decisão do Superior Tribunal de Justiça, em premissas fáticas assentadas no 
acórdão estadual, não há falar, aparentemente, em contrariedade à Súmula 7 daquela Corte. (...) Ademais, a 
decisão fustigada está em consonância com a jurisprudência cristalizada deste Supremo Tribunal quanto a ser 
dispensável, para a consumação do furto ou do roubo, o critério da saída da coisa da chamada esfera de 
vigilância da vítima, bastando a verificação de que, cessada a clandestinidade ou a violência o agente tenha 
tido a posse da res furtiva, ainda que retomada, em seguida, pela perseguição imediata’ (HC nº 89.958/SP, rel. 
Min. Sepúlveda Pertence, DJ 27.4.2007)”. 
EMENTA HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. ROUBO CONSUMADO. RECONHECIMENTO EM SEDE DE RECURSO 
ESPECIAL. INEXISTÊNCIA DE ILEGALIDADE. SÚMULA 07/STJ. OFENSA NÃO CARACTERIZADA. ORDEM 
DENEGADA. 1. O Superior Tribunal de Justiça ateve-se à questão de direito para, sem alterar ou reexaminar os 
fatos, assentar a correta interpretação do art. 14, II, do Código Penal em relação ao crime de roubo. 2. A 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que, para a consumação do crime de furto ou de 
roubo, não se faz necessário que o agente logre a posse mansa e pacífica do objeto do crime, bastando a saída, 
ainda que breve, do bem da chamada esfera de vigilância da vítima (v.g.: HC nº 89.958/SP, Rel. Min. Sepúlveda 
Pertence, 1ª Turma, un., j. 03.4.2007, DJ 27.4.2007). 3. Habeas corpus denegado. (STF - HC: 113563 SP , 
Relator: Min. ROSA WEBER, Data de Julgamento: 05/02/2013, Primeira Turma, Data de Publicação: DJe-052 
DIVULG 18-03-2013 PUBLIC 19-03-2013) 
 
1A CORRENTE 
CONCRECTACIO 
2A CORRENTE 
AMOTIO/APPREHENSIO 
3A CORRENTE 
ABLATIO 
4A CORRENTE 
ILATIO 
A consumação se dá pelo 
simples contato entre o 
agente a coisa alheia, 
Ocorre a consumação 
quando a coisa subtraída 
passa para o poder do 
A consumação ocorre 
quando agente, depois 
de apoderar-se da coisa, 
A coisa deve ser 
transportada pelo 
agente, mantendo-se 
19 
 
dispensando o seu 
deslocamento. 
agente, mesmo que num 
curto espaço de tempo, 
independentemente de 
deslocamento e posse ou 
mansa e pacífica; 
STF/STJ. 
consegue desloca-la de 
um lugar para outro. 
posse mansa e pacífica. 
 
#JÁCAIUEMPROVA #CESPE – Magistratura/RS CESPE 2011 – adota-se em relação à consumação do crime de 
roubo a teoria da apphehensio, também denominada amotio, segundo a qual é considerado consumado o 
delito no momento em que o agente obtém a posse da res furtiva, ainda que não seja de forma mansa e 
pacífica. 
 
#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA #TRF4/2016: Atualmente, prevalece no Superior Tribunal de Justiça o 
entendimento de que o crime de furto se consuma com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve 
espaço de tempo e seguida da perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou 
desvigiada. 
 
No caso de destruição, ocultação ou inutilização do bem o furto estará consumado, mesmo que o 
agente não tenha a livre disponibilidade do bem. O furto é crime contra o patrimônio e a vítima teve uma 
diminuição do seu patrimônio (a vítima suportou um prejuízo patrimonial). Ex. B percebe que está sendo 
perseguido, e destrói o bem – é consumado. 
O furto é crime material ou causal, exigindo o resultado naturalístico, o bem deve ser efetivamente 
subtraído do agente, com prejuízo a vítima. 
O furto é, em regra, crime instantâneo, consumando-se em momento determinado, sem 
continuidade no tempo. Excepcionalmente, o furto será crime permanente, no caso do furto de energia 
elétrica. 
No furto, normalmente o bem é transportado para outro local, mas não é necessário para a sua 
consumação (exemplo: empregada que subtrai coisa da patroa e esconde nas suas próprias roupas – 
consumado). 
A tentativa é possível – o furto é crime plurissubsistente, podendo-se fracionar o inter criminis. 
*#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA #STJ Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que 
por breve espaço de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica 
20 
 
ou desvigiada. APLICA-SE A TEORIA DA AMOTIO! STJ. 3ª Seção. REsp 1.524.450-RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 
julgado em 14/10/2015 (recurso repetitivo) (Info 572). 
 
#OBS.: BATEDOR DE CARTEIRA QUE NÃO ENCONTRA NADA NO BOLSO DA VÍTIMA COMETE QUAL CRIME? Se 
tinha dinheiro no outro bolso, tentativa; se não tinha nada, crime impossível. Prevalece que: a vigilância 
constante eletrônica ou não em estabelecimentos comerciais não torna, por si só, o crime impossível, devendoser analisado o caso concreto. 
#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA #STJ - A existência de sistema de segurança ou de vigilância eletrônica não torna 
impossível, por si só, o crime de furto cometido no interior de estabelecimento comercial. Ex: João ingressa em 
um supermercado e, na seção de eletrônicos, subtrai para si um celular que estava na prateleira. Ele não 
percebeu, contudo, que bem em cima deste setor havia uma câmera por meio da qual o segurança do 
estabelecimento monitorava os consumidores, tendo este percebido a conduta de João. Quando estava na 
saída do supermercado com o celular no bolso, João foi parado pelo segurança do estabelecimento, que lhe 
deu voz de prisão e chamou a PM, que o levou até a Delegacia de Polícia. No caso em tela, não se pode falar 
em absoluta impropriedade do meio. Trata-se de inidoneidade RELATIVA do meio. Em outras palavras, o 
meio escolhido pelo agente é relativamente ineficaz, visto que existe sim uma possibilidade (ainda que 
pequena/remota) de o delito se consumar. Sendo assim, se a ineficácia do meio deu-se apenas de forma 
relativa, não é possível o reconhecimento do instituto do crime impossível previsto no art. 17 do CP. STJ. 3ª 
Seção. REsp 1.385.621-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 27/5/2015 (recurso repetitivo) (Info 
563). 
 
*#SÚMULA #MP #MAGISTRATURA #DEFENSORIA: Súmula 567-STJ: Sistema de vigilância realizado por 
monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, 
não torna impossível a configuração do crime de furto. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 24/02/2016. DJe 
29/02/2016. 
 
*#DIZERODIREITO #JURISPRUDÊNCIA #STF: A existência de sistema de vigilância em estabelecimento 
comercial não constitui óbice para a tipificação do crime de furto. STF. 1ª Turma. HC 111278/MG, rel. orig. 
Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Roberto Barroso, julgado em 10/4/2018 (Info 897). 
 
#TROMBADA: 
1. Usa a violência para “furtar” é furto ou é roubo? Se houve violência contra a pessoa não há dúvida que 
é caso de roubo. 
21 
 
2. Subtração por arrebatamento. Pessoa chega e puxa relógio, corrente: será furto, porque a violência é 
dirigida contra a coisa e não contra a pessoa. Há posição no sentido contrário. 
 
#TABELA #DIFERENÇAS - Furto, receptação e favorecimento real. 
FURTO RECEPTAÇÃO FAVORECIMENTO REAL 
Se o auxílio ocorrer antes da 
prática do delito, o agente deverá 
responder por furto. Responde 
pelo delito em concurso de 
pessoas. 
Na receptação o agente visa 
proveito próprio ou alheio, 
enquanto no favorecimento real a 
intenção é prestar auxilio ao 
criminoso. 
 
Não pode ser receptador e nem 
ter participado do delito. Ocorre 
depois 
 
 
*#OUSESABER: O crime de receptação autoriza a inversão do ônus de provar o conhecimento da origem ilícita 
da coisa caso o agente seja preso em flagrante em seu poder. Certo ou errado? ITEM CERTO! O crime de 
receptação está previsto no art. 180 do Código Penal, com a seguinte redação: 
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser 
produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: 
Segundo a doutrina majoritária, o delito exige, para sua caracterização, a comprovação de que o agente 
possuía conhecimento acerca da origem ilícita do bem receptado. Contudo, nas hipóteses em que o réu é 
flagrado na posse da coisa, a jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que compete à defesa comprovar 
que o agente não sabia da origem espúria da res, sem que isso viole o princípio da presunção de inocência. 
Nesse sentido: É, também, entendimento consolidado neste Superior Tribunal de Justiça que, havendo acervo 
probatório conclusivo acerca da materialidade e a autoria do crime de receptação, uma vez que apreendida a 
res furtiva em poder do réu, caberia à defesa apresentar prova acerca da origem lícita do bem ou de sua 
conduta culposa, nos termos do disposto no art. 156 do Código de Processo Penal.(HC 360.590/SC, Rel. 
Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 07/03/2017, DJe 15/03/2017) Dessa forma, na 
hipótese de o réu ser flagrado na posse da res furtiva, compete a ele, e não à acusação, provar que 
desconhecia a origem ilícita do bem, o que torna o enunciado correto. OBS: Questão originalmente formulada 
em meados de maio, é repostada hoje para esclarecer dúvidas quanto ao gabarito da prova da DPE-RS, 
realizada no último domingo. Na prova do último domingo, o examinador afirmou, de forma genérica, que a 
situação em questão autoriza a "inversão do ônus da prova no processo penal". Com efeito, a afirmação feita 
pelo examinador, da forma genérica em que foi feita, de fato torna, em tese, a assertiva equivocada. O que foi 
dito na nossa postagem é que a obrigação de provar um fato ESPECÍFICO, qual seja, o (des)conhecimento da 
origem ilícita da coisa, é transferida ao acusado, nas hipóteses em que este seja preso em flagrante na sua 
posse. Isso não significa que há "inversão do ônus da prova no processo penal", como dito pelo examinador. 
22 
 
 
*#OUSESABER: A receptação imprópria consiste na conduta de influir para que terceiro de boa-fé adquira, 
receba ou oculte objeto produto de crime. Portanto, comete receptação impróprio o intermediário, isto é, 
aquele que não praticou o delito antecedente, porém tem ciência da origem ilícita do bem e procura 
convencer um terceiro de boa-fé a adquiri-lo. Perceba que a conduta típica é INFLUIR (art.180, caput, 2a parte), 
que significa contatar alguém, oferecendo o objeto, sendo assim, conforme entende a doutrina majoritária, 
crime FORMAL, pois se consuma no instante em que o bem é ofertado. Se a proposta tiver sido feita, o crime 
estará consumado. 
2.9 FURTO NOTURNO 
No furto noturno não é cabível a suspensão condicional do processo porque a pena mínima em 
abstrato é de um ano e quatro meses, em razão do aumento obrigatório de um terço da pena. 
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. 
Art. 155, §1º - há uma causa de aumento da pena (terceira fase da dosimetria da pena). O nome é furto 
circunstanciado, portanto, e não qualificado. 
- Qual a aplicabilidade do §1º? Sempre se aplicou unicamente ao furto simples. 
#ATENÇÃO – não se aplicava ao furto qualificado. Por duas razões – 1. Isso resulta da técnica de elaboração 
legislativa – interpretação geográfica ou topográfica. 2. Nas qualificadoras as penas já foram elevadas em 
abstrato, dispensando esse aumento (Resp. 940.245). 
*#MUDANÇADEENTENDIMENTO #SELIGANAJURISPRUDÊNCIA: O 1º do art. 155 do CP prevê que a pena do 
crime de furto será aumentada de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. A causa de 
aumento de pena prevista no § 1° pode ser aplicada tanto para os casos de furto simples (caput) como para as 
hipóteses de furto qualificado (§ 4°). Não existe nenhuma incompatibilidade entre a majorante prevista no § 
1° e as qualificadoras do § 4º. São circunstâncias diversas, que incidem em momentos diferentes da aplicação 
da pena. Assim, é possível que o agente seja condenado por furto qualificado (§ 4º) e, na terceira fase da 
dosimetria, o juiz aumente a pena em 1/3 se a subtração ocorreu durante o repouso noturno. STJ. 6ª Turma. 
HC 306.450-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/12/2014 (Info 554). 
 
#DIZERODIREITO: Se o agente, durante a noite, explode o caixa eletrônico para furtar o numerário, ele 
também responderá pela causa de aumento do repouso noturno (art. 155, § 1º)? É possível aplicar o art. 
155, § 4º-A e mais a causa de aumento do art. 155, § 1º? 
23 
 
SIM. É legítima a incidência da causa de aumento de pena por crime cometido durante o repouso noturno (art. 
155, § 1º) no caso de furto praticado na forma qualificada (art. 155, § 4º ou § 4º-A do CP). 
Não existe nenhuma incompatibilidade entre a majorante prevista no§ 1º e as qualificadoras do § 4º ou do § 
4º-A. São circunstâncias diversas, que incidem em momentos diferentes da aplicação da pena. 
Assim, é possível que o agente seja condenado por furto qualificado e, na terceira fase da dosimetria, o juiz 
aumente a pena em 1/3 se a subtração ocorreu durante o repouso noturno. 
A posição topográfica do § 1º (vem antes dos §§ 4º e 4º-A) não é fator que impede a sua aplicação para as 
situações de furto qualificado. 
STF. 2ª Turma. HC 130952/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/12/2016 (Info 851). 
STJ. 6ª Turma. HC 306.450-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/12/2014 (Info 554). 
 
*#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA *É legítima a incidência da causa de aumento de pena por crime cometido 
durante o repouso noturno (art. 155, § 1º) no caso de furto praticado na forma qualificada (art. 155, § 4º). Não 
existe nenhuma incompatibilidade entre a majorante prevista no § 1º e as qualificadoras do § 4º. São 
circunstâncias diversas, que incidem em momentos diferentes da aplicação da pena. Assim, é possível que o 
agente seja condenado por furto qualificado (§ 4º) e, na terceira fase da dosimetria, o juiz aumente a pena em 
1/3 se a subtração ocorreu durante o repouso noturno. A posição topográfica do § 1º (vem antes do § 4º) não 
é fator que impede a sua aplicação para as situações de furto qualificado (§ 4º). STF. 2ª Turma. HC 
130952/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/12/2016 (Info 851). STJ. 6ª Turma. HC 306.450-SP, Rel. Min. 
Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/12/2014 (Info 554). 
 
Qual o fundamento para esse aumento? Durante o repouso noturno existe uma menos vigilância da 
vítima sobre os seus bens. 
Repouso noturno é o intervalo entre dois períodos – 1. Em que as pessoas se recolhem e 2. Em que 
elas despertam para a vida cotidiana. Esse conceito, portanto, é variável, devendo considerar os hábitos de 
uma determinada localidade. 
O repouso noturno não se confunde com a noite. Pode ser noite e não existir o repouso noturno. Em 
muitas situações, existe a noite, mas ainda não existe o repouso noturno. Ex. às 21 horas no Rio de Janeiro – é 
noite, mas não há repouso noturno. 
As pessoas precisam estar efetivamente dormindo? NÃO! 
24 
 
É preciso que o furto seja praticado em uma casa habitada? NÃO! STJ HC 29.153 – o furto pode ser 
praticado na rua, em estabelecimentos comerciais. Para incidir essa causa de aumento o furto pode ocorrer 
intra muros ou extra muros, dentro de uma casa habitada ou fora dela. 
Essa causa de aumento da pena nunca será aplicada a crimes pra ticados durante o dia, ainda que a 
vítima esteja dormindo. 
É amplamente dominante, por sua vez, o entendimento de que o aumento não é aplicável quando o 
fato ocorre na rua, como, por exemplo no caso de furto de veículos estacionados na via pública durante a 
madrugada. 
No passado havia consistente entendimento no sentido de que o furto noturno não deveria ser 
aplicado se ocorresse em estabelecimento comercial fechado, com o argumento de que em tais casos, o 
agente estaria se valendo da ausência de pessoa no local e não do sono dos moradores, pois não se trata de 
local apropriada para repouso noturno. Atualmente, entretanto, os julgados do STJ apontam em sentido 
contrário, autorizando o aumento da pena em razão da menor vigilância decorrente do repouso da 
coletividade. É claro, por outro lado, que, se o furto ocorrer em estabelecimento comercial aberto, onde 
existem pessoas trabalhando, não se aplicará o instituto. 
Em suma, não se reconhece o aumento: a) se ocorre em via pública; b) se acontece em 
estabelecimento comercial aberto ou em casa onde está ocorrendo uma festa. 
#OUSESABER - A causa de aumento do furto noturno se aplica quando a ação ocorre em estabelecimento 
comercial? Antigamente, havia intensos debates sobre a aplicação do furto noturno (art.155, parágrafo 
primeiro) quando a conduta ocorresse em estabelecimento comercial fechado, uma vez que, para os que 
entendiam pela inaplicabilidade, a causa de aumento não deveria incidir, pois não se trata de local apropriado 
para o repouso noturno. 
Todavia, a jurisprudência do STJ é em sentido contrário, entendendo que a causa de aumento deve incidir, em 
face da menor vigilância decorrente do repouso da coletividade. 
Caso uma situação como essa seja cobrada na sua peça processual, você deve sustentar a não aplicabilidade 
da causa de aumento de pena, ressaltando que não merece prosperar a tese do STJ. 
Todavia, ainda no âmbito jurisprudencial, prevalece o entendimento de que, se for um estabelecimento 
comercial aberto (bar, boate, restaurante), não deve incidir a causa de aumento de pena do "furto noturno". 
Logo, se a questão falar que o furto ocorreu em uma boate, por exemplo, você deve citar que a própria juris 
do STJ entende pela inaplicabilidade. 
2.10 FURTO PRIVILEGIADO – FURTO DE PEQUENO VALOR – FURTO MÍNIMO 
25 
 
 
 
 
 
 
Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de 
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. 
É uma causa especial de diminuição de pena. 
Essa figura depende de dois requisitos: 
 Primariedade do agente: primário é todo aquele que não é reincidente. O conceito de primariedade é 
obtido por exclusão, pois o CP define apenas o reincidente. Para o tecnicamente primário (criação da 
jurisprudência) é primário e não reincidente. Mesmo que tenha maus antecedentes. 
 
 Pequeno valor da coisa: o CP não define o que seria coisa de pequeno valor. A jurisprudência adotou 
um critério objetivo – um salário mínimo. #CUIDADO – esse valor deve ser considerado na data do 
crime e não na data da sentença. Se a coisa ficou valiosa não importa. Esse valor deve constar de um 
auto de avaliação do bem. ATENÇÃO – prova prática do MP pedir a avaliação da coisa no oferecimento 
da denúncia. 
 
#OBS.: coisa de pequeno valor não se confunde com pequeno prejuízo da vítima. O critério é objetivo, seja a 
vítima pobre ou rica. Não importa inclusive se o bem foi devolvido. 
#OBS.: não confundir com coisa de valor ínfimo (princípio da insignificância) – não há um valor exato. STJ/STF 
têm admitido algo em torno de 20% do salário mínimo. 
Ademais, têm mencionado que apenas a gravidade diferenciada do delito (um arrombamento com 
grande prejuízo para a vítima, furto com invasão de domicílio ou com clonagem de cartão de crédito, por 
PRIVILÉGIO 
Requisitos 
Consequências 
Primariedade do agente 
Pequeno valor da coisa 
Substituição da pena de 
reclusão por detenção 
Redução da pena de um a 
dois terços 
Aplicação somente de 
multa 
26 
 
exemplo), é que podem afastar o princípio da insignificância, de modo que eventual reincidência ou maus 
antecedentes não impedem o seu reconhecimento. 
#RELEMBRE Será que o reincidente tem direito ao princípio da insignificância? STJ – SIM. STF – NÃO. O STF 
entende que o princípio da insignificância por ser política criminal, não deve ser aplicado a quem transgride 
constantemente a lei penal. Usar o posicionamento do STF para o MP e do STJ para a DP. Para o STJ pelo 
princípio ter excluído a tipicidade. Na segunda fase é que se analisa a reincidência. A reincidência não atinge a 
tipicidade. 
#OBS.: Criminoso habitual é aquele que faz da prática de crimes o seu meio de vida: NÃO! STF e STJ. 
Pequeno valor Valor ínfimo 
HÁ CRIME FATO ATÍPICO 
Diminuição de pena Princípio da insignificância 
 
Efeitos do privilégio: 
1. Substituir a pena de reclusão por detenção 
2. Diminuir a pena de 1/3 a 2/3 
3. Aplicar somente a pena de multa. 
 
Essas duas primeiras consequências podem ser cumuladas entre si. Ele pode, por exemplo, substituir 
a pena e diminuir. 
Onde se lê que o juiz pode, deve-se entender como o juiz deve, pois o privilégio é direito subjetivo do 
réu (pacífico na doutrina e jurisprudência). Se os requisitos legais estiverem presente(primariedade e pequeno 
valor da coisa), o juiz deve reconhecer o privilégio. O que ele pode é escolher qual efeito vai aplicar. 
Aplicabilidade do privilégio: 
 Furto simples - SIM 
 Furto noturno - SIM 
 Furto qualificado? 
o NÃO – interpretação geográfica do tipo penal + incompatibilidade lógica entre privilégio e 
qualificadoras. Até 2005 essa era a posição pacífica no Brasil. 
o SIM – admite o chamado furto híbrido (foi a pergunta dissertativa do MP/RJ), qualificado e 
privilegiado, por razões de política criminal e princípio da proporcionalidade. O STF e STJ hoje 
27 
 
admitem o furto híbrido, desde que a qualificadora seja de natureza objetiva. EX. se for abuso de 
confiança (subjetiva) não seria possível. STF HC 94.765 – Informativo 519. Q. 
 
Súmula 511-STJ: É possível o reconhecimento do privilégio previsto no §2º do art. 155 do CO nos casos de 
crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a 
qualificadora for se ordem objetiva. 
#ATENÇÃO – O STF faz uma simples exigência: desde que disto não resulte a aplicação exclusiva da pena de 
multa. 
 
SUBJETIVO OBJETIVO 
PRIMARIEDADE PEQUENO VALOR DA COISA FURTADA 
a. É não ostentar 
qualquer 
condenação no 
passado. 
b. É o não reincidente. 
(Mesmo que tenha 
inúmeras 
condenações no 
passado). 
Tudo que for INFERIOR A 1 SALÁRIO 
MÍNIMO será considerado pequeno valor. 
ÍNFIMO VALOR (INSIGNIFICÂNCIA). 
O portador de maus 
antecedentes pode ser 
beneficiado. 
Patamar da Insignificância: Exclui a 
tipicidade. 
Patamar do pequeno valor: Diminui a pena 
Patamar do Crime comum: A insignificância 
e o privilégio coexistem. 
 Decidiu o STJ que o privilégio não se 
confunde com a insignificância. Para a 
aplicação do princípio da insignificância é 
imprescindível a ínfima lesão ao bem 
jurídico tutelado, não se confundindo com 
pequeno valor lesivo ao bem jurídico. 
 
2.11 FURTO QUALIFICADO 
Furto qualificado 
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: 
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
III - com emprego de chave falsa; 
28 
 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de 
artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)* 
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser 
transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de 
produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 
2016) 
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas 
ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. 
(Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)* 
 
Em todas as qualificadoras o furto é crime de elevado potencial ofensivo – não admite os benefícios 
da lei 9.099/95 (suspensão condicional do processo, transação penal). O furto simples é de médio potencial 
ofensivo – admite a suspensão condicional do processo. 
Súmula 442, STJ - É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo. 
As qualificadoras do §4º dizem respeito aos meios de execução do furto. Todas as qualificadoras do 
§4º são de natureza objetiva, logo, elas se comunicam aos demais agentes no concurso de pessoas. Exceção – 
qualificadora do abuso de confiança – natureza subjetiva – não se comunica. 
É plenamente comum que o juiz reconheça duas ou mais qualificadoras deste parágrafo e, se isso 
ocorrer, a primeira servirá para qualificar o crime e as demais servirão como circunstância judicial para fixação 
da pena-base acima do mínimo. 
2.11.1 Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
Na destruição o obstáculo desaparece. Ex. explodir um cofre, uma máquina do banco 24 horas (há 
também crime de explosão – crime de perigo comum- se coloca em risco um número indeterminado de 
pessoas). Rompimento o obstáculo é danificado, mas continua existindo. Ex. arrombar cofre, quebrar cadeado. 
Tanto na destruição como no rompimento existe violência contra a coisa. Contra a pessoa é roubo. 
Obstáculo é barreira, empecilho qualquer que protege o bem. Esse obstáculo pode ser externo 
(cadeado) ou interno (), ativo (além de defender o bem ataca o agente. Ex. cerca elétrica) ou passivo (se limita 
a proteger a coisa. Grade, cadeado). Prevalece o entendimento que o cão de guarda é obstáculo. Se mata o 
cachorro para furtar a casa responde pelo furto qualificado. 
29 
 
A mera remoção/retirada de um obstáculo não caracteriza a qualificadora. Ex. tirar a telha, 
desparafusar janela. 
Deve haver exame de corpo de delito. Nesse caso, o furto deixa vestígios matérias. Tem que ter 
perícia. Se os delitos desapareceram? Exame de corpo de delito indireto – testemunhas. 
A qualificadora reclama a destruição ou rompimento de obstáculo antes ou durante a subtração do 
bem. O crime de furto qualificado absorve o crime de dano. CUIDADO: se descobriu que o dono da casa era 
um desafeto e quebra tudo. Responde por furto simples e crime de dano. As coisas foram destruídas por outro 
motivo. 
Alcance da qualificadora: 
 
Esse obstáculo tem que ser estranho à coisa ou pode integrá-la (POLÊMICO)? 
 
1. Estranho à coisa – MAJORITÁRIA – STF e STF (HC 98.606 – Informativo 551). #DPU 
 
2. Pode integrá-la – STF – HC 77.675 e STJ HC 152.833 – Informativo 429. MP/Delegado. Tecnicamente 
essa é melhor, por observar o princípio da proporcionalidade. 
 
Somente existe a qualificadora, se a violência é contra a coisa que está entre o agente e a coisa 
visada. Se a violência incide sobre a própria coisa visada não há qualificadora. A violência deve incidir sobre 
objetos que dificultam a violação da coisa visada. Assim, caso se quebre vidro de um veículo para subtrair o 
veículo não incide a qualificadora. Porém, caso se quebre um vidro de um veículo para subtrair o rádio incide a 
qualificadora. 
 
#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA #STF #STJ - QUEBRA DO VIDRO DO CARRO PARA FURTO DO APARELHO DE SOM: 
STJ - Fim da divergência entre a 5ª e a 6ª Turmas do STJ: No julgamento dos Embargos de Divergência em 
Recurso Especial n. 1.079.847/SP, aos 22/5/2013, a Terceira Seção do Superior Tribunal De Justiça pacificou a 
divergência entre os posicionamentos das duas turmas, considerando que a subtração de objetos situados no 
interior do veículo, mediante a destruição do vidro, qualifica o delito, na mesma linha do que decidia a Quinta 
Turma. 
STF - HC 110119 / MG, Dj3 24/02/2012: “A jurisprudência da Corte está consolidada no sentido de que 
“configura o furto qualificado a violência contra coisa, considerado veículo, visando adentrar no recinto para 
retirada de bens que nele se encontravam” (HC nº 98.606/RS, Primeira Turma, Relator o Ministro Marco 
Aurélio, DJe de 28/5/10). 
 
30 
 
*#OBS.: Por questão de equidade, há importante jurisprudência inclinando-se no sentido de que o 
rompimento de quebra-ventos de veículo para subtração de objetos existentes no seu interior NÃO caracteriza 
a qualificadora. É que se a violação tivesse sido feita para a subtração do próprio automóvel, simples seria o 
furto. Ora, por ter cometido fato menor (furto de acessório e não do veículo) não pode o agente receber pena 
maior (RT 661/304). A jurisprudência do STJ, entretanto, se firmou no sentido de que se trata de furto 
qualificado. 
#DIVERGÊNCIA: A jurisprudência tem entendido que a conduta de cortar com canivete bolsa da vítima para, 
sorrateiramente, furtarcarteira ou outros valores de seu interior, não constitui rompimento de obstáculo 
porque a bolsa é usada para transporte e não proteção dos valores. Possível, contudo, o reconhecimento da 
qualificadora da destreza, se a vítima não notar a conduta do agente. 
DIVERGÊNCIA: BATEDORES DE CARTEIRA / PUNGUISTAS - O ato de cortar uma bolsa com uma lâmina e furtar 
a certeira da vítima sem que ela perceba constitui figura qualificada: “É qualificado o furto pela destreza 
quando o agente, com especial habilidade, sem que a vítima o perceba, corta a bolsa onde são carregados os 
valores que subtrai” (Tacrim-SP – Rel. Dante Busana). 
 
A forma tentada é plenamente compatível com a figura qualificada, bastando que o agente já tenha 
dado início ao ato de arrombamento, danificando, ainda que parcialmente, o obstáculo, mesmo que seja preso 
antes de conseguir entrar no local que pretendia, não tendo, portanto, conseguido concretizar a subtração por 
circunstâncias alheias à sua vontade. 
2.11.2 Com abuso de confiança – SUBJETIVA – NÃO SE COMUNICA 
Há dois requisitos cumulativos: 
 Vítima deposita no agente especial confiança 
Essa confiança deve realmente existir. É uma confiança verdadeira. Se essa confiança é obtida 
fraudulentamente a qualificadora é a da fraude (me passo por grande amigo). 
 O agente se aproveita dessa facilidade para subtrair o bem. 
Não basta existir a confiança. Não incide quando, mesmo tendo a confiança, o agente subtraiu o bem 
de uma forma comum. 
 
Ex. Famulato – é o furto praticado por empregados, em geral, por empregados domésticos. Vem de 
fâmulo da posse – tem a detenção do bem. A relação empregatícia, por si só, não revela confiança entre as 
partes. 
 
31 
 
#OBS.: STJ HC 82.828 - O vínculo empregatício tem que ser antigo? NÃO, especialmente quando é indicada 
por outra pessoa de confiança. 
 
Embora de possa concluir que haja alguma confiança do patrão em todos os empregados que 
contratou, nem sempre o furto cometido por estes consistirá em furto qualificado, mas apenas quando se fizer 
prova de que se trata de empregado que gozava de confiança diferenciada por parte do patrão. 
O mesmo raciocínio vale para empregados domésticos, embora em relação a estes exista maior 
volume no reconhecimento da qualificadora. Empregada que trabalha há anos na residência e que por tal 
razão estava sozinha no interior da casa no momento em que furtou algumas joias da patroa, o delito é 
qualificado. O furto cometido por empregado se chama famulato, como já visto. 
 
Se a subtração for perpetrada por cônjuge, durante a constância da sociedade conjugal, 
companheiro, durante o convívio estável, ascendente ou descendente, o furto sequer é punível ante as causas 
de isenção de pena (escusas absolutórias), elencadas no art. 181 do CP. 
 
Essa modalidade de furto qualificado tem em comum com o crime de apropriação indébita a 
ocorrência de quebra de confiança. No furto, o agente retira objetos da vítima valendo-se da menor vigilância 
dispensada em razão da confiança, enquanto na apropriação indébita, a própria vítima entrega o bem ao 
agente e o autoriza a deixar o local em sua posse, e ele não o restitui. 
 
Pode o criminoso: 
1) Captar PROPOSITADAMENTE A CONFIANÇA DA VÍTIMA como; 
2) VALER-SE DA CONFIANÇA JÁ EXISTENTE. 
 
Não precisa o agente propositadamente conquistar a confiança, pode ele apropriar-se de uma 
confiança que ele já tem. Confiança (relação de trabalho, familiar, amizade) 
 
 QUAL A DIFERENÇA DO FURTO QUALIFICADO PELO ABUSO DE CONFIANÇA E A APROPRIAÇÃO INDÉBITA? 
FURTO COM ABUSO DE CONFIANÇA APROPRIAÇÃO INDÉBITA 
Agente não tem a posse, mas simples contato com a 
coisa. 
Agente exerce a posse em nome de outrem. 
Dolo é antecedente a posse. Dolo é superveniente 
 
32 
 
2.11.3 Mediante fraude 
O agente se vale do artifício ou ardil para enganar a vítima, diminuindo a vigilância desta sobre o 
bem e permitindo a subtração. 
 Artifício é a fraude material – algum objeto para enganar a vítima. Chega com o crachá do IBGE. 
 Ardil é a fraude moral ou intelectual. Conversa enganosa. 
#ATENÇÃO: diferença entre furto mediante fraude e estelionato. Os dois são crimes contra o patrimônio e têm 
a fraude como meio de execução. A diferença diz respeito à finalidade na utilização da fraude. A pena do furto 
qualificado é maior. Ex. quero furtar seu notebook e estou na sua casa. Alego cheiro de gás. Você vai olhar e 
eu pego o seu notebook – furto mediante fraude. Ex. digo que conserto o seu notebook. Você me entrega e eu 
fujo com ele –estelionato. 
 
*#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA #DIZERODIREITO #AJUDAMARCINHO #STF A causa especial de extinção de 
punibilidade prevista no § 2º do art. 9º da Lei nº 10.684/2003, relativamente ao pagamento integral do 
crédito tributário, não se aplica ao delito de estelionato (CP, art. 171). O art. 9º da Lei 10.684/2003 menciona 
os crimes aos quais são aplicadas suas regras: a) arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137/90; b) art. 168-A do CP 
(apropriação indébita previdenciária); c) Art. 337-A do CP (sonegação de contribuição previdenciária). Repare, 
portanto, que o estelionato (art. 171 do CP) não está listado nessa lei. O fato de o agente ter pago 
integralmente o prejuízo trará algum benefício penal? SIM. O agente poderá ter direito de receber o 
benefício do arrependimento posterior, tendo sua pena reduzida de 1/3 a 2/3 (art. 18 do CP). STF. 2ª Turma. 
RHC 126917/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 25/8/2015 (Info 796). STJ. 6ª Turma. REsp 1.380.672-SC, 
Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 24/3/2015 (Info 559). 
 
#OBS.: STJ CC 86.862. 
FURTO MEDIANTE FRAUDE ESTELIONATO 
O núcleo é subtrair Viciar a vontade da vítima 
O agente utiliza a fraude para diminuir a vigilância 
sobre o bem, permitindo a sua subtração. 
A vítima entrega livremente o bem ao agente 
 
#CAIUEMPROVA - Caso prova do MP – passo no caixa vinho caro com código de barra de água – estelionato. 
 
#LEMBRAR: o fato de ser vigiado por câmeras não caracteriza o crime impossível (Súmula 567, STJ): “Súmula 
567-STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no 
interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto”. 
 
33 
 
#OBS. Test drive – tecnicamente é estelionato, já que a vítima livremente entregou o bem ao agente, mas a 
jurisprudência diz que e furto qualificado pela fraude. STJ Resp. 672.987. Para fins de política criminal, pois se 
fosse estelionato a seguradora não iria cobrir o dano. A jurisprudência optou por privilegiar a vítima. 
 
FURTO MEDIANTE FRAUDE ESTELIONATO 
EMPREGA A FRAUDE PARA FACILITAR A 
SUBTRAÇÃO DA COISA. 
EMPREGA A FRAUDE PARA FAZER COM QUE 
A VÍTIMA LHE ENTREGUE A COISA 
ESPONTANEAMENTE. 
FINALIDADE: Retirar ou diminuir a vigilância da 
vítima sobre a coisa. 
 A vítima enganada entrega uma posse 
DESVIGIADA. 
 A fraude visa burlar a vigilância da vítima que em 
razão disso não percebe que a coisa está sendo 
subtraída. 
 A fraude é usada para induzimento da 
vítima ao erro. De modo que ela própria 
entrega seu patrimônio ao agente. 
 A coisa sai da vítima e vai para o agente 
UNILATERALMENTE, só ele (agente) quer que a 
coisa vá para a sua posse. 
 A coisa sai da vítima e vai para o agente de 
forma BILATERAL, ele e ela querem alterar a 
posse. 
FALSO TEST-DRIVE: 
PREVALECE QUE É FURTO MEDIANTE FRAUDE. 
OBS: Magistratura/SP já considerou estelionato. 
 
Auxiliar Vítima em caixa eletrônico e trocar o 
cartão. 
É FURTO MEDIANTE FRAUDE. 
 
 
É evidente que, quando alguém compra e recebe em definitivo um carro e, depois a vítima descobre 
que o pagamento foi feito com depósito fraudulento em banco, o crime é o de estelionato porque a posse foi 
entregue em definitivo e não para um teste-drive. 
Ex.: agente que fica sabendo que certo comerciante recebeu grande carga de notebooks de marca 
famosa. Coloca os emblemas

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