Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AULA 4 Poder Executivo Direito Constitucional Aspectos Introdutórios, Espécies, Processo Legislativo Ordinário, Sumário e Especial. Poder Executivo ▪ ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ▪ O sistema de governo identifica a forma de distribuição e articulação dos poderes políticos do Estado, em especial, o Executivo e Legislativo. ▪ Parlamentarismo, presidencialismo e semipresidencialismo (ou semiparlamentarismo) ▪ Conforme o modelo adotado, as funções de Chefe do Estado e Chefe de Governo são exercidas pela mesma pessoa ou por pessoas distintas. ▪ Parlamentarismo ▪ A Característica distintiva desse sistema de governo é divisão do Poder Executivo entre Chefe de Estado e o Chefe de Governo. ▪ O Chefe do Estado exerce funções marcantes protocolares, de representação simbólica do Estado, as quais poderá ser atribuída ao Presidente, se for adotada a forma republicana de governo, ou ao Monarca, sendo Monarquia. ▪ O Chefe de Governo é exercida, em regra, pelo Primeiro-Ministro, o qual atua como chefe do gabinete (equivalente ao Ministério) ▪ Países que adotam esse sistema: Dinamarca, Espanha, Holanda, Japão e Reino Unido. ▪ Presidencialismo ▪ A chefias do Estado, do Governo, e da Administração Pública são reunidas em uma só pessoa. ▪ Entre suas virtudes está na legitimação popular obtida pelo Chefe do Executivo, em regra, escolhido através de eleição direta. ▪ Dentre os riscos deste sistema, Barroso (2010) destaca a concentração de poder em uma só figura. Poder Executivo ▪ Aplicado no Brasil desde a constituição de 1891, primeira constituição republicana. ▪ Tendo algumas interrupções pontuais entre os anos de 1961 a 1963. ▪ Países que o adotam: Brasil, Estados Unidos. ▪ Semipresidencialismo (ou semiparlamentarismo) ▪ Combina elementos dos dois sistemas clássicos. ▪ “Dentre as características desde modelo destacam-se a limitação dos poderes do Parlamento e a titularização, pelo Chefe de Estado, de poderes próprios e efetivos e não apenas o exercício de funções cerimoniais ou simbólicas.” (Novelino, 2019) ▪ O chefe de Estado será Presidente da República, eleito diretamente pelo povo, exerce mandato, não exercendo funções meramente simbólicas, mas atribuições relevantes. ▪ O Chefe de Governo será o Primeiro-Ministro, responsável pelas decisões políticas cotidianas, cuja investidura dependerá da vontade do parlamento, podendo ser substituído. ▪ Países que o adotam: Portugal, Polônia, Colômbia e Finlândia. Poder Executivo ▪ Competência do Presidente da República. ▪ Prevista no artigo 84 da CRFB/88. ▪ Brasil adota o sistema presidencialista, onde o Presidente da República exerce atos de chefia do Estado, do Governo e da Administração Pública. ▪ Como Chefe de Estado, o presidente da república representa o país nas relações internacionais (art. 84, VII, VIII, XIV – primeira parte, XV, XVIII – segunda parte, XIX, XX, XXI e XXII) ▪ Nomeia Ministros do STF e Tribunais Superiores (art. 84, XIV); ▪ 1/3 dos membros do TCU (art. 84, XV); ▪ Magistrados dos Tribunais Regionais Federais, do Trabalho e Eleitoral (art. 84, XVI). ▪ Como Chefe de Governo, trata de negócios internos de natureza política (art. 84, I, III, IV, V, IX a XIII, XVII, XVIII – primeira parte, XXIII, XXIV, XXVI e XXVII). ▪ As nomeações do Governadores dos Territórios, Procurador-Geral da República, Presidente e Diretores do Banco Central (art. 84, XIV) ▪ Exercem função de Chefe da Administração Pública Federal, exercendo funções administrativas (art. 84, II, VI, XVI – segunda parte, XXIV e XXV) Poder Executivo ▪ Substituição e Sucessão do Presidente da República. ▪ A substituição ocorrerá quando existir um impedimento temporário voluntário (viagens ou pedido de licença) ou involuntário (caso de doença ou cirurgia) ▪ A sucessão é definida e se dá com a vacância do cargo. ▪ “A vaga pode surgir com a morte – como a de Getúlio Vargas e Tancredo Neves –, com a renúncia – como com Jânio Quadros e Fernando Collor de Mello –, com a incapacidade absoluta superveniente – como a decorrente do derrame sofrido por Arthur da Costa e Silva – ou com o impeachment – como com Dilma Roussef.” (Novelino, 2019) ▪ No caso de impedimento ou vacância, a substituição sucessão será feita pelo Vice-Presidente da República (art. 79); ▪ Havendo impedimento do Presidente ou do Vice-Presidente da República, a Presidência será exercida, sucessivamente, pelos Presidentes da Câmara, do Senado ou do STF (art. 80); ▪ Ante norma que suspende o Presidente da República do exercício de suas funções quanto ao recebimento de denúncia ou queixa pelo STF (art. 86, §1, I), o Tribunal tem o entendimento que pessoa que figure como réu em ação penal não pode assumir a presidência da república, embora tal vedação não impeça o exercício da chefia e direção das respectivas Casas – ADPF 402. ▪ Em caso de vacância, apenas o Vice-Presidente pode suceder o Presidente de Forma definitiva. ▪ Vagando os dois cargos, os outros substitutos assumirão temporariamente até que ocorra, dentro de 90 dias, a eleição para escolha de um novo Presidente e seu Vice (art. 81) Poder Executivo ▪ Caso a vagância ocorra no 3 ano do mandato (após 2 anos do início do mandato) a eleição acontecerá no prazo de 30 dias e será feita pelo Congresso Nacional. ▪ Hipótese de eleição indireta para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República (art. 81, §1) ▪ Regulamentada pela lei nº 4321/64. ▪ O mandato durará apenas o prazo restante aos antecessores (art. 81, §2) ▪ A norma do artigo 81 não é de observância obrigatória pelos Estados – ADI 4298 Poder Executivo ▪ Decretos e Regulamentos ▪ “O decreto, veículo de manifestação do Chefe do Poder Executivo, é instrumento por meio do qual ele exerce suas funções constitucionais precípuas.” (Novelino, 2019) ▪ Fundamento art. 84, IV. ▪ Decretos regulamentares manifestam regulamentos. ▪ Destinado a regulamentar o fiel cumprimento das leis. ▪ Apesar de o dispositivo constitucional trata-la como uma competência privativa (art. 84, caput) trata- se de norma exclusiva, dada a impossibilidade de delegação (art. 84, parágrafo único) ▪ Para Celso Antônio Bandeira de Melo (apud Novelino, 2019): “o ato geral e (de regra) abstrato, de competência privativa (sic) do Chefe do Poder Executivo, expedido com as estreita finalidade de produzir as disposições operacionais uniformizadoras necessárias à execução de lei cuja aplicação demande atuação da Administração Pública”. ▪ “Deve se limitar a final execução das leis, não podendo inovar na ordem jurídica.” (Novelino, 2019) ▪ Ato que vincula toda a Administração Pública. ▪ A o particular a obrigação decorre de lei; o modo de cumprir a obrigação, do regulamento. ▪ Nem toda lei é passível de regulamentação, somente aquelas que em que há espaço para uma atuação administrativa. ▪ Exemplos: Leis administrativas, tributárias, previdenciárias. ▪ As Leis autoexecutáveis, leis processuais, civis, penais, e trabalhistas independem de regulamentação. Poder Executivo ▪ Ministros de Estado ▪ São auxiliares do Presidente da República, cujas atribuições decorrem diretamente do texto da Constituição. ▪ Cabe-lhes expedir instruções para viabilizar a execução das leis, decretos e regulamentos. ▪ Instruções são normas inferiores ao decretos e regulamentos. ▪ Terão validade dentro do âmbito do Ministério. ▪ São cargos ad nutum (art. 84, I) ▪ “Diferentemente do sistema parlamentarista, no qual um Ministro de Estado podo ser destituído pelo Parlamento por meio das chamadas ‘moções de desconfiança’, no Presidencialismo a exoneração é atribuição exclusiva do Presidente da República.” (Novelino, 2019) ▪ Podem responder pelas práticas de crimes comuns ou de responsabilidade ▪ Nas infrações penais comuns, a competência para processar e julgar os Ministros é atribuída ao STF (art. 102, I, “c”) ▪ Nos crimes de responsabilidade, quando conexos com o Presidente ou Vice-Presidente, serão julgados pelo Senado Federal (art. 52, I), quando não conexos, serão julgados pelo STF (Art. 102, I, “c”) Poder Executivo ▪ Responsabilidade do Presidente da República▪ “A responsabilidade dos agentes públicos perante a lei, enquanto corolário do regime republicano, tipifica-se como uma das pedras angulares essenciais à configuração da ideia de República.” (Novelino, 2019) ▪ Os crimes comuns são definidos pela lei penal e podem ser cometidos por qualquer pessoa, enquanto os de responsabilidade são infrações político-administrativas praticáveis apenas por pessoas investidas em certas funções, cuja sanção é a perda do cargo e inabilitação para o exercício da função pública. ▪ Os crimes de responsabilidade do Presidente da República estão previstos no artigo 85 da CF. ▪ A definição desses crimes e normas de processamento e julgamento estão contidas na Lei nº 1079/50 ▪ Processo de Impeachment (crime de responsabilidade) ▪ Primeira fase, consiste na Câmara autorizar, por 2/3 de seus membros, a instauração de processo (art. 51, I) ▪ Denúncia poderá ser oferecida por qualquer cidadão, cabendo ao Presidente da casa deferir ou indeferir o recebimento. ▪ No caso de indeferimento, cabe recurso ao Plenário. ▪ Recebida a denúncia, o Presidente será notificado para apresentar sua manifestação no prazo de 10 sessões, assegurada a ampla defesa. ▪ Comissão especial, emitirá parecer no prazo de 5 sessões, concluindo pelo deferimento ou indeferimento da denúncia. ▪ O parecer será submetido ao plenário que, em votação aberta – ADPF 378 – e nominal. ▪ Admitida a instauração, o presidente do Senado será comunicado dentro de 2 sessões. Poder Executivo ▪ Segunda fase, consiste na chegada do processo no Senado Federal ▪ Caberá ao Senado decidir o mérito do processo (pela condenação ou não) ▪ O julgamento será presidido pelo Presidente do STF (art. 52, I e parágrafo único) ▪ A instauração do processo depende de deliberação da maioria simples dos membros da casa; ▪ Será elaborado parecer por comissão especial constituída por ¼ da casa; ▪ Instaurado o processo, o Presidente da República deve ser imediatamente suspenso do exercício de suas funções até a conclusão do julgamento (art. 86, §1, II) ▪ Caso não ocorra em até 180 dias, o afastamento é cessado, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo (art. 86, §2) ▪ A condenação se dará por 2/3 dos membros do Senado Federal. ▪ A Condenação se limitará a perda do cargo e a inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública (art. 52, parágrafo único) ▪ O impeachment de Dilma Roussef, de forma inusitada, votou as suas sanções separadamente, condenando-a à perda do cargo, mas mantendo seus direitos políticos. ▪ A inconstitucionalidade do fatiamento da votação não foi objeto de análise pelo STF ▪ Havendo renúncia do Presidente da República após iniciado o processo de responsabilização, esse deve prosseguir até o julgamento final – STF, Pet 1365 QO/DF. ▪ O julgamento tem natureza política, não podendo o STF adentrar no mérito da responsabilização, limitando-se apenas a verificar possíveis irregularidades no procedimento. Poder Executivo ▪ Crimes comuns ▪ Nos crimes comuns a competência para processar e julgar o Presidente da República é do STF (art. 102, I, “b”) ▪ O termo crime comum, em Direito Constitucional, indica todas as modalidades de infrações penais, sejam delitos eleitorais e as contravenções – STF, Rcl 511/PB; ▪ Em razão da especialidade do dispositivo, a previsão do artigo 5, XXXVIII, “d” não se aplica ao Presidente da República – STF, AP 333/PB ▪ A instauração de processo contra o Presidente da República por crime comum, assim como nos crimes de responsabilidade, deve ser precedida de autorização por 2/3 da Câmara dos Deputados (art. 51, I, C/C art. 86) ▪ A condenação pode levar a perda do cargo. ▪ A inabilitação para exercício de função pública por 8 anos ocorre apenas no crime responsabilidade. ▪ Imunidade à prisão cautelar ▪ Nas infrações penais comuns, o Presidente da República, enquanto Chefe de Estado, tem a prerrogativa constitucional da imunidade à prisão, só podendo ser preso no caso de sentença condenatória definitiva (art. 86, §3. ▪ Prerrogativa exclusiva do Presidente, não extensível ao Vice, Governadores e Prefeitos – STF, HC 102.732/DF Poder Executivo ▪ Irresponsabilidade penal relativa ▪ Prevista no artigo 86, §4 da CF; ▪ Inibe que o Estado exerça o seu poder de persecução criminal contra aquele que estiver na titularidade da Presidência da República. ▪ O presidente não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. ▪ Somente poderá ser processado criminalmente pelos crimes comuns que estejam vinculados com a função, v. g., peculato, prevaricação, corrupção passiva, tráfico de influência e etc. ▪ Quanto aos crimes praticados que não tenham relação com a função, somente poderá ser processado após o término do mandato. ▪ Essa irresponsabilidade é apenas relativa, uma vez que o Presidente poderá ser responsabilizado por crimes praticados in officio ou cometidos propter officium, desde que obtida autorização de 2/3 dos membros da Câmara. Poder Executivo ▪ Responsabilidades dos Governadores do Estados e do Distrito Federal ▪ Crimes comuns ▪ Compete ao STJ julgar os governadores de Estados e do DF nos crimes comuns (art. 105, I, “a”) ▪ Abrange todas as espécies de delitos, inclusive, contravenções penais e os crimes dolosos contra a vida, desde que cometidos no exercício do cargo e em razão das funções desempenhadas – STJ, AgRg na Apn 866/DF. ▪ Trata-se de prerrogativa de foro ▪ Não é extensível às ações de improbidade administrativa, pois esta não tem natureza penal – STJ, AgRg na Rcl 10.037/MT ▪ É incompatível com a Constituição Federal norma estadual que confere ao Governador imunidade à prisão antes da condenação definitiva – STF, ADI 1024/SC ▪ Descabe estender ao Chefe do Executivo estadual irresponsabilidade penal relativa conferida ao Presidente da República – STF, ADI 1021/SP ▪ Crimes de Responsabilidade ▪ Qualquer cidadão tem legitimidade para denunciar o Governador por crime de responsabilidade perante a Assembleia Legislativa que, por maioria absoluta, poderá decretar a procedência da acusação (Lei 1079/95, artigos 75 a 77) ▪ A competência para legislar sobre crimes de responsabilidade e normas de julgamento é privativa da União (Súmula Vinculante 46/STF) Poder Executivo ▪ Os Estados estabelecerão em sua Constituição a forma de julgamento do Governador (art. 78 da Lei nº 1079/50) ▪ Nos Estados onde não existirem previsão estadual de julgamento, será feito por “tribunal especial” art. 78, §3 da Lei nº 1079/50. ▪ Nos termos da legislação, o julgamento dos Governadores cabe a um “tribunal especial” composto por cinco membros do Legislativo local e por cinco desembargadores, sobre a Presidência do Desembargador Presidente do TJ local. ▪ Hipótese de Tribunal Escabinato/Escabinado. ▪ A escolha dos membros do legislativo se dará por eleição; desembargadores do TJ por sorteio. ▪ A condenação se dará por 2/3 dos membros, se limitará a perda do cargo (art. 78, §§ 2 e 3) e a inabilitação por 5 anos subsequentes ao termino do mandato atual para qual tenha sido eleito (LC 65/90, artigo 1, I, “c”) Poder Executivo ▪ Responsabilidades dos Prefeitos ▪ Cabe ao Tribunal de Justiça julgar os crimes praticados pelos Prefeitos por crimes comuns, inclusive os dolosos contra a vida (art. 29, X), dispensada a autorização da Câmara Municipal (art. 1 do Decreto Lei 201/67). ▪ Cabe ao TRE julgar os delitos eleitorais (Art. 35 da Lei 4737/65 – Código Eleitoral ) ▪ Compete às Câmaras Municipais julgar os Prefeitos nos crimes de responsabilidade (DL 201/1967, art. 4) - ADI 687/PA ▪ Legislação ▪ DL 201/67 - Dispõe sobre os crimes de responsabilidade dos Prefeitos e Vereadores ▪ Lei 1079/50 – Lei do Impeachment Poder Executivo ▪ Quadro de Competências para julgamento dos Chefes do Poder Executivo
Compartilhar